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COMUNICAÇÃO E
EXPRESSÃO
MISSÃO
VISÃO
Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra
Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci-
2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
da nacionalmente como referência em qualidade
educacional.
As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO Aluno (a) Multivix,
EXECUTIVA
maior grupo educacional de Ensino Superior do Olá, acadêmico(a)
Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a
Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. Bem-vindo(a) à disciplina de Comunicação e Expressão, na qual iremos aprofun-
dar seus conhecimentos acerca de linguagem, língua e códigos comunicacionais,
A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro
no Curso de Pedagogia da Faculdade Multivix – Serra.
de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São
Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no Para que seu estudo se torne proveitoso e prazeroso, esta disciplina foi organizada
mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos em seis unidades, com temas e subtemas que, por sua vez, são subdivididos em
de graduação, pós-graduação e extensão de seções (tópicos), atendendo aos objetivos do processo de ensino-aprendizagem.
qualidade nas quatro áreas do conhecimento:
Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na Nesta disciplina, desenvolveremos estudos no campo da Língua Portuguesa e da
modalidade presencial quanto a distância. Comunicação e procuraremos compreender as formas de expressão, a lingua-
gem e suas transformações com o passar dos tempos, assim como a inserção das
Além da qualidade de ensino já comprovada
REITOR Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na sociedade contemporânea.
pelo MEC, que coloca todas as unidades do
Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Detalharemos na disciplina os novos signos e códigos, bem como as formas de
- Instituições de Ensino Superior de excelência expressão em um contexto cada vez mais dinâmico. Para tanto, partiremos da
no Brasil, contando com sete unidades do premissa de que a expressão pressupõe, cada vez mais, um processo interacional.
Grupo entre as 100 melhores do País, a Multivix
preocupa-se bastante com o contexto da Cabe destacar que esse modelo interativo se aplica também ao estudo da disci-
realidade local e com o desenvolvimento do plina de Comunicação e Expressão no ensino a distância, destacando que, para
país. E para isso, procura fazer a sua parte, se realizar um bom curso, sua participação nos fóruns de discussão é de suma
investindo em projetos sociais, ambientais e na importância, para que os intercâmbios conceituais possam reverberar.
promoção de oportunidades para os que
sonham em fazer uma faculdade de qualidade Esperamos que, até o final da disciplina você possa:
Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina mas que precisam superar alguns obstáculos.
Diretor Executivo do Grupo Multivix - ampliar a compreensão acerca da linguagem e do uso dos códigos linguísticos;
Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é:
- conhecer os elementos da comunicação;
“Formar profissionais com consciência cidadã para
o mercado de trabalho, com elevado padrão de - identificar os níveis e as funções da linguagem na expressão e na comunicação;
qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segu- - compreender a importância da classificação das mensagens escritas.
rança e modernidade, visando à satisfação dos
Para tanto, fiquem atentos aos conceitos e façam as atividades propostas.
clientes e colaboradores.”
Entendemos que a educação de qualidade sempre Antes de iniciar a leitura, gostaríamos de solicitar a você que pare um instante e
foi a melhor resposta para um país crescer. Para a reflita acerca da importância de se observar as características comunicacionais e
Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o da comunicação na contemporaneidade.
mundo à sua volta.
Enfim, esperamos promover reflexões acerca do assunto e desejamos sucesso e
Seja bem-vindo! bons estudos!
Ivana Esteves Passos é jornalista e atua como professora no ensino superior des- Linguagem e língua: Conceito de linguagem e língua. Código. Variedades Lin-
de 2001. Tem graduação em Comunicação Social (1990), Mestrado em Letras guísticas. Dialetos e Registros. Norma padrão e norma popular. Ato comunicativo:
pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (2004) e Doutorado em Letras Comunicação. Elementos da Comunicação. Funções da Linguagem. Ruídos na
pela Universidade Federal do Espírito Santo – UFES (2015). É Pós-Doutoranda em comunicação. Técnicas de Comunicação Oral. Leitura: Processamento da leitura.
Língua Portuguesa, Literatura, Leitura e Educação, na área Uso de Estratégias de Concepções de Leitura. Estratégias de leitura. Processamento da escrita: Conceito
Leitura com Literatura Infantil (Unesp-PP). É integrante do Grupo de Pesquisa de texto. Tipos textuais. Textualidade: Coerência textual. Coesão textual. Modelos
Leitura, Literatura e Educação da UFES/CNPQ. Tem especialização, também, em de escrita: Escrita comercial. Escrita acadêmica. Escrita oficial. Tópicos gramati-
Marketing e Marketing Cultural. É professora universitária, produtora cultural e as- cais: Crase. Correção ortográfica. Palavras e expressões que oferecem dificuldade.
sessora de comunicação. Atuou e atua como assessora de comunicação de proje-
tos culturais em diversas áreas (literatura, cinema, teatro, dança e música). É pro-
dutora cultural, com experiência na área de Comunicação, Cultura e Educação. OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Já lecionou as seguintes disciplinas: Língua Portuguesa, Orientação a Projetos de
TCC, Comunicação e Expressão, Introdução à Comunicação, Comunicação e Cul-
tura, Comunicação e Cidadania, Marketing Cultural, Cidades Criativas, Educomu- Compreender o processo de comunicação nas organizações, utilizando adequa-
nicação, Audiovisual, Assessoria de Comunicação e Cinema. Atua no âmbito aca- damente técnicas e instrumentos para o exercício da profissão.
dêmico e no mercado, principalmente nos seguintes temas: língua portuguesa,
leitura e literatura infantil, educomunicação, jornalismo cultural, sustentabilidade, Refletir acerca do funcionamento da língua por meio de textos, em situações con-
responsabilidade social, comunicação e cidadania, marketing cultural, além de cretas de interação comunicativa, principalmente nas organizações.
produção cultural.
Aperfeiçoar o desempenho linguístico com o exercício tanto das práticas de lei-
tura e de interpretação de textos quanto da compreensão da funcionalidade dos
elementos linguísticos.
Reconhecer as características e a funcionalidade dos principais modelos de escri- 1.3 GRAUS DE FORMALIDADE 26
ta comercial e oficial.
Produzir, com eficácia, diferentes modelos de escrita técnica utilizados no âmbito UNIDADE 2 DESENVOLVIMENTO 31
profissional das instituições públicas e das empresas privadas. 2.1 COMUNICAÇÃO 32
2.1.1 MODELOS DE COMUNICAÇÃO/ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO 32
2.1.2 COMUNICAÇÃO E INTENCIONALIDADE DISCURSIVA 34
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 2.1.3 RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO 37
2.2 RESUMO 40
UNIDADE OBJETIVO
01 Linguagem e língua
UNIDADE 3 DESENVOLVIMENTO 43
02 Ato comunicativo 3.1 CONCEPÇÕES DE LEITURA 43
3.2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA 44
03 Leitura
3.3 FATORES DE COMPREENSÃO DA LEITURA 45
04 Processamento da escrita 3.4 ESCRITA E LEITURA: CONTEXTO DE PRODUÇÃO E CONTEXTO DE USO 49
3.5 RESUMO 51
05 Textualidade
06 Modelos de escrita
UNIDADE 4 DESENVOLVIMENTO 54
4.1 CONCEITO DE TEXTO 54
UNIDADE 01 02 03 04 05 06
PRAZO PARA
UNIDADE 5 DESENVOLVIMENTO 60
5.1 - COERÊNCIA TEXTUAL 60
ENTREGA
5.2- COESÃO TEXTUAL 67
5.2.1 MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL 68
5.2.2 ESTRATÉGIAS DE COESÃO REFERENCIAL 69
5.2.3 COESÃO SEQUENCIAL 71
SUMÁRIO ICONOGRAFIA
5.3 CONCLUINDO 73
5.4 RESUMO 74
ATENÇÃO ATIVIDADES DE
6
APRENDIZAGEM
UNIDADE DESENVOLVIMENTO 77 PARA SABER
6.1 ESCRITA COMERCIAL 77
6.2 ESCRITA OFICIAL 80
6.3 RESUMO 87
SAIBA MAIS
REFERÊNCIAS 88 ONDE PESQUISAR CURIOSIDADES
DICAS
GLOSSÁRIO QUESTÕES
MÍDIAS
ÁUDIOS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES CITAÇÕES
UNIDADE 1 1 DESENVOLVIMENTO
Como salvar a dimensão soberba da comunicação, uma das mais belas do homem,
OBJETIVOS aquela que lhe faz desejar entrar em relação com os outros, interagir com os outros?
Nas palavras do sociólogo e pesquisador da área de comunicação, Dominique Wol-
ton, “[...] Como salvar a dimensão humanista da comunicação, quando triunfa sua
Ao final desta unidade o aluno será capaz de:
dimensão instrumental?” (WOLTON, 2004, p. 28). Tais interrogações nos trazem uma
• compreender os conceitos de língua e linguagem e diferenciá-los. perspectiva comunicacional dialógica e voltada para a potência na geração de laço
social e estabelecimento de vínculos.
• diferenciar linguagem verbal, não verbal e mista.
• entender a definição de código e sua relação com a língua. A comunicação é um processo social básico e primário, pois é a partir dela que se
• conhecer e reconhecer variedades linguísticas. torna viável e possível a vida em sociedade. Ela preside, rege todas as relações hu-
• conscientizar-se da existência das variedades linguísticas. manas, de modo que não há sociedade organizada sem comunicação. Dessa forma,
está relacionada a um padrão cultural, a um modelo de cultura.
• compreender as noções de norma padrão e norma popular.
• conscientizar-se de que cada modalidade das variedades linguísticas não é Para que a comunicação realmente possa se efetivar, é necessário o domínio da
superior à outra.
linguagem. Especialmente, de uma de suas formas: a língua. Devemos considerar,
nesse contexto, tanto a língua na sua forma oral quanto na sua forma escrita. As di-
versas variedades linguísticas, bem como as narrativas imagéticas também devem
ser consideradas, pois convivemos intensamente, na contemporaneidade, com a lin-
guagem visual.
Sendo assim, nesta unidade, serão apresentados conceitos e reflexões que habilitem
ao discente o uso da comunicação, da linguagem verbal e da linguagem não verbal
de forma correta. É, portanto, de suma importância o estudo da linguagem, nos pro-
cessos de interação na contemporaneidade.
tons de voz, assim como imagens expressas pelo homem em suportes diversificados.
Segundo Émile Benveniste (2005), a linguagem é um sistema de signos socializados.
Símbolos que apresentam um sentido uniformizado em uma comunidade linguísti-
ca. A premissa de socialização explicitada remete a uma proposição comunicacional
da linguagem. Quanto à menção “sistema de signos”, seu emprego refere-se à de-
finição de linguagem como um conjunto cujos elementos se determinam em suas
inter-relações, ou seja, um conjunto no qual nada significa por si, mas tudo significa
em função dos outros elementos. Dito de outro modo, o sentido de um termo, bem
como o de um enunciado, é função do contexto em que ele ocorre (VANOYE, 2003,
p. 21). Dessa forma, a linguagem é considerada fruto de aprendizagem social e refle-
xo da cultura de uma comunidade; além disso, seu domínio é primordial na inserção
do indivíduo na sociedade.
Observe que, tanto na comunicação entre as pessoas da Figura 1, mediada por dis- b) Poema: linguagem verbal
positivos eletrônicos, quanto da Figura 2, há formas de comunicação. A diferença é
que, na segunda imagem, os movimentos e gestos também auxiliam na construção Soneto de Fidelidade
de sentidos e são formas de expressão da linguagem.
De tudo ao meu amor serei atento
A linguagem cria a realidade. Ao nomear as coisas, a linguagem as traz até a cons- Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
ciência humana. As linguagens têm características particulares. Dividem-se em dois
Que mesmo em face do maior encanto
grupos: a linguagem verbal e a não verbal. A linguagem verbal tem por unidade a
palavra. A não verbal, por sua vez, tem outros tipos de unidades: gestos, imagens, Dele se encante mais meu pensamento.
desenhos, pinturas etc. Quando há, em um texto, linguagem verbal e não verbal, di- Quero vivê-lo em cada vão momento
zemos que existe a linguagem mista. Observe os exemplos a, b, c.
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
a) Desenho: linguagem não verbal E rir meu riso e derramar meu pranto
As línguas sempre refletem a diversidade de condições históricas e socioculturais em A mutabilidade das línguas é enorme e resulta da dinâmica da história, da própria
que são utilizadas. Para Vanoye (2003, p. 21), as línguas são casos particulares de um vida, das relações sociais e até da maneira de ser de cada indivíduo. Um exemplo são
fenômeno, a linguagem, que é estudada pela linguística geral. Embora não exista a as chamadas línguas mortas, ou em desuso, como o latim. A língua evolui, transfor-
linguagem verbal universal, a linguística geral esforça-se no sentido de isolar e estu- mando-se, e os processos de globalização, os avanços tecnológicos, têm intensifica-
dar as características comuns das diferentes línguas. do as variações linguísticas. A fala também se modifica de acordo com a história de
cada indivíduo, suas intenções, sua formação escolar, sua cultura, com as influências
A língua é um código, formado por palavras e leis combinatórias, por meio das que ele recebe do grupo social ao qual pertence (SAUSSURE, 2006).
quais as pessoas se comunicam e interagem entre si. Quanto maior o domínio
Algumas palavras perdem ou ganham sílabas, como é o caso do pronome de trata-
que temos da língua, maiores são as possibilidades de termos um desempenho
mento “Vossa Mercê” que passou por transformações tornando-se “Você”. Quem sabe
linguístico eficiente.
daqui a alguns anos já teremos a palavra Cê no dicionário? Além disso, novas palavras
surgem de acordo com as necessidades, incluindo os empréstimos de outras línguas
1.2.1 – LÍNGUA E LINGUAGEM com as quais a comunidade linguística mantém contato, denominados estrangeiris-
mos (empréstimos linguísticos provenientes de línguas estrangeiras, em diferentes
épocas). A palavra “bife”, por exemplo, veio do inglês beef; a palavra “abajur” veio do
Um dos principais conceitos para diferenciar língua e linguagem vem de um impor- francês abat-jur, dentre milhões de exemplos possíveis.
tante linguista, considerado o pai da Linguística Geral, Ferdinand de Saussure (2006).
Para o estudioso, a linguagem é de natureza heterogênea, portanto, é multiforme, Também é importante pontuar que a convergência digital, o desenvolvimento das
além disso, pertence ao domínio individual e social. O que tudo isso quer dizer? Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), com o uso da internet e das redes
Heterogênea significa que assume mais de uma forma. Então, pode ser verbal, não sociais, tem potencializado a mutabilidade linguística. A internet propiciou o surgi-
verbal, feita por meio de gestos e movimentos. É, portanto, multiforme, pois assume mento e o empréstimo de novas palavras (digitar, teclar, twittar, facebook, blogueiros);
mais de uma forma. A linguagem pode ser de domínio individual (uma pessoa iso- outras, porém, deixam de ser utilizadas, gradativamente, como é o caso de datilografar.
lada pode conceber símbolos para compreender o mundo) e social (várias pessoas
• SIGNO
usam os mesmos símbolos).
Vanoye (2003, p.21) define signo como uma noção básica na linguística. Signo é
Para Saussure (2006), a língua é um produto social da linguagem, sendo assim, é
a menor unidade dotada de sentido em um código dado. Decompõe-se em um
sempre algo adquirido e convencional. Ou seja, uma comunidade de pessoas preci-
elemento material, perceptível: o significante, e em um elemento conceitual, não
sa atribuir o mesmo sentido aos mesmos símbolos. Por exemplo, em língua portu-
perceptível, o significado. O referente é o objeto real ao qual remete o signo em uma
guesa, o símbolo verbal GATO representa o animal doméstico felino. A língua é um
instância de enunciação.
sistema homogêneo: tem uma única forma e, portanto, é estável.
• CÓDIGO
Quando determinada palavra é utilizada com um sentido diferente daquele que
Código é um conjunto de regras que permi- lhe é comum, estamos diante de uma linguagem conotativa. Além de ser bastante
te a construção e a compreensão de men- explorada na Literatura, a conotação é empregada em letras de músicas, anúncios
sagens. É, portanto, um sistema de signos. publicitários, conversas do nosso cotidiano etc.
Para demonstrar que tanto a conotação quanto a denotação são bastante exploradas
A linguagem é, por conseguinte, um dentre
no nosso dia a dia, leia o exemplo a seguir:
outros códigos (VANOYE, 2003, p. 22).
LEITURA COMPLEMENTAR Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto pas-
sageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na
sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que
outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de
O Gigolô das palavras
outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo.
São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.
Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa
mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o
Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão
estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra
ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as
língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da
com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra
pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal pro-
seria a sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em
fessor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e
e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar
pressas, minha defesa (“Culpa da revisão! Culpa da revisão!”). Mas os alunos desfizeram todos os dias pra saber quem é que manda.
o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem
entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então va- VERÍSSIMO, Luis Fernando. O gigolô das palavras. In: ______. Para gostar de ler. Luis Fer-
mos em frente. nando Verissimo: o nariz e outras crônicas. 10. ed. v. 14. São Paulo: Ática, 2002. p. 77-78.
origem; “como se ele, pela sua forma de falar, se identificasse como pertencente ou
VARIEDADES LINGUÍSTICAS
não a determinada comunidade e a determinado grupo social” (GORSKI, COELHO,
Apesar de uma língua ser uma construção social e sofrer padronizações para se tor- 2010, p. 77).
nar o mais uniforme possível, sempre haverá variação em seu uso. Ou seja, a variação
É nesse contexto que pode acontecer o preconceito linguístico, que diz respeito ao
“sempre existiu e sempre existirá, independentemente de qualquer ação normativa.
julgamento, com preconceito, da forma de falar de um indivíduo.
Assim, quando se fala em ‘Língua Portuguesa’ está se falando de uma unidade que
se constitui de muitas variedades [...]” (BRASIL, 1998, p. 29). É preciso destacar que
Onde se fala melhor o português no Brasil?
as variações de uma língua ocorrem de acordo com condições/peculiaridades de
natureza social, cultural, regional ou até histórica. Como vimos, as variações linguísticas são normais e podem ser de diferentes nature-
zas: geográficas, sociais ou estilísticas. Portanto, é absolutamente inadequado eleger
Gorski e Coelho (2010) destacam que há três importantes tipos de variações linguís-
uma maneira de falar como superior às demais, principalmente quando estivermos
ticas: variação regional ou geográfica, variação social e variação estilística. Vamos nos
nos referindo a sotaques (GORSKI; COELHO, 2010) .
ater um pouco em cada uma delas.
Aprendemos nossa língua em casa, no contato com a família, imitando o que ouve e
Variação Regional: é aquela que acontece por razões geográficos. Por exemplo, o
apropriando-se do vocabulário e das leis combinatórias da língua. Exercitamos tam-
sotaque Gaúcho falado no Rio Grande do Sul, o sotaque baiano falado na Bahia etc.
bém o aparelho fonador para produzir sons que se transformam em palavra, frases e
textos inteiros. Dessa forma, é preciso levar em conta que
Variação Social: essa variação (também conhecida como variação diastrática - GOR-
SKI; COELHO, 2010) está relacionada a fatores econômicos, a classes sociais e ao
acesso à educação. Também podem influenciar fatores como o sexo, a idade, o grau [...] Embora no Brasil haja relativa unidade linguística e apenas uma lín-
de escolaridade, a profissão do indivíduo. Segundo Gorski e Coelho (2010), são exem- gua nacional, notam-se diferenças de pronúncia, de emprego de palavras,
de morfologia e de construções sintáticas, as quais não somente identifi-
plos típicos de variação social: a vocalização do -lh- > -i-, como em “mulher/muié”;
cam os falantes de comunidades linguísticas em diferentes regiões, como
“blusa/brusa”; “cantando/cantano”; a concordância nominal e verbal, como em “os ainda se multiplicam em uma mesma comunidade de fala. Não existem,
meninos saíram cedo/os menino saiu cedo”. portanto, variedades fixas: em um mesmo espaço social convivem mescla-
das diferentes variedades linguísticas, geralmente associadas a diferentes
Variação estilística: também chamada de registro. Manifesta-se nas diferentes situ- valores sociais (BRASIL, 1998, p. 29).
ações comunicativas que nos envolvem todos os dias. Por exemplo, em casa, com
familiares e amigos íntimos, usamos uma variação da língua mais coloquial, mais
Por isso, temos de compreender as diferentes manifestações da língua e evitar ações
despreocupada. Em situações formais, como uma entrevista de emprego, é mais
de preconceito linguístico. É importante ter consciência das diferentes variedades
indicado o uso de uma linguagem mais cuidada e elaborada – o registro formal. Al-
da língua e, também, do valor social que manifestam as formas em variação. Desse
gumas esferas de comunicação vão exigir um uso diferenciado da língua – a igreja, o
modo, a pergunta “Onde se fala o melhor português do Brasil?” é absolutamente
clube, o tribunal, dentre outros possíveis exemplos.
inadequada: não há maneira melhor ou pior, certa ou errada. Entretanto, quando
estivermos em situações de formalidade, alguns usos da língua precisam ser obser-
Gorski e Coelho (2010, p. 77) destacam que “tanto a variação geográfica como a
vados. Nesse caso, estaremos diante de um uso adequado ou inadequado da língua,
variação social estão intimamente associadas às forças internas que promovem ou
não de um “pior” ou “melhor”.
impedem a variação e a mudança e à identidade do falante”. Ou seja, ao abrir a boca
e falar, um sujeito pode revelar muitas informações sobre si, como a sua região de
Ou ainda:
Exemplo: conversas em redes sociais, bilhetes. - Poderias dizer-me aonde irás esta noite?
*LUFT, Lya. Todo mundo fala errado? In: SMITH, Marisa Magnus; MOREIRA, Maria Eunice;
BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Org.). ENADE comentado: letras 2011. Dados eletrôni-
cos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2013. 122p.
1.4 RESUMO
UNIDADE 2 2 DESENVOLVIMENTO
Devido à comunicação ser um mosaico composto de processos peculiares, que de-
OBJETIVOS mandam o desenvolvimento de habilidades perceptivas e expressivas, as quais ne-
cessitamos compreender e explorar em nosso cotidiano de convivência social, é in-
dispensável estudar a comunicação em todas as suas modalidades: comunicação e
Ao final desta unidade, esperamos que o aluno seja capaz de:
autoimagem, comunicação nos relacionamentos pessoais, comunicação em grupos
a) compreender o conceito de comunicação e seus elementos. e equipes, comunicação nas organizações, comunicação pública, comunicação de
b) reconhecer a importância da comunicação no ambiente acadêmico e massa e tecnologias da comunicação.
profissional.
Diversos estudiosos da linguagem reconhecem no processo comunicativo um pa-
c) entender as funções da linguagem no discurso.
pel relevante. Nem sempre, porém, a função comunicativa da linguagem foi assim
d) conscientizar-se de que o conhecimento das funções da linguagem reconhecida. Saussure foi considerado o criador da Linguística, que atribuiu à lín-
pode propiciar a melhoria na produção oral e escrita. gua a função de instrumento comunicacional. Anteriormente, a língua era vista
e) compreender os ruídos da comunicação e evitá-los no processo comunicativo. como representação do pensamento, não tendo a função de transmitir informa-
ções. Reconhecendo a importância atual da comunicação para as diversas orga-
nizações, trabalharemos, nesta unidade, o conceito, os elementos e as funções da
linguagem na comunicação.
A comunicação é um processo sistêmico no qual as pessoas interagem com símbo- • Locutor (emissor): aquele que diz algo a alguém.
• Interlocutor (receptor): aquele com quem o locutor se comunica.
los e por meio deles para criar e interpretar significados. A comunicação tem quatro
• Mensagem: é o texto, o que foi transmitido entre os interlocutores.
elementos centrais, segundo Wood (2009, p. 37-40):
• Código: a convenção social que permite ao interlocutor compreender a mensagem.
• Canal: o meio físico que conduz a mensagem ao receptor.
Processo – a comunicação é um processo, o que significa que é contínua • Referente: o assunto da mensagem.
e dinâmica. É difícil dizer quando a comunicação começa e quando ter-
mina, pois o que ocorre antes de falarmos com alguém pode influenciar a Fonte: adaptado de Jakobson (1991)
interação, e o que ocorre em um contato específico pode afetar o futuro. A
comunicação está em constante movimento, evoluindo e mudando conti- Para compreender melhor os elementos da comunicação, observe o texto a seguir.
nuamente. Não é possível congelar a comunicação.
COMUNICAÇÃO Observe que todos os elementos são fundamentais para que a comunicação real-
mente se efetive!
Assim ocorre a comunicação: o EMISSOR envia uma MENSAGEM CODIFICADA por
meio de um CANAL ao RECEPTOR, com o qual compartilha do mesmo CONTEXTO
(JAKOBSON, 1991). Observe o processo comunicativo ilustrado no quadro a seguir.
2.1.2 COMUNICAÇÃO E INTENCIONALIDADE A linguagem sofre variações de acordo com a situação e assume funções que levam
DISCURSIVA em consideração o que se pretende transmitir, bem como os efeitos que se espera
obter com o que se transmite. A partir dessas considerações, analisar as funções da
linguagem nos textos alheios contribui para a descoberta dos objetivos que direcio-
A intencionalidade discursiva diz respeito às intenções explícitas ou implícitas exis- naram sua elaboração. Aplicá-las aos nossos textos ajuda-nos a planejar melhor a
tentes nos enunciados. Observe o exemplo: comunicação, que se torna, portanto, eficiente.
A mãe para o filho, que entra com os pés cheios de lama: Segundo essa perspectiva, existem seis funções de linguagem. Vamos conhecer cada
uma delas.
- “Marcelo, eu acabei de limpar o chão da sala”.
Assim, o indivíduo:
Nesse contexto, as intenções discursivas podem ser nomeadas como funções da lin- Função Emotiva ou expressiva (emissor) – o objetivo é expressar emoções, senti-
guagem. Isso quer dizer que, para cada elemento da comunicação, há uma função mentos, estados de espírito. O que importa é o emissor, por isso, o predomínio do
da linguagem específica. O linguista Roman Jakobson (1991) propôs um esquema
registro em primeira pessoa.
das funções da linguagem a partir dos elementos da comunicação:
estados de ânimo. As propagandas e os discursos autoritários abusam dessa lingua- Função Poética (mensagem) – o objetivo é dar ênfase à elaboração da mensagem. O
gem. Ela se caracteriza pelo uso de verbos no imperativo, pela utilização de vocativos emissor constrói seu texto de maneira especial, realizando um trabalho de seleção e
e da segunda pessoa. combinação de palavras, de ideias ou de imagens, de sons e/ou de ritmos. Explora-se
bastante a conotação. Uma das características da poesia é nos remeter, por meio
da sonoridade de seus versos, a uma ideia acerca de algo do que o texto fala. É na
composição rítmica, mas também nos sons dos fonemas que essa construção se dá.
Exemplos: propagandas, publicidade, campanhas publicitárias.
Função Metalinguística (código) – o objetivo é o uso do código para explicar o pró- Assim, o ruído é toda interferência indesejável que atrapalha a transmissão e a com-
prio código. A língua, por exemplo, é um código; os sinais de trânsito são outro. Me- preensão de uma mensagem.
talinguagem são textos que interpretam outros textos. Utiliza-se a linguagem para
Exemplos: o barulho de uma sirene durante um diálogo; muitos erros de português
falar dela própria. Uma gramática, um dicionário, esta apresentação, uma explicação
em um texto escrito; caligrafia ruim; o boato etc.
oral acerca do uso da língua ou quando procuramos explicitar com outras palavras o
que foi dito anteriormente são exemplos desta função.
Exemplo: dicionários.
RUÍDOS QUE CRIAM BARREIRAS NO ATO DE COMUNICAÇÃO 4- O emissor e o receptor têm percepções diferentes do contexto da comunicação,
ou o receptor o desconhece.
1- O receptor não dedica suficiente atenção e concentração para a recepção da
mensagem, gerando mal-entendidos.
Exemplo: Em uma reunião de uma empresa, um executivo elogia uma colega e a
chama de mulherão. Ela, porém, se ofende e sai da sala.
Exemplo: Um funcionário informa o resultado da reunião com um cliente, Sr. Ricardo, Para o emissor, isso pode ter sido um elogio, mas, de acordo com o contexto e com a
ao supervisor, que não deixa de ler e-mails enquanto ouve e, por isso, não dá a menor forma como foi enunciada, a palavra pode ser interpretada de outra maneira, como
atenção à fala do funcionário. acontece no exemplo posto.
O funcionário sai da sala e toca o telefone, é o Sr. Ricardo; como o supervisor não
prestou atenção, o funcionário não entende o que está acontecendo e deixa o Sr.
Ricardo muito nervoso.
5 - O receptor não consegue clarificar qual a principal mensagem do texto.
2- O emissor ou o receptor não tem domínio completo do código utilizado. Exemplo: textos confusos, sem coesão, sem coerência, que impedem a interpretação.
Com o objetivo de ter uma locução mais clara:
evite mensagens soterradas por um monte de informações secundárias, as quais
Exemplo: Imagine um vendedor gritando a plenos pulmões a seguinte frase: impedem que o assunto principal seja entendido com clareza.
- Olha a tapioca, olha a tapioca, fazida na hora. Pida! Pida! evite carga excessiva de dados e fatos, pois o excesso deixa a transmissão seriamente
Provavelmente, sua intenção é fazer com que seu produto desperte o interesse das comprometida, exigindo esforço e capacidade maiores do receptor para acompanhar
pessoas. Entretanto a forma que ele enuncia denota que o código (língua portuguesa) o raciocínio.
não é totalmente dominado pelo emissor na sua modalidade padrão. E no momento
de convencer pessoas a comprar produtos, usar a forma culta poderia ser mais efetiva
para o ato comunicativo. Assim, corre-se o risco de muitas pessoas não entenderem
a intenção comunicativa (para comprar e pedir por tapioca) e, assim, a comunicação 6 - Redundância
não se efetivar.
Não chega a perturbar a transmissão da mensagem, mas torna o texto extenso e
cansativo, podendo levar o receptor a se desinteressar pela informação. A repetição
de termos objetiva a clareza e a prevenção de possíveis equívocos na mensagem; no
3- O canal sofre interferências, o que impossibilita a perfeita transmissão da men- entanto, quando se usa repetidamente esse recurso, pode-se prejudicar a compre-
sagem. ensão pelo excesso.
Exemplo: Durante uma reunião em uma sala próxima à rua, o gerente interrompe a
fala cada vez que o barulho da britadeira começa.
2.2 RESUMO
ANOTAÇÕES
• Conceito de comunicação.
• Ruídos na Comunicação.
• Tipos de ruídos.
2) Nós na fita
Trecho da comédia de Leandro Hassum e Marcius
Melhen em que tratam da redundância.
UNIDADE 3 3 DESENVOLVIMENTO
A leitura ocupa um importante papel em nossas vidas por motivos infinitos. É por
OBJETIVOS meio dela que desenvolvemos o conhecimento de mundo, vivemos experiências
novas e nos formamos como indivíduos. Ela é, também, uma importante habilidade
a ser desenvolvida pelo estudante, a fim de ampliar seus horizontes, o mercado de
Ao final desta unidade, o aluno será capaz de:
trabalho, o crescimento individual etc. Por isso, dedicamos uma unidade desta apos-
• conhecer as estratégias de leitura, a fim de aperfeiçoar a capacidade leitora.
tila para que você, aluno(a), conheça mais a respeito dessa competência primordial
• conscientizar-se das concepções de leitura. ao ser humano.
• entender os objetivos da leitura, bem como suas funções sociais.
Foco no autor
Foco no texto
Foco na interação autor-texto-leitor des específicas. O que caracteriza a mentalidade estratégica é a sua capacidade de
representar e de analisar os problemas e a flexibilidade para encontrar e buscar so-
A concepção de língua é interacional. Os sujeitos são construtores sociais que inte-
luções. Trata-se mais de fomentar as competências leitoras dos sujeitos (SOLÉ, 1998,
ragem, dialogam com o texto. O sentido é construído na interação texto-sujeitos. A
p. 69-70). Destacamos quatro principais estratégias: seleção, antecipação, inferência
leitura é uma atividade interativa complexa de produção de sentidos. É uma ativi-
e verificação; essas estratégias são retiradas dos estudos de Goodman (1987) e Me-
dade na qual se consideram as experiências e os conhecimentos do leitor. A leitura
negassi (1995).
do texto exige do leitor bem mais que o conhecimento do código linguístico (Língua
Portuguesa) (KOCH; ELIAS, 2010).
SELEÇÃO
O leitor precisa selecionar quais as informações são mais importantes. Pela relevân-
3.2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA cia, escolhe algumas informações para interpretar e reter.
ANTECIPAÇÃO
O que é ler? Ler nada mais é do que decifrar símbolos e atribuir significados a eles.
É por meio da leitura que decodificamos textos, dessa forma, é seguro pontuar que
Antecipar significa adiantar sentidos. Então, a antecipação se realiza nas hipóteses
é lendo que aprendemos, é lendo que construímos conhecimento e descobrimos
de leitura criadas pelo leitor, seja antes ou durante a leitura. Ele tenta antecipar o que
melhor o mundo que nos cerca.
está por vir e tentará comprovar suas hipóteses. Uma vez comprovadas, o leitor estará
satisfeito por estar compreendendo o que lê. Caso não tiver uma hipótese compro-
Para entender melhor o que é leitura, vamos visitar o conceito de Leffa (1996), que
vada, o leitor terá que rever sua compreensão e, assim, terá de trocar de estratégia
considera a leitura uma forma de representação, já que, quando lemos, entende-
ou hipótese.
mos melhor nossa realidade, não tendo aceso ao real, mas sim a representações
da realidade:
INFERÊNCIA
A leitura não se dá por acesso direto à realidade, mas por intermediação A partir de informações postas no texto, o leitor é capaz de inferir outras. A inferência
de outros elementos da realidade. Nessa triangulação da leitura o elemen- acontece quando o que está posto no texto ativa os conhecimentos de mundo dos
to intermediário funciona como um espelho; mostra um segmento do
leitores.
mundo que normalmente nada tem a ver com sua própria consistência
física. Ler é portanto reconhecer o mundo através de espelhos. Como esses
VERIFICAÇÃO
espelhos oferecem imagens fragmentadas do mundo, a verdadeira leitura
só é possível quando se tem um conhecimento prévio desse mundo (LE-
FFA, 1996, p. 10). É quando o leitor comprova ou refuta todas as suas antecipações e inferências. A
verificação que faz com que o leitor ajuste a sua interpretação do texto.
a) Etapas de análise de texto: Em suma, trata-se de aplicar estratégias de leitura e, também, de colocar em prática
os quatro passos para a análise do texto. Vamos ver um exemplo prático? Veja, a se-
No momento de analisar um texto, seja ele da natureza que for, quatro passos pode- guir, que transcrevemos um miniconto do autor Dalton Trevisan.
rão ser executados.
NO VELÓRIO
Segundo passo: compreensão. Uma primeira leitura por meio de uma visão
panorâmica permite que o leitor busque esclarecimentos para melhor compre- No velório, a viúva:
ensão do texto. Ele entende o assunto e o tema e compreende o vocabulário. - O que separou a gente foi a morte.
- Coragem, Maria.
Terceiro Passo: interpretação. Quando as informações do texto podem ser rela-
Um longo suspiro.
cionadas com outros conhecimentos. A busca de dados a respeito do autor do
- A vida dele acabou...
texto pode auxiliar nessa etapa.
- ...
Quarto Passo: retenção. As informações mais importantes serão memorizadas. - ...e a minha hoje começa!
• Texto: ler e entender o texto que está diante do leitor (um miniconto literário).
A materialidade do texto (seu gênero, estilo, marcas de
autoria) são pistas deixadas pelo autor para a construção • Leitor: o leitor precisa saber se tem leituras anteriores que o auxiliam na inter-
O texto de sentidos. Porém, as informações que estão no texto pretação do conto.
podem ser relacionadas com leituras anteriores de cada
Agora, vamos aplicar os quatro passos da análise de um texto?
leitor e, assim, construir novos sentidos.
• Primeiro passo: na decodificação do texto, o leitor precisa juntar as letras, fone-
Constrói efetivamente os sentidos apresentados no texto mas, vocábulos e entender a colocação das frases. No caso do miniconto, preci-
O leitor
a partir da leitura. sa entender, também, o que é um travessão e o que são reticências.
Fonte: Adaptado de Koch (2006).
• Segundo passo: para compreender esse texto, é necessário entender o funcio- ANTECIPAÇÃO
namento de um miniconto, ou seja, uma unidade narrativa com tamanho res-
trito; o mínimo de palavras, com o máximo de sentidos. Também, é preciso O texto possibilita várias antecipações:
que o leitor entenda o significado social dos termos velório e viúva, pois é essa
1. ao ler a palavra velório, o leitor pode antecipar que o miniconto abordará a dor
compreensão que permitirá que o miniconto seja resumido.
da perda.
• Terceiro passo: para interpretar o conto, o leitor precisa relacionar o seu conhe-
2. ao compreender o termo viúva, o leitor pode antecipar que ela está triste e en-
cimento de mundo com as informações que o texto apresenta. Assim, ao ver a
lutada por perder o marido.
palavra velório, vai mobilizar o significado que velório apresenta na nossa cul-
tura: uma ocasião solene, em que se espera que a viúva enlutada esteja triste. 3. a construção “coragem, Maria” permite que o leitor reforce as antecipações an-
O final do conto pode ser surpreendente para o leitor, mas é sua compreensão teriores, pois parece ser alguém amparando o pranto da viúva.
que pode fazer com que várias interpretações surjam. Pela leitura, percebemos
INFERÊNCIA
que a morte do marido não é algo a se lamentar, e sim motivo de comemora-
ção. O leitor ao interpretar o conto pode elencar razões que possam explicar a
A leitura do conto também possibilita várias inferências. A partir do diálogo da viúva,
frase final da viúva.
o leitor pode inferir qual era o relacionamento dela com o falecido. Como os três
• Quarto passo: a retenção pode estar relacionada tanto à compreensão quanto à pontos pode inferir que o interlocutor da viúva ficou em suspense com a resposta
interpretação. O primeiro tipo de retenção pode fazer com que o leitor memo- que ela estava por dar. O final do miniconto possibilita outras inferências relaciona-
rize quais são as características de um miniconto. A retenção do segundo tipo, das aos motivos de a viúva ter feito a afirmação que fez.
por sua vez, pode fazer com que o leitor tenha outra percepção sobre velórios
e viúvas e tenha uma opinião a respeito da parte da obra do autor, Dalton Tre- VERIFICAÇÃO
visan. Outras retenções são possíveis de acordo com as interpretações de cada
leitor. Após fazer antecipações e inferências, o leitor, no ato da leitura, vai fazendo verifica-
ções. No decorrer da leitura, perceberá que a sua primeira percepção acerca da pa-
A partir disso, vamos relacionar a leitura do texto analisado com as estratégias de
lavra velório não se confirma, a viúva não lamenta a morte do marido. Isso desmonta
leitura que exploramos no nosso estudo.
uma possível hipótese de leitura, obrigando o leitor a rever os sentidos que estava
atribuindo ao texto.
SELEÇÃO
Depois de escrito, o texto tem uma existência independente do autor. Entre a pro-
dução do texto escrito e sua leitura, pode passar muito tempo, as circunstâncias da
escrita (contexto de produção) podem ser diferentes das circunstâncias da leitura
(contexto de uso), fato esse que interfere na produção de sentido (KOCH; ELIAS, 2010.
7. Anotar, ao lado de cada parágrafo, o que você compreendeu da leitura. SUGESTÕES DE LEITURA
11. Anotar as dúvidas e discutir com algum colega a compreensão que fez do texto.
As autoras aprofundam a noção de leitura, abordando que, ao exercer essa atividade, exige-se
mais do que o simples conhecimento linguístico compartilhado pelos interlocutores.
Fonte: adaptado de Koch e Elias (2010); Leffa (1996).
2) TATIT, Luiz. Abordagem do texto. In: FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à linguística: I –
A leitura, de um modo geral, é fundamental objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2003. p. 187-209.
para a formação, pois, segundo Petit (2009,
p. 13), “a leitura tem o poder de desper- Aborda a passagem do estudo das frases para o estudo dos textos.
UNIDADE 4
ANOTAÇÕES
OBJETIVOS
4 DESENVOLVIMENTO
23) descreve-os como “textos materializados que encontramos em nossa vida diária
e que apresentem características sociocomunicativas definidas por conteúdos, pro-
priedades funcionais, estilo e composição característica”.
Nesta unidade, dedicamos nosso estudo à noção de texto, importantíssima para o Compreendemos e agimos no mundo por meio de gêneros. Quando conversamos
estudante que quer desenvolver e aperfeiçoar sua produção escrita. Será apresenta- com amigos, lemos notícias, falamos em aplicativos, estamos manipulando gêneros
da a definição de texto, bem como alguns conceitos relacionados a texto (contexto textuais.
discursivo, discurso etc.). Além disso, é fundamental estudar os tipos textuais mais
presentes no cotidiano e seu papel na constituição dos gêneros textuais. Um texto é sempre verbal?
Um texto pode ser formado apenas pela linguagem verbal (uma notícia) ou apenas
4.1 CONCEITO DE TEXTO pela linguagem não verbal (um desenho, uma pintura). Ainda, pode ser formado
pelo cruzamento de mais de uma linguagem: verbal e não verbal (história em qua-
drinhos). Um texto sempre será uma totalidade que tem sentido completo.
Texto – vem do latim texere (construir, tecer), cujo particípio passado textus também
era usado como substantivo e significava ‘maneira de tecer’, ou ‘coisa tecida’, e, ain- Nessa perspectiva, um anúncio publicitário, uma notícia de jornal, uma frase pichada
da mais tarde, ‘estrutura’. Foi por volta do século XIV que a evolução semântica da no muro, um artigo de opinião serão textos se tiverem sentido completo. O sentido
palavra atingiu o sentido de ‘tecelagem ou estruturação de palavras’, ou ‘composição completo só é possível se considerarmos todas as partes do texto.
literária’, e passou a ser usado em inglês, proveniente do francês antigo texte (FER-
REIRA, 2009). Outro ponto fundamental para o conceito de texto é o contexto. O que é contex-
to? Podemos definir contexto como a relação que uma unidade linguística menor
Tipos são formas de usar a linguagem que podem ser expressas nos textos. Podem estabelece com uma unidade linguística maior. Por exemplo, uma palavra só tem
ser cinco: narração, argumentação, exposição, descrição e injunção. Um gênero pode um sentido quando está atrelada a uma frase. Uma frase, por sua vez, se encaixa no
ter mais de um tipo em sua composição. Por exemplo, um artigo de opinião é mar- contexto do parágrafo. Em um livro, um parágrafo se insere no contexto do capítulo.
cadamente dissertativo, mas pode ter uma pequena história em sua constituição. O capítulo, então, encaixa-se no contexto da obra. A obra faz parte de um contexto
social, linguístico, cultural.
A narração é o relato de fatos contados por um narrador, envolvendo personagens,
localizadas em um tempo e em um espaço. Já a argumentação, também chamada
de dissertação, é a expressão de opinião a respeito de um assunto. Exposição é a sim-
• O texto não é um agrupamento aleatório de palavras.
ples menção de uma situação ou comentário. Descrição é o registro de característi-
• É o resultado de escolhas realizadas pelo locutor, com intenção co-
cas de objetos, de pessoas, de lugares. Injunção é a tentativa de convencer alguém
municativa, segundo determinados mecanismos que permitem o en-
a fazer algo.
trelaçamento de palavras, de forma coesa e coerente.
Os gêneros são infinitos, pois eles se definem pela função social. Marcuschi (2010, p.
Contexto discursivo tipo de conhecimento. Esse conhecimento pode ser ilocucional, comunicacional ou
metacomunicativo.
É o conjunto de fatores que formam a situação na qual é produzido o texto. Que
fatores são esses? São: O ilocuciconal é o conhecimento suficiente para reconhecer em um texto quais são
as intenções e os propósitos de seu produtor. É perceber quando um texto tem mar-
- papéis sociais que os interlocutores desempenham; cas ideológicas e intencionalidade. O conhecimento comunicacional, por sua vez, é
- o conhecimento de mundo do interlocutor; a capacidade de um leitor entender a importância do contexto para a interpretação
de um texto, ou seja, entender o volume de informações que um texto precisa ter
- as circunstâncias históricas e sociais em que se dá a comunicação etc.
para ser compreendido. Isso envolve a escolha correta de uma variante da língua,
Discurso adequada para cada situação comunicativa. O conhecimento metacomunicativo diz
respeito à compreensão do que é texto e de como seus objetivos podem ser alcan-
É a atividade comunicativa – constituída de texto e contexto discursivo (quem fala, çados.
com quem fala, com que finalidade etc.) –, capaz de gerar sentido, desenvolvida en-
tre os interlocutores. Conhecimento de Modelos Textuais
Koch (2006) aponta que, para produção e leitura de textos, precisamos mobilizar Esse conhecimento pode ser denominado como conhecimento superestrutural e
essencialmente quatro grandes sistemas de conhecimento: o linguístico, o enciclo- se define pela compreensão de que todo texto tem característica de um gênero.
pédico, o interacional e os modelos textuais globais. Conforme Koch (2006), esse conhecimento permite ao produtor evitar repetições
desnecessárias e produzir um texto respeitando as regras de seu gênero.
Conhecimento Linguístico
Observe, na figura a seguir, outra possível classificação de textos, de acordo com uma
Todo falante de um idioma passa a ter conhecimento linguístico. Pode ser devido à similaridade entre gêneros.
habilidade de extrair sentidos a partir de uma língua, ou seja, exige conhecimento de
léxico (as palavras, os significados, os duplos sentidos) e gramatical (a forma sintática
como frases e orações podem ser combinadas, as regras de gramática). O conheci-
QUADRO 4 – CLASSES DE TEXTOS
mento linguístico auxilia o produtor de um texto na amarração do texto, por meio da CLASSES DE TEXTOS EXEMPLOS DE GÊNEROS TEXTUAIS
coesão, e auxilia o leitor na interpretação dos elementos da coesão e da coerência.
1 - Textos normativos 1- Leis, estatutos, contratos, certidões
Conhecimento Enciclopédico
2 - Textos de contato 2 - Cartas de felicitação, de condolência
É o conhecimento obtido pela interação por meio da linguagem. Acontece toda vez 6 - Textos poéticos 1 - Poemas, prosa poética
que há o contato com textos e operações linguísticas, contato esse que opera um Fonte: Elaborado pela autora.
OBJETIVOS
4.2 RESUMO
1.2 OBJETIVOS DA UNIDADE
• Conceito de texto.
Ao final desta unidade, o aluno será capaz de:
• Texto verbal e não verbal.
• compreender os conceitos de coesão e coerência.
• Texto em sentido estrito e texto em sentido amplo.
• Classes de textos.
• conhecer os tipos de coesão.
ANOTAÇÕES
5 - DESENVOLVIMENTO
Uma ideia deve ser a continuação da outra. Caso não ocorra uma concatenação de
ideias entre as frases, elas acabarão por se contradizerem ou por quebrarem uma
linha de raciocínio. Quando isso acontece, dizemos que houve uma quebra de co-
erência textual.
Um texto não é apenas um aglomerado de palavras, uma sucessão de frases. Um
texto organizado não admite a ausência de regras nem a liberdade total em relação
a seus limites. Para a construção da significação adequada do texto, são importan- A falta de coerência pode ocorrer porque:
tes a relação lógica de significação, sem contradições, bem como a organização dos • o locutor pode não calcular bem o sentido que pretendia dar a seu enunciado;
elementos linguísticos do texto. Estamos falando, dessa maneira, respectivamente, • o interlocutor, talvez, por lhe faltarem conhecimentos sobre o vocabulário e
de coerência e coesão, dois conceitos fundamentais no que diz respeito à produção informações sobre a realidade, pode não alcançar o sentido pretendido
textual. Do texto bem arquitetado, com estruturas bem formalizadas e, por conse-
guinte, capazes de veicular sentidos, decorrem a coesão e a coerência – que são as
dimensões constitutivas do texto. A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto
com relação ao mundo. Ela é, também, auxiliada pela coesão textual, isto é, a com-
preensão de um texto é mais bem capturada com o auxílio de conectivos, preposi-
5.1 - COERÊNCIA TEXTUAL ções e outros elementos de ligação.
De acordo com Koch (2010), existem fatores de coerência que são responsáveis por • INFERÊNCIA
identificá-la no texto. São eles:
É a operação pela qual, utilizando seu conhecimento de mundo, o receptor de um
texto estabelece uma relação não explícita entre elementos desse texto que ele bus-
QUADRO 5 – FATORES DE COERÊNCIA ca compreender e interpretar. Ao falar em inferências, remetemo-nos a ler as entre-
linhas. Todavia, vale lembrar que fazemos inferências em nosso cotidiano mais do
FATORES DE COERÊNCIA
que imaginamos, por exemplo, expressões faciais, linguagem corporal e tom de voz,
1 Elementos linguísticos 7Informatividade assim como informações visuais e “não visuais” de um texto.
2 Conhecimento de mundo 8 Focalização
3 Conhecimento compartilhado 9 Intertextualidade
FATORES DE COERÊNCIA Inferir é fundamental na compreensão textual. Os escritores não expressam todos
4 Inferências 10 Intencionalidade e aceitabilidade
5 Fatores de contextualização 11 Consistência e relevância os seus pensamentos em uma página, mostram, paulatinamente, uma ideia por
6 Situacionalidade
vez, até que o leitor possa fazer uma inferência apropriada sobre um tema (MENIN;
Fonte: Elaborado pela autora. GIROTTO; ARENA; SOUZA, 2010, p. 76).
• ELEMENTOS LINGUÍSTICOS
Exemplo:
João comprou um uno novinho em folha.
Os elementos linguísticos, como as palavras, são importantes para a coerência, por-
Inferência: João tinha recursos para comprar um carro.
que servem como pistas para a ativação de conhecimentos armazenados na memó-
ria; constituem ponto de partida para a realização de inferências e ajudam a captar
a orientação argumentativa dos enunciados que compõem o texto.
• FATORES DE CONTEXTUALIZAÇÃO
• CONHECIMENTO DE MUNDO
São fatores que ancoram o texto em uma situação comunicativa determinada, tais
O conhecimento de mundo é adquirido à medida que vivemos, tomamos contato como data, assinatura, elementos gráficos, timbre etc.
com o mundo que nos cerca, experimentando uma série de fatos. É importante e de-
cisivo no estabelecimento da coerência. Se o texto falar de algo que absolutamente
Exemplo:
não conhecemos, será difícil calcularmos o seu sentido e ele nos parecerá destituído
Imagine uma carta escrita por um brasileiro de Campinas a um amigo de São Paulo
de coerência. que se encontra no exterior; suponha que o primeiro se esquece de colocar data, local
e assinatura, tendo escrito o seguinte:
• CONHECIMENTO COMPARTILHADO
Hoje o dia aqui está chuvoso. Nosso vizinho da esquina mudou-se para aquele
É o conhecimento comum entre locutor e interlocutor de um texto. Quanto maior o palacete que comprou do meu avô. Não se esqueça de escrever logo para nosso
conhecimento partilhado entre produtor e receptor de um texto, menor a necessi- amigo de infância que mora na fazenda. Ele precisa daquela informação ainda esta
dade de explicitude desse texto, pois o receptor será capaz de suprir as lacunas por semana.
meio de inferências.
Na construção da coerência, a situacionalidade exerce um papel de relevância. Um Intencionalidade – são os objetivos ou os propósitos que o produtor de um texto tem.
texto que é coerente em uma dada situação pode não ser em outra.
Aceitabilidade – constitui a contraparte da intencionalidade. O receptor do texto vai
• INFORMATIVIDADE cooperar para o estabelecimento da coerência, dando-lhe a interpretação que lhe
pareça cabível.
Refere-se ao grau de previsibilidade da informação contida no texto. Um texto será
menos informativo quanto mais previsível for a informação por ele trazida. • CONSISTÊNCIA E RELEVÂNCIA
Consistência – exige que cada enunciado de um texto seja consistente com os enun-
ciados anteriores. Ou seja, os enunciados não podem ser contraditórios. Exemplo:
Exemplo:
Maria tinha lavado a roupa quando chegamos, mas ainda estava lavando a roupa.
1. O oceano é água.
2. O oceano é água. Mas ele se compõe, na verdade, de uma solução de gases e sais.
Relevância – exige que os enunciados sejam interpretados como falando acerca de
3. O oceano não é água. Na verdade, ele é composto de uma solução de gases e sais.
um mesmo tema. Exemplo: introdução, desenvolvimento e conclusão, em um texto
dissertativo, devem relacionar-se à tese apresentada no primeiro parágrafo.
• FOCALIZAÇÃO Agora, leia o texto Circuito Fechado, de Ricardo Ramos, para compreender um pou-
co mais a noção de texto e coerência.
Tem a ver com a concentração dos usuários (produtor e receptor) em apenas uma
parte de seu conhecimento, bem como com a perspectiva da qual são vistos os com-
ponentes do mundo textual.
Exemplo:
“Traga-me uma vela nova”.
a) O marido para a mulher no momento em que acaba a luz.
b) O mecânico que está consertando um carro.
c) O armador que está construindo um barco.
• INTERTEXTUALIDADE
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme
de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha.
Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata,
5.2- COESÃO TEXTUAL
paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros,
caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos.
O termo coesão implica a função que desempenha a sintaxe no processo de textu-
Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone,
alização. Assim, o processo coesivo encerra as diferentes possibilidades em que se
agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de
saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro podem conectar entre si, dentro de uma sequência, os componentes da superfície
e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, textual – palavras e frases. Os componentes que integram a superfície textual de-
telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, pendem uns dos outros, conforme convenções e formalidades gramaticais determi-
cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, nadas, de maneira que a coesão descansa sobre dependências gramaticais. Assim,
fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, todos os procedimentos que marcam relações entre os elementos superficiais de
pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova
um texto incluem-se no contexto de coesão (GUIMARÃES, 2009, p. 15).
de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro,
fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio,
Para Koch (2010), a coesão é um fenômeno que diz respeito ao modo como os ele-
papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis,
mentos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados, por
folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de
meio de recursos também linguísticos, formando uma sequência verdadeira de sen-
fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres,
copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, tidos. Veja outras características:
poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama,
espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro. • é a articulação gramatical existente entre as palavras e as partes de um texto.
Na realidade, trata-se de um texto. Apesar de haver palavras, aparentemente, sem re- • na coesão, uma palavra (substantivo, pronome, numeral, advérbio, adjetivo
lação, em uma primeira leitura, é possível dizer, depois de outra leitura, mais atenta, etc.) retoma termos já expressos.
que há uma articulação entre elas.
Que palavras compõem o texto? Podemos observar que o conto é articulado essen-
Exemplo: Meu filho quis colocar um piercing; aí ele quis colocar mais outro e outro...
cialmente por meio de substantivos, ou seja, por nomes, principalmente substantivos
comuns, como camisa, sapatos etc. A articulação desses nomes e os seus significados
sociais nos permitem atribuir sentidos ao texto e, inclusive, perceber uma sequência
lógica coesa e coerente.
Retomada: Meu irmão vai viajar. Ele tirou férias. Exemplo: Só desejo isto: que você não se esqueça de mim.
No primeiro exemplo, “meu irmão” e “ele” são elementos correferenciais (têm o mes- II- SEQUENCIAL
O referente de uma palavra ou expressão é aquilo a que ela se refere (entidade, fato,
processo etc.).
Exemplos:
Esse referente pode estar dentro ou fora do texto. Condição: Se chover, não vai haver desfile.
Causa: Não houve desfile, porque choveu.
Fora do texto: referência EXOFÓRICA ou SITUACIONAL. Conclusão: Choveu bastante, portanto, não houve desfile.
A coesão referencial foi demonstrada por meio de pronome pessoal – ele. O exemplo
Exemplo: José viajou ontem. Ele foi visitar uns parentes.
a seguir ilustra o uso de pronomes demonstrativos.
Pedro, Ana e Carolina trabalham muito, André quase não faz. A elipse é a omissão de um termo que pode ser recuperado pelo contexto. No exem-
plo a seguir, há elipse do sujeito. O “zero” entre colchetes marca o ponto do texto em
De fato, ele ficou muito constrangido com a situação; mas não foi [=ficou] tanto que houve a omissão.
quanto se poderia esperar.
José viajou ontem. [0] Foi visitar uns parentes.
Uso de numeral:
Ricardo e Carlos adoram carnaval. Ambos (ou “Os dois”) sempre desfilam.
Exemplo de elipse do verbo:
Uso de advérbio: Meu colega de trabalho ganha muito, mas eu, muito pouco.
Podemos usar uma expressão que define o elemento retomado. Muitas vezes, quem
Um sinônimo (sinonímia é a relação que se estabelece entre palavras de conteúdos
lê ou ouve tal expressão precisa ter um conhecimento prévio para interpretar o fenô-
bastante aproximados) pode ser utilizado para evitar a repetição do mesmo termo.
meno da retomada.
Exemplo: Tem menina que diz amém pra tudo. Mas existe garota que não sossega
Por exemplo, pode-se retomar “Sting” por “o ex-líder da banda Police”, “Machado de
enquanto não dá a última palavra. E você? Faz parte da turma que comanda ou que é
Assis” por “o bruxo de Cosme Velho” e assim por diante.
comandada?
Em uma relação ente todo/parte ou classe/elemento, o hiperônimo é a expressão 5.2.3 COESÃO SEQUENCIAL
que representa o “todo” ou a “classe”. Portanto, “eletrodoméstico” é hiperônimo de
“batedeira”, e “animal” é hiperônimo de “cão”.
Veremos que um texto bem produzido também precisa apresentar uma coesão
sequencial, isto é, devemos utilizar conectivos que ajudam a delinear as ideias dos
enunciados (COSTA, [s./d.]). Contudo, muitas vezes, não convém que passemos de
Exemplo: O governo estadual adquiriu cem ambulâncias. Há suspeita de
uma frase a outra, ou de um parágrafo a outro, de modo estanque, sem uma palavra/
superfaturamento na venda dos veículos.
expressão de ligação; faz-se necessária a presença de um elemento sequenciador no
discurso. Veja a diferença:
Os elementos de ligação entre os enunciados são chamados de conectores ou co- I) Amplificação/ generalização (‘de fato’, ‘aliás’, ‘realmente’): Faz muito calor neste ve-
nectivos sequenciais (alguns estudiosos chamam de “operadores discursivos”). Veja- rão. Aliás, o verão no Rio é sempre muito quente.
mos, a seguir, algumas estratégias de conexão.
J) Exemplificação (‘por exemplo’, ‘como’): Diversos setores cresceram com a estabili-
A) Condição (‘se’, ‘caso’): Se houver ponto facultativo, vamos viajar. zação econômica, como o da alimentação, que vive fase bastante otimista.
B) Causa (‘porque’, ‘já que’, ‘como’): Viajamos, porque houve ponto facultativo. K) Correção/ esclarecimento (‘quer dizer’, ‘isto é’, ‘ou seja’, ‘melhor dizendo’, ‘em ou-
tras palavras’): Nosso país vai sair rapidamente da crise. Ou seja, é o que queremos.
C) Mediação/finalidade: Saiu cedo para pegar o metrô menos cheio.
L) Confirmação (‘assim’, ‘desse modo’, ‘dessa maneira’): O país sairá rapidamente da
D) Conjunção [soma] (‘e’, ‘não somente... mas também’, ‘ainda’, ‘também’, ‘além dis- crise; assim, o povo voltará a consumir sem medo.
so’): Há dois motivos para eu não sair de casa hoje: chove e faz muito frio.
M) Contrajunção (‘mas’, ‘porém’, ‘contudo’, ‘no entanto’, ‘embora’, ‘ainda que’): Luiza
E) Disjunção: (‘ou’, ‘ou então’): Estude bastante para os exames, ou você já esqueceu vai ficar bem, no entanto precisa tomar adequadamente a sua medicação.
que foi reprovado antes?
“(...) Basta lembrar que a cidade de São Paulo tem 56% de sua população viven-
do em favelas, cortiços, habitações precárias e até mesmo sob viadutos e nos
5.3 CONCLUINDO
cemitérios, para que nos convençamos de que a oitava economia do mundo é
um grande desastre social”. Entendemos texto como uma estrutura sempre em processo, de caráter verbal, so-
cial, cognitivo e sociocultural, cujo sentido não é construído no texto, mas a partir
(BRANCO, Adriano. Desenvolver o país é preciso. O Estado de São Paulo. 16 dez.
dele. Ao lermos ou ouvirmos um texto, manifestamos nossa avaliação: isso faz senti-
1989. [Artigo]).
do, é coerente; aquilo não faz sentido, não é coerente.
H) Conclusão (‘portanto’, ‘logo’, ‘por conseguinte’, ‘por isso’): Meu vizinho decidiu pa-
De um modo geral, tentamos produzir sentidos para o que lemos ou ouvimos, re-
rar de fumar. Portanto, tem estado bem melhor de saúde.
correndo aos nossos conhecimentos sociocognitivos intencionalmente constituídos.
5.4 RESUMO
SUGESTÕES DE LEITURA
1) FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 1991.
A autora defende que a coerência não é mera qualidade do texto. É resultado de uma
construção realizada pelos interlocutores, em uma determinada situação de interação.
UNIDADE 6 6 DESENVOLVIMENTO
Atualmente, é fundamental que o(a) estudante e futuro(a) profissional conheça os
OBJETIVOS passos para produzir bons textos. Já estudamos as características de um texto, seus
tipos e suas qualidades: coesão e coerência. Agora, veremos alguns gêneros textuais
próprios do âmbito acadêmico, comercial e oficial.
Ao final desta unidade, o aluno será capaz de:
A revista Guia da Língua Portuguesa (2010) apresenta alguns desses modelos, pri-
• identificar alguns gêneros textuais da área comercial.
meiramente, o relatório, o qual se relaciona tanto ao ambiente empresarial (comer-
• conhecer alguns gêneros textuais oficiais. cial) quanto ao acadêmico:
• identificar alguns gêneros textuais do âmbito acadêmico. Veremos, então, outros gêneros textuais, apresentados por Silveira (2011), e para que
servem.
Termo
Documento registrado em processo ou livro, em que são registradas opiniões, obser-
vações e resoluções.
Aviso
Documento, claro e objetivo, que informa, convida, noticia, ordena e previne. Geral-
mente, não apresenta destinatário e expressões de cortesia.
Bilhete
Documento, simples e pequeno, que transmite uma mensagem a alguém íntimo.
Recado Convênio
Documento, simples e objetivo, que transmite uma mensagem a alguém ausente. Documento que registra um acordo entre duas partes, em que uma se predispõe a
prestar determinado serviço à outra.
Boletim
Documento em que são transmitidas notificações, devendo ser distribuído aos seto- Convocação
res pertinentes e fixado em locais visíveis. Documento que intima, obriga o comparecimento do destinatário a uma reunião
ou ato.
Circular (Não há destinatário)
Documento, interno ou externo, em que são transmitidas orientações, ordens, escla- E-mail
recimentos.
Documento que transmite informações por meio do envio e do recebimento, em
Memorando (Agilidade) tempo real, de mensagens via internet.
Documento, interno ou externo, em que são registrados pedidos, consultas e infor-
mações breves. Cartão
Cartão de visita – estabelecimento de relações sociais.
Ata
Documento em que é registrado o que ocorreu em uma reunião. Cartão de contato – apresentação de profissionais.
Fax
Acordo
Documento que transmite informações por meio do envio e recebimento, em tem-
Documento que registra um acerto entre pessoas.
po real, de mensagens escritas via telefone.
Carta de cobrança
Ordem de serviço
Documento que cobra de um cliente inadimplente a quitação de sua dívida.
Documento que libera a execução de determinadas tarefas.
Carta particular
Telegrama
Documento que apresenta ou recomenda um candidato a emprego, ou pede dis-
Documento que envia rapidamente mensagens com auxílio de equipamentos de
pensa de um emprego.
telecomunicações.
Carta comercial
Procuração
Documento que mantém o contato entre empresas e seus clientes.
Documento que concede poderes de um mandante, outorgante ou constituinte a
Contrato outrem – mandatário, outorgado ou procurador.
Documento que resulta de um acordo firmado entre duas ou mais partes.
Protocolo União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
Documento que registra a ocorrência de atos públicos. de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]”. O texto do
Manual de redação ainda instrui que
Recibo
Documento que registra o recebimento de algo.
Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda
administração pública, claro está que devem igualmente nortear a elabo-
Regimento
ração dos atos e comunicações oficiais. Não se concebe que um ato nor-
Documento que registra as regras que determinam direitos e deveres. mativo de qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte
ou impossibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos atos
Regimento interno normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Es-
Documento que registra as regras de funcionamento e de serviços internos das ins- tado de Direito: é inaceitável que um texto legal não seja entendido pelos
cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e concisão
tituições.
(BRASIL, 2002, on-line).
Regulamento
Documento que estabelece o modo como algo deve ser cumprido ou realizado. Os princípios apontados no documento (impessoalidade, clareza, uniformidade,
concisão e uso de linguagem formal) devem ser usados em toda redação oficial, seja
Mensagem social
aquela usada em repartições públicas, seja a utilizada para fins particulares. A reda-
Documento que divulga eventos sociais, inaugurações ou festividades.
ção oficial impõe parâmetros claros.
Mensagens comemorativas
A seguir, apresentamos alguns gêneros que devem usar redação oficial em sua cons-
Documento que anuncia comemorações, via imprensa escrita.
tituição.
Ofício
6.2 ESCRITA OFICIAL Documento que faz a comunicação entre órgãos públicos.
Requerimento
Os documentos redigidos por meio de uma escrita oficial precisam observar cinco
Documento que solicita algo a um órgão ou a uma autoridade pública.
importantes critérios:
Apostila Guia
Documento que esclarece, completa ou retifica o conteúdo de um contrato, portaria Documento, no formato de formulário, que registra pagamento de impostos ou con-
ou certidão. tribuições, a expedição de mercadorias ou correspondências.
Manifesto Notificação
Documento que registra uma declaração pública que justifica um ato e é endereça- Documento que informa a uma pessoa ou a uma empresa uma norma para que um
da ao governo ou ao público em geral. ato seja executado ou não.
Ato Parecer
Documento que registra atos de diferentes tipos e âmbitos. Documento que registra a análise de um caso ou emite uma opinião para auxiliar a
tomada de decisões.
Carta oficial
Documento que retifica e confirma uma resolução, ou faz a comunicação entre a alta
chefia de uma empresa.
Certidão
SUGESTÕES DE LEITURA
Documento que certifica algo extraído de registros realizados por órgão público.
Despacho
Documento que registra a decisão de uma autoridade em relação a um pedido. OS 7 ERROS MAIS COMUNS AO USAR O E-MAIL NO TRABALHO
Documento que faz a comunicação entre ministros de Estado. pessoas não têm o cuidado de reler o e-mail antes de enviar, por isso recebemos tantas
mensagens com erro”, diz Sandra. A dica é investir um tempo na mensagem para não
Nota oficial perder a credibilidade. Letras trocadas e erros de digitação e de português vão chamar
a atenção de quem recebe e podem ser interpretados como desleixo ou até ignorância.
Documento que faz a comunicação entre altas autoridades ou entidades de classe.
2 Informalidade x formalidade resulta em problemas com a administração de tempo. “Há pesquisas que indicam que
Você começa a mensagem com um simples “oi”, ou seja, um tratamento informal, mas das 8 horas que uma pessoa passa em média no escritório, 5 são dedicadas a escrever
ao final, antes de assinar, coloca o tradicional e formal “atenciosamente”. Essa mistura e redigir e-mails”, diz ela.
de tratamentos, diz Sandra, não é indicada no ambiente profissional. Decida se a men-
De acordo com a especialista, há uma banalização do uso da ferramenta. “As pessoas
sagem é formal ou informal e não misture tratamentos. “Se começar a mensagem de
até se cumprimentam por e-mail, mandam mensagens para tudo”, diz. Se você deixar
maneira mais informal, deve terminá-la informalmente também. O mesmo vale para a
para enviar mensagens quando realmente for necessário, vai ganhar tempo para pro-
mensagem formal”, diz Sandra.
duzir mais, indica Sandra. “Economizaria muito tempo dos profissionais”, diz.
De acordo com ela, clientes e gestores devem ser tratados formalmente, sempre. “As
7 Uso pessoal
pessoas acabam levando a informalidade da fala para o e-mail e isso é errado”, diz a es-
Usar o e-mail do trabalho para assuntos pessoais é um mau uso da ferramenta, na opi-
pecialista. Terminar a mensagem com “abraços” só vale para colegas mais próximos, na
nião de Sandra. Embora o Tribunal Superior do Trabalho tenha limitado o poder de fis-
opinião dela. Beijos também devem ser evitados. “Só entre namorados e amigos”, diz.
calização das empresas a computadores e e-mails corporativos recentemente, mandar
3 Expressões temporais mensagens particulares do endereço corporativo não é indicado.
Evite marcar a mensagem com expressões como “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite”.
A dica é separar as coisas. “Use o e-mail do trabalho apenas para mensagens profissio-
Você não tem certeza do momento do dia ou da noite em que o e-mail será lido. ““Nes-
nais”, diz Sandra. Lembre-se de que dar uso particular para o e-mail do trabalho pode
se caso o ‘bom dia’ é só para quem enviou a mensagem, não para quem recebeu”, diz.
colocar até o seu emprego em risco.
4 Abreviações
PATI, Julia. Os 7 erros mais comuns ao usar o e-mail no trabalho. Revista Exame. Dispo-
Esqueça as abreviações quando estiver redigindo e-mail no trabalho. Nada de “vc” no
nível em: <http://exame.abril.com.br/carreira/os-7-erros-mais-comuns-ao-usar-o-e-mail-
lugar de “você”, nem “tb” para também. O risco de usar palavras abreviadas é o excesso
-no-trabalho/>. Acesso em: 31 jul. 2017.
de informalidade. “É comum as pessoas levarem os vícios dos bate papos virtuais ins-
tantâneos e redes sociais para o email de trabalho”, diz Sandra.
Confira a mensagem antes de enviar para ter certeza de não deixar escapar nenhuma
É importante considerar que, atualmente, há uma ampla circulação de gêneros digi-
abreviação e evitar o excesso de informalidade no e-mail de trabalho.
tais, ou seja, formas textuais que podem ser documentos ou ter um papel importan-
5 Uso de maiúsculas te de comunicação, mas não são impressos, circulam por meio de suportes virtuais,
Este não chega a ser propriamente um erro, mas pode trazer um certo desconforto. tecnológicos e em telas. Veja alguns exemplos de gêneros digitais a seguir.
Colocar uma palavra com todas as letras maiúsculas para dar ênfase a ela pode ofender
o destinatário. “Quando se faz isso, a pessoa que lê entende como um grito”, explica • E-mail: gênero com claros objetivos comunicativos. Ensinar a escrever e-mails
Sandra. claros, concisos e objetivos pode ser uma atividade muito interessante e impor-
tante e mantém contato com o estudo do gênero carta.
Por isso, pense bem antes de deixar um texto ou uma palavra com todas as letras mai-
úsculas. Se a intenção não é “dar uma bronca”, opte por outro marcador para dar mais • Escrita específica de redes sociais: redes sociais como Facebook, Twitter e até
visibilidade ao trecho ou à palavra. mais imagéticas como Snapchat e Instangram exigem sim que seus usuários
criem textos que circularão socialmente.
6 Mensagens desnecessárias
• Sites: ler sites e domínios on-line, entendendo seu projeto gráfico e a forma que
Muitas vezes, o problema não é que a mensagem contenha erros, mas que ela simples-
mente não deveria existir. Na opinião de Sandra, a comunicação exagerada por e-mail os links e hiperlinks são apresentados, também é um exercício de leitura.
SUGESTÕES DE LEITURA
Diário Pessoal Blogs, redes sociais e até vídeos do You Tube As autoras esboçam dicas de como se comunicar de forma eficiente no ambiente em-
presarial.
Convites Grupos em redes sociais
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Verissimo: o nariz e outras crônicas. 10. ed. v. 14. São Paulo: Ática, 2002.
E A D. M U L T I V I X . E DU. B R
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
92 SUMÁRIO
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017