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2018/2/17 TC > Jurisprudência > Acordãos > Acórdão 371/2000

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Acórdão 371/00

Proc. nº 48/00

3ª Secção

Relator: Cons. Sousa e Brito

             (Cons.ª Maria dos Prazeres Beleza)

Acordam na 3ª Secção do Tribunal Constitucional:

I – Relatório

1. Inconformados com a decisão do Tribunal Judicial da Comarca de
Guimarães que lhes indeferiu o recurso interposto da rejeição de diligências
instrutórias requeridas pelos arguidos D... e outros (ora recorrentes),
reclamaram estes para o Exmº Presidente do Tribunal da Relação do Porto, que
indeferiu essa reclamação com base na seguinte fundamentação:

"O regime consagrado no nº 1 do art. 291º do CPP não viola as
garantias de defesa – art. 32º, nº 1 da Constituição e, especificamente, o
direito ao recurso ou a um duplo grau de jurisdição.

Aliás, compreende­se que o legislador para evitar expedientes que
inexplicavelmente arrastassem a fase instrutória entendeu, e bem,
decidir expressamente a irrecorribilidade do despacho que indefere os
actos requeridos que não interessem à instrução.

Recorda­se que na instrução «o juiz só deve ordenar as diligências de
prova que interessar realizar...».

Em suma, compreende­se ser admissível que o legislador determine a
irrecorribilidade de outros actos judiciais desde que não atinja o
conteúdo essencial das garantias de defesa – o que é o caso (ver. Ac. do
Tribunal Constitucional nº 31/87 e 177/88, vol. 9º, pág. 467­469 e vol.
12, pág. 596 e ss.) respectivamente para cujo fundamento se remete e
que respondem, em parte, à argumentação deduzida pelos recorrentes.

Nesta conformidade, a nosso ver o disposto no art. 291º, nº 1 do CPP
não é inconstitucional.

Assim sendo, indefiro a presente reclamação".

2. É desta decisão que vem interposto, ao abrigo da alínea b) do nº 1 do art. 70º
da LTC, o presente recurso de constitucionalidade, que tem por objecto a
apreciação da constitucionalidade da norma constante do artigo 291º, nº 1 do
Código de Processo Penal, na redacção que lhe foi dada pela Lei nº 59/98, de
25 de Agosto, na parte em que determina a irrecorribilidade do despacho do
juiz que indefere o requerimento de realização de diligências instrutórias.

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3. Já neste Tribunal foram os Recorrentes notificados para alegar, o que
fizeram, tendo sustentado que a norma objecto de recurso é inconstitucional
"por violação do disposto nos art.s 20º e 32º e «a contrario» dos artigos 209º,
nº 1, al. a) e 210º, nº 1, da Constituição da República Portuguesa".

4. Notificado para responder, querendo, às alegações dos recorrentes, o
Ministério Público pronunciou­se no sentido da improcedência do recurso.

Corridos os vistos legais, cumpre decidir.

II – Fundamentação.

5. Nos seus acórdãos nº 216/99 (publicado no Diário da República, II Série, de
6 de Agosto de 1999) e 387/99 (este ainda inédito) o Tribunal Constitucional
considerou já inteiramente conforme à Constituição a norma constante do
artigo 310º do Código de Processo Penal ­ em conjunção com os artigos 308º,
nºs 1 e 3, 399º e 400º, nº 1, alínea e), do mesmo Código ­, (na redacção
anterior à da Lei nº 59/98, de 25 de Agosto) quando interpretada "no sentido
de estender a irrecorribilidade da decisão instrutória à decisão nela constante
sobre questões prévias que hajam sido suscitadas no requerimento de
instrução".

Com interesse para os presentes autos, ponderou, então, o Tribunal
Constitucional:

"Não existe, ao nível dos tribunais comuns, uma jurisprudência
firme quanto à interpretação das normas em causa e quanto à
admissibilidade ou não de recurso da parte do despacho
instrutório que decida questões incidentais (cfr., aliás, a este
respeito, os acórdãos do Tribunal Constitucional nºs 147/97,
Diário da República, II, nº 88, de 15 de Abril de 1997, p. 4482
ss, e 585/98, ainda inédito).

Importa averiguar se constitucionalmente se impõe uma
interpretação dessas normas de que resulte a admissibilidade
de recurso da parte do despacho instrutório (que não alargue o
objecto do processo para além dos factos constantes da
acusação do Ministério Público) que decida questões
incidentais, em atenção a valores tais como o acesso à justiça,
na vertente do direito a um duplo grau de jurisdição, e a
plenitude das garantias de defesa em processo penal.

A procedência da pretensão do recorrente – e do presente
recurso – depende da resposta a dar a esta interrogação (...)".

          

Especificamente acerca do confronto entre a norma então objecto de recurso
com o artigo 20º, nº 1, da Constituição, bem como com o direito ao recurso e a
um duplo grau de jurisdição, remeteu­se então para a doutrina do Acórdão nº

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265/94 (Diário da República, II Série, de 19 de Julho de 1994), na parte se
referira:

"A Constituição da República não estabelece em nenhuma das
suas normas a garantia de existência de um duplo grau de
jurisdição para todos os processos das diferentes espécies.

É certo que a Constituição garante a todos o «acesso ao direito
e aos tribunais, para defesa dos seus direitos e interesses
legítimos, não podendo a justiça ser denegada por insuficiência
de meios económicos» (artigo 20º, nº 1) e, em matéria penal,
afirma que «o processo criminal assegurará todas as garantias
de defesa» (artigo 32º, nº 1). Destas normas, porém, não retira
a jurisprudência do Tribunal Constitucional a regra de que há­
de ser assegurado o duplo grau de jurisdição quanto a todas as
decisões proferidas em processo penal.

A garantia do duplo grau de jurisdição existe quanto às
decisões penais condenatórias e ainda quanto às decisões
penais respeitantes à situação do arguido face à privação ou
restrição da liberdade ou de quaisquer outros direitos
fundamentais.

Sendo embora a faculdade de recorrer em processo penal uma
tradução da expressão do direito de defesa (veja­se, nesse
sentido, o Acórdão nº 8/87 do Tribunal Constitucional, in
Acórdãos do Tribunal Constitucional, 9º vol., p. 235), a verdade
é que como se escreveu no Acórdão nº 31/87 do mesmo
tribunal, «se há­de admitir que essa faculdade de recorrer seja
restringida ou limitada em certas fases do processo e que,
relativamente a certos actos do juiz, possa mesmo não existir,
desde que, dessa forma, se não atinja o conteúdo essencial
dessa mesma faculdade, ou seja, o direito de defesa do
arguido».

Sobre a questionada regra da irrecorribilidade, quando confrontada com o
«princípio da plenitude das garantias de defesa», recordou­se o afirmado no
Acórdão nº 610/96 (Diário da República, II Série, de 6 de Julho de 1996), em
que se escrevera:

"[...] o que se questiona no presente recurso é se o desígnio de
celeridade, que é consagrado constitucionalmente, legitima a
irrecorribilidade de certas decisões instrutórias: justamente os
despachos de pronúncia que não alteram os factos constantes
da acusação do Ministério Público. E a resposta a esta questão
indica que a celeridade não só é compatível com as garantias
de defesa, podendo coincidir com os fins de presunção de
inocência, como é instrumental dos valores últimos do processo
penal – a descoberta da verdade e a justa decisão da causa –,
próprios de um Estado democrático de direito.

           [...]

Apenas é irrecorrível, portanto, a decisão instrutória que
pronunciar o arguido pelos factos constantes da acusação do

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Ministério Público.

Ora, este regime especial não é arbitrário, encontrando
fundamento na existência de indícios comprovados, de modo
coincidente, em duas fases do processo: pelo Ministério
Público, dominus do inquérito, e pelo juiz de instrução. E o
Ministério Público é configurado constitucionalmente como
uma magistratura autónoma (artigo 221º, nº 2, da
Constituição), sendo concebido, no processo penal, como um
sujeito isento e objectivo que pode, nomeadamente, determinar
o arquivamento do inquérito em caso de dispensa da pena,
propugnar, findo o julgamento, a absolvição do arguido e
interpor recurso da decisão condenatória em exclusivo
benefício do arguido [...].

           

Acrescentou­se, ainda:

A lei assegura, como lhe compete para dar cumprimento aos
objectivos constitucionais, que o arguido tenha possibilidade de
recorrer de uma decisão condenatória. Multiplicar as
possibilidades de recurso ao longo do processo seria
comprometer outro imperativo constitucional: o da celeridade
na resolução dos processos­crime (artigo 32º, nº 2, in fine, da
Constituição da República Portuguesa). Ou seja, entre
assegurar sempre o duplo grau de jurisdição, arrastando
interminavelmente o processo, e permitir apenas o recurso das
decisões condenatórias, permitindo uma melhor fluência do
processo, o legislador optou decididamente pela segunda via.

Esta opção foi aliás confirmada pela revisão constitucional de
1997, que aditou ao nº 1 do artigo 32º o segmento "incluindo o
recurso". Como se escreveu no acórdão nº 101/98 (inédito)
deste Tribunal, a intenção do legislador constituinte não foi
"significar que haveria de ser consagrada, sob pena de
inconstitucionalidade, a recorribilidade de todas as decisões
jurisdicionais proferidas em processo criminal, mas sim que do
elenco das garantias de defesa que tal processo há­de
assegurar se contará a possibilidade de impugnação das
decisões judiciais de conteúdo condenatório, na esteira do que
já era entendido pela jurisprudência deste órgão de
fiscalização" (veja­se também, no mesmo sentido, o acórdão nº
299/98, inédito). O arguido pode sempre, pois, recorrer da
decisão condenatória que lhe seja dirigida, e aí contestar todos
os vícios que derivem de uma má apreciação de qualquer
questão interlocutória.

E, assim, concluiu­se que «a irrecorribilidade da parte do despacho de
pronúncia que decide questões prévias ou incidentais não é contrária à
Constituição da República Portuguesa».

6. Pois bem: os argumentos então aduzidos, que mantêm inteira validade, são
inteiramente transponíveis para a questão de constitucionalidade que agora nos

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ocupa, conduzindo igualmente a um juízo de não inconstitucionalidade da
norma ora objecto de recurso.

III ­ Decisão

Por tudo o exposto, decide­se:

a) não julgar inconstitucional a norma constante do artigo 291º, nº 1 do Código
de Processo Penal, na redacção que lhe foi dada pela Lei nº 59/98, de 25 de
Agosto, na parte em que determina a irrecorribilidade do despacho do juiz que
indefere o requerimento de realização de diligências instrutórias;

b) em consequência, negar provimento ao recurso.

           Custas pelos recorrentes, fixando­se a taxa de justiça em 10 (dez) U.C.
para cada um deles.

Lisboa, 12 de Julho de 2000

José de Sousa e Brito

Messias Bento

Alberto Tavares da Costa

Maria dos Prazeres Pizarro Beleza (vencida, nos termos da declaração junta)

Luís Nunes de Almeida (vencido, nos termos da declaração de voto junta).

Declaração de voto

            Votei vencido, por entender que a norma em apreço viola o disposto no artigo 32º, nº
1, da Constituição da República Portuguesa,

            Continuo a subscrever a tese vertida no Acórdão nº 31/87 ­ de que, aliás fui relator ­,
segundo a qual se há­de admitir que a faculdade de recorrer pode ser «restringida ou limitada
em certas fases do processo e que, relativamente a certos actos do juiz, possa mesmo não
existir, desde que, dessa forma, se não atinja o conteúdo essencial dessa mesma faculdade, ou
seja, o direito de defesa do arguido» (Acórdãos do Tribunal Constitucional, 9º vol., págs. 463
e segs.). E foi na sequência dessa tese que o Tribunal Constitucional veio a considerar, no
Acórdão nº 474/94 (Acórdãos do Tribunal Constitucional, 28º vol., págs. 393 e segs.), que
não era inconstitucional a norma do artigo 407º, nº 2, do Código de Processo Penal,
interpretada como estabelecendo o regime de subida diferida para os recursos dos despachos
que indefiram a realização de diligências probatórias na fase da instrução.

            Todavia, neste último aresto logo se salientou que «no caso em apreço, o direito ao
recurso» estava «garantido, na medida em que o recurso» fora admitido; e, no Acórdão nº
964/96 (Acórdãos do Tribunal Constitucional, 34º vol., págs. 413 e segs.), que subscrevi, e
onde se chegou a idêntica conclusão, também se não deixou de assinalar que o que ali era
«trazido à controvérsia constitucional» não era «o direito de recorrer de despacho
interlocutório do juiz que em processo penal denega diligências instrutórias», o qual se
encontrava garantido, mas antes a subida diferida desse recurso.

            Ora, no caso vertente, o que se encontra sob censura constitucional é a nova norma do
Código de Processo Penal que veio estabelecer a irrecorribilidade dos despachos que
indeferem a realização de actos instrutórios requeridos pelo arguido. E, a esse propósito,

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escreveu­se inequivocamente no Acórdão nº 610/96 (Acórdãos do Tribunal Constitucional,
33º vol., págs. 841 e segs.), então tirado por unanimidade:

[...] a irrecorribilidade do despacho de pronúncia nas
situações previstas no nº 1 do artigo 310º do Código de
Processo Penal não ofende as garantias de defesa, se
englobada no regime em que estejam salvaguardadas as
garantias de defesa nas fases de inquérito e de instrução,
nomeadamente através da possibilidade de requerer
diligências probatórias e de recorrer de um eventual
indeferimento.

            Não posso, pois, partilhar um raciocínio argumentativo que concluía pela não
inconstitucionalidade do despacho de pronúncia, porque sempre se podia recorrer dos
despachos que indeferissem a realização de diligências instrutórias; e que, agora, conclui pela
irrecorribilidade destes despachos, porque também ­ ou até ­ o despacho de pronúncia é
irrecorrível.

           Pelo contrário: é a irrecorribilidade do despacho de pronúncia que, sob
pena de um inadmissível encurtamento das garantias de defesa, supõe a
recorribilidade dos despachos que indeferem a realização de diligências
probatórias durante a instrução, como se afirmou no referido Acórdão nº
610/96

Luís Nunes de Almeida

Voto de vencida

            1. O presente recurso, interposto ao abrigo do disposto na alínea b) do nº 1 do artigo
70º da Lei nº 28/82, de 15 de Novembro, tem como objecto a apreciação da alegada
inconstitucionalidade da norma constante do nº 1 do artigo 291º do Código de Processo Penal,
na redacção que lhe foi dada pela Lei nº 59/98, de 25 de Agosto, na parte que determina a
irrecorribilidade do despacho do juiz que indefere o requerimento de realização de diligências
instrutórias.

Os recorrentes consideram existir inconstitucionalidade "por violação do disposto nos arts
20º e 32º e "a contrario" dos artºs 209, nº 1, al. a) e 210º, nº 1 da Constituição da República
Portuguesa".

2. Em declaração de voto de vencida aposta ao acórdão nº 387/99, escrevi: "Não podendo
conceber­se a decisão de pronúncia como um inócuo despacho interlocutório, atentos os
relevantíssimos efeitos jurídicos e práticos que lhe cabem, e não existindo fundamentos
bastantes para, nos termos do nº 2 do artigo 18º, restringir ou afastar nesta sede o direito ao
recurso, a norma do nº 1 do artigo 310º do Código de Processo Penal, enquanto prescreve a
irrecorribilidade da decisão instrutória que pronunciar o arguido pelos factos constantes da
acusação do Ministério Público, deve ter­se por inconstitucional, por violação do nº 1 do
artigo 32º da Constituição".

Recorde­se que o Tribunal Constitucional se pronunciou recentemente (através do acórdão nº
68/00), e na sequência de jurisprudência anterior (designadamente, dos acórdãos nº 474/94,
964/96, 1205/96, 244/97 e 104/98) no sentido da não inconstitucionalidade do regime fixado
na redacção originária do Código de Processo Penal de 1987, que estabelecia – na
interpretação adoptada pelas decisões recorridas – a recorribilidade, com subida diferida, dos
despachos de indeferimento das diligências instrutórias requeridas pelo arguido na instrução.
Tendo em conta o sistema processual penal vigente – no qual não se contempla um direito ao

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recurso das decisões que pronunciam o arguido pelos factos constantes da acusação do
Ministério Público – entendi, contra o sentido de tal jurisprudência, que "a subida não
imediata dos recursos de decisões que indeferem diligências probatórias na fase de instrução
afecta necessariamente o princípio da presunção de inocência do arguido e não permite o
exercício do direito à não submissão a julgamento sem a verificação de indícios suficientes".

3. O texto do Código de Processo Penal que hoje vigora (resultante da
referida Lei nº 59/98) mantém a irrecorribilidade da decisão instrutória
que pronuncia o arguido pelos factos constantes da acusação pública
(nº 1 do artigo 310º), mas passa a determinar do mesmo passo a
irrecorribilidade dos despachos que indeferem diligências probatórias
na fase de instrução (nº 1 do artigo 291º).

Acentua­se, pois, a lesão do princípio da presunção de inocência e o direito, dele decorrente, a
não se ser submetido a julgamento sem se apurar a suficiência de indícios. Com efeito, está
afastada a reacção contra uma errada decisão judicial, quer pela via do recurso do despacho
de pronúncia quer, ao menos, pela via do recurso de despachos de indeferimento de
diligências probatórias requeridas.

Pelas razões expostas, entendi ser de julgar inconstitucional o nº 1 do artigo 291º do Código
de Processo Penal, na redacção que lhe foi dada pela Lei nº 59/98, na parte em que determina
a irrecorribilidade do despacho do juiz que indefere o requerimento de realização de
diligências instrutórias.

Maria dos Prazeres Pizarro Beleza

[ documento impresso do Tribunal Constitucional no endereço URL:
http://www.tribunalconstitucional.pt/tc//tc/acordaos/20000371.html ]

http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/20000371.html?impressao=1 7/7

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