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M AT ER IAL DE
AP OIO
Concurso de Pessoas
• vínculo subjetivo;
A conduta deve ser relevante, pois sem ela a infração penal não teria ocorrido como e quando
ocorreu. O art. 29, caput, do Códig o Penal fala "quem de qualquer modo concorre", mas vale
acrescentar: de s de q ue a conduta individua l influa e fe tiva me nte no re s ulta do. De fato,
a participação inócua, que em nada concorre para a realização do crime, é irrelevante para o
Direito Penal.
Uma vez demonstrada a efetiva colaboração no caso concreto, não se reclama a identificação
De todos os envolvidos na empreitada criminosa (STJ: HC 197.501/SP).
Esse requisito (relevância causal) depende de uma contribuição pré via ou concomita nte à
e xe cução , isto é, anterior à consumação. A concorrê ncia pos te rior à cons uma ção, e m
re g ra , config ura crime a utônomo . A contribuição pode a té s e r concre tiza da a pós a
cons uma ção, de s de q ue te nha s ido a jus ta da a nte riorme nte .
Os ag entes devem revelar vontade homog ênea, visando a produção do mesmo resultado =
princípio da conve rg ê ncia . Log o, não é possível a contribuição dolosa para um crime
culposo, nem a concorrência culposa para um delito doloso.
O vínculo subjetivo não depende, contudo, do prévio ajuste entre os envolvidos (pactum
sceleris ) . Basta a ciência por parte de um ag ente no tocante ao fato de concorrer para a
conduta de outrem (scientía sceleris ou scientia maleficii), chamada pela doutrina de "consciente
e voluntária cooperação", "vontade de participar", "vontade de coparticipar", "adesão à vontade
ele outrem" ou "concorrência de vontades".
Não procede a aleg ação da defesa no sentido de que teria havido mero concurso de ag entes
para a prática, em tese, dos demais crimes narrados na denúncia (lavag em de dinheiro e, em
alg uns casos, corrupção passiva). Os fatos, como narrados pelo Procurador-Geral da
República, demonstram a; existência de uma associação prévia, consolidada ao long o tempo,
reunindo os, requisitos "estabilidade" e "finalidade voltada para a prática de crimes", além da
"união ele desíg nios" entre os acusados (lnq. 2.245/MG).
Art. 29, CP - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Adotou-s e a te oria unitá ria , monística ou monista: quem concorre para um crime, por ele
responde. Todos os coautores e partícipes se sujeitam a um único tipo penal: há um único crime
Exce pciona lme nte , contudo, o CP abre espaço para a te oria plura lis ta , pluralística, da
cumplicidade do crime distinto ou autonomia da cumplicidade, pela qual se separam as
condutas, com a criação de tipos penais diversos para os ag entes que buscam um mesmo
resultado. Exemplos:
b) big amia: quem já é casado pratica o crome do art. 235, caput, ao passo que aquele que não
é casado responde pelo §1º do mesmo dispositivo;
c) o funcionário público pratica corrupção passiva (art. 317) e o particular, corrupção ativa
(art. 333);
d ) quem presta falso testemunho ou falsa perícia responde pelo Art. 342, caput, enquanto
que quem dá, oferece ou promete dinheiro ou qualquer outra vantag em para que isto seja
feito, responde pelo art. 343, caput.
Em sede doutrinária ainda despontam outras duas teorias: dualista e mista. Para a teoria
dualista, idealizada por Vicenzo Manzini, há dois crimes distintos: um para os coautores e outro
para os partícipes. Por fim, para a teoria mista, proposta por Francesco Carnelutti, “o delito
concursal é uma soma de delitos sing ulares, cada um dos quais pode ser chamado delito em
concurso. (...) o primeiro não constitui uma entidade autônoma, mas elemento de um delito
complexo que é o concursal”.
Princípio da e xte riorida de : requer, em seu limite mínimo, o início da execução para que haja
crime.
Art. 31, CP: O ajuste, a determinação ou instig ação e o auxílio, salvo disposição expressa em
contrário, não são puníveis, se o crime não cheg a, pelo menos, a ser tentado.
2.1 Te oria s
a ) te oria s ubje tiva ou unitá ria : não diferencia o autor do partícipe. Autor é aquele que de
qualquer modo contribuir para a produção de um resultado penalmente relevante. Seu
fundamento repousa na teoria da equivalência dos antecedentes ou conditio sine qua non, pois
qualquer colaboração para o resultado, independente do seu g rau, a ele deu causa. Uma
evidência dessa posição ainda existe no art. 349:
Art. 349, CP: Prestar a criminoso, fora cios casos de coa utoria ou de receptação, auxílio
destinado a tomar seg uro o proveito do crime.
b) te oria e xte ns iva : também se fundamenta na teoria da equivalência dos antecedentes, não
disting uindo o autor do partícipe. É, todavia, mais suave, porque admite causas de diminuição
da pena para estabelecer diversos g raus de autoria. Aparece nesse âmbito a fig ura do cúmplice:
autor que concorre de modo menos importante para o resultado.
c) te oria obje tiva ou dua lis ta : opera nítida distinção entre autor e partícipe. É a atualmente
adotada pelo CP.
- autor é quem realiza o núcleo ("verbo") do tipo penal, ou seja, a conduta criminosa descrita
pelo preceito primário da norma incriminadora;
- partícipe é quem de qualquer modo concorre para o crime, sem praticar o núcleo do tipo.
A atuação do partícipe seria impune se não existisse a norma de extensão pessoal prevista no
art. 29, caput, do Códig o Penal. A adequação típica, na participação, é de subordinação mediata.
Nesse contexto, o autor intelectual, é dizer, aquele que planeja mentalmente a conduta
criminosa, é partícipe, e não autor, eis que não executa o núcleo do tipo penal.
- autor é quem presta a contribuição objetiva mais importante para a produção do resultado, e
não necessariamente aquele que realiza no núcleo do tipo penal;
- partícipe é quem concorre de forma menos relevante, ainda que mediante a realização do
núcleo do tipo.
- amplia o conceito de autor, definindo-o como aquele que tem o controle final do fato, ainda
que não realize o núcleo do tipo penal; aquele que tem a capacidade de fazer continuar e de
impedir a conduta. Por corolário, o conceito de autor compreende:
b) o autor intelectual: é aquele que planeja mentalmente a empreitada criminosa. É autor, e não
partícipe, pois tem poderes para controlar a prática do fato punível. Exemplo: o líder de uma
org anização criminosa pode ordenar, interromper e retomar a execução do delito como melhor
lhe aprouver;
c) o autor mediato: é aquele que se vale de um inculpável ou de pessoa que atua sem dolo ou
culpa para cometer a conduta criminosa; e
- partícipe é quem de qualquer modo concorre para o crime, desde que não realize o núcleo do
tipo penal nem possua o controle final do fato; é mero concorrente acessório; só possui o
domínio da vontade da própria conduta.
A teoria do domínio do fato somente tem aplicação nos crimes dolosos, pois não se pode
conceber o controle final de um fato não desejado pelo autor da conduta (culposo). Padece da
mesma deficiência da teoria finalista da conduta, criticada por não
O art. 29, caput, do Códig o Penal, acolheu a te oria re s tritiva , no prisma obje tivo-forma l.
Autor é quem realiza o núcleo do tipo penal; partícipe é quem de qualquer modo concorre para
o crime, sem executar a conduta criminosa. A teoria deve, todavia, ser complementada pela
teoria da a utoria me dia ta .
Destaque-se que no julg amento do "mensalão" alg uns ministros do STF se filiaram à teoria do
domínio do fato. Essa teoria também g anhou força com a edição da Lei do Crime Org anizado:
Art. 2.º, § 3.º: A pena é ag ravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da
org anização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
Conforme explanado acima, o art. 29, caput, do Códig o Penal filiou-se à teoria unitária ou
monista. A ide ntida de de crime , contudo, não importa a utoma tica me nte e m
ide ntida de de pe na s . O art. 29, caput, do Códig o Penal curvou-se ao princípio da
culpabilidade, ao empreg ar em sua parte final a expressão "na me dida de s ua
culpa bilida de ". Nesses termos, as penas devem ser individualizadas no caso concreto,
levando-se em conta o sistema trifásico delineado pelo art. 68 do Códig o Penal.
Ademais, é importante destacar que um autor ou coautor não necessariamente deverá ser
punido mais g ravemente do que um partícipe. O fator decisivo para tanto é o caso concreto,
levando-se em conta a culpabilidade de cada ag ente.
Nesse sentido, um autor intelectual (partícipe) normalmente deve ser punido de forma mais
severa do que o autor do delito, pois sem a sua vontade, sem a sua ideia o crime não ocorreria:
Art. 62, I: "A pena será ainda ag ravada em relação ao ag ente que promove, ou org aniza a
cooperação no crime ou dirig e a atividade dos demais ag entes".
Em suma, o autor intelectual, além de responder pelo mesmo crime imputado ao autor, tem
contra si, por mandamento leg al, uma ag ravante g enérica.
Art. 29, § 2º, CP: "Se alg um dos concorrentes quis participar de crime menos g rave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até a 1/2 (metade), na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais g rave".
Essa reg ra constitui-se em corolário lóg ico da teoria unitária ou monista adotada pelo CP.
Destina-se, ainda, a afastar a responsabilidade objetiva no concurso de pessoas.
Dois ou mais ag entes cometeram dois ou mais crimes, sendo que em relação ao mais g rave,
não estavam lig ados pelo vínculo subjetivo, isto é, não tinham unidade de propósitos quanto à
produção do resultado.
Exemplo: "A" e ''B", pretendendo furtar um automóvel, tentavam abrir a porta do veículo, sendo
que surg e seu proprietário. "A" fog e, mas “B”, que trazia consig o um revólver, circunstância
que não havia comunicado ao seu comparsa, atira na vítima, matando-a = "A" responde por
tentativa de furto (CP, art. 155 c/c o art. 14, II) e "B" por latrocínio consumado (CP, art. l 57, §3º,
in fine ).
Em tal situação não há concurso de pessoas, pois o vínculo subjetivo existia somente no tocante
ao crime menos g rave. Veda-se, destarte, a responsabilidade penal objetiva, pois não ag iu com
dolo ou culpa.
O crime mais g rave não pode ser imputado, em hipótese alg uma, àquele que apenas quis
participar de um crime menos g rave, sem qualquer majoração da pena, ainda que fosse o crime
mais g rave previsível àquele que concorreu exclusivamente ao crime menos g rave.
Pode ocorrer, contudo, de a conduta ser mais reprovável, situação em que a pena do crime
menos g rave poderá ser aumentada até a 1/2 (metade). No exemplo acima, imag inemos que
"A" tinha ciência de que "B" andava armado com frequência e já tinha matado diversas
pessoas.
Essa previsibilidade deve ser aferida de acordo com o juízo do homem médio, ou seja,
mediante prudência razoável e intelig ência comum
Coautoria parcial, ou funcional é aquela em que os diversos ag entes praticam atos diversos, os
quais, somados, produzem o resultado almejado. Ex.: "A" seg ura a vítima enquanto "B" a
esfaqueia.
Coautoria direta ou material é aquela em que os ag entes realizam atos ig uais, visando a
produção do resultado. Ex.: "A" e "B'' g olpeiam "C" com uma faca.
Crimes próprios ou especiais são aqueles em que o tipo penal exig e uma situação de fato ou de
direito diferenciada por parte do sujeito ativo. Ex.: peculato (CP, art. 312), cujo sujeito ativo
deve ser funcionário público; infanticídio (CP, art. 123), que precisa ser praticado pela mãe,
Crimes de mão própria, de atuação pessoal ou de conduta infung ível, são os que somente
podem ser praticados pelo sujeito expressamente indicado pelo tipo penal. Ex.: falso
testemunho (CP, art. 342).
Os crime s próprios pode m s e r pra tica dos e m coa utoria . Ex.: funcionários públicos que,
juntos, subtraem bens pertencentes à Administração Pública. Ademais, é pos s íve l q ue s e ja
um crime próprio come tido e m concurs o com te rce ira pe s s oa q ue não pos s ua e s s a
q ua lida de e xig ida e m le i . Exemplo: funcionário + particular = ambos respondem por
peculato. Isto porque, conforme o art. 30, CP, por ser a condição de funcionário público
e le me nta r do peculato, comunica - s e a q ue m pa rticipa do crime , de s de q ue de la te nha
conhe cime nto.
Os crime s de mão própria , por sua vez, s ão incompa tíve is com a coa utoria , visto que só
podem ser praticados exclusivamente pela pessoa taxativamente indicada pelo tipo penal.
Existe somente uma exceção a esta reg ra, relativa ao crime de fa ls a pe rícia (CP art. 342)
praticado em concurso por dois ou mais peritos, contadores, tradutores ou intérpretes, como
na hipótese em que dois peritos subscrevem dolosamente o mesmo laudo falso. Tra ta -s e e le
crime de mão própria come tido e m coa utoria .
O e xe cutor de re s e rva
Ocorre quando a conduta, iniciada em autoria única, se consuma com a colaboração de outra
pessoa, mas sem prévio e determinado ajuste. Ex.: se um dos ag entes g olpeou a vítima com
socos e pontapés na cabeça, jog ando-a ao chão, e mais adiante seu companheiro ating e-a
outra vez na cabeça, respondem ambos, em coautoria sucessiva, pelo resultado.
Ex.: duas pessoas podem, caminhando pela rua, deparar-se com outra, ferida, em busca de
ajuda, sendo que ambos resolvem ir embora = coautoras do crime de omissão de socorro (art.
135, CP).
2ª posição: Não se admite a coautoria em crimes omissivos, qualquer que seja a sua natureza -
isto porque cada um dos sujeitos detém o seu dever de ag ir - imposto pela lei a todos, nos
próprios, ou pertencente a pessoas determinadas (CP, art. 13, § 2º), nos impróprios ou
comissivos por omissão -, de modo individual, indivisível e indeleg ável.
A a utoria me dia ta
Cuida-se de construção doutrinária. Trata-se da espécie de autoria em que alg uém, o "sujeito de
trás" se utiliza, para a execução da infração penal, de uma pessoa inculpável ou que atua sem
dolo ou culpa.
Ine xis te vínculo s ubje tivo = ine xis te concurs o de a g e nte s. S ome nte a o a utor
me dia to pode s e r a tribuída a proprie da de do crime . Nada impede, todavia, a coautoria
mediata e participação na autoria mediata.
Ex.: "A" e "B" pedem a "C'', inimputável, que mate alg uém (coautoria mediata), ou, então, "A"
induz "B", ambos imputáveis, a pedir a "C'', menor de idade, a morte de outra pessoa
(participação na autoria mediata).
a) inimputabilidade penal do executor por menoridade penal, embriag uez ou doença mental
d) erro de tipo escusável, provocado por terceiro (CP, art. 20, § 2º); e
e) erro de proibição escusável, provocado por terceiro (CP, art. 21, caput).
Além delas, outros casos podem ocorrer, nas hipóteses em que o ag ente atua sem dolo ou
culpa, tais como na coação física irresistível, no sonambulismo e na hipnose.
A autoria mediata é incompatível com os crimes culposos, pois nesses crimes o resultado
naturalístico é involuntariamente produzido pelo ag ente.
Entende-se pela a dmis s ibilida de da a utoria me dia ta nos crime s próprios , desde que o
autor mediato detenha todas as qualidades ou condições pessoais reclamadas pelo tipo penal.
Ex.: funcionário público pode se valer de um subalterno sem culpabilidade, em decorrência da
obediência hierárquica, para praticar um peculato.
Partamos de desta constatação: por tratar-se de crime próprio, não pode ser autor aquele que,
Aparentemente o particular ficaria impune. Mas, perg unta-se, o ag ente não concorre de
qualquer modo para o delito? Respondendo afirmativamente, Zaffaroni e Pierang eli concluem
que, embora o particular não seja autor nem partícipe do delito, é autor da determinação para o
crime:
Autoria de e s critório
É autor de escritório o ag ente que transmite a ordem a ser executada por outro autor direto,
dotado de culpabilidade e passível de ser substituído a qualquer momento por outra pessoa, no
âmbito de uma org anização ilícita de poder. Exemplo: o líder do PCC dá as ordens a serem
seg uidas por seus comandados (muito comum nos g rupos terroristas).
É qualquer tipo de colaboração, desde que não relacionada à prática do verbo contido na
descrição da conduta criminosa. Exemplo: aquele que, ciente do propósito criminoso do autor,
e disposto a com ele colaborar, empresta uma arma de fog o municiada para ser utilizada na
execução de um assassinato.
Requisitos: (1) propósito de colaborar para a conduta do autor (principal); e (2) colaboração
efetiva; comportamento acessório que concorra para a conduta principal.
Es pé cie s
Participação moral
Não há colaboração com meios materiais, mas apenas com ideias ilícitas.
Induzir é fazer surg ir na mente de outrem a vontade criminosa, até então inexistente.
Ins tig a r é reforçar a vontade criminosa que já existe na mente de outrem.
O induzimento normalmente ocorre na fase de cog itação, mas nada impede que ocorra
durante os atos preparatórios. Já a instig ação, é possível até mesmo durante a execução,
Participação material
Pode ser efetuado durante os atos preparatórios ou executórios, mas nunca após a
consumação, salvo se ajustado previamente . Ca s o e fe tua do a pós a cons uma ção, ma s s e m
a jus te pré vio, config ura rá crime a utônomo de fa vore cime nto pe s s oa l (a rt. 348, CP).
A conduta do partícipe tem natureza acessória, pois não realiza o núcleo do tipo penal. Log o,
sem a conduta principal, praticada pelo autor, a atuação do partícipe, em
reg ra, é irrelevante (STJ, HC 129.078/SP). A adequação típica tem subordinação mediata, por
força da norma de extensão pessoal prevista no art. 29, caput, do Códig o Penal.
Art. 31, CP: o ajuste, a determinação ou instig ação e o auxílio, salvo disposição expressa em
contrário, não são puníveis, se o crime não cheg a, pelo menos, a s e r te nta do .
Hipe ra ce s s orie da de Reclama tenha o autor praticado um fato típico + ilícito + ag ente
culpável + punição efetiva do ag ente no caso concreto, a exemplo de
quando o executor morre.
Art. 29, § 1º, CP - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de
um sexto a um terço.
Não é possível a aplicação da diminuição ao coautor, por ausência de previsão leg al, além do
que o coautor sempre tem papel decisivo (STJ, HC 20.819/MS).
Além disso, prevalece na doutrina o entendimento de que o dispositivo leg al não s e a plica a o
a utor inte le ctua l, embora seja partícipe, pois, se arquitetou o crime, evidentemente a sua
participação não se compreende como de menor importância.
Não confundir com participação inócua, aquela que em nada contribuiu para o resultado, que é
penalmente irrelevante.
Art. 31, CP: "O ajuste, a determinação ou instig ação e o auxílio, salvo disposição expressa em
contrário, não são puníveis, se o crime não cheg a, pelo menos, a ser tentado".
A impunibilidade prevista no dispositivo leg al não deve ser atribuída ao ag ente, mas ao fato.
Cuida-se de ca us a de a tipicida de da conduta do pa rtícipe , e não de causa de isenção da
pena.
A jus te é o acordo traçado entre duas ou mais pessoas. De te rmina ção é o que foi decidido
por alg uém, almejando uma finalidade específica. Ins tig a ção é o reforço para a realização de
alg o a que uma pessoa já estava determinada a fazer. E, por fim, a uxílio é a colaboração
material prestada a alg uém para ating ir um objetivo.
As exceções, conforme exig ido pelo próprio dispositivo, devem estar previstas em lei. É o que
Conivê ncia , pa rticipa ção ne g a tiva , crime s ile nte , ou concurs o a bs oluta me nte
ne g a tivo
Situações em que o sujeito não está vinculado à conduta criminosa e não possui o dever de ag ir
para impedir o resultado. Exemplo: um transeunte assiste ao roubo de uma pessoa
desconhecida e nada faz. Não é pa rtícipe .
Casos em que um mesmo sujeito é instig ado, induzido ou auxiliado por dua s ou ma is
pe s s oa s, ca da q ua l de s conhe ce ndo o comporta me nto a lhe io , para executar urna
infração penal. A participação sucessiva deve ter sido capaz de influir no propósito criminoso,
pois, se a ideia já estava perfeitamente sedimentada na mente do ag ente, será inócua a
participação posterior, impedindo a punição do seu responsável.
Casos em que alg uém induz ou instig a uma pessoa, para que esta posteriormente induza,
instig ue ou auxilie outro indivíduo a cometer um crime determinado.
Ex.: art. 312, § 2.º, do Códig o Penal = imag inemos que um funcionário público, ao término de
seu expediente, esqueça aberta a janela do seu g abinete, ocasionando a entrada de um ag ente
que subtrai um computador pertencente ao Estado. O funcionário público desidioso responde
por peculato culposo, e o particular por furto.
Circunstâncias incomunicáveis são as que não se estendem aos coautores ou partícipes de uma
infração penal.
São os dados fundamentais que integ ram a São os fatores que se ag reg am ao tipo
definição básica de urna infração penal. fundamental, para o fim de aumentar ou
diminuir a pena. Ex.: homicídio - "relevante
Ex.: homicídio – “matar” “alg uém” valor moral" (§ 1º), o "motivo torpe" (§2º, I) e
o "motivo fútil" (§ 2.º, II), dentre outras.
O crité rio q ue me lhor pos s ibilita a dis tinção é o da e xclus ão ou da e limina ção . Com
efeito, excluindo-se uma elementar, o fato se torna atípico, ou então se opera a desclassificação
para outra infração penal. Por outro lado, a exclusão de uma circunstância tem o condão de
apenas aut1entar ou diminuir a pena de uma infração penal.
Tomemos como exemplo o estado puerperal no infanticídio. Note que terceira pessoa que
eventualmente auxilie a mãe está em sua plena condição física e psicológ ica, mas mesmo
assim será beneficiado. Destarte, justa ou não a situação, a lei fala em elementares, e, seja qual
for sua natureza, é necessário que se estendam a todos os coautores e partícipes.
O mandato g uarda íntima relação com a fig ura do autor intelectual, em que alg uém (partícipe)
delibera sobre a prática de uma infração penal e transmite a outrem (autor) a tarefa de executá-
lo. Caso ocorra falta de coincidência entre a vontade do partícipe e o comportamento do autor,
a questão eleve ser solucionada com base nas reg ras inerentes à cooperação dolosamente
distinta e à comunicabilidade das elementares e circunstancias, desde que tenham ing ressado
na esfera de conhecimento de todos os ag entes (CP, arts. 29, § 2.º, e 30).
Ocorre quando duas ou mais pessoas intervêm na execução de um crime, buscando ig ual
resultado, embora cada uma delas ig nore a conduta alheia.
Exemplo: "A" e "B" escondem-se, sem saber da existência do outro, atrás de árvores. Quando
"C", inimig o de ambos, por ali passa, ambos contra ele efetuam disparos de armas de fog o. "C"
morre, revelando o exame necroscópico em razão dos disparos orig inários da arma de "A".
Não há concurs o de pe s s oa s, pois e s ta va a us e nte o vínculo s ubje tivo entre "A" e ''B".
Porta nto, ca da um dos a g e nte s re s ponde pe lo crime a q ue de u ca us a : "A'' por
homicídio consumado, e ''B" por tentativa de homicídio. Se ficasse demonstrado que os tiros de
"B" ating iram o corpo de "C" quando já estava morto, "B" ficaria impune, por torça da
Surg e no campo da autoria colateral, quando mais de uma pessoa é indicada como autora do
crime, mas não se apura com precisão qual foi a conduta que efetivamente produziu o resultado.
Suponha que no exemplo acima não é possível aferir quem desferiu o tiro fatal. Em tal situação,
não se pode imputar o resultado morte para "A" e "B", e como não há concurso de pessoas,
a mbos de ve m re s ponde r por te nta tiva de homicídio . De fato, ambos produziram atos de
execução (atiraram), mas, por não se saber quem de fato provocou a morte da vítima, não se
pode responsabilizar qualquer deles pelo homicídio consumado, aplicando-se o princípio in
dubio pro re o .
Um dos ag entes praticou homicídio, e o outro, crime impossível por ineficácia absoluta do meio
(CP, art. 17), sendo que, como não é possível aferir a conduta de cada um, a única solução é o
a rq uiva me nto do inq ué rito policia l, a plica ndo a a mbos o crime impos s íve l, já que não
há concurso de pessoas, por ausência do vínculo subjetivo, aplicando-se o princípio in dubio pro
reo.
Ocorre quando um crime foi cometido, mas não se sabe quem foi seu autor, não há indícios que
Art. 65, III, e : a pena será atenuada em relação ao ag ente que cometeu o crime sob a influência
da multidão em tumulto, se não o provocou.
Art. 62, I: estabelece uma ag ravante g enérica para o sujeito que promove, ou org aniza a
cooperação no crime ou dirig e a atividade dos demais ag entes.
Perg unta-se: a integ ração a uma multidão criminosa é, por si só, suficiente para demonstrar o
vínculo subjetivo entre os ag entes, caracterizando o concurso de pessoas?
Não é inepta a denúncia por crime ele lavag em de dinheiro e formação ele quadrilha ou
bando que, em vista de diversos ag entes supostamente envolvidos, descreve os fatos de
De outro lado, minoritariamente, sustenta Rog ério Checo que os crimes multitudinários
dependem, para a config uração do concurso ele pessoas, da comprovação
Com efeito, o crime culposo é normalmente definido por um tipo penal aberto, e nele se
encaixa todo o comportamento que viola o dever objetivo de cuidado. Assim, é autor todo
aquele que, desrespeitando esse dever contribui para a produção do resultado naturalístico, de
modo que não e xis te dife re nça e ntre a utore s e pa rticipe s nos crime s culpos os. Toda
cla s s e de ca us a ção do re s ulta do típico culpos o é a utoria .
OBS .: Não é pos s íve l a pa rticipa ção dolos a e m crime culpos o , em razão da unidade
de elemento subjetivo exig ida para a caracterização do concurso de pessoas. Na hipótese em
que alg uém, dolosamente, concorre para que outrem produza um resultado naturalístico
culposo, há dois crimes: um doloso e outro culposo. Exemplo: "A", com a intenção de matar
"B'', convence "C" a acelerar seu carro em uma curva, pois sabe que naquele instante "B" por
ali passará de bicicleta. "A" responde por homicídio doloso (CP, art. 121), e "C" por homicídio
culposo na direção de veículo automotor (Lei 9.503/1997 - CTB, art. 302).
[1] ZAFFARONI: E. Raúl; PIERANGELI, José Henrique Manual de direito penal brasileiro.
[2] BITENCOURT. Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Parte g eral. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 2007. V, 1, p. 428.