Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
1
Luciano R. Pinto
2
PODER E ESCRAVIDÃO
PODER
E ESCRAVIDÃO
O Caso do Avaliador de Escravos
no Município da Corte
(Rio de Janeiro, 1808-1831)
Rio de Janeiro
3
Luciano R. Pinto
PEDIDOS
4
PODER E ESCRAVIDÃO
Às minhas meninas,
cujo mundo colorido
enche de cores o meu.
5
Luciano R. Pinto
6
PODER E ESCRAVIDÃO
Sumário
Prefácio, 9
Marilene Rosa Nogueira da Silva
MAIS QUE UMA SERENDIPIDADE
(a guisa de introdução), 13
Capítulo 1
PODER LOCAL E CONTROLE, 19
1.1. A Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, 24
1.2. As Câmaras Municipais e o Senado carioca, 35
1.3. Um perfil dos homens bons, 52
Capítulo 2
PODER LOCAL E REPRESENTAÇÃO, 64
2.1. Câmara Municipal e construção da realidade, 64
2.2. Funções e atribuições, 77
Capítulo 3
O AVALIADOR DE ESCRAVOS:
UM TIPO ESPECÍFICO DE PODER, 101
3.1. A construção da realidade, 101
3.2. Saber e poder, 119
3.3. O caminho da provisão, 132
Capítulo 4
PODER E HIERARQUIZAÇÃO, 139
4.1. Status e representatividade, 139
4.2. Vontade e exclusão, 164
Considerações finais, 173
FONTES E BIBLIOGRAFIA, 177
7
Luciano R. Pinto
8
PODER E ESCRAVIDÃO
––––––––––
*Coordenadora do Laboratório do Estudos das Diferenças e Desigualdades Sociais
(LEDDES-UERJ).
11
Luciano R. Pinto
12
PODER E ESCRAVIDÃO
(a guisa de introdução)
13
Luciano R. Pinto
14
PODER E ESCRAVIDÃO
15
Luciano R. Pinto
16
PODER E ESCRAVIDÃO
17
Luciano R. Pinto
18
PODER E ESCRAVIDÃO
1
PODER LOCAL E CONTROLE
––––––––––
6
VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva,
2001, p. 284.
7
SCHWARTZ, Stuart B (a). Burocracia e sociedade no Brasil colonial. São Paulo, Pers-
pectiva, 1979.
19
Luciano R. Pinto
––––––––––
8
VIANA, Oliveira. Populações Meridionais do Brasil. In: Intérpretes do Brasil, 2a ed.,
3o vol. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. p. 1055.
9
PRADO Jr., Caio. Administração. In: Formação do Brasil Contemporâneo, 23ª ed.,
7a reimpressão. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 299.
10
Ibidem, p. 303-304.
20
PODER E ESCRAVIDÃO
21
Luciano R. Pinto
22
PODER E ESCRAVIDÃO
23
Luciano R. Pinto
24
PODER E ESCRAVIDÃO
25
Luciano R. Pinto
26
PODER E ESCRAVIDÃO
27
Luciano R. Pinto
28
PODER E ESCRAVIDÃO
29
Luciano R. Pinto
30
PODER E ESCRAVIDÃO
31
Luciano R. Pinto
32
PODER E ESCRAVIDÃO
33
Luciano R. Pinto
34
PODER E ESCRAVIDÃO
35
Luciano R. Pinto
36
PODER E ESCRAVIDÃO
37
Luciano R. Pinto
38
PODER E ESCRAVIDÃO
39
Luciano R. Pinto
40
PODER E ESCRAVIDÃO
––––––––––
58
HESPANHA, António Manuel. Op. cit., p 118.
41
Luciano R. Pinto
42
PODER E ESCRAVIDÃO
43
Luciano R. Pinto
estavam sob seu controle. Seu poder era tamanho que “em
Salvador (1610), Rio de Janeiro (1640), São Paulo (1640) e
Belém (1662), as câmaras comandaram a resistência à políti-
ca real e lideraram movimentos que resultaram na prisão ou
expulsão de governadores ou de jesuítas”,61 por ocasião da
promulgação de leis antiescravistas a favor dos índios. Embo-
ra seus interesses estivessem atrelados à elite local, as câma-
ras deveriam zelar pelo bem comum, uma extensão do po-
der régio. Eram verdadeiros pilares da vida social, que
disciplinava a coletividade. Para isso dispunha de diversas
“funções fiscalizadoras, disciplinadoras, reguladoras, ori-
entadoras e, em certos casos, coercitivas e penalizadoras,
outorgadas aos seus ocupantes”.62
Outra extensão do poder real atribuído às câmaras é a
taxação de tributos, que recaíam sobre as entradas dos açou-
gues, balanças, mercados, aferições de pesos e medidas, mul-
tas atribuídas a quem cometesse alguma infração às diversas
posturas municipais, aluguel de imóveis públicos… Contro-
lando não apenas tributos, mas também o comércio. Ambos,
“se constituíram em dois dos principais elementos sobre os
quais se formaram os Estados Modernos, dando vida à ex-
pansão ultramarina, serão eles também as grandes chaves
explicativas da relação entre colônias e metrópoles”.63 Taxas
extras fixadas pelas câmaras na América eram comuns em
tempos de perigo imediato ou necessidade urgente. Isso ocor-
reu, por exemplo, por ocasião da invasão holandesa, quando
os vereadores do Rio de Janeiro, juntamente com seu gover-
nador, então, Salvador Correa de Sá, e mais pessoas princi-
––––––––––
61
SCHUARTZ, Stuart B. O Brasil Colonial, c. 1580-1750: As Grandes Lavouras e as Peri-
ferias. In: BETHELL, Leslie (Org.). História da América Latina: América Latina
Colonial, vol. II. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Brasília, DF: Funda-
ção Alexandre de Gusmão, 1999, p. 405.
62
SOUZA, Avanete Pereira. Op. cit., p. 318.
63
BICALHO, Maria Fernanda. As câmaras municipais no Império Português: o exemplo
do Rio de Janeiro. Op. cit., p. 251-580.
44
PODER E ESCRAVIDÃO
––––––––––
64
BICALHO, Maria Fernanda. As câmaras municipais no Império Português: o exemplo
do Rio de Janeiro. Op. cit., p. 251-580.
65
PRADO JR. Caio. Op. cit., p. 316.
66
BICALHO, Maria Fernanda Baptista. As câmaras ultramarinas e o governo do Império.
Op. cit., p. 199.
45
Luciano R. Pinto
––––––––––
67
SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. Conquista e Colonização da América Portuguesa: o
Brasil Colônia – 1500/1750. In: LINHARES Maria Yedda (Org.). História Geral do Bra-
sil. 9a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1990, p. 63.
68
Povo, compreendido em sua acepção restrita, sinonimizando com a concepção de cidadão
na sociedade colonial de voto censitário, ou seja, denomina aquele indivíduo com determi-
nado número de bens outorgantes do direito de participação política.
69
PRADO JR. Caio. Op. cit., p. 314.
70
SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. Op. cit., p. 61.
46
PODER E ESCRAVIDÃO
47
Luciano R. Pinto
48
PODER E ESCRAVIDÃO
49
Luciano R. Pinto
50
PODER E ESCRAVIDÃO
51
Luciano R. Pinto
52
PODER E ESCRAVIDÃO
53
Luciano R. Pinto
54
PODER E ESCRAVIDÃO
55
Luciano R. Pinto
56
PODER E ESCRAVIDÃO
57
Luciano R. Pinto
––––––––––
110
BOXER, Charles R. Op. cit., p. 191-196.
111
Ibidem, p. 192.
112
Sobre casamento, adultério e família ver: LIMA, Lana Lage da Gama (Org.). Mulheres, Adul-
teros e Padres. Rio de Janeiro: Dois Pontos, 1987. TORRES-LONDOÑO, Fernando. A Outra
Família: concubinato, Igreja e escândalo na Colônia. São Paulo: Loyola, 1999. SERBIN,
Kenneth. Padres, Celibato e Conflito Social. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
113
SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Vida Privada e Quotidiana no Brasil na Época de
D. Maria I e D João VI. Lisboa: Editorial Estampa, 1993, p. 196.
58
PODER E ESCRAVIDÃO
59
Luciano R. Pinto
rio, eleito pela população para exercer nas paróquias a função de juiz em casos menores,
visando, sobretudo, a conciliar os litigantes. Causando grande polêmica desde sua instituição,
os juízes de paz eram, segundo Thomaz Flory, símbolos do próprio liberalismo brasileiro do
Primeiro Reinado, cioso do fortalecimento do poder local e da maior autonomia de distritos e
províncias, sendo por isso combatidos pelos conservadores”. (VAINFAS, Ronaldo (org.).
Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 452).
115
Arquivo Histórico da Cidade de Florianópolis, Caixa 11, livro 54, folhas 1-4v.; 13v-14.
60
PODER E ESCRAVIDÃO
––––––––––
116
AHCF, cx. 11, lv. 33, f. 65v, 66, 67, 83v., 84, 84v., 85, 85v., 68v., 69, 69v., 92v.-94v. e cx.
11, lv. 44, f. 64v., 65, 66v., 83, 128v,164v.
117
Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, códices 6-1-10; 6-1-11; 6-1-12; 40-1-27.
AHCF, cx. 11, lv. 33, f. 41v., 42v., 50, 51, 53, 116v., 117, 117v., 118v., 119.
61
Luciano R. Pinto
bom uso das finanças a serviço d‟El-rei. Após 1822 quase não
se observa mais a indicação referente à primeira ocupação,
sendo substituída pelas titularidades.
A mudança de perfil da Câmara Municipal carioca se
deve, em grande parte, ao processo de centralização desen-
volvido após 1750 e à “homogeneidade ideológica” promovi-
da pela coroa,118 conformando, assim, a nova nobreza, não
mais da terra, substituída em grande parte pela de toga, ao
projeto centralizador metropolitano. Aqueles nobres não con-
formados, como vimos anteriormente, foram perseguidos.
Com a exigência de participação política dos comerciantes e
negociantes, intensificada nos oitocentos, a metrópole encon-
trava nova perspectiva de fortalecimento da política de cen-
tralização. Promovendo uma outra classe à cidadania, a
Coroa poderia formar uma elite mais conforme seus interes-
ses. E, de fato, isso foi feito por meio de uma socialização
que promovesse ocupação e carreira, ou seja, hierarquização.
Esta socialização viabilizou-se por meio da educação da nova
elite, que, de modo geral, era formada em Coimbra, princi-
palmente nos cursos de direito.
A educação era parte essencial neste projeto de homo-
geneização ideológica, cujo treinamento iniciado em terras
lusas, mantinha uma formação essencialmente arcaica e in-
comunicável com o mundo científico. Permanecendo conser-
vadora, tal educação dava o tom da nova melodia a ser toca-
da e dançada nos trópicos. Neste sentido, as funções pú-
blicas desta nova elite sofriam, desde a academia, um treina-
mento específico segundo a carreira que se seguiria. A educa-
ção, como instrumento de socialização e treinamento para
uma carreira conforme a nova política centralizadora foi
essencial na formação desta nova elite política brasileira no
início do século XIX. No entanto, não houve uma integração
absoluta entre Estado e nobres de toga, que se dividia muito
––––––––––
118
Cf. CARVALHO, José Murilo de. Op. cit., p. 11-142.
62
PODER E ESCRAVIDÃO
––––––––––
119
CARVALHO, José Murilo de. Op. cit., p. 140.
120
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Op. cit., p. 302-307.
63
Luciano R. Pinto
2
PODER LOCAL E REPRESENTAÇÃO
64
PODER E ESCRAVIDÃO
65
Luciano R. Pinto
66
PODER E ESCRAVIDÃO
67
Luciano R. Pinto
68
PODER E ESCRAVIDÃO
69
Luciano R. Pinto
70
PODER E ESCRAVIDÃO
71
Luciano R. Pinto
72
PODER E ESCRAVIDÃO
73
Luciano R. Pinto
74
PODER E ESCRAVIDÃO
75
Luciano R. Pinto
76
PODER E ESCRAVIDÃO
77
Luciano R. Pinto
78
PODER E ESCRAVIDÃO
79
Luciano R. Pinto
80
PODER E ESCRAVIDÃO
81
Luciano R. Pinto
82
PODER E ESCRAVIDÃO
De 1580 a 1808165
Manteve as mesmas atribuições do período 1548-1580,
acrescidas das seguintes:
Executar das penas pecuniárias aplicadas pelo Sargen-
to-mor da Comarca aos Oficiais da ordenança que falta-
rem com suas obrigações de posto.
Tomar conhecimento das descobertas das minas em seu
distrito, que serão registradas em livro pelo Escrivão da
Câmara, passando certidão a ser apresentada, após 20
dias, ao Provedor das Minas.
Dar apelação dos feitos que julgar nas vilas e povoa-
ções para o Ouvidor-Geral das Capitanias do Sul.
Dar apelação e agravo para o Ouvidor-Geral do Estado
do Maranhão.
Juiz de Fora
Esse cargo foi criado no Brasil, na área da Justiça,
em 1696, suas atribuições constam, inicialmente, em
um órgão específico, a Junta Territorial de Mineração, a
ser instalada nos municípios onde houvesse minas. Ori-
ginando-se de esforços centralizadores da coroa, objeti-
va maior controle sobre as municipalidades. Nomeado
pelo Rei, era, como o próprio nome indica, um Juiz de
––––––––––
165
Regimento dos Sargentos-mores das comarcas, de 28.11.1598 (atribuição no 1). In: Sis-
tema ou Coleção dos regimentos reais: contém os regimentos pertencentes à adminis-
tração da Fazenda Real…, vol. 5, p. 219.
Regimento das minas de São Paulo e São Vicente, de 8.8.1618, (atribuição no 2). In:
SILVA José Justino de Andrade e. Coleção cronológica da legislação portuguesa,
compilada e anotada desde 1603 [1603-1700]. Lisboa: Impressão de J. J. A. Silva, 1854-
1859, vol. 2, p. 330-332.
Regimento do Ouvidor-Geral das Capitanias do Rio de Janeiro, Espírito Santo e
São Vicente, de 5.6.1619 e 21.3.1630 (atribuição no 3), em C.C.L.P., vol. 2, p. 382-384, e
vol. 4, p. 166-167.
Alvarás de regimento do Ouvidor-Geral do Maranhão, de 7.11.1619 e 21.3.1624
(atribuição no 4). In: Coleção cronológica da legislação portuguesa, compilada e ano-
tada desde 1603 [1603-1700]. Lisboa: Impressão de J. J. A. Silva, 1854-1859, vol. 2,
p. 387-389 e vol. 3, p. 116.
83
Luciano R. Pinto
De 1750 a 1808167
Servir de Intendente dos diamantes nas Capitanias do
Brasil onde não houver Ministros encarregados dos
diamantes nem Ouvidores de Comarcas, sob imediata
inspeção da Junta Administrativa de Mineração.
––––––––––
166
Primeiro livro das Ordenações, título 65. In: Código Filipino, p. 134-144.
Alvará de regimento dos salários dos ministros e oficiais de Justiça da Améri-
ca, na beira-mar e sertão, exceto Minas, de 10.10.1754. In: SILVA, Antônio Del-
gado da. Coleção da legislação portuguesa desde a última compilação. [1750-
1820]. Lisboa: Maigrense, 1826-1847, p. 315-327.
167
Alvará regulando as minas de ouro e diamantes na América com diversas providências
e novos estabelecimentos, de 13.5.1803, In: Coleção da legislação portuguesa desde a
última compilação. [1750-1820]. Lisboa: Maigrense, 1826-1847, p. 202-222.
84
PODER E ESCRAVIDÃO
Vereador
As câmaras das Cidades eram formadas por nove mem-
bros, conforme o registro da lei do 1o de Outubro de 1828168.
Poderiam ser Vereadores todos os que podiam votar nas assem-
bleias paroquiais, com no mínimo dois anos de domicílio dentro
do termo. Cada cidadão escolhia três nomes elegíveis e os entre-
gava ao Presidente, “que seria o ouvidor, e na sua falta, o juiz
mais velho em exercício”169 que conferia a lista. Feita a apuração
os que obtivessem maior número de votos seriam os Vereado-
res.170 Sua criação para a colônia nos remete a 1532, e apresenta
sua funcionalidade mediante as Ordenações de 11 de março de
1521 e 11 de janeiro de 1603. Inicialmente, no entanto, eram elei-
tos trienalmente, para um mandato de um ano. Promoviam-se as
eleições e obtendo-se três listas com três nomes cada. Para cada
ano de mandato serviria uma determinada lista escolhida. Já no
século XIX carioca, como vimos, ampliou-se sua temporalidade
para quatro anos e o número de vereadores aumentou para nove
membros sem a rotatividade dos primeiros tempos. Nas vilas seu
número era de sete membros. Suas atribuições eram as seguintes:
De 1530 a 1580171
Zelar por todo o regimento das obras do Conselho e da
terra, bem como por tudo que puder beneficiá-la e aos
seus moradores.
––––––––––
168
AHCF, cx. 11, lv. 54, f. 1-16.
169
PRADO Jr. Op. cit., p. 315.
170
AHCF, cx. 11, lv. 54, f. 1v-2.
171
Primeiro livro das Ordenações, título 66. In: Código Filipino, p. 144-153.
85
Luciano R. Pinto
86
PODER E ESCRAVIDÃO
Procurador
Estabelecido em 1532, foi cunhado pelas Ordenações de
11.3.1521 e 11.1.1603. Eram, inicialmente, eleitos trienalmente
junto com os vereadores. Com o art. 80 da lei de primeiro de
outubro de 1828 esta função passa a ser nomeada para um exer-
cício nunca superior a quatro anos. A Câmara nomeava apenas
um Procurador, que seria afiançado por ela mesma debaixo de
sua responsabilidade ou por fiador idôneo. A ele competia:
De 1530 a 1580174
Demandar, para o Conselho, as penas ou coimas não
requeridas pelo rendeiro no devido tempo.
Cuidar dos reparos e consertos referentes a casas, fon-
tes, pontes, chafarizes, poços, calçadas, caminhos e
todos os outros bens do Conselho.
Requerer aos Vereadores e Oficiais responsáveis, atra-
vés do Escrivão da Câmara, o reparo dos bens não con-
sertados a contento.
––––––––––
173
Regimento de André Vidal de Negreiros, de 14.4.1655. In: MENDONÇA, Marcos Car-
neiro de. Raízes da Formação Administrativa do Brasil, vol. 2, p. 699-714.
174
Ordenações Filipinas, Título LXIX, f. 378-379.
Regimento de Gaspar de Sousa, de 6.10.1612 (atribuição no 1). In: Raízes da For-
mação Administrativa do Brasil, vol. 2, vol. 1, p. 413-436.
87
Luciano R. Pinto
De 1580 a 1808175
Manteve as mesmas atribuições da fase 1530-1580,
acrescidas da seguinte:
Estar presente à posse e entrega do governo ao Chance-
ler e ao Provedor-mor que, por procuração do Gover-
nador, assumirem provisoriamente tal cargo.
Juiz de Vintena
Estabelecido em 1532, tem por legislação as Ordena-
ções de 11.3.1521 e 11.1.1603. Tinha acesso ao cargo o
morador das localidades afastadas da sede do município, com
população de 20 a 50 habitantes. Era escolhido por eleição,
entre os homens bons da Aldeia, da qual participavam mem-
––––––––––
175
Regimento de Gaspar de Sousa, de 6.10.1612 (atribuição número 1). In: Raízes da For-
mação Administrativa do Brasil, vol. 2, vol. 1, p. 413-436.
88
PODER E ESCRAVIDÃO
89
Luciano R. Pinto
Juiz Almotacé177
Regido pelas ordenações Filipinas e pela Provisão de
23 de março de 1568, atuava nas áreas da administração, jus-
tiça, policial e fazenda. O cargo foi abolido pelo Decreto de
26 de agosto de 1830. A ele competia:
Executar as posturas e vereações.
Fiscalizar a aferição dos pesos e medidas e o preço dos
comestíveis (mensalmente).
Executar as medidas fiscais do Conselho.
Tratar da limpeza da cidade ou vila.
Encarregar-se da polícia das povoações (fiscalização de
preços).
Fixar o abastecimento de gêneros, fiscalizando o seu
abastecimento para a localidade, incluindo a repartição
da carne entre os moradores.
Processar as penas pecuniárias impostas pela Câmara.
Fiscalizar o abastecimento dos gêneros alimentícios, os preços
de alguns deles, os salários dos oficiais ou pesos e medidas.
Evitar que os vendeiros fizessem avença com as partes
– por almotaçaria – no pescado chegado à praça; per-
correr a cidade ou vila, zelando pela sua limpeza.
Observação:
Constituíam a polícia do comércio interno dos Conselhos.
Dar apelação e agravo para os juízes de qualquer feito.
Cuidar para que os profissionais de ofício guardem as
determinações do Conselho.
Julgar as coimas do Conselho.
Impor penas com recursos para os juízes.
Julgar infrações de posturas.
Julgar causas de direito real relativa a obras e constru-
ções (fiscalizavam obras).
Observação:
Estavam sujeitos a jurisdição dos juízes ordinários, corregedores e
––––––––––
177
Ordenações Afonsinas (livro I, título XXVII).
90
PODER E ESCRAVIDÃO
Almotacé
Criado em 1532, teve seu corpo legislativo segundo as
ordenações de 11.3.1521 e 11.1.1603. Eleitos mensalmente
pela Câmara, em número de dois. Foi extinto pelo art. 18 da
Disposição Transitória de 1832. A ele competia:
De 1530 a 1808178
Fiscalizar o abastecimento de víveres para a localidade,
fazendo cumprir as determinações do Conselho.
Processar as penas pecuniárias impostas pela Câmara
aos moradores.
Despachar rapidamente os feitos, sem grandes proces-
sos nem escrituras.
Dar apelação e agravo para os juízes de qualquer feito
que despachar.
Repartir as carnes dos açougues entre os moradores
do lugar.
Aferir mensalmente, com o Escrivão da Almotaçaria os
pesos e medidas.
Cuidar para que os profissionais de ofício guardem as
determinações do Conselho.
Zelar pela limpeza da vila ou cidade.
Fiscalizar as obras.
Dar cartas de privilégios.
Limpar e refazer caminhos, calçadas e pontes.
––––––––––
178
Primeiro livro das Ordenações, título 68. In: Código Filipino, p. 157-162.
Extinto pelo art. 18 da Disposição Transitória de 1832, como já se tornara inócuo em face
do art. 24 da Lei de 27.10.1827. Regimento das câmaras municipais do Império p. 131.
91
Luciano R. Pinto
Escrivão da Almotaçaria
A função foi criada em 1532 e tem sua legislação
segundo as Ordenações de 11.3.1521 e 11.1.1603. Era desig-
nado pela Câmara e competia-lhe:
De 1530 a 1808179
Escrever todas as achadas de gados e bestas, além de
todos os assentos de carniceiros, padeiros, regateiras
etc., que caírem em coima.
Escrever o nome de todas as pessoas que transgredirem
as posturas do Conselho.
Escrever todas as penas em que incorrerem os Almota-
cés não cumpridores de seu regimento, bem como apre-
sentá-los aos juízes no final de cada mês.
Escrivão da Câmara
Estabelecido em 1532, tem por legislação as Ordena-
ções de 11.3.1521 e 11.1.1603. Função designada pela Câma-
ra. Competia-lhe:
De 1530 a 1548180
Fazer anualmente um livro em que conste toda a receita
e despesa do Conselho.
Escrever em livro próprio os acordos dos Vereadores e
oficiais do Conselho sobre despesas deste.
Escrever nos feitos das injúrias verbais despachados na
Câmara por Juízes e Vereadores.
Escrever as cartas testemunháveis passadas pelos
Vereadores.
––––––––––
179
Primeiro livro das Ordenações, título 72. In: Código Filipino, p. 165-166.
180
Primeiro livro das Ordenações, título 71 (atribuições números 1-10). In: Código Filipi-
no, p. 164-165.
Carta de doação da Capitania de Pernambuco a Duarte Coelho, de 10.3.1534 (atri-
buição número 11). In: TAPAJÓS, Vicente. História Administrativa do Brasil, 2a ed.
DASP, 1965-1974, vol. 2, p. 193-202.
92
PODER E ESCRAVIDÃO
93
Luciano R. Pinto
Tesoureiro do Conselho
Estabelecido em 1532, tem por legislação as Ordena-
ções de 11.3.1521 e 11.1.1603, era eleito trienalmente e com-
petiam-lhe as seguintes atribuições:
De 1530 a 1548183
Receber, perante o Escrivão, as rendas da Câmara.
Arrecadar, de maneira a não se perder os Rendimentos
do Conselho não arrendados.
Arrecadar a terça pertencente ao rei, como a do Conselho.
De 1548 a 1808184
Manteve as mesmas atribuições da fase 1530-1548
acrescidas da seguinte:
Pagar, por mandado do Capitão-mor das Ordenanças, as
despesas com os exercícios militares e que lhe serão
levadas em conta.
94
PODER E ESCRAVIDÃO
De 1530 a 1808185
Guardar os livros das notas até a sua morte.
Escrever, em livro próprio, todas as notas dos contratos
firmados.
Fazer todos os testamentos.
Fazer todos os inventários determinados por herdeiros e
testamenteiros dos defuntos, com exceção dos referen-
tes a órfãos, pródigos, ausentes e mortos sem herdeiros.
Fazer todos os instrumentos de posse das terras conce-
didas ou tomadas em virtude das escrituras das vendas,
escambos, aforamentos e outros contratos.
Escrever as receitas e despesas dos bens dos defuntos.
Fazer quaisquer cartas de compras, vendas, escam-
bos, aforamentos ou soldadas referentes que decor-
ridos três anos.
Alcaide Pequeno
Oficial de Justiça encarregado de defender a autoridade
judicial local, a função foi criada em 1532 e tem sua legisla-
ção segundo as Ordenações de 11.3.1521 e 11.1.1603. Aces-
savam ao cargo aqueles cidadãos escolhidos pela Câmara de
lista tríplice apresentada pelo Alcaide-mor.
De 1530 a 1548186
Policiar dia e noite as cidades e vilas que lhe coube
vigiar, acompanhado por um tabelião indicado pelo
Conselho.
Prender por mandado dos Juízes ou em flagrante delito.
Trazer os presos às audiências perante os Juízes.
Fiscalizar a atuação dos Almotacés com relação a car-
nes e pescados.
––––––––––
185
Primeiro livro das Ordenações, título 78. In: Código Filipino, p. 179-185.
186
Primeiro livro das Ordenações, título 75. In: Código Filipino, p. 172-176.
95
Luciano R. Pinto
De 1548 a 1750187
Manteve as mesmas atribuições de fase 1530-1548,
acrescidas da seguinte:
Fazer as execuções, penhoras e demais diligências
necessárias à arrecadação da fazenda dos defuntos, caso
assim o determine o Provedor dos Defuntos e Ausentes.
De 1750 a 1808188
Manteve as mesmas atribuições da fase 1548-1750,
acrescidas da seguinte:
Executar as diligências ordenadas pelos Intendentes do
ouro.
Porteiros
Estabelecido em 1532, tem por legislação as Orde-
nações de 11.3.1521 e 11.1.1603. Função nomeada, con-
forme a lei de primeiro de outubro de 1828, podendo ter
um ou mais ajudantes, também nomeados conforme a
necessidade, e encarregados das execuções de suas ordens
com gratificação paga pelas rendas do Conselho. Suas
atribuições eram as seguintes:
De 1530 a 1580189
Fazer penhoras onde residirem e nos lugares próximos.
Apregoar as deliberações da Câmara.
––––––––––
187
Regimentos dos Provedores, Tesoureiros e Oficiais das Fazendas dos Defuntos e Ausentes,
de 10.12.1613 (atribuição no 1). In: Raízes da Formação Administrativa do Brasil, vol. 2,
p. 481-492; e Sistema ou Coleção dos Regimentos Reais: contém os regimentos perten-
centes à administração da Fazenda Real…, vol. 5. Lisboa, 1718-1791, vol. 3, p. 142-160.
188
Regimento das intendências e casas de fundição, de 4.3.1751. In: Sistema ou Coleção
dos regimentos reais: contém os regimentos pertencentes à administração da Fazen-
da Real…, vol. 4, p. 503-516.
189
Primeiro livro das Ordenações, título 87. In: Código Filipino, p. 205-206.
96
PODER E ESCRAVIDÃO
De 1580 a 1808190
Manteve as mesmas atribuições da fase 1530-1580,
acrescidas da seguinte:
Fazer as execuções, penhoras e demais diligências ne-
cessárias à arrecadação da Fazenda dos Defuntos, caso o
Provedor dos Defuntos e Ausentes assim o determine.
Carcereiros
Designado pelos Vereadores e Juízes Ordinários da
Câmara. Suas atribuições eram as seguintes:
––––––––––
190
Regimento dos Provedores, Tesoureiros e Oficiais das Fazendas dos Defuntos e Ausen-
tes, de 10.12.1613 (atribuição número 1), em R. F. A., vol. 2, p. 481-492; e Sistema ou
Coleção dos regimentos reais: contém os regimentos pertencentes à administração da
Fazenda Real…, vol. 5. Lisboa: 1718-1791, vol. 3, p. 142-160.
191
Regimento das Intendências e casa de fundição, de 4.3.1751. In: Sistema ou Coleção
dos regimentos reais: contém os regimentos pertencentes à administração da Fazen-
da Real…, vol. 4, p. 503-516.
Regimento para a nova forma de cobrança do direito senhorial dos quintos dos mora-
dores das Minas Gerais, abolida a da capitação, que de antes se praticava, de 3.12.1750. In
Sistema ou Coleção dos regimentos reais: contém os regimentos pertencentes à adminis-
tração da Fazenda Real.., vol. 6, p. 316-324.
97
Luciano R. Pinto
De 1530 a 1808192
Levar os presos às audiências com os juízes e soltá-los
quando estes o determinarem.
Impedir qualquer pessoa, que lhe for entregue presa, de
andar em liberdade.
Impedir que qualquer preso fosse solto sem mandado
da Justiça.
––––––––––
192
Primeiro livro das Ordenações, título 77. In: Código Filipino, p. 178-179.
193
Arquivo Histórico da Cidade de Florianópolis, Caixa 11, livros 33 e 44.
194
Carta de doação da Capitania de Pernambuco a Duarte Coelho, de 10.3.1534. In História
Administrativa do Brasil, vol. 2, p. 193-202.
195
Regimento de Antônio Cardoso de Barros, Provedor-mor da Fazenda, de 17.12.1548.
196
Regimento dos Capitães-mores, de 10.12.1570. In: Sistema ou Coleção dos regimentos
reais: contém os regimentos pertencentes à administração da Fazenda Real…, vol. 5,
p. 183-194.
197
Primeiro livro das Ordenações, título 89. In: Código Filipino, p. 220-222.
198
Primeiro livros das Ordenações, título 88. In: Código Filipino, p. 206-220.
199
Alvará regulando as minas de ouro e diamantes na América com diversas providências
e novos estabelecimentos, de 13.5.1803. In: Coleção cronológica da legislação portu-
guesa, compilada e anotada desde 1603 (1802-1810), p. 202-222.
98
PODER E ESCRAVIDÃO
99
Luciano R. Pinto
100
PODER E ESCRAVIDÃO
3
O AVALIADOR DE ESCRAVOS:
UM TIPO ESPECÍFICO DE PODER
101
Luciano R. Pinto
102
PODER E ESCRAVIDÃO
103
Luciano R. Pinto
104
PODER E ESCRAVIDÃO
105
Luciano R. Pinto
106
PODER E ESCRAVIDÃO
107
Luciano R. Pinto
108
PODER E ESCRAVIDÃO
109
Luciano R. Pinto
110
PODER E ESCRAVIDÃO
111
Luciano R. Pinto
––––––––––
221
BN: PR-SPR 5 (1): Diário do Rio de Janeiro, dia 7 de maio de 1822, no. 6, p. 22.
222
BN. PR-SPR 5 (1): Diário do Rio de Janeiro, dia 7 de maio de 1822, no. 6, p. 23.
223
AGCRJ, 6-1-10, f. 16.
112
PODER E ESCRAVIDÃO
––––––––––
224
AGCRJ, 6-1-11, f. 45v.
225
AGCRJ, 6-1-10, f. 2.
113
Luciano R. Pinto
114
PODER E ESCRAVIDÃO
115
Luciano R. Pinto
––––––––––
236
AN, Códice 70, vol. 7, p. 231.
237
CAVALCANTI, Nireu Oliveira. O comércio de escravos novos no Rio setecentista. In:
FLORENTINO, Manolo (org.). Tráfico, cativeiro e liberdade (Rio de Janeiro, séculos
XVII-XIX). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p. 53.
116
PODER E ESCRAVIDÃO
117
Luciano R. Pinto
––––––––––
241
AN:10-13-79 – Microfilme. Livro de Escrituras no 195, 3o Ofício de Notas, f. 20.
242
AGCRJ: 40-1-27, f. 2.
243
AHCF: Cx. 11, lv. 33, f. 119–120.
244
AHCF: Cx. 11, lv. 33, f. 41v., 50 – 51.
245
AGCRJ: códices 6-1-10, 6-1-11 e 6-1-12, 40-1-27.
246
AGCRJ: 6-1-11, f. 41.
118
PODER E ESCRAVIDÃO
119
Luciano R. Pinto
120
PODER E ESCRAVIDÃO
121
Luciano R. Pinto
123
Luciano R. Pinto
124
PODER E ESCRAVIDÃO
125
Luciano R. Pinto
126
PODER E ESCRAVIDÃO
127
Luciano R. Pinto
128
PODER E ESCRAVIDÃO
129
Luciano R. Pinto
130
PODER E ESCRAVIDÃO
131
Luciano R. Pinto
132
PODER E ESCRAVIDÃO
133
Luciano R. Pinto
134
PODER E ESCRAVIDÃO
––––––––––
275
AGCRJ: 6-1-11, f. 6.
135
Luciano R. Pinto
136
PODER E ESCRAVIDÃO
137
Luciano R. Pinto
138
PODER E ESCRAVIDÃO
4
PODER E HIERARQUIZAÇÃO
139
Luciano R. Pinto
140
PODER E ESCRAVIDÃO
141
Luciano R. Pinto
142
PODER E ESCRAVIDÃO
143
Luciano R. Pinto
144
PODER E ESCRAVIDÃO
145
Luciano R. Pinto
146
PODER E ESCRAVIDÃO
147
Luciano R. Pinto
148
PODER E ESCRAVIDÃO
149
Luciano R. Pinto
150
PODER E ESCRAVIDÃO
151
Luciano R. Pinto
152
PODER E ESCRAVIDÃO
153
Luciano R. Pinto
154
PODER E ESCRAVIDÃO
155
Luciano R. Pinto
bro de 1826 fez pedido para ocupar a função e não foi acei-
to.324 Era tão cigano quanto Pereira do Amaral, contudo, “se
achava reduzido ao estado de indigência”. Seu e outros casos
veremos a seu tempo.
Aos 23 de janeiro de 1813, o Capitão Bento José de
Magalhães, então Avaliador de escravos do Senado da Câmara,
achava-se de partida para Minas Gerais325 por “estar ele com
moléstias, [e por isso] precisando se retirar para o lugar de seu
domicílio, para „gozar de ares livres‟”.326 Atestou-se o fato pelo
médico indicado para avaliar o caso dias antes de sua partida:
Joaquim José Carvalho cirurgião-mor aprovado em
Cirurgia, Medicina e Anatomia conforme as Ordens do
Príncipe Regente Nosso Senhor, atesta que o dito Capitão
Bento José Mages tem sido atacado nesta Corte, de “obstru-
ções de baixo-ventre”, e que seu tratamento não tem obtido
resultados devido o clima da cidade. O médico recomenda
ao paciente mudança de “ares”.
20/12/1812.327
156
PODER E ESCRAVIDÃO
157
Luciano R. Pinto
158
PODER E ESCRAVIDÃO
159
Luciano R. Pinto
160
PODER E ESCRAVIDÃO
161
Luciano R. Pinto
162
PODER E ESCRAVIDÃO
163
Luciano R. Pinto
164
PODER E ESCRAVIDÃO
165
Luciano R. Pinto
166
PODER E ESCRAVIDÃO
167
Luciano R. Pinto
168
PODER E ESCRAVIDÃO
24 de 8bro de 1827
Illmo Senado
Diz José Soares Pinho homem branco Cidadão Brazilei-
ro maior de 50 annos cazado, e onerado de 4 fos sem meios
para os manter pelo actual estado de indigência a que se
acha reduzido pela falta de bens, que a sua noticia chega, q
hum dos Avaliadores dos Escros do Conselho Joaqm José
Pera do Amaral se auzentara fugitivamte deste cide para fora
do Imperio deixando em abandono o exercicio do d o
empredo o qal não pode sufrer pelo prejuízo q resulta as par-
tes hum s[o momento de vagança sem haver quem o supra,
ao menos interinamte em qto se verifica a sua vagatura; e
como o Sppe se persuade concorrer nele os precizos conhe-
cimtos para bem poder servir pela muita pratica q tem tido
no giro do negócio de vender Escos em que se tem empre-
gado por mtos annos, recorre pois a VVSSas hajão de nomea-
rem para servir o do Emprego ao menos na auzencia do
Supde até que se realize a vagança do mmo por não sofrer o
publico impate nos seos negócios.
P. a VVSSas lhes facão a graça q suplica atento ao
exposto
Jozé Soares de Pinho [Ass.]367
––––––––––
367
AGCRJ: 6-1-12, f. 42.
368
GORENSTEIN, Riva . Comércio e Política: o enraizamento de interesses mercantis por-
tugueses no Rio de Janeiro (1808-1830). In: MARTINHO, Lenira Menezes; GORENS-
169
Luciano R. Pinto
170
PODER E ESCRAVIDÃO
171
Luciano R. Pinto
––––––––––
378
ELIAS, Norbert. A sociedade de Corte: investigação sobre a sociologia da realeza e da
aristocracia de corte. Op. cit., p. 94.
172
PODER E ESCRAVIDÃO
173
Luciano R. Pinto
174
PODER E ESCRAVIDÃO
175
Luciano R. Pinto
––––––––––
379
Provérbio africano. Apud GONÇALVES, Ana Maria. Op. cit., p. 351.
176
PODER E ESCRAVIDÃO
FONTES E BIBLIOGRAFIA
Fontes manuscritas
Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro (AGCRJ)
Códice 6-1-10: Avaliadores de Escravos
Códice 6-1-11: Avaliadores de escravos
Códice 6-1-12: Avaliadores de escravos
Códice 6-1-28: Postura de Escravos
Códice 40 -1-27: Avaliadores
Fontes Impressas
DEBRET, Jean Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. São Paulo: Círculo do
Livro, s.d.
FRANÇA, Jean Marcel Carvalho. Outras Visões do Rio de Janeiro Colonial: antologia de
textos – 1582-1808. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.
SEIDLER, Carl. Dez anos no Brasil. Brasília: Martins – MEC, 1976.
WALSH, Robert. Notícias do Brasil (1828-1829). Belo Horizonte – Itatiaia; São Paulo:
EDUSP, 1985. Vol. 2.
Biblioteca Nacional (BN)
PR-SPR 5 (1): Periódico Diário do Rio de Janeiro, maio de 1822.
Referências Bibliográficas
ABREU, Capistrano de. Capítulos de História Colonial, 1500-1800, 7a ed. Belo Horizonte:
Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
ALBUQUERQUE JR., Durval Muniz de. História: a arte de inventar o passado. Ensaios
de teoria da história. Bauru, SP: Edusc, 2007
177
Luciano R. Pinto
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico
Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
ARENDT, Hannah. O que é política? 5a ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
AVELLAR, Helio de Alcântara. História Administrativa do Brasil. Brasília: FUNCEP /
Ed. Universidade de Brasília, 1983, 2 Vol.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.
BICALHO, Maria Fernanda. As câmaras municipais no Império Português: o exemplo do
Rio de Janeiro. Rev. Bras. Hist., 1998, vol. 18, no. 36, p. 251-580. ISSN 0102-0188.
–––––. As câmaras ultramarinas e o governo do Império. In: FRAGOSO, João; BICA-
LHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima (Orgs.). Modos de Governar: ideias e
práticas políticas no império português (séculos XVI-XIX). São Paulo: Alameda, 2005.
–––––. O que significa ser cidadão nos tempos coloniais. In: ABREE, Marilia; SOIHET,
Rachel. Ensino de História: conceitos, temáticas e metodologia. Rio de Janeiro: Casa da
Palavra, FAPERJ, 2001.
BOBBIO, Norberto. Estado, Gobierno y Sociedad: por una teoría general de la política.
México, D. F.: Fondo de Cultura Económica, 1997.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico, 7a ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
BONNEWITZ, Patrice. Primeiras lições sobre a sociologia de P. Bourdieu. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2003.
BOXER, Charles R. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade
colonial, 3a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
CALÓGERAS, J. Pandiá. A Política Exterior do Império, vol. II – O Primeiro Reinado.
Brasília: Senado Federal, 1998.
CARDOSO, Ciro Flamarion Santana. A crise do colonialismo Luso na América Portugue-
sa (1750-1822). In: LINHARES, Maria Yedda (org.). História Geral do Brasil, 9a ed.,
11a reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 1990.
CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Teatro de
sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
CAVALCANTI, Nireu Oliveira. O comércio de escravos novos no Rio setecentista. In:
FLORENTINO, Manolo (org.). Tráfico, cativeiro e liberdade (Rio de Janeiro, séculos
XVII-XIX). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
CERVO, Amado; MAGALHÃES, José Calvet de. Depois das Caravelas: as relações entre
Portugal e Brasil (1808 – 2000). Brasília: Universidade de Brasília. 2000.
COELHO, F. A. Os ciganos de Portugal; com um estudo sobre o calão, Lisboa: Dom
Quixote, 1995 (Original: 1892).
COSTA, Emília Viotti da. Da senzala à colônia, 4a ed. São Paulo: Fundação Editora da
UNESP, 1998.
DORNAS FILHO, J. Os ciganos em Minas Gerais. In: Revista do Instituto Histórico e
Geográfico de Minas Gerais, ano III, vol. III. Belo Horizonte, 1948.
ELIAS, Norbert. A Sociedade de Corte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
–––––. O processo civilizador, vol. 1. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994.
FAORO, Raimundo. Os donos do poder, 2a ed. Porto Alegre: Globo, 1975.
FORENTINO, Manolo Garcia. Em Costas Negras: uma história do tráfico Atlântico de
escravos entre a África e o Rio de Janeiro (Séculos XVIII e XIX). Rio de Janeiro: Arquivo
Nacional, 1995.
178
PODER E ESCRAVIDÃO
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder, 18a ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2003.
–––––. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 2004.
–––––. A ordem do discurso, 11a ed. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
–––––. História dos sistemas e pensamento. Almada – Portugal: Editorial Centelha Viva, s.d.
FRAGOSO, João Luís. Homens de Grossa Aventura: Acumulação e hierarquia na praça
mercantil do Rio de Janeiro (1790 -1839). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.
–––––. FLORENTINO, Manolo. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade
agrária e elite mercantil em uma economia colonial tardia: Rio de Janeiro, c. 1790 – c.
1840. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mucambos: decadência do patriarcado rural e desenvol-
vimento urbano. In: Interpretes do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2a ed., 2002.
GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. Rio de Janeiro: Lacerda Editores. 2000.
GONÇALVES, Ana Maria. Um defeito de cor. Rio de Janeiro: Editora Record, 2006.
GORENSTEIN, Riva . Comércio e Política: o enraizamento de interesses mercantis portu-
gueses no Rio de Janeiro (1808-1830). In: MARTINHO, Lenira Menezes; GORENSTEIN,
Riva. Negociantes e Caixeiros na Sociedade da Independência. Rio de Janeiro: Prefeitura
da Cidade do Rio de Janeiro / Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esportes / Depar-
tamento Geral de Documentação e Informação Cultural, 1992.
GOUVEA, Maria de Fátima Silva. Redes de poder na América Portuguesa: O caso dos
homens bons do Rio de Janeiro, ca. 1790-1822. In: Rev. Bras. Hist., vol. 18, no. 36. 1998,
p. 297-330. ISSN 0102-0188.
–––––. Poder político e administração na formação do complexo atlântico português
(1645-1808). In: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fáti-
ma (Orgs.). O Antigo Regime nos Trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI
– XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
HESPANHA, António Manuel. As estruturas políticas em Portugal na Época Moderna. In:
TENGARRINHA, José (org.). História de Portugal, 2a ed. Rev. e Ampl. Bauru, SP:
EDUSC; São Paulo, SP: UNESP; Portugal, PT: Instituto Camões, 2001.
KARASCH, Mary C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo:
Companhia das Letras, 2000.
MARTINHO, Lenira Menezes, GORENSTEIN, Riva. Negociantes e Caixeiros na Sociedade
da Independência. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esportes,
Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, 1993.
MARTINS, Luciana de Lima. O Rio de Janeiro dos viajantes: o olhar britânico (1800-
1850). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
MATTOS, Ilmar Rohloff de. O tempo Saquarema. São Paulo: Hucitec, 2004.
MAURO, Frédéric. Portugal e o Brasil: a estrutura política e econômica do Império,
1580-1750. In: BETHELL, Leslie (Org.). História da América Latina: América Latina
Colonial, vol. I. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Brasília, DF: Fundação
Alexandre de Gusmão, 1999.
MENDONÇA, Marcos Carneiro de. Raízes da Formação Administrativa do Brasil, 2 vol. s.d.
MONTEIRO, Nuno Gonçalo Freitas. A Consolidação da Dinastia de Bragança e o Apogeu
do Portugal Barroco: centros de poder e trajetórias sociais. In: TENGARRINHA, José
(Org.). História de Portugal, 2a ed. Rev. e Ampl. Bauru, SP: EDUSC; São Paulo, SP:
UNESP; Portugal, PT: Instituto Camões, 2001.
179
Luciano R. Pinto
PANTOJA, Selma; SARAIVA, José Flávio Sombra. Angola e Brasil nas rotas do Atlântico
Sul. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
PEREIRA, Antônio. A analítica do poder em Michel Foucault. Belo Horizonte: Autêntica;
FUMEC, 2003.
PINTO, Luciano Rocha. O Avaliador de Escravos: poder local e hierarquização (Rio de Janeiro,
1808-1831). In: Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro (no 2, 2008). Edição
200 anos da Chegada da Família Real. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2008.
–––––. O Avaliador de Escravos e o mercado de almas da praça carioca. (1808-1831).
Rio de Janeiro: Edição do autor, 2005.
PRADO Jr. Caio. Formação do Brasil Contemporâneo, 23ª ed., 7a reimpressão. São Paulo:
Brasiliense.
REMOND, Réne. Por uma História Política. Rio de Janeiro: FGV, 2003.
RUSSEL-WOOD, A. J. R. O Brasil Colonial: o ciclo do ouro, c. 1690-1750. In:
BETHELL, Leslie (Org.). História da América Latina: América Latina Colonial, vol. II.
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Brasília, DF: Fundação Alexandre de
Gusmão, 1999.
SAMPAIO, Antonio Carlos Jucá. Os Homens de Negócio do Rio de Janeiro e sua atuação
nos quadros do Império Português (1701-1750). In: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria
Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima (Orgs.). O Antigo Regime nos Trópicos: a dinâmica
imperial portuguesa (séculos XVI – XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e representação. Rio de Janeiro:
Contraponto, 2004.
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos Internos: engenhos e escravos na sociedade colonial
(1550-1835). São Paulo: Companhia das Letras, 2005
–––––. O Brasil Colonial, c. 1580-1750: as grandes lavouras e as periferias. In:
BETHELL, Leslie (org.). História da América Latina, vol. II (A América Latina Colo-
nial). São Paulo: EDUSP-FUNAG, 1999.
–––––. Burocracia e sociedade no Brasil colonial. São Paulo: Perspectiva, 1979.
SILVA, Andrée Mansuy-Diniz. Portugal e o Brasil: a reorganização do Império. In:
BETHELL, Leslie (org.). História da América Latina, vol. I (A América Latina Colonial).
São Paulo: EDUSP-FUNAG, 1999.
SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. Conquista e Colonização da América Portuguesa: o
Brasil colônia – 1500/1750. In: LINHARES Maria Yedda (Org.). História Geral do Brasil,
9a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1990.
SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Vida Privada e Quotidiana no Brasil na Época de
D. Maria I e D João VI. Lisboa: Editorial Estampa, 1993.
SILVA, Marilene Rosa Nogueira da. Negro na Rua: A nova face da escravidão. São Paulo.
Editora Hucitec. 1988.
SLENES, Robert W. Na senzala uma flor: esperanças e recordações na formação da
família escrava, Brasil, Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
SOUZA, Avanete Pereira. Poder local e autonomia camarária no Antigo Regime: o Sena-
do da Câmara da Bahia (século XVIII). In: BICALHO, Maria Fernanda; FERLINE, Lúcia
Amaral (Orgs.). Modos de Governar: ideias e práticas políticas no império português
(séculos XVI-XIX). São Paulo: Alameda, 2005.
SOUZA, Iara Lis Carvalho. A adesão das câmaras e a figura do Imperador. In: Rev. Bras.
Hist., vol.18, no.36. 1998, p. 367-394. ISSN 0102-0188.
180
PODER E ESCRAVIDÃO
TEIXEIRA, Rodrigo Corrêa. História dos Ciganos no Brasil. Recife: Núcleo de Estudos
Ciganos, 2000. Livro Digital. Disponível na página: www . dhnet . org . br / direitos / sos /
ciganos/ciganos02html. Acessado em : 14/02/2007.
VIANA, Oliveira. Populações Meridionais do Brasil. In: Intérpretes do Brasil, 2a ed. Rio
de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.
WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José C. M. Formação do Brasil Contemporâneo,
2a ed., Rio de Janeiro: Nova Fonteira, 1999.
Obras de Referência
AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos históri-
cos, 3ª ed. Ampliada e atualizada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia, 3a ed. Ver. e
ampliada. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1996.
VAINFAS, Ronaldo (Org.). Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001.
–––––. Dicionário do Brasil Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
SCISÍNIO, Alaôr Eduardo. Dicionário da Escravidão. Rio de Janeiro: Léo Christiano Edi-
torial, 1997.
181
Luciano R. Pinto
182
PODER E ESCRAVIDÃO
E-mail: pajulivros@gmail.com
Tel. 55 21 2223-2200
Av. Passos, 122 – Gr. 401 – Centro
Rio de Janeiro – RJ
183
Luciano R. Pinto
184