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5

SUMÁRIO

138 RESUMO

138 ABSTRACT

139 5.1 – INTRODUÇÃO F acies e S istemas


141

141
5.2 – METODOLOGIA

5.2.1 – Campanhas Oceanográficas e


Coleta de Sedimentos Marinhos
S edimentares em Á guas
141

143
5.2.2 – Análises Laboratoriais

5.3 – RESULTADOS ANALÍTICOS DOS


P rofundas no C ontexto da
145
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS

5.4 – FACIOLOGIA SUPERFICIAL DOS


SEDIMENTOS DE FUNDO
B acia de S ergipe -A lagoas
148 5.5 – FACIOLOGIA DOS TESTEMUNHOS
RASOS

148 5.5.1 – Testemunhos Rasos do Sistema


São Francisco Luiz Carlos da Silveira Fontes | Universidade Federal de Sergipe
154 5.5.2 – Testemunhos Rasos Obtidos no
Sistema Japaratuba Jonas Ricardo dos Santos | Universidade Federal de Sergipe
João Bosco Souza Mendonça | Universidade Federal de Sergipe
158 5.6 – SISTEMAS SEDIMENTARES
RIO-MAR RECENTES NA BACIA Landerlei Almeida Santos | Universidade Federal de Sergipe
DE SERGIPE-ALAGOAS
Marciléia Silva dos Santos | Universidade Federal de Sergipe
161 5.7 – CONCLUSÕES Ángel Puga-Bernabéu | Universidade de Granada – Espanha
162 5.8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

*Autor para contato: luizfontes@gmail.com


Fontes, L. C., Kowsmann, R. O., Puga-Barnabéu, A. (editores). Geologia e Geomorfologia da Bacia de Sergipe-Alagoas.
Editora Universidade Federal de Sergipe

Petrobras/UFS
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 138

RESUMO ABSTRACT

O fundo marinho profundo adjacente aos Estados de Sergipe e The deep marine seafloor adjacent to the States of Sergipe
Alagoas apresenta uma particularidade que o diferencia do con- and Alagoas presents a particular feature that sets it
texto existente no nordeste do Brasil, isto é, a existência de um apart from the rest of NE Brazil, namely the existence of a
amplo leque submarino associado do rio São Francisco. Em um submarine fan associated with the São Francisco River. In
espaço geográfico tão pequeno, é possível encontrar uma varie- such a small geographic space it is possible to encounter
dade de contextos geológicos, que incluem também a região a variety of geological contexts which also include the
costeira e marinha rasa. O controle morfo-estrutural condicio- coastal and shallow marine regions. The morpho-structural
nou fortemente a paleogeografia regional, inclusive induzindo control strongly influenced the regional paleogeography,
a formação de sistemas rio-mar, em especial, no Quaternário, leading to the formation, during the Quaternary, of river-
com a deposição marinha profunda, em canais e leques sub- fed submarine systems, notably channels and fans. In the
marinos. Na morfologia do fundo submarino, os canais não for- seafloor morphology, with the exception of the São Francisco
mam leques submarinos (com exceção do rio São Francisco) nas River, the channels do not form submarine fans at their
suas terminações e se unem em grande profundidade (3.500 downstream end and unite at great depths (3.500 to 4.000m),
a 4.000m), onde podem formar lobos submarinos, ainda não where they may form submarine lobes, not as yet identified.
identificados. No contexto do rio São Francisco, na terminação In the context of the São Francisco River, a series of volcanic
dos canais submarinos, existe um conjunto de montes vulcâ- seamounts block the submarine channels, diverting its course
nicos, que é contornado pelo canal e podem dar origem a um and ending perhaps as a submarine lobe. Study of the surface
outro lobo submarino em aguas ultra-profundas. Os estudos da sediment facies was based on samples collected by box-cores
faciologia dos sedimentos superficiais marinhos foram basea- during two oceanographic expeditions and analyzed in the
dos nas amostras coletadas por box- cores durante as duas cam- laboratory, with macroscopic and compositional descriptions,
panhas oceanográficas e analisadas em laboratório, com descri- laser measured grain size, carbonate content, bioclastic
ções macroscópicas, composicionais, granulometria à laser, teor composition, density, humidity, organic matter content and
de carbonato, descrição dos biodetritos, densidade, umidade, 14C dating. The spatial distribution of the surface sediments
teor de matéria orgânica e datações 14C. A distribuição espa- shows that the São Francisco and Japaratuba canyons are
cial dos sedimentos superficiais mostrou que, nos cânions São richer in siliciclastic material and poorer in carbonate content,
Francisco e Japaratuba, são mais ricos em material de origem which indicates a larger input of terrigenous sediments of
siliciclástica e pobres no teor de carbonatos, o que indica uma fluvial origin. The São Francisco River was responsible during
maior contribuição de sedimentos terrígenos, de origem fluvial. the Quaternary for the large sediment supply to the deep-sea.
O rio São Francisco foi responsável no Quaternário por um ele-
Keywords: Submarine Canyons; River-sea interaction;
vado aporte de sedimentos que influenciaram diretamente a
Sedimentology; Quaternary.
sedimentação em águas profundas.

Palavras chave: Cânions Submarinos; Interação rio-mar;


Sedimentologia; Quaternário.

Petrobras/UFS
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 139

5.1 – INTRODUÇÃO 5.1


5.2 – METODOLOGIA
INTRODUÇÃO
5.2.1 – Campanhas Oceanográficas e Coleta de
Sedimentos Marinhos
A influência da tectônica e de suas reativações posteriores, tão pequeno, é possível encontrar uma variedade de con-
5.2.2 – Análises Laboratoriais
foram muito relevantes na formação do contexto geoló- textos geológicos, que incluem também a região costeira e
5.3 – RESULTADOS ANALÍTICOS DOS SEDIMENTOS gico marinho profundo dos estados de Sergipe e Alagoas. marinha rasa.
SUPERFICIAIS Este aspecto merecerá especial atenção neste capitulo, pois
Chama a atenção na morfologia do fundo marinho é que –
5.4 – FACIOLOGIA SUPERFICIAL DOS SEDIMENTOS DE existem fortes evidências de neotectonismo atuando tanto
FUNDO excluindo o leque submarino do São Francisco (o mais recen-
no continente, como na região marinha. O controle morfo-
te) – os demais canais não formam leques submarinos nas
5.5 – FACIOLOGIA DOS TESTEMUNHOS RASOS -estrutural condicionou fortemente a Paleogeografia regio-
suas terminações e se unem em grande profundidade (3.500
nal, inclusive induzindo a formação de sistemas rio-mar, em
5.5.1 – Testemunhos Rasos do Sistema São Francisco a 4.000m), onde podem formar leques submarinos em uma
especial, no Quaternário, com a deposição marinha profun-
5.5.2 – Testemunhos Rasos Obtidos no Sistema área ainda não investigada. No contexto do rio São Francis-
Japaratuba da, em canais e leques submarinos.
co existe um conjunto de montes submarinos vulcânicos
5.6 – SISTEMAS SEDIMENTARES RIO-MAR RECENTES NA Um aspecto importante a realçar é a sequência temporal em águas profundas, na terminação dos canais, que os con-
BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS da influência do tectonismo, aspecto que pode ser melhor tornam e podem dar origem a um outro leque submarino.
5.7 – CONCLUSÕES avaliado pelos resultados das datações dos sedimentos do A falha que controla o canal submarino do Vaza-Barris é re-
fundo marinho. O tectonismo não só atingiu toda a região, gional e, provavelmente, está relacionada com a abertura do
5.8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
mas em períodos mais recentes, foi mais atuante no setor Oceano Atlântico. Aparentemente, em um período anterior,
norte, exatamente o que envolve os sistemas São Francisco as zonas de transferência de sedimentos – canais submarinos
e Japaratuba, que atualmente resultam em feições subma- do Japaratuba, Vaza-Barris e Piauí-Real se uniam em profun-
rinas mais relevantes. Dessa forma, a configuração marinha didade, apesar de serem individualizado em sistemas sedi-
atual em águas profundas, adjacentes a Sergipe e Alagoas, mentares independentes no continente.
é vista como o registro geológico do período Quaternário
Estas são questões importantes a serem discutidas em rela-
até os dias atuais. A seguir, serão apresentados e discutidos
ção ao condicionamento dos sistemas sedimentares desen-
registros sedimentares que permitirão uma interpretação
volvidos em águas profundas, bem como a eventual pos-
da evolução geológica espacial-temporal.
sibilidade de conter reservatórios de petróleo. Atualmente,
A existência de um amplo leque submarino associado ao rio estudos da geomorfologia submarina e dos depósitos Qua-
São Francisco é a principal feição deposicional em ambiente ternários do talude continental e em águas profundas vêm
marinho profundo da região nordeste do Brasil. Entretanto, sendo foco de estudos em diversas margens continentais.
essa proeminente feição deposicional tem desviado a aten- Essas pesquisas sugerem o avanço na integração com os
ção, deixando de destacar que, em um espaço geográfico sistemas deposicionais fluviais e costeiros atuais.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 140

Os poucos estudos desenvolvidos em águas profundas na


Bacia sedimentar SEAL abordam de modo superficial, a geo-
morfologia do talude, destacando os cânions submarinos
(REMAC, 1975), e a outra vertente de pesquisa na região são
os sedimentos da Bacia Sergipe-Alagoas, com foco na estrati-
grafia dos registros geológicos do Cretáceo tardio ao Quater-
nário (Cainelli, 1992)..

A interface terra-mar atual da bacia sedimentar Sergipe-


-Alagoas apresenta um cenário geológico-geomorfológi-
co específico, uma vez que inclui a bacia de drenagem do
rio São Francisco, a maior fonte pontual de água e maté-
ria da região nordeste do Brasil. Além disso, em Sergipe,
os aportes de cargas sedimentares continentais foram
significativos e responsáveis pela deposição de extensas
zonas lamosas na plataforma continental e pela incisão
dos grandes cânions submarinos. Essa situação contrasta
com as demais regiões do nordeste do Brasil, onde não
existem atualmente cânions de magnitude semelhante
associados à foz de rios.

As pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal de


Sergipe (Laboratório Georioemar), desde 2008, focam nas
relações entre os ambientes deposicionais continentais-ma-
rinhos do Neogeno-Quaternário da bacia Sergipe-Alagoas,
apresentando evidências que apontam a região de águas
profundas da bacia Sergipe-Alagoas como propícia ao de-
senvolvimento de modelos análogos aos reservatórios de
petróleo. Entretanto, os principais eixos deposicionais da
região ainda precisam ser melhor estudados para entender
esses contextos deposicionais.

Figura 5.1 – Localização dos transectos e das estações de amos-


tragem dos sedimentos superficiais e testemunhos rasos coleta-
dos no talude de Sergipe e sul de Alagoas.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 141

5.1 – INTRODUÇÃO 5.2


5.2 – METODOLOGIA
METODOLOGIA
5.2.1 – Campanhas Oceanográficas e Coleta de
Sedimentos Marinhos
Os estudos da faciologia dos sedimentos marinhos pro- nions. Em cada estação de amostragem foram obtidas três
5.2.2 – Análises Laboratoriais
fundos foram baseados nas amostras coletadas durante as (3) amostradas de sedimentos superficiais com o objetivo
5.3 – RESULTADOS ANALÍTICOS DOS SEDIMENTOS campanhas oceanográficas na área de estudo. de se comparar com os resultados biológicos e geoquími-
SUPERFICIAIS cos. No total, foram coletadas amostras em 38 estações, ge-
5.4 – FACIOLOGIA SUPERFICIAL DOS SEDIMENTOS DE rando 114 amostras.
FUNDO
5.2.1 – Campanhas Oceanográficas e Coleta
de Sedimentos Marinhos Em cada estação foi utilizado um Box Corer (Figura 5.2) para co-
5.5 – FACIOLOGIA DOS TESTEMUNHOS RASOS leta dos sedimentos de fundo. Na porção superior do Box Corer
Os estudos da faciologia dos sedimentos superficiais ma-
5.5.1 – Testemunhos Rasos do Sistema São Francisco foram coletadas amostras superficiais (intervalo de 0 a 15 cm)
rinhos foram baseados nas amostras coletadas durante as
5.5.2 – Testemunhos Rasos Obtidos no Sistema e, ao mesmo tempo, amostras para analises biológicas do fun-
duas campanhas oceanográficas realizadas entre 12 de mar-
Japaratuba do marinho. Estas amostragens foram realizadas na campanha
ço a 5 de abril de 2013 (campanha SED3) e outra entre, 10 de
5.6 – SISTEMAS SEDIMENTARES RIO-MAR RECENTES NA oceanográfica SED3 e repetidas na campanha SED4.
outubro a 30 de novembro de 2013 (campanha SED4).
BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS
Durante a campanha SED3, foram também obtidos testemu-
O planejamento amostral dos sedimentos superficiais foi reali-
5.7 – CONCLUSÕES nhos rasos, nos Box Corer, mediante a introdução de canos
zado com a previsão de transectos perpendiculares à linha de
5.8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS plásticos com 50 cm de comprimento (Figura 5.3) e a coleta
costa, desde o sul do Estado de Alagoas até a divisa entre os
de sedimentos, com o objetivo de reconstituir as mudanças
Estados de Sergipe e Bahia, parte deles localizados nos cânions
na sedimentação nos cânions submarinos e nas característi-
submarinos, com o objetivo de realizar uma caracterização in-
cas geoquímicas nos últimos milênios.
tegrada do talude e sopé continental considerando os aspec-
tos geológicos, químicos e biológicos do talude continental da
área marinha da Bacia Sergipe-Alagoas. As estações de amos- 5.2.2 – Análises Laboratoriais
tragem foram estabelecidas nos transectos entre as profundi-
As análises laboratoriais sedimentológicas e geoquímicas, nas
dades de 100 a 3000m (Figura 5.1).
amostras superficiais das campanhas SED3 e SED4 e dos tes-
Foram definidos oito (8) transectos perpendiculares à cos- temunhos coletados na campanha SED3, foram realizadas no
ta, posicionados de norte para o sul (A, B, C, D, E, F, G e H), laboratório Georioemar da Universidade Federal de Sergipe
com estações nas isóbatas de 400,1000, 1900 e 3000 m de ou enviadas para laboratórios externos. As amostras super-
profundidade. Nos transectos C e E, correspondentes aos ficiais de sedimentos de fundo foram submetidas as análises
cânions submarinos dos rios São Francisco e Japaratuba, por granulometria à laser, teor de carbonato e composicionais.
respectivamente, foram incluídas três estações adicionais Nas amostras obtidas nos testemunhos rasos foram realizadas
nas isóbatas de 50 (plataforma) e 700 e 1300m (talude), com descrições macroscópicas, análises de granulometria a laser,
a finalidade de aumentar a amostragem espacial nesses câ- densidade, umidade, matéria orgânica e datações 14C.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 142

Figura 5.2 – Coleta de sedimentos do fundo marinho com o uso Sedimentos superficiais Testemunhos rasos
do amostrador Box Corer.
Os sedimentos superficiais foram estudados a partir das descri- Os testemunhos do fundo marinho foram coletados em transec-
ções sedimentológicas e da interpretação dos resultados das tos perpendiculares ao limite plataforma-talude, espaçados até
análises granulométricas. As amostras superficiais de sedimen- uma profundidade de 3.000m, coletando nos canais submarinos
to de fundo foram submetidas as análises composicionais e do e nas áreas entre eles, de forma a obter informações das variações
teor de carbonato no Laboratório Georioemar – UFS e as análi- deposicionais no sentido longitudinal à linha de costa. Sempre
ses granulométricas a laser foram realizadas em laboratório da que possível, os transectos foram planejados para obter amos-
UNESP – Rio Claro – SP. A granulometria a laser foi efetuada num tras dos sedimentos de fundo nos canais submarinos. Os sedi-
equipamento Malvern Mastersizer 3000. A difração laser mede mentos superficiais de fundo foram estudados com o objetivo de
as distribuições de tamanho das partículas por medição da va- reconstituir as mudanças na sedimentação e nas características
riação angular na intensidade da luz difundida à medida que um geoquímicas, nos últimos milênios. Os testemunhos rasos foram
feixe de laser interage com as partículas dispersas da amostra. coletados durante a campanha oceanográfica SED3, obtidos com
Os dados sobre a intensidade da dispersão angular são então a colocação de um cano plástico com 50 cm de comprimento, in-
analisados para calcular o tamanho das partículas responsáveis serido no amostrador Box Corer.
por criar o padrão de dispersão. A determinação da composição
Em laboratório, os testemunhos foram inicialmente descritos,
do sedimento foi realizada através de lupa binocular e a análise
observando-se as mudanças macroscópicas na granulometria,
para a determinação do teor de carbonato total seguiu o mé-
cor, identificação dos estratos e estruturas sedimentares, pre-
todo gravimétrico de eliminação do carbonato através do tra-
sença de restos de organismos macroscópicos, determinação
tamento com ácido clorídrico. As classes granulométricas foram
do teor em matéria orgânica, grau de umidade e densidade
obtidas através da utilização da escala de classificação de sedi-
do sedimento. O processo de subamostragem para retirada de
mentos de Wentworth (1922).
sedimentos obedeceu ao intervalo de 1 cm. Foram realizados
As análises sedimentológicas e geoquímicas foram realizadas registros fotográficos, antes do descongelamento do testemu-
para todas as réplicas das amostras das campanhas SED 3 e nho. As analises granulométricas foram realizadas através de
SED 4, com objetivo de permitir comparações entre os resul- granulômetro a laser, na UNESP-Rio Claro-SP. As classes gra-
tados e verificação de possíveis variações nas características nulométricas foram obtidas através da utilização da escala de
dessas, entre os períodos úmido e seco. Nas amostras da cam- classificação de sedimentos de Wentworth (1922).
panha SED 3, foram realizadas 113 análises granulométricas e
Amostras de foraminíferos, moluscos e restos vegetais encon-
determinações do teor de Cabonato (CaCO3), corresponden-
trados nos testemunhos, foram datadas na Beta Analitc em nos
tes as tréplicas nas 38 estações de coleta, com exceção de uma
EUA, através do método do Carbono 14 (14C) com contagem
replica (EN9R2) que foi abortada. Nas amostras da campanha
através de Espectrometria do Acelerador de Massa (Accelerator
SED 4, foram realizadas 114 análises granulométricas e deter-
Mass Spectrometry – AMS). As correções seguiram Stuiver et al.
minações do teor de CaCO3, correspondentes as tréplicas co-
(2005) e as idades mencionadas, expressas em idade radiocar-
5.3 – Coleta de sedimentos do fundo marinho com o uso de Box letas nas 38 estações.
Corer e com amostragem de testemunho raso em tubos plásticos. bono convencional, estão de acordo com a convenção de Stui-
ver e Polach (1977).
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 143

5.1 – INTRODUÇÃO 5.3


5.2 – METODOLOGIA
RESULTADOS ANALÍTICOS DOS
5.2.1 – Campanhas Oceanográficas e Coleta de SEDIMENTOS SUPERFICIAIS
Sedimentos Marinhos
5.2.2 – Análises Laboratoriais
Os resultados analíticos da granulometria a laser dos sedi- situadas nas cabeceiras dos cânions. Com o aumento da
5.3 – RESULTADOS ANALÍTICOS DOS SEDIMENTOS mentos superficiais mostraram que os sedimentos lamosos profundidade, observa-se maior contribuição de areia
SUPERFICIAIS são na sua maioria siltícos, com percentuais baixos de argila na composição da amostra no cânion Japaratuba, en-
5.4 – FACIOLOGIA SUPERFICIAL DOS SEDIMENTOS DE e areia (Figura 5.4). Os valores médios do silte ficam em tor- quanto que para o do São Francisco, essa tendência de
FUNDO no de 70%, da areia 12% e da argila 17%. Os valores máxi- maior constituição de areia ocorre a partir de 2000m de
5.5 – FACIOLOGIA DOS TESTEMUNHOS RASOS mos foram de 85% para silte (na estação CN3), 63,97% para profundidade.
areia (na estação BN 4) e 22% para argila (na estação HN9).
5.5.1 – Testemunhos Rasos do Sistema São Francisco • Nas áreas situadas na borda plataforma continental, e na
5.5.2 – Testemunhos Rasos Obtidos no Sistema Na maioria das amostras não se observou mudanças sig- porção alta do talude, observa-se maior ocorrência de
Japaratuba nificativas na textura dos sedimentos, na comparação dos sedimentos de textura arenosa e síltica-arenosa.
5.6 – SISTEMAS SEDIMENTARES RIO-MAR RECENTES NA resultados obtidos nas campanhas SED 3 e SED 4 para a
• A constituição síltica-argilosa aumenta com a profundi-
BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS classificação textural de Shepard (1954).
dade a partir de 2000m de profundidade, como se obser-
5.7 – CONCLUSÕES A distribuição espacial dos sedimentos, transversal em rela- va nas regiões sul de Alagoas e na região sul de Sergipe.
5.8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ção à linha de costa, mostra as diferenças entre os transectos
A Figura 5.4 apresenta os resultados de granulometria obtidos
situados nos cânions e as outras regiões do fundo marinho:
nas amostras coletadas nas estações de amostragem das cam-
• Nas áreas dos cânions São Francisco e Japaratuba obser- panhas SED3 e SED4. Nos transectos observa-se o predomínio
va-se menor percentual de fração areia para as estações é da fração silte.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 144

As análises de carbonatos indicaram diferenças de teor en-


A A
tre as amostras obtidas nos cânions e aquelas obtidas nas
regiões entre eles: menores nos cânions que nos transectos
adjacentes. As variações de teores de carbonatos, são tanto
no sentido transversal (com o aumento da profundidade)
quanto longitudinal, ao longo do talude (Figura 5.5).

As amostras obtidas nos cânion São Francisco (estações do


transecto C) apresentaram os teores mais baixos da área es-
tudada, com valores de máximos de 20 %. Os valores mais
elevados, do transecto C, foram obtidos nas amostras cole-
tadas na cabeceira do cânion. O conteúdo em carbonatos
diminui com a profundidade, chegando aos valores míni-
mos de <10% na isóbata de 3000m (estação C9). As amos-
B tras do cânion Japaratuba (estações E) apresentam teores B
de 10 a 40 %. Os valores mais baixos (< 20%) foram obtidos
na cabeceira do cânion, aumentando com a profundidade
para valores entre 20 e 40%.

Os teores de carbonatos na região do cânion Sapucaia, al-


cançam de 20 a 50% nas proximidades da cabeceira do câ-
nion e entre 10 e 20% na isóbata de 3000m. Os valores de
carbonatos são mais elevados nas áreas fora dos cânions,
com valores médios acima de 20%. Destaca-se a região sul
de Alagoas, onde os valores médios são 40% e os máximos
de 66%. Nesse setor os percentuais mais elevados são en-
contrados nas profundidades acima de 2000m.

A sul do cânion Japaratuba os valores estão entre 30 e 50 %,


com apenas 02 estações próximo ao topo do talude, com
valores abaixo de 20%. Os teores mais elevados (40 a 50%)
são encontrados nos transectos G e H, em profundidades
acima de 2000m.
Figura 5.4 – (A): Classificação textural dos sedimentos superficiais
(Shepard, 1954) nas amostras obtidas na campanha SED3 (período Figura 5.5 – (A): Teor de carbonatos nos sedimentos superficiais
seco – réplica 1 e (B): amostras coletadas na campanha SED 4 (pe- nas campanhas SED3 (período seco - réplica 1) e (B): SED4 (pe-
ríodo chuvoso – réplica 1), no talude de Sergipe e sul de Alagoas. ríodo chuvoso - réplica 1), no talude de Sergipe e sul de Alagoas.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 145

5.1 – INTRODUÇÃO 5.4


5.2 – METODOLOGIA
FACIOLOGIA SUPERFICIAL DOS
5.2.1 – Campanhas Oceanográficas e Coleta de SEDIMENTOS DE FUNDO
Sedimentos Marinhos
5.2.2 – Análises Laboratoriais
A classificação textural dos sedimentos do fundo marinho, em nível arenoso, restos de vegetais (madeira) no canal
5.3 – RESULTADOS ANALÍTICOS DOS SEDIMENTOS talude e sopé continental, na bacia de Sergipe e sul de submarino atual, que por datação obteve-se 2.130 anos.
SUPERFICIAIS Alagoas são essencialmente siltosos, com algumas varia- A datação na estação de amostragem CN8, 15-20 cm de
5.4 – FACIOLOGIA SUPERFICIAL DOS ções no conteúdo em argila e areia. Em algumas estações profundidade, forneceu idades de 11.450 anos += 40
SEDIMENTOS DE FUNDO observou-se uma contribuição mais expressiva de areia na anos AP, em foraminíferos.
5.5 – FACIOLOGIA DOS TESTEMUNHOS RASOS isóbata de 400 m. Na Bacia de Sergipe-Alagoas foi identifi-
• Próximo ao final dos montes vulcânicos, o canal sub-
cada variação na classificação faciológica de norte para o
5.5.1 – Testemunhos Rasos do Sistema São Francisco marino se inflete para norte e, em seguida, retorna à
sul, com a presença de: marga calcária e marga arenosa ao
5.5.2 – Testemunhos Rasos Obtidos no Sistema orientação NW-SE. Essa situação indica a presença dos
Japaratuba sul de Alagoas; lama terrígena nos cânions do São Francisco
montes submarinos antes da chegada do canal ao local.
e Japaratuba e marga arenosa ao sul de Sergipe.
5.6 – SISTEMAS SEDIMENTARES RIO-MAR RECENTES NA Não há informações sobre a terminação destes canais,
BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS A seguir, são apresentados os mapas do percentual de ocor- mas é possível o desenvolvimento de um outro leque
rência das frações granulométricas e faciologico textural- submarino em águas profundas.
5.7 – CONCLUSÕES
-composicional do fundo marinho de Sergipe e sul de Alagoas
5.8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Os padrões exibidos nos mapas faciológicos, no contexto
(Figuras 5.6, 5.7 e 5.8).
Japaratuba, permitem as seguintes interpretações:
Os padrões exibidos nos mapas faciológicos, no contexto
• A estação de amostragem En08 está situada sobre a in-
São Francisco, permitem os seguintes comentários:
cisão (cânion), a qual parece indicar uma maior ativida-
• O teor de carbonatos nas amostras coletadas na superfí- de nesse cânion, ou, que os fluxos de sedimentos que
cie, ao longo dos canais submarinos, é menor que o teor atravessam o cânion são mais erosivos. Estas atividades
das amostras entre os canais, evidenciando o aporte de de incisão ao longo do eixo do cânion desaparecem
sedimentos de origem continental nos canais e o domí- durante alguns quilômetros cânion abaixo, sendo visí-
nio da sedimentação marinha nas áreas entre canais. vel novamente na parte baixa do cânion, a uns 3.000
m de profundidade. Apesar de não existirem muitas
• Na última estação de amostragem (CN9), a aproxima- amostras localizadas nos canais tributários do cânion
damente 3.000m de profundidade, nas proximidades Japaratuba, seria interessante comprovar ou não, o
dos montes vulcânicos submarinos, foram coletadas, papel que desempenham esses canais tributários na
no testemunho, a 22-24 cm abaixo do fundo marinho, sedimentação do cânion já que aportariam, a priori,
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 146

material carbonatado da plataforma externa, enquan-


to o canal principal encaixado na plataforma captaria
preferencialmente o material terrígeno.

• Nesse sentido, o testemunho raso (En09), a 3.000 m de


profundidade, comprova essa interpretação. No topo
dominam as lamas, na porção intermediária ocorre um
bloco contendo material grosseiro (cascalhos) e na base
do testemunho, é formado por lamas. A datação por 14C
em bivalves na porção de detritos da porção intermediá-
ria forneceu uma idade superior de 43.000 anos AP e a
datação do topo forneceu idade de 940 anos AP. Assim,
esse pode ser um bloco já existente, erodido da borda
da plataforma e transportado para águas profundas, ao
longo do canal submarino. Nesta hipótese, teria ocorri-
do uma movimentação e transporte de sedimentos no
canal submarino, em torno de 1.000 anos antes do pre-
sente. Apesar de indicar uma atividade de transporte e
sedimentação no canal submarino, este é um aspecto
importante, uma vez que, nesse período, já estava em
curso um processo de regressão marinha e o canal flu-
vial já não aportava sedimentos com energia para atin-
gir o talude continental.

Figura 5.6 - Percentual de ocorrência das frações granulométricas


das amostras da campanha SED3 (período seco - réplica 1), no talu-
de de Sergipe e sul de Alagoas.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 147

Figura 5.7 - Percentual de ocorrência das frações granulométricas Figura 5.8 - Faciologia textural composicional do fundo marinho,
das amostras da campanha SED4 (período chuvoso – réplica 1), das amostras coletadas na campanha SED3 (período seco – répli-
no talude de Sergipe e sul de Alagaos. ca 1), no talude de Sergipe e sul de Alagoas.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 148

5.1 – INTRODUÇÃO 5.5


5.2 – METODOLOGIA
FACIOLOGIA DOS TESTEMUNHOS RASOS
5.2.1 – Campanhas Oceanográficas e Coleta de
Sedimentos Marinhos
A descrição macroscópica e os resultados analíticos obti- centimétrica de lama amarelada (camada anóxica). A pre-
5.2.2 – Análises Laboratoriais
dos para cada testemunho são apresentados sob a forma sença de poliquetas vivas na base do testemunho (a 50cm
5.3 – RESULTADOS ANALÍTICOS DOS SEDIMENTOS de perfis para cada um deles. A descrição macroscópica da superfície marinha), indica uma área de deposição com
SUPERFICIAIS destacou os aspectos sedimentares e constam do perfil atividades biológicas atuais.
5.4 – FACIOLOGIA SUPERFICIAL DOS SEDIMENTOS DE vertical de cada testemunho (identificação de conjuntos de
FUNDO Foram identificadas a presença de biodetritos na zona
estratos, contatos, granulometria e suas variações verticais,
intermediária do testemunho e um bivalve bem preser-
5.5 – FACIOLOGIA DOS TESTEMUNHOS RASOS estruturas sedimentares, coloração e conteúdo em biode-
vado na base (45cm abaixo da superfície de fundo mari-
tritos, etc.). Nos perfis constam também os dados obtidos
5.5.1 – Testemunhos Rasos do Sistema São Francisco nho). A datação desse bivalve, pelo método carbono 14,
nas análises da granulometria a laser, teor em carbonatos,
5.5.2 – Testemunhos Rasos Obtidos no Sistema forneceu uma idade de 107 anos PMC, mostrando que,
Japaratuba biodetritos e datação por Carbono14.
nessa área, a sedimentação encontra-se ativa. A análise
5.6 – SISTEMAS SEDIMENTARES RIO-MAR RECENTES NA A Tabela 5.1 apresenta os resultados obtidos na datação dos do testemunho por técnicas de granulometria a laser
BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS testemunhos rasos e a seguir, são descritos os testemunhos mostra o predomínio do silte, com média de 80% em
5.7 – CONCLUSÕES obtidos nos transectos em cada contexto geológico mari- todo o testemunho.
nho profundo.
5.8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A quantificação da presença de carbonato desse testemu-
nho demonstrou que, no topo, o teor máximo atinge 17%,
5.5.1 – Testemunhos Rasos do Sistema enquanto que, em alguns intervalos da zona intermediá-
São Francisco ria (8-9cm; 22-23cm; 34-35cm abaixo da superfície), existe
uma maior concentração de carbonato (20%). De modo
A seguir, são apresentadas as descrições macroscópicas,
geral, a concentração de carbonato nesse testemunho
o perfil estratigráfico e os resultados geoquímicos obti-
encontra-se entre 15% e 17%. Esses valores de carbona-
dos para cada testemunho obtido no contexto do siste-
tos, abaixo de 30%, indicam uma sedimentação terrígena
ma rio-mar São Francisco, juntamente com as datações de
predominantemente.
Carbono 14.
A datação com 14C deste testemunho (T27-3), posicionado
na cabeceira do cânion apresentou idade nos sedimentos
Testemunho Cn3
coletados entre 20 e 24 cm de profundidade no testemu-
O testemunho Cn3 (Figura 5.9), localizado na cabeceira do nho, de 560 anos AP, resultando numa taxa de sedimenta-
cânion submarino do São Francisco, é composto por uma ção de 39,3 cm/1000 anos, a maior registrada de todos os
lama de cor cinza com elevada fluidez, com uma camada testemunhos analisados.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 149

Tabela 5.1 – Síntese sobre os testemunhos rasos, obtidos no


período seco, coletados na campanha oceanográfica SED3.

LÂMINA PROFUNDIDADE IDADE 14C TAXA DE SEDIMENTAÇÃO


SISTEMA SEDIMENTAR RIO-MAR TESTEMUNHO AMOSTRA ANALISADA MARGEM DE ERRO
D’ ÁGUA (M) DA AMOSTRA NO TESTEMUNHO (CM) (ANOS AP) CM/1000 ANOS

São Francisco Cabeceira T-27 25 20 - 24 560 +/- 30 39,3


São Francisco Cn5_T1_R1 701 29 Bivalve 780 +/- 30 37,0
São Francisco Cn6_T1_R1 1.007 Bivalve 970 +/- 30 39,2
São Francisco Cn7_T1_R2 1.310 Gastrópode e Bivalve 5.700 +/- 30 6,7
São Francisco Cn8_T1_ R2 1.885 15 - 20 Foraminífero 11.450 +/- 40 1,6
São Francisco Cn9_T2_R2 3.045 22 - 24 Madeira 2.130 +/-30 10,8
Japaratuba En5_T1_R2 703 21 Madeira 30.120 +/- 120 0,69
5 Bivalve 740 +/- 30 6,7
Japaratuba En7_T1_R2 1.303
21 - 24 Gastrópode e Bivalve 1.000 +/- 30 23,0
Japaratuba En8_T1_R1 1.919 15 - 18 Gastrópode e Bivalve 2.280 +/- 30 7,5
10 - 13 Foraminífero 940 +/- 30 12,8
Japaratuba En9_T1_R1 3.071
16 - 20 Gastropode e Bivalve +43.500
Entre os rios Vaza-Barris e Piauí-Real Gn6_T1_ R1 1.041 30 - 32 Molusco 3.410 +/- 30 9,1
Entre os rios Vaza-Barris e Piauí-Real Gn9_T1_R1 2.990 23 - 25 Foraminífero 9.220 +/- 40 2,6
Entre o rio Sergipe e o Vaza-Barris Fn6_T1_R1 1.003 23 - 27 Foraminífero 3.630 +/- 30 6,9
Entre o rio Sergipe e o Vaza-Barris Fn9_ T1_ R1 2989 27 - 31 Foraminífero 7.740 +/- 30 3,7
Sul de Alagoas An6_T1 1.073 26 - 29 Foraminífero 1.980 +/- 30 13,9
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 150

Figura 5.9 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso Cn3


(isóbata de 50 m) no cânion São Francisco

Testemunho Cn4
Esse testemunho foi obtido no talude superior, na isóbata Testemunho CN3 T1 R1
Carbonatos (%)

de 401m e, assim como o testemunho Cn3, é constituído


5 10 15 20 25 30
0 20 40 60 80 100 0
0
1
2
3

predominantemente de lama fluida amarelada no topo 5


4
5
6
7
8

(0-10cm da superfície) e sobreposta à lama de coloração


9
10 10
11
12
13
14
cinza, homogênea e de alta fluidez (Figura 5.10). Destaca-se 15

Profundidade (cm)
15
16
17
18
20 19

a presença de poliquetas em todo o testemunho, além de 20

Profundidade (cm)
21
22
23
25 24

conter um ouriço do mar, a 10cm da superfície.


25
26
27
30 28
29
30
31
35 32
33
Neste testemunho, não foi verificada a presença de estrutu- 40
34
35
36
37
38

ras sedimentares e não foi constatada variações de granu- 45


39
40
41
42
43
44
lometria, predominando sempre sedimentos finos. O desta- % argila % silte % areia
45

que são os inúmeros tubos de poliquetas, ao longo de todo


o testemunho. Os resultados da análise por granulometria a
laser, indicam uma similaridade do perfil com o testemunho
Cn3, predominando a granulometria silte em torno de 80%
Testemunho CN4 T1 R2
Carbonatos (%)
5 10 15 20 25 30 35 40 45
0 20 40 60 80 100 0

em todo o testemunho. 0 1
2
3
4
5 5
6
Os resultados do teor de carbonato desse testemunho, indi- 7
8
9
10 10
cam uma média de 17%, com exceção do intervalo localiza-

Profundidade (cm)
11
12

Profundidade (cm)
13

do a 13 cm da superfície que apresentou, de forma isolada, 15 14


15
16
17

um teor de 43%, colocando esse intervalo numa classifica- 20


18
19
20
21
ção de transição terrígeno-marinho, enquanto que, no res- 25
22
23
24

tante do testemunho, dominam os sedimentos terrígenos.


25
26
30
27
28

Não foram identificados biodetritos carbonáticos em quan- 29


30
31
% argila % silte % areia

tidade suficiente para datação por 14C.

Figura 5.10 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso


Cn4 (isóbata de 400 m), no cânion São Francisco.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 151

Testemunho Cn5 Testemunho Cn6


Esse testemunho está localizado no cânion submarino do O testemunho Cn6 está posicionado próximo à isóbata de O resultado das análises do teor de carbonato em cada cen-
São Francisco, na profundidade aproximada de 700m, apre- 1000m, inserido no canal submarino confinado por dique, tímetro do testemunho Cn6, mostrou valores que acom-
sentando um registro de sedimentação um pouco mais anti- composto por lama cinza escura, plástica e homogênea (Fi- panham aqueles obtidos nos outros testemunhos, assi-
ga que o testemunho Cn3 (Figura 5.11). gura 5.12). Nota-se o aumento no grau de compacidade da nalando, assim, uma sedimentação terrígena, nos últimos
O testemunho Cn5 é composto por lama cinza escura, plástica lama à medida em que se aproxima da base do testemu- milhares de anos no cânion submarino do São Francisco: no
e homogênea, com aumento da compactação na base, ao con- nho. Como nos testemunhos descritos anteriormente, esse topo do testemunho os teores médios são de 15%, na zona
trário nas amostras obtidas nas isóbatas mais rasas, onde a lama também tem uma camada anóxica no topo que serve de intermediária variam entre 14% e 16%, enquanto na base
tem uma textura de elevada fluidez em todo o testemunho. As ambiente para as poliquetas. encontra-se os menores valores, com média de 12%.
análises por granulometria a laser desse testemunho mostraram
Na zona intermediária do testemunho (intervalos 26-27 cm e A datação com 14C de um bivalve neste testemunho raso,
o predomínio da fração silte sobre a argilosa.
30-31cm), a presença de alguns seixos milimétricos de lama coletado a 1000 m de lâmina d´água, apresentou a idade
Poliquetas vivas também foram identificadas a 20cm abaixo preta, podendo ser resultado da remobilização dos sedimen- de 970 anos AP e definiu uma taxa de sedimentação de 39,2
da superfície marinha. Na transição entre as camadas com- tos do talude. Na base foi encontrado um bivalve bem preser- cm/1000 anos.
postas por lama marrom amarelada e a lama cinza escura vado. A datação deste bivalve por 14C, forneceu uma idade de
plástica, vários tubos de poliquetas estão presentes. Próxi- 970 anos A.P, mostrando coerência com as idades obtidas nos
mos à base do testemunho (intervalo 28-29cm) foram regis- testemunhos posicionados em isóbatas mais rasas.
trados fragmentos de bivalves e gastrópodes uma datação
por 14C forneceu idade de 780 anos A.P.

O teor de carbonato desse testemunho mostra que a sedi- Testemunho CN5 T1 R1 Carbonatos (%)
5 10 15 20 25 30

mentação terrígena domina no talude superior do cânion 0


0 20 40 60 80 100 0

São Francisco. Os teores estão todos abaixo de 30% (o que 5


4

caracteriza o sedimento como de origem terrígena). Existe 8

10 10

um aumento do teor em carbonatos, no sentido da base para


Profundidade (cm)
12

Profundidade (cm)
14
o topo, iniciando com 10% e atingindo nos sedimentos su-
15
16

18
perficiais 15%. 20
20

22
25
24
A datação com 14C no testemunho raso coletado a 700 m de 26
30
lâmina d´água apresentou idade do sedimento coletado a 29 28

30

cm de profundidade no testemunho de 780 anos AP e taxa 35 32

34
% argila % silte % areia

de sedimentação de 37,0 cm/1000 anos.

Figura 5.11 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso


CN5 (isóbata de 700 m), no cânion São Francisco
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 152

Figura 5.12 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso


Cn6 (isobata de 1000 m), no cânion São Francisco.

Testemunho Cn7

Testemunho CN6 T1 R1
O testemunho Cn7 está localizado a aproximadamente
Carbonatos (%)

0 20 40 60 80 100 0
1
5 10 15 20 25 30
1.300m de profundidade, no canal confinado, com padrão
0 2
3

5
4
5
6
meandrante, sendo constituído por lamas, porém com
7

três variações de textura: no topo, a coloração é marrom


8
9
10 10
11
12
13
amarelada, com elevada fluidez; na zona intermediária a
Profundidade (cm)

14
15 15
16

Profundidade (cm)
17
20
18
19
20
lama cinza e plástica e na base que é compacta e de cor
21
22
25 23
24
25
cinza escura (Figura 5.13). Vale ressaltar que um bloco,
26
27
30 28
29
30
com 14cm de diâmetro, composto por areia quartzosa fina
31
32
35
33
34
35
e esbranquiçada foi identificado aos 35cm da superfície.
36
40
Na análise por Granulometria a laser, não foi detectado
37
38
39
40
% argila % silte % areia
este bloco de areia fina.

Neste testemunho foram coletados gastropodas e bivalves na


Testemunho CN7 T1 R2 Carbonatos (%)
lama cinza escura da base. A datação por 14C nesses gastropodas
5 10 15 20 25 30

0
0 20 40 60 80 100
0
1
2
e bivalves apresentaram idades próximas de 5,700 anos A.P.
3
4
5
5 6
7
8
9
O teor de carbonato no topo encontra-se entre 13% e 18%,
10 10
11
12
13
14
mas na zona intermediária a variação é maior, situando-
Profundidade (cm)

15
15
16
17
-se entre 14% a 26%. Na base do testemunho, a média do
Profundidade (cm)

20 18
19
20
25
21
22
23
24
carbonato está entre 19% e 22%.
25
30 26
27
28

35
29
30
31
A datação com 14C deste testemunho raso coletado a 1300
32
33
40 34
35
36
m de lâmina d´água, em amostra de bivalve, apresentou
37
38
45 39
40
41
da idade de 5.700 anos AP e taxa de sedimentação de 6,7
% argila % silte % areia 42

cm/1000 anos.

Figura 5.13 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso


Cn7 (isobata de 1.300 m, no cânion São Francisco.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 153

Testemunho Cn8 Testemunho Cn9


A superfície do testemunho Cn8, coletado no canal sub- O testemunho Cn9 foi coletado na isóbata de 3.000m, granulometria arenosa, de coloração cinza escuro, compostos
marino confinado por dique marginais do São Francisco, o ponto mais extremo e de maior profundidade, do ca- por grãos de quartzo e poucos biodetritos, comprovando a con-
encontra-se recoberta com biodetritos milimétricos, O tes- nal submarino confinado do São Francisco (Figura 5.15). tribuição continental a mais de 3000m de profundidade.
temunho é constituído no topo por lama amarelada, sobre- Os sedimentos coletados apresentam características que
O teor de carbonato apresentou no topo uma variação en-
posto à lama cinza escura, homogênea, de baixa fluidez e comprovam contribuições continentais a quilômetros de
tre 8% e 12%. Na zona intermediária o teor aumenta no
plasticidade (Figura 5.14). distância da atual desembocadura do rio São Francisco. O
sentido base-topo variando entre 3% e 7% e na base o teor
topo do testemunho é constituído por lamas amarronzadas
Na descrição em laboratório, observou-se a presença, a varia entre 4% e 9%. Esses teores são os menores em relação
e a superfície coberta por biodetritos e marcas de bioturba-
cada centímetro, de níveis com micas e grãos de quartzo. aos demais testemunhos, mas demonstra que o canal sub-
ção. Na porção intermediária, as lamas são pretas, de baixa
No intervalo entre 11 a 14 cm do topo, ocorrem níveis de marino do São Francisco segue em profundidades maiores
plasticidade, com intervalos com lama arenosa com alguns
lama de cor marrom inseridos na lama cinza escura. Na às amostradas.
grãos de quartzo (a 12cm do topo) e um bloco de siltito,
base do testemunho observa-se a presença de aglomera- laminado (a 20cm abaixo da superfície). Na lâmina d´água de 3.000 m, última estação estudada, a
dos (grãos aglutinados), micas e biodetritos. Foraminíferos datação com 14C em fragmentos de madeira na profundida-
também são encontrados no testemunho. A análise no laboratório com a lupa binocular demonstrou a pre- de de 23 cm do testemunho, apresentou a idade de 2.130
sença de fragmentos de madeira nos níveis com predomínio de anos AP e taxa de sedimentação de 10,8 cm/1000 anos.
Os teores de carbonato seguem o padrão encontrado nos
demais coletados no contexto São Francisco, com teores va-
riando entre 9 e 14%. No topo, os teores variam entre 10% Testemunho CN8 T1 R2 Carbonatos (%)
5 10 15 20 25 30

a 14%, na porção intermediária entre 8% e 13% e na base 0


0 20 40 60 80 100
0
1
2
3
4
entre 9% e 15%. 5
5
6
7
8
9
10
10
11
12
A datação com 14C no testemunho raso coletado a 1.890 m 13

Profundidade (cm)
14
15 15
16

Profundidade (cm)
17
de lâmina d´água apresentou idade do sedimento, entre 15 20
18
19
20
21

e 20 cm de profundidade, de 11.450 anos AP e taxa de sedi- 25


22
23
24
25
26
mentação de 1,6 cm/1000 anos. 30
27
28
29
30
31
35 32
33
34
35
40 36
37
38
39
40
% argila % silte % areia

Figura 5.14 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso


Cn8 raso (isobata de 1.890m), no cânion São Francisco.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 154

Figura 5.15 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso


Cn9 (isobata de 3000 m), no cânion São Francisco.

5.5.2 – Testemunhos Rasos Obtidos no


Sistema Japaratuba
A seguir, são apresentadas as descrições macroscópicas, o
Testemunho CN9 T2 R2
Carbonatos (%)
perfil estratigráfico e os resultados geoquímicos obtidos 0 20 40 60 80 100 0
0 5 10 15 20 25 30

para cada testemunho obtido no contexto do sistema rio- 2

4
-mar Japaratuba, juntamente com as datações de carbono 5
6

14 (14C).

Profundidade (cm)
8

10

Profundidade (cm)
10

12

Testemunho En3 15 14

16

20 18
O testemunho En3, coletado na cabeceira do cânion sub- 20

marino do Japaratuba, a 50 m de profundidade, sendo 25


22

composto no topo por lamas cinza escura, de pouco fluidez,


24
% argila % silte % areia

passando na zona intermediária a lama preta, plástica e ho-


mogênea e na base, a lama é cinza escura e mais compacta
(Figura 5.16). A obtenção de testemunhos rasos nas cabe-
Carbonatos (%)

ceiras do cânion Japaratuba foi dificultada devido à grande 0


5 10 15 20 25 30 35

2
compactação dos sedimentos, resultando em lançamentos 4

sem coleta de sedimentos de fundo. A descrição em labo- 6

8
ratório comprovou que as lamas do contexto Japaratuba 10

Profundidade (cm)
apresentam compacidade bem superior que aquelas cole- 12

14

tadas no cânion submarino do São Francisco. Biodetritos fo- 16

ram identificados no intervalo 9-10cm. O teor de carbonato 18

20

de cálcio no testemunho, é bastante uniforme em todo o 22

24
testemunho, com valores entre 17% e 21%. Nos intervalos 26

6-7 e 7-8cm foram registrados os menores e maiores teores, 28

16% e 25%, respectivamente.

Figura 5.16 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso


En3 (isóbata de 50 m) no cânion Japaratuba.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 155

Testemunho En4 Testemunho En6 Figura 5.18 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso
En5 (isobata de 700 m), no cânion Japaratuba.
O testemunho En4, coletado na isóbata de 400m, é com- A coleta do testemunho En6 foi dificultada pela alta com-
posto por lamas cinza escura, de baixa plasticidade e que pacidade dos sedimentos do fundo marinho, a exemplo de
se tornam mais escuras e compactas à medida que se apro- outros testemunhos coletados no cânion submarino do Ja-
Carbonatos (%)

xima da base (Figura 5.17). Verifica-se a presença de um bi- paratuba. Este testemunho é constituído por lama marrom, 0
5 10 15 20 25 30 35

valve no topo do testemunho e em ao longo de todo o tes- de baixa plasticidade, desde a superfície até a faixa média, 4

temunho, a presença de poliquetas e de nódulos de lamas quando passa a ser constituído por lama cinza de tonalida- 10
8

de cor preta. Esses nódulos provavelmente são seixos e ca- de escura, muito compacta e homogênea (Figura 5.19). Na 12

Profundidade (cm)
14

racterizam processos de retrabalhamento dos sedimentos zona superior do testemunho foram encontrados biodetri- 16

18

20

já existentes. O teor de carbonato nos sedimentos do topo tos. Identificou-se tubos de poliqueta e inúmeros biodetri- 22

24

e da zona intermediária apresentam um resultado unifor- tos na parte superior do e na base do testemunho. 26

28

me, entre 23% e 26%. Na base do testemunho, o teor se en- 30

Os teores de carbonato variam desde 22% a 25% no topo, 32

contra entre 19% e 30%, Esses resultados caracterizam uma


passando para 19% e 22% na zona intermediária (com exce-
sedimentação predominante de origem continental para a
ção no intervalo 18-19 onde a concentração atingiu 29%) e
cabeceira do cânion Japaratuba.
na base para 20% e 22%.

Testemunho En5
O testemunho En5 é constituído no topo por lama marrom,
plástica e homogênea; na zona intermediária, por lama
Carbonatos (%) Carbonatos (%)

cinza escura, compacta e homogênea e na base, a lama as- 0


2
5 10 15 20 25 30 35
0
5 10 15 20 25 30 35

sume cor cinza e é mais compacta (Figura 5.18). No topo, 4


6
4

6
8

presença de muitos biodetritos e alguns bivalves preserva- 10


12
8

10
14
12
dos. Nódulos de lama de cor cinza clara foram encontrados 16
18 14
Profundidade (cm)

Profundidade (cm)
20 16

no intervalo de 9 a 12cm. No intervalo de 18-19cm, foram 22


24
18

20
26

identificados alguns fragmentos de madeira, quartzo e bio- 28


30
22

24
32 26

detritos. O teor de carbonatos apresentou-se dentro da fai- 34


36
28

38 30

xa que caracteriza o predomínio de sedimentos terrígenos, 40


42
32

34
44

entre 19% e 23%.

A datação com 14C em madeira coletada a 21 cm de pro-


fundidade do testemunho, apresentou idade de 30.120
anos AP, que correspondeu taxa de sedimentação de 0,69
Figura 5.17 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso Figura 5.19 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso
cm/1000 anos, a menor encontrada nesse estudo. En4 (isobata de 400 m) no cânion Japaratuba. En6 (isobata de 1000 m) no cânion Japaratuba
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 156

Testemunho En7 Testemunho En8


O testemunho En7 coletado próximo a 1300m de pro- O testemunho En8 foi coletado dentro do canal submarino Os teores de carbonato indicaram uma maior concentração
fundidade, ao largo canal submarino do Japaratuba. A do Japaratuba, na isóbata de 1900m, sendo constituído por de fragmentos carbonáticos, com uma média entre 30% e
lama marrom com pouca plasticidade predomina nos sedimentos lamosos de cor marrom amarelado, muito com- 33%. É possível deduzir que nesse local a influência é mista
primeiros centímetros do topo, passando a uma lama pactos e com presença de vários biodetritos (Figura 5.21). (terrígena-carbonática).
cinza e compacta (Figura 5.20). Nesse testemunho ve- A coleta desse testemunho mostrou que o fundo do canal
A datação com 14C em gastrópode e bivalve coletados entre
rificou-se uma elevada quantidade de biodetritos, ao está compactado, como em outros locais de coleta dentro
21 e 24 cm de profundidade do testemunho obtido a 1900
longo de todo o perfil. do cânion submarino do Japaratuba.
metros de lâmina d´água apresentou idade de 2.280 anos
Na descrição de laboratório, foi assinalada a presença de A descrição macroscópica em laboratório, evidenciou que A.P. em biodetritos coletados na base do testemunho e taxa
um bivalve no intervalo de transição entre a lama marrom nesse testemunho, os biodetritos estão presentes em di- sedimentação de 7,5 cm/1000 anos.
do topo e a lama cinza da zona intermediária. Na lama cinza versos intervalos. Grãos de areia quartzosa grossa foram
da base foi encontrado um gastrópode e tubos de polique- encontrados próximo ao topo do testemunho.
tas. O testemunho apresenta uma variação no teor de car-
bonato entre 25% e 30%, com o aumento em direção topo.
Testemunho EN7 T1 R2
Carbonatos (%)
5 10 15 20 25 30 35

Para o testemunho En7 foram realizadas datações com C 14


0
0 20 40 60 80 100 0

em dois grupos de amostras. No bivalve coletado na su- 4


5
6
perfície do testemunho (5 cm) a datação indicou 740 anos 8

Profundidade (cm)
AP e uma taxa de sedimentação de 6,7 cm/1000anos. Já na 10 10

Profundidade (cm)
12

profundidade entre 21 e 24 cm do testemunho os organis- 15 14

mos analisados (gastrópode e bivalve) apresentaram idade


16

18
20

de 1.000 anos AP, correspondendo a uma taxa total de 23,0 20

22
cm/1000 anos. Ao considerar apenas o intervalo entre as 25
24

duas amostras, este apresenta uma taxa muito alta de 69,2 % argila % silte % areia
26

28

cm/1000 anos.

Figura 5.20 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso


En7. (isóbata de 1300 m), no cânion Japaratuba.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 157

Figura 5.21 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso Testemunho En9


En8 (isobata de 1900 m, no cânion Japaratuba.
O testemunho En9 foi coletado a 3.000m de profundidade, no câ-
nion submarino do Japaratuba, mas tem apenas 20cm de compri-
mento (Figura 5.22). No topo é constituído por lama amarelada
fluida contendo biodetritos. Na porção intermediária encontram-
Testemunho EN8 T1 R1
5 10 15
Carbonatos (%)
20 25 30 35
-se detritos de areia grossa e cascalhos quartzosos e restos de bio-
0
0
0 20 40 60 80 100
detritos carbonáticos, em matriz lamosa. Na base, é constituído
2
por lamas. É provável que tenha sido depositado por um fluxo
5
4
turbiditico de origem mista (terrígeno-carbonático), ao longo do
canal submarino. Os seixos quartzosos, na maioria, são achatados
Profundidade (cm)

Profundidade (cm)
10
8
e variam com 2 a 3cm de diâmetro.
10

Os fragmentos carbonáticos foram utilizados para datação 14


C,
12
15
tendo sido coletados bivalves na camada intermediária que for-
14

neceu idade superior a 43.500 anos AP. A datação de biodetritos


16
20
da camada superior forneceu idade de 940 anos, demostrando
% argila % silte % areia 18
uma atividade recente nesse cânion. Assim, os detritos areia-cas-
calhosa da porção intermediária podem ter sido transportados
por eventos posteriores a 43.500 anos AP, sendo esta datação, no
máximo, correspondente à formação inicial dos detritos. O teor de
Testemunho EN9 T1 R1
Carbonatos (%) carbonato na lama do topo do testemunho apresentou entre 27%
5 10 15 20 25 30 35

0
0 20 40 60 80 100 0
e 30% e na base do testemunho, entre 30% e 33%.
2

Como a datação dos bioclastos na areia cascalhosa foi > 43.500


4
anos AP, seus componentes podem ser muito mais antigos que
Profundidade (cm)

5
essa idade (fora dos limites da datação 14C). Se a cobertura hemi-
Profundidade (cm)

pelágica sobre a areia foi depositada imediatamente após o even-


8

to deposicional (possivelmente turbiditico), provavelmente este


10 10
ocorreu há cerca de 1.000 anos AP, tendo remobilizado material
12 muito mais antigo.

% argila % silte % areia 14


Datações 14C em testemunhos no talude e sopé a sul do cânion
Japaratuba, nos transectos F e G, apresentaram taxas de sedimen-
tação, respectivamente de 7 e 9 cm/1000 anos na isobata de 1.000
m e de 2,6 e 3,7 cm/1000 anos na isóbata de 3.000 m. Estes resul-
tados revelam taxas relativamente baixas nas regiões intercânions
Figura 5.22 – Perfil e resultados analíticos do testemunho raso
na porção sul do talude/sopé e uma diminuição destas em direção
En9 (isobata de 3.000 m, no cânion Japaratuba).
offshore, como esperado.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 158

5.1 – INTRODUÇÃO 5.6


5.2 – METODOLOGIA
SISTEMAS SEDIMENTARES
5.2.1 – Campanhas Oceanográficas e Coleta de RIO-MAR RECENTES NA BACIA
Sedimentos Marinhos DE SERGIPE-ALAGOAS
5.2.2 – Análises Laboratoriais

5.3 – RESULTADOS ANALÍTICOS DOS SEDIMENTOS As amostras superficiais e os testemunhos rasos fornece- fologia atual do fundo marinho se destacam o cânion e o
SUPERFICIAIS ram informações importantes sobre os sedimentos do fun- leque submarino do rio São Francisco. Esta proeminência
5.4 – FACIOLOGIA SUPERFICIAL DOS SEDIMENTOS DE do marinho. Associando essas informações com as forne- ofusca as demais feições marinhas profundas, mas é decor-
FUNDO cidas pela análise geomorfológica, foi possível delinear os rente do fato de ter sido gerada na etapa mais atual da di-
sistemas sedimentares rio-mar, com aportes de sedimentos nâmica sedimentar, influenciada tanto pelo grande aporte
5.5 – FACIOLOGIA DOS TESTEMUNHOS RASOS
continentais fornecidos pelos sistemas fluviais existentes fluvial do São Francisco, como pela regressão marinha.
5.5.1 – Testemunhos Rasos do Sistema São Francisco na região: São Francisco, Japaratuba-Sergipe, Vaza Barris e
5.5.2 – Testemunhos Rasos Obtidos no Sistema No contexto do cânion São Francisco, as idades obtidas
Piauí-Real (Figura 5.23), na evolução recente (Quaternário)
Japaratuba por datação C evidenciam uma taxa de sedimentação
14
da Bacia sedimentar de Sergipe-Alagoas.
5.6 – SISTEMAS SEDIMENTARES RIO-MAR RECENTES NA maior nas porções proximais do cânion, da ordem de 37-39
BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS O teor de carbonatos nos sedimentos superficiais ao lon- cm/1000 anos com expressiva redução nas profundidades
go dos cânions e canais submarinos é menor que o teor superiores a 1300 m (10,8-1,6 cm/1000 anos).
5.7 – CONCLUSÕES
na superfície entre os canais. Assim, evidencia o aporte de
5.8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS sedimentos de origem continental nos cânions/canais e o Integrando os dados obtidos na análise da planície cos-
domínio da sedimentação marinha nas áreas entre canais. teira do São Francisco e dados de sub-superfície, há in-
dicações que, no momento inicial, o rio se dirigia para
No Quaternário tardio, o rio São Francisco foi responsável sul, acompanhando o alto morfo-estrutural de Ponta dos
por elevado aporte de sedimentos que influenciaram di- Mangues, e atingia a região da plataforma e o talude con-
retamente a sedimentação da plataforma continental ad- tinental. Nesta fase, ocorreu a incisão do talude, com o de-
jacente, estabelecendo uma clara diferenciação entre os senvolvimento do cânion Sapucaia (Figura 5.23). Em uma
setores a norte e a sul da foz, em função da distribuição dos etapa posterior, o rio São Francisco avançou no centro pla-
sedimentos siliciclásticos de origem continental. Associado nície costeira, criada pela ação da neotectônica e escavou
ao rio São Francisco, em águas profundas, existe um cânion o cânion na porção central que se destaca na morfologia
e um leque submarino bem delineado. Evidências morfo- submarina, atingindo uma profundidade de 750 metros.
lógicas indicam que o canal migrou consideravelmente em Este cânion coincide com o traço de uma das falhas sub-
águas profundas, o que fica evidenciado por antigos canais
marinas que ocorrem na região.
(Oliveira Jr. et al., neste volume). Os estudos indicam que
em águas ultra-profundas, no encontro com os montes vul- Os canais submarinos, desenvolvidos na base do talude, até pro-
cânicos submarinos, o sistema tenha desviado para norte, fundidades de 3.500 m podem ser agrupados em: canais restri-
gerando possivelmente outro leque submarino. Na mor- tos à base do talude e canais do leque submarino (Figura 5.23).
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 159

Os canais restritos à base do talude estão relacionados ao cânion


Sapucaia e alguns que são resultantes da erosão da borda do
talude-plataforma. O cânion Sapucaia e canais submarinos asso-
ciados estão relacionados à primeira fase de influência do rio São
Francisco. Os demais canais submarinos se desenvolveram nas
diversas fases de evolução do sistema de leque submarino. A mu-
dança na posição dos canais pode estar relacionada às mudanças
nos aportes fluviais e de posições da foz do rio São Francisco. São
identificados 4 (quatro) canais no leque submarino do São Fran-
cisco, sendo três deles abandonados e um canal atual: 1) canal
abandonado que se desenvolve de forma oblíqua, junto à base
do talude, com fundo plano; a posição do canal pode estar con-
trolada por feições tectônicas, uma vez que está relacionada com
o traço em superfície da falha geológica que ocorre no local; 2)
canal abandonado, canal confinado com desenvolvimento de
levee subaquático; 3) canal abandonado; 4) canal atual, ativo até
recentemente, que em parte assume padrão meandriforme. A
existência destes diversos canais no leque submarino representa
não só diversas fases na evolução do leque, mas mudanças nos
aportes do rio São Francisco, inclusive mudanças na posição de
sua foz e mudanças na dinâmica marinha. Na resolução das ima-
gens produzidas pelo modelo batimétrico, é possível interpretar
que o talvegue é atualmente inativo, em sua maior parte, já que
se observa um fundo plano sem que se identifiquem zonas de
erosão axial, apesar de ser possível que elas sejam visíveis, es-
pecialmente, na cabeceira do cânion, ao se utilizar dados de
maior resolução e que o canal abandonado não é ativo. As mar-
gens do cânion submarino do São Francisco estão afetadas por
deslizamentos, como se pode deduzir das geometrias em forma
de ferradura ou conchas.

Na última estação de amostragem CN9, em 3.045m de pro-


fundidade, nas proximidades dos montes vulcânicos subma- Figura 5.23 – Feições geomorfológicas em águas profundas e ca-
rinos, foram coletadas a 22-24 cm abaixo do fundo marinho, nais submarinos (eixos de transferência de sedimentos rio-mar
profundo), de sul para norte – Vaza-Barris, Japaratuba e São Fran-
em nível arenoso, restos de vegetais (madeira), no canal sub-
cisco. Fonte: modificado do original Schreiner et al, 2016.
marino atual, fornecendo a de datação 2.130 anos.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 160

O cânion submarino, associado ao rio Japaratuba, está var esta interpretação. No topo do testemunho dominam O sistema rio-mar Vaza-Barris desenvolve-se ao longo de
associado às falhas que afetam sedimentos da bacia sedi- lamas, na porção intermediária ocorre um bloco contendo uma zona de falha, do continente ao oceano e este contro-
mentar Sergipe-Alagoas e que foram reativadas no perío- material grosseiro (cascalhos) e na base, é formado por la- le morfo-estrutural condiciona todo o desenvolvimento do
do Terciário-Quaternário. O cânion e o canal submarino do mas. A datação por 14C em bivalves, na porção de detritos sistema. O rio Vaza-Barris tem uma única foz, mas na bor-
Japaratuba acompanham o conjunto da zona de falha de da porção intermediária, forneceu uma idade superior à da da plataforma continental apresenta diversos pequenos
Ponta dos Mangues e inflete para sul em águas profundas. 43.000 anos AP e a datação da porção do topo forneceu cânions submarinos. Estes cânions funcionam como tribu-
Assim, o traçado do cânion e canal submarino é oblíquo idade de 940 anos AP. A idade maior, pode estar relacio- tários para a formação de um canal submarino Vaza-Barris,
em relação à borda da plataforma continental, devido ao nada a um bloco já existente (erodido da borda da plata- constituindo-se assim, em um modelo diferente dos outros
controle estrutural. forma e transportado para águas profundas ao longo do sistemas rio-mar em Sergipe. Em águas profundas, após a
canal submarino). Nessa hipótese, teria ocorrido uma mo- junção com tributários sub-aquosos, esse canal submarino
O cânion Japaratuba é uma feição de destaque na margem
vimentação de sedimentos no canal submarino, em torno aproxima-se do canal do Japaratuba.
continental da bacia Sergipe–Alagoas, devido as suas di-
de 1.000 anos antes do presente. Apesar de indicar uma
mensões que não podem ser explicadas pelo atual rio Japa- No contexto dos rios Sergipe, Vaza-Barris e Piauí-Real, é pos-
ratuba. Além do cânion, um canal submarino confinado por atividade de transporte e sedimentação no canal subma- sível que, no seu prolongamento em águas ultraprofundas,
diques bem expressivos, sulca a morfologia do fundo mari- rino, esse é um aspecto importante, uma vez que já estava se desenvolva um sistema de leque submarino, devido a
nho até mais de 4.000 m de profundidade. As discrepâncias em curso um processo de regressão marinha e o canal flu- associação dos canais submarinos do Vaza-Barris e do Piauí-
entre as dimensões do sistema fluvial atual do Japaratuba e vial já não aportava sedimentos com energia para atingir -Real. No prolongamento dos canais em águas profundas, a
as feições geradas na área marinha nunca foram suficiente- o talude continental. mais de 2.000m de profundidade, observa-se que os siste-
mente explicadas. A hipótese é a existência de um paleo-rio mas rio-mar se unem e existe uma forte probabilidade de
Em contraste com o cânion São Francisco, o cânion Japa-
Japaratuba, já desativado, responsável por estas relações que tenham depositado, em profundidades ainda maiores,
ratuba apresenta taxas de sedimentação bem menores
genéticas rio-mar e pela magnitude e influência na morfo- alguma zona de espraiamento frontal.
(6,7-12,8 cm/1000 anos) e apresenta um aumento na taxa
logia e nos depósitos sedimentares no sopé do talude e em
de sedimentação em direção offshore. Não obstante esta Nas regiões externas aos cânions no sul da Bacia, entre
aguas ultraprofundas.
baixa taxa de sedimentação, no testemunho En9 em lâmina os rios Sergipe e Vaza-Barris e Vaza-Barris e Piauí-Real, as
O material carbonatado da plataforma externa pode ter d’água de 3000 m, foi amostrada uma areia turbidítica cas- taxas de sedimentação foram também baixas, respecti-
sido fornecido para o Japaratuba, enquanto que, ao longo calhosa com idade de deposição de cerca de 1000 anos AP, vamente, com valores entre 7-9 cm/1000 anos na isóbata
do canal principal, preferencialmente estaria sendo forne- contendo bioclastos bem mais antigos (>43.500 anos). Isto de 1000 m e 3,7-2,6 cm/1000 anos na isóbata de 3000
cido material terrígeno das porções internas da platafor- pode demostrar que o cânion ainda transporta, eventual- m. Estas taxas baixas e o decréscimo delas em direção à
ma e do continente. Existe um testemunho raso (En09), mente, sedimentos grossos oriundos da plataforma conti- aguas profundas é o esperado em se tratando de sedi-
coletado a 3.000 m de profundidade, que parece compro- nental até o sopé. mentos hemipelágicos.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 161

5.1 – INTRODUÇÃO 5.7


5.2 – METODOLOGIA
CONCLUSÕES
5.2.1 – Campanhas Oceanográficas e Coleta de
Sedimentos Marinhos
O rio São Francisco foi responsável no Quaternário por ele- shore. Nas áreas entre os cânions Sergipe, Vaza-Barris e Piauí-
5.2.2 – Análises Laboratoriais
vado aporte de sedimentos, os quais influenciaram direta- -Real, na porção sul da bacia SEAL, as taxas de sedimentação
5.3 – RESULTADOS ANALÍTICOS DOS SEDIMENTOS mente a sedimentação da plataforma continental adjacente. são baixas, como esperado para sedimentos hemipelágicos.
SUPERFICIAIS Assim, estabeleceu uma clara diferenciação entre os setores
ao norte e ao sul da foz, em função da distribuição dos sedi- No Quaternário, o rio São Francisco foi responsável por
5.4 – FACIOLOGIA SUPERFICIAL DOS SEDIMENTOS DE
FUNDO mentos siliciclásticos de origem continental. elevado aporte de sedimentos que influenciaram dire-
tamente a sedimentação da plataforma continental ad-
5.5 – FACIOLOGIA DOS TESTEMUNHOS RASOS A distribuição espacial dos sedimentos superficiais mostrou jacente, estabelecendo uma clara diferenciação entre os
5.5.1 – Testemunhos Rasos do Sistema São Francisco que, nos cânions São Francisco e Japaratuba, que adentram, setores ao norte e ao sul da foz, em função da distribuição
5.5.2 – Testemunhos Rasos Obtidos no Sistema significativamente, a plataforma continental, são mais argilo- dos sedimentos siliciclásticos de origem continental. Os
Japaratuba sos e mais ricos em material de origem siliciclástica e pobres estudos indicam que em águas ultraprofundas, no encon-
5.6 – SISTEMAS SEDIMENTARES RIO-MAR RECENTES NA no teor de carbonatos, o que indica uma maior contribuição tro com os montes vulcânicos submarinos, o sistema te-
BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS de sedimentos terrígenos, de origem fluvial. Já nos transectos nha se desviado para norte, gerando, provavelmente, um
adjacentes aos cânions, os sedimentos são mais ricos em car- novo leque submarino.
5.7 – CONCLUSÕES
bonatos, indicando a menor diluição por sedimentos terríge-
5.8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS nos e, consequentemente, uma maior contribuição relativa de O cânion Japaratuba é outra feição de destaque na margem
carapaças calcárias de micro-organismos pelágicos. continental da bacia Sergipe-Alagoas, devido às suas dimen-
sões que não pode ser explicada pelo atual rio Japaratuba. A
As datações através de carbono 14 nos testemunhos rasos hipótese é a existência de um paleo-rio Japaratuba, já desati-
revelam taxas de sedimentação da ordem de 37-39 cm/1000 vado, responsável por essas relações genéticas rio-mar e pela
anos no cânion São Francisco e de apenas 7 cm/1000 anos magnitude e influência na morfologia e nos depósitos sedi-
no cânion Japaratuba, mostrando um aporte de sedimen- mentares no sopé do talude e em aguas ultraprofundas.
tos muito maior no cânion São Francisco. O evento turbidí-
tico mais recente, representado por fragmento de madeira, Quanto aos contextos fluviais do rio Vaza-Barris e Piauí-Real,
amostrado em 3000 m de lâmina d’água, data de 2.130 anos observa-se que em águas profundas, a mais de 2.000m de
AP. O cânion Japaratuba apresenta taxas de sedimentação profundidade, os sistemas rio-mar se unem e que tenham
bem menores (6,7-12,8 cm/1000 anos) e contrasta por apre- depositado, em profundidades ainda maiores, alguma zona
sentar um aumento na taxa de sedimentação em direção off- de espraiamento frontal, formando um leque submarino.
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE-ALAGOAS 162

5.1 – INTRODUÇÃO 5.8


5.2 – METODOLOGIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
5.2.1 – Campanhas Oceanográficas e Coleta de
Sedimentos Marinhos CAINELLI, C. Sequence stratigraphy, canyons, and gravity
5.2.2 – Análises Laboratoriais mass-flow deposits in the Piaçabuçu formation, Sergipe-
5.3 – RESULTADOS ANALÍTICOS DOS SEDIMENTOS Alagoas Basin, Brazil. 1992. 233 f. Thesis (Ph.D.)- The University
SUPERFICIAIS of Texas, Austin, 1992.

5.4 – FACIOLOGIA SUPERFICIAL DOS SEDIMENTOS DE DOMINGUEZ, J. M. L. The coastal zone of Brazil: an overview.
FUNDO Journal of Coastal Research, Fort Lauderdale, n. 39, p. 16-20, 2004.

5.5 – FACIOLOGIA DOS TESTEMUNHOS RASOS FEIJÓ, F.J. Bacias de Sergipe e Alagoas. Boletim de Geociências
da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 149-161, 1994
5.5.1 – Testemunhos Rasos do Sistema São Francisco
5.5.2 – Testemunhos Rasos Obtidos no Sistema FRANÇA, A. M. C.; COUTINHO, P. N.; SUMMERHAYES, C. P.
Japaratuba Sedimentos Superficiais da Margem Continental Nordeste
Brasileira. Revista Brasileira de Geociências, Rio de Janeiro, v.
5.6 – SISTEMAS SEDIMENTARES RIO-MAR RECENTES NA
6, n. 2, p.147-164, 1976.
BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS

5.7 – CONCLUSÕES KEMPF, M. Shelf of Alagoas and Sergipe (northeastern Brazil). 5:


Geology. Station list and notes on benthic bionomy. Trabalhos
5.8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Oceanográficos da UFPE, Recife, v.13, n. 1, p. 7-28, 1972.

MILLIMAN J. D.; SUMMERHAYES C. P.; BARRETO, H. T. Quaternary


sedimentation on the Amazon Continental Margin: A model.
Geological Society of American Bulletin, Colorado, v. 86,
p. 610-614, May 1975.

RECONHECIMENTO global da margem continental brasileira:


Projeto REMAC: coletânea de trabalhos técnicos, 1971 a 1975.
Rio de Janeiro: PETROBRAS/CENPES/DINTEP, 1977. 162 p.
(Projeto REMAC, 1).

SCHREINER, S.; FERREIRA, E. T. I.; OLIVEIRA JR., E. A. Modelo


digital da geomorfologia do fundo oceânico do centro-sul
da Bacia de Sergipe-Alagoas. Boletim de Geociências da
Petrobras, Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, 6 p. No prelo.

WENTWORTH C. K. A scale of grade and class terms for clastic


sediments. The Journal of Geology, v. 30, n. 5, p. 377-392, July 1922.

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