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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E
HUMANIDADE
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
Goiânia,
2017
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E
HUMANIDADES
COORDENAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
Goiânia,
2017.
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Resumo: No primeiro capítulo irá se abordar através da Teoria dos vaga-lumes de Fernand
Braudel, para explicar como o Congresso de Viena (1815) afetaram os países insurretos e como os
musicistas românticos pensaram a nação para se oporem aos resultados do Congresso. E também traz
como Hegel via aquela conjuntura que começava a se estruturar no período que ele lecionava em Berlim e
como isso ajudou a estruturar o conceito do Belo em Hegel. No terceiro tópico deste capítulo, nós
analisamos a partir do conceito de nacionalismo em Ernest Gellner, e as inspirações do livro de Jean e
Briggite Massin como o nacionalismo se estruturou na Música.
1
Parlamento Norueguês.
O Congresso de Viena (1815) foi, em muitas escalas, o que moldaram a política
europeia durante o decorrer do século XIX. Da sua confirmação espacial ao modo de
fazer política. Neste capítulo analisaremos a partir do estudo de M. de Pradt (1816), como
isso afetou as nações insurretas (“as Polónias”, Noruega, Boêmia, Hungria) trazendo
como os grandes compositores europeus agiram perante os resultados do Congresso,
que ressoavam em todos os apátridas da Europa. Destacando o papel do Congresso na
construção do Império Nortenho da Suécia, analisando as ações bélicas e diplomática da
família Bernadotte, para a manutenção do Império Sueco, que no seu sogro contava com
o território da Noruega, cedido pela Dinamarca em 1808, Islândia e Ilhas Faroe.
No sentido mais geral, eram famílias das classes leitoras _ não apenas o “pai
trabalhador”, mas também a esposa que dispunha de empregada e as crianças em idade escolar.
Se notarmos, mesmo que, em 1840, e mesmo na Grã-Bretanha e na França, os países mais
adiantados da Europa, quase a metade da população era analfabeta (e na Rússia atrasada, quase
98%), as “classes leitoras” consistiam de pessoas de certo poder. Mais concretamente, para além
das velhas classes dominantes da nobreza e da nobreza rural, dos cortesões e dos religiosos
eram a nova camada média e as poesias de pequenos funcionários e profissionais liberais, e a
burguesia mercantil e industriais. (ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas: Reflexões
sobre a origem e difusão do Nacionalismo. Trad. Denise Bottman. Ed. Companhia das Letras. São
Paulo, 2008.)
A análise grupal não nos surpreende. Que o grupo leitor alvo da produção cultural
nunca foi popular. Mas o que nos interessa neste trabalho é compreender o uso do
popular pelo erudito para a estruturação do nacionalismo. As apresentações de Edvard
Grieg, mesmo que não direcionadas para o popular, o popular era a grande inspiração,
isso será mais bem explicado nos próximos capítulos.
Mas Pradt explora a política medieval nortenha explicando o que na política
nortenha permaneceu e se transformou com o Congresso de Viena. Exemplificando a
Noruega dentre eles, ele explica:
If the Congress had in its cessions and incorporations shown itself impelled by their
resistible motive of great public utility, there is no doubt but that the noble consolations offered by
Europe to one portion of her children, sustained and favoured by the general opinion, would have
been thankfully accepted.
Tal como tenta explicar Pradt, essas secessões com as injustas divisões
territoriais no Congresso foi o que impulsionou o desenvolvimento do nacionalismo aos
moldes do século XIX. Noruega e Finlândia no norte da Europa, foram as nacionalidades
que tiveram sua autonomia nacional atingida.
No caso norueguês, para explicar essa falta de autonomia nacional é histórica. Na
Idade Média a Noruega perde a autonomia e o seu território fora, da idade média até a
contemporaneidade território da Dinamarca.
(Dar uma estudada na guerra dos sete dias, entre a Suécia e a Dinamarca)
Esta falta de autonomia fizera com que a nação norueguesa consolidou nos
contos de fadas, música clássica um elo do Norsk Folk com o nacionalismo separatista.
Pois mesmo com a política dominada pelo Riksdagen2, pois mesmo com o desejo
separatista foi minado pelos políticos pró-união.
2
Parlamento Sueco
Sobre o contexto político diz Pradt:
Let us look at history, and we shall see that the least important incorporation shave cost
much time and many efforts. At present it is quite the contrary. It is suddenly, and all at once, that
nations lose their existence. Thus Norway, Genoa, Venice, the kingdom of Italy, Poland, part of
Saxony, and other countries, experience an alteration at the same instant.
Pradt neste trecho diz que essa exploração territorial e de sulfurizarão cultural
com o “blitzkrieg” napoleônico e em consequência, no Congresso de Viena, trouxe para a
Noruega uma cultura voltada para a conservação da cultura norueguesa. E mesmo com o
domínio sueco, teatro, música e literatura na Noruega, tentava preservar a cultura local.
Nomes como Edvard Grieg, Henrik Ibsen e Peter C. Asbjorsen surgem no cenário cultural,
como defensores da cultura norueguesa. Então logo, se identificou na Noruega uma
forma diferente de nacionalismo. O nacionalismo que se desenvolveram na Noruega, não
era um nacionalismo beligerante, como o que se desenvolvera na Confederação Alemã,
um nacionalismo expansionista, mas um nacionalismo de defesa nacional para
conservação de identidade.
Pradt nesse capítulo clama:
This violation of the dignity of men and of the rights of nations has aroused a sense of
feeling: they proved themselves attached to them in proportion as they be held them forgotten; and
then dignation which this forgetfulness excited has been extended further than the regrets for
cessions still more extended would have produced if they had been accompanied with greater
formalities.
Nesse pedido ele clama pela dignidade dos homens para a resolução desse
problema que o Congresso de Viena criara. Mas com a concretização do Congresso,
quais foram as consequências para os insurretos no Norte Europeu?
Sobre o conceito subjetivo do belo, para Hegel, o fundamental, para Hegel, arte
romântica não encontra o seu significado em si mesma, pois, diferente de outras
vertentes, a arte romântica busca significado no mundo externo. Isso mostrar-se-á
evidente em, por exemplo, Giuseppe Verdi onde suas óperas nunca estiveram desligadas
da realidade italiana, desde Nabucco até suas últimas composições, sempre estiveram
ligação com a realidade vivida. Expõe Hegel:
Esta elevação do espírito para si mesmo, por meio da qual ele conquista em si
mesmo sua objetividade, que antes ele precisava procurar no exterior e no sensível da
existência, e sente e se sabe nessa unidade consigo mesmo, constitui o princípio
fundamental da arte romântica. (HEGEL, George Wilhelm Friedrich. Cursos de Estética. vol.
II. Trad. Marco Aurélio Werle/Oliver Tolle. Ed. Edusp. São Paulo, SP. 2000.)
3
Edvard Grieg, na sua infância, fora instruído no piano, pelo Mendelssohn.
Hegel tenta explicar no gosto, um modo de concretizar no ser a estética. Dizendo
que o simples fato de ter gosto por determinado aspecto de determinada coisa. Destaca
Hegel, “Ter gosto é, pois, ter o sentimento, o sentido do belo;”, ou seja, essa área da
estética estuda não a obra nela mesma, mas o efeito causado pela obra. E se esses
sentimentos impulsionam as ações na polis, cabe no caso da análise historiográfica,
justificar na obra de determinado autor (seja ela, um livro, uma composição musical ou
qualquer que seja o objeto cultural analisado), os efeitos das diversas leituras destes
objetos culturais. Que no caso da Noruega, no século XIX, se tinha desenvolvido uma
burguesia consumidora dessa cultura. Contos, música clássica nacionalista, que
diferentemente dos nacionalismos alemães e italianos, buscavam fortalecer uma cultura
insurreta, a norueguesa.
Voltemos ao texto:
O gosto não vai além dos detalhes, a fim que estes recordem com o sentimento, e, repele a
profundidade da impressão que o todo possa produzir. São os aspectos exteriores,
secundários, acessórios das coisas que importam ao gosto, e lhe são suspeitos, porque
repugnante o seu amor pelas minudências os grandes caracteres e as grandes paixões que
o poeta descreve. (HEGEL, George Wilhelm Friedrich. Cursos de Estética. Trad. Orlando
Vitorino. Ed. Martins Fontes. São Paulo, 1996.)
Dentro da estética hegeliana a música é das sete artes, a mais complicada de ser
definida. Pois para definir a música, Hegel agrega definições da arquitetura, pintura,
poesia, para definir essa arte que é ao mesmo tempo física e subjetiva. Se considerarmos
que na época de Hegel, as ciências não consideravam como digno de estudo as
subjetividades, torna a análise hegeliana sobre a estética musical mais relevante.
Este capítulo do livro Cursos de Estética: O Sistema das Artes se divide em três
momentos: o primeiro é destinado às um estudo comparativo entre as demais artes, o
segundo descreve o como o conteúdo é apreendido pela arte e como ela consegue se
transmutar em representação, o último momento ele concluiu com uma análise de como
esse conteúdo se acomoda na alma da nação.
Hegel antes de explicar a relação da música com as demais artes, ele buscou
entender qual seria a diferença entre a música e as outras artes. Ele se fez a seguinte
pergunta: como a música se manifesta no mundo exterior? Qual seria a particularidade
dessa arte? Ele chega a conclusão que a particularidade dessa arte, trata-se do evento
físico e subjetivo do som. Por ele não atingir um sentido propriamente visual, esta arte
adquire um caráter de múltiplas interpretações. E também traz a pauta, o que pode ser
considerado arte quando se fala de música? Sobre a pauta da subjetividade, Hegel
explana:
Sob este aspecto, ela constitui um modo de representação que, se tem por forma e
conteúdo o subjetivo, visto que como arte serve para comunicar a interioridade, permanece
subjetiva na sua objetividade; por outras palavras, a música não procede como as artes
plásticas, que, tendo escolhido um modo de expressão exterior, deixam depois substituir
essa exterioridade em toda a liberdade e independência, mas retira-lhe todo o caráter o
objetivo, não lhe permite afirmar-se na sua total independência, recusa-lhe toda a
possibilidade de existência permanente. (HEGEL, George Wilhelm Friedrich. Cursos de
Estética. Trad. Orlando Vitorino. Ed. Martins Fontes. São Paulo, 1996.)
Então ele, encontra nessa forma de arte romântica, a subjetividade, que para os
alemães do século XIX, era de relativa estranheza, pois as ciências humanas, buscavam
essa objetividade. Mesmo que a filosofia lutava contra esse movimento histórico, filósofos
como o próprio Frederick Nietzsche fizeram parte desse movimento. José Carlos Reis
explica esse fenômeno como o “espirito metafísico” do século XIX, segue a citação:
A compreensão auditiva, levantada por Hegel, traz uma das definições da música
clássica, seguindo a Fenomenologia do Espírito, toda a teoria estética de Hegel era
pautada nela, a Presença do Espírito na sua compreensão. Ele diz que o som, faz com
que música se transfigurado de algo prático em algo mais ideal.
Pois sua contemplação, diferentemente das obras de Arte, o processo
contemplação-compreensão é concebida primeiro por órgãos sensoriais, e sua
compreensão no mundo físico se dá como parte existente, no âmago da existência como,
nesse caso como nação.
Pois é, justamente, esse aspecto que Hegel associa como missão primeira da
música. “A missão primeira da música não consiste em simples reprodução do natural”, e
sim, “fazer ressoar o eu mais íntimo, a sua profunda subjetividade, a sua alma ideal.” Esta
alma ideal, dentre as nações insurretas era a defesa da nação, expressa na natureza, nos
contos populares, na religião, na história do povo, e nos hinos de movimentos
revolucionários.
Dito isso, vamos continuar a análise verificando como a música se constitui como
arte bebendo em conceitos, ou em alguns casos utilizando-se de outras artes para se
expressar.
1.2.3.1.1. A MÚSICA E AS OUTRAS ARTES
Com relação às outras artes, Hegel bebe em conceitos das outras artes para tentar
explicar o artístico música clássica. Ele num estudo comparativo explica como arquitetura,
escultura e canto, foram artes que ajudaram à constituir a música como uma arte que
modificou seu tempo. Ao comparar a música à arquitetura, por exemplo, ele explica que a
capacidade de representação da arquitetura e escultura, se transfigurado simplesmente
do fato de serem artes de representação física, palpável.
Enquanto a música, suas formas não expressa mais do que os “sentimentos e
envolve a expressão da representação do espírito”. Tornando assim, a música uma arte
menor, sem tanta importância.
Diz Hegel:
Na arquitetura e a escultura, a interioridade espiritual dimana da simples
concentração da alma em intuições e representações e reveste formas que lhe imprimem a
imaginação, enquanto a música não exprime mais do que o sentimento e envolve as
representações do espírito, dos sons melódicos do sentimento, tal como a arquitetura, no
seu domínio, envolve, embora de uma forma mais rígida, a estátua do deus com o conjunto
racional das suas colunas, muros e pilares. (HEGEL, George Wilhelm Friedrich. Cursos de
Estética. Trad. Orlando Vitorino. Ed. Martins Fontes. São Paulo, 1996.)
Esta colocação de Hegel nos leva à crer que Hegel, à época da Primavera dos
Povos, ele pensava que a música, como arte, não se transformaria em instrumento de
revolta por toda a Europa. A de considerarmos também, que na Confederação Alemã, não
houvera revoltas de insurretos, até 1898, e contando que Hegel morrera em 1831. Quanto
o poder da arte musical de provocar, de despertar, de manifestar a interioridade da alma,
Hegel vos fala que a maior das contribuições da arte musical é justamente esse. Pois
diferentemente das artes de compreensão visual, a música atinge o espírito, e esse
espírito transforme som em ação. Diz Hegel:
É o que faz igualmente a música, que, por um lado, segue, independentemente da
expressão, as leis harmônica do som que se baseiam em relações quantitativas, e por um
lado, pelo retorno do compasso e do ritmo, assim como as elaborações ulteriores do som,
se conforma às regras da simetria e da eurritmia. É assim que a música surge como
domínio em que se manifesta não só a profunda interioridade da alma, mas também o mais
rigoroso entendimento, de maneira que reúne em si dois extremos que podem facilmente se
emancipar um do outro. É precisamente por essa emancipação que a música apresenta um
caráter arquitetônico; quando desligada da expressão de sentimentos, se lança para
construir por si mesma, e com uma redobrada imaginação, um verdadeiro edifício de sons
musicalmente regrado. (HEGEL, George Wilhelm Friedrich. Cursos de Estética. Trad.
Orlando Vitorino. Ed. Martins Fontes. São Paulo, 1996.)
Essa proximidade da arquitetura, faz da música do século XIX, principalmente da
escola alemã, uma arte cujo os princípios técnicos eram rigorosamente seguidos, mas
não se desligava, na sua totalidade, do sentimento nacionalista, sentimento, pelo qual,
Gellner diz que, que surge através de uma violação do princípio nacional, referente a isso
Gellner explica:
Nationalism as a sentiment, or as a movement, can best be defined in terms of this
principle. Nationalist sentiment is the feeling of anger aroused by the violation of the
principle, or the feeling of satisfaction aroused by its fulfilment. A nationalist movements one
actuated by a sentiment of this kind. ( GELLNER, Ernest. Nation and Nationalism. Ed.
Cornwell University. Ithaca, New York. Second Edition, 2006.)
Hegel, em sua análise filosófica, diz que o músico não compõe do nada. O artista
sempre compõe de um texto escrito. Grieg, como exemplo, compôs, certa vez de um texto
escrito, para a peça Peer Gynt, de Henrik Ibsen. E com isso, Edvard Grieg composta
cinco músicas, entre elas, a mais famosa, que fora e ainda é trilha sonora de muitos
filmes como, Os três mosqueteiros, da Disney, entre outros, In the Hall of the Mountain
King, (carta em anexo).
Hegel, em sua última análise, traz a contribuição que a poesia trouxe para a
compreensão da mensagem que os musicistas passaram durante o romantismo. No que
tange a mensagem, a poesia faz com que os sentimentos que o compositor quer
expressar se torne mais tangível. Sobre a estética apresentada por estas duas artes, a
música e a poesia compartilham traços em comum. As duas se expressam de formas
semelhantes, pelo som; a música através do som produzido pelos instrumentos, e, a
poesia pelo som da voz. Mas Hegel, nos chama a atenção ao fator de que o que nos
importa aqui não é a forma e sim a forma de pensar. Pois ele admite:
Porque efetivamente, a verdadeira objetividade do interior consiste não nos sons e nas
palavras, mas na consciência que temos de um pensamento, do sentimento etc., do qual
fazemos objetivo que podemos assim representar ou desenvolver para evidenciar o que neles
está incluído, para expor o encadeamento interior e exterior do conteúdo dos nossos
pensamentos, assim como a relação que existe entre as suas determinações particulares etc.
(HEGEL, George Wilhelm Friedrich. Cursos de Estética. Trad. Orlando Vitorino. Ed. Martins
Fontes. São Paulo, 1996.)
Depois de Hegel ter conjecturado que a arte do seu tempo muitos filósofos e
críticos musicais tentaram superar suas colocações sobre a estética musical. No contexto
das insurreições de 1848, Eduard Hanslick vai refutar todos os pontos apontas por ele
como as estéticas anteriores. Pois no calor dos movimentos nacionalistas, já não cabia o
entendimento advinda dos grandes centros. Nos próximos tópicos apresentaremos, como
contraponto, a visão de Hegel, anterior ao Congresso de Viena (1815), e a de Hanslick
representante da visão insurreta.
1.3. OS NACIONALISMOS MUSICAIS: NAÇÕES INSURRETAS E SUAS
INSPIRAÇÕES NACIONAIS
Dentro do âmbito das artes, a música traz um elemento que traduz mais facilmente
o teor nacionalista, a Inspiração. Hegel ao analisar, a música diz que esse fator traz para
a música o fenômeno subjetivo, que no século XIX, era condenado por diversas ciências,
ciências como, a história, a sociologia, que viram na objetividade das ciências biológicas o
melhor caminho para se tornar ciência. Mas Hegel vê com bons olhos essa subjetividade,
como se vê nesse trecho do livro Curso de Estética:
Ora, o elemento da interioridade abstrata, a que se une a música, é constituída pelo
sentimento, pela subjetividade livre e ampliada do eu, que procura alcançar o conteúdo e o
consegue, mas deixa sempre com caráter de intimidade que o distingue, mantendo-se sem
qualquer relação com o exterior. Por tal fato o sentimento permanece sempre como um
invólucro do conteúdo, e é nesta esfera que a música procura seus temas. (HEGEL, George
Wilhelm Friedrich. Cursos de Estética. Trad. Orlando Vitorino. Ed. Martins Fontes. São
Paulo, 1996.)
Sob essa perspectiva, a forma com que o compositor concretiza seu o objetivo
podem ser várias. No caso analisado, um dos sentimentos mais presente nas
composições dos compositores de nações insurretas é o patriotismo. Patriotismo esse
que fizera com que muitos dos grandes compositores, em tempos difíceis para suas
nações, compusessem com temas nacionalistas.
Liszt Ferenc4, no período de luta pela independência húngara, no campo de
batalha, compôs os Funerailes; Chopin em 1830 compõe as Mazurcas, uma série de
composições para piano com tema religioso originário da Polônia5; Giuseppe Verdi
quando Mazzini acendera o estopim que dera início a unificação italiana, não diferente
dos demais compôs com temas nacionalistas, óperas como O patria mia e Aida estão
entre as obras que ele compusera durante o período; e não menos importante Bedřich
Smetana, durante o período de efervescência liberal na Moldova, compusera Os
Brandemburgueses na Boêmia, que tivera sua estreia no Teatro Nacional de Praga, em
1862, em 1867, compusera Dalibor, uma ópera histórica, com já receptividade do público
por ser excessivamente wagneriana, e, Libuše que fora mais bem recebida pelo público e
tivera sua estreia no mesmo Teatro Nacional de Praga, sendo exibida em 1881.6
Dito isso, iremos apresentar nesse tópico uma análise através da teoria dos vaga-
lumes do Ferdinand Braudel, apresentando a importância da música para o período das
insurreições de 1848. Tentando explicar como os hinos imortalizaram-se através da
relação conteúdo-movimento. E também explanando como os micro-eventos das
insurreições na Europa auxiliaram para a construção da alta cultura. Destacando o papel
dos compositores europeus nas insurreições europeias, no contexto da Revolução de
1848. Explicando a importância da Escola Alemã, para a difusão do romantismo através
de George Wilhelm Friedrich Hegel, que durante o estopim do movimento ocupava uma
das cadeiras da Universidade de Berlim como professor de Filosofia.
1.3.1. O CONTEÚDO ROMÂNTICO E O NACIONALISMO
Quanto ao conteúdo expresso nas obras românticas trazem elementos de suas
respectivas nações. Nas nações insurretas esse nacionalismo se desenvolvera com o
objetivo uno da emancipação política dessas nações. E a música clássica apesar dos
estudiosos do nacionalismo identificar uma concentração de consumo da alta cultura, o
que não deprecia nosso objeto, nas classes mais abastadas, a inspiração em geral advém
4
Franz Liszt.
5
RAILEY, Matthew / SMITH, Anthony D. Nation and Classic Music. From Handel to Copland. Ed.
Boydell Press. Suffolk, UK. 2016.
6
MASIN, Jean / MASIN, Brigitte. História da Música Ocidental. Trad. Ângela Ramalho Viena / Carlos
Sussekind / Maria Teresa Resende Costa. Ed. Nova Fronteira. Rio de Janeiro, RJ. 1997.
de três realidades: a natureza, a história, música religiosa e a miscelânea folclórica de
determinada nação, encontrada nas comunidades mais afastadas.
No estudo sobre História da música se observa desde o séc. XIX está tendência
nacionalista. Quando estudamos os compositores clássicos, podemos atribuir a inspiração
dita bucólica, com inspiração no natural à Bedřich Smetana, pois suas composições tem
como inspiração o braço do rio Danúbio que corta a Bohemia. E o rio acabou se tornando
símbolo da nação checa.
Os anos que antecederam a Revolução de Praga (1898), críticos de música
observa-se um movimento contra a fenomenologia do espírito de G. W. F. Hegel, pois já
em 1854, Eduard Hanslick7 defendia não uma estética própria da música, não algo
generalizante como Hegel apresenta.
Hanslick no seu prefácio explica seu objetivo:
Basta que eu consiga trazer para o campo de batalha vitoriosos aríetes contra a
apodrecida estética do sentimento e aprontar alguns alicerces para a futura
reconstrução. A propósito das lacunas, de que sou muito consciente, da minha
exposição tenho de recorrer à esperança de algum dia me ser permitida uma discussão
mais pormenorizada dos princípios aqui desenvolvidos. (HANSLICK, Eduard. Do belo
musical. Trad. Artur Morão. Lusófona Press. Covinha, 2011.)
7
Eduard Hanslick nasceu em Praga em, 11 de setembro de 1825, descendentes de uma família católica na
Bohemia. Seu pai, após cursar a Universidade de Praga, voltou para o estudo de filosofia e música. Sua mãe, filha de
um rico comerciante judeu, ensinou-lhe francês e incutiu-lhe o interesse pelo teatro. De seu pai herdou o interesse pela
música e pelos livros.
Hanslick fez rápidos progressos fez rápidos progressos no seu aprendizado de piano e composição e, aos 18
anos, iniciou seus estudos com o mais importante professor de Praga daquela época, Wensel Johann Tomášek (1774-
1850), de quem receberia uma sólida base musical. Seus estudos com Tomášek incluíam aulas de piano, teoria,
harmonia, contraponto, fuga, instrumentação e composição. No entanto, Hanslick, em detrimento de uma carreira de
virtuose, acaba optando por uma posição mais segura no serviço público do império austríaco. Inicia então seus estudos
de Direito na Universidade de Praga. Deste período data a sua amizade com o filósofo Robert Zimmermann e com o
crítico e historiador de música August Wilhelm Ambros. Ao mesmo tempo que se dedicava aos estudos de Direito,
Hanslick aprofundava seus estudos no campo da história e da estética musical.
A partir de 1844, Hanslick inicia sua carreira como crítico musical no jornal Ost und West. A partir de 1846
passa a escrever para o Weiner Allgemeine Musik-Zeitung (no qual pública sua crítica entusiástica ao Tannhāuser de
Wagner) e, a partir de 1848, para Weiner Zeitung e o Sanntangblätter. Nesse ínterim, transfere-se para Viena, onde
termina seus estudos jurídicos, no ano de 1849. Hanslick então entra para o serviço público, primeiramente em
Klagenfurt (1850-1852), e, depois novamente em Viena. Em 1854, pública o seu mais importante escrito teórico, Do
belo musical, como reação as teorias em voga durante o seu tempo. (VIDEIRA, Mario / JÚNIOR, Mário Videira
Rodrigues. O romantismo e o belo musical. Ed. UNESP. São Paulo, SP. 2006.)
as teorias postuladas por Hegel não comportava o pensamento que se tinha sobre a arte
em 1848.
Hanslick explica que o modelo conceitual da arte musical, diferentemente das
outras artes, apresenta em sua totalidade, o sentimento buscado pelo autor (o
compositor). E é essa paixão, esse sentimento, que traz no período da Revolução de
1848, o elemento nacionalista. Pois toda a composição é repleta de significado. Na
musicalização dos contos de fadas no norte europeu, a musicalização das paisagens
nacionais no Centro europeu, da história nacional na Itália, da representação das músicas
religiosas na Polônia e dos hinos do movimento separatista húngaros. Esses
compositores, foram verdadeiros guerreiros por suas nações.
O que traz um ponto de convergência, para com a escola berlinense, é o fato de
Hanslick considerar que o conteúdo musical é livre. Mas ele, vai um pouco além da
postulação hegeliana. Pois ele diz que o conteúdo da música romântica se modificada
com o espírito nacional. Pois buscar uma representação torna a composição vazia de
espírito artístico.
Uma das renovações que Hanslick traz, é o fato de postular o papel de cada uma
das ciências humanas na análise da arte musical. Ele explica:
O historiador, ao compreender um fenómeno artístico nas suas grandes linhas,
pode divisar em Spontini a “expressão do Império francês”, em Rossini a “restauração
política” – o esteta tem de se ater exclusivamente às obras destes homens e investigar o
que nelas há de belo e o seu porquê. (Hanslick, Eduard. O belo musical. Um Contributo
para revisão da estética da Arte dos Sons. Trad. Artur Morão. Col. Textos Clássicos da
filosofia. Covilhã, 2011.)
E isso traz o papel do historiador, para Hanslick, é entender o que está arte auxiliou
na construção nacional. Trazendo como a arte, dentro dos movimentos revolucionários,
auxiliaram na luta pela emancipação de países insurretos. Algo que surge como um
paradigma entre musicólogos e historiadores, ainda hoje, o papel político da arte traz
discussões para as duas ciências. Os estetas de hoje, e do século XIX, se esquecem que
todo o objeto tem, em seu cerne, tem um objetivo político, pois, o belo em si mesmo, não
representa os objetivos românticos, de nações atacadas pelas soberanias nacionais
suprimindo sua cultura, desconsiderando sua independência histórica.
Sobre a diferença basilar da arte musical perante as demais artes, Hanslick diz que
as demais artes são um fim nelas mesmo já musica não, ela é um meio para se expressar
algum sentimento, quer seja, nacionalista, que seja, outro. Diz Hanslick:
Aqui, a beleza autónoma das formas sonoras e, além, a dominação absoluta do pensamento
sobre o som enquanto simples meio de expressão enfrentam-se de modo tão exclusivo que a mistura
dos dois princípios constitui uma impossibilidade lógica. (Hanslick, Eduard. O belo musical. Um
Contributo para revisão da estética da Arte dos Sons. Trad. Artur Morão. Col. Textos
Clássicos da filosofia. Covilhã, 2011.)
Aqui Hanslick vai além de Hegel, pois apresenta a premissa da arte musical. Pois o
som é, na sua estrutura, apenas uma característica física da arte. O que nos leva ao
estudo dos motivos de ser das composições. Ao final, Hanslick, defende sua visão:
Uma estética da música deveria, pois, contar entre as suas tarefas mais
importantes a de expor inexoravelmente a diferença básica entre a essência da música e a
da linguagem, e estabelecer em todas as deduções o princípio de que, onde se trata do
especificamente musical, perdem toda a aplicação as analogias com a linguagem.
(Hanslick, Eduard. O belo musical. Um Contributo para revisão da estética da Arte dos
Sons. Trad. Artur Morão. Col. Textos Clássicos da filosofia. Covilhã, 2011.)
Para ele não só a música é capaz de modificar a realidade, fortalecendo discurso
dos nacionalistas, mas têm o dever de ter sua aplicabilidade como linguagem
propriamente dita. Pois a música como linguagem, traz elementos ideológicos, pois como
elemento da cultura humana, é influenciado pelas ideias políticas dos seus autores.
Dito isto, podemos dizer, que os dois autores, fizeram nascer um ranço da escola
de Berlim. Pois, quando falamos de Edvard Grieg, essa característica é altamente
criticado por musicólogos. Como diz Palisca:
As deficiência que estas obras enfermam derivam da tendência de Grieg para
pensar em frases de dois ou quatro compassos e da sua capacidade para dar continuidade
dar continuidade e unidade aos andamentos longos; as características nacionais desta obra
conjugam-se, assim, com o estilo ortodoxo, que Grieg aprendeu na juventude no
Conservatório de Leipzig. (GROUT, Donald J. / PALISCA, Claude V. História da música
ocidental. Trad. Ana Luisa Faria. Ed. Gravita. Lisboa, 2001.)
Pois esta ortodoxia identificada primeira pelo Hanslick fizera com que Edvard Grieg
fosse mal visto, quando falamos de suas composições. Mas como, veremos no segundo
capítulo o esforço de Edvard Grieg vai além do seu estilo berlinense. Dito isso, iremos ao
último tópico desse capítulo. Onde iremos analisar como as duas escolas, a alemã e
vienense, via o conteúdo da música romântica.
1.3.2. HEGEL E O ESTUDO DO CONTEÚDO ROMÂNTICO
Para o estudo da música e sua força ideológica, nós historiadores consideramos
primeiramente o conteúdo expresso nas fontes. Mas quando se trata da música clássica o
conteúdo se diverge entre os dois lados da história. Os grandes impérios tinham uma
visão extremamente diferente das nações não favorecidas pelo Congresso de Viena
(1815). Pois para os grandes impérios, isso só significava, mais um aforismo cuja
importância era puramente estética. E para as nações insurreta isso era mais do que
simplesmente uma forma de arte, era uma ferramenta política cuja a importância se
encontrava na conservação histórico-cultural de seu povo, cujos agentes históricos
buscaram no folclore, na história, e na identidade de seu povo uma forma de resistência.
Para analisarmos os dois discursos sobre a identidade da arte musical romântica faremos
aqui um estudo comparativo dos dois conceitos sobre o conteúdo da arte musical
romântica, trazendo ao púlpito a forma antiga de ver a arte musical, referente as ideias
anteriores ao Congresso de Viena, cujo o representante nessa pesquisa é G. W. F. Hegel,
e em contraposição, as ideias no calor do conflito, cujo representante é Eduard Hanslick.
Nesse contexto, se discutia se na arte musical romântica tinha ou não conteúdo
capaz de “mover multidões” por determinada causa. Nisso Hegel, considera que a música
clássica (arte musical), como característica predominante, seu conteúdo é de uma
liberdade subjetiva incapaz de expressar-se como força externa ao campo dos sentidos. E
tal ideia se torna inconcebível após 1848. E tanto que Hanslick quando fala do conteúdo
expressar-se de forma contrária as ideias concebidas no início de seu século. Hanslick
assim se expressa quanto a esse tópico:
Os sentimentos não existem isolados na alma de modo que se possam, por assim dizer,
salientar por meio de uma arte à qual está oclusa a representação das demais atividades
espirituais. Pelo contrário, dependem de pressupostos fisiológicos e patológicos, são
condicionados por representações, juízos, em suma, por todo o campo do pensar intelectual
e racional, a que se contrapõe de tão bom grado o sentimento como algo de antitético. (Grifo
meu). (Hanslick, Eduard. O belo musical. Um Contributo para revisão da estética da Arte dos Sons.
Trad. Artur Morão. Col. Textos Clássicos da filosofia. Covilhã, 2011.)
Ou seja, Hanslick propõe que a música, tal como a arquitetura, pintura e a poesia
tenha tal poder de representação quanto as outras artes. Pois tal como em um quadro
pode-se representar a natureza de forma visual, um acorde tem da sua forma, representar
a natureza no cantar dos pássaros, etc. E diferente das artes visuais, na música o juízo do
belo, se faz a posteriori, no campo do racional, mesmo que, não negue o sentimento
imediato.
Para Hegel, a música como um fenômeno físico “jamais conseguirá exteriorizar ou
traduzir uma ideias e representações tal como são como são concebidas pela
consciência”. Mas como se observa nos anos seguintes ao Congresso de Viena, os
compositores conseguiram criar uma consciência nacional através de suas composições
o que Hanslick, observou no seu trabalho questionando o modelo hegeliano de estética.
Hanslick sobre a consciência criada pelas composições discute:
A música, pelo contrário, com os seus peculiaríssimos meios, pode representar de modo
substancial um certo domínio de ideias. Tais são, em primeiro lugar, todas as ideias que se referem
a modificações audíveis do tempo, da força, das proporções, portanto as ideias do crescimento, do
esmorecer, da pressa, da hesitação, do artificiosamente intrincado do simples acompanhamento e
coisas semelhantes. – Além disso, a expressão estética de uma música pode dizer-se graciosa,
suave, violenta, enérgica, elegante, fresca; simples ideias que podem encontrar nas combinações
sonoras a correspondente manifestação sensível.
Pois no auge da Primavera dos Povos (1848), toda a sociedade, seja ela, artistas
(compositores, teatrólogos), seja ela, estudiosos (folcloristas, historiadores e filósofos), se
engajaram na causa nacionalista de seus países. No campo do simbólico, os países têm
nos seus históricos, geográficos e folclóricos, cujo esses símbolos são amplamente
utilizados pelos grandes compositores.
Em análise Hanslick, diz que o estudo do belo musical surge a partir da análise do
conteúdo. E também a capacidade do compositor representar o objetivo inicial do autor. E
em última instância, Hanslick explica que a música, seja ela instrumental seja ela vocal,
deve ser tratada como arte sonora é que com tal surge de um processo criativo complexo
e que contém suas particularidades artísticas.
Então, apresentado as estéticas musicais correntes na época para se entender a
forma com que a música era recebida pelos dois lados, imperial e insurreto, onde
tentaremos a partir do tópico 2.2 explicar como na Noruega, essa recepção nacional de
Edvard Grieg fora fundamental para a construção de uma identidade norueguesa.
Explicando a partir de sua originalidade, como ele foi sucessivo no representar o povo
norueguês nas suas composições, principalmente nas 25 peças intituladas Norwegian
folk musics (Norsk Folkemusikk, em norueguês), tentou transfigurar sua nação em forma
de música. E como o Charles XIV John, tentou arquitetar uma confraternização através da
divulgação de seus feitos, como general e mais tarde como rei.
2. DE APÁTRIDA Á UM REINO CONSTITUCIONAL INDEPENDENTE: GRIEG
COMO FOLCLORISTA MUSICAL DURANTE O PROCESSO DE
INDEPENDÊNCIA DA NORUEGA (1860-1896).
Resumo: No segundo capítulo, nós analisamos como a cultura fora utilizada, nesse caso
específico a música, como alicerce para um nacionalismo na Noruega. No primeiro tópico nós iremos
analisar como a Coroa Inglesa se posicionou diante dos conflitos anteriores a cisão é como a Inglaterra via
com bons olhos o surgimento do nacionalismo na Noruega, analisando o trabalho de William George
Meridith como uma espécie de defesa da neutralidade inglesa no conflito. No segundo tópico, analisaremos
como Grieg se coloca nesse conflito. Analisando qual foi o papel da cultura na disseminação do
nacionalismo é como o folk-lore norueguês auxiliou na concepção do conteúdo de suas composições. No
segundo subtópico nós analisamos o papel das danças típicas da Noruega, Springdans e Hallings, nas
composições nacionalistas de Edvard Grieg. Ao final nós analisaremos a inclinação política de Edvard Grieg
e como se torna incoerente quando um indivíduo com inclinações de esquerda se torna símbolo de um
nacionalismo, dito liberal.
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https://en.wikisource.org/wiki/Final_Act_of_the_Congress_of_Vienna/General_Tre
aty. visitado de 01/08/2017
http://ibsen.nb.no/id/11152584.1#2
Hanslick, Eduard. O belo musical. Um Contributo para revisão da estética da Arte
dos Sons. Trad. Artur Morão. Col. Textos Clássicos da filosofia. Covilhã, 2011 .
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