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3/12/2018 Opinião | Centrar os cuidados na pessoa numa sociedade envelhecida | PÚBLICO

ROSA MARINA OPINIÃO


AFONSO
Centrar os cuidados na pessoa numa
sociedade envelhecida
É na “construção” e “reconstrução” das configurações de cuidados baseada na interação entre
profissionais, a pessoa e possíveis cuidadores que pode emergir uma nova geração de cuidados
de que tanto precisamos.
11 de Março de 2018, 7:00

Precisamos de uma mudança de atitude, que otimize a autonomia e recursos da pessoa NUNO
FERREIRA SANTOS

“As pessoas não são um número.” Apesar de esta frase ser bem
conhecida por todos nós será que, no universo dos cuidados, ainda
persistimos sendo “um número”? Será que, quando somos idosos
e estamos nalguma condição de dependência que necessita de
cuidados formais, somos tratados de forma uniformizada, “como se
fôssemos um número”?

Uma das grandes implicações do envelhecimento da população é o


previsível aumento de situações de dependência que necessitam de
cuidados. E como serão os idosos de amanhã? A emergência de
perfis novos e heterogéneos de pessoas velhas, a complexidade
cultural, o crescente acesso a informação e literacia, as contínuas
mudanças ambientais, societais e tecnológicas levam-nos a
questionar: como quereremos que cuidem de nós no futuro? Que
mudanças nos sistemas convencionais de saúde e cuidados em
Portugal nos pedem estes “novos” idosos?

O surgimento de uma nova geração de modelos de cuidados às


pessoas idosas parece ser premente. Os protótipos de robots
assistenciais, o acesso massificado a tecnologias de comunicação e
localização, as redes digitais de comunicação à distância, uma
geração que já antecipa envelhecer mais informada, os crescentes
grupos minoritários ou as novas configurações económicas das
famílias e reformados facilmente nos fazem antever a necessidade
de “novos cenários de cuidados” aos quais, muito provavelmente,
as tradicionais estruturas/equipamentos não responderão.
https://www.publico.pt/2018/03/11/culto/opiniao/centrar-os-cuidados-na-pessoa-numa-sociedade-envelhecida-1804582 1/3
3/12/2018 Opinião | Centrar os cuidados na pessoa numa sociedade envelhecida | PÚBLICO

O que é o modelo de atenção centrado na pessoa?


Trata-se de um modelo profissionalizado em que o plano de
cuidados é desenhado a partir das características e perspectiva da
pessoa, que é ativa e que decide conjuntamente com o profissional
o seu plano de cuidados. Implica conhecer a história de vida e
experiência subjetiva da pessoa, informar e criar uma relação de
colaboração com a pessoa. São os serviços/o apoio que se adaptam
à pessoa e não a pessoa que se adapta aos “serviços”. O eixo central
é, assim, a narrativa da pessoa, o seu sistema de relações, os seus
recursos e potencialidades. O foco é apoiar a pessoa de forma a
que, na medida do possível, continue a sentir controlo no seu
contexto, nos seus cuidados e na sua vida quotidiana,
desenvolvendo as suas capacidades e sentindo-se bem.

A perspetiva de prestação de cuidados centrada na pessoa é uma


alternativa aos procedimentos uniformizados que derivam das
necessidades associadas às classificações das doenças, graus de
dependência e condicionantes relacionados com a organização.
Não se trata de uma “ideia nova”; porém, a sua implementação
implica desconstruir modelos fortemente enraizados na tradição
de cuidados a pessoas idosas mais frequente em Portugal. Implica
uma mudança de atitude em relação aos cuidados que se baseia na
promoção da autonomia, na determinação e coresponsabilização
da pessoa e otimização de recursos pessoais únicos.

Ideias centrais do Modelo de Cuidados Centrados na Pessoa


1. Reconhecer e valorizar a singularidade, as capacidades (e não os défices) e a autodeterminação da pessoa que
precisa de cuidados.
2. O plano de cuidados parte da história de vida, características e recursos da pessoa (não é a pessoa que tem de
“encaixar” numa determinada modalidade de cuidados).
3. Fomentar o empowerment da pessoa, o desenvolvimento ou preservação das suas capacidades e o sentido de
controlo sobre a sua vida.
4. Valorizar a qualidade e manutenção das relações interpessoais que a pessoa estabelece com os seus cuidadores
de referência e com as pessoas significativas.
5. Criar/adaptar contextos/ambientes em que a pessoa se sinta “cómoda” / “em casa” e que sejam acessíveis.
6. Flexibilidade institucional /dos sistemas de cuidados e criação do “profissional de referência /gestor de caso”.
7. Integrar cuidados familiares, profissionais e comunitários nos planos de cuidados personalizados.

Ainda que no futuro dos cuidados possamos contar com a


extraordinária contribuição do desenvolvimento tecnológico, para
a sustentabilidade de cuidados dignos e de qualidade ao crescente
número de pessoas idosas, precisamos também de uma mudança
de atitude, que otimize a autonomia e recursos da pessoa. É na
“construção” e “reconstrução” das configurações de cuidados
baseada na interação entre profissionais, a pessoa e possíveis
cuidadores que pode emergir uma nova geração de cuidados de
que tanto precisamos.

Referências:
– World Health Organization (2015) WHO, Global Strategy on
Integrated People – Centred Health Services 2016-2026.
Executive Summary. Placing People and Communities at the
centre of Health Services
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3/12/2018 Opinião | Centrar os cuidados na pessoa numa sociedade envelhecida | PÚBLICO

– Koren, M. J. (2010). Person-Centered Care for Nursing Home


Residents: The Culture – Change Movement, Health Affairs, 29
(2)

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

Docente na Universidade da Beira Interior. Investigadora (UNIFAI-ICBAS e


CINTESIS.UP)

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