Sie sind auf Seite 1von 5

ESTADO DA PARAÍBA

PODER JUDICIÁRIO
COMARCA DE CONCEIÇÃO

Processo: 0000223-35.2016.815.0151

DECISÃO

R. h.

Vistos, etc.

Trata-se de Representação pelo Afastamento e


Prorrogação do Sigilo de Dados Telefônicos c/c Interceptação Telefônica, formulada
pelos Excelentíssimo Delegado da Polícia Civil, Dr. GLAUBER ANTÔNIO FIALHO
FONTES autoridade policial com atuação em Conceição/PB, objetivando a
implementação da interceptação telefônica dos aparelhos celulares dos terminais que
especifica, bem como o afastamento do sigilo de dados telefônicos e implementação de
interceptação em celulares dos demais envolvidos, conforme resultado constante em
relatório.

Consta dos relatórios que nesta região existe


organização criminosa destinada ao tráfico de entorpecentes e à prática de homicídios,
tudo a partir de denúncias formuladas perante a Delegacia de Polícia. Aduz que as
investigações preliminares indicam que os terminais elencados estão envolvidos na
prática desses crimes.

Assim sendo, conclui o representante que não há outro


meio para o sucesso das investigações, sem o afastamento do sigilo de dados telefônicos
e da implementação da interceptação telefônica dos representados.

Destarte, representa a autoridade policiai,


precipuamente, pela interceptação dos telefones indicados por um período de 15 dias,
renovável por igual período.

Oportunizada a manifestação do combativo


Representante do Ministério Público, sua Excelência pugnou pelo deferimento das
medidas propugnadas.

É o relatório. Fundamento e decido.

Inicialmente, destaque-se que as interceptações


telefônicas podem ser prorrogadas sucessivas vezes pelo tempo necessário para a
produção da prova, especialmente quando o caso for complexo e a prova, indispensável,
sem que a medida configure ofensa ao art. 5º, caput, da Lei n. 9.296/1996.
Sobre a necessidade de fundamentação da
prorrogação, esta pode manter-se idêntica à do pedido original, pois a repetição das
razões que justificaram a escuta não constitui, por si só, ilicitude.

Decerto, não se pode exigir para a interceptação, que é


um instrumento de investigação, um juízo de certeza. Em face de uma criminalidade que
se sofisticou, com organização operacional de alta envergadura e cuja atividade envolve
diversas pessoas, tem-se, como contrapartida, uma investigação que não só se tornou
mais difícil, mas que demanda o uso de instrumentos que não lhe são, muitas vezes,
disponíveis de imediato.

Na hipótese dos autos houve o preenchimento de


ambos os requisitos, de maneira que a autorização nesse sentido neste momento não
vulnerará o conteúdo essencial do direito fundamental dos representados, porquanto a
prova de materialidade e os indícios inaugurais de autoria dos representados se mostram
presentes, diante da coleta dos depoimentos pelas autoridades policiais, na esteira do
que consta nos relatórios e no parecer ministerial, os quais acolho como fundamento para
esta decisão.
Com efeito, a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, pronunciando-se sobre essa técnica decisória, reconheceu-lhe a inteira
compatibilidade com o que prescreve o art. 93, inciso IX, da Constituição da República:

“A remissão feita pelo magistrado – referindo-se, expressamente, aos


fundamentos (de fato ou de direito) que deram suporte a anterior decisão (ou
a pareceres do Ministério Público, ou, ainda, a informações prestadas por
órgão apontado como coator) – constitui meio apto a promover a formal
incorporação, ao ato decisório, da motivação a que este último se reportou
como razão de decidir. Precedentes.” (HC 99.827-MC/CE, Rel. Min. CELSO DE
MELLO)

“I.‘Habeas corpus : cabimento (...)II. Quebra de sigilos bancário e fiscal, bem como
requisição de registros telefônicos: decisão de primeiro grau suficientemente
fundamentada, a cuja motivação se integraram ‘per relationem’ a
representação da autoridade policial e a manifestação do Ministério Público.
III. Excesso de diligências: alegação improcedente: não cabe invocar proteção
constitucional da privacidade em relação a registros públicos. ” (HC 84.869/SP,
Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE –grifei)

“‘HABEAS CORPUS’. QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO. DECISÃO SUCINTA,


MAS SUFICIENTEMENTE FUNDAMENTADA. ORDEM DENEGADA. 1. Não há
nulidade na decisão que, embora sucinta, apresenta fundamentos essenciais
para a decretação da quebra do sigilo telefônico, ressaltando, inclusive, que
‘o ‘modus operandi’ dos envolvidos’ ‘dificilmente’ poderia ‘ser esclarecido
por outros meios’. 2. As informações prestadas pelo Juízo local não se prestam
para suprir a falta de fundamentação da decisão questionada, mas podem ser
consideradas para esclarecimento de fundamentos nela já contidos.”(HC
94.028/AM, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – grifei)

Ademais, nota-se que a comarca de Conceição


encontra-se com várias ocorrências policiais atualmente, principalmente o registro de
tentativas e homicídios consumados, sendo decorrente da luta por espaço territorial na
venda de drogas.

Assim, a medida pleiteada se mostra imprescindível


não apenas para a obtenção de provas, mas também para a própria efetivação da
aplicação da lei penal, já que, conforme declarado pelas testemunhas, o executor não era
residente na cidade, mas foi constantemente observado se utilizando de aparelhos
celulares, cuja interceptação poderá resultar no êxito da empresa investigativa.

Por fim, cumpre ainda registrar que o crime em que


incorreram os possíveis representados é apenado com pena de reclusão (art. 121, §2º, I,
II e IV), o que afasta a vedação contida no inciso III do artigo acima transcrito.

Destarte e, no prazo estabelecido pela Lei acima


referenciada (24 horas), DEFIRO o pleito formulado para:

(1) DECRETAR a intercepção em face dos terminais elencados


no ofício que segue em anexo, pelo prazo de 15 (quinze) dias, cujos
números constarão na ordem de interceptação;

(2) DECRETAR o afastamento do sigilo de dados telefônicos,


com ERB pretérita e dados cadastrais, no período seis meses anteriores a
esta decisão, com relação aos referidos números;

(3) DETERMINAR às pessoas jurídicas relacionadas à TIM,


CLARO, OI e VIVO, além da EMBRATEL:

3.1. ATENTAREM-SE que o número para o desvio das


chamadas poderá ser alterado conforme a necessidade do sistema de
interceptação utilizado pela Autoridade Policial, caso em que serão
fornecidos através de ofício encaminhado pela Gerência Executiva de
Inteligência – GINTEL/SESDS/PB, juntamente com esta decisão
judicial;

3.2. DETERMINAR o cancelamento imediato da interceptação


telefônica dos terminais (IMEI´s) e/ou dos “CHIP´s” (IMSI´s) que deixaram
de ser usados pelos alvos ou que fujam do objeto da investigação.

3.3. DETERMINAR que seja interrompido temporariamente o


sinal (serviço telefônico) de qualquer aparelho (IMEI´s) ou chip (IMSI´s)
utilizado, mencionado ou que passe a se utilizado pelos alvos
especificados nesta medida, de modo a provocar o uso de telefones
públicos ou de aparelhos (IMEI´s) e chips (IMSI´s) interceptados.

3.4.DETERMINAR que, caso os telefones supracitados migrem


de operadora, seja comunicado imediatamente a Gerência Executiva de
Inteligência – GINTEL/SESDS/PB com o propósito dar continuidade as
interceptações.

3.5. DETERMINAR que sejam fornecidos ao Gerente


Operacional de Análises de Inteligência, de forma imediata
fontesglauber@hotmail.com, os dados cadastrais dos alvos desta
medida, bem como o nome das operações, senhas do VIGIA pelo período
de 30 (trinta dias) a contar a partir do início da interceptação, além de
relatórios (extratos de ligações e mensagens), captura de MMS, ERB,
azimute, longitude e latitude, intensidade do sinal, ERB em tempo Real e
deslocamento entre ERB´s de todos os telefones que contatem, sejam
contatados ou mencionados através dos terminais (“chip” ou IMEI)
utilizados pelos investigados desta medida.

3.6. DETERMINAR, quando solicitado pela Gerência de


Análises/GINTELPB, ainda que tais números não constem na lista de
telefones interceptados, o envio da identificação dos dados cadastrais e
extratos de ligações dos telefones de interesse das investigações em
qualquer período, pesquisa de números através do CPF, devendo essas
informações serem prestadas de imediato, face ao caráter emergencial do
trabalho e tendo em vista o princípio da oportunidade, mediante telefone,
fax ou o correio eletrônico acima especificado, tudo no prazo máximo de
24 horas, sob pena de desobediência;

3.7. DETERMINAR que seja implementado o serviço de


localização via GPS para os telefones móveis interceptados e, em caso
de mudança, cancelamento ou qualquer alteração do número
interceptado, mantendo-se o mesmo aparelho ou serial, comunicar
imediatamente ao órgão policial encarregado pelo monitoramento
(GINTEL – Gerência de Inteligência), através dos meios retro apontados,
procedendo à ininterrupta interceptação do número, ou, ainda, se no
mesmo aparelho ou serial interceptado for habilitada nova linha telefônica,
deverá a operadora proceder à imediata interceptação desta linha,
comunicando de imediato à autoridade competente, nos termos
originalmente determinados, mesmo quando utilizado por outra operadora
diversa da do terminal original (TIM, CLARO, OI, VIVO), o que deverá ser
implementado através do IMEI do novo terminal. O ofício deverá obedecer
o provimento da douta Corregedoria do final de 2014 e a Res. 59/2008 do
CNJ

OFICIE-SE ao Delegado de Polícia para que às


providências necessárias.

Assevero, na oportunidade, que as Autoridades Policiais


representantes deverão dar total e fiel cumprimento ao disposto no art. 6º da lei em
comento, sob pena de responsabilidade penal, cível e administrativa, dando ciência
incontinente ao nobre Representante do Ministério Público.

Cumprida a diligência e encaminhada ao Juízo, deverá ser


apensada em autos apartados, para se assegurar o sigilo das informações, em
cumprimento do art. 8º: “A interceptação de comunicação telefônica de qualquer natureza,
ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo
criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas”.

A autoridade policial, quando do término da diligência,


encaminhará, nos termos da lei, todo o material colhido, que somente poderá ser
destruído por determinação do Juízo.

Como forma de prevenção de possíveis abusos, esclareço que


os pedidos que levem o Juízo a erro na determinação de tais procedimentos constituem
crime, conforme art. 10 da Lei, sendo de inteira responsabilidade do Representante.
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, e
informática ou telemática, ou quebrar segredo de Justiça, sem autorização judicial
ou com objetivos não autorizados em lei.
Pena - reclusão, de 02 (dois) a 04 (quatro) anos, e multa.

Cumpra-se, cautelosamente.

Ciência ao MP. Diligências necessárias.

Conceição, 30 de março de 2016

Antonio Eugênio Leite Ferreira Neto


Juiz de Direito

Das könnte Ihnen auch gefallen