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Conselho Editorial
André Viana Custódio (Unisc/Avantis) Marli Marlene M. da Costa (Unisc)
Carlos Lunelli (UCS) Neuro José Zambam (IMED)
Clovis Gorczevski (Unisc) Nuria Bellosso Martín (Burgos/Espanha)
Danielle Annoni (UFSC) Orides Mezzaroba (UFSC
Denise Fincato (PUC/RS) Sandra Negro (UBA/Argentina)
Fabiana Marion Spengler (Unisc) Salete Oro Boff (Unisc/IESA/IMED)
Liton Lanes Pilau (Univalli) Wilson Engelmann (Unisinos)
Luiz Otávio Pimentel (UFSC)
Anais do Evento
Unijuí, RS
Curitiba
2013
O I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Demo-
cracia tem como proposta central transformar-se num espaço
institucional aberto para o debate sobre a luta pelo reconheci-
mento dos direitos humanos, seus fundamentos e sua efetivi-
dade nas sociedades democráticas. Na estrutura do Evento,
estão previstos um conjunto de palestras e debates que colo-
cam em destaque os problemas e desafios dos direitos huma-
nos na atualidade.
Objetivos:
a) Investigar os meios de garantir a aplicação eficaz dos
direitos humanos nas sociedades democráticas naci-
onal e internacional, como meio de assegurar o de-
senvolvimento seguro e adequado aos seus cidadãos,
promovendo reflexão, debates e apresentação de tra-
balhos de pesquisa em forma de palestras.
b) Delimitar os fundamentos e os meios de concretiza-
ção dos Direitos Humanos no Brasil e no mundo;
c) Investigar a internacionalização dos direitos humanos
e a sua contribuição para o estabelecimento de uma
sociedade mais democrática e equitativa;
d) Analisar a contribuição dos Direitos humanos como
suporte para a proteção ambiental e a garantia de um
desenvolvimento sustentável.
Programação
25.04.2013 (quinta-feira) 08h30min - Abertura do evento
9h30min às 11h30min
Painel I - Direitos Humanos, Relações Internacionais e Desenvolvimento.
26.04.2013 (sexta-feira)
Das 19h30min às 22h30min
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo central analisar as políticas públicas desde a
percepção do problema na sociedade, seguindo pela sua elaboração, passando pela
concepção e implementação, até chegar a sua etapa final que seria a avaliação de
sua eficácia e o próprio controle. Após esta profunda análise, pretende-se levar o
leitor a uma profunda reflexão sobre a necessidade urgente de se trabalhar, de for-
ma preventiva, os aspectos referentes à delinquência juvenil. Sendo assim, preferiu-
se trabalhar este problema dentro do âmbito escolar, visto que, o ser humano não
pode ser considerado um ser isolado, pois vive, cresce e se desenvolve a partir de
um contexto interativo e dinâmico. E por fim, de forma sucinta, analisou-se a eficácia
das políticas públicas existentes e os desafios que deverão ser encarados devido a
globalização principalmente da juventude.
Palavras-chave: Delinquência. Escola. Juventude. Políticas Públicas.
18
Ademar Antunes da Costa & Rodrigo Cristiano Diehl
Abstract
The present study is aimed to analyze public policy from the perception of the prob-
lem in society by following its development, through conception and implementa-
tion, until reach the final step that would be to evaluate their own effectiveness and
control. After this profound analysis, it is intended to lead the reader to a deeper
reflection on the urgent need to work in a preventive manner, aspects related to
juvenile delinquency. Therefore, was preferred to work this problem within the
school, since human beings can not be considered an isolated being, because he
lives, grows and develops from an interactive and dynamic context. And finally, suc-
cinctly analyzed the effectiveness of existing policies and the challenges that must be
faced due to globalization mainly youth.
Keywords: Delinquency; Public Policy; School; Youth.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A proposta de pensar os fatores determinantes da delin-
quência e da criminalidade em nosso país na atualidade, leva-
nos a refletir sobre uma série de fatos que denunciam haver
uma falha no laço social. Partindo do pressuposto de que o
Brasil possui uma das maiores populações carcerárias jovens
do mundo segundo dados do Departamento Penitenciário Na-
cional (DEPEN), tendo como determinantes do crescimento dos
índices que refletem a violência, o desemprego, sobretudo en-
tre os jovens, o apelo ao consumismo, a ética do imediatismo, o
aumento do tráfico de drogas e do uso de armas pela popula-
ção, a maioria delas aliadas à corrupção, à impunidade e à fal-
ta de políticas públicas estruturais de prevenção.
Neste sentido, o presente trabalho visa, em um primeiro
momento, contribuir com o desenvolvimento e a concretização
de políticas públicas de combate à delinquência juvenil. Para
isso, fez-se necessária toda uma análise de conceitos que en-
volvam essas ações, desde a identificação do problema, pas-
sando por toda a elaboração e execução, até desembocar no
controle, tanto administrativo quanto judicial, destas políticas
públicas.
Considerando, a visão acadêmica de que o Estado Con-
temporâneo passa por uma série de transformações e evolução
a proposta é desafiar estas situações trazendo elementos para
fundamentar e argumentar, junto ao poder público e a socie-
dade civil, sobre possibilidades e/ou alternativas concretas e
1
HOCHMAN, G.; ARRETCHE, M.; MARQUES, E. (Orgs.) Políticas Públi-
cas no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007, p. 15.
2
Idem.
3
SCHMIDT, João Pedro. Para entender as políticas públicas: aspectos
conceituais e metodológicos. In.: REIS, Jorge R.; LEAL, Rogério G. Direi-
tos Sociais e Políticas Públicas: desafios contemporâneos. Tomo 8. San-
ta Cruz do Sul: Edunisc, 2008, p. 2308.
4
SCHMIDT, et al. op. cit., p. 2311.
8
BRYNER, et al. op. cit., p. 321.
9
SCHMIDT, et al. Op.cit., p. 2314.
10
SCHMIDT, et al. op. cit., p. 2314.
11
Ibidem, p. 2316.
12
Ibidem, p. 2317.
13
Ibidem, p. 2318.
14
BRYNER, et al. Op.cit., p. 319.
15
SCHMIDT, et al. Op.cit., p. 2320.
16
FARRINGTON, D. P. Contribuições psicológicas para la exlicación,
prevención e tratamento de la delinqcuencia. n. 1/12, 5-34 – 1998, p.
17.
18
NOVAIS, Maria H. O “maior interesse” da criança e do adolescente face
às suas necessidades biopsicossociais: uma questão psicológica. In:
PEREIRA. Tânia da S.. O Melhor Interesse da Criança: um debate Inter-
disciplinar. Renovar. Rio de Janeiro: 2001, p. 24.
19
COSTA, Antônio Carlos Gomes da. Infância, Juventude e política social
no Brasil. Brasil criança urgente. A lei 8.069/90. Coleção Pedagogia So-
cial. São Paulo: Columbus Cultural. 1990, p. 87.
20
GUIMARÃES, Aurea Maria. Vigilância, punição e depredação escolar.
Papirus, Campinas: 2003, p. 96.
21
CLOWARD, R. Ohlin, L. Delinquency and oppotunity. N.Y. Free
Press.1997, p. 145.
22
BERNFELD, S. Psicoanálisis Y educación antiautoritária. Barral, Barce-
lona: 1983, p. 123.
23
HAWKINS, Y Weis, Delinquency e Prevention. J. Of. Primary Preven-
tion, 6:73-1997, p. 61
24
ZIGLER, E; TAUSSIG, C. y Black, Early Childhood Intervention. A
Promising Preventative for Juvenile Delinquency. American Psycholo-
gist, Vol. 47, n. 8,997-1006 – 1997, p. 653.
25
HAWKINS. Op.cit., p. 48.
26
PEREIRA, T. D. Política nacional de assistência social e território: um
estudo à luz de David Harvey. Tese (Doutorado) - Universidade Federal
do Rio de Janeiro, 2009, p. 14.
27
TEJADAS, Silvia da Silva. Juventude e ato infracional: as múltiplas
determinações da reincidência. Porto Alegre : EDIPUCRS, 2007, p. 19.
28
IAMAMOTO, Marilda Vilela. A questão social no capitalismo. In. Revis-
ta Temporalis. n. 03 Jan-Jun. 2001. Brasília. 2001, p. 16.
29
CURY, Beto. Os muitos desafios da política nacional de juventude. In:
AVRITZER, Leonardo (Org.). Experiências nacionais de participação
social. São Paulo. Cortez, 2009, p. 90.
30
ABAD, Miguel. Crítica Política das Políticas de Juventude. In: FREITAS,
Maria V.; PAPA, Fernanda de. Políticas Públicas: Juventude em Pauta.
São Paulo: Cortez. 2003, p. 25.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que se desenvolveu ao longo do presente trabalho, fora
uma reflexão bem pontual a respeito da necessidade de políti-
cas públicas para a juventude, em especial aquelas voltadas
para a não inserção do jovem no mundo da criminalidade. O
que se percebe sobre o tema que isso representa um dos
grandes desafios da sociedade contemporânea, pois é signifi-
cativo e fundamental que os atores sociais (a comunidade, a
sociedade civil e o Estado) se articulem, de maneira a propor
que políticas para essa parcela populacional sejam elaboradas
e efetivadas.
Considerando outro ponto tratado no texto, é que a au-
sência de políticas públicas para juventude pode estimulá-lo à
criminalidade. Portanto, repensar com mais afinco e responsa-
bilidade a importância do jovem para a sua comunidade repre-
senta considerá-lo prioridade absoluta, tratando da sua condi-
ção de sujeito de direitos, logo, do seu melhor interesse. Sendo
assim, a fomentação de políticas públicas que afastem o jovem
31
RIBEIRO, José J. Observatório Juventudes. Disponível em:
<http://maristas.org.br/institucional/rede-marista-apoia-aprovacao-do-
estatuto-da-juventude> Acesso em 08 abril 2013.
32
Idem.
REFERÊNCIAS
ABAD, Miguel. Crítica Política das Políticas de Juventude. In:
FREITAS, Maria Virginia; PAPA, Fernanda de Carvalho. Políticas
Públicas: Juventude em Pauta. São Paulo: Cortez. 2003.
BERNFELD, S. Psicoanálisis Y educación antiautoritária. Barral,
Barcelona: 1983.
BRYNER, Gary C. Organizações Públicas e Políticas Públicas. In.:
PETERS, B. Guy; PIERRE, Jon (Orgs.). Administração pública: cole-
tânea. Tradução de Sonia Midori Yamamoto, Miriran Oliveira. São
Paulo: Editora UNESP, 2010.
CLOWARD, R. Ohlin, L. Delinquency and oppotunity. N.Y. Free
Press.1997.
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social no Brasil. Brasil criança urgente. A lei 8.069/90. Coleção Pe-
dagogia Social. São Paulo: Columbus Cultural. 1990.
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In: AVRITZER, Leonardo (Org.). Experiências nacionais de partici-
pação social. São Paulo. Cortez, 2009.
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prevención e tratamento de la delinqcuencia. n. 1/12, 5-34 – 1998.
GUIMARÃES, Aurea Maria. Vigilância, punição e depredação esco-
lar. Papirus, Campinas: 2003.
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blicas no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007.
IAMAMOTO, Marilda Vilela. A questão social no capitalismo. In.
Revista Temporalis. n. 03 Jan-Jun. 2001. Brasília. 2001.
MILLIS, R. G. P. Working with highrisk youth in prevention and
early intervention programas: Toward a comprehensive wellness
model. Adolescence. Vol. XXIII, n. 91, 643-660.1997.
NOVAIS, Maria H. O “maior interesse” da criança e do adolescente
face às suas necessidades biopsicossociais: uma questão psicológi-
ca. In: PEREIRA. Tânia da S.. O Melhor Interesse da Criança: um
debate Interdisciplinar. Renovar. Rio de Janeiro: 2001.
Resumo
Em nível local, a população sofre com a precariedade dos serviços de saúde ofereci-
dos, resultado da falta de investimentos e de uma organização que não atende às
suas necessidades e direitos, previstos na Constituição. O presente artigo apresenta
uma análise do problema da saúde a partir da ideia de empoderamento local em
uma sociedade que vivencia o Estado Democrático de Direito e as possíveis soluções
baseadas na ideia de subsidiariedade e solidariedade. Nesta perspectiva, o empode-
ramento local aliado à solidariedade irão fortalecer a gestão pública no segmento de
saúde. A articulação dos atores sociais no espaço local também contribui para a
formação da cidadania e, sem dúvida, para a descentralização do serviço de saúde
consolidado no princípio da subsidiariedade.
Palavras-chave: Democracia participativa. Empoderamento local. Políticas Públicas.
Sistemas de saúde.
Abstract
At the local level, the population suffers from poor quality of health services offered
as a result of lack of investment and an organization that does not meet their needs
and rights provided for in the Constitution. This article presents an analysis of the
problem of health from the idea of local empowerment in a society that experiences
the democratic rule of law and possible solutions based on the idea of subsidiarity
and solidarity. In this perspective, local empowerment allied solidarity will strength-
en public management in the healthcare segment. The articulation of social actors in
the local space also contributes to the formation of citizenship and, undoubtedly, to
the decentralization of health services consolidated on the principle of subsidiarity.
36
Adriane Medianeira Toaldo & Ricardo Hermany
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Quando o cidadão se dirige a uma instituição pública de
saúde, deseja ver o seu problema solucionado de maneira rá-
pida e eficaz, não importando qual unidade da federação ou
que parcerias o agente estatal firmou para resolver sua de-
manda. Ao ficar horas em uma fila ou esperar semanas e me-
ses pelo atendimento, culpa a corrupção dos políticos pelo não
atendimento.
No entanto, não é somente do desvio de verbas que de-
corre a falta de atenção à saúde necessária. Muitos dos pro-
blemas têm origem na estrutura de saúde que é dividida entre
a União, os Estados e os municípios, que poderiam ser resolvi-
das se houvesse uma maior descentralização. Também há
maior possibilidade de eficácia de houver uma relação de soli-
dariedade entre o poder público e a sociedade civil.
O presente artigo procura encaminhar reflexões neste
sentido, observando os princípios de subsidiariedade e solida-
riedade como propostas para melhorar o atendimento de saúde
no município.
1
MORAIS, José Luís Bolzan de et al. O Estado e suas crises. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2005. p. 71.
2
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. São
Paulo: Saraiva, 1989. p.54.
3
ANDERSON, Perry. Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o estado
democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. p. 62.
4
ROSANVALLON, Pierre. A crise do estado providência. Goiânia: UFG;
Brasília: UnB, 1997. p. 23.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
39
Democracia participativa e políticas públicas de saúde no espaço local
5
BUCCI, Maria Paula Dallari. O conceito de política pública em direito. In:
_____. (Org.) Políticas públicas: reflexões sobre o conceito jurídico. São
Paulo: Saraiva, 2006. p. 38.
6
SCHMIDT, João Pedro. Gestão de políticas públicas: elementos de um
modelo pós-burocrático e pós-gerencialista. In: REIS, J. R.; LEAL, R. G.
Direitos sociais e políticas públicas: desafios contemporâneos. Santa
Cruz do Sul, Edunisc, 2007. p.76.
7
PUTNAM, Robert D. Comunidade e democracia: a experiência da Itália
Moderna. Tradução de Luiz Alberto Monjardin. Rio de Janeiro: Editora
FGV, 2000. p. 173.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
41
Democracia participativa e políticas públicas de saúde no espaço local
8
ARAÚJO, Maria Celina Soares D´. Capital Social. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Ed, 2003. p. 19-20.
9
HERMANY, Ricardo; RODEMBUSCH, Claudine Freire Rodembusch. O
empoderamento dos setores da sociedade brasileira no plano local na
busca da implementação de políticas públicas sociais. In: HERMANY,
Ricardo (Org.). Empoderamento social local. Santa Cruz do Sul: Editora
IPR, 2010. p. 79.
10
HERMANY, Ricardo; FRANTZ, Diogo. As políticas públicas na perspec-
tiva do princípio da subsdiariedade: uma abordagem municipalista. In:
HERMANY, Ricardo (Org.). Gestão local e políticas públicas. Santa Cruz
do Sul, IPR, 2010. pp. 191-201.
11
LIMA, Martonio Mont´Alverne Barreto Lima. Autonomia do município e
cultura sobre o poder local. In: HERMANY, Ricardo (Org.). Gestão local e
políticas públicas. Santa Cruz do Sul, IPR, 2010. p. 73.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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43
Democracia participativa e políticas públicas de saúde no espaço local
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Estado Democrático de Direito é uma construção per-
manente, que se renova em cada eleição, nas diretrizes públi-
cas, na participação das entidades civis e no compartilhamen-
to das responsabilidades entre o Estado e a Sociedade. A me-
lhor forma de fortalecer este tipo de Estado é a descentraliza-
ção combinada com decisões compartilhadas com os muníci-
pes, os verdadeiros interessados no assunto. Para isto, é ne-
cessário romper com uma herança centralizadora e com uma
cultura de acomodação, que espera do Estado que a solução
venha em uma bandeja, pronta para ser degustada.
A cidadania prevê justamente o contrário, a participação
ativa do cidadão nas decisões que afetam o seu dia a dia, pas-
sando a democracia de representativa para participativa.
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Perry. Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o esta-
do democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
ARAÚJO, Maria Celina Soares D´. Capital Social. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed, 2003.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
47
Democracia participativa e políticas públicas de saúde no espaço local
Resumo
Este ensaio aborda os novos princípios jurídicos no ramo do Constitucionalismo
brasileiro, desde sua concepção e atual aplicação no ordenamento jurídico. Perpas-
sa, assim, pela origem de tais institutos, a inclusão pela comunidade jurídica e sua
influência na doutrina e jurisprudência. Trata de questões sobre a interpretação e
aplicação do Direito, e a contemporânea forma de pensar, decodificar e construir
doutrina no cenário das leis. Esclarece, através de análise, a vulgarização dos princí-
pios criados de forma exacerbada, de cunho recorrente e nada inovadores quando
empregados. Apresenta breve histórico sobre a revolução nos paradigmas ocorridos
no século XX, a influência filosófica e linguística, o neoconstitucionalismo e sucintos
exemplos do fenômeno denominado panprincipiologismo. Por derradeiro, em apre-
ciação crítica salienta o decisionismo judicial e as conseqüências danosas culminan-
do na debilidade no instante da efetivação dos direitos humanos.
Palavras-chave: princípios – panprincipiologismo – direitos humanos – decisionismo
judicial.
Abstract
This essay discusses the new legal principles in the Brazilian branch of Constitucion-
alism, since its designd and implementation in current Law. Permeates thus the
origin of such institutes, including the legal community and its influence on doctrine
and jurisprudence. It addresses issues concerning the interpretation an application
of law, and contemporary thinking, decode and build doctrine in legal scenario. Clari-
fies, through analysis, the vulgarization of principles created so exacerbated die
when appellant and nothing innovate employees. Presents brief history of the revo-
lution in paradigms occurred in the twenthieth century, the philosophical and lin-
guistic influence, the neoconstitucionalism and succinct examples of the phenome-
non called panprincípiologism. For the ultimate in assessing the critical stresses deci-
sionism judicial and harmful consequences culminating in the weakness at the mo-
ment of realization of human rights.
Keywords: principles – panprincipiologism – human rights – decisionism court.
50
Alessandra Liani Prates
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Com o surgimento do Constitucionalismo moderno, e a
inclusão de princípios constitucionais, o Direito sofreu algumas
influências da filosofia e da linguagem. Contudo, não foi sufici-
ente para revolucionar de forma relevante o mundo jurídico.
Nesse sentido, é analisada de forma sucinta a interpretação e
aplicação do Direito, desde as transformações que o século
antecessor provocou no mundo, embora no Direito pouco se
notou em termos inovadores. Haja vista, a extraordinária quan-
tidade de princípios com caráter recorrente e inúteis, criados
por juristas desatualizados. Abordar-se-á, como a concepção
exorbitante de princípios afeta a efetivação dos direitos huma-
nos, tendo como pano de fundo a tese do panprincipiologismo
de Lênio Streck. E para encerrar, como o panprincipiologismo
pode ser fatal quando manipulado por operadores do Poder
Judiciário.
1
STRECK, Lênio Luiz. Verdade e consenso. Constituição, Hermenêutica
e Teorias Discursivas. Da Possibilidade à necessidade de respostas em
Direito. 3.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. p.475.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
51
O sistema de justiça e os direitos humanos
NEOPRINCÍPIOS OU NEOFALÁCIAS
As revoluções que o século XX trouxe e a conseqüente
guinada no Direito Constitucional, decorrente de diversas
constituições, produziram um grau superior de autonomia do
Direito. Com a incursão da filosofia pela linguagem, ocasio-
nando um novo modo de compreender o mundo, o pensamento
metafísico é superado, e os sentidos que se relacionavam às
coisas, passam a interagir na e pela linguagem. Como Streck
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
53
O sistema de justiça e os direitos humanos
3
STRECK, Lênio Luiz. O direito de obter respostas constitucionalmente
adequadas em tempos de crise do direito: a necessária concretização
dos direitos humanos. p. 94. Disponível em: http://www.periodicos.
ufpa.br/index.php/hendu/article/viewFile/374/603. Acesso em 09 abr.
2013.
4
MORAIS, José Luiz Bolzan de. Direitos humanos, globalização econô-
mica e integração regional. Direitos humanos “globais (universais)” de
todos, em todos os lugares, São Paulo: Max limonada, 2002, p.528.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
55
O sistema de justiça e os direitos humanos
5
PINHO, Rodrigo César Rebello. Teoria geral da constituição e direitos
fundamentais, v.17. São Paulo, Saraiva, 2002, p.65.
6
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro, Campus, 1992, p.5.
7
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da
Constituição. 4.ed. Coimbra: Almedina, 1997. p. 207.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
57
O sistema de justiça e os direitos humanos
8
BOBBIO, Norberto. Op. cit., p.64.
9
DWORKIN, Ronald. Uma questão de princípio. São Paulo: Martins Fon-
tes, 2001.p.105.
10
CANOTILHO, José Joaquim Gomes citado por OLIVEIRA, Rafael Tomaz.
O conceito de princípio entre a otimização e a resposta correta: apro-
ximações sobre o problema da fundamentação e da discricionariedade
das decisões judiciais a partir da fenomenologia hermenêutica. Disser-
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
61
O sistema de justiça e os direitos humanos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar das mutações na história mundial e no cenário ju-
rídico, não foram satisfatórias para acarretar combustões signi-
ficativas no sistema de normas brasileiro. Pouca variação se
notou, embora com alguns pensadores importantes que se
destacam, o Brasil tem muito a trilhar na seara do Direito.
Mesmo com a reviravolta das Eleições Diretas e a Constituição
de 1988, dentre outras alterações que o limite de conteúdo im-
pede de citar, nosso país engatinha em vários sentidos e no
Direito não é diverso. Os novos princípios ou “neoprincípios”
que culminaram no panprincipiologismo de Streck, demonstra
claramente isso, pois ao invés de se criar algo novo, relevante,
mascara-se velhos conceitos com títulos diversos. Não será
revisitando conceitos arcaicos que a evolução surgirá. É la-
mentável que o retrocesso esteja presente em outros setores,
como a educação, as relações humanas e a condição humana
no que tange ao respeito e bem viver. O panprincipiologismo
debilita a efetiva concretude dos direitos humanos, pois con-
funde, inibe a realização destes em prol da sociedade. E quan-
do os neoprincípios são utilizados por aqueles que deveriam
defender a aplicação destes direitos, afasta-se cada vez mais o
ideal que outrora foi tão cobiçado, que corresponde à liberda-
de, igualdade e fraternidade da era iluminista.
REFERÊNCIAS
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro, Campus, 1992.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria
da Constituição. 4. ed. Coimbra: Almedina, 1997.
DWORKIN, Ronald. Uma questão de princípio. São Paulo: Martins
Fontes, 2001.
MORAIS, José Luiz Bolzan de. Direitos humanos, globalização eco-
nômica e integração regional. Direitos humanos “globais (univer-
sais)” de todos, em todos os lugares, São Paulo: Max Limonada,
2002.
OLIVEIRA, Rafael Tomaz. O conceito de princípio entre a otimiza-
ção e a resposta correta: aproximações sobre o problema da funda-
mentação e da discricionariedade das decisões judiciais a partir da
fenomenologia hermenêutica. Dissertação (mestrado). Universidade
do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em Direito,
São Leopoldo, 2007. No prelo.
PINHO, Rodrigo César Rebello. Teoria geral da constituição e direi-
tos fundamentais, v.17. São Paulo, Saraiva, 2002.
STRECK, Lênio Luiz. Verdade e consenso. Constituição, Hermenêu-
tica e Teorias Discursivas. Da Possibilidade à necessidade de res-
postas em Direito. 3.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.
STRECK, Lênio Luiz. O direito de obter respostas constitucional-
mente adequadas em tempos de crise do direito: a necessária con-
cretização dos direitos humanos. p. 94. Disponível em:
<http://www.periodicos.ufpa.br/index.php/hendu/article/viewFile/
374/603>. Acesso em 09/04/2013.
Resumo
O direito ambiental vem se tornando um direito do mundo, com a propriedade de
ser por si só o berço de esperança das futuras gerações, tendo como aliado nesta
insistente guerra de preservação, a educação ambiental. A Constituição Federal de
1988 tutela um meio ambiente ecologicamente equilibrado e preservado, sugerindo
um desenvolvimento sustentável, crescimento econômico e utilização dos recursos
naturais de forma consciente. É de fundamental importância um investimento pesa-
do na formação de cidadãos fiscalizadores e conscientes, a fim de colaborar com a
harmonização entre preservação e sustentabilidade. O presente estudo foi embasa-
do em uma metodologia bibliográfica, onde através de livros, artigos e revistas bus-
cou aprofundar a pesquisa. Desta forma, conclui-se que, o direito de um meio ambi-
ente ecologicamente equilibrado surge como direito essencial de todo cidadão, logo,
um direito que necessita ter uma base forte de consciência ambiental que passa por
uma educação.
Palavras-chave: Meio ambiente; Direitos Humanos; Constituição Federal; Políticas
Públicas.
Abstract
Environmental law is becoming a law in the world, with the property of being itself
the cradle of hope for. The 1988 Federal Constitution tutelage one ecologically bal-
anced environment and preserved, suggesting sustainable development, economic
growth and natural resource use consciously. It is vital a heavy investment in the
training of enforcers and citizens aware in order to collaborate with the harmoniza-
tion between future generations, and as an ally in this war insistent preservation,
environmental education preservation and sustainability. This study was based on a
methodology literature, where through books, articles and journals sought further
research. Thus, we conclude that the right of an ecologically balanced environment
emerges as essential right of every citizen, so a right that needs to have a strong
base of environmental consciousness that passes for an education.
Keywords: Environment, Human Rights, Constitution, Public Policy.
64
Alessandra Staggemeir Londero & Deise Scheffer
INTRODUÇÃO
No mundo atual faz-se presente a preocupação com os di-
reitos humanos que todos têm direito. Ademais no âmbito na-
cional, a Constituição garante nos seus dispositivos os direitos
fundamentais, com suas garantias e deveres. Conforme o arti-
go 225 da Constituição Federal brasileira assegura a todos os
humanos o direito e proteção ao meio ambiente ecologicamen-
te equilibrado como bem coletivo, indicando ainda o dever de
defesa deste meio para as presentes e futuras gerações.
O direito ambiental devido a sua importância no mundo
aparece com um direito fundamental na vida das pessoas, au-
mentando seu nível de esclarecimento e propagação. Sendo
assim, surge um meio muito eficaz de divulgação das necessi-
dades do ecossistema para a nossa sustentabilidade, a educa-
ção ambiental, que se apresenta de várias formas e com dife-
rentes métodos, disposto em leis específicas e sob garantia de
política pública.
Salienta-se a importância da educação ambiental para o
desenvolvimento do Brasil e do mundo. Pois é considerado um
artifício pródigo e muito importante, já que alimenta a consci-
entização das pessoas. Ainda se relata as competências ambi-
entais, que dizem respeito aos poderes e limites dos entes fe-
derados.
Contudo faz-se necessário e análise subjetiva do que o
curso de direito implica no fato de exercer a sua educação am-
biental, pois além de ser um formador de pessoas, forma pen-
samentos e também maneiras de sobrevivência, principalmen-
te no que envolve a sociedade que vai se utilizar dos acadêmi-
cos formados e suas prestações para desenvolver suas teses
em casos e processos. Fazendo do advogado uma peça para a
proteção dos direitos do homem, entre eles o direito ao meio
ambiente e à sua sustentabilidade.
Para este trabalho o método aplicado é o indutivo, partin-
do do pensamento particular para o âmbito geral, colocando o
conhecimento de educação ambiental sobre o patamar da
Constituição Federal e os demais feitos legais, tanto os nacio-
METODOLOGIA
O método utilizado neste trabalho foi a fundamentação
teórica que tem uma grande importância para um trabalho
acadêmico.
A fundamentação teórica possui três funções principais.
Em primeiro, ajuda a sustentar o problema de pesquisa,
ou seja, demonstra que o problema faz sentido e que as
variáveis que se pretende de alguma forma arrolar são
passíveis de relacionamento. Em segundo lugar, consti-
tui-se na opção teórica do autor e, portanto, não pode ser
uma mera revisão de literatura [...]. Em outras palavras, a
fundamentação teórica representa o argumento do autor
sobre o tema que resolveu pesquisar. Sua terceira função
é dar sustentação à análise de dados, ou seja, permitir
sua interpretação.1
1
VIEIRA, M. M. F.; ZOUAIN, D. M. Pesquisa qualitativa em administração
- Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004, p.19.
2
JUNG, C. F. Metodologia para pesquisa e desenvolvimento: aplicada a
novas tecnologias, produtos e processos. Rio de Janeiro: Axcel Books,
2004.
REFERENCIAL TEÓRICO
Conforme o objetivo escolhido, o estudo teórico busca
demonstrar o quanto a educação ambiental é eficaz para o
meio ambiente e para a sustentabilidade baseado na Carta
Magna de 1988.
3
Art. 4º. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações in-
ternacionais pelos seguintes princípios: [...]
II – prevalência dos direitos humanos; [...]
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
67
A educação ambiental e sua sustentabilidade
4
WARAT, L. A. Por quem cantam as sereias. Porto Alegre: Síntese, 2000,
p.8.
6
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e lei
que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º São re-
servados aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por
esta Constituição. § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou medi-
ante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
7
Art. 30. Compete aos Municípios: I – legislar sobre assuntos de interes-
se local; II – suplementar a legislação federal e a estadual no que cou-
ber; VII – prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do
Estado, serviços de atendimento à saúde da população; [...]
8
CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato (orga-
nizadores). Direito constitucional ambiental brasileiro. São Paulo: Sarai-
va, 2007, p 215.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
73
A educação ambiental e sua sustentabilidade
SUSTENTABILIDADE
O termo sustentabilidade ou desenvolvimento sustentá-
vel, podemos mencionar o conceito trazido por Barral e Ferrei-
ra: “Desde já, pode-se definir desenvolvimento sustentável
como o desenvolvimento que responde às necessidades do
presente sem comprometer as possibilidades das gerações
futuras de satisfazer suas próprias necessidades.”9
No Direito do Ambiente, como também na gestão ambi-
ental, a sustentabilidade deve ser abordada sob vários pris-
mas:o econômico, o social, o cultural, o político, o tecnológico,
o jurídico e outros. Na realidade, o que se busca, consciente-
mente ou não, é um novo paradigma ou modelo de sustentabi-
lidade, que supõe estratégias bem diferentes daquelas que
têm sido adotadas no processo de desenvolvimento, sob a égi-
de de ideologias reinantes desde o início da Revolução Indus-
trial, estratégias estas que são responsáveis pela insustentabi-
lidade do mundo de hoje, tanto no que se refere ao planeta
Terra quanto no que interessa à família humana em particular.
Em última análise, vivemos e protagonizamos um modelo de
desenvolvimento autofágico que, ao devorar os recursos finitos
do ecossistema planetário, acaba por devorar-se a si mesmo10.
A sustentabilidade possui relação com diversas ciências.
Sem dúvida, uma das mais importantes é o Direito Ambiental.
Por meio de uma visão sistêmica e globalizante, o meio ambi-
ente deve ser interpretado como um bem jurídico unitário,
abarcando os elementos naturais, o ambiente artificial (meio
ambiente construído) e o patrimônio histórico-cultural, pressu-
pondo-se uma interdependência entre todos os elementos que
integram o conceito, inclusive o homem11.
9
BARRAL, Welber; FERREIRA, Gustavo A. Direito ambiental e desenvol-
vimento. In. BARRAL, Weber; PIMENTEL, Luiz Otávio (Org.). Direito
ambiental e desenvolvimento. Florianópolis: Fundação Boiteux, p. 13.
10
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário.
5. ed. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p.70.
11
MARCHESAN, Ana Maria Moreira; STEIGLEDER, Annelise Monteiro;
CAPPELLI, Sílvia. Direito Ambiental. 4. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídi-
co, 2007.
CONCLUSÃO
Posto que então para a sobrevivência é necessário colocar
em prática deveres sociais. Mas não somente em escala de
grandes acontecimentos em massa, mas na individualização
da conscientização, para logo se alastrar, vigorar como deve.
Com este fator entra a questão mais importante para tal efeito,
a educação ambiental.
E se tratando de educação faz-se posto do que seja tal
instituto, tão presente na vida de qualquer pessoa. Então além
da sua pessoalidade, entende-se por tal, aquilo que oferece o
aprendizado, conhecimento, sendo utilizado e adquirido nas
suas diversas formas, trazendo além do ensino, o modo de lidar
com os acontecimentos nos dia a dia de qualquer um. Com os
seus objetivos, de alcançar um desenvolvimento da personali-
dade das pessoas, de desenvolvimento econômico, cultural e
de tamanha importância o desenvolvimento do meio ambiente.
Com isto chega-se a importância de se educar com a fina-
lidade de preservação ambiental, da importância desta atitude
na sobrevivência da espécie humana, e das demais espécies-
vítimas habitantes do mundo. Como se torna simples a divul-
gação do instituto que se torna bem para a humanidade, como
seus meio de propagação podem tornar fácil a conscientização
dos cidadãos, indiferente de idade, credo, cor e religião, aces-
sível à qualquer um que queria contribuir para a propagação
do bem estar e da sustentabilidade do ecossistema, sendo es-
tes, gestos pessoais, sem incluir ainda as políticas governa-
mentais específicas para tanto. Mesmo que tão importantes e
constantes na Constituição Federal de 1988.
Portanto conclui-se que no quadro dos direitos humanos e
fundamentais, o direito ambiental evolui à medida que é mais
visível a necessidade e a facilidade para a ação deste. Além
dos poderes públicos, acreditamos que a grande engrenagem
da sociedade é a pessoa que se empenha em preservar os re-
cursos naturais e fazer pelo coletivo o possível para que cada
vez mais a educação se torne humana e ambiental num mesmo
contexto.
REFERÊNCIAS
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(Org.). Direito ambiental e desenvolvimento. Florianópolis: Funda-
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Resumo
O presente trabalho versa sobre a gestão pública e as perspectivas de sua atuação,
assim como o panorama do desenvolvimento no século XX e XXI, principalmente a
partir da abordagem do caráter econômico do desenvolvimento na elaboração e
instauração de uma hegemonia econômica global, denominada de racionalidade
econômica. Essa configuração aumenta os riscos ambientais e sociais operando basi-
camente em nome do crescimento econômico, desconhecendo muitas vezes os
efeitos locais e limitando a capacidade de solução dos problemas por parte da ges-
tão pública. A partir disso, aponta-se para a racionalidade mercadológica econômica
como o fator preponderante na dificuldade de alcançar os patamares de sustentabi-
lidade que se espera do desenvolvimento no século XXI.
Palavras-chave: Desenvolvimento – Gestão pública – Racionalidade econômica –
Sustentabilidade;
Abstract
This paper focuses on the governance and the prospects for its operations, as well as
the development landscape in XX and XXI century and mainly from the approach of
an economic development in the design and establishment of a global economic
hegemony, called economic rationality. This configuration increases the environ-
mental and social risks operating primarily in the name of economic growth, often
ignoring the local effects and limiting the ability to solve problems on the part of
public management. From this, pointing to the market economic rationality as the
most important factor in the difficulty of achieving the levels expected sustainability
of development in the XXI century.
78
Alexandre Nicoletti Hedlund
INTRODUÇÃO
As mudanças ocorridas ao longo do último século confi-
guram um cenário preocupante e complexo que resume em si
as contradições da sociedade contemporânea, desde a organi-
cidade de suas instituições até as relações interindividuais
que determinam novos espaços públicos e privados de convi-
vência. Essas contradições podem ser compreendidas como a
síntese decorrente das transformações produzidas ao longo
dos últimos três séculos que o precederam, provocando uma
complexa gama de fragmentações e rupturas internas que de-
notam a crise do paradigma civilizatório moderno.
A crise que se instala na sociedade contemporânea tem
como principal característica a complexidade com que se vin-
cula a diversos campos de atuação do ser humano, na dimen-
são política, econômica e social, além da dimensão ambiental
que, ao contrário das demais, não consegue ser limitada a um
determinado espaço geográfico. Apesar da relevância que a
crise ambiental apresenta, as proposições dos projetos de de-
senvolvimento baseiam-se nas concepções da economia capi-
talista que passa a determinar todos os âmbitos da existência
humana. A partir disso, este pequeno trabalho pretende anali-
sar a consolidação do desenvolvimento como projeto sustentá-
vel e ao mesmo tempo apresentar alguns aspectos que indi-
cam a insustentabilidade destes projetos diante da hegemonia
da racionalidade econômica global.
O século XX sinalizou avanços tecnológicos incomensurá-
veis, mas, foi marcado também pelos níveis de desigualdade1,
uma vez que muita riqueza foi gerada, mas persistem elevados
níveis de pobreza e desigualdade social, evidenciando-se o
desiquilíbrio entre transformação produtiva e equidade social,
competitividade e coesão social, eficiência e solidariedade,
crescimento e distribuição de resultados.
1
SCHOMMER, P. C. Investimento social das empresas: cooperação orga-
nizacional num espaço compartilhado. In: FISCHER, T. (Org.) Gestão do
Desenvolvimento e Poderes Locais: marcos teóricos e avaliação. Salva-
dor, BA: Casa da Qualidade, 2002.p. 91.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
79
Gestão pública e desenvolvimento sustentável
2
Nesse sentido, Tenório e Saraiva (2006) defendem que o importante não
é diferenciar gestão pública de gestão social, mas resgatar a função bá-
sica da administração pública, que é atender os interesses da sociedade
como um todo. Gestão social seria uma adjetivação da gestão pública,
não um substituto.
3
BRASIL. Ministério da Administração e Reforma do Estado. Plano Diretor
da Reforma do Aparelho do Estado. Brasília: Ministério da Administra-
ção e Reforma do Estado, 1995 a.
4
TENÓRIO, F. G.; SARAIVA, E. J. Escorços sobre gestão pública e gestão
social. In. MARTINS, Paulo Emílio Matos; PIERANTI, Octávio Penna
(Orgs.) Estado e Gestão Pública: visões do Brasil contemporâneo. Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2006.
5
FISCHER, T. (Org.) Gestão do desenvolvimento e poderes locais: marcos
teóricos e avaliação. Salvador, BA: Casa da Qualidade, 2002.p. 29.
6
Destacam-se as organizações filantrópicas, as ONG’s (Organizações
Não-Governamentais) e as fundações de cunho social, principalmente
como resultantes do crescimento da consciência de cidadania e, muitas
vezes, por consequência de crises dos governos.
7
TENÓRIO, F. G.; SARAIVA, E. J. Escorços sobre gestão pública e gestão
social. In. MARTINS, Paulo Emílio Matos; PIERANTI, Octávio Penna
(Orgs.) Estado e Gestão Pública: visões do Brasil contemporâneo. Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2006.p. 122.
8
BRESSER PEREIRA, Luiz Carlos. Gestão do setor público: estratégia e
estrutura para um novo Estado. In: Bresser Pereira, Luiz Carlos & Spink,
Peter K. (orgs.). Reforma do Estado e administração pública gerencial. 2.
ed. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998. p. 21-38.
9
MOTTA, Paulo Roberto. Gestão Contemporânea: a ciência e a arte de ser
dirigente. Rio de Janeiro: Record, 1995.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
81
Gestão pública e desenvolvimento sustentável
PANORAMA DO DESENVOLVIMENTO
A organização da sociedade político-jurídica moderna é
marcada por um movimento de ruptura com as tradições, com
a história e com a estagnação medieval em favor de novas tra-
dições e de sua própria história em constante reconstrução,
ocorrendo em todos os campos da atividade humana.
Nesse sentido, o crescimento econômico assume lugar de
destaque na sociedade moderna, principalmente em decorrên-
cia do papel que a classe burguesa – em ascensão – passa a
ocupar, fortalecendo uma nova economia, não mais baseada na
10
TENÓRIO, F. G.; SARAIVA, E. J. Escorços sobre gestão pública e gestão
social. In. MARTINS, Paulo Emílio Matos; PIERANTI, Octávio Penna
(Orgs.) Estado e Gestão Pública: visões do Brasil contemporâneo. Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2006.p. 126.
11
Idem, Ibidem.
12
Como bem lembra Heilbroner “os homens devem cumprir suas tarefas
não por serem obrigados a elas, mas porque nelas ganharão dinheiro.”
(1972. p.61).
13
CAPELLA, Juan Ramón. Fruta Prohibida: una aproximación histórico-
teorética al estudio del derecho y del estado. Madrid: Trotta, 1997.
14
(HEILBRONER, Robert L. A Formação da Sociedade Econômica. 2. ed.
rev. e atual. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1972.
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83
Gestão pública e desenvolvimento sustentável
15
RIVERO, Oswaldo de. O mito do desenvolvimento: os países inviáveis no
século XXI. Trad. de Ricardo Aníbal Rosenbusch. Petrópolis, RJ: Vozes,
2002.
16
Nesse sentido, as representações teóricas sobre o desenvolvimento ten-
dem a compreender o fenômeno como sendo um conjunto de estágios
evolutivos sobre os quais os países transitariam de uma condição pré-
moderna (subdesenvolvida) para a Era Industrial (desenvolvida).
17
Sachs, em referência às transformações da sociedade contemporânea do
século XX, refere que “graças ao poderio tecnológico multiplicado ao
longo do século, a economia mundial conheceu crescimento sem prece-
dentes, alcançando elevados níveis de produção de bens materiais. Po-
rém, a parte maldita do produto não para de crescer, engolida pelo au-
mento dos custos das transações e dos custos embutidos para o funcio-
namento do capitalismo e esterilizada nos circuitos de especulação fi-
nanceira, gerando uma riqueza virtual, sem esquecer as despesas béli-
cas.” (1998, p.2-3, grifo do autor).
18
MORIN, Edgar; WULF, Christoph. Planeta: a aventura desconhecida. São
Paulo: Editora UNESP, 2003.
19
Parece correto afirmar que essa mudança de paradigmas tenha ocorrido
pelo temor da autodestruição provoca a discussão de um novo projeto
de Desenvolvimento que além do aspecto econômico começa a trabalhar
com outras categorias como a política, a religião, a cultura, a sociologia,
a filosofia, sendo que a centralidade da discussão passa a ser em torno
da questão ambiental.
20
É importante compreender que a posição de muitos países periféricos,
naquele momento histórico, não afirmava ainda a defesa do meio ambi-
ente, mas, pelo contrário, defendia o direito de aceleração industrial que
promovesse nestes países os avanços alcançados pelas economias cen-
trais.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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85
Gestão pública e desenvolvimento sustentável
21
LEFF, Enrique. Racionalidade Ambiental: a reapropriação social da natu-
reza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
22
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia
das letras, 2000, 411p.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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87
Gestão pública e desenvolvimento sustentável
23
Concorda-se com Faria ao identificar algumas ações dessa racionalida-
de, como sendo: “a desregulação dos capitais, a geração de formas coo-
perativas de interdependência econômica, a unificação monetária, a fle-
xibilização dos sistemas de produção, a padronização e a homogeneiza-
ção dos mercados, criação de grandes blocos comerciais, a emergência
do Leste Europeu como novo mercado consumidor e a defesa dos cortes
drásticos nos gastos públicos dos Estados nacionais, acompanhado da
desformalização de muitas de suas obrigações funcionais, e da privati-
zação de determinados serviços públicos essenciais, como estratégia de
neutralização da crise fiscal e restauração das condições ‘mínimas’ de
governabilidade.” FARIA, José Eduardo (org.). Direito e Globalização
Econômica: implicações e perspectivas. São Paulo: Malheiros, 1996.
p.134.
24
Capra, Fritjof. A Teia da Vida. São Paulo: Cultrix. 1996.
25
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999. 145 p.
26
Conforme Faria, o Estado perde a centralidade do poder para os meca-
nismos de auto-regulação da economia, o que torna as decisões políticas
condicionadas por equilíbrios macroeconômicos que representam “um
verdadeiro princípio normativo responsável pela fixação de rigorosos li-
mites às intervenções reguladoras dos Estados nacionais.” (FARIA,
1996.p.142).
27
ALTVATER, Elmar. Os desafios da globalização e da crise ecológica. In.:
Crise dos paradigmas em estudos sociais e os desafios para o século
XXI. HELLER, Agnes. et al., 1a. reimpressão. Rio de Janeiro: Contrapon-
to, 2000. p.109 –125.
28
“a teoria e as políticas econômicas procuram eludir o limite e acelerar o
processo de crescimento, montando um dispositivo ideológico e uma es-
tratégia de poder para capitalizar a natureza. Daí emergem o discurso
neoliberal e a geopolítica do desenvolvimento sustentável, reafirmando
o livre mercado como mecanismo mais clarividente e eficaz para ajustar
os desequilíbrios ecológicos e as desigualdades sociais”Leff.(2006,
p.225).
29
LUSTOSA, Maria Cecília. Industrialização, Meio Ambiente, Inovação e
competitividade. In: MAY, Peter; LUSTOSA, Maria Cecília; VINHA, Valé-
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2003.
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30
CAPELLA, Juan Ramón. Fruta Prohibida: una aproximación histórico-
teorética al estudio del derecho y del estado. Madrid: Trotta, 1997.
31
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia
das letras, 2000, 411p.
32
CAPELLA, Juan Ramón. Fruta Prohibida: una aproximación histórico-
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33
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34
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35
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I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
91
Gestão pública e desenvolvimento sustentável
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposição da gestão pública decorre da vontade de
cuidado com a res publica e com os interesses dos cidadãos,
principalmente quando se afirma o caráter democrático de um
Estado. Não se trata de exigir que o aparelho burocrático esta-
tal se atualize e se modernize, mas, antes disso, que a agenda
de discussão seja focada em temas como a saúde, o combate a
fome e a redistribuição de renda.
É nesse contexto que a gestão deve acompanhar as pro-
posições de um do desenvolvimento, justamente em função do
compromisso ético e político permanente deste, o que eviden-
cia que a racionalidade econômica constitui-se como um en-
trave a tais processos de desenvolvimento. Por isso, a proposi-
ção de um projeto sustentável deve ser avaliada com muita
cautela, para que não se confirme como apenas outra estraté-
gia de apropriação dos recursos naturais direcionadas para o
fortalecimento da globalização econômica, pois sob a bandeira
do desenvolvimento sustentável pode haver inscritas diretrizes
de exploração da natureza e acumulação desmedida de recur-
sos que não guardam sentido com qualquer necessidade de
sobrevivência da humanidade, mas apenas de acumulação de
riqueza.
O cenário que se apresenta, de grandes dificuldades de
sustentabilidade diante das forças do mercado global é, acima
de tudo, um cenário a ser modificado, requerendo a sensibili-
dade na identificação das necessidades humanas, dos limites
REFERÊNCIAS
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93
Gestão pública e desenvolvimento sustentável
Aline Andrighetto
Bacharel em Direito e pós-graduada em Direito Ambiental pela Universi-
dade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí); Mes-
tre em Direito e Multiculturalismo pela Universidade Regional Integrada
do Alto Uruguai e das Missões (URI) Santo Ângelo.
(alineandrighetto@gmail.com)
Resumo
A identidade cultural, assim como o multiculturalismo, as nacionalidades e a cidada-
nia transformam-se em objeto de análise não apenas por sua relevância, mas pela
necessidade de estudo e abordagem dos fenômenos políticos e históricos nos quais
atuam. Entendida como valores, representações, símbolos e patrimônio, assimilados
e compartilhados por comunidades, a identidade se encontra no centro dos questio-
namentos das ciências humanas. Noções de cultura, tradicionalmente, aplicam-se a
realidades específicas. Há necessidade de identificar a cultura como parte importan-
te do reconhecimento humano e da luta pela identidade do ser como pessoa para a
efetivação de seus direitos.
Palavras-chave: Identidade. Cultura. Reconhecimento. Diferenças.
Abstract
Cultural identity, and multiculturalism, nationality and citizenship become the object
of analysis not only for its relevance, but by the need to study and address the politi-
cal and historical phenomena in which they operate. Understood as values, repre-
sentations, symbols and heritage, assimilated and shared by communities, identity is
at the heart of questions of the human sciences. Notions of culture traditionally
apply to specific circumstances. There is need to identify the culture as an important
part of human recognition and the struggle for identity as a person for the realiza-
tion of their rights.
Keywords: Identity. Culture. Recognizing. Differences.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Os recentes debates intelectuais sobre o multiculturalis-
mo e sobre o direito à diferença expressam um caráter polêmi-
co porque remetem à noção de integração de várias culturas.
Ou seja, duas concepções se encontram em jogo com a ideia
de universalismo e de tolerância à diversidade. Para que se
96
Aline Andrighetto
3
MARTINAZZO, Celso José. A utopia de Edgar Morin: da complexidade
à concidadania planetária. 2. ed. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2004. p. 76 (Coleção
Educação).
4
TAYLOR, Charles. Multiculturalismo. Trad. de Marta Machado. Lisboa:
Instituto Piaget, 1994. p. 48.
5
Id., ibid., p. 54.
6
BERTASO, João Martins (Org). Cidadania e interculturalidade: produ-
ção associada ao projeto de pesquisa “Cidadania e interculturalidade”.
Santo Ângelo: FURI, 2010. p. 58.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
99
O reconhecimento de identidades culturais para a efetivação de direitos
7
TAYLOR, Charles. Op. cit., 1994, p. 87.
8
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Ed.
Unesp, 1991.
9
HALL, Stuart. Op. cit., 2006, p. 76.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
101
O reconhecimento de identidades culturais para a efetivação de direitos
10
CALDERA, Alejandro Serrano. A ética entre a mundialização e a identi-
dade. In: SIDEKUM, Antônio (Org.). Alteridade e multiculturalismo. Ijuí,
RS: Ed. Unijuí, 2003. p. 355.
11
TAYLOR, Charles. Op. cit, 1994, p. 54.
13
McLAREN, Peter. Multiculturalismo crítico. Prefácio de Paulo Freire.
Apresentação de Moacir Gadotti. Trad. de Bebel Orofino Schaefer. 3. ed.
São Paulo: Cortez/Instituto Paulo Freire, 2000 (Coleção Prospectiva, v. 3).
p. 111.
14
SILVA, Maria José Albuquerque da; BRANDIM, Maria Rejane Lima. Mul-
ticulturalismo e educação: em defesa da diversidade cultural. Disponí-
vel em: <http://www.fit.br/home/ link/texto/Multiculturalismo.pdf >.
Acesso em: 01 abr. 2012.
15
TOURAINE, Alain. Um novo paradigma para compreender o mundo
hoje. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. p. 171.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
105
O reconhecimento de identidades culturais para a efetivação de direitos
GLOBALIZAÇÃO E CULTURALISMOS
A globalização se faz pelos modos de comportamento e
se coloca como reivindicação de diferentes tipos de identida-
des: nacional, étnica e religiosa. Na realidade, a globalização
dissolve as fidelidades cívicas e nacionais, enquanto as rela-
ções transnacionais, das quais ela se alimenta, favorecem as
múltiplas solidariedades portadoras de identidades de substi-
tuição. Castells fala que “[...] em um mundo cada vez mais sa-
turado de informações, as mensagens mais eficientes são tam-
bém as mais simples e mais ambivalentes, de modo a permitir
que as pessoas arrisquem suas próprias projeções”16. Desse
modo, as forças de protesto em novas identidades insurgem
contra uma ordem internacional que elas não conseguem do-
minar, mediante múltiplas engrenagens, frustração e ressen-
timento, contribuindo para que o espectro dos fantasmas do
passado se erga contra esse movimento.
Com tantos estudos sobre fatores interligados à identida-
de cultural, tão importante quanto a identidade vinculada ao
passado é aquela que se projeta para o futuro: é dela que pro-
vavelmente virão as respostas aos novos desafios e é ela quem
deve merecer particular atenção. No tocante ao pensamento de
evolução de conceitos pode-se mencionar os museus como
exemplos de memorização de culturas. É preciso levar em con-
ta que os museus são por excelência os depositários da identi-
dade que já se cristalizou, que goza de um consenso forjado
nas instituições culturais do país.
O amparo às identidades culturais nos novos meios ele-
trônicos tem como resultado benefícios evidentes já configura-
dos em países que avançaram nesse campo, na forma de ativi-
dade econômica em geral, pois geram novos empregos, maior
16
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. Trad. de Klaus Brandini
Gerhardt. São Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 370.
MULTICULTURALISMO E RECONHECIMENTO
O multiculturalismo tem se constituído num movimento
de afirmação e resistência de identidades culturais, situando-
se na dinâmica dos acontecimentos mundiais a partir de mo-
vimentos sociais. Tem sido alvo de análise de formas diferen-
tes, resultando em múltiplas tentativas de mapeamento do
campo cultural, por meio do qual a diferença é tanto construída
como negada.
A noção de identidade e de autenticidade introduziu uma
nova dimensão na política de reconhecimento igualitário, que
agora funciona como algo parecido a um conceito próprio de
autenticidade. Deve-se pensar que as pessoas são reconheci-
das pelas identidades únicas.
Segundo Taylor:
17
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pen-
samento. Trad. de Eloá Jacobina. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2003. p. 15.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
107
O reconhecimento de identidades culturais para a efetivação de direitos
18
TAYLOR, Charles. Op. cit., 1994, p. 58.
19
McLAREN, Peter.Op. cit., 2000.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As diferenças e as desigualdades deixam de ser fraturas
a serem superadas. O Humanismo menciona hoje que muitos
fatores vêm contribuindo para que o reconhecimento de cultu-
ras seja cada vez mais trabalhado de maneira intensa no mun-
do. A unificação globalizada dos mercados não se sente per-
turbada pela existência de diferentes e desiguais, o que é mais
uma prova de que o multiculturalismo tem tomado proporções
no sentido de melhorar as relações entre as pessoas e busca
dirimir os conflitos. A sociedade, antes concebida em termos
de estratos e níveis, ou distinguindo-se segundo identidades
étnicas ou nacionais, agora é pensada como uma sociedade de
rede, onde as culturas são exploradas e cuidadosamente re-
descobertas. A identidade cultural, assim como o multicultura-
lismo, as nacionalidades e a cidadania transformam-se em ob-
jeto de análise não apenas por sua relevância, mas pela neces-
sidade de estudo e abordagem dos fenômenos políticos e his-
tóricos nos quais atua.
Algumas noções de cultura, tradicionalmente, aplicam-se
a realidades específicas, e ainda à necessidade de identificar a
cultura como parte importante do reconhecimento humano e
da luta pela identidade do ser como pessoa. Assim, pode-se
afirmar que o intenso estudo sobre as culturas é de suma im-
portância para se chegar à identificação de um Estado iguali-
tário que busca dirimir desigualdades e sabe lutar pelas dife-
renças de maneira a proteger aqueles que fazem parte de um
grupo minoritário da sociedade.
REFERÊNCIAS
BERTASO, João Martins (Org). Cidadania e interculturalidade: pro-
dução associada ao projeto de pesquisa “Cidadania e interculturali-
dade”. Santo Ângelo: FURI, 2010.
CALDERA, Alejandro Serrano. A ética entre a mundialização e a
identidade. In: SIDEKUM, Antônio (Org.). Alteridade e multicultura-
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CANCLINI, Néstor Garcia. Diferentes, desiguais e desconectados:
mapas da interculturalidade. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ,
2009.
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. Trad. de Klaus Brandini
Gerhardt. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo:
Ed. Unesp, 1991.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed.
Trad. de Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janei-
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McLAREN, Peter. Multiculturalismo crítico. Prefácio de Paulo Frei-
re. Apresentação de Moacir Gadotti. Trad. de Bebel Orofino Schaefer.
3. ed. São Paulo: Cortez/Instituto Paulo Freire, 2000 (Coleção Pros-
pectiva, v. 3).
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o
pensamento. Trad. de Eloá Jacobina. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2003. p. 15.
______. O método 5: a humanidade da humanidade. Trad. de Juremir
Machado da Silva. 4. ed. Porto Alegre: Sulina, 2007. 309 p.
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tituto Piaget: Lisboa, 1994.
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Disponível em: <http://www.fit.br/home/link/texto/Multiculturalis
mo.pdf >. Acesso em: 01 abr. 2012.
Resumo
Falar em igualdade em relação ao empregado doméstico na sociedade brasileira
contemporânea supõe enfrentar desafios que não se cansam de acentuar. A promo-
ção da igualdade e a eliminação de toda forma de preconceito, discriminação e abu-
so na relação de trabalho doméstico são primordiais ao desenvolvimento, à inclusão
social e à redução das desigualdades, tendo em vista que ao longo da história foram
precariamente protegidas pela legislação. Dessa forma, torna-se imperioso a dimi-
nuição das distâncias entre as classes sociais, por meio da valorização social do tra-
balho e do respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana, sendo isso o que se
propõe a PEC 72/2013, apesar de haver muito ainda a ser feito para a superação das
desigualdades.
Palavras-chave: Trabalho doméstico. Desigualdade social. Alterações legislativas.
Abstract
Speaking of equality in relation to domestic workers in Brazilian society contempo-
rary means facing challenges never tire of emphasizing. The promotion of equality
and elimination of all forms of prejudice, discrimination and abuse in relation to
domestic work are paramount to the development , social inclusion and reducing
inequalities, considering that throughout history were poorly protected by law. Thus,
it is imperative to decrease the distances between the social class, through the social
valorization of work the respect to the principle of human dignity, and what it
intends to PEC 72/2013 , although there is still much to be done to overcome
inequalities.
Keywords: Domestic work. Social inequality. Legislative changes.
112
Aline Damian Marques & Roberta da Silva
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As relações históricas, sociais e culturais que envolveram
o direito dos empregados domésticos constantemente foram
marcadas por injustiças sociais, discriminações e abusos de
poder, fazendo com esses profissionais estivessem pratica-
mente às margens do Direito, em situação de absoluta desi-
gualdade frente aos demais trabalhadores, sendo violado o
princípio da dignidade da pessoa humana.
Com as recentes alterações legislativas as distorções his-
tóricas dos direitos desses profissionais são corrigidas, porém
às visões pessimistas, isso já gera muita preocupação em rela-
ção ao futuro dessa categoria, tudo isso devido a maneira como
essa ocupação é preconceituosamente percebida na sociedade
brasileira.
Sabe-se que essa é uma exigência civilizatória, tendo em
vista que o trabalho doméstico, no Brasil, também se confunde
com a própria história da escravidão. Dessa forma, a expectati-
va é de significativos avanços e desafios com a valorização do
trabalho doméstico. Este quadro parece desesperador para
alguns, mas essa mudança já era esperada.
Essa mudança tornou-se uma demonstração de evolução
para uma sociedade mais justa e mais equilibrada, ao contrário
do caos anunciado aos quatro ventos pelos pessimistas. Dessa
forma, considerando tais aspectos, o presente artigo pretende
trazer uma compreensão melhor das condições de existência
dessa categoria na sociedade brasileira, bem como as altera-
ções legislativas quanto a sua proteção, a qual é de extrema
importância quando se pretende reduzir as desigualdades so-
ciais, a busca pela valorização da dignidade da pessoa huma-
na e de uma sociedade mais humana e democrática.
1
BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário escolar da língua portuguesa.
11. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1991.
2
ARISTÓTELES. A política. Tradução de Therezinha Monteiro Deustch.
São Paulo: Nova Cultural, 1999, p. 148-149
3
MELO, Hildete Pereira de. O serviço doméstico remunerado no Brasil: de
criadas a trabalhadoras. Rio de Janeiro, junho de 1998, p. 2-3.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
115
O trabalho doméstico e a desigualdade
4
DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos humanos e cidadania. São Paulo:
Moderna, 1998, p. 09.
5
BRANDT, Maria Elisa A. O emprego doméstico na cidade de São Paulo:
como é vivido e representado. 2002. 203 fl. Tese (Doutorado em Sociolo-
gia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002, p. 3.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
117
O trabalho doméstico e a desigualdade
6
HEGEL; Georg Wilhelm Friedrich. Princípios da Filosofia do Direito. São
Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 167-185.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
119
O trabalho doméstico e a desigualdade
7
ARCANJO. Aline Soares; Reconhecimento e trabalho: a teoria do reco-
nhecimento de Axel Honneth no âmbito do trabalho. In: BARZOTTO, Lu-
ciane Cardoso; Trabalho e igualdade: tipos de discriminação no ambien-
te de trabalho, Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012, p. 78.
8
BOBBIO, Norberto. Igualdade e liberdade. Tradução de Carlos Nelson
Coutinho. 3. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997, p. 20.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
121
O trabalho doméstico e a desigualdade
9
Disponível em http://www.oit.org.br/content/hist%C3%B3ria. Acesso em
09 de abril de 2013.
10
Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetra
mitacao?idProposicao=473496. Acesso em 09 de abril de 2013.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
123
O trabalho doméstico e a desigualdade
11
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emen
das/Emc/emc72.htm. Acesso em 09 de abril de 2013.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
125
O trabalho doméstico e a desigualdade
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa delineou um breve estudo sobre a origem e a
evolução do trabalho doméstico, conectando a atual discrimi-
nação social desse labor com o processo de evolução histórico
e cultural, que identificou o labor doméstico com o trabalho
escravo e feminino. O ano de 2013 será considerado um marco
para essa categoria, apesar de alguns críticos considerarem
aparentemente a existência desse serviço fadada ao fim. A
emenda é a reparação de uma “injustiça histórica” e o fim de
um resquício escravagista. Inicialmente, será natural haver
certo desconforto e muitas dúvidas, mas as partes deverão
12
Disponível em http://www12.senado.gov.br/noticias/infograficos/2013
/03/info-entenda-o-que-muda-com-a-pec-das-domesticas. Acessado em
09 de abril de 2013.
REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. A política. Tradução de Therezinha Monteiro Deus-
tch. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
ARCANJO. Aline Soares; Reconhecimento e trabalho: a teoria do
reconhecimento de Axel Honneth no âmbito do trabalho. In:
BARZOTTO, Luciane Cardoso; Trabalho e igualdade: tipos de dis-
criminação no ambiente de trabalho, Porto Alegre: Livraria do Advo-
gado, 2012.
BRANDT, Maria Elisa A. O emprego doméstico na cidade de São
Paulo: como é vivido e representado. 2002. 203 fl. Tese (Doutorado
em Sociologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário escolar da língua portu-
guesa. 11. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1991.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
127
O trabalho doméstico e a desigualdade
Resumo
A democracia é um tema frequentemente discutido pelas ciências sociais. Entre suas
diferentes dimensões, o Direito comumente privilegia o aspecto institucional, anali-
sando a organização do poder estatal sob a forma democrática de governo. Nesse
sentido, costuma-se distinguir entre a democracia antiga, marcada pela participação
direta dos cidadãos e a democracia moderna, caracterizada pela participação social
mediante mecanismos de representação. Tais paradigmas apresentam, atualmente,
importantes limitações, o que conduz alguns autores a apontarem para uma “crise
de representação”. O significado da democracia, no entanto, extrapola a dimensão
institucional, implicando, também, uma dimensão simbólica e social. O presente
artigo pretende lembrar que a democracia, mais do que um regime de governo, é
condição imprescindível para a garantia de direitos humanos.
Palavras Chave: Direitos humanos. Participação. Representação.
Abstract
The democracy is a subject frequently discussed by social sciences. Between its dif-
ferent dimensions, the Law usually privileges the institutional aspect, analyzing the
state power organization in the democratic form of government. In this sense, we
accustom to discern between antique democracy, marked by direct participation of
130
Ana Righi Cenci & Gilmar Antônio Bedin
INTRODUÇÃO
A democracia é um conceito que possui uma trajetória de
aproximadamente 2.500 anos. Apesar do longo período, sua
história está marcada por diversos períodos de interrupção e,
principalmente, por importantes revisões conceituais, de modo
que o significado da democracia na Antiguidade (especifica-
mente na Grécia, embora também existam importantes contri-
buições da civilização romana) e na modernidade possuem
dimensões bastante distintas.
Comumente, a democracia clássica é vinculada à noção
de participação direta, enquanto a democracia moderna é sin-
tetizada pela ideia de representação. O contexto político atual,
no entanto, põe em xeque a eficácia da representatividade pa-
ra garantir o governo das leis e assegurar o exercício da liber-
dade pelos indivíduos – cabendo questionar, inclusive, sobre o
significado desse conceito na atualidade.
A democracia deve ser pensada, contudo, a partir de um
viés não exclusivamente institucional, pois “parte significativa
da vida política” é constituída por “ações que escapam aos
contornos da legalidade formal”, como destaca Newton Big-
notto1. Tal destaque vale, sobretudo, para sociedades periféri-
cas, cuja trajetória institucional é de pouca estabilidade em
termos de regras de conduta e o avanço em termos de liberda-
des individuais ainda é tímido. A análise da liberdade política
– conceito que justifica, inclusive, a discussão sobre a demo-
1
BIGNOTTO, Newton. Problemas atuais da teoria republicana. In:
CARDOSO, Sérgio (org.). Retorno ao republicanismo. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2004, p. 17-43, p. 28.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
131
Para além da liberdade dos antigos e da liberdade dos modernos
A DEMOCRACIA ATENIENSE
Etimologicamente, o significado de democracia remete às
expressões gregas demos (povo) + kratein (governar), corres-
pondendo, portanto, à ideia de “governo do povo”. Historica-
mente, a democracia esteve associada à igualdade de partici-
pação, no sentido de que todos os cidadãos de um determina-
do Estado possuiriam o mesmo direito de participar de deci-
sões relativas a questões da coletividade, sendo que o voto de
cada um teria o mesmo peso. Tal lógica, embora com importan-
tes ressalvas, é válida para todos os períodos históricos em
que a democracia vigeu como regime político2.
A experiência democrática de Atenas, na Grécia, nos sé-
culos V e IV a.C., primeiro regime democrático de que se tem
2
OUTHWAITE, William; BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento
Social do Século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1993.
3
Idem.
4
CHAUÍ, Marilena. Retorno do teológico-político. In: CARDOSO, Sérgio
(org.). Retorno ao republicanismo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004,
p. 93-133.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
133
Para além da liberdade dos antigos e da liberdade dos modernos
5
Idem, p. 113.
6
CHÂTELET, François; DUHAMEL, Oliver; PISIER-KUOCHNER, Evelyne.
História das Ideias Políticas. Trad. Carlos Nelson Coutinho. 2 ed. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990.
7
CARVALHO, José Murilo de. Entre a liberdade dos antigos e a dos mo-
dernos: a república no Brasil. In: CARVALHO, José Murilo de. Pontos e
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
135
Para além da liberdade dos antigos e da liberdade dos modernos
A DEMOCRACIA MODERNA
Embora a modernidade tenha retomado, no cenário políti-
co, a ideia de democracia, deve-se ter cuidado ao compará-la
com o funcionamento político das sociedades antigas, por-
quanto estes guardam poucas semelhanças. Agora, há igual-
dade formal entre os indivíduos, mas a participação política
não mais ocorre se forma direta. A democracia moderna não
refuta a dimensão da participação política, mas a concretiza
mediante mecanismos de representação. Norberto Bobbio9, ao
analisar o surgimento da democracia moderna destaca a con-
cepção individualista de sociedade que a fundamenta – a qual
contraria diametralmente a “concepção orgânica, dominante
na idade antiga e na idade média, segundo a qual o todo pre-
cede as partes”. A sociedade política, com a modernidade,
passa a ser um “produto artificial da vontade dos indivíduos”.
Tal concepção fundamenta todas as teorias contratualistas
modernas, independente das importantes diferenças que estas
guardam entre si. A noção de que os indivíduos contratam a
11
CARVALHO, 1999, p. 83.
12
LEYDET, Dominique. Crise da representação: o modelo republicano em
questão. In: CARDOSO, Sérgio (org.). Retorno ao republicanismo. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2004, p. 67-92.
13
Idem, p. 71, grifo nosso.
14
LEYDET, Dominique. Crise da representação: o modelo republicano em
questão. In: CARDOSO, Sérgio (org.). Retorno ao republicanismo. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2004. p. 75.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
139
Para além da liberdade dos antigos e da liberdade dos modernos
15
LEYDET, Dominique. Crise da representação: o modelo republicano em
questão. In: CARDOSO, Sérgio (org.). Retorno ao republicanismo. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2004. p. 81.
16
SEN, Amartya. La democracia como valor universal. Disponível em:
<http://www.istor.cide.edu/archivos/num_4/dossier1.pdf.>. Acesso em
6 abr 2013, p. 11.
17
Idem, p. 19.
18
Idem, p. 19-20
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
141
Para além da liberdade dos antigos e da liberdade dos modernos
19
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Trad. Laura Teixeira
Motta. São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 2000, p. 186.
20
Idem.
23
HOYOS, Luis Eduardo. Dos conceptos de libertad, dos conceptos de
democracia. In: ARANGO, Rodolfo. (editor acad.) Filosofía de la demo-
cracia: fundamentos conceptuales. Bogotá: Siglo del Hombre Editores,
Universidad de los Andes, 2007.
24
TOURAINE, Alain. Após a crise: a decomposição da vida social e o sur-
gimento de atores não sociais. Trad. Francisco Morás. Petrópolis/RJ: Vo-
zes, 2011, p. 161.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As ideias apresentadas neste trabalho conduzem a uma
postura de defesa da democracia como valor universal. Não só
em termos jurídicos e políticos a democracia merece ser de-
fendida – mas, também, em função de seus valores sociais,
culturais e simbólicos.
Embora seja relevante reconhecer a necessidade de re-
pensar alguns elementos da racionalidade política democráti-
ca, tal fato não conduz à conclusão de que não se deve apostar
no bom funcionamento desse regime. A democracia é, sem dú-
vidas, o regime de governo que, na história da humanidade,
garantiu o exercício da liberdade de forma mais eficaz – ainda
que conviva com importantes contextos de desigualdade social,
sobretudo em países periféricos no cenário econômico global.
O potencial dos sistemas democráticos para se consolida-
rem como espaços de efetivação da liberdade humana merece
ser considerado. Isso não significa ignorar a dimensão institu-
cional característica dos Estados democráticos. Muito pelo
contrário, significa assumir uma postura que reforce essa di-
mensão, mas que a ela não se restrinja. Um governo que segue
“as regras do jogo”, por melhor que o faça, não consegue, ex-
clusivamente por esse fato, garantir que os sujeitos que dele
fazem parte sejam realmente livres.
A conquista da liberdade só é possível em lugares nos
quais a democracia é, por si só, um valor importante, e onde se
constitui como um aparelho apto a capacitar os sujeitos para
fazerem aquelas que consideram ser as melhores escolhas.
Resumo
O Ministério da Saúde resolveu retomar as atividades do VER-SUS/BRASIL (Vivências
e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde do Brasil), no ano de 2012. O
programa visa promover o contato dos acadêmicos na realidade dos serviços da rede
pública de saúde. O presente relato refere-se à turma de estudantes que participou
do VER-SUS entre os dias 13/01 e 23/01/2013 na área programática da 6ª coordena-
doria de saúde, o grupo durante o decorrer dos dias passou a compreender o pro-
cesso de trabalho dentro dos municípios correspondentes a 6ª coordenadoria e das
unidades visitadas, houve assim a liberdade para realizar observações nos sistemas,
com o intuito de realizar reflexões do papel do estudante na realidade social, estimu-
lar discussões, práticas de educação permanente e interações entre educação, e
trabalho. A maior parte dos graduandos relatou a busca pelo projeto devido ao inte-
resse em utilizá-lo como subsídio para a formação acadêmica complementar no que
se refere a SUS, uma vez que poucos são os currículos que trabalham de maneira
satisfatória o tema. Conforme os alunos participantes, o SUS é um sistema que tem
muito a melhorar, no sentido de que na teoria o mesmo é ideal, mas que na prática
as coisas não funcionam tão bem. Quanto as dificuldades houve; cansaço para a
realização das atividades propostas, falta de contato com os hospitais e unidades de
saúde desde o início da vivência, quantidade insuficiente de profissionais do NASF
(Núcleo de Apoio a Saúde da Família). O grupo acredita que a vivência atingiu seus
objetivos, deu aos estudantes que não teriam suas trajetórias acadêmicas nenhum
contato com o SUS a oportunidade de conhecê-lo, além de ter confirmado e alguns e
despertado em outros o interesse de direcionar o seus estudos para a Saúde Coletiva.
Palavras-chave: Estágios, Formação Complementar, Sistema Único de Saúde.
146
Andressa Carine Kretschmer & Liamara Denise Ubessi
Abstract
The Ministry of Health decided to resume activities VER-SUS/BRASIL (Internship
Experiences and Reality of Health System of Brazil), in 2012. The program aims to
promote contact of academics in reality the services of public health. This report
refers to the class of students who attended the SEE-SUS between 13/01 and
23/01/2013 in the program area of 6th of the health, group during the course of the
days started to understand the process of work within municipalities corresponding
to 6th coordinating body and the units visited, there was therefore free to make
observations on the systems, in order to perform reflections of the role of student in
social reality, stimulating discussions, permanent education practices and interac-
tions between education and work. Most undergraduates reported on the search for
the project due to the interest in using it as a resource for academic supplement
regarding the SUS, since there are few curricula that work satisfactorily theme. As
students participating the NHS is a system that has a lot to improve, in the sense that
in theory it is ideal, but in practice things do not work so well. As there were difficul-
ties; fatigue to carry out the proposed activities, lack of contact with hospitals and
healthcare facilities since the beginning of the experience, insufficient professional
NASF (Center of Support for Family Health). The group believes that the experience
achieved its objectives, given to students who would not have their academic trajec-
tories no contact with the SUS the opportunity to know him, and have confirmed
and some and aroused the interest of other direct their studies to health.
Keywords: Internship, Complementary Training, Unified Health System.
INTRODUÇÃO
As atividades do VER-SUS Brasil(Vivências e Estágios na
Realidade do Sistema Único de Saúde do Brasil) foram retoma-
das no ano de 2012 pelo Ministério da Saúde. A finalidade do
programa é promover o contato e aproximar os acadêmicos da
realidade nos serviços da rede pública de saúde. Ao estimular
a participação dos alunos no programa, o Ministério da Saúde
pretende garantir uma experiência integrada dos diversos se-
tores do SUS, fugindo do isolamento de estágios restritos às
áreas vinculadas ao exercício de cada profissão, é uma iniciati-
va que aumenta os espaços de contato e provoca o crescimen-
to contínuo. A vivência visa provocar mudanças nas gradua-
ções, estimular um maior apoio à extensão. Ministério da Saú-
de (2004).
Este relato refere-se à experiência da turma de estudan-
tes que participou do VER-SUS entre os dias 13/01 e
23/01/2013 na área programática da 6ª coordenadoria do mu-
nicípio do Passo Fundo. A turma foi composta por 21 graduan-
OBJETIVOS
Realizar reflexões acerca do papel do estudante como
agente transformador da realidade social; Sensibilizar gesto-
res, trabalhadores e formadores da área da saúde, estimulando
discussões e práticas relativas à educação permanente e às
interações entre educação, trabalho e práticas sociais, utilizar
o projeto como subsídio para a formação acadêmica uma vez
que poucos são os currículos que trabalham de maneira satis-
fatória o ensino de saúde pública.
MÉTODO
O Projeto VER-SUS/BRASIL destina-se aos estudantes
universitários brasileiros dos cursos da área da saúde e demais
áreas que visam obter uma formação complementar em saúde
RESULTADOS
Os resultados se reportaram à desinibição do grupo para
questionamentos, posicionamentos, e opiniões, impactou-se
para a real importância da observação e anotação daquilo que
foi representado na vivencia para assim compor o relato. Con-
forme os alunos participantes o SUS é um sistema que tem
muito para melhorar, os sentidos atribuídos a ele e que per-
DISCUSSÃO
O Sistema Único de Saúde, apoiado no princípio geral de
que saúde é direito do cidadão e dever do Estado, foi instituído
pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado por leis
ordinárias de 1990 (BARROS, 1995).
Além desse aparato jurídico-institucional, indispensável à
sua concretização e à direção única do sistema pelo Ministério
da Saúde, concretamente, o SUS corresponde a uma organiza-
CONCLUSÃO
Houve a desmistificação de que o SUS é apenas um sis-
tema de baixa qualidade, ocorreu a possibilidade de diferentes
olhares partindo do ponto da multidisciplinariedade, a experi-
ência foi uma troca de saberes entre os versusianos, e também
com os profissionais, gerando um olhar mais amplo das políti-
cas de saúde. Considerando alguns aspectos inerentes à orga-
nização, aponta-se: logística, informação, intercomunicação e
informática. Sugere-se uma melhor distribuição do tempo de
forma a possibilitar uma execução mais eficiente do projeto,
uma divulgação mais eficaz do VER-SUS nos locais de ensino e
o site da OTICS mais objetivo, prático e acessível, os alunos
participantes relatam seu interesse no programa devido carên-
cia existente no ensino de saúde pública e coletiva nos seus
respectivos programas pedagógicos de graduação, muitos dos
participantes obtiveram grande interesse pela área manifes-
tando interesse em buscar posteriormente a graduação uma
formação complementar em saúde coletiva.
REFERÊNCIAS
CANONICO, Rhavana Pilz; BRETAS, Ana Cristina Passarella. Signifi-
cado do Programa Vivência e Estágios na Realidade do Sistema Úni-
co de Saúde para formação profissional na área de saúde. Acta paul.
enferm., São Paulo, v. 21, n. 2, 2008 . A
Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educa-
ção na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde.
(2004b). Política de educação e desenvolvimento para o SUS: cami-
nhos para a Educação Permanente em saúde: pólos de Educação
Permanente em saúde. Brasília, DF: Autor.
MENDES, Flavio Martins de Souza et al . Ver-Sus: relato de vivências
na formação de Psicologia. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 32, n. 1,
Resumo
O idoso, principal cidadão no atual cenário econômico, e a saúde, direito garantido
pelo Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e pela legisla-
ção pátria, devem ser aliados no plano material, frente à uma perspectiva de equilí-
brio contratual, no que se refere aos planos de saúde. A diminuição ou perda de
determinadas aptidões físicas ou intelectuais, necessidade e catividade em relação a
determinados produtos ou serviços, coloca o consumidor idoso em uma posição
contratualmente mais vulnerável e este deve ser protegido de forma especial pelo
Poder Público. O presente trabalho vislumbra as normas aplicáveis, e analisa se a
legislação e resoluções normativas conseguem regular possíveis situações contratu-
almente abusivas, que são reforçadas pela vulnerabilidade potencializada do idoso.
Palavras-chave: direito à saúde; hipervulnerabilidade; idosos; planos de saúde;
Abstract
The elderly, main citizen in the current economic scenario, and health, right guaran-
teed by the International Covenant on Economic, Social and Cultural Rights and by
national legislation shall be allied in the material plan towards a perspective of con-
tractual balance, in which concerns health care insurances. A decrease or loss of
certain physical or intellectual abilities, necessity and captivity in relation to certain
products or services, puts the elder consumer in a contractually more vulnerable
156
Angela Venturini Benedetti; Geanluca Lorenzon & Isabel C. Silva De Gregori
position, and they shall be specially protected by the State. This essay aims to ana-
lyse if law and normative resolutions have been able to regulate possible abusive
contractual situations which are reinforced by the hypervulnerability of the elderly.
Keywords: elderly; health care insurances; hypervulnerability; right to health;
INTRODUÇÃO
O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais estabelece que seus estados-membros reconhecem o
direito de toda a pessoa desfrutar o mais elevado nível possível
de saúde física e mental, devendo ser consideradas as pré-
condições biológicas e socioeconômicas dos indivíduos. Para o
adimplemento da referida norma, devem ser considerados qua-
tro pontos: a disponibilidade, acessibilidade, aceitabilidade e
qualidade, pontos os quais vão ao encontro direto do trabalho
desenvolvido pela ANS e pelo Congresso Nacional.
Devido às vulnerabilidades e transformações decorrentes
do processo de envelhecimento, o crescimento populacional
dos idosos no Brasil, a deficiência do Sistema Único de Saúde,
muitos idosos recorrem a planos privados de assistência à sa-
úde. A diminuição ou perda de determinadas aptidões físicas
ou intelectuais e necessidade e catividade em relação a deter-
minados produtos ou serviços, coloca o consumidor idoso em
uma relação de dependência em relação aos seus fornecedo-
res, logo, esse necessita de maior apoio e assistência do Poder
Público, para garantir o conhecimento de seus direitos, evitar
abusividades contratuais, adimplir efetivamente do que foi
contratado e efetivar sua cidadania.
2
Decreto n° 592, de 6 de julho de 1992.
3
Decreto n° 591, de 6 de julho de 1992.
4
Em vigor no Brasil desde 24 de abril de 1992.
5
COMMITTEE ON ECONOMIC, SOCIAL AND CULTURAL RIGHTS. Subs-
tantive issues arising in the implementation of the International Cove-
nant on Economic, Social and Cultural Rights, General Comment No. 14
(2000). Geneva: PUBLICAÇÃO?, 2000.
6
Salientam-se as limitações orçamentarias dos países Europeus no atual
quadro mundial, o que leva a um aumento da importância do setor pri-
vado, resultando na diminuição de preços e maior acessibilidade.
7
O Reino Unido parece ser um exemplo interessante, passo em que o
National Health Service (NHS) está sofrendo consideráveis cortes orça-
mentários pela Câmara dos Comuns (House of Commons). Os anos em
que o partido trabalhista britânico (Labour Party) ficou à frente do cabi-
net, parece ter destoado da estabilidade que o Governo Thatcher deu à
saúde no Reino Unido.
8
Ipsis litteris: “[A]ccessibility includes the right to seek, receive and im-
part information and ideas concerning health issues. However, accessibil-
ity of information should not impair the right to have personal health da-
ta treated with confidentiality.” Ademais, o referido General Comment
menciona ao final, expressamente, que o mesmo “gives particular em-
phasis to access to information because of the special importance of this
issue in relation to health”.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
159
A concretização do direito dos idosos à saude no Brasil...
9
PEREIRA, Tânia da Silva; OLIVEIRA, Guilherme de. Cuidado e Vulnera-
bilidade. Rio de Janeiro: Atlas, 2009.
10
FALTA de leitos e de estrutura de atendimento agravam crise na rede
pública. Conselho Federal de Medicina, Brasília, 24 de outubro de 2011.
Disponível em:
<http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article
&id=22337:falta-de-leitos-e-de-estrutura-de-atendimento-agravam-
crise-na-rede-publica&catid=3>. Acesso em: 9 abr. 2013.
11
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 469. Aplica-se o Código
de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde. In: ______.
Súmulas. Brasília: RSTJ vol. 220 p. 727.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
161
A concretização do direito dos idosos à saude no Brasil...
12
MARQUES, Claudia Lima. Solidariedade na doença e na morte: sobre a
necessidade de “ações afirmativas” em contratos de planos de saúde e
de planos funerários frente ao consumidor idoso. In: Constituição, direi-
tos fundamentais e direito privado. Organização de Ingo Sarlet. Porto
Alegre: Livraria do advogado, 2003, p. 194.
13
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 586.316/MG,
da 4ª Turma do Supremo Tribunal de Justiça, Brasília, DF, 4 de junho de
2009. Diário da Justiça Eletrônico: 20 ago. 2009.
14
O primeiro rol de procedimentos estabelecido pela ANS foi o definido
pela Resolução de Conselho de Saúde Suplementar - Consu 10/98, atua-
lizado em 2001 pela Resolução de Diretoria Colegiada – RDC 67/2001, e
novamente revisto nos anos de 2004, 2008, 2010 e 2011, pelas Resolu-
ções Normativas 82, 167, 211 e 262, respectivamente.
15
ANS. Resolução Normativa nº 262. Rio de Janeiro, 1 de Agosto de 2011.
16
ROL de Procedimentos e Eventos em Saúde: o que seu plano deve co-
brir. Agência Nacional de Saúde Suplementar, Rio de Janeiro. Disponí-
vel em: <http://www.ans.gov.br//index.php/aans/central-de-atendimen
to/index.php/750-central-de-atendimento-o-que-o-seu-plano-deve-
cobrir>. Acesso em: 7 abr. 2013.
17
ANS realiza primeira reunião do GT do Rol de Procedimentos e Eventos
em Saúde. Agência Nacional de Saúde Suplementar, Rio de Janeiro, 28
de fevereiro de 2013. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/a-
ans/sala-de-noticias-ans/participacao-da-sociedade/1942-ans-realiza-
primeira-reuniao-do-gt-do-rol-de-procedimentos-e-eventos-em-saude>.
Acesso em: 7 abr. 2013.
18
ANS. Resolução Normativa nº 259. Rio de Janeiro, 11 de Junho de 2011.
19
THOMÉ, Clarissa. ANS suspende venda de 268 planos de saúde de 37
operadoras; veja lista completa. Estadão, Rio de Janeiro, jul. 2011. Seção
Saúde. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,ans-
suspende-venda-de-268-planos-de-saude-de-37-operadoras-veja-lista-
completa,898388,0.htm>. Acesso em: 08 abr. 2013.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
165
A concretização do direito dos idosos à saude no Brasil...
20
ANS proíbe 28 operadoras de comercializar 225 planos de saúde até
março de 2013. Jornal do Commercio, Amazonas, p. 7, 21 jan. 2013.
REAJUSTE DE MENSALIDADE
Destaca-se, inicialmente, que a ANS não estipula preços
a serem praticados pelas operadoras, apenas estabelece limi-
tes, e o reajuste de mensalidade do plano de saúde depende
do tempo em que se contratou o serviço.
Em relação ao reajuste anual, os planos de saúde contra-
tados antes da vigência da Lei dos Planos de Saúde (1999),
desde agosto de 2003, com o acolhimento de uma Ação Direta
de Inconstitucionalidade pelo STF, passaram a ser considera-
dos atos jurídicos perfeitos. Logo, os reajustes de mensalidade
determinados nos contratos, variados pela irrestrição legal na
formação do contrato, possuem validade, desde que não ex-
cessivamente onerosos a parte21.
Quando contratados após a vigência da Lei 9.626, os pla-
nos têm reajuste anual aprovado pela Agência Nacional de
Saúde Suplementar. Esta determina um índice máximo de rea-
juste desses planos, logo, se houver aumento, não poderá ser
superior ao índice divulgado.
Em relação ao reajuste por faixa etária, o Estatuto do Ido-
so (2004) prevê que não poderá haver um aumento das mensa-
lidades em razão da idade após serem atingidos 60 anos de
idade. Ademais, a ANS determina que o valor fixado para a
última faixa etária (59 anos ou mais) não pode ser superior a
seis vezes o valor da primeira faixa (0 a 18 anos). Contudo, isso
apenas se aplica aos contratos firmados após a entrada em
vigor do Estatuto, ou seja, dia 1 de janeiro de 2004.
Nos contratos concluídos entre 2 de janeiro de 1999, en-
trada em vigor da Lei dos Planos de Saúde, e 1 de janeiro de
2004, somente os consumidores com 60 anos ou mais que pos-
21
NORONHA, Fernando. O direito dos contratos e seus princípios fun-
damentais: autonomia privada, boa-fé, justiça contratual. São Paulo:
Saraiva, 1994, p. 82.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
167
A concretização do direito dos idosos à saude no Brasil...
ACESSO DE IDOSOS
A liberdade de escolha de planos fica restrita em razão da
idade e, se portadores de doenças crônicas preexistentes, jus-
tifica-se a ausência de cobertura por abrangência por carência.
O Código de Defesa do Consumidor justifica a limitação de rea-
justes para idosos, baseado nas maiores dificuldades na troca
de planos ou a recusa da operadora de contratar planos novos
com idosos. No entanto, segundo a ANS, a aquisição e o aces-
so aos serviços dos planos de saúde não podem ser dificulta-
dos ou impedidos em razão da idade ou condição de saúde do
consumidor22. Essa restrição ao acesso dos idosos vai de en-
contra ao Estatuto do Idoso, ao Código de Defesa do Consumi-
dor, a Lei dos Planos de Saúde e a Súmula Normativa n° 19, de
28 de julho de 2011, da ANS, podendo a operadora ser multada
em cinquenta mil reais, por cada infração verificada.
22
OPERADORAS de planos de saúde não podem impedir ou dificultar
acesso de idosos. Agência Nacional de Saúde Suplementar, Rio de Ja-
neiro. Disponível em: <http://www.ans.gov.br//index.php/aans/central-
de-atendimento/index.php/1396-operadoras-de-planos-de-saude-nao-
podem-impedir-ou-dificultar-acesso-de-idosos>. Acesso em: 08 abr.
2013.
23
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 866.371/RS, da
2ª Turma do Supremo Tribunal de Justiça, Brasília, DF, 27 de março de
2012. Diário da Justiça Eletrônico: 04 jun. 2012.
ENCERRAMENTO DO CONTRATO
Existem certas hipóteses em que poderá ocorrer a resci-
são ou suspensão do contrato, quais sejam, por fraude com-
provada por parte do consumidor ou por não pagamento da
mensalidade por mais de sessenta dias, consecutivos ou não,
durante os últimos doze meses de vigência do contrato, desde
que o consumidor tenha sido comprovadamente notificado até
o 50º dia do atraso. Contudo, segundo o Recurso Especial
958.900-SP, julgado em 17 de novembro de 201124, comprovado
o atraso superior a 60 dias e feita a notificação do consumidor,
é permitida a rescisão unilateral do contrato de plano de saúde
nos termos do art. 13, parágrafo único, II, da Lei n. 9.656/1998.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na tentativa de concretizar o direito humano à saúde, o
Estado brasileiro acaba impondo uma complexa série de regu-
lações em relação aos planos de saúde privados, muitas vezes
almejando consertar mazelas que não existem em ambientes
de livre-mercado.
De todo o exposto, conclui-se que os planos de saúde na
federação brasileira vivem um momento regulatório e prestati-
vo, no sentido de alcance à demanda qualitativa, o que é so-
bretudo influenciado pelo cenário econômico positivo dos últi-
mos anos. Com a atual crise mundial, questiona-se se a saúde
deveria ser considerada como um direito, ou como um bem.
24
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 957.900/SP, da
4ª Turma do Supremo Tribunal de Justiça, Brasília, DF, 17 de novembro
de 2011. Diário da Justiça Eletrônico: 25 nov. 2012.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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169
A concretização do direito dos idosos à saude no Brasil...
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR. ANS – Agência
Nacional de Saúde Suplementar. Brasília: 2005. Disponível em: <
http://www.ans.gov.br >. Acesso em: 24 jul. 2012.
BINS-ELY, Vera Helena Moro; DORNELES, Vanessa Goulart. Acessi-
bilidade espacial do idoso no espaço livre urbano. Curitiba: Abergo,
2006.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa
do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2012.
BRASIL. Decreto n° 591, de 6 de julho de 1992. Atos Internacionais.
Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
Promulgação. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 7 jul. 1992. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0591.htm>. Acesso em: 9 abr.
2013.
Resumo
O presente artigo apresenta um relato das atividades desenvolvidas a partir do pro-
jeto de pesquisa “As políticas sociais de atendimento ao adolescente autor de ato
infracional e as condições de execução das medidas socioeducativas, em meio aber-
to, no município de Ijuí/RS”, bem como, os dados coletados no período de 2011 a
Março de 2013. Com o intutito de oferecer uma melhor compreensão acerca dessa
temática, faz-se, inicialmente, um estudo sobre o Estatuto da Criança e do Adoles-
cente e as medidas socioeducativas em meio aberto – prestação de serviço à comu-
nidade (PSC) e liberdade assistida (LA) – disciplinadas na referida legislação. Será
objeto de analise, ainda, a pesquisa de campo realizada no Centro de Referência
Especializado em Assistência Social, local responsável pela aplicação das medidas
socioeducativas no município de Ijuí/RS, através do Serviço de Atendimento a Medi-
das Socioeducativas. A metodologia proposta está alicerçada na articulação entre a
abordagem quantitativa e qualitativa, construídas a partir da aplicação de questioná-
rios e, também, da coleta de informações em banco de dados.
Palavras-chave: Adolescente. Ato Infracional. Medida Socioeducativa. Políticas
Sociais.
Abstract
This paper presents an account of the activities developed from the research project
“Social policies attendance adolescent author of offense and the conditions of im-
plementation of educational measures, in an open environment, in the municipality
of Ijuí / RS”, as well as the data collected from 2011 to March 2013. With intutito to
offer a better understanding of this issue, it is an initial study on the Status of Chil-
dren and Adolescents and educational measures in an open environment – providing
service to the community (PSC) and probation (LA) – governed by that legislation. It
will be the object of analysis, yet, the field research conducted at the Reference
174
Anna Paula Bagetti Zeifert; Camila Eichelberg Madruga & Tatiele Camargo
INTRODUÇÃO
Objetivando identificar, compreender e analisar as condi-
ções concretas de execução das medidas socioeducativas em
meio aberto, notadamente as de prestação de serviço à comu-
nidade e de liberdade assistida, bem como, os programas de
atendimento aos jovens infratores, este artigo volta-se para a
apresentação dos dados coletados no período de 2011 a Março
de 2013 no município de Ijuí/RS.
Nesse sentido, o estudo busca compreender as transfor-
mações em curso na sociedade contemporânea e as políticas
públicas como lócus privilegiado de ação do Estado e da soci-
edade civil, com atenção especial para as políticas de atendi-
mentos na área da infância e da juventude.
A temática em análise ganha destaque quando se obser-
va um amplo debate sobre as formas de violência presentes na
sociedade. Tais discussões colaboram para uma tentativa de
compreensão da violência como um ato de excesso, que se ve-
rifica no exercício do poder presente nas relações sociais de
produção social.
Sabe-se que a maioria dos conflitos existentes não neces-
sitaria chegar à alçada jurídica, ou mesmo estando neste espa-
ço, poderiam ser tratados com estratégia de informalização em
que as intervenções podem ser através da mediação, concilia-
ção, entre alternativas de resolução de conflitos, criando as
condições de diálogo entre os sujeitos, de forma a expressarem
seus interesses, procurando entendimento para chegar a uma
decisão equitativamente.
No entanto o que se verifica é que na atualidade para di-
minuir e até mesmo coibir a violência muitas ações partem da
ordem jurídico-estatal, outras das iniciativas das políticas pú-
1
VOLPI, Mário (Org.). O adolescente e o ato infracional. 6 ed. São Paulo:
Cortez, 2006, p. 48.
2
BRASIL. Lei N° 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da
Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em: 20
Mar. 2013. p. 27.
3
Id. 2013, p.28.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
177
Adolescentes em conflito com a lei
4
CAMARGO, Tatiele. As políticas sociais de atendimento ao adolescen-
te autor de ato infracional e as condições de execução das medidas
5
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n.
196 de 10 de outubro de 1996.Diretrizes e normas regulamentadoras
sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília: Conselho Nacional
de Saúde, 1996. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/comissao
/conep/resolucao.html>. Acesso em: 20 Mar. 2013.
28
Meninos Meninas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo como principal objetivo evidenciar as políticas so-
ciais de atendimento desenvolvidas aos adolescentes autores
de atos infracionais e as condições de execução das medidas
socioeducativas, em meio aberto, no município de Ijuí/RS, a ida
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei N° 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatu-
to da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponí-
vel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>.
Acesso em: 20 Mar. 2013.
______. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução
n. 196 de 10 de outubro de 1996.Diretrizes e normas regulamenta-
doras sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília: Conselho
Nacional de Saúde, 1996. Disponível em: <http://conselho.saude.
gov.br/comissao/conep/resolucao.html>. Acesso em: 20 Mar. 2013.
CAMARGO, Tatiele. As políticas sociais de atendimento ao adoles-
cente autor de ato infracional e as condições de execução das me-
didas socioeducativas, em meio aberto, em Ijuí, RS. 2012. 89 p.
Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Graduação em Serviço
Social. Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul, Ijuí, 2012.
SILVA, Enio. Sociologia da Violência. Ijuí: Unijuí, 2010.
VOLPI, Mário (Org.). O adolescente e o ato infracional. 6 ed. São
Paulo: Cortez, 2006.
Astrid Heringer
Mestre em Integração Latino-americana (UFSM). Pesquisadora do grupo
de Pesquisa Cidadania e Novas Formas de Solução de Conflitos, do curso
de Direto da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Mis-
sões, campus de Santiago, RS. Lattes: http://lattes.cnpq.br/368151950
7518562. (astrid.heringer@gmail.com.)
Adriane Damian Pereira
Mestre em Direito (UNISC). Professora do curso de Direito da Universida-
de Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, campus de Santiago,
RS. Lattes: http://lattes.cnpq.br/8665180185269267.
(adriane@urisantiago.br)
Resumo
O artigo tem por finalidade conhecer a figura do útero de substituição, verificando a
sua possibilidade jurídica no Brasil e em alguns outros países, notadamente daqueles
que mais registram a prática, tais como Estados Unidos e Índia. O interesse na abor-
dagem aprofunda-se pelo fato de que a criança que nasce através deste processo
inicia a vida com um intrincado ramo de parentesco, que pode decorrer de raízes
biológicas ou não, bem como poderá ser de nacionalidade diversa, uma vez que é
cada vez mais frequente a busca de tal procedimento em outros países. Diante de
toda essa gama de relações complexas, questiona-se sobre a real proteção da digni-
dade humana da criança nascida em tais circunstâncias. Em que pese a escassa bibli-
ografia, o texto foi realizado a partir de fontes atuais e renomadas.
Palavras-chave: bioética, dignidade humana, direito internacional, mãe de substitui-
ção.
Abstract
This article aims to know the figure of the replacement uterus and the multiple rela-
tionships that are present in this type of assisted human reproduction. The interest
in the approach gets deeper by the fact that the child born through this process
begins life with an intricate branch of kinship, which may be due to biological roots
or not, and he/she may be of different nationality, since the search for such proce-
dure is increasingly common in other countries. Faced with this whole range of com-
plex relations, it is asked about the real protection of human dignity of the child born
in such circumstances. Despite the scarce biography, the text was conducted from
current and reputable sources.
1
Artigo científico resultante do Projeto de Iniciação Científica Mães de
substituição no Direito Internacional, coordenado pelas autoras, na Uni-
versidade Regional Integrada, campus de Santiago, RS.
188
Astrid Heringer & Adriane Damian Pereira
INTRODUÇÃO
O útero de substituição, ou mãe de substituição, vem
sendo difundida ao longo dos tempos, acompanhando o avan-
ço da medicina e das novas técnicas de reprodução assistida,
pois é lançada como a saída para aqueles pais que não têm
condições biológicas para gerar um filho apenas com o mero
processo de reprodução natural.
O tema da mãe substituta é permeado de contornos que
merecem, cada um por si só, larga observação jurídica. Em que
pese o ato de uma criança ser gerada no ventre de outra mãe,
e de que o próprio nascimento, em si mesmo, representar um
momento esplêndido de vida, há rechaços éticos, jurídicos e
também religiosos.
No que tange ao aspecto psicológico, não há como negar
a dificuldade de explicação dos pais, bem como de compreen-
são, para os filhos que nascem a partir de um útero que não
seja da sua verdadeira mãe2. Do ponto de vista social, restam
dúvidas sobre a aceitação de uma criança que, a princípio, po-
de ter duas mães (aquela que tem a intenção de ter um filho
com o seu marido ou companheiro, e aquela que efetivamente
carrega a criança durante o período de gestação).
Será de todo muito complexo para uma criança adminis-
trar psicologicamente esta intrincada rede de relações que a
cerca. Se para os pais o útero de substituição pode ser a solu-
ção para a impossibilidade biológica da reprodução, o mesmo
não se pode dizer em relação ao filho gerado que, no futuro,
poderá apresentar dificuldades de entender e conviver com
esta situação. Infelizmente, os futuros pais e mães não medem
esforços para atingir a finalidade almejada: ter um filho seu. No
entanto, não se questiona as consequências deste processo,
em chegando ao conhecimento da criança, adolescente ou
adulto, gerará na sua formação e em possíveis abalos psicoló-
gicos que ferem a dignidade humana.
2
Caberá análise sobre o que se entende por mãe, uma vez que a mãe
biológica pode ser a doadora do óvulo, ou então aquela que empresta o
útero para a fertilização.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
189
Dignidade humana da criança nascida a partir do útero de substituição
7
Para exemplificar esta situação, é bastante utilizado pela doutrina o
caso Baby M, no qual um casal contratou uma mãe de substituição atra-
vés do “Infertility Center for New York”, cuja mulher também era casa-
da. Depois de três dias do nascimento, o casal Stern, que havia contra-
tado a barriga de aluguel, busca a filha. No entanto, dias depois, a filha é
reavida pela mãe de aluguel. CARCABA FERNÁNDEZ, María. Problemas
jurídicos planteados por las técnicas de procreación humana. Barcelona:
J. M. Bosche Editor S.A., 1995. p. 167.
8
CARCABA FERNÁNDEZ, María. Problemas jurídicos planteados por
las técnicas de procreación humana. Barcelona: J. M. Bosche Editor
S.A., 1995. p. 167-168.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
191
Dignidade humana da criança nascida a partir do útero de substituição
10
MACHADO, Maria Helena. Reprodução humana assistida: controvér-
sias éticas e jurídicas. Curitiba: Juruá, 2006. p. 54.
11
LEITE, Eduardo de Oliveira. Procriações artificiais e o Direito. Aspectos
médicos, religiosos, psicológicos, éticos e jurídicos. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1995. p. 188.
12
OTERO, Marcelo Truzzi. Contratação da barriga de aluguel gratuita e
onerosa – legalidade, efeitos e o melhor interesse da criança. In: Revista
Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões. Porto Alegre: Magister;
Belo Horizonte: IBDFAM, 2007. p. 20.
13
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. São Paulo: Revis-
ta dos Tribunais, 2007. p. 321.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
195
Dignidade humana da criança nascida a partir do útero de substituição
14
Resolução do Conselho Federal de Medicina n. 1.358/92. Disponível em:
http://www.ghente.org/doc_juridicos/resol1358.htm. Acesso em: 02
maio 2012.
15
Fantástico, Avó-mãe, 06.06.2004, apud CRUZ, Ivelise Fonseca da. Efei-
tos da Reprodução Humana Assistida. São Paulo: SRS Editora, 2008. p.
36-37.
16
KRELL, Olga Jubert Gouveia. Reprodução humana assistida e filiação
civil: princípios éticos e jurídicos. Curitiba: Juruá, 2006. p. 195.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
197
Dignidade humana da criança nascida a partir do útero de substituição
17
Neste sentido, LIMA, Taísa Maria Macera de. Filiação e biodireito: uma
análise das presunções em matéria de filiação em face da evolução das
ciências biogenéticas. In: Revista Brasileira de Direito de Família. Porto
Alegre: IBDFAM, Síntese, v. 13, n. 4, abr./jun. 2002. p. 147; OTERO, Mar-
celo Truzzi. Contratação da barriga de aluguel gratuita e onerosa – lega-
lidade, efeitos e o melhor interesse da criança. In: Revista Brasileira de
Direito das Famílias e Sucessões. Porto Alegre: Magister; Belo Horizonte:
IBDFAM, 2007. p. 27-28; TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. Conflito po-
sitivo de maternidade e a utilização de útero de substituição. In: ROMEO
CASABONA, Carlos María; QUEIROZ, Juliane Fernandes (coord). Bio-
tecnologia e suas implicações ético-jurídicas. Belo Horizonte: Del Rey,
2004. p. 313; DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 321. Estes autores, dentre outros,
acreditam que a maternidade de substituição só é lícita se presente a
gratuidade do ato da gestante.
18
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. Conflito positivo de maternidade e a
utilização de útero de substituição. In: ROMEO CASABONA, Carlos Ma-
ría; QUEIROZ, Juliane Fernandes (coord). Biotecnologia e suas implica-
ções ético-jurídicas. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. p. 318.
19
MORAES, Maria Celina Bodin de. O conceito de dignidade humana:
substrato axiológico e conteúdo normativo. In: COUTINHO, Adalcy Ra-
chid, et al. Constituição, Direitos Fundamentais e Direito Privado. Org.
Ingo Wolgang Sarlet. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003. p.110.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
199
Dignidade humana da criança nascida a partir do útero de substituição
20
HAAS, Andréia. O princípio da dignidade humana como máxima do di-
reito fundamental à vida e da dignidade de morrer. In: Direito, cidada-
nia e políticas públicas. Org. Marli M. M. da Costa. Porto Alegre: Im-
prensa Livre, 2006. p.179.
21
SANTOS, Boaventura de Souza. Democratizar a democracia: os caminhos
da democracia participativa. Organizador. 2 ed. Rio de Janeiro: Civiliza-
ção Brasileira, 2003. p.199.
CONCLUSÃO
O tema da mãe de substituição pode ser colocado ao lado
de outros grandes temas que dividem opiniões ao longo dos
tempos, tais como morte digna, aborto, pena de morte, provo-
cando discussões acaloradas e apaixonadas, pela sua permis-
são ou proibição. Essa, contudo, não foi a nossa intenção neste
trabalho. Objetivou-se conhecer o instituto e relacioná-lo à pre-
servação da dignidade humana da criança que nascerá a partir
deste processo.
22
COSTA, Marli Marlene M. da. Políticas Públicas e Violência Estrutural.
In: Direitos sociais e políticas públicas. Desafios Contemporâneos.
LEAL, Rogério Gesta; REIS, Jorge Renato. Tomo 5. Santa Cruz do Sul:
EDUNISC, 2005. p. 1263.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
201
Dignidade humana da criança nascida a partir do útero de substituição
REFERÊNCIAS
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reprodución humana asistida: manual de casos clínicos. Granada:
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productiva. Derecho español y comparado. Madrid: Aranzadi, 2003.
BERIAIN, Íñigo de Miguel. El embrión y la biotecnologia: un análi-
sis ético-jurídico. Granada: Comares, 2004.
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Brasília: UnB, 1996.
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ras ou mães de empréstimo, várias denominações para um negócio
em plena expansão. Disponível em: http://comunidade.sol.pt/blogs/
boogie/archive/2009/01/22/Barrigas-de-aluguer.aspx. Acesso em: 20
jan. 2013.
Resumo
O presente trabalho busca analisar um dos temas de maior relevância no âmbito do
direito internacional na atualidade: o conflito entre a necessidade de proteção dos
direitos humanos e a impossibilidade das vítimas lograrem reparações cíveis em
casos envolvendo Estados estrangeiros em razão da imunidade de jurisdição dos
mesmos. Assim, na primeira parte deste artigo, examinar-se-á inicialmente a confi-
guração do instituto da imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro, os princípios
que a sustentam e sua evolução histórica, para, na segunda parte, analisar as teorias
mais importantes acerca da prevalência dos direitos humanos sobre imunidade de
jurisdição do Estado estrangeiro perante os tribunais nacionais.
Palavras-chave: Direitos Humanos – Direito Internacional- Imunidade – Reparações.
Abstract
This paper aims to analyze one of the most relevant topics in international law to-
day: the conflict between the need to protect human rights and the impossibility of
victims to obtain civil redress in cases involving foreign states on grounds of their
immunity from adjudication. Thus, the first part of this article will examine the initial
configuration of the institute of state immunity, the principles sustaining it and its
historical evolution. In the second part, this paper shall address the most important
theories regarding the prevalence of human rights over state immunity before do-
mestic courts.
Keywords: Human Rights – International Law-Immunity – Redress.
INTRODUÇÃO
A importância conferida ao papel do indivíduo no cenário
no Direito Internacional Público, especialmente após a Segun-
da Guerra Mundial, e a consequente ênfase concedida à prote-
ção dos direitos humanos hoje em dia tem uma forte influência
sobre muitos institutos tradicionais desta área, e, neste senti-
206
Camila Vicenci Fernandes
1
Disponível em: http://www.icj-cij.org/.
2
Para os fins deste trabalho, abordar-se-á somente a imunidade de juris-
dição, e não a de execução.
3
BROHMER, Jurgen. State Immunity and the Violation of Human Rights.
Amsterdã: Martinus Nijhoff, 1997.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
207
Direitos humanos e imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro
SOBERANIA5
Cassese lista, entre os poderes e deveres inerentes à so-
berania, o direito de imunidade do Estado estrangeiro perante
os tribunais internos de outros países por atos praticados no
exercício de sua capacidade soberana6. A imunidade é, para o
renomado autor, uma obrigação que deve ser respeitada pelo
Estado-fórum e um direito do Estado estrangeiro a não ser
submetido a julgamento em um tribunal de outro país, sendo
ao mesmo tempo a expressão e limitação da soberania7. A re-
lação entre a imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro e
a soberania é, portanto, de um caráter muito íntimo, e pode-se
4
BROHMER, Jurgen. Op. cit.
5
Jean Bodin é considerado o pensador responsável pela primeira siste-
matização da soberania, vista em sua obra “Seis Livros da República”
como o sumo poder do rei sobre seus súditos, prerrogativa a ser exerci-
da de forma livre dos limites estabelecidos pelas leis. No contexto de
grande instabilidade da França do século XVII, Bodin acreditava que
somente um poder forte e de caráter centralizado e ilimitado evitaria
tragédias como a fatídica Noite de São Bartolomeu. A visão absolutista
de Bodin cedeu lugar, no transcorrer da História, a uma concepção de
soberania não mais irrestrita e una, e sim de um instituto multifacetado,
que possui vários aspectos. Assim, Bröhmer afirma que, de uma maneira
extrínseca, a soberania descreve a relação entre Estados como sujeitos
principais do direito internacional, e a relação entre os Estados e o pró-
prio direito internacional, enquanto seu viés intrínseco diz respeito à
habilidade dos Estados, enquanto entidades organizadas de indivíduos,
de cumprir seus propósitos e objetivos.
6
CASSESE, Antonio. International Law. New York: Oxford Press, 2005.
7
Cassese afirma: “A soberania estatal não é ilimitada. Muitas regras in-
ternacionais a restringem. Além das normas de tratados, que obviamen-
te variam de Estado para Estado, normas costumeiras impõem limita-
ções sobre a soberania estatal. Elas são a conseqüência legal natural da
obrigação de respeitar a soberania de outros Estados”. Ibidem, p. 98.
INDEPENDÊNCIA
De acordo com Brownlie, outro princípio em que se baseia
a imunidade é precisamente aquele da não-interferência nos
assuntos internos de outros Estados, nomeadamente o princí-
pio da independência9. O respeito a este princípio prevê que os
Estados não devem intervir nos atos, negócios, no governo e
em outras expressões de outro Estado, e, portanto, devem abs-
ter-se de submeter tais atos à análise de seu sistema judiciá-
rio. A imunidade de jurisdição, portanto, também deriva deste
princípio, inicialmente refletido no fato de que os Estados não
podem interferir nos atos públicos de Estados estrangeiros em
razão do respeito à sua independência10 e, também, que os tri-
8
MASSICCI, Carlos. Inmunidad del estado y derechos humanos. Navarra:
Civitas, 2007, p.55.
9
BROWNLIE, IAN. Principles of international public law. Londres: Oxford,
2008.
10
O princípio da independência foi consagrado em duas importantes deci-
sões: o caso Underhill v. Hernandez nos Estados Unidos da América, e a
decisão The Parlement Belge, da House of Lords inglesa. Na primeira de-
cisão – um caso que buscava reparação por prejuízos morais e materiais
alegadamente causados pelo comandante das forças revolucionárias da
Venezuela, Hernandez, a Underhill, um engenheiro contratado para
construir o sistema hidráulico de uma cidade do país -, a opinião do juiz
Fuller consagrou a posição de que “todo o Estado soberano é obrigado a
respeitar a independência de todos os outros Estados soberanos, e as
cortes de um não julgarão os atos do governo de outro realizados em seu
próprio território. Reparações por danos ocorridos em função de tais atos
devem ser obtidas pelos meios abertos a serem auxiliados pelos poderes
soberanos entre eles.” ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Suprema Cor-
te. Underhill v. Hernandez, 168 U.S. 250 (1897). Disponível em:
<http://supreme.justia.com/us/168/250/in
dex.html>. Acesso em 02.04.2013. O segundo caso é The Parlement Bel-
ge que, na Inglaterra, consolidou o princípio da independência como
uma das bases da imunidade soberana. O caso era relativo a um navio
de correspondência possuído e controlado pelo rei da Bélgica e tripulado
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
209
Direitos humanos e imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro
IGUALDADE
Este princípio é cristalizado na máxima latina par in pa-
rem non habet imperium, afirmando a impossibilidade de que
um Estado seja julgado por um sujeito de direito internacional
da mesma posição hierárquica. De acordo com Massicci, apoiar
a imunidade soberana sob a base do princípio da igualdade é
“uma justificação muito forte, que busca o respeito dos Esta-
dos como sujeitos de direito internacional, a segurança jurídi-
ca, pois cria um mínimo de previsibilidade na alocação de po-
der jurisdicional entre os Estados”13. A influência do princípio
da igualdade14 na instituição da imunidade de jurisdição do
DIGNIDADE
A evolução histórica da imunidade de jurisdição, em ge-
ral, está intrinsecamente ligada ao princípio da dignidade que,
ao estabelecer o reconhecimento da alta distinção para os che-
fes de Estados estrangeiros, os seus agentes diplomáticos e
outros representantes, levou à concessão da imunidade de ju-
risdição, um privilégio posteriormente estendido para a nação
como uma entidade estatal. Assim, a fim de não interferir no
desempenho das atividades conduzidas por um Estado es-
trangeiro, o Estado-fórum se abstém de julgar tais atos16. É cla-
ro, portanto, que “o fundamento de imunidade de jurisdição
também é baseado na dignidade de uma nação estrangeira,
seus órgãos e representantes, e na necessidade funcional de
não impedir a prossecução da sua missão”17.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
A imunidade do Estado estrangeiro foi concedida por um
longo tempo de maneira similar à imunidade uma vez concedi-
15
É importante referir aqui a consagração jurisprudencial de tal princípio
no notório caso I Congresso del Partido, no qual a House of Lords afirmou
que “a base sobre a qual um Estado é considerado imune à jurisdição
territorial das cortes de outro Estado é aquela do “par in parem”, que
efetivamente significa que os atos soberanos ou governamentais de um
Estado não são matérias sobre as quais as cortes de outro Estado pos-
sam julgar”. REINO UNIDO DA GRÃ-BRETANHA E IRLANDA DO
NORTE. House of Lords. I Congreso del Partido, 1983. Disponível em:
<http://www.i-law.com/ilaw/doc/view.htm?id=148441>. Acesso em:
02/04/2013.p. 262.
16
BROWLIE, Ian. Op.Cit.
17
BROWNLIE, Ian. Op.Cit. p 247.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
211
Direitos humanos e imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro
18
Segundo Arroyo, “A imunidade de jurisdição foi estabelecida na época
das monarquias absolutas, quando a pessoa do soberano se confundia e
identificava com o Estado mesmo, critério que reinou pacificamente em
todo o mundo e foi mantido em virtude do princípio de DIP par in parem
non habet imperium, sustentando-se na igualdade e soberania própria
dos Estados” ARROYO, Diego Fernández. Derecho internacional privado
de los estados del Mercosur : Argentina, Brasil, Paraguay, Uruguay. Bue-
nos Aires: Zavalia, 2003, p. 143).
19
BROWNLIE, Ian. Op.Cit
20
CASSESE, Antonio. Op.Cit.
21
BELSKY, Adam; MERVA, Mark; ROHT-ARRIANZA, Naomi. Implied
Waiver under the FSIA: A Proposed Exception to Immunity for Violations
of Peremptory Norms of International Law. California Law Review, v. 77,
1989.
22
Ibidem.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
213
Direitos humanos e imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro
23
KARAGIANNAKIS, Magdalini. State Immunity and Fundamental Human
Rights. Leiden Journal of International Law, Holanda, v. 11, p. 9-43, 1998.
24
Article 1605. General exceptions to the jurisdictional immunity of a for-
eign State (a) A foreign State shall not be immune from the jurisdiction
of courts of the United States or of the States in any case – (1) in which
the foreign State has waived its immunity either explicitly or by implica-
tion, notwithstanding any withdrawal of the waiver which the foreign
State may purport to effect except in accordance with the terms of the
waiver;
25
As normas de jus cogens, também conhecidas como normas peremptó-
rias de Direito Internacional, foram previstas pela Convenção de Viena
de 1969 sobre Direito dos Tratados, que determina: Artigo 53-Tratado
em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral
(jus cogens):
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma
norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente
Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma
norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados
como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e
que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional
geral da mesma natureza.
Artigo 64 Superveniência de uma Nova Norma Imperativa de Direito In-
ternacional Geral (jus cogens):
Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral,
qualquer tratado existente que estiver em conflito com essa norma tor-
na-se nulo e extingue-se.
A dificuldade de utilização prática desde conceito é muito bem explica-
da por Dinah Shelton:
JURISDIÇÃO UNIVERSAL
Esta teoria foi formulada pela primeira vez no campo do
direito penal, em uma tentativa de julgar os crimes de pirata-
ria, que, devido ao seu caráter extraterritorial, são muito difí-
ceis serem julgados. Mais tarde, essa teoria começou também
a ser aplicada a processos cíveis, e seus defensores afirmam
que, devido à natureza das violações dos Direitos Humanos, e
considerando que toda a humanidade tem interesse em punir
tais delitos, cada Estado teria jurisdição para se pronunciar
sobre violações a tais direitos e, portanto, as cortes domésticas
do Estado-fórum poderiam ultrapassar o escudo da imunidade
de jurisdição do Estado estrangeiro em tais casos. A aplicação
desta teoria é, no entanto, é bastante controversa, e críticos
discutem não só a pertinência de sua aplicação no âmbito da
reparação civil, mas também a possibilidade de tal prerrogati-
va para ser usada para fins políticos pelos Estados30.
34
CAPLAN, Lee. State Immunity, Human Rights, and Jus Cogens: A Cri-
tique of the Normative Hierarchy Theory. The American Journal of Inter-
national Law, Washington DC, v. 97, n. 4, p. 741-781, out. 2003.
35
CAPLAN, Lee. Op.Cit.
36
Ibidem.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
219
Direitos humanos e imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro
CONCLUSÃO
O estudo das teorias acima leva à formulação de uma
perspectiva capaz de reafirmar a primazia da jurisdição do-
méstica e a proteção jurídica dos Direitos Humanos. O exercí-
cio da jurisdição do Estado pode ser vista como a regra, a ser
excetuada através da concessão de imunidade apenas de
acordo com os interesses do Estado-fórum. Neste sentido, é
importante que os tribunais domésticos ao redor do mundo
percebam que a promoção e proteção dos Direitos Humanos é
um dos mais altos valores da comunidade internacional – algo
que todas as nações possuem interesse em preservar, e que
permitir às vítimas acesso aos tribunais nacionais em busca de
reparações é um passo necessário a fim de tornar a proteção
dos Direitos Humanos realmente efetiva.
A imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro tem sido
atenuada em muitos casos nos últimos anos, tais como em atos
comerciais ou ações trabalhistas, e é chegada a hora do Direito
Internacional, mais uma vez, reformular a perspectiva sobre
este campo, desta vez em favor das vítimas de violações aos
Direitos Humanos em todo o mundo.
REFERÊNCIAS
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tional Law, Washington DC, v. 3, n. 1, p. 227-237, jan. 1909.
ARROYO, Diego Fernández. Derecho internacional privado de los
estados del Mercosur : Argentina, Brasil, Paraguay, Uruguay. Bue-
nos Aires: Zavalia, 2003
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many. Case No. 137/1997. The American Journal of International
Law, Washington DC, v. 92, n. 4,out. 1998.
BROWNLIE, IAN. Principles of international public law. Londres:
Oxford, 2008.
BELSKY, Adam; MERVA, Mark; ROHT-ARRIANZA, Naomi. Implied
Waiver under the FSIA: A Proposed Exception to Immunity for Viola-
Resumo
Os planos diretores municipais aprovados após o advento do Estatuto da Cidade
receberam maior importância na medida em que foi estabelecida a participação
popular como requisito da elaboração do referido instrumento. Os princípios inseri-
dos nas normas municipais atendem as diretrizes gerais da lei federal, muito embora
na prática não haja a efetiva garantia da consecução de tais objetivos. O artigo trata
do caso do município de Santos, que não é muito diferente da maior parte dos mu-
nicípios brasileiros em se tratando do processo de revisão e aprovação do plano
diretor, ainda que se considere a existência de um verdadeiro incremento na partici-
pação social especialmente representada pelos conselhos municipais e entidades de
classe. A análise feita dos planos anteriores é interessante para se estabelecer e
refletir sobre o avanço do comportamento legislativo municipal nessa matéria. O
fato revelado pelo presente artigo é que o atual plano, ainda que tenha contempla-
do diferentes e abrangentes diretrizes, ainda não garante a efetiva adoção de políti-
cas públicas tendentes a melhorar a qualidade de vida das pessoas no município
tampouco o pretendido desenvolvimento sustentável.
Palavras-chave: plano diretor; planejamento; desenvolvimento sustentável.
Abstract
The municipal master plans approved after the advent of the City Statute received
greater importance in that popular participation was established as a requirement of
the development of this instrument. The principles embedded in municipal stand-
ards meet the general guidelines of federal law, although in practice there is no
guarantee of the effective achievement of such goals. The article discusses the case
of Santos, which is not much different from most of the municipalities in the case of
the review process and approval of the master plan, even if it was the existence of a
real increase in social participation especially represented by municipal councils and
associations. The analysis of previous plans is interesting to settle down and reflect
222
Cristiane Elias de Campos Pinto
on the progress of municipal legislative behavior in this matter. The fact revealed by
this article is that the current plan, although it contemplated different guidelines and
comprehensive, yet ensures the effective implementation of public policies aimed at
improving the quality of life of people in the municipality nor the desired sustainable
development.
Keywords: master plan, planning, sustainable development.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho pretende demonstrar através da análi-
se dos conceitos doutrinários sobre plano diretor e da fundamen-
tação legal do mesmo no contexto da atual política urbana naci-
onal, a relevância do tema para o planejamento das cidades.
O estudo do processo de revisão do plano diretor nos mu-
nicípios pode subsidiar a análise dos futuros gestores públicos
na condução das políticas e metas de desenvolvimento eco-
nômico e social a garantir a desejada qualidade de vida das
pessoas e o desenvolvimento sustentável.
Sendo assim, pretende-se estudar a fundamentação legal
do plano diretor baseada também nos conceitos doutrinários
sobre o tema e para tanto, vamos mencionar os princípios nor-
teadores do atual plano diretor, para entender como se deu o
referido processo de revisão e elaboração, comparando-o com
os planos diretores anteriores.
Com essa análise, será possível verificar se de fato, os
princípios adotados pela norma em comento foram incorpora-
dos no texto, especialmente no tocante aos planos e vetores de
desenvolvimento, a permitir que o texto final seja o resultado
do planejamento negociado com a sociedade e que cumpra
finalidade social.
1
EREMBERG, Jean Jacques. Função Social da Propriedade Urbana.
Municípios sem plano diretor.São Paulo: Letras Jurídicas, 2008, p.
2
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Atlas, 2009, p. 469.
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Paulo: SARAIVA, 2008.
4
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Paulo: SARAIVA, 2008.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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O novo plano diretor participativo do município de Santos
5
Resolução 41/128 da Assembléia Geral das Nações Unidas
8
NUNES, Luiz Antonio de Paula. Tese de Doutorado. São Paulo: Universi-
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I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
231
O novo plano diretor participativo do município de Santos
R
PLANOS DE SISTEMA DE Audiências Públicas
AÇÃO PLANEJAMENTO
Trânsito e Transporte
A
INTEGRADA
Fundo de Desenv. Urbano
Sist. Integr. da Informação
Fundo p/ Pres. e Recuperação
Integração Porto x Cidade do Meio Ambiente
10
Disponível em: <www.santos-sp.gov>. Acesso em 10.02.13.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo do presente artigo, demonstramos que os pla-
nos diretores municipais ainda que tenham o devido aparato
legal e doutrinário para sua consecução, ainda guardam relati-
vo distanciamento com as reais necessidades dos municípios.
A análise do processo de revisão e aprovação do atual
plano diretor de Santos revelou a maior preocupação da gestão
municipal com aspectos relativos ao desenvolvimento econô-
mico na contramão com a preocupação sócio-ambiental.
Por outro lado, verificou-se um incremento na participa-
ção popular, especialmente representada por entidades de
classe e pelos Fóruns de Cidadania do município, o que revela
uma mudança de paradigma em relação aos planos anteriores.
É inegável também que o atual plano diretor, do mesmo
modo como ocorreu com os anteriores, preocupou-se mais com
as questões de ordem urbanísticas, o que por si só, prejudica a
efetiva participação popular no processo de revisão, maior in-
teressada no debate de questões sociais, ou seja, interessada
em discutir o planejamento de forma mais ampla.
Dessa forma, a pretendida garantia da qualidade vida das
pessoas nas cidades pelo estabelecimento de planos e metas
para o desenvolvimento sustentável, objetivo da construção do
referido instrumento de política urbana, recebeu mais uma vez
conotação de menor importância.
REFERÊNCIAS
EREMBERG, Jean Jacques. Função Social da Propriedade Urbana.
Municípios sem plano diretor. São Paulo: Letras Jurídicas, 2008
GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. São Paulo:
Atlas, 2009
Resumo
A discussão referente a discriminação e a violência de gênero é das mais candentes
quando referimos aos direitos humanos. Tal ênfase decorre da persistente situação
de segregação da mulher ao longo da história, mas também como realidade que
revela grandes diferenças, nas relações sociais, especialmente, nas relações familia-
res e que prolongam-se nos diferentes espaços sociais. A temática de gênero e direi-
tos humanos nos remete a problemas como a discriminação, a violência e a opressão
contra as mulheres, presentes no dia a dia de diferentes maneiras, desde a violência
física e moral, até as situações de dificuldades de acesso ao trabalho, à educação, a
cargos e funções políticas, entre outras, sempre situações reveladoras da exclusão
de gênero. Será este um tema apenas para o direito? As respostas buscadas da expe-
riência do município de Santa Rosa, aqui analisadas, apontam para a necessidade de
construir e fortalecer redes de proteção às mulheres, como efetivação de seus direi-
tos humanos fundamentais e a defesa de sua dignidade.
Palavras-chave: Cidadania. Direitos humanos. Igualdade de gênero. Violência de
gênero.
238
Daniel Rubens Cenci; Laila Letícia Falcão Poppe & Lurdes A. Grossmann
Abstract
The discussion regarding discrimination and gender-based violence is the hottest
when referring to human rights. This emphasis stems from the persistent situation of
segregation of women throughout history, but as a reality that reveals large differ-
ences in social relationships, especially family relationships and extend in different
social spaces. The theme of gender and human rights leads us to problems such as
discrimination, violence and oppression against women, present in life everyday in
different ways, from the physical and moral violence, until the situations of difficult
access to employment, education, jobs and political functions, and others, always
revealing situations of exclusion of gender. Is this a just theme to the right? Answers
sought the experience of Santa Rosa city, analyzed here, point to the need to build
and strengthen safety necessity for women, as realization of their fundamental hu-
man rights and the defense of their dignity.
Keywords: Citizenship. Human rights. Gender equality. Gender violence.
INTRODUÇÃO
O desafio de desenvolver o tema dos Direitos humanos na
perspectiva de gênero nos coloca a repensar o lugar da mulher
na sociedade, seu espaço na família, no trabalho doméstico e
no mercado, seu papel de mãe, de educadora, de provedora, de
esposa, enfim da cidadã que ao longo da história acumulou em
seu entorno papéis fundamentais para a sociedade e que, ain-
da assim, é segregada e alvo de violência. Neste trabalho se
priorizará a temática da violência doméstica.
Nesta perspectiva, a questão de gênero, que expõe as di-
ferenças construídas social e culturalmente entre sexo mascu-
lino e feminino, mas que são apresentadas como se fossem
meras apresentações das estruturas biológicas, conduziram a
uma naturalização dos papeis exercidos por homens e mulhe-
res na sociedade, sendo, inclusive, internalizadas pelas mulhe-
res que em alguns casos de violência domésticas aceitam o
papel de agentes causadoras da agressão e no da sociedade
que rotineiramente julga e condena severamente a mulher vi-
timada, em comparação com seu agressor, na maioria das ve-
zes o próprio companheiro.
O estudo busca assim estabelecer uma análise das políti-
cas públicas para mulheres ao longo da história e concomitan-
temente, analisar a efetividade das mesmas. A temática da
violência doméstica não é isolada dos demais campos da vio-
1
CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1980.
2
SANTOS, Boaventura de Sousa (Org.) Reconhecer para libertar. Os Ca-
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Direitos humanos, políticas públicas e erradicação da violência doméstica...
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p.66.
10
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11
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manece 28% inferior aos dos homens nos últimos três anos. Disponível
em < http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&
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Direitos humanos, políticas públicas e erradicação da violência doméstica...
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15
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sobre as mulheres parlamentares no pós-Constituinte. Brasília: Secreta-
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
251
Direitos humanos, políticas públicas e erradicação da violência doméstica...
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Direitos Humanos pela perspectiva de gênero significam
ações políticas para exterminar a discriminação, a violência e a
opressão de mulheres. Não se pode conceber mecanismos de
direitos humanos que excluam as mulheres, da mesma forma
que gênero não significa dividir a questão humana, mas sim
redefinir esse ser humano, estudando o desenvolvimento só-
cio-cultural da feminilidade e da masculinidade.
Conclui-se que as desigualdades não acontecem por aca-
so ou pela natureza humana, e sim são construídas pela socie-
dade com o objetivo de atender interesses de determinados
grupos.
Ao longo da história das políticas para mulheres, identifi-
cam-se diferentes fases, sendo até recentemente caracterizadas
por ações isoladas e pontuais, hoje compreendidas como insufi-
cientes para o desenvolvimento de políticas públicas capazes
de proteger a sociedade e construir novos contextos sociais.
Pelo exposto, verifica-se que o Município de Santa Rosa
avançou muito em termos da implantação da Rede de Proteção
à Mulher, bem como na criação de políticas públicas específicas
para as mulheres, em especial as que tratam do enfrentamento
à violência doméstica. Mas muito ainda deve ser feito para que
se erradique esta forma de violência em nossa comunidade.
Somente com os esforços de todos os segmentos da soci-
edade e da compreensão que violar os direitos das mulheres é
a violar os direitos humanos e por, conseqüência, de todos, é
que avançaremos rumo a uma cultura de paz. Não é possível a
concepção de uma sociedade não violenta quando esta violên-
cia inicia dentro dos lares e se naturaliza como algo aceitável.
Mudarmos de um paradigma da supremacia patriarcal
para uma sociedade igualitária é fundamental para a concreti-
zação do Estado Democrático Direito preconizado pela nossa
Constituição Federal, em que a dignidade da pessoa humana
seja uma realidade para todos, independentemente de raça,
religião, faixa etária ou de gênero.
REFERÊNCIAS
BARATTA, Alessandro. O paradigma do gênero: da questão criminal
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Resumo
O crescimento populacional das cidades aliado ao uso de meios de transporte inade-
quados, que poluem em demasia, tem direcionado a mobilidade urbana em sentido
oposto ao da busca por cidades sustentáveis. Assim, o presente estudo destina-se a
apresentar os veículos elétricos como uma alternativa para a implementação de uma
mobilidade urbana de forma sustentável. Desta forma, apresenta a concepção e
evolução do conceito de desenvolvimento sustentável, passando pela abordagem
histórica da invenção dos veículos elétricos, para, desta forma, chegar à problemáti-
ca atual da mobilidade urbana, para a qual é sugerida a utilização de veículos elétri-
cos como forma de atenuar tais problemas. Deste modo, é sugerido o fomento a
fabricação de tais veículos, para que, de forma gradativa, sejam colocados no mer-
cado.
Palavras-chave:Mobilidade urbana, sustentabilidade, veículos elétricos.
Abstract
The high growth of the world population allied with the use of inappropriate means
of transportation which pollute a lot the environment has directed the urban mobili-
ty in an opposite way when talking about sustainable cities. The following study
shows how electrical vehicles can be an alternative to introduce a urban mobility in a
sustainable way. Like this it presents the conception and evolution of the sustainable
256
Daniel Corrente de Moraes; Marcelo L. dos Santos & Luciano B. Baldissera
development passing through the history of the creation of the electrical vehicles,
then finally to get to the urban mobility problem, which is the main suggestion for
using electrical vehicles as a way to reduce that kind of problem. For all it is suggest-
ed to encourage the development and production of this kind of vehicle and put
them in the market.
INTRODUÇÃO
O crescimento desordenado das cidades é um problema
que afeta toda a sociedade, uma vez que esta falta de plane-
jamento acaba por interferir na forma como vivem os indiví-
duos que compõe tal grupo. Deste modo, o estudo destes pro-
blemas, bem como a busca por soluções para os mesmos, têm
grande relevância, pois a manutenção de um meio ambiente
saudável e equilibrado1, só será possível com a resolução de
tais questões.
Neste contexto, um dos aspectos mais pertinentes a ser
abordado quanto à problemática que envolve o planejamento
das cidades diz respeito à mobilidade urbana. Muito se tem
discutido sobre as forma de se proporcionar meios para que as
pessoas possam se locomover dentro das cidades sem que pa-
ra isso sejam formados grandes congestionamentos, com veí-
culos que emitem grande quantidade de gases prejudiciais a
natureza.
Assim, surgem inovações como a utilização de veículos
elétricos, a fim de amenizar os problemas supracitados. Neste
sentido, ganha força a ideia da fabricação de carros elétricos
de pequeno porte, que gradativamente substituiriam os carros
atualmente utilizados, que poluem em demasia além de ter um
tamanho exagerado com relação à finalidade a qual são desti-
nados, que é, na maioria das vezes, o transporte de uma única
pessoa. Salienta-se que a finalidade do estudo não é a de pro-
por a utilização do transporte individual em detrimento ao
transporte coletivo, mas sim oferecer a alternativa do carro elé-
trico em substituição aos modelos atuais.
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social sem que para isto ocorra a degradação dos recursos na-
turais. Neste contexto, um grande paradoxo a ser enfrentado
diz respeito a mobilidade urbana, pois de um lado há o desafio
de transportar de maneira rápida e eficiente uma grande quan-
tidade de pessoas e de outro, a imensa quantidade de poluição
e os congestionamentos causados pelo aumento da frota de
veículos com motor de combustão interna.
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27
GOLDEMBERG; LEBENSZTAJN; PELLINI, op. cit.
28
BALDISSERA, op. cit.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
269
Veículos elétricos
CONCLUSÃO
A tentativa de implementar uma cidade sustentável é
bastante complexa, sendo uma das práticas que necessaria-
mente precisam estar presentes na consolidação da mesma, é
a mobilidade urbana de forma sustentável. Para tanto, a elimi-
nação da poluição produzida pelos veículos que trafegam nas
vias urbanas se torna fundamental. Assim, a alternativa de
motores elétricos para estes veículos mostra-se uma alternati-
va viável, devendo receber incentivos de políticas públicas que
fomentem sua fabricação, para que não sejam esquecidos, co-
mo foram no passado.
Verifica-se também, que há a necessidade da mudança
dos padrões de tamanho dos veículos convencionais individu-
ais, que devem ser adaptados a sua finalidade. A diminuição
do tamanho dos veículos só tem a contribuir com a trafegabili-
dade nas cidades, bem como na utilização otimizada dos espa-
ços destinados a estacionamentos, o que por si só já acarreta-
ria uma melhora significativa na mobilidade urbana.
Apesar dos consumidores possuírem interesse em adqui-
rir um veículo elétrico pelo fato destes não serem poluentes,
acabam por rejeitá-los quando percebem as limitações impos-
tas em relação à potência, autonomia, velocidade e tempo de
carga que possuem estes veículos acabam desistindo da com-
pra e adquirem veículos a combustão. Com isso, a opção criada
pelas montadoras objetivando a inserção dos veículos elétricos
no mercado foi à tecnologia dos veículos híbridos, que combi-
nam veículos elétricos puros com veículos movidos com moto-
res à combustão, atingindo assim, elevadas autonomias e po-
tências consideráveis, além de proporcionarem uma menor
emissão de poluentes.
Contudo, salienta-se que não há como substituir a frota
automotiva brasileira em curto prazo, em razão do aumento de
demanda elétrica para a qual o sistema elétrico brasileiro não
está preparado. Sendo assim, a solução para este problema
seria uma inserção destes veículos no mercado de modo gra-
dativo, por meio de incentivos à fabricação e a comercialização
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Resumo
O Direito Indigenista, historicamente, apresentou vários pontos polêmicos, mormen-
te, em relação a temas como ocupação, pelos índios, das terras, destinadas para
esse fim, reconhecimento da autonomia da cultura indígena, discriminação racial e
de gênero, autonomia econômica, social e cultural, saúde, dentre tantas outras
questões, todas com importância incomensurável, se revelando como problemáticas
que clamam por soluções efetivas, a fim de que os Direitos Indígenas sejam, efeti-
vamente, assegurados. Ressalta-se que essas problemáticas são globais, haja vista a
existência de aborígenes em um número considerável de países, de modo que o
Direito Indigenista se insere no rol de direitos coletivos e universais; logo, verifica-se
a premente necessidade de se promover o estudo das previsões legais de caráter
internacional, como Tratados, Acordos e Atos – mormente, os ratificados pelo Brasil
-, a fim de se identificar as previsões legais dedicadas à tutela dos cidadãos brasilei-
ros de origem indígena, o efetivo respeito à dignidade da pessoa humana, haja vista
que os índios brasileiros são cidadãos, e, portanto, todos os Tratados e demais Do-
cumentos, de natureza semelhante, que foram ratificados pelo Brasil, devem ser
observados também na defesa de seus direitos.
Palavras-Chave: Proteção. Índio. Tratados Internacionais. Efetividade. Direito.
Abstract
The Indian law has historically presented several controversial points, particularly in
relation to issues such as occupation by Indians of lands intended for this purpose,
recognition of the autonomy of indigenous culture, gender and racial discrimination,
economic independence, social and cultural , health, among many other issues, all
with immeasurable importance, as if revealing problems that call for effective solu-
tions, so that the Indigenous rights are effectively guaranteed. It is emphasized that
these problems are global, given the existence of Aborigines in a considerable num-
ber of countries, so that the Indian law falls on the list of collective rights and univer-
sal, therefore there is the urgent need to promote the study of the legal provisions
of international character, as Treaties, Agreements and Acts – especially, those rati-
fied by Brazil – in order to identify the legal provisions dedicated to the protection of
Brazilian citizens of Indian origin, the effective respect for human dignity, consider-
ing that the Brazilian Indians are citizens, and therefore all treaties and other docu-
274
Denise Tatiane Girardon dos Santos
ments of a similar nature, which have been ratified by Brazil, should be observed
also in defense of their rights.
Keywords: Protection. Indian. International Treaties. Effectiveness. Right.
INTRODUÇÃO
Em razão da premente necessidade de se tutelar os direi-
tos das minorias sociais, dentre elas, as tribos indígenas, este
trabalho visa a promover uma abordagem em relação às previ-
sões, contidas nos Documentos Internacionais, ratificados pelo
Brasil, no sentido de buscar a proteção e a preservação dos
aborígenes, tendo em vista que o Direito Indígena possui natu-
reza de direito coletivo, tutelado internacionalmente.
Tal estudo se revela crucial para a melhor compreensão
dos direitos e garantias assegurados aos povos indígenas, de
modo que as normatizações internacionais, que influenciam,
de alguma forma, sobre o direito indigenista pátrio, asseguram
a presciência de direitos protetivos indigenistas no âmbito na-
cional, e legitimam os povos indígenas e re3ivindicarem pela
efetividade de seus direitos.
Delimitado o assunto, acredita-se que o estudo sobre as
previsões legais, com viés protetivo ao Direito Indigenista,
possa contribuir, de modo significativo, para a compreensão
desse tema relevante, e, com isso, favorecendo a eficácia das
medidas protetivas indigenistas.
1
TEIXEIRA, 1991, p. 683.
2
JÚNIOR, 2007, p. 370.
3
Op. Cit. p. 681.
4
Ibidem. pp. 681, 683, 684 e 688.
8
1991, p. 689.
9
Disponível em http://ccr6.pgr.mpf.gov.br/documentos-e-publicacoes/ju
risprudencia-1/crimes/trf-3/RC%202002.03.99.016415-4%20-%20MS.pdf.
Acesso no dia 03.10.2011, as 11h30min
10
Op. cit. 2010.
11
2002, p. 106.
12
2005, p. 37.
13
Disponível em http://ccr6.pgr.mpf.gov.br/documentos-e-publicacoes/ju
risprudencia-1/crimes/trf-3/RC%202002.03.99.016415-4%20-%20MS.pdf.
Acesso no dia 03.10.2011, as 11h30min.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
279
A questão indígena no brasil e a relevância das previsões, insertas...
14
Op. Cit. 2010.
15
Ibidem, 2010.
16
Disponível em: http://www.onu-brasil.org.br/. Acesso no dia 05.11.2011,
as 16h30min.
17
2002, p. 29.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
281
A questão indígena no brasil e a relevância das previsões, insertas...
20
ALMEIDA e PERRONE-MOISÉS, 2002, p. 47.
21
Disponível em: http://www.onu-brasil.org.br/. Acesso no dia 05.11.2011,
as 16h30min.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
283
A questão indígena no brasil e a relevância das previsões, insertas...
22
Op. Cit, 2011.
23
2002, p. 52.
24
2009, pp. 16 e 22. OBRA - BRASIL, 2010, pp.17 e 18.
29
Op. Cit. 2002, pp. 66 e 67.
30
Ibidem, 2002, p. 76.
31
Disponível em: http://www.onu-brasil.org.br/. Acesso no dia 05.11.2011,
as 16h30min
32
Disponível em: http://www.unicef.org.br/. Acesso no dia 23.10.2011, as
10h30min.
33
Disponível em http://ccr6.pgr.mpf.gov.br/documentos-e-publicacoes/
jurisprudencia-1/crimes/trf-3/RC%202002.03.99.016415-4%20-%20MS.pdf.
Acesso no dia 03.10.2011, as 11h30min.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
287
A questão indígena no brasil e a relevância das previsões, insertas...
34
OBRA - BRASIL, 2010, p.14.
35
Disponível em: http://www.onu-brasil.org.br/. Acesso no dia 05.11.2011,
as 16h30min.
36
OBRA - BRASIL, 2010, p.19. Mestranda em direitos humanos. UNIJUI-
Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul; es-
mel29@yahoo.com.br
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
289
A questão indígena no brasil e a relevância das previsões, insertas...
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consoante acima discorrido, verificou-se o quão impor-
tante são as normas legais de abrangência internacional, tanto
voltadas à proteção dos direitos do cidadão, quanto as que tra-
tam, especificamente, do Direito Indigenista, posto que, ao
mesmo tempo em que tutelam, efetivamente, também, os direi-
tos concernentes aos índios, ainda influenciaram o Direito Bra-
sileiro dedicado às questões aborígenes, dispostos na Carta
Magna Brasileira.
Tais disposições, ao preverem, principalmente, que a cul-
tura indígena deve ser preservada, com a oportunidade de
crescimento e evolução, asseguram, legalmente, a defesa des-
ses direitos, mormente, quando constatadas violações, inclusi-
ve, com a possibilidade de as comunidades indígenas pleitea-
rem seus direitos. Contudo, para a completa efetivação dessa
previsões, imprescindível que a sociedade não indígena reco-
nheça os índios como cidadãos brasileiros dotados de cultura
diversa, e que sejam respeitados pelas suas particularidades,
mesmo que, naturalmente, sua cultura evolua e transcenda,
misturando-se à comunhão nacional, gradativa e naturalmente.
A ratificação, pelo Brasil, desses documentos internacionais
possibilitam aos indígenas, face a não observância das normas
destacadas, postularem em juízo a tutela de seus direitos, a
fim de preservá-los.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Guilherme de Assis de; PERRONE-MOISÉS, Cláudia (co-
ordenadores). Direito Internacional dos Direitos Humanos: Instru-
mentos Básicos. Ed. Atlas. São Paulo – SP, 2002.
BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra. Comentários à
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Vol 4, Ed. Saraiva. São Paulo – SP, 2002.
Comissão de Cidadania e Direitos Humanos. Coletivos Guarani no
Rio Grande do Sul – Terrotorialidade, Interetnicidade, Sobreposi-
ções e Direitos Específicos. Porto Alegre – RS, 2010.
Resumo
Este trabalho visa tratar da questão da fundamentação dos Direitos Humanos, defi-
nindo a sua origem no tempo e no espaço, sua implantação e seu desenvolvimento,
bem como seus elementos de estruturação. Além disso, trata das liberdades funda-
mentais e da democracia. Nesse sentido, discute possíveis soluções para o Estado
Democrático, como alternativas que possam garantir a dignidade da pessoa humana
através de uma análise dos Direitos Humanos no Brasil e finaliza com um breve co-
mentário sobre o seu processo de internacionalização, demonstrando a obrigação de
cada Estado com a proteção e efetivação dos mesmos.
Palavras-chave: Direitos Humanos; efetivação; fundamentação; liberdades e prote
ção.
Abstract
This paper aims to address the issue of justification of Human Rights, in order to
define its origin in time and space, its development and its implementation, as well
as its structuring elements. Moreover, these fundamental freedoms and democracy.
Accordingly, discusses possible solutions for the state Democratic alternatives that
ensure the dignity of the human person through an analysis of human rights in Brazil
and ends with a brief commentary on its internationalization process, demonstrating
the obligation of each State with the protection and enforcement of same.
Keywords: Enforcement, freedoms, Human Rights; reasons and protection.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho trata da fundamentação dos direitos
humanos, situando-os na história, comentando o seu desenvol-
vimento, que, aos poucos foi delineando os direitos e deveres
que, apesar de serem inerentes à pessoa, não encontrava res-
paldo nas regras de convivência social, até se transformarem
em normas codificadas.
292
Eliane Spacil de Mello & Argemiro Luis Brum
1
BEDIN, Gilmar Antonio. Os Direitos do Homem e o Neoliberalismo. 3.
ed. Ver. E ampl. Ijuí: Ed. Unijui, 2002, p.19.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
293
A fundamentação dos direitos humanos
3
BEDIN, Gilmar Antonio. Os Direitos do Homem e o Neoliberalismo. 3.
ed. Ver. E ampl. Ijuí: Ed. Unijui, 2002, p.73.
4
BERTASO, Candice Nunes. A Cidadania no Âmbito dos Novos Direitos
Sociais. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade de Cruz alta -
Cruz Alta – RS, 2003, p.21.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
297
A fundamentação dos direitos humanos
5
BERTASO, Candice Nunes. A Cidadania no Âmbito dos Novos Direitos
Sociais. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade de Cruz alta
Cruz Alta -Cruz Alta – RS, 2003, p.45-46.
6
BIELEFELDT, Heiner. Filosofia dos Direitos Humanos; tradução de
Dankuart Bernsmuller. São Leopoldo. UNISINOS, 2000, p. 129.
7
Idem, p. 130.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
303
A fundamentação dos direitos humanos
8
RIBEIRO, Valdir. Igualdade e Dignidade nos Direitos Humanos. Traba-
lho de Conclusão de Curso. Universidade de Cruz alta- Cruz Alta- RS,
2007, p. 15.
CONCLUSÃO
Tendo em vista os estudos feitos, bem como as leituras
realizadas sobre os Direitos Humanos, ficou bastante clara sua
importância para a sociedade. Também pode-se constatar que
os mesmos necessitam de proteção por parte dos Estados, das
Nações e da sociedade como um todo.
Constatou-se também, que, apesar de que a dignidade
humana seja um dos princípios previstos pela nossa Constitui-
ção Federal, assim como a igualdade seja um direito funda-
mental, não vem tendo efetividade prática, devido a vários fa-
tores, dentre eles, as injustiças derivadas do atual contexto
político em que vivemos e, como não poderia deixar de menci-
onar, pelas profundas diferenças econômicas, e demais pro-
blemas sociais. Temos que trabalhar em prol da distribuição
justa de renda, por uma maior democratização do sistema polí-
tico, entre outras políticas públicas para solucionar a questão.
Além disso, pode-se concluir que para haver a verdadeira
concretização da democracia precisamos ter uma mentalidade
social aberta e voltada para os valores de liberdade, igualdade
e fraternidade, além de manobras políticas que tornem o Esta-
do ainda mais democrático. Todavia, de nada adianta uma
Constituição repleta de princípios composta por inúmeros di-
reitos se a sociedade os desconhecer.
Por outro lado, ao analisar o processo de internacionaliza-
ção dos direitos humanos, observou-se que apesar do Brasil ter
ratificado vários tratados, no âmbito da proteção dos direitos
humanos, ainda temos um longo caminho até a completa efeti-
vidade dos mesmos.
Portanto, para resolver o problema da fundamentação dos
direitos humanos de forma que os direitos mínimos do ser hu-
mano sejam garantidos e respeitados, além da conscientização
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
307
A fundamentação dos direitos humanos
REFERÊNCIAS
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Erradicação da Pobreza: uma Dimensão Hermenêutica para a Reali-
zação Constitucional. Brasília. Brasília Jurídica, 1998.
BEDIN, Gilmar Antonio. Os Direitos do Homem e o Neoliberalismo.
3. ed. Ver. E ampl. Ijuí: Ed. Unijui, 2002.
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reitos Sociais. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade de
Cruz Alta -Cruz Alta – RS, 2003.
BIELEFELDT, Heiner. Filosofia dos Direitos Humanos; tradução de
Dankuart Bernsmuller. São Leopoldo. UNISINOS, 2000.
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro. Campos, 1992.
MORAIS, José Luis Bolzan. Do Direito Social aos Interesses Tran-
sindividuais: O Estado e Direito na Ordem Contemporânea. Porto
Alegre. Livraria do Advogado, 1996.
PEREIRA, Daiana Vargas. O Processo de Internacionalização dos
Direitos Humanos e a Incorporação das Normas de Proteção do
Ordenamento Jurídico Brasileiro. Trabalho de Conclusão de Curso.
Universidade de Cruz alta. Cruz Alta- RS, 2005.
RIBEIRO, Valdir. Igualdade e Dignidade nos Direitos Humanos.
Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade de Cruz alta- Cruz
Alta- RS, 2007.
Resumo
O presente trabalho resgata a trajetória histórica de proteção dos direitos do ho-
mem na sociedade internacional a partir da Segunda Guerra Mundial, enfatizando a
contribuição de fatos ocorridos durante esse importante marco, que auxiliaram na
configuração da memória coletiva internacional sobre esses direitos. Além disso,
trata de alguns documentos internacionais publicados após e por influência dos fatos
marcantes da Segunda Guerra Mundial, como a Declaração dos Direitos do Homem
e após a sua publicação, da formação de um sistema internacional de proteção, que
foram o resultado do anseio da comunidade internacional pela garantia dos direitos
humanos, evidenciando a importante contribuição que tiveram a história e a memó-
ria coletiva neste processo.
Palavras-chave: História, Internacionalização dos Direitos Humanos, Memória, Se-
gunda Guerra Mundial.
Abstract
This work captures the historical trajectory of protection of human rights in interna-
tional society since the Second World War, emphasizing the contribution of events
during this important milestone, which helped in shaping collective memory about
international human rights. Moreover, this is some international documents pub-
lished after and influence of the striking facts of World War II, as the Declaration of
the Rights of Man and after its publication, the formation of an international sys-
tem of protection, which were the result of the desire of international community
for ensuring human rights, highlighting the important contribution that had history
and collective memory in this process.
Keywords: History, Internationalization of Human Rights, Memory, World War II.
310
Eliete Vanessa Schneider; Luís Carlos Schneider & Priscila Gadea Lorenz
6
Experiências Médicas. II Guerra Mundial – 60 anos. Coleção Almanaque
Abril, volume 2, São Paulo, 2005, p. 38-39, IN Direitos Humanos na Or-
dem Jurídica Internacional e reflexos na Ordem Constitucional Brasilei-
ra, Sidney Guerra, Lumen Iuris, Rio de Janeiro, 2008, p. 40.
7
STAFFORD, David. Fim de Jogo, 1945. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p.
55.
8
GOMES, Luiz Flávio. O Sistema Interamericano de Proteção dos Direi-
tos Humanos e o Direito Brasileiro. São Paulo: Editora Revista dos Tri-
bunais, 2000, p. 63;
9
Sidnei Guerra. Direitos Humanos na Ordem Jurídica Internacional e
Reflexões na Ordem Constitucional Brasileira. Editora Lumen Juris,
2008, Rio de Janeiro, p. 40.
10
REZEK, Francisco. Direito Público Internacional. São Paulo: Editora
Saraiva, 2010, p. 32;
11
MÉNDEZ, Isel Rivero. Las Naciones Unidas Y Los Derechos Humanos.
50 aniversario de La declaracion Universal de Derechos Humanos;
12
SILVA, kalinda Vanderlei e Silva, Maciel Henrique. Dicionários de con-
ceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005, p. 276.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
313
A Segunda Guerra Mundial e a memória internacional sobre direitos
ou que lhe foram repassadas, mas que não lhe pertencem so-
mente, e são entendidas como propriedade de uma comunida-
de, um grupo.”
A memória coletiva faz parte das grandes questões das
sociedades desenvolvidas e das sociedades em vias de desen-
volvimento, das classes dominantes e das classes dominadas,
lutando todas pelo poder ou pela vida, pela sobrevivência e
pela promoção13. Através da memória, é que sobrevivem certos
acontecimentos, repassados de uma geração à outra. E quando
se fala na Segunda Guerra Mundial, embora não sejam aconte-
cimentos agradáveis, muito pelo contrário, onde certamente
milhares de pessoas viveram as situações mais dolorosas, hor-
ríveis de suas vidas, há que se concordar que a memória teve
papel fundamental. Tanto no plano individual, embora se acre-
dite que somente quem viveu naquele cenário pode ter a exata
compreensão de sua gravidade, como no plano da memória
coletiva, uma vez que até hoje, esse triste acontecimento é
lembrado, e, muito provavelmente, por várias centenas de
anos, ainda o será.
Neste ponto, tem destaque a contribuição da história, por
meio de seus vários mecanismos, como documentos, monu-
mentos entre outros, que possibilitam a construção e recons-
trução do conhecimento, do estudo acerca do tema, utilizado
por todos nós para a vida comum, e no qual operamos com a
“memória” – construção individual realizada a partir de refe-
rências culturais coletivas14.
Dessa maneira, entende-se que tanto a história, quanto à
memória, ambas com suas particularidades e nuances, têm
papel fundamental na construção do conhecimento e reflexão
acerca do acontecimento que foi a Segunda Guerra Mundial.
13
GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas, São Paulo: Editora da
Unicamp, 1996, p. 474.
14
NORA, P. Entre memória e história. A problemática dos lugares. Projeto
História. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História
do Departamento de História, São Paulo: n.10. 1993,p. 53;
15
MONTEIRO, Ana Maria. Ensino de História: entre história e memória.
RJ: Editora da UFRJ, 2010, p. 11.
16
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Inter-
nacional. São Paulo: Max Limonad, 2004, p. 118;
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
315
A Segunda Guerra Mundial e a memória internacional sobre direitos
17
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos Direitos Hu-
manos. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 215;
18
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos na Ordem Jurídica Internacional
e Reflexos na Ordem Constitucional Brasileira. Rio de Janeiro: Editora
Lumen Juris, 2008, p. 86;
19
HUNT, Lynn. A Invenção dos Direitos Humanos. São Paulo: Companhia
das Letras, 2009, p. 45;
20
GOMES, Luiz Flávio. O Sistema Interamericano de Proteção dos Direi-
tos Humanos e o Direito Brasileiro. São Paulo: Editora Revista dos Tri-
bunais, 2000, p. 45;
21
Obviamente não está se buscando com esta afirmação, menosprezar ou
desconsiderar a importância de cada um destes documentos.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
317
A Segunda Guerra Mundial e a memória internacional sobre direitos
REFERÊNCIAS
GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas, São Paulo: Editora
da Unicamp, 1996;
GOMES, Luiz Flávio. O Sistema Interamericano de Proteção dos
Direitos Humanos e o Direito Brasileiro. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2000;
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos na Ordem Jurídica Internaci-
onal e Reflexos na Ordem Constitucional Brasileira. Rio de Janeiro:
Editora Lumen Juris, 2008;
HUNT, Lynn. A Invenção dos Direitos Humanos. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 2009.
NORA, P. Entre memória e história. A problemática dos lugares.
Projeto História. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em
História do Departamento de História, São Paulo: n.10. 1993.
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Internacional. São Paulo: Max Limonad, 2004;
REZEK, Francisco. Direito Público Internacional. São Paulo: Editora
Saraiva, 2010, p. 32;
SILVA, Kalinda Vanerlei & Silva, Maciel Henrique. Dicionário de
conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005;
STAFFORD, David. Fim de Jogo, 1945. Rio de Janeiro: Objetiva,
2012, p. 55;
Elisa Mainardi
Doutor em Educação; professor do Programa de Pós-Graduação em Edu-
cação da Faculdade de Educação da Universidade de Passo Fundo.
(eldon@upf.br)
Eldon Henrique Mühl
Doutoranda em Educação nas Ciências pela Unijuí, professora da Faculda-
de de Educação da Universidade de Passo Fundo. (emainardi@upf.br)
Resumo
A educação têm sido desafiada a promover a cidadania, o que requer, não somente
o domínio de conceitos ou de técnicas pedagógicas, mas um repertório de saberes
que nos permita perceber e compreender a realidade de violação de direitos, a ne-
cessidade de sensibilizar-se e de agir-se na defesa e na promoção dos direitos dos
indivíduos e o desenvolvimento de práticas sociais realizadoras de tais direitos. Nes-
se sentido o texto aponta para a importância e a necessidade da constituição de uma
cultura em e para os direitos humanos na escola. Para tanto, vale-se do estudo dos
registros sistematizados em discussões pedagógicas construídas por professores
envolvidos na elaboração do projeto político pedagógico escolar, no qual foi possível
observar as concepções e práticas em educação em direitos humanos e a importân-
cia das políticas públicas educacionais na orientação e animação deste processo.
Palavras Chave: direitos humanos; escola; política pública educacional.
Abstract
the school has been challenged to promote citizenship, which requires not only the
domain of concepts or pedagogical techniques, but a repertoire of knowledge that
allows us to perceive and understand the reality of violation of rights, the need to
raise awareness and to act in the defence and promotion of the rights of individuals
and the development of enterprising social practices of such rights. In this sense the
text points to the importance and the need for the establishment of a culture in and
for human rights in school. For this, it is used of organized records in pedagogical
discussions built by teachers involved in preparing the school pedagogical political
project, in which it was possible to observe the conceptions and practices in human
rights education and the importance of public educational policies in the guidance
and animation of this process.
Keywords: human rights; school; public educational policy.
1
Artigo de sistematização de pesquisa.
320
Elisa Mainardi & Eldon Henrique Mühl
INTRODUÇÃO
A escola de hoje está sendo desafiada a promover a inte-
gração social pelo desenvolvimento de uma cultura centrada
no respeito e na vivência dos direitos humanos. Tal desafio
encontra-se expresso em diversos documentos e, de forma ex-
plícita, na Resolução Nº 1 de 30 de maio de 2012, que estabele-
ce as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Huma-
nos. O documento propõe como principal diretriz o desenvol-
vimento de “concepções e práticas educativas fundadas nos
Direitos Humanos e em seus processos de promoção, proteção,
defesa e aplicações na vida cotidiana e cidadã de sujeitos de
direitos e de responsabilidades individuais e coletivas.” 2 Cabe
destacar que embora as diretrizes tenham sido publicadas re-
centemente, o tema vem preocupando educadores, militantes
e autoridades mundiais há muitos anos. No Brasil, no entanto,
percebe-se que ainda é um tema pouco debatido e os professo-
res, em geral, continuam mostrando-se indiferentes ou resis-
tentes a tal desafio, não conseguindo perceber a importância
da educação em direitos humanos para a sociedade atual. Nes-
te sentido, nos indagamos: o que tem provocado a resistência
da escola e de seus professores na implementação das políti-
cas e diretrizes do Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos? Quais as limitações e as possibilidades que per-
meiam o processo de construção da prática pedagógica em
direitos humanos nas escolas? Que iniciativas devem ser to-
madas pelas escolas para desenvolver o comprometimento dos
professores com a educação em e para os direitos humanos? É
possível pensar a introdução de tal discussão no contexto es-
colar sem que os cursos de formação de professores insiram
esta discussão em seus currículos?
Motivados por tais inquietações, valemo-nos da investi-
gação dos registros sistematizados das discussões pedagógi-
cas construídas pelos professores envolvidos na elaboração do
projeto político pedagógico, bem como, nas concepções e prá-
ticas em educação em direitos humanos, destacando o papel
2
BRASIL, CNE, 2012, Art. 2º
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
321
Direitos humanos e escola
5
Dimenstein, 1996:51.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
325
Direitos humanos e escola
6
Bittar, 2003:321.
7
BRASIL, 2008:25.
8
PNDEH,2008:24.
9
SADER (2003:80)
10
Contra capa de FREIRE, 2006.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
329
Direitos humanos e escola
OPÇÃO TEÓRICA:
Outro indicador de relevância pode ser percebido nas fa-
las que expressam a idéia que “sei o que é direitos humanos,
mas acredito que a escola não deva se envolver com isso. O
papel da escola é ensinar conteúdos.” “Se a escola se preocu-
par em trabalhar direitos humanos e até outros temas da mo-
da, quem ensina ler e escrever?”, “ O ensino no Brasil sempre
é mal classificado por que a escola é sobrecarregada naquilo
que deve ensinar e deixa de ensinar o que é importante.” “Es-
cola é lugar de aprender a ciência.”
Há quem acredita que a escola deve se ocupar da cons-
trução do conhecimento que instrumentalize o sujeito a se in-
serir no mercado de trabalho e que questões sociais fogem a
temáticas que a escola deve e precisa desenvolver. Assim, a
constituição de grupos que organizam, definem, e sustentam
práticas fundadas numa perspectiva transformadora, na maio-
ria dos casos, passam a ser assumido como posições pessoais
e não como proposta de escola. É visível que a escola que te-
mos está ainda muito enraizada numa perspectiva conservado-
ra de educação, onde se acredita que o sujeito só será capaz
de compreender a realidade social a partir da apreensão de
alguns instrumentos como a leitura, a escrita, as operações
matemáticas, etc., sem os quais se torna impossível ler o mun-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As experiências de educação em direitos humanos têm
apresentado alguns avanços e revelado muitos problemas. Os
avanços indicam para as conquistas de um progressivo reco-
nhecimento de diferentes esferas e instâncias sociais que já
admitem que a solução de muitos problemas sociais e as pers-
pectivas futuras de uma sociedade melhor depende de uma
educação orientada pelos princípios da educação em direitos
humanos. Do ponto de vista dos desafios, um dos problemas a
ser enfrentado diz respeito aos procedimentos que devem ser
desenvolvidos para se possa implementar uma prática de edu-
cação que promova a formação de uma nova concepção sobre
a condição humana, orientada pelos princípios que fundamen-
tam a educação em direitos humanos. a educação em direitos
humanos não pode implicar apenas no acúmulo de algumas
informações, mas deve promover efetivamente a vivência diá-
ria dos direitos humanos, o que implica na construção de uma
sociedade orientada por uma nova cultura: a cultura dos direi-
tos humanos. Entendemos, contudo, que as lacunas deixadas
pelos cursos de formação de professores, no que se refere a
educação em direitos humanos, têm contribuído para o distan-
ciamento e a indiferença da escola com referência a esta temá-
tica. Se de fato é este o cenário escolar que se efetiva, temos
REFERÊNCIAS
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Moderna, 1996.
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(Org.) Educação em Direitos Humanos: Fundamentos teórico- me-
todológicos. João Pessoa: Editora Universitária, 2007.
Resumo
O presente artigo destina-se a analisar as questões éticas e jurídicas da reprodução
assistida no Brasil frente à Dignidade da pessoa humana, desde a ausência de legis-
lação específica até os argumentos contrários e favoráveis a limitação de idade para
uma mulher engravidar por intermédio da medicina, com forma de analisar o impac-
to das novas tecnologias no direito de família.
Palavras-chave: Dignidade humana, novas tecnologias, bioética.
Abstract
The present article aims to analyze the ethical and legal issues of assisted reproduc-
tion in Brazil against the Dignity of the human person, since the absence of specific
legislation to arguments against and in favor of limiting age for a woman to become
pregnant through medicine, with a way to analyse the impacto f new technologies
on family law.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Quase trinta anos após o nascimento do primeiro bebê
brasileiro, concebido por meio da medicina, a falta de discipli-
na e tutela legal dos conflitos e conseqüências da utilização de
tais técnicas pode ser sentida em diversas áreas do direito.
Hodiernamente, a gravidez de mulheres sexagenárias re-
ascendeu o debate ético sobre fertilização, em 2012, pelo me-
336
Fabiane da Silva Prestes & João Batista Monteiro Camargo
1
LEONE, S.; PRIVITERA, S.; CUNHA, J.T. (Coordenadores.). Dicionário de
bioética. Aparecida: Editorial Perpétuo Socorro/Santuário, 2001.
2
SGRECCIA, Elio. Manual de bioética I: fundamentos e ética biomédica.
Trad. Orlando Soares Moreira. São Paulo: Loyola, 1996, p.57.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
337
Conflitos ético-jurídicos da reprodução assistida na terceira idade
4
DINIZ, Maria Helena. A ectogênese e seus problemas jurídicos. Dispo-
nível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/
7225-7224-1-PB.pdf. Acesso em 30 de outubro de 2012.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
339
Conflitos ético-jurídicos da reprodução assistida na terceira idade
5
Dispõe a Resolução CFM nº 1.957/2010: “As técnicas de RA podem ser
utilizadas desde que exista probabilidade efetiva de sucesso e não se in-
corra em risco grave de saúde para a paciente ou o possível descendente”
(art. I, inc. 2º).
6
BUSSO, Newton Eduardo. Reprodução Assistida: como ampliar o aces-
so? Disponível em: http://xa.yimg.com/kq/groups/13447241/1440041270
/name/Dossi%C3%AA+Reprodu%C3%A7%C3%A3o+Assistida.pdf aces-
so em 30 de março de 2013.
7
DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos humanos e cidadania. São Paulo:
Moderna, 1998, p 72.
8
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fun-
damentais na Constituição Federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2001, p.27
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
341
Conflitos ético-jurídicos da reprodução assistida na terceira idade
9
PEGORARO, Olinto A. Ética e bioética: da subsistência à existência.
Petrópolis , RJ: Vozes, 2002, p. 24.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
343
Conflitos ético-jurídicos da reprodução assistida na terceira idade
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelo exposto, percebe-se, contudo que a questão está
longe de ser considerada pacífica há, pois, um longo caminho a
ser percorrido, desde a criação de legislação sobre a matéria,
até o rompimento de barreiras morais, éticas e culturais. Em-
bora se tenha percorrido um grande caminho em direção ao
progresso, sabe-se que o mesmo, não eliminou as indagações
transcendentais e morais, muito menos produziu harmonia.
Programa de Pós-graduação em Direito
Curso de Mestrado em Direitos Humanos
344
Fabiane da Silva Prestes & João Batista Monteiro Camargo
REFERÊNCIAS
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___________, Resolução nº 1957, de 15 de dezembro de 2010. Publi-
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nológicas e o direito das sucessões.. Disponível em <http://www.
ibdfam.com.br>. Acesso em 27 de outubro de 2012.
Resumo
Em face ao crescente e alarmante número de crianças e adolescentes que são inicia-
dos no mundo do crime e da consequente necessidade de encontrar uma diretriz
dentro do Direito contemporâneo para sua diminuição – e, quiçá, sua erradicação -,
este trabalho vem como uma proposta para permitir à Justiça Restaurativa a oportu-
nidade de, quando cometido o ato infracional, dar ao jovem infrator a chance de se
ver através dos olhos da sociedade – tendo uma maior compreensão da repercussão
de seus atos -, de receber orientação e a atenção de que fora privado durante seu
desenvolvimento e de, então, restaurar laços que o ajudarão a criar uma identidade
saudável com a qual atuará no mundo legal. Uma vez entendido que para que tal
metamorfose ocorra deve-se poder trabalhar através da implementação de políticas
públicas na área da educação e da segurança, este estudo analisará as características
da delinquência juvenil e as peculiaridades e práticas restaurativas procurando, as-
sim, expor as consequências de se levar essa teoria à prática através de uma aborda-
gem interdisciplinar.
Palavras-chave: Delinquência juvenil; Justiça Restaurativa; Interdisciplinaridade.
Abstract
Due to the growing and alarming number of children and youth who are initiated
into the world of crime and the consequence need to find a guideline within the Law
to this contemporary decline – and perhaps its eradication – this paper is a proposal
to allow Restorative Justice at the opportunity when committing the offense, to give
young offenders a chance to see through the eyes of society -having a greater un-
derstanding of the impact of their actions – to receive guidance and attention that
had been deprived during his development and then restore ties that will help to
1
Este artigo é resultado dos estudos realizados pelo grupo de pesquisa:
Direito, Cidadania e Políticas Públicas, sob a coordenação da professora
Pós-Doutora Marli Marlene Moraes da Costa.
348
Fabiano Rodrigo Dupont & Ana Paula Arrieira Simões
create a healthy identity with which will act in the legal world. Once it's understood
that for such a metamorphosis occurs must be able to works through the implemen-
tation of public policies in education and security, this study will examine the charac-
teristics of juvenile delinquency and the peculiarities and restorative practices seek-
ing, thereby, expose the possibilities to bring this theory into a practice through an
interdisciplinary approach.
Keyboards: Juvenile delinquency; Restorative Justice; Interdisciplinarity.
NOTAS INTRODUTÓRIAS
A delinquência juvenil é um fenômeno estudado por di-
versas áreas, entre as quais, cite-se a Criminologia. Com a
abertura do pensamento criminológico para as ciências huma-
nas, ficou claro compreender o sentido do delito e o contexto
que se encontra o sujeito (seja adolescente ou adulto) como
aquele que rompe com a norma social e jurídica. O criminólogo
Edwin Sutherland, como um dos precursores sobre a delin-
quência com a teoria da associação diferencial, identificou que
as gangues juvenis constituem um sistema hierárquico, de
chefia e de territorialidade. Observa-se com isso que, mesmo
dentro do espaço de marginalização e de transgressão, novas
regras surgem com o propósito de manter o grupo como uni-
dade e do processo de dominação se fazer presente.
Ao relacionar com a realidade brasileira, desloca-se para
o foco do presente trabalho o problema social dos inúmeros
adolescentes que, cada vez mais cedo, ingressam na crimina-
lidade, por diversos fatores – sendo o mais presente deles a
drogadição -, fomentando um fenômeno que pode ser compre-
endido como a busca pela sua sobrevivência e inclusão social.
Para chegar a tal entendimento, necessita-se ter flexibilidade
para reorganizar os conceitos e preconceitos a respeito do te-
ma, pois o adolescente que comete um ato infracional não cria
o ato delinquencial, ele aprende a prática criminosa.
Partindo desses pressupostos, o que se propõe com o
presente artigo é refletir sobre a metodologia dos círculos de
diálogo da justiça restaurativa com adolescentes autores de
ato infracional. Ao encontro disso, questiona-se: a justiça res-
taurativa é eficiente no tratamento de adolescentes enquanto
alternativa de tratamento de conflitos?
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
349
Delinquência juvenil e justiça restaurativa
2
ANITUA, Gabriel Ignacio. Histórias dos pensamentos criminológicos.
Tradução de Sérgio Lamarão. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de
Criminologia, 2008, p. 397.
3
ANITUA, Gabriel Ignacio. Histórias dos pensamentos criminológicos.
Tradução de Sérgio Lamarão. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de
Criminologia, 2008.
4
LIMA, Cauê Nogueira de. A delinqüência juvenil sob o enfoque crimino-
lógico. In: SHECAIRA, Salomão; DE SÁ, Alvino Augusto (Orgs.). Crimino-
logia e os problemas da atualidade. São Paulo: Atlas, 2008, p. 13.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
351
Delinquência juvenil e justiça restaurativa
5
BRAGA, Ana Gabriela Mendes; BRETAN, Maria Emília Accioli Nobre.
Teoria e Prática da Reintegração Social: o relato de um trabalho crítico no
âmbito da execução penal. In: SHECAIRA, Salomão; DE SÁ, Alvino Au-
gusto (Orgs.). Criminologia e os problemas da atualidade. São Paulo: A-
tlas, 2008, p. 13.
6
CASTEL, Robert (1990). Extreme Cases of Marginalisation, from Vulnera-
bility to Desaffiliation, comunicação apresentada no European Seminar
on Social Exclusion, realizado em Alghero (Itália), em Abril de 1990, p.
42.
7
TRINDADE, Jorge - Delinqüência juvenil: uma abordagem transdiscipli-
nar/Jorge Trindade. 2.Ed. - Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1996, p.
40.
JUSTIÇA RESTAURATIVA
Ao falar em delinquência está-se falando de desamparo
do ser humano, das crianças, dos jovens, dos pais e da socie-
dade como um todo e, principalmente, da família. Diante dessa
realidade, é visível como a descrença nas instituições e a intro-
jeção de valores distorcidos se mostraram muito mais eficazes
do que os padrões morais de direito e respeito por si mesmos e
pelos outros. Torna-se imprescindível, então, encontrar meios
de religar os laços com criança e adolescente, contribuindo
para a construção de um futuro que lhes seja adequado, se não
ideal.
Pensando-se em alcançar os problemas internos, de re-
percussão externa, com o qual as crianças e adolescentes en-
volvidas com a prática de ato infracional convivem diariamen-
te, onde quer que elas estejam, e suplantá-los, chegou-se à
ideia da aplicação de práticas restaurativas, em especial a do
Círculo de Construção de Paz, devido à sua composição estru-
tural, que visa o empoderamento do indivíduo e sua relação
com o meio comum.
Seguindo essa linha, diz-se do Círculo de Construção de
Paz que este é nada menos que um processo que busca a iden-
tificação e compreensão das causas e necessidades subjacen-
tes aos conflitos através do diálogo e que, em meio a um local
cuja atmosfera seja de segurança e respeito, criada e mantida
tanto pelos conciliadores quanto pelos indivíduos participan-
tes, objetiva a transformação desses mesmos conflitos em
ações positivas mediante soluções criativas. Assim, com a
promoção da fala e da escuta qualificada, seu método vem
sendo utilizado nos mais variados espaços de convivência so-
cial, ajudando tanto adultos quanto crianças e adolescentes.
As aplicações de Justiça Restaurativa são perceptivas no que
diz respeito ao favorecimento do senso de pertencimento e de
autorresponsabilização, além do fortalecimento do senso de
comunidade e promoção da Cultura de Paz.
Portanto, para a sua aplicabilidade às crianças e aos ado-
lescentes infratores, esta prática – que se apresenta com pou-
8
PRANIS, Kay. Processos Circulares/ Kay Pranis; tradução de Tônia Van
Acker. - São Paulo: Palas Athena, 2010, p. 39.
A INTERDISCIPLINARIDADE EM QUESTÃO
Desde o começo do séc. XX, a comunicação aberta entre
as matérias está sendo cada vez mais defendida, dada sua
qualidade potencializadora e elucidativa sobre questões que
antes continham um grande abismo entre suas origens e suas
consequências. Distanciando a questão da teoria, sua evolução
natural. A interdisciplinaridade, assim sendo, constrói a ponte
que revela o nexo necessário a toda teoria, acabando com os
vácuos do saber e aumentando a amplitude e profundidade do
conhecimento humano sobre tudo aquilo que o cerca.
No contexto em questão, envolvendo delinquência juvenil
e Justiça Restaurativa, a interdisciplinaridade se faz presente
na troca de informações entre os ramos da ciência como Socio-
logia, Antropologia, Psicologia, Criminologia, Direito, cuja coo-
peração na difusão de pesquisas e ideias acarreta numa maior
assertividade na procura das causas desses fenômenos, suas
características, consequências, atores envolvidos e, seguindo
essa linha de raciocínio, dando vez ao encontro de suas formas
de prevenção e/ou erradicação.
De maneira mais específica, no que se refere à delinquên-
cia, a interdisciplinaridade atua, primeiramente, de forma a
permitir uma visão do ato infracional muito mais ampla do que
seria possível, rompendo, assim, com preconceitos acerca do
jovem transgressor, refutando e evitando sua estigmatização
na sociedade. Seu “etiquetamento”, segundo conceito trazido
pela Criminologia. Posteriormente, ao tratar mais especifica-
mente da definição de círculos restaurativos, cuja filosofia cer-
ne é difundida de forma mais célere e eficaz por esse movi-
mento, tal como é observado por Raffaella da Porciuncula Pal-
lamolla quando declara que:
Esta concepção, de certa forma, afasta-se das demais,
pois concebe a justiça restaurativa como uma forma de
vida a ser adotada e rejeita qualquer hierarquia entre os
seres humanos (ou entre os outros elementos do meio
ambiente): “para viver um estilo de vida de justiça res-
taurativa, devemos abolir o eu (como é convencionalmen-
NOTAS CONCLUSIVAS
A criminologia destaca-se como uma disciplina, uma ci-
ência, que se aplica na conceituação de infração, delinquência,
crime, posto que o fenômeno da delinquência juvenil reclama
uma visualização estendida do pensamento. A conduta huma-
na é algo de grande complexidade e por isso não pode ser ana-
lisada de forma unilateral, focada por apenas um ângulo. É
preciso reconhecer que cada ação individual possui uma rea-
ção que afeta o todo, razão explicada devido ao fato de estar-
mos todos interligados, componentes que somos de um todo
comum, a sociedade.
Uma vez tratadas as distorções entre os pesquisadores e
a sociedade, traz a Justiça Restaurativa, com o Círculo de
construção de Paz, o meio propício para que os jovens tenham
contato com outras formas de percepção da realidade, de suas
9
PALLAMOLLA, Raffaella da Porciuncula, 1982 - Justiça restaurativa: da
teoria à prática / Raffaella da Porciuncula Pallamolla - 1. ed. - São Paulo :
IBCCRIM, 2009, p. 59.
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justiça terapêutica, instantânea restaurativa. Porto Alegre: Livraria
do Advogado Editora, 2009.
ANITUA, Gabriel Ignacio. Histórias dos pensamentos criminológi-
cos. Tradução de Sérgio Lamarão. Rio de Janeiro: Revan: Instituto
Carioca de Criminologia, 2008.
BRAGA, Ana Gabriela Mendes; BRETAN, Maria Emília Accioli No-
bre. Teoria e Prática da Reintegração Social: o relato de um trabalho
crítico no âmbito da execução penal. In: SHECAIRA, Salomão; DE
SÁ, Alvino Augusto (Orgs.). Criminologia e os problemas da atuali-
dade. São Paulo: Atlas, 2008. LIMA, Cauê Nogueira de. A delinqüên-
cia juvenil sob o enfoque criminológico. In: SHECAIRA, Salomão; DE
SÁ, Alvino Augusto (Orgs.). Criminologia e os problemas da atuali-
dade. São Paulo: Atlas, 2008.
PALLAMOLLA, Raffaella da Porciuncula, 1982 – Justiça restaurati-
va: da teoria à prática / Raffaella da Porciuncula Pallamolla – 1. ed. –
São Paulo : IBCCRIM, 2009.
Resumo
Este artigo foi construído tem por finalidade diminuir ou até mesmo eliminar a vio-
lência do espaço escolar através da justiça restaurativa enquanto abordagem alter-
nativa de solução de conflitos alicerçada no diálogo, na culpa compartilhada, na
reparação de danos e no envolvimento de todos os atores sociais para se busque a
transformação do aluno e, por conseguinte, a promoção da cultura da paz. Pois a
escola em tese deveria ser o espaço onde alunos, professores e coordenação escolar
juntamente com a comunidade teriam por finalidade não apenas a transformação do
aspecto cógnito, mas a transformação do homem enquanto cidadãos responsáveis e
conscientes para com o exercício da cidadania, imbuídos de valores sociais, éticos e
morais em busca de uma sociedade justa e igualitária. Entretanto como a cada dia
violência vem crescendo no espaço educacional, a escola se vê em crise de identida-
de, sendo obrigada a conviver com a cultura do medo do medo e da insegurança
devido aos altos índices de criminalidades.
Palavras-chave: Cultura da Paz. Diálogo. Justiça Restaurativa. Violência.
Abstract
This article was built aims to reduce or even eliminate the violence of the school
through the restorative justice as an alternative approach to conflict resolution
founded on dialogue, shared the blame, the repair of damage and the involvement
of all social actors to seeks to transform the student and therefore, promoting the
culture of peace. For the school in theory should be the place where students,
teachers and school coordination with the community would have intended not only
to transform the appearance Cognito, but the transformation of man as responsible
citizens and conscientious toward citizenship, imbued with social values, ethical and
moral in search of a just and egalitarian society. But as each day has increased vio-
lence in educational space, the school is seen in identity crisis, being forced to live
with the fear of the culture of fear and insecurity due to high rates of criminalities.
Keywords: Culture of Peace. Dialogue. Restorative Justice. Violence.
360
Fernando Oliveira Piedade & Cristiano Cuoso Marconatto
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por finalidade a redução da vio-
lência no ambiente escolar através da justiça restaurativa en-
quanto política preventiva. Pois, na atual conjectura social a
violência vem assumindo dimensões cada vez maiores, tor-
nando-se cada vez mais presente na sociedade.
Entendida como fenômeno social, a violência é caracteri-
zada desde uma agressão seja ela física ou verbal a uma sim-
ples conduta omissiva, manifestando-se de diversas maneiras,
tais como: torturas, discriminação de gênero, de raça e dogmas
religiosos, violência sexual, entre outros.
Diante desse cenário, o ambiente escolar, espaço garan-
tidor do ensino e aprendizagem, da liberdade de aprender, en-
sinar, pesquisar e divulgar a cultura, espaço propício para a
realização da arte, das práticas desportivas e do teatro, mas
principalmente, espaço da transformação social do indivíduo,
sente-se obrigado a conviver com as mais diversas práticas de
violência praticadas pelos atores da comunidade escolar.
Nesse contexto, o artigo em questão pretende oferecer a
sociedade em geral, principalmente a escola que não podemos
perder o respeito entre os homens, deixando de lado o respeito
à liberdade e o apreço à tolerância. Dessa maneira, o objetivo
da escola não deve se resumir meramente em formar cidadãos
aptos para atender ao mercado trabalho, deixando de lado va-
lores calcados em ensinamentos éticos, pois ela é parte inte-
grante do contexto histórico, social, político e econômico.
Nessa linha de raciocínio entender o ambiente escolar
como uma ferramenta propícia para a cultura da paz exigirá
muito mais que normas de comportamentos baseadas em de-
cisões unilaterais e autoritárias tomadas unicamente pela pró-
pria direção escolar, mas meios alternativos de solução de con-
flitos. Dessa forma assim como a sociedade evolui e se trans-
forma a escola também se transforma sendo necessária uma
constante adaptação diante das constantes transformações do
homem e da sociedade.
ENTENDENDO A VIOLÊNCIA
Observa-se atualmente o aumento progressivo da violên-
cia no espaço escolar. Diante dessa realidade, pergunta-se: o
que é violência? Quais os tipos mais comuns de violência pra-
ticadas na escola? Quais os fatores que contribuem para o au-
mento da violência na escola? Que providências devem ser
adotadas?
A violência é um fenômeno social que acontece em todo o
mundo. É possível vê-la, sentir, praticar, sofrê-la, e tam-
bém não percebê-la, pois a sujeição do indivíduo ou a fal-
ta de autonomia do sujeito, o coloca dentro desse quadro
avassalador.1
1
COSTA, Marli Marlene Moraes da; LEAL, Monia Clarissa Hennig. Direi-
tos sociais e políticas públicas. Desafios contemporâneos. Santa Cruz do
Su:. Edunisc, 2012. p. 07
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UFRJ, 1998. p.133
6
CANDAU, Vera Mª; LUCINDA, Mª da Consolação; NASCIMENTO, Mª
das Graças. Escola e violência. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. p. 25
7
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo da construção do texto tivemos como finalidade
oferecer ao ambiente escolar uma abordagem baseada na valo-
rização do diálogo e do respeito entre os atores sociais que
compunha a estrutura escolar.
Dessa forma a utilizamos a justiça restaurativa como polí-
tica preventiva no combate a violência. Para tanto, o trabalho
em questão fundamentou-se em uma metodologia que visa o
restabelecimento da cultura paz na escola através de procedi-
mentos que visam tão somente à diminuição ou até mesmo a
eliminação da violência no ambiente escolar.
Embora tenhamos a consciência de que novas investiga-
ções precisam ser feitas e de que novos métodos precisam ser
utilizados como mecanismo de enfretamento a violência acre-
dita-se na valorização de todos aqueles envolvidos direta e
indiretamente na tessitura escolar. Pois, o engajamento da
comunidade e da sociedade civil são peças fundamentais para
o desenvolvimento das práticas de justiça mais democrática e
igualitária.
O que se propõe neste trabalho acadêmico é uma abor-
dagem diferenciada de implantação da justiça restaurativa a
fim de dirimir a violência na comunidade escolar. Para tanto é
importante que sejam promovidos diversos debates entre os
atores sociais ligados a escola, com participação ativa da soci-
edade civil mobilizada.
Faz-se necessário ressaltar que a justiça restaurativa em-
bora seja um instituto de acesso à justiça presente na esfera
criminal, onde tem como principal finalidade o encontro facili-
tado das partes, o uso do diálogo, a reparação do dano e aten-
ção especial a vítima. Essa abordagem vem tomando dimensão
cada vez maior, sendo utilizada na comunidade e na escola,
apresentando como uma de suas finalidades a diminuição sis-
temática da criminalidade.
Através deste instrumento pretende-se promover a co-
municação entre os indivíduos utilizando a comunicação, as-
sim sendo é importante mencionar que não apenas as pessoas
envolvidas no local da infração penal, mas todos os integrantes
Programa de Pós-graduação em Direito
Curso de Mestrado em Direitos Humanos
376
Fernando Oliveira Piedade & Cristiano Cuoso Marconatto
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Francieli Formentini
Mestre em Desenvolvimento pela Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul. Professora do curso de direito da Universi-
dade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
(francieli.formentini@unijui.edu.br)
Resumo
O presente artigo tem como objetivo estudar a problemática ambiental atual, bem
como analisar o movimento por justiça ambiental, o qual visa permitir que os indiví-
duos discriminados ambientalmente, em face de questões econômicas, de raça ou
qualquer outra razão, possam exercer seus direitos de cidadãos, tendo atendidas
com eficiência suas necessidades socioambientais básicas, as quais se constituem
como um direito fundamental a partir da Constituição Federal de 1988. Nessa pers-
pectiva será abordada a questão do racismo ambiental e as consequências primárias
e secundárias de tal prática, que afeta grupos vulneráveis, destruindo valores e cul-
turas em prol de crescimento econômico, tecnológico e industrial. Ainda, será abor-
dada a questão do racismo ambiental no Brasil e os desafios a serem enfrentados
para a efetivação da justiça ambiental.
Palavras-chave: Conflitos Ecológicos. Justiça Ambiental. Racismo Ambiental. Desafios.
Abstract
This paper has an objective to study the environmental actual problem, as well to
analyze the movement by environmental justice, that aims to permit the people
discriminate against environmental, in face to economic issues, race or whatever
other reasons, could exercise their rights as citizens, being efficient attended their
social environmental basic necessities, which are constituted as a fundamental right
from the Federal Constitution of 1988. In this perspective it will be approached the
questions of environment racism and the primary consequences and the secondary
of that practice, that affects the vulnerable groups, destroying values and cultures in
pro of economic development, technologic and industrial. And on the top of every-
thing, it will be approached the environmental racism issue in Brazil and the chal-
lenges to be faced in effective environment justice.
Keywords: Ecological Conflicts. Environmetal Justice. Environmental Racism. Chal-
lenges.
1
Este texto é fruto da Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento,
intitulada como: Ação Civil Pública e Tutelas de Urgência como alterna-
tiva de combate às injustiças ambientais e como instrumento de prote-
ção ao meio ambiente.
378
Francieli Formentini
INTRODUÇÃO
Inúmeros problemas assolam a sociedade atual, dentre
eles os sociais, referentes à moradia, saneamento básico, edu-
cação, violência e saúde e os envolvendo o meio ambiente, o
qual deixa de ser coadjuvante para se tornar um dos temas
mais discutidos e de maior relevância no cenário atual, como
um problema a ser sanado.
No Brasil, a problemática envolvendo o meio ambiente
ganhou destaque e importância nas últimas décadas em razão
da necessidade do enfrentamento dos desafios atinentes ao
meio ambiente e em decorrência do agravamento dos conflitos
ambientais, da degradação e da insaciável utilização dos re-
cursos naturais, a qual muitas vezes ocorre de forma inade-
quada, irresponsável e predatória.
Como uma reação ao crescimento econômico, Joan Martí-
nez Alier2 assevera que o ambientalismo ou ecologismo se di-
fundiu, existindo atualmente três correntes principais perten-
centes ao movimento ambientalista, sendo elas: o culto ao sil-
vestre, o evangelho da ecoeficiência e o ecologismo dos pobres.
O culto ao silvestre3 tem como objetivo preservar e man-
ter intactos os espaços originais da natureza. Tal corrente está
pautada na adoração e amor aos ambientes naturais e em valo-
res éticos, não tendo como foco direto o crescimento econômico.
O evangelho da ecoeficiência4, segunda corrente do mo-
vimento ambientalista, direciona sua atenção para os riscos à
saúde e impactos ao ambiente, oriundos do desenvolvimento,
2
ALIER, Joan Martínez. O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e
linguagens de valoração. Tradução de Maurício Waldman. São Paulo:
Contexto, 2007.
3
Alier (2007, p. 22) destaca que essa corrente “surge do amor às belas
paisagens e de valores profundos, jamais para os interesses materiais. A
biologia da conservação, que se desenvolve desde 1960, fornece a base
científica que respalda essa primeira corrente ambientalista.”
4
O nome “evangelho da ecoeficiência” foi escolhido, segundo Hays (1959)
em “homenagem à descrição de Samuel Hays a respeito do “Movimento
Progressista pela Conservação” dos Estados Unidos, atuante entre os
anos de 1890 e 1920, enquanto um “evangelho da eficiência” (ALIER,
2007, p. 27).
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
379
A justiça restaurativa como política de prevenção à violência na escola
13
Alier (2007, p. 229) assevera que sob a rubrica de justiça ambiental o
catálogo da biblioteca da Universidade de Yale (1992-2000) relaciona as
obras ligadas “com a igualdade da proteção para todos diante de amea-
ças de cunho ambiental e à saúde, sem discriminar raça, nível de renda,
cultura ou classe.”
14
ACSELRAD, Henri; HERCULADO, Selene; PÁDUA, José Augusto (orgs.)
In: Justiça ambiental e cidadania. Rio de Janeiro: Relume Dumará:
Fundação Ford, 2004, p. 15.
15
“a) asseguram que nenhum grupo social, seja ele étnico, racial ou de
classe, suporte uma parcela desproporcional das conseqüências ambi-
entais negativas de operações econômicas, de decisões políticas e de
programas federais, locais, assim como da ausência ou omissão de tais
políticas; b) asseguram acesso justo e eqüitativo, direto ou indireto, aos
recursos ambientais do país; c) asseguram amplo acesso às informações
relevantes sobre o uso dos recursos ambientais e a destinação de rejei-
tos e localização de fontes de riscos ambientais, bem como processos
democráticos e participativos na definição de políticas, planos, progra-
mas e projetos que lhe dizem respeito; d) favorecem a constituição de
sujeitos coletivos de direitos, movimentos sociais e organizações popu-
lares para serem protagonistas na construção de modelos alternativos
de desenvolvimento, que assegurem a democratização do acesso aos re-
cursos ambientais e a sustentabilidade do seu voto.” (ACSERLRAD,
HERCULANO; PÁDUA, 2004, p. 15).
16
Nesse sentido GOULD (2004, p. 78) afirma que os malefícios ambientais
devem ser conduzidos “para os segmentos superiores do sistema de es-
tratificação, movendo-a dos menos responsáveis pelo dano ecológico em
direção aos mais responsáveis”.
RACISMO AMBIENTAL
A preocupação do constituinte de 1988 com a existência
do direito ao meio ambiente a todos os seres humanos, inclusi-
18
LEITE, José Rubens Morato; AYALA, Patrick de Araújo. Direito ambien-
tal na sociedade de risco. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
19
GOULD, Kenneth A. Classe social, justiça ambiental e conflito político
In: ACSELRAD, Henri; HERCULADO, Selene; PÁDUA, José Augusto
(Orgs.). Justiça ambiental e cidadania. Rio de Janeiro: Relume Dumará:
Fundação Ford, 2004.
20
Art. 225. “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equili-
brado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vi-
da, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
21
PRIEUR, Michel. Droit de l’environnement. 5. ed. Paris: Dalloz, 2004.
22
Nesse sentido, importante mencionar os casos dos grupos de pessoas
que são retirados dos locais em que residiam para que fossem construí-
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
385
A justiça restaurativa como política de prevenção à violência na escola
31
Segundo consta no site do GT de Combate ao Racismo Ambiental
(2010), dentre os grupos ativistas no combate ao racismo ambiental es-
tão os seguintes: Núcleo de Investigações em Justiça Ambiental (Depar-
tamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São João del-
Rei; Associação Nacional de Ação Indigenista; Associação de Aritaguá;
Associação de Moradores de Porto das Caxias (vítimas do derramamen-
to de óleo da ferrovia centro Atlântica – RJ); Central Única das favelas.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
389
A justiça restaurativa como política de prevenção à violência na escola
32
Op. cit. p. 23.
CONCLUSÃO
Não é prática recente o direcionamento desigual de male-
fícios ambientais para determinados grupos vulneráveis, que
em decorrência da baixa situação econômica, bem como de
outros elementos como a questão étnica e a cor tem seus inte-
resses e direitos violados em prol de um crescimento econômi-
co e desenvolvimento tecnológico que privilegia interesses de
poucos indivíduos.
Ademais, o racismo ambiental não é prática isolada de
determinadas comunidades, mas sim se trata de conduta pra-
ticada nos mais diversos ambientes, sendo manifestada de
inúmeras formas, as quais muitas vezes são maculadas por
outros interesses.
É preciso, portanto, atenção e cuidado, para evitar a pro-
pagação dessa conduta que se enquadra como uma forma de
injustiça ambiental. Para isso, diversas ações, no âmbito jurí-
dico, social e político devem ser adotadas, no intuito de pro-
mover e efetivar a justiça ambiental, preservando os interesses
das minorias desprotegidas que, na verdade, não se tratam de
minorias mas de grande parcela da população, no intuito de
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
391
A justiça restaurativa como política de prevenção à violência na escola
REFERÊNCIAS
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PÁDUA, José Augusto (Orgs.). Justiça ambiental e cidadania. Rio
de Janeiro: Relume Dumará: Fundação Ford, 2004.
Resumo
A temática deste trabalho abordará sobre a importância da universalidade dos Direi-
tos Humanos na afirmação da dignidade humana para os povos. Sendo que a expres-
são textual no reconhecimento da cidadania pelos Estados aos indivíduos, foi a partir
do marco evolucionista da Declaração Universal dos Direitos Humanos no qual, con-
solidou um parâmetro internacional para a proteção desses direitos, vez que são
frutos que se sedimentaram na evolução e nas contradições da sociedade. O presen-
te ensaio tem intuito de trazer algumas considerações acerca da influência da Decla-
ração dos Direitos Humanos, partindo do plano internacional para as positivações
dos Estados. Considerando-se para tanto, os disponíveis contributos instrumentais
jurídicos de proteção aos Direitos Humanos – analisando-se o processo de internaci-
onalização desses direitos, em que a finalidade precípua dos direitos humanos é a
proteção efetiva da dignidade da pessoa humana como valor supremo. Assim, ne-
cessário é a busca de um paradigma ético capaz de restaurar a lógica do razoável em
termos de dignidade humana, combinando o discurso da cidadania com o discurso
social, tarefa de vezes complexa e intermitentemente incansável nessa direção;
sendo emblemático o seu reconhecimento e sua consequente positivação, pois se
trata da difícil tarefa da comunhão entre as expressões teóricas e a efetiva concreti-
zação no mundo da vida. Longe de serem conclusivos, estes são alguns elementos
que pretendem servir para motivar a discussão e o intercâmbio no diálogo acerca da
temática da universalidade dos Direitos humanos.
Palavras-chave: Cidadania – Dignidade – Direitos Humanos – Universalidade.
Abstract
The theme of this paper will address the importance of the universality of human
rights in the affirmation of human dignity for the people. Since the textual expres-
sion recognition by States citizenship to individuals, was from evolutionary land-
mark Universal Declaration of Human Rights in which consolidated a parameter for
the international protection of those rights, as they are fruits that are sedimented
in evolution and in contradictions of society. This test is intended to bring some
considerations about the influence of the Declaration of Human Rights, based on
the international level for the United affirmations. Considering both for the inputs
available legal instruments for the protection of Human Rights – analyzing the
394
Francielli Silveira Fortes
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A influência da Declaração dos Direitos Humanos deve
ser entendida, a partir da compreensão da pessoa humana,
enquanto sujeito de direito internacional. Sendo a partir da
criação de novas possibilidades de defesa dos direitos das
pessoas, grupos sociais, ou diante da opressão que é muitas
vezes promovida por grupos que assumem o poder do Estado
para a defesa de seus interesses das mais variadas ordens. Ou
seja, o processo de internacionalização dos direitos humanos
ganha impulso e contornos legais após a Segunda Guerra
Mundial – com acordos que visam resguardar e proteger os
direitos da pessoa humana em resposta às atrocidades come-
tidas – tendo como marco fundamental a Declaração Universal
dos Direitos Humanos de 10 de Dezembro de 1948 – temática
de grande relevância que será abordada a partir de algumas
considerações. A Declaração Universal dos Direitos Humanos
foi proclamada pela Assembléia Geral da ONU, está composta
de trinta artigos com as mais diversas significações e surgiu
como um ideal comum através do qual todos os povos ou na-
ções devem se pautar. Atualmente, a efetivação dos Direitos
humanos é um processo de reconhecimento das novas neces-
sidades e dos novos direitos, pois os Direitos Humanos são
conquistas históricas, mas de urgências atuais e dinâmicas da
sociedade; devendo estar pautados em patamares mínimos
que respeite a dignidade humana e o reconhecimento da cida-
dania.
9
GORCZEVSKI, Clovis. Direitos humanos: dos primórdios da humani-
dade ao Brasil. Porto Alegre: Imprensa Livre, 2005.p.92
10
Segundo o autor, “deve-se reconhecer que a proto-história dos direitos
humanos começa nos séculos XI e X a. C., quando se institui, sob Davi, o
reino unificado de Israel, tendo como capital Jerusalém”, o que é consi-
derado “o embrião daquilo que, muitos séculos depois, passou a ser de-
signado como Estado de Direito, isto é, uma organização política em que
os governantes não criam o direito para justificar o seu poder, mas sub-
metem-se aos princípios e normas editados por uma autoridade superi-
or”. A mesma experiência dos séculos XI e X a. C. foi repetida no século
VI, a. C., com a instituição da democracia grega, onde o povo, pela pri-
meira vez na história, governou-se a si mesmo, através de instituições
de cidadania, bem como na república romana. A democracia Grega de
Clístenes (508, a. C.), posteriormente reforçada por Péricles (451, a. C.),
foi a mais evoluída que se tem notícia na época, lançando mão de meca-
nismos que permitiam a efetiva participação dos cidadãos na vida polí-
tica da polis, sendo que as principais instituições eram o Tribunal dos
Heliastas, o Conselho dos Quinhentos e a Assembléia do Povo. Dentro
de tal sistema todos os cidadãos eram chamados a participar ativamen-
te dos rumos da Cidade-Estado, constituído o sistema grego a principal
noção de democracia que se tem notícia na história da humanidade. Por
sua vez, “na república romana, a limitação do poder políticos foi alcan-
çada, não pela soberania popular ativa, mas graças à instituição de um
complexo sistema de controles recíprocos entre os diferentes órgãos po-
líticos”. Dentre as espécies de regime político reconhecidas pelos gre-
gos – monarquia, aristocracia e democracia – “o gênio inventivo romano
consistiu em combinar esses três regimes numa mesma constituição, de
21
Nesta transposição tiveram papel importante e determinante os teólo-
gos e juristas espanhóis, entre os quais se destacam Francisco de Vitó-
ria e Bartolomeu de Las Casas, os quais, ao defenderem os direitos pes-
soais dos cidadãos habitantes dos novos territórios recém conquistados
pela Coroa espanhola, contribuíram para o reconhecimento da liberdade
e da dignidade de todos os homens. PÉREZ LUÑO, Antonio Enrique. De-
rechos Humanos, Estado de Derecho y Constitución. 9ª Ed. Madrid:
Tecnos, 2005, p. 118.
22
Da mesma forma, a Declaração Francesa de 1789, sendo que essas de-
clarações se incorporam na história do constitucionalismo, servindo de
fundamento para rupturas revolucionárias e fixação de novas ordens po-
líticas, estabelecidas sob os auspícios do liberalismo moderno. Ainda
que a Declaração Americana formalmente tenha semelhança às declara-
ções inglesas, onde buscou inspiração, traz consigo um significado jurí-
dico novo, pois se apresentam como fundamento constitucional de no-
vos Estado que estão se tornando independentes, onde se consagram os
postulados jusnaturalistas de ordem individual e liberal. Ainda, ressalta
o autor que o pensamento jusnaturalista de Suarez Y Gabriel Vazquez
influenciou o racionalismo humanista de Hugo Grócio, incorporando ao
esquema do jusnaturalismo europeu do século XVII, que teve papel de-
cisivo na evolução dos direitos humanos. PÉREZ LUÑO, Antonio Enri-
que. Derechos Humanos, Estado de Derecho y Constitución. 9ª Ed.
Madrid: Tecnos, 2005, p. 118.
23
PÉREZ LUÑO, Antonio Enrique. Derechos Humanos, Estado de Dere-
cho y Constitución. 9ª Ed. Madrid: Tecnos, 2005, p. 121.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
407
A universalidade dos direitos humanos e a dignidade humana
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi a partir da Declaração Universal de Direitos do Ho-
mem de 1948 que começou a ser delineado o chamado Direito
Internacional dos Direitos Humanos – na qual enseja ampla
difusão de instrumentos internacionais de proteção aos DH –
mediante a adoção de importantes tratados de proteção dos
direitos humanos, de alcance global (emanados da ONU) e re-
gional (emanados dos sistemas europeu, interamericano e afri-
cano), nas quais foram inspirados pelos valores e princípios da
Declaração Universal. Todos estes instrumentos internacionais
de proteção aos Direitos Humanos são de inegável importân-
cia, diante deste complexo aparato normativo. Assim, os diver-
sos sistemas de proteção de direitos humanos se apresentam
em benefício dos indivíduos; garantindo (ou devendo garantir)
meta valores na primazia da condição de pessoa humana, en-
quanto valor maior, proporcionando e dando efetividade na
tutela e promoção de direitos fundamentais.
26
PÉREZ LUÑO, Antonio Enrique. Derechos Humanos, Estado de Dere-
cho y Constitución. 9ª Ed. Madrid: Tecnos, 2005, p. 89.
27
Éstos, en efecto, que tienen rosto humano, reclaman una nueva manera
de ser designados; especialmente, en las nuevas circunstancias sociocul-
turales, en las que ha sido reconocida la primacía del valor de la persona
sobre todos los demás. RAMÍREZ, Salvador Vergés. Derechos Humanos:
Fundamentación. Madrid: Tecnos, 1997, p. 78.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
409
A universalidade dos direitos humanos e a dignidade humana
REFERÊNCIAS
ALVES, José Augusto Lindgren. A Arquitetura Internacional dos
Direitos Humanos. São Paulo: FTD, 1997.
Resumo
Ao analisarmos o desenvolvimento social da humanidade e seus direitos fundamen-
tais, conquistados ao longo da história, podemos dizer que os mesmos foram for-
malmente alçados à categoria de Direitos Humanos em 1948 através da Declaração
Universal dos Direitos Humanos. Dentre eles, destacamos o Direito à Privacidade,
objeto de análise no presente estudo. Contudo, a evolução do ser humano é proces-
so infindável, e as formas de sociedade seguem em constante transformação. Nas
últimas duas décadas, os avanços tecnológicos efetivamente alteraram quase que
por completo a vida no planeta. Fenômenos, como a Globalização, acarretaram não
apenas a queda de barreiras comerciais, mas principalmente sociais, interligando
cidadãos a nível mundial. Concomitantemente, vivemos a expansão do acesso à rede
mundial de computadores que, diariamente, abrange uma parcela cada vez maior da
população planetária. Em decorrência desta evolução social, passamos a verificar
novos delitos, os chamados crimes virtuais. Diante disto, a sociedade brasileira per-
cebeu o descompasso existente entre a legislação pátria vigente – defasada e até
mesmo arcaica frente a tais condutas delituosas ainda não tipificadas –, clamando
por providências do Estado no sentido de pôr fim à vulnerabilidade a qual estavam
submetidos os cidadãos. Indubitável o dever do Estado de cumprir com sua finalida-
de de efetiva proteção social, evitando que a sociedade permanecesse suscetível aos
delitos informáticos. Em vigor desde 02 de abril de 2012, a Lei 12.737, chamada
1
Eixo Temático “Fundamentos e Concretização dos Direitos Humanos”.
412
Giancarlo Montagner Copelli & Marcelo Dias Jaques
Abstract
By analyzing the social development of mankind and their fundamental rights, won
through history, we can say that they were formally raised to the category of Human
Rights in 1948 by the Universal Declaration of Human Rights. Among them, the Right
to Privacy, analyzed in the present study. However, the evolution of human beings is
endless process, and follow the ways of society in constant transformation. In the
last two decades, technological advances effectively changed almost completely life
on the planet. Phenomena such as globalization, not only led to the fall of trade
barriers, but mainly social, connecting citizens worldwide. Concomitantly, we live
expanding access to the worldwide network of computers that daily cover a growing
share of the planetary population. As a result of this social evolution, we now check
for new offenses, so-called crimes. Given this, the Brazilian society realized the mis-
match between existing legislation homeland - outdated and archaic even in the face
of such criminal conduct have not typed - calling for state action to bring an end to
the vulnerability to which they were subjected citizens. Undoubtedly the duty of the
State to fulfill its purpose of effective social protection, preventing the company
remained susceptible to computer crimes. In force since April 2, 2012, Law 12.737,
informally called “Carolina Dieckmann Law”, has emerged as a pioneer in the virtual
definition of crimes, yet there is much discussion as to its real effectiveness. The
analysis of this study will address the mildness of the law from the perspective of
Leviathan, by Thomas Hobbes, for which the punishment carries angular function:
deterring conduct contrary to the law.
Keywords: Right. State. Internet. Punishment. Vulnerability.
INTRODUÇÃO
A privacidade é um dos direitos fundamentais dos seres
humanos e integra a Declaração Universal dos Direitos Huma-
nos. No Brasil, o reflexo deste princípio filosófico liberal, que
passa a enxergar o indivíduo, é positivado tanto na Constitui-
ção Federal quanto no Código Civil.
Com o advento da Lei 12.737 de 30 de novembro de 2012,
informalmente chamada de Lei Carolina Dieckmann, que cri-
minaliza a invasão de dispositivos eletrônicos conectados ou
não à internet, o Brasil conta com mais um instrumento que
visa garantir esse direito.
2
Apud OLIVEIRA, Fernando Antônio Sodré. O Direito de Punir em Tho-
mas Hobbes. Ijuí: Unijuí. 2012, p.154.
3
Artigo XII. Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na
sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques a sua
honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais
interferências ou ataques. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS
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bleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Disponível
na Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da Universidade de São Pau-
lo: www.direitoshumanos.usp.br
4
BRASIL, Constituição Federal de 1988.
Art. 5º [...]
[...]
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeniza-
ção pelo dano material ou moral decorrente de sua viola-
ção;
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o
juiz, a requerimento do interessado, adotará as providên-
cias necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrá-
rio a esta norma.
5
BRASIL, Código Civil de 2002.
6
LEONARDI, Marcel. Tutela e privacidade na internet. São Paulo: Sarai-
va, 2012, p. 47.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
415
O direito fundamental à privacidade na internet sob a tutela do Estado
7
BRASIL, Lei 12.797 de 30 de novembro de 2012..
8
A Lei 12.797/2012, sancionada no final do ano de 2012 ficou nacional-
mente conhecida como Lei Carolina Dieckmann, após a polêmica envol-
vendo fotos íntimas da atriz que foram divulgadas na internet em maio
de 2012
9
SOLOVE, Daniel Justin apud LEONARDI, Marcel. Tutela e privacidade
na internet. São Paulo: Saraiva, 2012.
10
O termo hacker pode ser definido como um indivíduo que se dedica, com
intensidade incomum, a conhecer e modificar os aspectos mais internos
de dispositivos, programas e redes de computadores. Graças a esses
conhecimentos, um hacker frequentemente consegue obter soluções e
efeitos que extrapolam os limites do funcionamento normal dos sistemas
como previstos pelos seus criadores; incluindo, por exemplo, contornar
as barreiras que supostamente deveriam impedir o controle de certos
sistemas e acesso a certos dados.
11
BRASIL, Código Penal de 1940.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
417
O direito fundamental à privacidade na internet sob a tutela do Estado
12
O International Data Group (IDG) é uma das principais empresas mundi-
ais de mídia no segmento de publicações, eventos e pesquisas sobre TI
e Internet. No Brasil, o IDG foi fundado em 1976 e em 2007 suas marcas
passaram a ser representadas no País exclusivamente pela empresa
Now Digital Business. Atualmente, o Now!Digital Business contabiliza
mais de 14 milhões de leitores únicos ao ano, editando as revistas Com-
puterworld e CIO e seus respectivos websites; o site de notícias ID-
GNow! e as versões online da PC World e da MacWorld.
13
IDGNOW (2013), Lei Carolina Dieckmann não irá intimidar cibercrimi-
nosos, diz expert. Página consultada em 09/04/2013. <http://idgnow.
uol.com.br/internet/2013/04/03/lei-carolina-dieckmann-nao-ira-
intimidar-cibercriminosos-diz-expert/
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
421
O direito fundamental à privacidade na internet sob a tutela do Estado
14
TERRA (2013), Punições da Lei Carolina Dieckmann poderiam ser
maiores, diz especialista. Página acessada em 09/04/2013. <http:
//tecnologia.terra.com.br/internet/punicoes-da-lei-carolina-dieckmann-
poderiam-ser-maiores-diz-especialista,28c08d2fb41dd310VgnVCM500
0009ccceb0aRCRD.html>
15
BRASIL, Decreto-Lei 3.688, de 3 de outubro de 1941.
CONCLUSÃO
O professor Machado Pauperio18, em sua Introdução à ci-
ência do Direito, destaca que as normas, positivadas como re-
gras de comportamento, devem estabelecer sanções capazes
de garantir a observação das mesmas. Estas, portanto, não
devem ser entendidas como uma espécie de vingança, como se
concluirá adiante, mas como um mecanismo que garanta o
cumprimento de determinada norma, recaindo indistintamente
a todos.
16
UOL Notícias, 'Lei Carolina Dieckmann' sobre crimes na internet entra
em vigor nesta terça. Página acessada em 09/04/2013. <http:
//tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/04/02/lei-carolina-dieck
mann-sobre-crimes-na-internet-entra-em-vigor.htm>
17
IstoÉ Independente (2013), Lei Carolina Dieckmann: apenas o primeiro
passo. Página acessada em 09/04/2013.<http://www.istoe.com.br/
reportagens/288575_LEI+CAROLINA+DIECKMANN+APENAS+O+
PRIMEIRO+PASSO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage>
18
PAUPERIO, A. Machado. Introdução à ciência do Direito. 3.ed. São Pau-
lo: Forense, 1974, p. 83.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
423
O direito fundamental à privacidade na internet sob a tutela do Estado
19
G1. Número de ataques na internet brasileira dispara no 2º trimestre.
Página acessada em: 10/04/2013. http://g1.globo.com/tecnologia/noticia
/2011/07/numero-de-ataques-na-internet-brasileira-dispara-no-2o-
tri.html
20
G1.Tira dúvidas de tecnologia: como denunciar fotos postadas e perfis
falsos. Página acessada em 10/04/2013. http://g1.globo.com/platb/tira-
duvidas-de-tecnologia/2013/03/25/como-denunciar-fotos-postadas-e-
perfis-falsos/
21
Para Thomas Hobbes, a lei deve impedir que qualquer indivíduo, por
interesse individual, resolva modificar unilateralmente as estruturas
pactuadas.
22
DIEHL, Frederico. É melhor viver sem a tutela de um Estado de Segu-
rança? Revista Filosofia: Ciência & Vida, n. 36, 2009. p. 34.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
425
O direito fundamental à privacidade na internet sob a tutela do Estado
25
Aristóteles parte da ideia de que o homem é naturalmente sociável,
sendo a vida na polis a busca por uma vida boa e virtuosa. Além de ser
natural, a polis representava a capacidade de diferenciar o bem do mal,
o justo do injusto. Já Hobbes parte da ideia de que o ser humano não
tem as características de que a tradição filosófica grega atribuía-lhe, de
modo que este vive em sociedade apenas por sua essência utilitarista e
autointeressada. O convívio social não é, portanto, natural, mas uma
forma para atingir seus fins de interesse próprio.
26
OLIVEIRA, Fernando Antônio Sodré. O Direito de Punir em Thomas
Hobbes. 2012, p.153-155.
27
WERMUTH, Maiquel Ângelo Dezordi. O Brasil e a criminalização da po-
breza. In: BEDIN, Gilmar Antonio (Org.). Cidadania, Direitos Humanos e
Equidade. Ijuí: Unijuí, 2012. p. 236.
28
MADERS, Angelita Maria. O acesso à Justiça e a proteção dos Direitos
Humanos no Brasil. In: BEDIN, Gilmar Antonio (Org.). Cidadania, Direi-
tos Humanos e Equidade. Ijuí: Unijuí, 2012., p. 223.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
427
O direito fundamental à privacidade na internet sob a tutela do Estado
REFERÊNCIAS
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BRASIL, Código Penal de 1940.
BRASIL, Constituição Federal de 1988.
BRASIL, Decreto-Lei 3.688, de 3 de outubro de 1941.
BRASIL, Lei 12.797 de 30 de novembro de 2012.
DIEHL, Frederico. É melhor viver sem a tutela de um Estado de Se-
gurança? Revista Filosofia: Ciência & Vida, n. 36, 2009.
HOBBES, Thomas. Do cidadão. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
IDGNOW (2013), Lei Carolina Dieckmann não irá intimidar ci-
bercriminosos, diz expert. Disponível em: http://idgnow.uol.com.
br/internet/2013/04/03/lei-carolina-dieckmann-nao-ira-intimidar-
cibercriminosos-diz-expert/> data de acesso 09/04/2013
IstoÉ Independente (2013), Lei Carolina Dieckmann: apenas o pri-
meiro passo. Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/
288575_LEI+CAROLINA+DIECKMANN+APENAS+O+PRIMEIRO+
PASSO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage. Data de
acesso 09/04/2013.
LEONARDI, Marcel. Tutela e privacidade na internet. São Paulo:
Saraiva, 2012.
Resumo
As Crianças e os adolescentes passam por um processo complexo no decorrer do
tempo e espaço. Os conceitos de imagens dos mesmos passam a ser alterados con-
forme os aspectos históricos, culturais, econômicos, políticos, religioso e social na
sociedade. A influência dos meios de comunicações sociais, o modo de pensar, agir e
ver das crianças e dos adolescentes, bem como dos próprios adultos em relação aos
mesmos, são atravessado por ideologias e interesses dominantes que cada vez mais
determina a constituição da construção e descontração de novos sujeitos. Novos
paradigmas são construídos há todos os instantes na sociedade, direitos são incluí-
dos no rol das normas jurídicas, legislações de proteção, segurança e assistência às
crianças e aos adolescentes são instituídos na sociedade. Portanto, a inclusão social
e a garantia dos direitos humanos aos menores, são ações que ocorrem permanen-
temente na garantia de vida digna e no desenvolvimento humano.
Palavras-chave: Criança e adolescente; sociedade; meios de comunicações sociais.
Abstract
Children and teenagers go through a complex process in the course of time and
space, the images of the same concepts, they become changed as the historical,
cultural, economic, political, religious and social society. The influence of the means
of social communications, how to think, act and see children and teenagers as well
as adults themselves in relation to them, are crossed by dominant ideologies and
interests that increasingly determines the constitution of construction and relaxation
of new subjects. New paradigms are constructed every moment in society, rights are
included in the list of legal norms, laws for protection, security and assistance to
children and adolescents are instituted in society. Therefore, social inclusion and
human rights guarantees to minors, are actions that occur permanently in ensuring
dignified life and human development.
Keywords: Child and adolescent; society, means of social communications.
1
Trabalho solicitado pelo professor Dr. Ivo dos Santos Canabarro na dis-
ciplina de História, memória e direitos Humanos, no curso de Mestrado
em Direitos Humanos da UNIJUÌ.
430
Gilberto Natal Maas
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As formas de olhar, de construir conceitos de imagens de
crianças e dos adolescentes em um determinado espaço e
tempo vêm sofrendo alterações culturais, históricas econômi-
cas sociais e religiosas, tanto pelos próprios adolescentes, bem
como a imagem construída pelos adultos e pela sociedade.
Neste sentido, o passado serve para refletir no presente e pre-
parar uma nova etapa no futuro da sociedade com um novo
conceito, novo olhar e novo paradigma em relação a construção
e uma nova imagem de crianças e adolescentes, bem como
desconstruir conceitos que até então estão postos na sociedade.
No que ser refere ao objetivo deste texto é fazer uma aná-
lise e buscar compreender a construção e desconstrução da
identidade dos sujeitos crianças e adolescentes em diferentes
períodos da história. Qual a imagem que a sociedade tem da
criança e do adolescente?
Diante de uma realidade construída por um longo período
da história, onde as crianças e adolescentes eram sujeitos de
deveres e ao passar dos tempos esses sujeitos constitui-se ci-
dadãos de direitos fez com que a sociedade obrigasse a se re-
lacionar diferente, abandonando velhas práticas que não mais
eram concebidas nas relações sociais na sociedade com as cri-
anças e os adolescentes.
Em um primeiro momento trabalharei as “crianças e ado-
lescentes na sociedade”, buscando contextualizar baseado em
autores que trabalham com esse tema, pois, a imagem de cri-
anças e dos adolescentes como sujeitos de direitos é muito
recente na história da humanidade bem como a origem desses
conceitos. Segundo o dicionário Aurélio criança é um ser hu-
mano de pouca idade, enquanto adolescente é a idade da vida
compreendida entre a puberdade e idade adulta.
Por fim trabalharei, o sub tema “crianças e adolescentes e
o meios de comunicação sociais”, sendo que o papel dos meios
de comunicação tem uma importância fundamental na forma-
ção da imagem e uma grande capacidade de romper velhos e
impor novos paradigmas na sociedade, a cultura, a história, os
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A construção e desconstrução da imagem do sujeito cri-
ança e adolescente, no decorrer da história, os quais foram tra-
tados de forma não digna, perpassando por gerações e cultu-
ras diferentes, umas mais violentas e outras nem tanto, mas
que toda a sociedade age de maneira inadequada em relação
aos direitos, necessidade, segurança e respeito humano. A
agressão, a violência física e psicológica marca presença nas
relações sócio afetiva neste núcleo social.
Apesar dos direitos humanos estarem atuando de forma
efetiva, em certos casos não consegue ultrapassar a cultura de
determinados povos que usam certas práticas que não condi-
zem ao respeito, à dignidade e a vida das crianças e dos ado-
lescentes.
Na atualidade, as crianças e os adolescentes são indiví-
duos, sujeitos de direitos universais, sendo respeitados na di-
versidade, sociais, econômica, sexual, étnica e religiosa, sendo
que o estado possui um aparato de normas jurídicas internas
para que ocorra a proteção desses direitos, como também exis-
tem uma legislação internacional e órgãos que dão apoio e
sustentabilidade a esse processo que deve ser contínuo e vigi-
lantemente acompanhado para que não caia no esquecimento
e possa ocorrer um retrocesso.
Por fim, as crianças e os adolescentes na contemporanei-
dade são influenciados pelas ações das famílias, da sociedade
e dos meios de comunicações sociais, sendo que o processo
histórico, social, econômico e cultural interfere nessas influen-
cias bem como as políticas ideológicas do capitalismo que de-
termina as mudanças de novos paradigmas, (Re)construindo
novos imagens de sujeitos.
REFERÊNCIAS
ABRAMO, Helena Wendel.e BRANCO, Pedro Paulo Martoni. Retra-
tos da Juventude Brasileira: Analise de uma Pesquisa Nacional.
2.ed. São Paulo. Editora fundação Persu Abramo. 2011.
ARIÉS, Philippe. Trad. Dora Flaksman. História social da criança e
da família 2. ed. Rio de Janeiro. Livraria LTC. 1981.
OSÓRIO, Luis Carlos (org). Medicina do Adolescente. Porto Alegre.
Editoras Artes Médicas 1982.
Canclini, Nestor Garcia. Trad. Mauricio Santana Dias. Consumidores
e Cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. 5ª Ed. RJ. Edito-
ra UFRJ. 2005.
Resumo
O presente estudo trata da contribuição das Universidades na promoção do Direito
Humano à Alimentação Adequada. Objetivou-se, no âmbito desta discussão, fazer
uma análise reflexiva do papel das Universidades na promoção deste direito. O estu-
do foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica em livros, documentos, artigos e
revistas. Os resultados mostram que, sendo a educação estratégia central para o
desenvolvimento dos povos, a segurança alimentar e nutricional/o direito humano à
alimentação adequada e a busca da construção de um sistema alimentar soberano e
sustentável poderão integrar as atividades fins das instituições de ensino e, também,
da educação informal. Na Universidade, a segurança alimentar e nutricional/o direito
humano à alimentação adequada, poderá ser trabalhada de forma regular e de mo-
do contextualizado, em atividades de pesquisa, atividades teórico-práticas, temas
transversais, disciplinas e ou tema geradores. Importante que as intervenções per-
passem as atividades de ensino, pesquisa e extensão, num processo de interlocução
e complementaridade com as diferentes áreas do saber e fazer pedagógicos.
Palavras-chave: Direito Humano à Alimentação Adequada, Rede, Segurança Alimen-
tar e Nutricional, Soberania Alimentar, Universidades.
Abstract
This study addresses the contribution of universities in promoting the Human Right
to Adequate Food. The objective of the scope of this discussion, makes a reflective
analysis of the role of universities in promoting this right. The study was conducted
from literature in books, documents, papers and magazines. The results show that,
with education being a central strategy for the development of people, food security
and nutrition/human right to adequate food and the pursuit of building a sustainable
food system and sovereign purposes can integrate the activities of educational insti-
tutions and also, informal education. At the University, food security and nutrition /
human right to adequate food, can be worked on a regular and contextualized way
in research, theoretical and practical activities, cross-cutting themes, subjects and or
theme generators. Important interventions that pervade the activities of teaching,
research and extension studies in a process of dialogue and complementarities with
the different areas of knowledge and teaching practice.
Keywords: Human Right to Adequate Food, Network, Food Security, Food Sovereign-
ty, Universities.
442
Ivete Maria Kreutz
INTRODUÇÃO
Na sociedade contemporânea, o dinamismo das ciências
se encontra em todos os setores da vida humana. Nesse con-
texto, esforços institucionais das Universidades nas suas ati-
vidades-fins, qualificando programas de ensino, pesquisa e
extensão de forma homogênea, se tornam emergentes.
Os investimentos em programas de ensino são fundamen-
tais, pois
[...] a educação se transforma, de transmissão de saberes
acabados, em inserção no movimento pelo qual as ciên-
cias se transformam de contínuo e logo se inserem no
mundo da vida (MARQUES, 2001, p. 25).
MÉTODO
O estudo foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica
em livros, documentos, artigos e revistas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em muitas Universidades, o tirocínio acadêmico tende a
ser apenas teórico afastado da capacidade reconstrutiva. O
desafio da educação na sociedade contemporânea é a produ-
ção de conhecimento próprio com qualidade formal e política,
capaz de postá-la na vanguarda do desenvolvimento. A essên-
cia acadêmica deverá ser constituída pela pesquisa.
Sobre a pesquisa como princípio norteador e constitutivo
da ação universitária, Demo (2002) compreende que:
Ensinar continua função importante da universidade,
mas não se pode mais tomar como ação auto-suficiente.
Quem pesquisa, tem que ensinar; deve pois, ensinar,
porque “ensina” a produzir, não a copiar. Quem não pes-
quisa, nada tem a ensinar, pois apenas ensina a copiar
(p. 128).
CONCLUSÃO
Os projetos das Universidades poderão estar em sintonia
com as demandas sociais, possibilitando que o conhecimento
produzido pela academia possa ser compartilhado e submetido
à crítica, por meio de debate qualificado. Somente assim, a
Universidade estará tecendo profissionais com capacidade de
inserção social: conscientes, críticos, reconstrutivos, humani-
zadores, cidadãos, com intervenção inovadora e ética na soci-
edade como um todo.
As atividades de ensino, pesquisa e extensão que com-
põem o todo da Universidade poderão ser planejadas, imple-
mentadas e avaliadas de forma sistêmica, homogênea, com
todas as complexidades que lhe são inerentes, inclusive medi-
ante avaliações externas.
As desigualdades sociais e regionais, no Brasil, são imen-
sas, torna-se imprescindível, portanto, um modelo de atenção
às políticas públicas de Segurança Alimentar e Nutricional,
REFERÊNCIAS
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Modernidade, Pós-Modernidade e Educa-
ção. In: DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. 12. ed. Pe-
trópolis: Vozes, 2002.
DEMO, Pedro. Educar pela Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Autores As-
sociados, 1998.
FAVERO, M.D. A Universidade em questão. São Paulo: Cortez, 1989.
FRANTZ, Valter. Estamos deixando de ser diferentes. In: Revista
Informação – Sinpro Noroeste. Nº71. Ijui. Abril, 2006. p.7
FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a crise do capitalismo real. São
Paulo: Cortez, 1996.
GURGEL, R.M. Extensão Universitária – comunicação ou domesti-
cação. São Paulo: Cortez, 1986.
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada / Secretaria de
Estado dos Direitos Humanos / Ministério das Relações Exteriores -
Resumo
O presente estudo trata do Direito Humano à Alimentação Adequada, com Seguran-
ça e Soberania Alimentar. Objetivou-se, no âmbito desta discussão, fazer uma análi-
se histórica e levantamento das interfaces entre o Direito Humano à Alimentação
Adequada, a Segurança e a Soberania Alimentar. O estudo foi realizado a partir de
pesquisa bibliográfica em livros, documentos, artigos e revistas. Os resultados mos-
tram que, nacional e internacionalmente tivemos muitos avanços na conquista deste
direito. No entanto, necessitamos de uma rede de conexões de entidades governa-
mentais, não-governamentais e sociedade civil com relações de interdependência e
intercomplementaridade e com vontade política de implementar Políticas Públicas
de Segurança Alimentar e Nutricional que sejam soberanas, inclusivas, democráticas,
educativas e ecologicamente sustentáveis.
Palavras-chave: Direito Humano à Alimentação Adequada, Segurança Alimentar e
Nutricional, Soberania Alimentar, Rede.
Abstract
This study addresses the Human Right to Adequate Food, Food Sovereignty and with
Security. The objective of the scope of this discussion, is to do a survey and historical
analysis of interfaces between the Human Right to Adequate Food, Security and
Food Sovereignty. The study was conducted from literature in books, documents,
papers and magazines. The results show that the international and national
standards recognize the right of everyone to adequate food as a prerequisite for the
realization of other human rights. However, despite the advances and the existence
of a set of standards in innovative Brazilian legal system, which turns out, in fact, is
the failure of these advancements to ensure the practical realization of the Human
Right to Adequate Food. We need a network of connections to government
agencies, non-governmental and civil society relations and interdependence
intercomplementarity and political to implement public policies on food and
nutrition security to be sovereign, inclusive, democratic, educational and ecologically
sustainable.
Keywords: Human Right to Adequate Food, Food Security, Food Sovereignty
Network.
456
Ivete Maria Kreutz
INTRODUÇÃO
Na sociedade contemporânea, dada à complementarida-
de das ciências, diversos desafios se apresentam no contexto
das políticas públicas de Segurança Alimentar e Nutricional/O
Direito Humano à Alimentação Adequada com Soberania Ali-
mentar. Atualmente, mais da metade da população mundial
sofre de algum tipo de problema de nutrição, seja por deficiên-
cia, seja por excesso.
De acordo com dados do Wolfensohn (2002), 1,3 bilhões
de habitantes do planeta recebem uma renda menor do que
um dólar por dia, encontrando-se, por conseguinte, em situa-
ção de pobreza aguda. Dois quintos da população mundial não
dispõem de serviços sanitários adequados e de eletricidade.
(KLIKSBERG, 2002).
Nesse contexto mundial, encontram-se tendências clara-
mente opostas. De um lado, progressos potencialmente impor-
tantes em certas direções, como o desenvolvimento explosivo
das comunicações e, ao mesmo tempo, dificuldades de fundo
em continentes inteiros, como na América Latina, na África e
em grandes regiões da Ásia; sérios problemas na transição das
economias da Europa Oriental rumo a novos modelos econômi-
cos; crescimentos econômicos limitados ou recessão, no mun-
do desenvolvido. E tudo isso num contexto de iniqüidade em
termos econômicos e políticos.
Nesse cenário, torna-se fundamental a busca pela formu-
lação e implementação de políticas públicas inclusivas e de-
mocráticas, com o Estado voltado ao desenvolvimento social.
Conforme o Sistema Internacional de Direitos Humanos, origi-
nalmente previstos pelas Nações Unidas (Comentário Geral
Nº12), o papel do Estado na questão das políticas sociais é o
de Respeitar, Proteger, Promover e Prover. Somente assim, o
Estado estará voltado ao desenvolvimento integral e sustentá-
vel do seu território e de sua população.
Este texto reflete sobre o Direito Humano à Alimentação
Adequada, com Segurança e Soberania Alimentar, visando à
promoção de políticas públicas de Segurança Alimentar e Nu-
MÉTODO
O estudo foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica
em livros, documentos, artigos e revistas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Direito Humano à Alimentação Adequada se constitui
em um dos pilares mais importantes da Segurança Alimentar e
Nutricional, aliado à Soberania Alimentar.
SOBERANIA ALIMENTAR
A noção de Soberania Alimentar surge como uma respos-
ta dos movimentos sociais à perda da capacidade dos gover-
nos nacionais de elaborar e promover um conjunto de políticas
públicas capazes de garantirem a Segurança Alimentar e Nu-
tricional de suas populações, no contexto da progressiva inter-
nacionalização da economia imposta pelo processo de globali-
zação (MENEZES, 2001).
1
Movimento internacional que coordena organizações camponesas de
pequenos e médios agricultores, trabalhadores agrícolas, mulheres ru-
rais e comunidades indígenas e negras na Ásia, África, América e Europa.
CONCLUSÃO
No Brasil, ao mesmo tempo em que se avança no arca-
bouço legal da Segurança Alimentar e Nutricional/O Direito
Humano à Alimentação Adequada é preciso continuar avan-
çando no fortalecimento das organizações e movimentos sociais,
que são instrumentos de mobilização e pressão política rele-
vante pela realização e efetivação do Direito Humano à Ali-
mentação Adequada, sem os quais esta efetivação tende a se
tornar lenta e burocrática, sem força de efetividade universal.
Vencer a insegurança alimentar e nutricional implica atin-
gir no cerne suas causas geradoras, que são as mesmas que fa-
zem com que o sistema alimentar brasileiro permaneça insus-
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
469
Direito humano à alimentação adequada...
REFERÊNCIAS
ASSEMBLÉIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal
dos Direitos Humanos, 1948. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br>.
Acesso em: 02 mar. 2012.
ASSEMBLÉIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. Pacto Internacional
sobre Direitos Humanos, Econômicos, Sociais e Culturais, 1966.
Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br>. Acesso em:
02 mar. 2012.
BRASIL. Casa Civil. Lei 11.346, de 15 de setembro de 2006. Lei Or-
gânica de Segurança Alimentar e Nutricional. Diário Oficial da Re-
pública Federativa do Brasil, Brasília, DF, 19 set. 2006.
BRASIL. Alimentação: Um Direito Constitucional. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 04 fev. 2010.
BRASIL. Casa Civil. Lei 10.835, de 08 de janeiro de 2004. Lei da
Renda de Cidadania, Brasília, DF, 08 jan. 2004.
BRUM, Argemiro Jacob. Modernização da agricultura – trigo e soja.
Petrópolis: Vozes, 1988.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
471
Direito humano à alimentação adequada...
Resumo
Este artigo tem como pretensão propor uma reflexão acerca do século XXI e o fenô-
meno da globalização na sociedade contemporânea, tendo como escopo as políticas
públicas e a necessidade do Estado em promover a inclusão social. Neste contexto,
então, alude-se ao fato de que os processos de industrialização e urbanização há
décadas vêm distanciando diversos países em termos de desenvolvimento e, dessa
maneira, o crescimento de países emergentes – como é o caso brasileiro –, especi-
almente em termos de produção, de emprego e de sustentabilidade. Para reverter
474
Janaína Machado Sturza & Taise Rabelo Dutra Trentin
Abstract
This article has the intention to propose a reflection on the twenty-first century and
the globalization phenomenon in contemporary society, with the scope of the public
policy of the State and the need to promote social inclusion. In this context, then,
alludes to the fact that the processes of industrialization and urbanization for dec-
ades come away various countries in terms of development and, thus, the growth of
emerging countries - such as Brazil - especially in terms of production, employment
and sustainability. To reverse this situation, it is necessary to expand inclusive prac-
tices through the creation and implementation of public policies for social inclusion,
which require the mobilization of civil society and government. Thus, we have that
public policies for social inclusion are characterized by the ability to increase operat-
ing income in the share of poor population and also to propitiate access to public
goods and services that must be offered to the public by Governments. Soon, reflec-
tions and understanding about the need for such policies, especially those that pro-
mote social inclusion should figure prominently on the agenda of priorities of the
state.
Keywords: State, Globalization, public policy, social inclusion.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O início do século XXI trouxe consigo o desafio de repen-
sar as políticas de inclusão social, para que as mesmas se coa-
dunem com a realidade de um mundo globalizado, não apenas
economicamente, mas, também, no âmbito social. Esse novo
desafio representa, para o Estado, a adoção de uma nova pos-
tura frente aos problemas e as situações que surgem nesse
novo contexto, especialmente em relação à globalização e seus
reflexos nos Estados nacionais. A análise do fenômeno da glo-
balização apenas sob o prisma econômico é uma abordagem
demasiadamente simplista.
É certo dizer que é no campo econômico que surgem as
manifestações mais perceptíveis da globalização, mas a ques-
tão pode ser percebida e estudada em outras esferas da socie-
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
475
O século XXI e o desafio de repensar as políticas públicas
1
MARTINS, Ives Gandra da Silva. O Estado do Futuro. In: ______ (Coord.).
O Estado do Futuro. São Paulo: Editora Pioneira, 1998, p. 24: “A globali-
zação da Economia, que favorece os Estados mais desenvolvidos e com
maior tecnologia e capitais a dominar o mercado mundial, a tecnologia
substitutiva do homem pela máquina, o desemprego estrutural, além do
conjuntural tópico, a conscientização da sociedade quanto aos seus di-
reitos, com pequena percepção de seus deveres, a multiplicação das mi-
norias que desejam impor seu estilo de vida, o narcotráfico, com seu po-
der destrutivo dos valores da sociedade, a falência do Estado e a obso-
lescência do Direito, a corrupção endêmica entre políticos e burocratas,
a falta de estadistas universais, os conflitos regionais e os de caráter re-
ligioso, a ruptura do direito dos grupos, como os sem-terra no Brasil, a
perda de valores por parte da sociedade e a falta de esperança de uma
solução a curto prazo, a longevidade sem horizontes e o fracasso do Es-
tado Previdência, com seu potencial desconsertador, desequilibrador
dos orçamentos fiscais de todos os países, os desequilíbrios ambientais
e muitos outros fatores, estão a exigir um repensar do modelo do Estado
futuro para a sobrevivência da humanidade no século XXI.
2
SILVA, Ademir. A política social e a política econômica. Revista Serviço
Social e Sociedade, São Paulo, n. 53, 1997, p. 190.
3
Ibid, p. 189.
4
CUNHA; CUNHA, op. cit., p. 11-12.
5
Ibid., p. 12-13.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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477
O século XXI e o desafio de repensar as políticas públicas
6
CAMPOS, Roberto. A prepotência do Estado. In: MARTINS, Ives Gandra
da Silva (Coord.). O Estado do Futuro. São Paulo: Pioneira, 1998, p. 117.
7
OLIVEIRA, Maria Coleta; PINTO, Luzia Guedes. Exclusão Social e De-
mografia: elemento para uma agenda. In: OLIVEIRA, Maria Coleta
(Org.). Demografia da Exclusão Social. Campinas: UNICAMP, 2001, p.
17.
8
VALLÈS, Josep M. Las políticas públicas. In: Ciencia política: una intro-
ducción. Barcelona: Ariel, 2002, p. 377.
9
Ibid., p. 377.
10
CUNHA; CUNHA, op. cit., p. 15.
11
MARTINS, op. cit., p. 26-28.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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479
O século XXI e o desafio de repensar as políticas públicas
12
BASTOS, Celso Ribeiro. Estado do Futuro. In: MARTINS, Ives Gandra da
Silva (Coord.). O Estado do Futuro. São Paulo: Pioneira, 1998, p. 172-173.
13
RESTA, Eligio. O direito fraterno. Tradução de Sandra Regina Martini
Vial (Coord.). Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004, p. 82.
14
Ibid., p. 82.
15
FERRAJOLI, Luigi. Pasado y futuro Del Estado de Derecho. Tradução de
Pilar Allegue. In: CARBONELL, Miguel (Org.). Neoconstitucionalis-
mo(s). Madrid: Trotta, 2003, p. 27.
16
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Consti-
tuição. 4. ed. Coimbra: Almeida, 2000, p. 1317.
17
Ibid., p. 1317-1318.
18
FREY, Klaus. Políticas Públicas: um debate conceitual e reflexões da
análise de políticas públicas no Brasil. In: Planejamento e Políticas Pú-
blicas, Brasília, n.21, p. 226-249, passim, jun. 2000. Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/pub/ppp/ppp21/Partes5.pdf>. Acesso em 25
jan. 2006.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
481
O século XXI e o desafio de repensar as políticas públicas
19
BACCELAR, Tânia. As políticas públicas no Brasil: heranças, tendências
e desafios. In: SANTOS JR., Orlando A. et. al. (Org.). Políticas públicas e
gestão local. Rio de Janeiro: Fase, 2003, p. 23.
20
DAGNINO, Renato. et. al. Gestão estratégica de inovação: metodologias
para análise e implementação. Taubaté: Cabral Editora e Livraria Uni-
versitária, 2002, p. 115.
21
Ibid., p. 121.
25
AMIRANTE, Carlo. Uniões supranacionais e reorganização constituci-
onal do Estado. Tradução de Luisa Rabolini. São Leopoldo: Editora Uni-
sinos, 2003, p. 12.
26
Ibid., p. 12-13.
27
Ibid., p. 13: Amirante define a governança como “[...] um instrumental
que se aplica ao exercício do poder numa variedade de contextos insti-
tucionais, cuja finalidade é dirigir, controlar e regular atividades no inte-
resse de pessoas como os cidadãos, os eleitores e os trabalhadores. Es-
sa nova tipologia social é empregada [...] para identificar o governo da
sociedade complexa. [...].
28
CZEMPIEL, Ernst-Otto. Governança e Democratização. In: ROSENAU,
James; CZEMPIEL, Ernst-Otto. Governança sem Governo: ordem e
transformação na política mundial. Brasília: UNB, 2000, p. 335.
29
ROSENAU, James. Governança, ordem e transformação na política mun-
dial. In: ROSENAU, James; CZEMPIEL, Ernst-Otto. Governança sem
Governo: ordem e transformação na política mundial. Brasília: UNB,
2000, p. 15-16.
30
DOWBOR, Ladislau. Da globalização ao poder local: a nova hierarquia
dos espaços. São Paulo: 1995.
31
BORJA, Jordi; CASTELLS, Manuel. Local e global – a gestão das cida-
des na era da informação. Madrid: Santillana, 1997.
32
DOWBOR, op. cit.
33
DOWBOR, 1995.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
487
O século XXI e o desafio de repensar as políticas públicas
34
HERMANY, Ricardo. (Re)discutindo o espaço local: uma abordagem a
partir do direito social de Gurvitch. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2007.
35
DOWBOR, op. cit.
36
DOWBOR, 1995.
37
HERMANY, 2007, p. 262.
38
Ibidem, p. 263.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
489
O século XXI e o desafio de repensar as políticas públicas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento sustentável de qualquer país exige a
adoção de políticas públicas que tenham como objetivo a in-
clusão social e a erradicação das desigualdades. A abrangên-
cia das mesmas também não pode ser restrita a este ou aquele
espaço determinado, pois quanto maior for a sua abrangência,
maiores serão as chances de as mesmas alcançarem resulta-
dos positivos. Outro fator a ser considerado, é que o processo
político de decisão e de implementação das políticas públicas
é consideravelmente influenciado pela percepção que os seus
destinatários possuem em relação ao custo-benefício advindos
de tais políticas, fundamentados em sua própria cultura políti-
ca. Para a superação dessa visão um tanto assistencialista, faz-
se necessária a participação da sociedade civil em todos os
momentos do processo de formulação e elaboração das políti-
cas públicas.
Não é mais possível dar-se continuidade à distribuição da
miséria. Faz-se necessária a distribuição de renda, através da
atuação estatal, com políticas públicas eficientes e comprome-
tidas com o desenvolvimento econômico sustentável e com o
desenvolvimento social. Neste sentido, o espaço local configu-
ra-se como o lócus para a realização das mesmas. É no espaço
local que se pode discutir e participar ativamente, como cida-
39
BORJA, Jordi; CASTELLS, Manuel. Local e global – a gestão das cida-
des na era da informação. Madrid: Santillana, 1997.
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<http://www.ipea.gov.br/pub/ppp/ppp21/Partes5.pdf>. Acesso em
25 jan. 2006
Resumo
Ao refletir-se acerca do direito à saúde, tendo como referencial o Direito Fraterno,
pode-se verificar que a ideia de ausência de soberania nacional, a utilização pacífica
dos recursos e a gestão em comum são pressupostos nele presentes. Quando se
trata de uma sociedade cosmopolita pressupõe-se que o bem saúde também seja
comum, quando se trata da Constituição sem Estado fala-se em ultrapassar os limi-
tes ditados por qualquer “soberano”, e, ainda, quando se afirma a importância do
pacto entre iguais - onde o soberano não é eliminado, mas aparece como um igual -
possibilitando pensar-se numa idéia da não-violência, permite-se falar em efetiva
preservação do direito à saúde, o qual abrange toda a coletividade e está inserido no
rol dos direitos sociais, relacionando-se à questão de o cidadão ter direito a uma vida
saudável, a qual resultará em sua qualidade de vida. Esta, por sua vez, deve primar
494
Janaína Machado Sturza & Taise Rabelo Dutra Trentin
Abstract
Reflecting is about the right to health, referencing the Fraternal Law, it can be seen
that the idea of the absence of national sovereignty, the peaceful use of resources
and joint management assumptions are present in it. When it comes to a cosmopoli-
tan society assumes that good health is also common when it comes to the Constitu-
tion without State speech on overcoming the limits dictated by any “sovereign”, and
yet, when it affirms the importance of the covenant among equals - where the sov-
ereign is not eliminated, but appears as an equal - enabling think up an idea of non-
violence, is allowed to speak on effective preservation of the right to health, which
encompasses the entire community and is inserted in the rights social, relating to the
question of the citizen have the right to a healthy life, which results in their quality of
life. This, in turn, should excel the benefits to the development of man and his exist-
ence, establishing itself as the center of excellence for irradiation of all property or
legal interests protected.
Keywords: Right to Health; Fraternal Law.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na sociedade contemporânea, a saúde vem sendo consi-
derada como um bem de todos, como um direito social neces-
sário à manutenção da vida. Entretanto, o reconhecimento de
sua eficácia é um forte argumento colocado em discussão nos
dias atuais, principalmente em relação aos “direitos sociais e
as externalidades que não podem ser internalizadas na avalia-
ção da saúde enquanto bem econômico.”1
A saúde, então, que notadamente vem sendo analisada
através de teorias tradicionais, pode também ser examinada
por novas teorias, e é neste sentido que veremos a saúde atra-
vés da meta-teoria do direito fraterno. Mais do que uma análise
do direito à saúde, apresentaremos, neste artigo, os dados e
análises da CNDSS, utilizando como documento- base o Relató-
rio da Comissão Nacional Sobre Determinantes Sociais da Saú-
de - CNDSS2.
1
DALLARI, Sueli Gandolfi. A saúde do brasileiro. São Paulo Paulo: Edito-
ra Moderna, 1987, p. 15.
2
Para a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde
(CNDSS), os determinantes sociais em saúde - DSS - são os fatores soci-
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
495
A saúde e seus determinantes sociais
6
RODOTÀ,Stefano. La vita e le regole – Tra diritto e non diritto. Milano,
Feltrinelli, 2006, p. 10.
7
Vivemos em uma Law-satured society, em uma sociedade mais que
cheia de direitos, de regras jurídicas de origens mais diversas, impostos
pelos poderes públicos ou potências privadas com uma intensidade que
faz do pensar, mais que uma necessidade, uma inalcançável corrente. A
sabedoria social não é sempre adequada à complexidade deste fenôme-
no, que revela mesmo assimétrias e descompensamentos fortíssimos,
vazios e cheios, com um direito que invade muitos setores e todavia não
chega lá onde mais seria necessário. Sustentado por impulsos diferentes
e até contraditórios. Tradução livre.
8
RODOTÀ,Stefano. La vita e le regole – Tra diritto e non diritto. Milano,
Feltrinelli, 2006, p. 72.
9
De quem é o corpo? Da pessoa interessada ou da sua família, de um
Deus que o doou, de uma natureza que o quer inviolável, de um poder
social que de mil formas se padroniza, de um médico ou de um magis-
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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499
A saúde e seus determinantes sociais
11
RODOTÀ,Stefano. La vita e le regole – Tra diritto e non diritto. Milano,
Feltrinelli, 2006, p. 249. “La dignità del morire rimanda così a dinamiche
sociali sempre più intricate, e rivela una ormai ineliminabile radici
tecnologica.” “A dignidade de morrer remete a dinâmicas sociais sem-
pre mais intricadas, e revela uma inalienável raiz tecnológica.” Tradução
Livre.
12
PORTARIA Nº 91/GM DE 10 DE JANEIRO DE 2007. Regulamenta a uni-
ficação do processo de pactuação de indicadores e estabelece os indica-
dores do Pacto pela Saúde, a serem pactuados por municípios, estados e
Distrito Federal.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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501
A saúde e seus determinantes sociais
13
RESTA, Eligio. La certezza e la speranza. 2 ed. Roma-Bari,1996, p. 09.
Tradução livre: “Sem a superação do dogma da soberania dos estados,
não se poderá nunca colocar o problema do pacifismo. Só por um certo
período de tempo, mais ou menos longo, a humanidade, disse Kelsen, se
divide em Estados: e não dito que o deva fazer para sempre. O Estado
aparece como um produto relativo de um tempo histórico bem definido,
que coincide com esse tempo convencionalmente chamado “moderni-
dade”. Superar o dogma da soberania deve ser então a “tarefa infinita”
que uma cultura jurídico-política deve com fadiga levar adiante.”
14
RESTA, Elígio. Il Diritto fraterno. Roma: Laterza, 2002, p. 53-54.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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503
A saúde e seus determinantes sociais
15
De resto, se fala muito da experiência européia como hereditária da tra-
dição do cosmopolitismo e daquele singular iluminismo que se faz a por-
ta-voz e são propriamente algumas das suas mais significativas caracte-
rísticas que se tornam hoje este presente constitucional. Vale para este
presente constitucional aquele que é o paradoxo dos direitos humanos:
esses podem ser levados a sério somente quando a humanidade se es-
vaziar de sentido teológico. Tradução Livre.
16
PETRELLA, Riccardo. Il manifesto dell’acqua: Il diritto alla vita per tutti.
Torino: Edizioni Gruppo Abele, 2005a.
17
“O nosso futuro – aquele das nossas famílias, dos habitantes de Roma e
de Osaka, assim como o das populações indígenas do Equador, dos po-
vos uzbeques, tadjiques e turcomenos da Ásia Central ou dos america-
nos da Califórnia – reside não tanto no desenvolvimento tecnológico e
econômico quanto na capacidade das sociedades humanas de se darem
regras, instituições e meios de ações comuns, definidos e gestados em
conjunto pelos vários níveis de organizações sociais para ‘viver junto’
em um mundo que virou complexo, interdependente, ‘mundial’, mas ca-
racterizado pelas novas relações de dominação/dependência e, por con-
seqüência, violento, frágil” Tradução livre.
18
PETRELLA, Riccardo Distruzione della convivenza sociale. In:
RICOVERI, Giovanna (org.). Beni comuni fra tradizione e futuro.
Bologna: Editrice Missionária Italiana, 2005b.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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505
A saúde e seus determinantes sociais
19
RESTA, Elígio. La certezza e la speranza. 2 ed. Roma:Bari, 1992.”Sem a
superação do dogma da soberania dos Estados, não se poderá nunca
abordar o problema do pacifismo. Seriamente, só por um certo período
de tempo, mais ou menos longo, a humanidade, disse Kelsen, se divide
em Estados, e não foi dito que deva ser assim para sempre. O Estado
aparece como um produto relativo de um tempo histórico bem definido,
que coincide com esse tempo convencionalmente chamado “moderni-
dade”. Superar o dogma da soberania deve ser então a “tarefa infinita”
que uma cultura jurídico-política deve, com fadiga, levar adiante” Tra-
dução livre.
20
RESTA, Eligio. Per un Diritto Fraterno. In: FINELLI, R. (et. al). Globaliz-
zazione e Diritti Futuri. Roma: Manif, 2004, p. 25.
21
Nessa análise, Resta retoma o debate entre Freud e Einstein, nos anos
30, sobre o tema da guerra e da paz relacionados com a força do direito e
com o significado de amigo da humanidade.
22
BECK, Ulrich. Lo Sguardo Cosmopolita. Carocci: Roma, 2005, p. 66.
23
Tradução livre: “O regime dos direitos humanos é o exemplo central de
como é superada a distinção entre nacional e internacional dando im-
pulso à cosmopolitização da sociedade nacional, isto é, de como vem
descrita a gramática do social e do político… a interiorização global dos
direitos humanos desestabiliza os regimes despóticos, e o faz seja pelo
interno como pelo externo. A universalização dos direitos humanos não
cria apenas um voto de legitimação nacional, mas também um voto de
domínio, porque o domínio despótico não pode mais perfeccionalizar de-
sencomodado o seu sistema repressivo frente seguros limites da sobe-
rania nacional… Os direitos humanos anulam os limites aparentemente
eternos e impõem a definição de novos confins, novas seletividade, que,
no entanto, não obedecem à lógica direitos, mas sim à lógica do poder”
(BECK, 2005. p. 66).
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507
A saúde e seus determinantes sociais
24
RESTA, Eligio. Il Diritto fraterno. Roma: Laterza, 2002, p. 8. “O direito
fraterno, então, coloca em evidência toda a determinação histórica do di-
reito fechado na angústia dos confins estatais e coincide com o espaço
de reflexão legado ao tema dos direitos humanos com um entendimento
a mais: que a humanidade é simplesmente o lugar comum somente no
interior do que se pode pensar reconhecimento e tutela.” Tradução livre.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não podemos falar em direito à saúde sob a perspectiva
da meta-teoria do direito fraterno se não considerarmos os
mais variados fatores, especialmente, neste caso, o acesso aos
serviços de saúde como bem comum a toda humanidade. Nes-
se sentido, vislumbra-se que a fraternidade refere-se ao bom e
harmônico convívio com os outros, à união de idéias e de
ações, ao viver em comunidade. Daí, uma das idéias do que
25
OST, François. O Tempo do Direito. Lisboa : Instituto Piaget, 1999, p. 13.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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509
A saúde e seus determinantes sociais
26
RESTA, Eligio. O Direito Fraterno. Trad. Sandra Regina Martini Vial
(coordenação). Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004.
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sindividuais. Porto Alegre: Livraria do advogado, 1997.
OST, François. O Tempo do Direito. Lisboa : Instituto Piaget, 1999.
Resumo
A pesquisa investiga a reprodução humana medicamente assistida especialmente
quanto à técnica de substituição, quando a concepção é promovida mediante a doa-
ção de esperma. Trata-se de reflexão sobre o direito à ascendência biológica da
criança concebida por este método de reprodução com a violação do anonimato do
doador de material genético.
Palavras-chave: Ascendência biológica,Direito, Reprodução Humana, Dignidade da
Pessoa Humana.
Abstract
The research investigates medically assisted human reproduction especially the
replacement technique, when the design is further promoted through sperm dona-
tion. It is reflection on the ascendancy right to biological child conceived by this
method of breeding with a violation of the anonymity of the donor genetic material.
Keywords: Biological Ancestry, Law, Human Reproduction, Human Dignity.
1
BARROS, Fernanda Otoni. Do direito ao pai. 2 ed. Belo Horizonte: Del
Rey, 2005.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
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afetiva. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003.
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ção: possibilidades e lmites. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
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O direito à identidade genética e a violação do sigilo de doador
6
Idem, p. 104.
7
DINIZ, Maria Helena. O Estado atual do Biodireito.São Paulo: Saraiva,
2009.p.25.
8
Op. Cit. SARLET, Ingo Wolfgan. Revista Direito e Justiça, 2009.p.113.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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O direito à identidade genética e a violação do sigilo de doador
9
DINIZ, Maria Helena, Apud. MIRANDA, Maria Bernadete,Curso de Di-
reito Civil Brasileiro, São Paulo: Saraiva, 2007.p.34.
10
Apud CAHALI, Yussef Said; CAHALI, Francisco José (Orgs.). Famílias e
Sucessões. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. v. I, p 88.
11
WELTER, Belmiro Pedro. Igualdade entre as filiações biológica e socio-
afetiva. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003 p.76.
12
FERRAZ, Sérgio.Manipulações biológicas e princípios constitucionais:
uma introdução. Porto Alegre: Fabris, 1991.p.20.
13
Apud CAHALI, Yussef Said; CAHALI, Francisco José (Orgs.). Famílias e
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Silva et al. A vida dos direitos humanos: bioética médica e jurídica.
Porto Alegre: Sergio Antônio Fabris, 1999.
BARROS, Fernanda Otoni. Do direito ao pai. 2 ed. Belo Horizonte:
Del Rey, 2005.
18
FERRAZ, Ana Cláudia Brandão de Barros Correia. Reprodução humana
assistida e suas consequências nas relações de família: a filiação e a
origem genética sob a perspectiva da repersonalização. Curitiba: Juruá,
2009. Pg 63.
19
FERREIRA, Aline Damásio Damasceno. A Bioética e a filiação: o direito
de conhecer a origem genética. São Paulo: Modelo, 2011. Pg 45.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
525
O direito à identidade genética e a violação do sigilo de doador
Resumo
O presente trabalho objetiva a análise do uso da justiça restaurativa como estratégia
de redução de danos em substituição à justiça retributiva, que anteriormente era
aplicada. Como problema de pesquisa tem-se o seguinte questionamento: é possível
a ressocialização do menor com a aplicação da justiça restaurativa? Os reflexos ad-
vindos do uso de entorpecentes, criminalidade e marginalização dos menores ultra-
passaram o universo jurídico, deixando de ser uma preocupação unicamente do
Judiciário e passando a ser um problema social. O menor marginalizado não está
somente cometendo ilícitos penais, mas também prejudicando sua integridade física
e psicológica, financiando as mais diversas formas de criminalidade e, quase que em
regra, desestruturando lugares que frequenta, como o seu lar, escola e trabalho.
Palavras-chave: Justiça Restaurativa, Menores, Redução de Danos.
Abstract
This study aims to analyze the use of restorative justice as a harm reduction strategy
to replace retributive justice, which was previously applied. The research problem
has been the question: Can the rehabilitation of minor with the application of re-
storative justice? The consequences of drug use, crime and marginalization of chil-
dren exceeded the legal universe, no longer a concern only of the judiciary becoming
a social issue. The smallest marginalized not only commit crimes, but also harm your
physical and psychological integrity, funding from various forms of crime and, almost
as a rule, destructuring that frequents places like your home, school and work.
Keywords: Restorative Justice, Minor, Damage Reduction.
528
João Batista Monteiro Camargo & Fabiane da Silva Prestes
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Por muito tempo a criança e o adolescente foram insigni-
ficantes, sendo considerados inexistentes para a história, que
apenas trazia a sociedade dos adultos. O sentimento de insig-
nificância era demonstrado quando se tratava a criança, como
um homem em miniatura, que vestia trajes de época e traba-
lhava como um adulto1.
Desde o descobrimento do Brasil até meados do século
XIX, vigeram as Ordenações Filipinas que fixavam que com
sete anos a criança já era capaz de entender seus atos.
Quanto à punição dos menores pelos delitos que fizes-
sem, as Ordenações estabeleciam as mesmas penas de Direito
Comum, apenas resguardando os menores de dezessete anos
de idade da pena de morte.
Segundo João Batista da Costa Saraiva2,
No final do século XIX, quando Dom João VI aportou no
Brasil, a imputabilidade penal iniciava-se aos sete anos,
eximindo-se o menor da pena de morte e concedendo-lhe
redução da pena. Entre dezessete e vinte e um anos ha-
via um sistema de “jovem adulto”, o qual poderia ser até
mesmo condenado à morte, ou, dependendo de certas
circunstâncias, ter sua pena diminuída. A imputabilidade
penal plena ficava para os maiores de vinte e um anos, a
quem se cominava, inclusive, a morte em certos delitos.
1
ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. 2ª ed. Rio de
Janeiro: LTC, 1981. p. 55.
2
SARAIVA, João Batista da Costa. Adolescente em Conflito com a Lei –
da indiferença à proteção integral uma abordagem sobre a responsa-
bilidade penal juvenil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003. p. 21.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
529
Justiça restaurativa, redução de danos e reflexos sociais
3
Ibidem, p 24.
4
O argumento utilizado pela associação foi que se aquela criança fosse
um animal que estivesse submetido àquele tratamento, teria ela legiti-
midade para agir, e com maior interesse, tratando-se de um ser humano.
Ibidem, p.25
5
Ibidem, p 25.
6
MACHADO, Martha de Toledo. A Proteção Constitucional de Crianças
e Adolescentes e os Direitos Humanos. Barueri, SP: Manole, 2003.
p. 33.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
531
Justiça restaurativa, redução de danos e reflexos sociais
7
SARAIVA, João Batista Costa. Direito Penal Juvenil. Adolescente e Ato
Infracional. Garantias Processuais e Medidas Socioeducativas. 2 ed. re
ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002. p. 14.
8
Lei nº 6.697, de 10 de outubro de 1979. Institui o Código de Menores.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/l6697.htm.
9
VOLPI, Mário. O compromisso de todos com a proteção integral da crian-
ça e do adolescente. In:ZILOTTO, M,C GUARÁ; SPOSATTI, et.
al,Caderno Prefeito Criança. Políticas Públicas Municipais de Proteção
Integral a Crianças e Adolescentes. Fundação ABRINQ UNICEF, p.21-36,
1999. p.
10
21VOLPI, Mário. “A proteção integral como contraposição à exclusão
social de crianças e adolescentes”. Prefácio ao livro Adolescente e Ato
Infracional: Garantias Processuais e Medidas Socioeducaticas, de João
Batista da Costa Saraiva.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
533
Justiça restaurativa, redução de danos e reflexos sociais
11
VEZZULA, Juan Carlos. A mediação de conflitos com adolescentes
autores de ato infracional. Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, do Centro sócio-
Econômico da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2004. p.56.
12
XAUD, Geysa Maria Brasil. Os desafios da intervenção psicológica na
promoção de uma nova cultura de atendimento do adolescente em con-
flito com a lei. Temas de psicologia jurídica/organização Leila Maria
Torraca de Brito. Rio de Janeiro: Relume Duramá, 1999. p. 95.
13
RANÑA, Wagner. A travessia da adolescência. Viver Mente e Cérebro.
São Paulo, 2005. p.42.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
535
Justiça restaurativa, redução de danos e reflexos sociais
14
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1999. p. 94
15
CANHONI, Vera. O olhar adolescente. Uma questão de imagem. Viver
Mente e Cérebro. São Paulo, 2007. p.46.
16
SARAIVA, Liliane Gonçalves. Na educação o tempo é o agora e o lugar
é o aqui. Práticas da medida sócio-educativa em meio aberto. Centro de
defesa dos direitos da criança e do adolescente – CEDEDICA, Santo Ân-
gelo, p. 153.
17
GALENO, Eduardo. De pernas pro ar. A escola do mundo às avessas.
Porto Alegre: L&PM, 1999. p. 19.
18
COSTA, Marli M.M. Políticas públicas e violência estrutural. In: LEAL,
G.; REIS J. R (Org.) Direitos sociais e políticas públicas: desafios con-
temporâneos. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2005, t.5 p. 1261.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
537
Justiça restaurativa, redução de danos e reflexos sociais
19
Michel Foucault, aventa a noção de “docilidade” como a junção do corpo
analisável ao corpo manipulável. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir:
história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1997.
20
FOUCAULT, Michel. Op. Cit. p.214.
21
PORTO, Rosane Teresinha Carvalho. A justiça restaurativa e as políti-
cas públicas de atendimento a criança e ao adolescente no Brasil: uma
análise a partir da experiência da 3ª Vara do Juizado Regional da Infân-
cia e da Juventude de Porto Alegre Dissertação apresentada ao Progra-
ma de Pós-Graduação em Direito – Mestrado, Área de Concentração em
Direitos Sociais e Políticas Públicas, Universidade de Santa Cruz do Sul –
UNISC, 2008.p. 92.
22
CARVALHO, Salo de. Pena e Garantias. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2008. p. 202.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
539
Justiça restaurativa, redução de danos e reflexos sociais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em assim sendo, percebe-se a incongruência entre o edu-
car o adolescente privado de liberdade, tirando-lhe o seu bem
maior: a dignidade, potencializando sua vulnerabilidade, enfa-
tizando o comportamento no confinamento, como condição pa-
ra convivência e sobrevivência após o cumprimento da medi-
da. Os conflitos nas unidades de internação demonstram irre-
gularidades dos programas de atendimento caracterizadas
pela superlotação, e pela distância entre o local do cumprimen-
to da medida e os lares dos adolescentes, são evidencias da
violação de direitos fundamentais de quem está cumprindo
medida socioeducativa justamente para aprender a respeitá-
los pagando-se o mau com o mau e perfazendo a mesma justi-
ça retributiva sem dar espaço à justiça restaurativa que visa
bem mais que coagir o menor, visa, o ressocializar e o colocar
em condições de viver em sociedade.
REFERÊNCIAS
ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. 2ª ed. Rio
de Janeiro: LTC, 1981.
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as conseqüências humanas. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
CANHONI, Vera. O olhar adolescente. Uma questão de imagem.
Viver Mente e Cérebro. São Paulo, 2007.
CARVALHO, Salo de. Pena e Garantias. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Lu-
men Juris, 2008.
COSTA, Marli M.M. Políticas públicas e violência estrutural. In:
LEAL, G.; REIS J. R (Org.) Direitos sociais e políticas públicas: desa-
fios contemporâneos. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2005.
Resumo
O presente artigo realiza um resgate histórico do processo de formação, evolução e
consolidação do direito internacional dos direitos humanos, na esteira das transfor-
mações ocorridas na sociedade internacional durante o século passado. Neste senti-
do, busca os seus principais antecedentes históricos, e os principais marcos históri-
cos e legais de sua instituição, evidenciando as disputas político-ideológicas que
sempre estiveram presentes no processo. Dessa forma, pretende-se evidenciar que
o desenvolvimento do sistema internacional de direitos humanos ocorreu na esteira
das mudanças ideológicas, políticas e sociais ocorridas no mundo, e da reconfigura-
ção geopolítica que este veio sofrendo ao longo do século passado, se constituindo
em um instrumento cada dia mais imprescindível na sociedade globalizada, multiplu-
ral e complexa que vivenciamos atualmente.
Palavras-chave: Direitos humanos, soberania, sociedade internacional, universalismo.
Abstract
This article provides a historical process of the formation, evolution and consolida-
tion of the international law of human rights, in the wake of the changes occurring in
international society during the last century. In this sense, seeking its main historical
background, and the main landmarks and their legal institution, highlighting the
political and ideological disputes that have always been present and guided this
process. Thus, we intend to demonstrate that the development of the international
human rights occurred in the wake of ideological changes, political and social chang-
es in the world, and reconfiguration of geopolitics that has undergone over the past
century, constituting one instrument each day more essential in a globalized society,
and complex multiplural we experience today.
Keywords: Human rights, sovereignty, international society, universalism.
542
Joice Graciele Nielsson & Gilmar Antonio Bedin
INTRODUÇÃO
Os direitos humanos se constituíram, ao longo do tempo,
em um dos temas centrais da agenda política mundial. Em sua
caminhada histórica, foram se expandindo e adquirindo cada
vez mais relevância na proteção da dignidade humana, chegan-
do à atual configuração do sistema internacional de proteção.
Neste sentido, pretende-se neste estudo realizar um res-
gate histórico do processo de formação, evolução e consolida-
ção do direito internacional dos direitos humanos, na esteira
das transformações ocorridas na sociedade internacional du-
rante o século passado, o século que Hobsbawm1 chamou de
era dos extremos.
Para tanto, parte-se da busca e análise dos seus princi-
pais antecedentes históricos, e dos marcos de sua criação, que
se referem às Guerras Mundiais e seus devastadores efeitos
humanos e sua consequência na reorganização geopolítica do
mundo, que resultou na criação da ONU e da Declaração Uni-
versal dos Direitos Humanos.
Evidencia-se durante este processo, que as disputas polí-
tico-ideológicas que estiveram presente e tiveram grande im-
portância nos rumos traçados e alcançados pelos direitos hu-
manos na esfera internacional. Disto, resulta que o sistema
internacional de direitos humanos foi se constituindo em um
instrumento cada dia mais imprescindível na luta pela prote-
ção da pessoa humana na sociedade globalizada, multiplural e
complexa que vivenciamos atualmente.
1
HOBSBAWM, Eric A Era dos Extremos: o breve século XX. São Paulo,
Companhia das Letras, 1995.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
543
Direitos humanos e a sociedade internacional
2
PIOVESAN, Flávia. Direitos sociais, econômicos e culturais e direitos
civis e políticos. In SUR – Revista Internacional de Direitos Humanos.
Ano 1, n. 1. 2004.
3
Para denominar Direito Internacional de Direitos Humanos, utilizaremos,
neste trabalho, a sigla DIDH.
4
Direitos humanos e o Direito Constitucional Internacional. 4. ed. São
Paulo: Max Limonad, 1997.
5
Ibidem.
6
Ibidem, p. 134.
7
Gênese e princípiologia dos tratados internacionais de proteção dos
direitos humanos: O legado da declaração universal de 1948. Disponí-
vel em: <http://www.mt.trf1.gov.br/judice/jud10/genese_princípiolo
gia.htm>. Acesso em 13 jan 2012.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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545
Direitos humanos e a sociedade internacional
8
Ibidem p. 38.
9
Idem.
10
O Acesso Direto dos Indivíduos à Justiça Internacional. In: Manual de
direitos humanos internacionais: acesso aos sistemas global e regional
de proteção dos direitos humanos. São Paulo: Loyola, 2002, p. 18.
11
Idem.
12
Idem, p. 139.
13
LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o
pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Companhia das Letras, 1989,
p. 80.
14
Idem, p. 116.
15
Celso Lafer, Idem, p. 103.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
547
Direitos humanos e a sociedade internacional
16
ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. Trad. de Roberto Rapo-
so. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
17
LAFER, prefácio livro de LINDGREN ALVES. José Augusto. Os direitos
humanos como tema global. São Paulo: Perspectiva, 1993, p. XXVI.
18
A afirmação histórica dos direitos humanos. 4. ed., rev., e atual. São
Paulo: Saraiva, 2005, p. 54.
19
Idem, p. 44.
20
Op. Cit. 2004.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
549
Direitos humanos e a sociedade internacional
21
Idem, p. 88.
22
Piovesan, F. opus citatum, 1997, p. 155.
23
Os oito Estados que se abstiveram foram Bielorussia, Checoslováquia,
Polônia, Arábia Saudita, Ucrânia, URSS, África do Sul e Iugoslávia.
24
Lindgren Alves, Idem.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
551
Direitos humanos e a sociedade internacional
25
Idem, p. 159.
26
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. 11 ed. Trad. de Carlos Nelson
Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p. 28.
27
Ibidem, p. 28.
28
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos: desafios da ordem internacional
contemporânea. Curitiba, Juruá, 2006, p. 19.
29
Idem, p. 30.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
553
Direitos humanos e a sociedade internacional
30
Ibidem, p. 5.
31
LINDGREN ALVES, Idem.
32
Ibidem.
33
PIOVESAN, F. op. cit., 1997.
34
LINDGREN ALVES, Idem.
35
Op. Cit. 1997.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
555
Direitos humanos e a sociedade internacional
36
Esta disputa refletiu a ascensão das ideias neoliberais que aconteceu a
partir da década de 1970, que pregavam o Estado mínimo e sua não in-
terferência na vida da sociedade.
37
Op. Cit. 2004, p. 26.
CONCLUSÃO
Direitos humanos tiveram um processo expansivo e vito-
rioso na moderna história humana. Apesar de sempre marcado
por violações, tem se constituído em um importante referencial
39
PIOVESAN, Op. Cit. 2006, p. 106.
REFERÊNCIAS
ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. Trad. de Roberto
Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
BEDIN, Gilmar Antonio. Direitos Humanos e desenvolvimento: al-
gumas reflexões sobre a constituição do direito ao desenvolvimento.
Revista Desenvolvimento em Questão, Ijuí, n.1, jan/março de 2002.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. 11 ed. Trad. de Carlos Nelson
Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Prefácio: O Acesso Direto
dos Indivíduos à Justiça Internacional. In: Manual de direitos hu-
manos internacionais: acesso aos sistemas global e regional de
proteção dos direitos humanos. São Paulo: Loyola, 2002.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
559
Direitos humanos e a sociedade internacional
Resumo
O objetivo deste estudo é a explanação sobre as dificuldades e os obstáculos encon-
trados pelas pessoas com deficiência em fazer valer seus direitos e garantias de for-
ma a ajudar na sua divulgação e orientação amparadas por lei. Assim como o concei-
to de direitos humanos, direitos fundamentais, garantias, e pessoas com deficiência;
O estudo aborda também a importância de se respeitar os direitos e garantias das
pessoas com deficiência elucidando os principais problemas sofridos pela inobser-
vância destes direitos como violação e discriminação, invisibilidade social e estigma,
e por fim; também se propõe demonstrar a relevância de se respeitar os direitos dos
deficientes como componentes do direito à vida e à subsistência da pessoa humana
em condições de dignidade.
Palavras-chave: Direitos e Garantias. Direitos fundamentais. Direitos Humanos.
Inclusão Social. Pessoas com deficiência.
Resume:
The objective of this study is the explanation of the difficulties and obstacles en-
countered by persons with disabilities in asserting their rights and guarantees in
order to assist in its dissemination and guidance backed by law. Just as the concept
of human rights, fundamental rights, guarantees, and people with disabilities; The
study also addresses the importance of respecting the rights and interests of persons
with disabilities elucidating the main problems suffered by the breach as a violation
of these rights and discrimination, invisibility and social stigma, and finally, it is also
proposed to demonstrate the importance of respecting the rights of the disabled as
a component of the right to life and livelihood of human beings in dignity.
Keywords: Fundamental rights. Human Rights. People with disabilities. Rights and
Guarantees. Social Inclusion.
INTRODUÇÃO
A Assembleia Geral das Nações Unidas, reunida em 3 de
dezembro de 1982, mediante a Resolução n. 37/52, aprovou o
562
Joyce Monique de Aguiar
DIREITOS HUMANOS
Para tratar de direitos humanos é imprescindível verificar
a origem e significado da palavra Humano (Do latim humanus)
homem ou mulher; uma pessoa. Já direito, termo multimilená-
rio refere-se àquilo que é permitido; liberdades que são garan-
tidas. Direitos humanos são direitos que as pessoas têm pelo
simples fato de ser humano1.
Direitos humanos é um conjunto de leis que devem ser
reconhecidas por todas as pessoas para que estes possam ter
uma vida digna sem preconceito ou discriminação, estabele-
cendo a liberdade e igualdade de todos perante a lei. Todos
nascem livres e iguais em dignidade e direito, essa deveria ser
a realidade, mas infelizmente esses direitos não eram reconhe-
cidos, por isso tiveram que se fazer valer em forma de lei, qua-
se que uma obrigação para frear o abuso de poder.
No Brasil o direito natural2 começa a perder força a partir
dos pareceres de Rui Barbosa sobre o ensino em geral, em que
realça a importância da ciência e do método experimental e
1
Conceito de direitos humanos. http://www.significados.com.br/direitos-
humanos/ Acesso em 01/03/2012.
2
BOBBIO, Norberto. O Positivismo Jurídico: Lições de Filosofia do Direito.
São Paulo: Ícone, 2006. P.22-23. O direito natural tem como pontos prin-
cipais em sua doutrina a ideia de que existe um direito comum a todos
os homens e que o mesmo é universal. Este direito é anterior ao direito
positivo, que é aquele fixado pelo Estado, e todos os homens o recebem
de forma racional. Suas principais características, segundo Norberto
Bobbio, são a universalidade, a imutabilidade e o seu conhecimento
através da própria razão do homem. Segundo, ainda o mesmo autor, os
comportamentos regulados pelo direito natural são bons ou maus por si.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
No início dos tempos não havia direitos humanos, existia
apenas o poder, e o direito era de quem o detinha, por outro
lado as pessoas apenas obedeciam a ordens. Em uma época de
escravidões um homem mudou a história no Oriente médio,
Ciro O Grande, foi rei da Pérsia em 559 e 530 a.C. suas ações
deixaram uma influencia politica e uma herança cultural muito
forte para os séculos seguintes. Um dos documentos mais an-
tigos que vinculou os direitos humanos é o Cilindro de Ciro,
que contêm uma declaração do rei da Persa depois de sua
conquista da Babilônia em 539 a.C.. Foi descoberto em 1879 e
a ONU o traduziu em 1971 a todos seus idiomas oficiais6.
3
POZZOLI, Lafayette. Reflexos das legislações internacionais nas políti-
cas públicas de inclusão no Brasil. Revista @mbienteeducação, São
Paulo, v. 1, n. 2, ago./dez. 2008, p. 09-20.
4
DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo:
Moderna, 1998, p.7.
5
FLORES. Joaquin Herrera, Direitos Humanos, Inter culturalidade e
Racionalidade de Resistência, mimeo, p.7.
6
Cilindro de Ciro. Um trecho dos escritos no cilindro de Ciro, “… As mi-
nhas numerosas tropas passaram por Babilonia em paz; não permitirei
que ninguém espalhe o terror no país da Suméria e Acad. Esforcei-me
pela paz em Babilonia e em todas as suas cidades sagradas. Quanto os
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
565
Direitos humanos
DIREITOS FUNDAMENTAIS
Os direitos fundamentais são normas constitucionais po-
sitivadas que foram instituídas com o objetivo de proteger a
8
“Se eu considerasse tão-somente a força e o efeito que dela deriva, diria:
Enquanto um povo é constrangido a obedecer e obedece, faz bem; tão
logo ele possa sacudir o jugo e o sacode, faz ainda melhor; porque, reco-
brando a liberdade graças ao mesmo direito com o qual lhe arrebataram,
ou este lhe serve de base para retomá-la ou não se prestava em absoluto
para subtraí-la. Mas a ordem social é um direito sagrado que serve de
alicerce a todos os outros. Esse direito, todavia, não vem da Natureza;
está, pois, fundamentado sobre convenções. Mas antes de chegar aí,
devo estabelecer o que venho de avançar. ROUSSEAU, Jean Jacques. Do
Contrato Social. Livro I,parte I. E-book. 2001.
9
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. 1 ed. 12. tir. Rio de Janeiro: Cam-
pus, 1992, p. 5.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
567
Direitos humanos
10
SARLET. Ingo Wolfgang. “Os Direitos Fundamentais Sociais na Consti-
tuição de 88”. In: Ingo Wolfgang Sarlet: O Direito Público em Tempos
de Crise: Estudos em Homenagem a Ruy Ruben Ruschel. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 1999, p. 129-173.
11
ARAUJO, Luis Alberto David. NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. Curso de
Direito Constitucional. 9. Ed. São Paulo Saraiva, p. 109-110.
12
ASSIS, Olney Queiroz. Pessoa Portadora de deficiência. Direitos e Ga-
rantias. São Paulo. 2005.
13
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natu-
reza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes: BRASIL. Constituição da Repú-
blica Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
569
Direitos humanos
DIREITOS E GARANTIAS
Conforme Norberto Bobbio, os direitos humanos e as li-
berdades fundamentais são globalmente respeitados a partir
14
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. 7. Impressão. Tradução de Carlos
Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campos, p.21.
15
Art 1°, III da CF/88. O conceito de dignidade da pessoa humana não
surge na Grécia e sim posteriormente com o cristianismo, onde irá nas-
cer o conceito de pessoa que os gregos e os romanos desconheciam. A
filosofia do direito medieval movida precipuamente pelo cristianismo foi
muito influenciada por Paulo de Tarso (São Paulo) onde surge o conceito
de vontade. São Paulo admitiu a existência de um direito natural inscrito
no coração das pessoas (NADER, Paulo. Filosofia do Direito. Rio de Ja-
neiro: Forense, 2000, p.121.)
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
571
Direitos humanos
16
Decreto nº 6.215, de 26 de setembro de 2007. “Estabelece o Compromis-
so pela Inclusão das Pessoas com Deficiência com vista à implementa-
ção de ações de inclusão das pessoas com deficiência por parte da Uni-
ão Federal, em regime de cooperação com municípios, Estados e Distrito
federal, institui o comitê Gestor de Políticas de Inclusão das Pessoas
com Deficiência – CGPD, e dá outras providencias.”
17
Lei nº 10.098/00 que estabelece normas e critérios básicos de acessibili-
dade.
18
Disponível em http://www.brasil.gov.br/menu-de-apoio/sobre-o-
site/acessibilidade-1 - Acessibilidade significa permitir que pessoas
com deficiências ou mobilidade reduzida participassem de atividades
que incluem o uso de produtos, serviços e informação, além de permitir
o uso destes por todas as parcelas da população. Acesso em 20/01/2013.
PROBLEMÁTICA
Para que as pessoas com deficiência possam se utilizar
de uma convivência igualitária e digna é preciso que a socie-
dade compreenda as desigualdades de forma a respeitar os
direitos como nas palavras de ARISTÓTELES: “A igualdade
consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais”. Princípios como a igualdade e dignidade que estão
explícitos na Constituição Federal de 1988 são norteadores das
políticas públicas. Como consta na CF em seu art. 5º “Todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de…”. Apesar de estarem positivados estes direitos são cons-
tantemente violados.
21
O MEC é responsável pela implementação de programas sobre educa-
ção, destaca-se o programa de educação inclusiva voltado a formação de
educadores e gestores para um sistema educacional inclusivo. por-
tal.mec.gov.br/index.php...mec...deficiencia. Acessado em 27/02/2013.
22
É um órgão Vinculado à Secretaria da Justiça e da Cidadania, responsá-
vel pela gestão de políticas voltadas para a inclusão da Pessoa com De-
ficiência, em Todas as esferas que compõe a sociedade. Tem como obje-
tivo apoiar e promover o desenvolvimento de programas que levem em
conta a participação social e política da Pessoa com Deficiência, através
de suas organizações representativas e de iniciativas comunitárias.
23
O SICORDE assume, após o Decreto nº 3.298/99, Capítulo X, Art. 55, o
papel catalisador e disseminador de informações sobre políticas e ações
na área da deficiência.
24
Defesa dos direitos das pessoas portadoras de deficiências – Direitos
humanos e os novos paradigmas das pessoas com deficiência.
CANZIANI. Maria de Lourdes, São Paulo: Editora dos tribunais, 2006.
25
Pedagoga pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. É especializada
em programa de atendimento a pessoas com deficiência em curso no
Brasil e no exterior. Como coordenadora da Coordenadoria Nacional para
a Integração da Pessoa com Deficiência – Corde (Ministério da Justiça)
contribuiu para o desenvolvimento das políticas brasileiras na área de
atenção às pessoas com deficiência. Em continuidade à experiência pro-
fissional iniciada em universidades e instituições especializadas do Bra-
sil, Estados Unidos, Europa e América do Sul, elaborou diretrizes, proje-
tos e programas de atendimento às pessoas com deficiência.
26
FADERS - Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Pú-
blicas para Pessoas com Deficiência com Altas Habilidades.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
575
Direitos humanos
27
GOFFMAN, Erving. Estigma – Notas sobre a manipulação da identidade
deteriorada Tradução: Mathias Lambert Data da Digitalização: 2004. Da-
ta da Publicação Original: 1891. P.5.
28
Estado e conflito social: entre a luta por igualdade ... - ANPUH-RJ. Dis-
ponível em: www.rj.anpuh.org/.../rj/.../Alexandre%20Garrido%20da%20
Silva.do... Formato do arquivo: Microsoft Word - Visualização rápida de
AG da Silva - Artigos relacionados. LACLAU, Ernesto. Os novos movi-
mentos sociais e a pluralidade do social. Revista Brasileira de Ciências
Sociais, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 41-47, out. 1986. Acessado em
27/02/2013.
29
Íbis idem p.12.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo, portanto, procurou demonstrar a relevância
de se respeitar os direitos das pessoas com deficiência como
componentes do direito à vida e à subsistência da pessoa hu-
mana em condições de dignidade, cumprindo-se o dever de
cidadania e de inclusão na tentativa de eliminar todas as for-
mas de discriminação contra este grupo de pessoas.
No decorrer do trabalho abordou-se sobre os direitos hu-
manos, conceito, história e evolução e sua fundamental impor-
tância para a subsistência das pessoas com dignidade. Abor-
daram-se ainda os direitos e garantias das pessoas com defici-
ência como uma forma de reconhecer estes direitos e adaptar a
sociedade ao diferente na aceitação das diferenças no meio
30
MARQUES, Cláudia Lima; MIRAGEM, Bruno. O Novo Direito Privado e
a Proteção dos vulneráveis. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p.
184.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
577
Direitos humanos
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FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos funda-
mentais. 10. Ed. São Paulo: Saraiva 2008.
Resumo
O presente artigo tem por objetivo apresentar o importante momento de transição
que a sociedade contemporânea esta passando, cheio de diversidades, onde pessoas
de culturas, etnias, orientações sexuais, valores diferentes, mas que convivem em
um mesmo espaço, mas para que essa convivência seja harmônica, é preciso que
haja reflexão sobre o nossas diferenças e semelhanças. Certamente as relações soci-
ais pautadas pelo respeito ao outro sem preconceitos geram um grande avanço no
mundo globalizado, o qual ainda se encontra em adaptação com relação a essa te-
mática. Com esse entendimento, observam-se no presente texto, exemplos de lití-
gios e soluções encontradas no poder judiciário, visando os direitos humanos para
que esta nova entidade familiar possam conquistar o reconhecimento da sociedade
e a proteção jurídica do estado, um direito que garanta a não discriminação dos
direitos sexuais.
Palavras-chave: Homossexualidade. Dignidade da pessoa humana. Direito a sexuali-
dade.
Abstract
This paper aims to present the important moment of transition that contemporary
society is passing, full of diversity, where people of different cultures, ethnicities,
sexual orientations, different values, but living in the same space, but that this coex-
istence is harmonic, there must be reflection about our differences and similarities.
Certainly social relations based on respect each other without prejudices generate a
breakthrough in the globalized world, which is still in adjustment with respect to this
issue. With this understanding, we can observe in this text, examples and solutions
of disputes in the judiciary, human rights aiming for this new family entity can gain
recognition and protection of the company's legal status, which guarantees a right to
non-discrimination sexual rights.
Keywords: Homosexuality. Human dignity. Right sexuality.
580
Júlia Francieli Neves de Oliveira
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Percebe-se que em todas as sociedades ao longo de toda
a história desde da humanidade a relação homoafetiva esteve
presente, variando, conforme o nível de aceitação social do
ponto de vista da cultura, pois os valores são construídos his-
tórica e socialmente, e que por isso se a homossexualidade
sempre existiu, por outro lado nem sempre foi tratada da
mesma forma.
Desde o início do século XXI vem ocorrendo progressos
em relação à defesa da integridade humana, a questão da tole-
rância com relação às minorias mulheres, negros, homossexuais,
entre outros grupos parece não estar resolvida, fato que se
comprova nas ocorrências relatas pelo noticiário, como as
agressões contra homossexuais em locais públicos.
Percebe-se, de forma ampla, as questões envolvendo o
tratamento da homossexualidade no ordenamento jurídico bra-
sileiro, porém o preconceito ainda é gritante em uma socieda-
de que esta repleta de contradições, não se poderia esperar
outra situação do que uma forte divisão entre opiniões “con-
tra” ou a “favor” da discussão suscitada pelo STF. Tal temática
associa-se à complexidades dos problemas e obstáculos ao
acesso à justiça ensejando um olhar amplo, sistêmico e com-
plexo no âmbito da administração da justiça.
A partir dessas questões sociais recentemente no Brasil,
o Supremo Tribunal Federal aprovou a união civil entre pesso-
as do mesmo sexo. Afinal de contas, cabe ao sistema jurídico,
pelo menos em tese, garantir a igualdade de direitos entre os
cidadãos sem fazer acepção de quaisquer características ou
peculiaridades existentes e, neste caso, sem se considerar a
sexualidade.
Considerando-se o estigma que a homossexualidade carre-
ga na sociedade brasileira, não houve consenso na opinião pú-
blica e várias polêmicas vieram à tona transcendendo a discus-
são sobre casamento homossexual e preconceito, convidando
também à reflexão sobre liberdade de expressão religiosa.
2
DIAS, Maria Berenice. op. cit. p.30.
3
DIAS, Maria Berenice. Op. cit. p.30.
4
DIAS, Maria Berenice. op. cit. p.30.
5
DIAS, Maria Berenice. op. cit. p.30.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
583
A união homoafetiva como entidade familiar...
6
RIOS, Roger Raupp. A homossexualidade no Direito. Porto Alegre: Li-
vraria do Advogado, Esmafe, 2001. p. 31
7
DIAS, Maria Berenice. op. cit. p.30.
8
RIOS, Roger Raupp. op.cit. p. 34.
14
SOUZA, Francisco Loyola, José Reinaldo de Lima Lopes, Paulo Gilberto
Cogo Leivas, Roger Raupp Rios. A Justiça e o Direito de gays e lésbi-
cas: jurisprudência comentada. Porto Alegre: Sulina, 2003, p. 7.
15
RIOS, Roger Raupp. op.cit. p.89.
16
RIOS, Roger Raupp. op.cit. p. 90, 91.
20
DIAS, Maria Berenice. op. cit. p. 74.
21
SOUZA, Francisco Loyola,... A Justiça e o Direito de gays e lésbicas:
jurisprudência comentada. Porto Alegre: Sulina, 2003, p. 116.
22
SOUZA, Francisco Loyola, op. cit. p. 119.
23
“RESP. 154, 857, STJ, 6º TURMA, Relator MIN. LUIS VICENTE
CERNICCHIARO, Data da decisão 26/05/1998, DJU 26/10/1998, P.169”.
24
SOUZA, Francisco Loyola, op. cit. p. 120.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
589
A união homoafetiva como entidade familiar...
25
SOUZA, Francisco Loyola, op. cit. p. 120.
26
SOUZA, Francisco Loyola, op. cit. p. 178.
27
SOUZA, Francisco Loyola, op. cit. p. 179.
28
SOUZA, Francisco Loyola, op. cit. p. 179.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
591
A união homoafetiva como entidade familiar...
29
Apelação Cível Nº 70024543951, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justi-
ça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em
05/11/2008.
30
Ap. Cível. 726.939.5/7-00. Apelante: Antônio de Pádua Carneiro. Apelado:
IPESP. Rel. Rebouças de Carvalho. Julgamento: 17.12.2008.
31
STJ – REsp nº 827.962 – RS – 4ª Turma – Rel. Min. João Otávio de Noro-
nha – DJ 08.08.2011.
32
SOUZA, Francisco Loyola, op. cit. p. 183.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
593
A união homoafetiva como entidade familiar...
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste Contexto, esta claro que a sexualidade é elemento
constituinte da plenitude da vida humana, e neste sentido as
manifestações doutrinarias as decisões judiciais, quanto à
existência das uniões homoafetivas lançam mão de argumen-
tos preconceituosos em favor dos homossexuais, adequando os
costumes e os valores aos moldes da sociedade multicultural,
avançando com a inserção de políticas publicas e leis voltadas
a atender essas reivindicações visando o reconhecimento das
diferenças. Se a liberdade à escolha da sexualidade, bem como
a integridade daquele que se reconhece como homossexual,
devem ser garantidas, da mesma forma as liberdades de ex-
pressão e de religião devem ser asseguradas por lei.
Neste sentido é preciso levar em conta que existe um
grande preconceito social que se afloram com as expressões
da homofobia, a apologia à agressão física ou psicológica as-
sim como ao preconceito por si só, devem ser expressamente
repudiados. É preciso considerar que a própria essência de
religiões como o cristianismo parte do princípio da defesa da
vida, do homem, do acolhimento, da tolerância e da paz e, des-
sa forma, aquele que se considera cristão estaria em contradi-
ção com sua própria fé ao defender a violência contra o homos-
33
SOUZA, Francisco Loyola, op. cit. p. 184.
34
SOUZA, Francisco Loyola, op. cit. p. 181.
REFERÊNCIAS
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VIEIRA DE CARVALHO, Luiz Paulo. Direito Civil: Questões Fun-
damentais e Controvérsias na Parte Geral, no Direito de Família e
no Direito das Sucessões, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.
Resumo
Atualmente o conceito de família está atrelado a preconceitos e tantos outros obstá-
culos; a sociedade, a legislação pátria e a consciência das pessoas devem compreen-
der que a evolução da família é uma realidade, de forma que existe um novo cenário
social em que estão inseridas novas configurações de famílias. Dessa forma, o ele-
mento caracterizador da família atual não está mais intrinsecamente relacionado ao
casamento, às relações de sangue, e muito menos na diferença de sexo do par, mas
sim na comunhão espiritual e de vida, que une as pessoas com mesmos objetivos e
comprometimento mútuo. Essas mudanças têm origem em diversos fatores e faz
com que levantemos o debate sobre o espaço e forma dessas novas famílias frente
ao reconhecimento legal e social das mesmas para a efetivação desse direito funda-
mental. Assim, o presente artigo objetiva sintetizar a evolução e transformação da
família no decorrer dos anos, bem como elencar esse novo cenário em que ela está
posta, trazendo a tona essas novas estruturas de família.
Palavras-chave: direitos fundamentais; família; sociedade.
Abstract
Currently the concept of family is linked to so many other obstacles and prejudices;
society, legislation and awareness of country people should understand that evolu-
tion is a reality of the family, so that there is a new social setting in which they oper-
ate new settings families. Thus, the element that characterizes the current family is
no longer intrinsically related to marriage, blood relations, and much less in the sex
difference of the pair, but the fellowship and spiritual life which unites people with
the same goals and commitment mutual. These changes stem from several factors
and causes that we raise the debate about space and shape these new families
across the social and legal recognition of same for the realization of this fundamental
right.
Keywords: fundamental rights, family, society.
INTRODUÇÃO
No movimento constante a que submetida à vida, depara-
se o estudioso com situações e circunstancia de ordem varia-
596
Laila Leticía Falcão Poppe
da, fazendo-o refletir e rever pontos de vista antes adotados,
frente à necessidade de encarar o novo e buscar as soluções
possíveis, conforme cada momento e especialmente, como
forma de não se deixar no vácuo questões que, ontem sequer
imaginadas, hoje apresentam-se em uma realidade de forma
concreta e a demandar a procura do posicionamento adequado.
O comportamento social e a vida familiar evoluíram. As
relações de convivência familiar e social já não são mais as
rigidamente estabelecidas anteriormente, em que o modelo
único de família, fundado na desigualdade e sustentado pelo
patriarcado, tinha na figura do homem a concentração do po-
der econômico e social da família. A família contemporânea
não se conforma mais com as atribuições rigidamente estabe-
lecidas pela qualidade de ser um homem ou mulher. Ser filho
não significa mais estar sujeito ao desígnio do pai, a família
contemporânea não é mais o lugar da perpetuação dos laços
de sangue e da preservação do nome e patrimônio dos ante-
passados, finalidades estas que se constituíam na razão de se
nascer e permanecer em família.
Como efeito das mudanças ocorridas na sociedade, há
uma modificação nos valores que esta trás consigo, prescin-
dindo que a consciência das pessoas e a legislação reconhe-
çam a necessidade premente de legitimação destas mudanças
para o pleno atendimento das muitas questões e anseios sur-
gidas na atualidade no tocante a mais primordial forma de
convivência humana.
De extrema relevância estudar esse novo perfil familiar,
que segue em direção a uma nova interpretação, a qual objeti-
va através do uso da reflexão acerca dos novos valores e an-
seios sociais desmistificar verdades tidas como absolutas e
imutáveis presentes no ordenamento jurídico no tocante ao
Direito de Família, que tanto obstaculiza a resolução e esclare-
cimento destas questões polêmicas.
Faz-se necessário, e é exatamente o que se pretende com
esse artigo, compreender a família contemporânea a partir de
uma visão pluralista, aberta e multifacetária, na qual esta insti-
tuição não pode ser compreendida como um fim em si mesmo,
sendo, ao contrário, um instrumento que prima pelo desenvol-
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
597
A família em um (novo) cenário de mudanças
1
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio
de Janeiro: Campus, 1992.
2
BARRETTO, Vicente de Paulo. Bioética, biodireito e direitos humanos.
Disponível em: <http://www.dhnet.com.br> Acesso em: 1 dez. 2012.
3
BOBBIO. Op. Cit., p. 104.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
599
A família em um (novo) cenário de mudanças
4
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das famí-
lias. 3.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 213.
7
FARIAS, Cristiano Chaves de. Escritos de Direito de Família. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 254.
9
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito de Família: Uma abordagem psi-
canalítica. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 452.
10
DIAS, Maria Berenice. Conversando sobre o direito das famílias. Porto
Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2004, p. 562.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
605
A família em um (novo) cenário de mudanças
11
DIAS. Op. Cit., p. 322.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A família é um conceito que estrapola a esfera juridica, e
muito antes de ser legal, é, sobretudo, sociológico, um produto
da nossa evolução social, sendo sua concepção jurídica altera-
da no decorrer dos tempos, reconhecendo-a no mundo fático e
12
Idem, Ibidem.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
607
A família em um (novo) cenário de mudanças
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TURKENICZ, Abraham. Organizações Familiares: contextualização
histórica da Família Ocidental. Curitiba: Juruá, 2002
Resumo
Vivemos em uma sociedade pragmatizada pela cultura heteronormativa, que não
aceita a homossexualidade no meio social. Diariamente pessoas são vítimas de ata-
ques físicos, verbais, sofrem as mais variadas formas de humilhações, tem seus sen-
timentos aniquilados, por uma atitude preconceituosa e segregadora. Tais fatos
ferem não somente os Direitos Humanos, mas sim anulam a dignidade da pessoa
humana. Nesta perspectiva, propomos aqui, uma reflexão crítica acerca da questão
da Homossexualidade, tendo em vista as relações que ela apresenta na conjuntura
social que estamos inseridos. Entendemos que quanto mais se problematizar a ques-
tão da Homossexualidade, mais irá se desmistificar as relações que envolvem as
pessoas que sentem atração por sujeitos do mesmo sexo. Compreendendo assim,
que antes das pessoas serem heterossexuais, homossexuais, bissexuais ou transexu-
ais, somos todos Seres Humanos.
Palavras-chave: direitos humanos. homofobia. homossexualidade. reflexão.
Abstract
We live in a pragmatic society for the heteronormative culture that doesn’t accept
the homosexuality in the society. Daily, people are victims by physical attacks, verbal
attacks, they suffer all the ways of humiliation, and they have their feelings annihi-
lated by an attitude prejudiced and segregated. Such facts hurt not only the Human
Rights, but cancel the dignity of human people. In this perspective, we purpose here,
1
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social
da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –
URI – São Luiz Gonzaga. Eixo Temático I – Fundamentos e Concretiza-
ção dos Direitos Humanos.
610
Leonardo Silveira Farías da Silva & Lucineide Orsolín
a critical reflection about the question of homosexuality, in a view of the relation
that it presents in a social conjuncture that we are in. We know that how much we
problematize the question of homosexuality, more will demystify the relations that
involves people that feel attraction for other people that have the same gender.
Comprising that even though people are heterosexual, homosexual, bisexual or
transsexual, we all are human beings.
Keywords: homophobia. Homosexuality. Human rights. Reflection
2
Eduardo Piza Gomes de Mello é advogado, especialista em Direito Pú-
blico, diretor do Sindicato dos Advogados de São Paulo (Sasp), diretor do
Gadvs (Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual), membro do IEN
4
Artigo “O serviço social frente à questão da violência” apresentado e
publicado nos Anais da XVI Jornada Nacional da Educação, realizada de
20 a 23 de agosto de 2012 no Centro Universitário Franciscano – UNIFRA
– Santa Maria (RS).
5
Grifo meu.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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617
Homofobia
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Resumo
Neste artigo, parte-se do pressuposto de que a dignidade é o fundamento dos direi-
tos humanos. Entende-se dignidade como valor moral subjetivo o que se mostra
como imperativo para respeitar o outro em sua alteridade. Sob este viés, os direitos
humanos podem ser concebidos como direitos universais, pois sendo a dignidade o
fundamento desses direitos, esta não se reduz e não se inscreve a partir e em de-
terminados contextos e culturas. O artigo divide-se em cinco partes. Na primeira
desenvolve-se a ideia da alteridade e o respeito ao diferente. Em um segundo mo-
mento, reflete-se como historicamente ocorreu a defesa de direitos para a humani-
dade. Em seguida, teoriza-se a dignidade inerente a cada ser humano que o torna
um ser de direitos. Em um quarto momento, visualiza-se o outro como um ser de
dignidade. Por fim, apresenta-se a ideia do respeito à dignidade inerente à subjetivi-
dade do outro. Trata-se de entender o outro como um ser de dignidade e, portanto,
de direitos para fazer valer os direitos humanos na sociedade.
Palavras-chaves: Alteridade. Dignidade. Direitos humanos. Respeito ao outro.
Abstract
This article presupposes dignity is the foundation of human rights. It is understood
dignity is a subjective moral value that shows it as imperative to respect others on
their alterity. Human rights can be designed as universal rights under this concep-
tion, inasmuch as a dignity the foundation of this rights, it is not reduced or inscribed
from a determined cultural context. This article is divided in five parts. First it is de-
veloped idea of alteriry and respect to the difference. Second, it is thought how
happened human rights defense on history. Third, bibliography about dignity every-
one owns that become each one in a dignity human been. Finely, it is shown the idea
of respect to the other dignity. Seeking understand others as dignity, and so, people
of rights to make human rights become truth.
Keywords: alterity, dignity, human rights, respect to each other.
624
Letícia Rieger Duarte & Noli Bernardo Hahn
INTRODUÇÃO
A Segunda Guerra Mundial é símbolo de diversas atroci-
dades que, após declarado seu fim, consolidaram-se direitos
inerentes a todos os seres humanos. São direitos baseados no
pressuposto de que todo ser humano tem valor moral2.
Entendendo todo ser humano como portador de dignida-
de, identifica-se a esfera do respeito como potencializadora de
relações mais humanas, já que todo ser humano, por ter um
valor moral, é diferente na sua subjetividade que transcende
para suas ações diante do mundo. O valor moral é, justamente,
incalculável, portanto não há como igualar seres subjetivos.
Na tentativa de explicitar esse tema, o artigo compõe-se
de cinco partes, quais sejam: o respeito ético ao outro; a Decla-
ração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) como um passo
para a consolidação de direitos de todos; o tema da dignidade
como fundamento da DUDH; o outro e sua dignidade e o res-
peito à dignidade que o outro possui. De forma geral, o texto
trata da fundamentação filosófica da existência de direitos co-
muns a todos, explicitados na DUDH.
3
RUIZ, Castor M. M. Bartolomé. Autonomia e alteridade, possibilidades e
fragilidades da ética como prática de subjetivação. In: PIZZI, Jovino;
PIRES, Cecília (orgs.). Desafios éticos e políticos da cidadania: ensaios
de Ética e Filosofia Política II. Ijuí: Editora Unijuí, 2006, p. 28.
4
SIDEKUM, Antonio. Ética e alteridade: a subjetividade ferida. São Leo-
poldo: Editora Unisinos, 2002, p. 21.
5
BELATO, Dinarte. A Democratização dos Direitos dos Povos. IV
FÓRUM SOCIAL MISSÕES: Todos os direitos para todos e todas. Univer-
18
PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Sarai-
va, 2009, p. 4.
19
STURZA, Janaína Machado; ROSA, Marizélia Peglow da. A educação
para pessoas com necessidades educativas especiais no Brasil: reflexos
trazidos pela declaração universal dos direitos humanos e pela emenda
constitucional 45. In: GORCZEVSKI, Clovis (org.). Direitos humanos,
educação e sociedade. Porto Alegre: Gráfica UFRGS, 2009, p. 116.
20
PINZANI, Alessandro. A cara de Janus dos direitos humanos: os direitos
humanos entre política e moral. In: LUNARDI, Giovani; SECCO, Márcio
(orgs.). Fundamentação filosófica dos direitos humanos. Florianópolis:
Editora da UFSC, 2010, p. 44.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
631
Direitos humanos: o respeito ao outro em sua dignidade
21
COLPANI, Clóvis Lopes. Teologia da Libertação e Teoria dos Direitos
Humanos. In: WOLKMER, Antonio Carlos (org.). Direitos Humanos e
Filosofia Jurídica na América Latina. Rio de Janeiro: Editora Lumen
Juris, 2004, p. 193.
22
ARAÚJO, Ulisses F. AQUINO, Júlio Groppa. Op. Cit., p. 11.
23
BELATO, Dinarte. Op. Cit.
24
CANDAU, Vera Maria et al. Oficinas pedagógicas de direitos humanos.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1995, p. 99.
25
PINZANI, Alessandro. Op. Cit., p. 38.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
633
Direitos humanos: o respeito ao outro em sua dignidade
26
KANT, Immanuel. Op. Cit., 2004, p. 65-66.
27
KANT, Immanuel. Op. Cit., p. 60.
28
LUNARDI, Giovani. A ética dos direitos humanos. In: LUNARDI, Giovani;
SECCO, Márcio (orgs.). Fundamentação filosófica dos direitos
humanos. Florianópolis: Editora da UFSC, 2010, p. 108.
29
KANT, Immanuel. Op. Cit., p. 52.
30
KANT, Immanuel. Op. Cit., p. 59.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
635
Direitos humanos: o respeito ao outro em sua dignidade
31
KANT, Immanuel. Op. Cit., p. 59.
32
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 66-67.
tro em que ocorre o diálogo com o diferente, que deve ser ético,
na medida em que há respeito.
A relação eu-outro não se dá sem fundamentos sólidos.
Estes são dois sujeitos comunicantes que partem de seu uni-
verso vivido para argumentar. Nesse sentido, Rubio afirma que
“[...] a obrigação moral de argumentar fundamenta-se no reco-
nhecimento do outro como um sujeito autônomo e de igual
dignidade, ato que se leva a cabo pela racionalidade ética-
originária”36.
Dois sujeitos comunicantes somente se respeitam e, ao
mesmo tempo, crescem através do diálogo, se a relação é au-
tenticamente vivida na alteridade. A condição da alteridade é
respeitar e deixar-se respeitar, portar direitos e não negar o
direito ao/à diferente. “Temos na alteridade um critério de dis-
cernimento ético a partir do qual deve pautar-se toda prática
humana”37.
36
RUBIO, David Sánchez. Op. Cit., p. 158.
37
RUIZ, Castor M. M. Bartolomé. Op. Cit., p. 27-28.
38
SIDEKUM, Antonio. Op. Cit., p. 150-151.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
639
Direitos humanos: o respeito ao outro em sua dignidade
39
SIDEKUM, Antonio. Op. Cit., p. 181-182.
40
BALESTRERI, Ricardo Brisolla. Op. Cit., p. 27.
41
VIOLA, Solon. Prefácio. In: LUNARDI, Giovani; SECCO, Márcio (orgs.).
Fundamentação filosófica dos direitos humanos. Florianópolis: Editora
da UFSC, 2010, p. 15.
42
RUIZ, Castor M. M. Bartolomé. Op. Cit., p. 29.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
641
Direitos humanos: o respeito ao outro em sua dignidade
CONCLUSÃO
O fundamento básico dos Direitos Humanos é de que to-
dos e todas possuem dignidade. Assim, cada pessoa possui
esse valor moral e inquestionável inerente em si que lhe garan-
te direitos. Os direitos humanos são uma luta histórica de di-
reito à alteridade ainda não vivenciados concretamente por
todos/as.
A luta por direitos só ocorre em uma sociedade que acre-
dita que esses direitos são reais e necessários. A educação
para os direitos humanos, nesse contexto, é tão necessária
quanto a proclamação de direitos, pois a efetivação deles de-
pende da ação de todos e todas e não apenas de sua promul-
gação.
REFERÊNCIAS
ARAGÃO, Daniel Maurício Cavalcanti de. Subjetividade do Outro,
processo de libertação e construção de direitos no contexto latino-
americano. In: WOLKMER, Antonio Carlos (org.). Direitos Humanos
43
BALESTRERI, Ricardo Brisolla. Op. Cit., p. 27.
LetíciaThomasi Jahnke
Mestranda do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Direito da
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI),
Campus Santo Ângelo-RS. Graduada em Direito e Especialista em Direito
Civil e Processo Civil pela Universidade Luterana do Brasil – ULBRA. Mem-
bro do Grupo de pesquisa de Direito e Sociobiodiversidade - GPDS, da
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM.
(leticia.thomasi@hotmail.com)
Mauro Gaglietti
Professor e Pesquisador do Mestrado em Direito da URI (Santo Ângelo,
Rio Grande - Brasil). Professor e Pesquisador da Faculdade IMED (Passo
Fundo, Rio Grande do Sul - Brasil). Coordenador do Curso de Pós-
Graduação em Mediação de Conflitos e Justiça Restaurativa. Coordenador
do LAW - Núcleo de Estudos e Pesquisas Luis Alberto Warat. Mestre em
Ciência Política/UFRGS e Doutor em História/PUCRS. Pesquisador Associa-
do ao grupo de estudo e pesquisa ética e direitos humanos na PUCRS (Por-
to Alegre, Rio Grande do Sul - Brasil), voltado à pesquisa da socioeduca-
ção, mediação e justiça restaurativa, registrado no diretório d o CNPq e
coordenado pela Profa. Dra. Beatriz Gershenson Aguinsky.
(maurogaglietti@bol.com.br)
Abstract
The Enlightenment ideals consolidated from a social pact in the form of a state of
law. A political and social pact that redounded in a National State, drawing upon
Kantian practical reason. In the XIX century, expanded as politically right proposition,
and located, in territorial sphere, universal values that effected a form of society
with well defined cultural dimensions. Producing significances and consensuses
around certain values, the liberal focus amalgamated, without cracks, the common
good and the good of all, equality, culture, identity and citizenship, ie, a variety of
concepts that became inextricably entwined, mixed up and energized in one time:
the singular and the universal; the otherness and the equal; the plurality and the
diversity, the status and the identity.
Palavras-chave: direitos humanos – multiculturalismo – identidade – democracia.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Concomitante, mas não linear, os direitos civis e políticos
fizeram parte dos movimentos sociais no século XVIII, e fize-
646
LetíciaThomasi Jahnke & Mauro Gaglietti
ram a base sobre a qual o estado dos deveres deu lugar aos
direitos do homem, ao estado dos direitos. Ainda no século
XIX, os movimentos da classe operária deram a partida para os
direitos sociais e econômicos, embora só com a ascensão das
políticas sociais, após a II Guerra Mundial o Estado de Bem
Estar Social alcanço êxito. O século XX, por seu turno, fez ber-
ço para os movimentos feministas, de gênero, de etnias; as
demandas de igualdade jurídica às minorias de todas as cores.
O século XXI iniciou refletindo a problemática da visibilidade
política e pública para todos e a cada um dos grupos minoritá-
rios, étnicos e culturais, e tendo que fazer valer a pluralidade
das representações políticas que repercutem na esfera pública.
Na atual forma de sociedade e no presente período de tempo,
os desafios são localizados e expandidos, de uma só vez; a
unidade e a diversidade demandam entendimento por meio do
diálogo entre os iguais e entre os diferentes grupos. O reco-
nhecimento de que vivemos em sociedades multiculturais,
composta de uma pluralidade de identidades, instiga a refle-
xão a respeito das dificuldades de sustentar a ideia de cidada-
nia e de identidade comuns, sem o devido reconhecimento das
culturas excluídas ou esquecidas, não reconhecidas, desde o
projeto moderno. São demandas de direito as diferenças e a
diversidade. De um lado a igualdade e a questão política de-
corrente da unidade da cidadania e dos direitos políticos e, de
outro, o reconhecimento da diferença e dos bens culturais es-
pecíficos de segmentos e grupos distintos. O fato é que se vive
o período de demandas culturais, como uma etapa a mais, pró-
pria da dinâmica dos direitos humanos,1 servindo de base à
reflexão a respeito da representatividade das particularidades
culturais na esfera pública, enquanto novas demandas coleti-
vas, não necessariamente universais. De modo que certas ca-
tegorias passam a ganhar sentido e significado se refletidas de
forma não isoladas, mas articuladas e associadas a um deter-
minado contexto histórico. O multiculturalismo, o reconheci-
mento e a cidadania, indicam para a inclusão dos indivíduos e
dos grupos sociais e de um pacto de reconhecimento cultural.
1
É provável que o século XXI seja aquele da consolidação das garantias
dos direitos sociais.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
647
O direito humano a ter direitos fundamentais
2
O Estado cooperativo constitucional é uma proposta desenvolvida por
Peter Häberle já na década de 70, do século XX. Cf, HÄBERLE, P. Estado
Constitucional Cooperativo. Tradução do original em alemão por Mar-
cos Augusto Maliska e Elisete Antoniuk. Rio de Janeiro: Renovar, 2007.
3
CANÇADO TRINDADE, Antonio Augusto. Relatório da IV Conferência
Nacional de Direitos Humanos. Brasília: Centro de Documentação e In-
formação – Coordenação de Publicidade, 2000. In: Conferência proferida
na Câmara dos Deputados, cf. p. 26.
4
VIEIRA, Liszt. Os Argonautas da Cidadania: a sociedade civil na globa-
lização. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 245.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
651
O direito humano a ter direitos fundamentais
5
HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: O breve século XX: 1914-1991.
Trad. Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. para o
autor “o século XX foi breve e extremado: sua história e suas possibili-
dades edificaram-se sobre catástrofe, incertezas e crises, decompondo o
construído ao longo século XIX”. Ressaltando o período de 1914 até de-
pois da segunda guerra, como aquele com efeitos dramáticos sobre os
direitos do homem, que tiveram alguns avanços durante o século XIX.
6
CAPELLA, Juan Ramón. Os cidadãos servos. Tradução: Lédio Rosa de
Andrade e Têmis Correia Soares. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris,
2002, p. 172. O autor afirma que se essas Declarações fossem dotadas de
eficácia processual em nível internacional, “a maioria dos governantes
do planeta estariam no cárcere”.
7
É um poder que nasce de uma convenção, afirma Bobbio. Diferentemen-
te da forma como se via a relação entre governos e governados. “Esse
ponto de vista representa a inversão radical do ponto de vista tradicio-
nal do pensamento político, seja do pensamento clássico, no qual as du-
as metáforas predominantes para representar o poder são a do pastor (e
o povo é o rebanho) e a do timoneiro, do gubernator (e o povo é a chus-
ma), seja no pensamento medieval (omnis potestas nisi a Deo). Dessa in-
versão nasce o Estado moderno: primeiro liberal, no qual os indivíduos
que reivindicam o poder soberano são apenas uma parte da sociedade;
depois democrático, no qual são potencialmente todos a fazer tal reivin-
dicação; e, finalmente, social, no qual os indivíduos, todos transforma-
dos em soberanos sem distinções de classe, reivindicam – além dos di-
reitos de liberdade – também os direitos sociais, que são igualmente di-
reitos do indivíduo”. Op. cit., 1992, p. 100.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
653
O direito humano a ter direitos fundamentais
8
Segundo Lopes, p. 43, “há sempre, quando se invoca a proteção dos
direitos humanos, uma situação de desiquilíbrio estrutural de forças: de-
siquilíbrio estrutural e não conjuntural, essencial e não contingente ou
acidental, por essência e não per accidens. A vítima da violação, seja um
indivíduo ou um grupo, é permanente e estruturante subordinada ao au-
tor da violação, visto que a violação parte de uma organização que reúne
meios de forma permanente, capazes de violar de contínuo a dignidade
da mesma vítima ou de outras em posição semelhante”.
9
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Tradução: Carlos Nelson Couti-
nho. Editora Campus. Rio de Janeiro, 1992.p. 28.
10
Idem, ibidem.
11
BOBBIO, op. cit., 1992, p. 29.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
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25 e 26 de abril de 2013
655
O direito humano a ter direitos fundamentais
20
Entre esses direitos destaca-se o direito ao sufrágio universal, o de fun-
dar partidos políticos e aquelas garantias/direitos plebicitários, referen-
dários e de iniciativa da população.
21
BOBBIO, op. cit., 1992, p. 32-33.
25
TOURAINE, Alain. O que é democracia? Petrópolis: Vozes, 1996. p. 105.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, a fomentação de núcleos de poderes arbitrários,
contribuindo definitivamente para marcar a função impessoal
da autoridade (o poder por autorização), estabelecendo limites
aos governantes e seus interesses particulares, em benefício
da coletividade. Esses interesses, vontades humanas que osci-
lam num paralelo justaposto entre a racionalidade e a irracio-
nalidade, ficam sujeitados ao Direito posto para dar funcionali-
dade e finalidade ao Estado, com suas respectivas instâncias
de poderes, competências e legitimidades. Mas em nível inter-
nacional os direitos humanos não se tornaram ainda um roteiro
emancipatório, um referencial de civilização humanizada para
todos. A esse respeito, Santos se refere que os direitos huma-
nos são tomados a partir de vários critérios: como critério para
“avaliação das violações dos direitos humanos, complacência
para os ditadores amigos do Ocidente, defesa do sacrifício dos
direitos humanos em nome dos objetivos do desenvolvimento –
tudo isso tornou os direitos humanos suspeitos como roteiro
emancipatório”26.
Já em oposição ao mercado capitalista que visa a homo-
geinização dos comportamentos e das culturas, expropriadora
da humanidade dos grupos étnicos em particular, há pressu-
posição de que “o princípio da igualdade seja atualizado de
par com o princípio do reconhecimento da diferença”27, a fim de
que, os direitos humanos, possam servir como patamar de dig-
26
SANTOS, Boaventura de Souza (org.). Reconhecer para libertar: os ca-
minhos do cosmopolitismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Bra-
sileira, 2003. p. 429.
27
Idem, p. 458.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
661
O direito humano a ter direitos fundamentais
REFERÊNCIAS
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mocrático de direito. Frederico Westphalem: URI, 1988.
ARENDT, Hannah. Crise da República. São Paulo: Perspectiva, 1973.
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Tradução: Carlos Nelson Cou-
tinho. Editora Campus. Rio de Janeiro, 1992.
CANÇADO TRINDADE, Antonio Augusto. Relatório da IV Confe-
rência Nacional de Direitos Humanos. Brasília: Centro de Documen-
tação e Informação – Coordenação de Publicidade. In: Conferência
proferida na Câmara dos Deputados, 2000.
CAPELLA, Juan Ramón. Os cidadãos servos. Tradução: Lédio Rosa
de Andrade e Têmis Correia Soares. Porto Alegre: Sergio Antonio
Fabris, 2002.
28
ONU. Organização das Nações Unidas. Disponível em: <http://www.
ohchr.org/EN/UDHR/Pages/Language.aspx?LangID=por>. Acesso em
08 de abr. de 2013.
29
ARENDT, Hannah. Crise da República. São Paulo: Perspectiva, 1973.
Dando sentido latino a palavra societas, “uma ‘aliança’ entre todos os
indivíduos membros que depois de estarem mutuamente comprometi-
dos fazem um contrato de governo”. Diz Arendt: “Eu chamo isto de ver-
são horizontal do contrato Social. Tal contrato limita o poder de cada in-
divíduo membro mas deixa intacto o poder da sociedade; a sociedade
então estabelece um governo ‘sobre o firme terreno de um contrato ori-
ginal entre indivíduos independentes’. Todos os contratos, convênios e
acordos se apóiam na reciprocidade, e a grande vantagem da versão ho-
rizontal do contrato social é que esta reciprocidade liga cada um dos
membros a seus colegas cidadãos”. p. 77-78.
Abstract
This present study aims to show possible perspectives for the effective conservation
of protection of the urban environment. There for, situates the Municipality in the
juridical context, acknowledging juridical competency designated to it by the Federal
Constitution of 1988. With basis in the analysis of its economical, social, cultural and
environmental development aims to preserve the right to a health environment. By
the finalities of constitutional economic order, glimpses the reach of sustainability,
trough the acting of Municipal Government in determinations and guidelines that
will integrate public planning, in regard of the environmental sphere, through the
Director Plan, specified in the 10.257/01 Law, the Cities Status. Starting from this
premise, brings to the discussion the Human Rights in order to credit if there is any
parallels between the quality of the environment and human rights.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Através deste trabalho pretende-se expor a ligação e a
necessidade do equilíbrio entre meio ambiente e meio social
com os direitos humanos. Deste modo traz a voga o artigo 182
da Constituição Federal, que traz a política de desenvolvimen-
to urbano, a ser desenvolvida pelo Poder Público municipal,
conforme diretrizes gerais fixadas em lei tem por objetivo or-
denar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade
e garantir o bem-estar de seus habitantes.
A efetivação do artigo 182 da Constituição Federal de
1988 se encontra na Lei Federal 10.257/01, o Estatuto das Ci-
dades. Já nos seus primeiros artigos nota-se um olhar diferen-
ciado em relação a busca de um meio ambiente equilibrado,
preconizando uma melhor qualidade de vida, através do plano
diretor.
Neste sentido, analisa-se a questão ambiental concomi-
tantemente com os direitos humanos. Em razão da busca pela
sustentabilidade, o plano diretor deve ter diretrizes objetivas e
com reais chances de efetividade. Deste modo, proporcionará
uma vida digna aos seres humanos, ou seja, nota-se que os
direitos humanos operam na esfera social, mas também podem
ser associados ao contexto ambiental.
1
GUIMARÃES, Juliana Pita. Competência constitucional dos Municípios
em matéria ambiental. COUTINHO, Ronaldo. ROCCO, Ronaldo. (orgs.).
In: O Direito Ambiental das Cidades. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2009.
2
“O direito fundamental reconhecido no art. 225 da CF, de que todos têm
direito a uma ‘sadia qualidade de vida e meio ambiente ecologicamente
equilibrado’, trouxe à tona uma análise mais extensiva da expressão
Meio Ambiente.” SEGUIN, Elida. Direito Ambiental: nossa casa plane-
tária. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 17.
3
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental. São
Paulo: Saraiva, 2010. p. 86.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
667
Desenvolvimento sustentável e função ambiental da propriedade...
4
LEITE, José Rubens Morato; FERREIRA, Heline Sivini. Tendências e
perspectivas do Estado de Direito Ambiental no Brasil. FERREIRA, Heli-
ne Sivini; LEITE, José Rubens Morato; BORATTI, Larissa Verri (org.).
In: Estado de Direito Ambiental: tendências. 2. ed. Rio de Janeiro: Fo-
rense Universitária, 2010.
5
BRASIL. Lei 10.257/01. Estatuto das Cidades. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm>. Aces-
so em 05 abr. de 2013.
6
Idem.
7
Brundtland apud SCHARF, Regina. Manual de Negócios Sustentáveis.
São Paulo, Amigos da Terra, 2004. p. 19.
8
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental. São
Paulo: Saraiva, 2010. p.87.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
669
Desenvolvimento sustentável e função ambiental da propriedade...
9
BRASIL. Lei 10.257/01. Estatuto das Cidades. Op. Cit.
10
BRASIL. Lei 10.257/01. Estatuto das Cidades. Op. Cit.
11
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental. São
Paulo: Saraiva, 2010. p.439.
12
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em < http://www.
planalto. gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Aces-
so em 05 abr. 2013.
13
BOSSELMANN, Klaus. Direitos humanos, meio ambiente e sustentabili-
dade. In.: SARLET, Ingo Wolfgang (org.). Estado socioambiental de di-
reitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. p.75.
14
BOSSELMANN, Klaus. Op. Cit. p.76.
15
Idem. p. 83.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As ações do Poder Público Municipal devem estar direci-
onadas à valorização e preservação do patrimônio, constando
de seus programas projetos de educação e conscientização
sobre a importância da preservação do patrimônio cultural.
Para tanto, no atual contexto brasileiro, a inclusão de uma polí-
16
BRASIL. Declaração da ECO-92 sobre Ambiente e Desenvolvimento.
Disponível em: <http://www.abdl.org.br/article/view/1824/1/247>.
Acesso em 07 de abr. de 2013.
17
BOSSELMANN, Klaus. Op. Cit. p.92-93.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
673
Desenvolvimento sustentável e função ambiental da propriedade...
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BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em <
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______. Declaração da ECO-92 sobre Ambiente e Desenvolvimento.
Disponível em: <http://www.abdl.org.br/article/view/1824/1/247>.
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ro: FGV, 1991.
SCHARF, Regina. Manual de Negócios Sustentáveis. São Paulo,
Amigos da Terra, 2004.
Resumo
O objetivo deste artigo consiste em analisar se o progresso médico tem respeitado a
dignidade do ser humano, também, no fim da vida. Assim, a partir do estudo da
bioética e seus princípios, verificar-se-á se os avanços científicos, que acontecem
numa velocidade bastante rápida, oferecendo tratamento, aparelhos e remédios
estão sendo utilizados para melhorar a vida dos enfermos ou se sua prática ocorre
de forma indiscriminada, sem avaliar os riscos-benefícios de cada quadro clínico. A
dignidade do homem deve prevalecer e ser respeitada em todas as situações, uma
vez que em muitos casos a tecnologia científica, em vez de auxiliar o enfermo, se
limita a prolongar seu sofrimento e a reduzir sua qualidade de vida. Os métodos
utilizados para estruturar a pesquisa foram: método de abordagem: dedutivo e sis-
têmico, método de procedimento: histórico e hermenêutico, e método de técnicas
de pesquisa: documental indireta.
Palavras-chave: bioética, dignidade da pessoa humana, morte digna.
Abstract
The present article aims to examine whether medical progress has respected the
dignity of the human being, especially at the end of life. Thus, from the study of
bioethics and its principles, it is verified whether the scientific advances, which hap-
pen at a fast speed, on treatment, equipment and medicines, are being used in order
to improve the lives of sick people or its practice occurs indiscriminately, without
evaluating the risks and benefits of each clinical condition. The dignity of man shall
prevail and be respected in all situations, because, in many cases, the scientific tech-
nology, instead of helping, merely prolong the suffering and reduce the quality of
676
Liana Maria Feix Suski, Fernanda Michels Müller & Janice Demozzi
life. It is adopted the deductive and systemic methods of approach, and historical
and hermeneutical methods of procedure, while the research technique is indirect
documental.
Keywords: bioethics, human dignity, dignified death.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O direito à vida é o bem mais valioso que um ser humano
pode ter. É certo que assim como nascemos involuntariamente,
do mesmo modo vamos morrer, é um ciclo necessário. Nesse
aspecto, quando se fala que todos um dia chegarão ao momen-
to da morte, se torna indispensável falar em um fim da vida de
forma digna.
Os avanços na área médica trazem contribuições signifi-
cativas aos pacientes que ganham a possibilidade de cura de
uma determinada doença, antes sem tratamento. Os benefícios
proporcionados pelos avanços científicos vão desde a cura de
muitas doenças até a possibilidade de manter apenas o corpo
vivo. Não obstante, essas novas técnicas terapêuticas condu-
zem para um grande paradoxo. De um lado, o tratamento e a
cura de diversas enfermidades que não tinham perspectiva
alguma, novas drogas, métodos de fertilização, clonagem hu-
mana, entre outros avanços. Do outro lado, essa superestrutura
que faz com que o paciente tenha uma vida nos leitos dos hos-
pitais e unidades de tratamentos intensivos, nem sempre efi-
cazes e desejados.
O presente artigo buscará analisar se o progresso médico
tem respeitado a dignidade do ser humano, também, no fim da
vida. Assim, a partir do estudo da bioética e seus princípios,
verificar-se-á se os avanços científicos, que acontecem numa
velocidade bastante rápida, e o princípio da dignidade da pes-
soa humana, são respeitados, de forma a proporcionar uma boa
morte.
1
PITHAN, Lívia Haygert. A dignidade humana como fundamento jurídi-
co das “ordens de não-ressuscitação” hospitalares. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2004. p. 23.
2
FERNÁNDEZ, Javier Gafo. 10 palavras-chave em bioética: bioética,
aborto, eutanásia, pena de morte, reprodução assistida, manipulação
genética, AIDS, 117drogas, transplantes de órgãos, ecologia. Tradução
de Maria Luisa Garcia Prada. São Paulo: Paulinas, 2000. p. 16-17.
3
PITHAN, Lívia Haygert. A dignidade humana como fundamento jurídi-
co das “ordens de não-ressuscitação” hospitalares. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2004. p. 23
4
FERNÁNDEZ, Javier Gafo. 10 palavras-chave em bioética: bioética,
aborto, eutanásia, pena de morte, reprodução assistida, manipulação
genética, AIDS, 117drogas, transplantes de órgãos, ecologia. Tradução
de Maria Luisa Garcia Prada. São Paulo: Paulinas, 2000. p. 19.
5
ALMEIDA, Aline Mignon de. Bioética e biodireito. Rio de Janeiro: Lu-
men Juris, 2000. p. 3-4.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
679
Bioética e o fim da vida
6
FERNÁNDEZ, Javier Gafo. 10 palavras-chave em bioética: bioética,
aborto, eutanásia, pena de morte, reprodução assistida, manipulação
genética, AIDS, 117drogas, transplantes de órgãos, ecologia. Tradução
de Maria Luisa Garcia Prada. São Paulo: Paulinas, 2000. p. 24.
7
ALMEIDA, Aline Mignon de. Bioética e biodireito. Rio de Janeiro: Lu-
men Juris, 2000. p. 07.
8
DIAS, Maria Berenice. Vida ou morte: aborto e eutanásia. In: MAGNO,
Arthur. GUERRA, Silva. Biodireito e Bioética. Rio de Janeiro: Editora
América Jurídica, 2005. p. 210-211.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
681
Bioética e o fim da vida
9
NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. O princípio constitucional da dignidade
da pessoa humana: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 2002.
10
PITHAN, Lívia Haygert. A dignidade humana como fundamento jurídi-
co das “ordens de não-ressuscitação” hospitalares. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2004. p. 58.
11
DWORKIN, Ronald. Domínio da vida: aborto, eutanásia e liberdades
individuais. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Editora
WMF Martins Fontes, 2009. p. 334.
12
EICK, Julie; RODRIGUES, Jorge Arthur Moojen. A eutanásia frente ao
direito a vida (fé e constituição). In: GORCZEVSKI, Clovis. Direitos Hu-
manos, tomo 4: A quarta geração em debate. Porto Alegre: Editoração
eletrônica: Luciane Delani. p. 138.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
683
Bioética e o fim da vida
13
DIAS, Maria Berenice. Vida ou morte: aborto e eutanásia. In: MAGNO,
Arthur. GUERRA, Silva. Biodireito e Bioetica. Rio de Janeiro: Editora
América Jurídica, 2005. p. 207.
14
GEBLER, Marie-Josèphe. Le droit français de filiation et la verité.
Préface de Denis Tallon; exposé introdutif de Pierre Coulombel. Paris:
Libraire générale de droit et de jurisprudence, 1970. p. 16.
15
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. São Paulo: Saraiva,
2001. p. 336.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
685
Bioética e o fim da vida
16
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. São Paulo: Saraiva,
2001. p. 374.
17
DALLARI, Dalmo de Abreu. A vida como valor ético. In: Bioética e direi-
tos humanos. Disponível em: http://www.eurooscar.com/Direitos-
Humanos/direitos-humanos25.htm. Acesso em: 7 jan. 2012.
18
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fun-
damentais na Constituição Federal de 1988. 2 ed. ver. ampl. Porto Ale-
gre: Livraria do Advogado, 2002. p. 41-2.
19
D’AGOSTINHO, Francisco. Bioética: segundo o enfoque da filosofia do
direito. São Leopoldo: UNISINOS, 2006. p. 73.
20
D’AGOSTINHO, Francisco. Bioética: segundo o enfoque da filosofia do
direito. São Leopoldo: UNISINOS, 2006. p. 73.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
687
Bioética e o fim da vida
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo com a medicina moderna, ainda existem casos em
que esta nada pode fazer para ajudar no tratamento ou na cura
de um paciente. Os benefícios da medicina são indiscutíveis e
de extrema importância, uma vez que seus avanços são res-
ponsáveis pela melhora da qualidade e longevidade da vida
das pessoas. Contudo, é necessário fazer um balanço: até que
ponto os recursos devem ser aplicados, pois nem todos virão
simplesmente para ajudar o paciente, podendo também conter
riscos na sua aplicação (efeitos colaterais).
Sendo obrigação do médico zelar sempre pelo bem estar
do paciente, deve fazer de tudo para que sua atitude seja
aquela que melhor satisfaz, pois o princípio da beneficência,
defendido pela bioética como o ato mais benéfico, nem sempre
é o tratamento. Às vezes, é preferível morrer a submeter-se a
tratamentos extraordinários e excessivos.
Assim, ao se afirmar que o processo de morrer faz parte
da vida humana, que como tal deve ser vivida com dignidade,
parece aceitável tutelar que a morte é parte da vida e o direito
à vida implica garantia de uma vida com dignidade, sendo,
portanto, possível argumentar pela existência de um direito à
morte digna. Em suma, o estudo teve a intenção de defender
que o essencial ao ser humano não é apenas viver, mas viver
bem e com dignidade até os últimos momentos da vida.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Aline Mignon de. Bioética e biodireito. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2000.
D’AGOSTINHO, Francisco. Bioética: segundo o enfoque da filosofia
do direito. São Leopoldo: UNISINOS, 2006.
DALLARI, Dalmo de Abreu. A vida como valor ético. In: Bioética e
direitos humanos. Disponível em: htto://www.eurooscar.com/
Direitos-Humanos/direitos-humanos25.htm. Acesso em: 7 jan. 2012
DIAS, Maria Berenice. Vida ou morte: aborto e eutanásia. In:
MAGNO, Arthur. GUERRA, Silva. Biodireito e bioética. Rio de Janei-
ro: Editora América Jurídica, 2005. p. 210-211
Resumo
O presente artigo aborda o tema dos direitos humanos e da cidadania, com base nas
contribuições da filosofia política de Hannah Arendt e comentadores. A autora abor-
da a questão a partir da análise da condição dos apátridas, criticando a ilusão funda-
cionista dos direitos humanos e formulando o conceito de cidadania como o direito a
ter direitos. Discutir direitos humanos e cidadania, numa visão arendtiana, implica
refletir sobre conceitos como liberdade, ação, pluralidade e espaço público, sem os
quais a noção de cidadania, enquanto participação efetiva dos cidadãos na vida polí-
tica, é destituída de sentido. Por fim, destaca-se a necessidade de reconciliação com
o mundo, para que a cidadania seja realmente vivenciada, assegurando-se um mun-
do comum, onde os cidadãos possam se sentir em casa, assumindo uma atitude de
cuidado e preservação deste espaço.
Palavras-chave: Cidadania. Direitos Humanos. Espaço Público. Liberdade. Amor
Mundi.
Abstract
This article addresses the issue of human rights and citizenship, based on contribu-
tions to political philosophy of Hannah Arendt and his commentators. The author
approaches the issue from the analysis of the condition of stateless, criticizing a
foundationalist illusion of human rights and formulating the concept of citizenship as
the right to have rights. Discuss human rights and citizenship, a vision Arendt implies
reflecting on concepts like freedom, action, diversity and public space, without
which the notion of citizenship as active participation of citizens in political life, is
meaningless. Finally, we highlight the need for reconciliation with the world, so that
citizenship is really experienced, ensuring a common world, where citizens can feel
at home, assuming an attitude of care and preservation of this space.
Keywords: Citizenship. Human Rights. Public Space. Freedom. Word Love.
690
Lizandra Andrade Nascimento & Gomercindo Ghiggi
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Odílio. Filosofia e política no pensamento de Hannah
Arendt. Fortaleza: UFC Edições, 2001.
ARENDT, Hannah. A condição humana. Trad. Roberto Raposo. Rio
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São Paulo: Ática, 1988; Brasília: Ed. UnB, 1985.
_______. Entre o passado e o futuro. Trad. Mauro W. Barbosa. São
Paulo: Perspectiva, 1972.
Resumo
O presente artigo, aborda a temática dos Direitos Humanos e a pessoa privada de
liberdade, resgata de forma breve a origem dos Direitos humanos enfatizando a
Revolução Francesa, processo histórico no Brasil a importância da Declaração Uni-
versal. Ressalta também, a origem das prisões, a Lei de Execução Penal, bem como
as mais diversas formas de violações dos Direitos Humanos no Sistema Penitenciário.
Palavras-chave: Direitos Humanos, Pessoa Privada de Liberdade.
Abstract
This article addresses the issue of Human Rights and the person deprived of liberty,
rescues briefly the origin of Human Rights, emphasizing the French Revolution, the
historical process in Brazil and the importance of the Universal Declaration. It em-
phasizes the origin of prisons, the Penal Execution Law, as well as the various forms
of human rights violations in the Prison System.
Keywords: Human Rights, person deprived of liberty.
A HISTÓRIA DA PRISÃO
Antes de adentrarmos na discussão sobre pena privativa
de liberdade, faz-se necessário realizar uma breve explanação
sobre a evolução das prisões. Desde a antiguidade o sistema
prisional é baseado no modelo punitivo e coercitivo, onde os
reclusos eram considerados, “lixo da sociedade”, totalmente
despossuídos de direitos. Como forma de castigo, utilizavam a
pena de morte e para crimes mais graves, o suplício, entendido
como um castigo corporal, cruel e doloroso. De acordo com
Foucault, o suplício é caracterizado uma “Pena Corporal, dolo-
rosa, mais ou menos atroz”, e acrescentava: é um fenômeno
inexplicável à extensão da imaginação dos homens para a bar-
bárie e crueldade (FOUCAULT, 2010, p.35).
Como vimos, o corpo dos sujeitos era mantido como obje-
to de punição e massacre. Entendia-se que a partir do momen-
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
713
Direitos humanos e pessoa privada de liberdade
REFERÊNCIAS
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948.
Resumo
Analisando as frequentes mudanças na hodierna conjuntura social, econômica, polí-
tica, científica e tecnológica, verificam-se diversas implicações no Direito do Traba-
lho. O avanço tecnológico paulatinamente mostra-se mais intenso, provocando,
muitas vezes, a diminuição dos postos de trabalho em larga escala. Este fenômeno
tem fomentado e justificado, para muitos, a ocorrência da flexibilização dos direitos
trabalhistas. O presente trabalho, utilizando-se do método dedutivo, tem por escopo
discutir esta flexibilização no contexto da efetivação dos direitos humanos. Assim
sendo, cotejar-se-á inicialmente a relação histórica entre o Direito do Trabalho e os
Direitos Humanos, para então apresentar os conceitos inerentes à flexibilização dos
direitos trabalhistas e, ao final, refletir se a flexibilização pode vir ou não a compro-
meter a efetivação dos direitos humanos já estabelecidos.
Palavras-Chave: Direito do Trabalho. Direitos Humanos. Flexibilização de direitos.
1
Eixo Temático I - Fundamentos e Concretização dos Direitos Humanos –
do I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia.
726
Lucena Cavalheiro Pletsch & Iásin Schäffer Stahlhöfer
Abstract
Analyzing the frequent changes in today's social, economic, political, science and
technology, there are several implications in Labor Law. Technological advances
gradually seems more intense, causing often the reduction of jobs on a large scale.
This phenomenon has fostered and justified, for many, the occurrence of flexibiliza-
tion of labor rights. The present study, using the deductive method, has aim to dis-
cuss this in the context of the effectuation of human rights. Therefore, it will collate
initially the historical relationship between the Labour Law and Human Rights, and
then it will present the concepts intrinsic of flexibility of labor rights and, ultimately,
reflect the flexibility can come or not to confrontation the effectiveness human
rights already established.
Keywords: human rights. labor rights. flexibilization of rights.
INTRODUÇÃO
O mundo do trabalho vive em constante mudança, haja
vista que a vida em sociedade não é estática, pelo contrário é
dinâmica e suas transformações repercutem em todas as esfe-
ras da organização em sociedade, seja na economia, seja na
política, seja no trabalho. Esse contexto, marcado pela expan-
são do capitalismo, desencadeou o processo da globalização e
o crescente avanço tecnológico que, aliado as crises cíclicas da
economia, tem amparado e justificado o processo de flexibili-
zação das leis trabalhistas.
Ocorre que a flexibilização consiste na supressão daquela
que é a base princípiológica do Direito do Trabalho, ou seja, a
proteção ao trabalhador que está em patamar de desigualdade
frente ao empregador que detém o poder econômico. Ademais,
reduzindo-se os direitos fundamentais dos trabalhadores, dei-
xa-se de contemplar pelo ordenamento jurídico pátrio uma sé-
rie de Direitos Humanos consolidados através dos tempos,
agravando ainda mais a efetividade destes direitos.
Nesta seara, o presente trabalho visa a expor algumas
formas de flexibilização das leis trabalhistas e suas implica-
ções ao trabalhador, como ser humano sujeito de direitos fun-
damentais. Para tanto, utilizar-se-á o método de abordagem
dedutivo, cotejando inicialmente o Direito do Trabalho e os Di-
reitos Humanos, para contextualizar a atual organização do
trabalho e por fim trabalhar com os conceitos inerentes à flexi-
bilização dos direitos trabalhistas.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
727
A flexibilização dos direitos trabalhistas no contexto da efetivação...
2
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 24 Ed. São Paulo: Atlas,
2008. p. 04-05.
3
CONVENÇÃO NACIONAL FRANCESA. Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão. 1793. Disponível em <http://www.dhnet.org.br
/direitos/anthist/dec1793.htm>. Acesso em 09 abr 2013.
4
Ibidem. p. 08.
5
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos
Direitos Humanos. 10 dez 1948. Disponível em <http://unicrio.org.br
/img/DeclU_D_HumanosVersoInternet.pdf>. Acesso em 09 abr 2013.
6
COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos
Humanos. 4 Ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 01.
7
LUÑO, Antonio E. Pérez. Derechos humanos: estado de derecho y
constituición. 5 Ed. Madrid: Tecnos, 1995. p. 30-31.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
729
A flexibilização dos direitos trabalhistas no contexto da efetivação...
8
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 out 1988.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm>. Acesso em 09 abr 2013.
9
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Atlas,
2012. p. 54.
10
SOUZA JUNIOR, Adelson Barbosa, et al. Teorias administrativas: a
evolução em decorrência das necessidades. Disponível em <http://
www.administradores.com.br/artigos/administracao-e-negocios/
teorias-administrativas-a-evolucao-em-decorrencia-das-necessidades/
35538/>. Acesso em 08 abr 2013.
11
CERQUEIRA, Wagner de. Taylorismo e Fordismo. Disponível em
<http://www.brasilescola.com/geografia/taylorismo-fordismo.htm>.
Acesso em 09 abr 2013.
12
DANELLI, Sônia Cunha de Souza. Livro Projeto Araribá 8º ano. 2 Ed.
São Paulo: Moderna, 2007. Disponível em
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
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estrutural-e-desemprego.html>. Acesso em 09 abr 2013.
13
CAMPOS, Ginez Leopoldo Rodrigues de. Cooperativas de Trabalho e
Flexibilização Produtiva: quando “estar juntos” transforma-se em uma
estratégia perversa de exclusão. Salvador: Centro de Recursos
Humanos, 2004, p. 274.
14
POCHMANN, Marcio, et al. Catálogo da produção acadêmica sobre
reestruturação produtiva e relações do Trabalho. Campinas: Fundação
UNITRABALHO/UNICAMP – Instituto de Economia, 1998. passim.
15
Neste sentido, ver: MORITZ, Gilberto de Oliveira; LINHARES, João Nilo.
Gestão empresarial: o desafio das organizações brasileiras no século
XXI. Disponível em <http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivo/
secex/sti/indbrasopodesafios/nexcietecnologia/Moritz.pdf>. Acesso em
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16
ROBORTELLA, Luiz Carlos Amorim. O moderno direito do trabalho. São
Paulo: LTr, 1994. passim.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
733
A flexibilização dos direitos trabalhistas no contexto da efetivação...
17
BRASIL. Medida Provisória n° 2.164-41, de 24 de agosto de 2001. Altera a
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, para dispor sobre o trabalho a
tempo parcial, a suspensão do contrato de trabalho e o programa de
qualificação profissional, modifica as Leis nos 4.923, de 23 de dezembro
de 1965, 5.889, de 8 de junho de 1973, 6.321, de 14 de abril de 1976,
6.494, de 7 de dezembro de 1977, 7.998, de 11 de janeiro de 1990, 8.036,
de 11 de maio de 1990, e 9.601, de 21 de janeiro de 1998, e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 27 ago 2001. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/mpv/2164-41.htm>. Acesso em 08 abr 2001.
18
BRASIL. Emenda Constitucional n° 32. Altera dispositivos dos arts. 48,
57, 61, 62, 64, 66, 84, 88 e 246 da Constituição Federal, e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 12 set 2001. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm>. Acesso em 08 abr
2013.
21
ALVES, Giovanni. O novo (e precário) mundo do trabalho::
reestruturação produtiva e crise do sindicalismo. São Paulo: Boitempo
Editorial, 2000. p. 264-265.
22
MARTINS, Sérgio Pinto. Op. Cit. p. 09.
23
Ibdem. p. 265.
24
Idem. p. 266.
CONCLUSÃO
A existência de cartas de Direitos Humanos é pacífica, fa-
to conflituoso, entretanto, é a efetividade dos Direitos Huma-
nos. Neste contexto, a flexibilização amparada no discurso da
necessidade de adequação a volatilidade do mercado tem se
operado a custo de supressão da legislação protetiva da classe
25
ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação
do trabalho. São Paulo: Boitempo Editorial, 2002. p. 200.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
737
A flexibilização dos direitos trabalhistas no contexto da efetivação...
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turação produtiva e crise do sindicalismo. São Paulo: Boitempo Edi-
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ção do trabalho. São Paulo: Boitempo Editorial, 2002.
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Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05
out 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 09 abr 2013.
_______. Decreto-Lei n° 5.452, de 1° de Maio de 1943. Aprova a Con-
solidação das Leis do Trabalho. Diário Oficial [da] República Fede-
Resumo
A urbanização já atinge metade da população mundial e tende a aumentar com o
decorrer do tempo. Emerge uma modificação da sociedade antes agrária em urbana.
Isso reflete na maciça aglomeração informal da população nas cidades, sem qual-
quer infraestrutura. O atual contexto urbano traz os serviços urbanos cada vez me-
nos capazes de atender essa nova perspectiva, gerando grandes controvérsias acerca
das questões envolvendo a cidade e a urbanização. O direito à cidade é reflexo de
um espaço coletivo diverso dessa realidade, através de um processo educativo que
impulsiona uma visão consciente do cidadão acerca desses problemas, e com isso,
cria condições de que esse espaço público seja melhor utilizado, enfatizando direitos
mínimos e imprescindíveis ao exercício pleno da cidadania e da dignidade da pessoa
humana. A cidade educadora respeita os direitos a uma moradia sadia, a uma edu-
cação emancipadora de seus cidadãos, a cultura do coletivo, e acima de tudo, reflete
sua função social a partir da categoria desse novo direito de natureza difusa.
Palavras-chave: Cidadania. Direito à Cidade. Espaço Coletivo. Educação.
Abstract
The urbanization already reaches half the world's population and tends to increase
with time. Emerge a change in agrarian society before urban. This reflects the mas-
sive informal agglomeration of population in cities, without any infrastructure. The
current urban context brings urban services increasingly less able to meet this new
perspective, generating great controversies about the issues involving the city and
urbanization. The right to the city is a reflection of a diverse collective space that
reality through an educational process that promotes a vision of the citizen aware
about these issues, and in doing so creates conditions that public space is better
utilized, emphasizing rights and minimal essential the full exercise of citizenship and
742
Luciana Borella Camara & Elenise Felzke Schonardie
human dignity. The city educator respects the rights to a healthy housing, the eman-
cipatory education of its citizens, the collective culture, and above all, reflects its
social function from this new category of right of diffuse nature.
Keywords: Citizenship. Right to the City. Space Collective. education
INTRODUÇÃO
O direito à cidade é o elemento principal para a constru-
ção de uma vivência cidadã, ou seja, propicia o surgimento de
uma cidade que almeje a cidadania através dos movimentos
educativos, bem como, indica um marco democrático através
da participação do cidadão na governabilidade.
A cidade é o lócus para a expansão de assuntos ligados
aos direitos humanos. Uma cidade civilizada é aquela que
agrega os direitos de todos os grupos sociais. Uma cidade ci-
dadania se dá através de um processo educativo que auxilie na
construção de uma cultura coletiva, de um espaço social, de
participação do cidadão em uma democracia não somente com
o voto, mas também através da informação, do debate de
questões de interesse coletivo.
Pretende-se demonstrar que a educação, dentro desse
contexto urbano da cidade pode servir de instrumento para
construir uma democracia ainda mais participativa do cidadão,
ao passo que ensina a perceber a cidade não só como um es-
paço que abriga grandes complexidades acerca da questão
urbana, mas também, que pode ser um espaço de igualdade,
de tolerância, de convivência participativa, democrática e
principalmente capaz de ensinar a importância do valor e do
respeito às diversidades, reflexos de uma cidadania emanci-
pada.
1
CASTELLS, Manuel. La ciudad de la masas. Sociologia de los
movimientos sociales urbanos. Madrid: Alenza Universidad, 1986.
2
FREIRE, Paulo. Política e educação. São Paulo: Cortez, 1993, p. 23.
3
SAULE JUNIOR, Nelson. O Direito à Cidade como paradigma da
governança urbana democrática. Disponível em:<http://www.insti
tutoapoiar.org.br/imagens/bibliotecas/O_Direito_a_Cidade_como_parad
igma_da_governanca_urbana_democratica.pdf> Acesso em 20 nov
2012.
4
SCHONARDIE, Elenise Felzke. Direito à cidade e favelização. In: BEDIN,
Gilmar Antonio (org.) Cidadania, Direitos Humanos e Equidade. Ijuí:
Ed. Unijuí, 2012, p. 251-267.
5
SAULE JUNIOR, op. cit., 2012.
6
CAVALLAZZI, Rosangela Lunardelli. O Estatuto Epistemológico do
Direito Urbanístico Brasileiro: possibilidades e obstáculos do Direito à
Cidade. In: SAULE JUNIOR, Nelson. Direito Urbanístico: vias jurídicas
das políticas urbanas. 2 ed. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor,
2007, p. 52.
7
SCHONARDIE, op. cit., p. 258.
8
Idem.
9
GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal e cultura política. São
Paulo: Cortez, 1999, p. 98-99.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
745
A cidade como instrumento para a formação de uma cidadania...
10
FREIRE, op. cit., p. 23.
11
GADOTTI, Moacir. A questão da educação formal/não-formal. Institut
international des droits de l’enfant (ide). Sion (Suisse), 18-22 oct. 2005.
Disponível em: <http://www.virtual.ufc.br/solar/aula_link/llpt/A_a_H/
estrutura_politica_gestao_organizacional/aula_01/imagens/01/Educaca
o_Formal_Nao_Formal_2005.pdf> acesso em 20 nov 2012.
12
SCHONARDIE, op. cit., 251.
13
FREITAG, Barbara. Teorias da cidade. 4 ed. Campinas: Papirus, 2012, p.
156-157.
14
Idem, p. 157.
15
SCHONARDIE, ibidem, p. 257.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
747
A cidade como instrumento para a formação de uma cidadania...
16
GADOTTI, op. cit. p.6.
17
GADOTTI, idem.
18
FREIRE, op. cit., p. 22.
20
FREIRE, Paulo. Educação na cidade. São Paulo, Cortez, 1991.
21
GADOTTI, op. cit., 6.
22
SAULE JUNIOR, op. cit., p. 2.
23
SCHONARDIE, op. cit., p. 259.
24
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder
Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por ob-
jetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º O plano diretor, aprovado
pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil
habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de
expansão urbana. § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social
quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade ex-
pressas no plano diretor. § 3º As desapropriações de imóveis urbanos
serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. § 4º É facultado
ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
751
A cidade como instrumento para a formação de uma cidadania...
CONCLUSÃO
O direito à cidade hoje é uma necessidade a ser imple-
mentada em prol de toda a coletividade, através da distribui-
REFERÊNCIAS
CASTELLS, Manuel. La ciudad de la masas. Sociologia de los mo-
vimientos sociales urbanos. Madrid: Alenza Universidad, 1986.
CAVALLAZZI, Rosangela Lunardelli. O Estatuto Epistemológico do
Direito Urbanístico Brasileiro: possibilidades e obstáculos do Direito
à Cidade. In: SAULE JUNIOR, Nelson. Direito Urbanístico: vias jurí-
dicas das políticas urbanas. 2 ed. Porto Alegre: Sergio Antonio Fa-
bris Editor, 2007
FREIRE, Paulo. Política e educação. São Paulo: Cortez, 1993.
FREIRE, Paulo. Educação na cidade. São Paulo, Cortez, 1991
FREITAG, Barbara. Teorias da cidade. 4 ed. Campinas: Papirus, 2012
Resumo
A globalização não é um fenômeno global, pois vive-se em um mundo que gera tanto
crescimento quanto pobreza. As necessidades de inovação competem com as exi-
gências de justiça. O presente estudo identifica as relações entre a pobreza e a glo-
balização, elaborando um breve retrospecto sobre a pobreza e a desigualdade no
Brasil. O período estudado é compatível com aquele em que se instalou a nova or-
dem econômica mundial, a partir da crise dos anos 70. São apresentadas também as
contribuições das instituições financeiras internacionais para o agravamento das
disparidades sociais nos países em desenvolvimento, bem como a importância das
instituições estatais para os pobres.
Palavras-chave: Globalização, Direitos Humanos, Pobreza.
Abstract
Globalization is not a global phenomenon, because he lives in a world that generates
both growth as poverty. Innovation needs compete with the demands of justice. This
study identifies the relationship between poverty and globalization, developing a
brief review on poverty and inequality in Brazil. The study period is consistent with
that which was installed in the new world economic order, from the crisis of the 70s.
Also presented are the contributions of the international financial institutions to the
worsening social disparities in developing countries, and the importance of state
institutions for the poor.
Keywords: Globalization, Human Rights, Poverty.
INTRODUÇÃO
Do fim da Segunda Grande Guerra até o final da década
de 60, a era keynesiana, com estratégias baseadas na inter-
756
Luiz Fernando Fritz Filho, Karen B. Becker Fritz & Elenise Felzke Schonardie
1
Belluzzo, 2004.
2
Bonano, 1999.
3
Santos e Silveira (2003)
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
757
Um estudo das relações entre a Pobreza e a Globalização
4
Barros, Henriques e Mendonça (2000).
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
759
Um estudo das relações entre a Pobreza e a Globalização
6
Chossudovsky, (1999).
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
763
Um estudo das relações entre a Pobreza e a Globalização
7
Carta Capital (2005).
8
Sene (2003).
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
767
Um estudo das relações entre a Pobreza e a Globalização
9
World Bank, 2000, p.36.
10
Dahrendorf,1992.
CONCLUSÕES
Ao longo do texto procurou-se demonstrar o lado perverso
da globalização. Claramente, levantou-se mais problemas do
que soluções. Mas na visão de Sene a chave para resistir aos
malefícios da globalização deve ser buscada na valorização
das singularidades, das identidades e da diversidade cultural.
O fortalecimento da cidadania em todos os aspectos torna-se
fundamental, enquanto o social deve ser de fato prioridade dos
governantes.
É com a participação de todos os setores sociais que será
possível tomar as melhores decisões a fim de fazer frente aos
processos fragmentadores dos agentes econômicos, pois um
projeto nacional que priorize o ser humano em sua complexi-
dade e riqueza é perfeitamente possível em tempos de globali-
zação.
Por fim, retoma-se uma questão já discutida anteriormen-
te: a globalização não acabou com o Estado, nem com a políti-
ca, pelo contrário, até fortaleceu, pois ensejou novas lutas, no-
vas disputas pelo poder. Além disso, apesar de sua tendência
homogeneizadora, não acabou com as diferenças culturais.
REFERÊNCIAS
BARROS, R. P.; HENRIQUES, R.; MENDONÇA, R. A estabilidade ina-
ceitável: desigualdade e pobreza no Brasil. In: HENRIQUES, R.
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início do século XXI. 5.ed,. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2003.
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STIGLITIZ, J. E. A Globalização e seus malefícios. São Paulo: Futu-
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WORLD BANK. Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial (World
Development Report) 2000/2001: luta contra a pobreza. Oxford: Ox-
ford University Press, 2000.
Resumo
O presente artigo procura abordar, basicamente, dois aspectos do terceiro setor no
Estado Democrático de Direito. O primeiro, como um terceiro setor ligado ao bem
estar comum, com base em princípios como o da solidariedade, fraternidade e vo-
luntariado, que por meio de organizações muitas vezes presta serviços essenciais à
população, especialmente às camadas mais desfavorecidas. Serviços que, não raras
vezes, são de obrigação legal do próprio Estado. No segundo aspecto, um terceiro
setor utilizado como meio de crítica neoliberal às fragilidades do Estado, fazendo
crer que apenas a iniciativa privada é que tem competência para gerir os serviços
essenciais com eficiência.
Palavras-chave: Democracia. Estado Democrático. Terceiro setor.
Abstract
This article seek to address basically two aspects of the third sector in a democratic
state. The first, as a third sector linked to the common welfare, based on principles
such as solidarity, fraternity and volunteering through organizations that often pro-
vide essential services to the population, especially the most disadvantaged. Services
that, not infrequently, are of legal obligation of the state itself. In the second aspect,
a third sector used as a means of neoliberal critique the weaknesses of the state,
making believe than just the private sector is that it has the competence to manage
essential services with efficiency.
Keywords: Democracy. Democratic State. Third sector.
1
Eixo Temático I - Fundamentos e Concretização dos Direitos Humanos.
772
Luiz Raul Sartori & Francisco Luis Rui Júnior
INTRODUÇÃO
A temática do terceiro setor, especialmente numa relação
com o Estado Democrático de Direito, configura-se em um te-
ma importante e atual, diante do cenário vivenciado.
Neste intuito, o presente trabalho visa destacar alguns
pontos da própria democracia e, na sequência, dois enfoques
do terceiro setor dentro do Estado Democrático de Direito: o
primeiro, um terceiro setor como sociedade civil organizada em
busca do “bem comum”; o segundo, como um mecanismo utili-
zado pelo Estado, numa concepção neoliberal, em que o tercei-
ro setor assume as funções essenciais do próprio Estado e,
embasado neste abstrato “bem comum”, serve de instrumento
de manutenção do sistema de dominação existente, asseve-
rando ainda mais as desigualdades sociais, contrariando os
princípios do chamado Estado Democrático de Direito.
2
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros, 2001,
p. 267.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
773
Aspectos do terceiro setor frente ao Estado democrático de Direito
3
ROSENFIELD, Denis L. O que é democracia. São Paulo: Brasiliense,
1994, p. 07.
4
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros, 2001,
p. 268.
5
BOBBIO, Norberto. Liberalismo e democracia. Tradução Marco Aurélio
Nogueira. São Paulo: Brasiliense, 1988, p. 33.
6
SANTOS, Boaventura de Sousa (org.). Democratizar a democracia: os
caminhos da democracia participativa. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2002, p. 43.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
775
Aspectos do terceiro setor frente ao Estado democrático de Direito
7
GONÇALVES, Vânia Mara Nascimento. Estado, sociedade civil e
princípio da subsidiariedade na era da globalização. Rio de Janeiro:
Renovar, 2003, p. 168.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
777
Aspectos do terceiro setor frente ao Estado democrático de Direito
8
GOHN, Maria da Glória Marcondes. Mídia, terceiro setor e MST:
impactos sobre o futuro das cidades e do campo. Petrópolis: Vozes,
2000, p. 60.
9
NOBRE, Suzana Laniado C. Terceiro setor: os recursos da solidarie-
dade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
10
GONÇALVES, Vânia Mara Nascimento. Estado, sociedade civil e
princípio da subsidiariedade na era da globalização. Rio de Janeiro:
Renovar, 2003, p. 168.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
779
Aspectos do terceiro setor frente ao Estado democrático de Direito
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que se buscou demonstrar com o presente trabalho fo-
ram dois lados de um mesmo tema, no caso, o terceiro setor.
De um lado, uma utilização realmente elogiável, onde a
solidariedade e o voluntariado estão desonerados de qualquer
intenção subliminar ou mascarada, com a finalidade real de
trabalhar efetivamente pelo bem comum, ajudando realmente
os que carecem de auxílio.
De outro lado, uma crítica àquela parte do terceiro setor
que apenas utiliza-se da aparente solidariedade, bem comum,
fins não lucrativos e voluntariado, mas que vem revestido de
intenções neoliberais que visam promover o total descrédito da
sociedade no Estado, visando encaminhar à iniciativa privada
todos os serviços, inclusive os considerados básicos, motiva-
dos na eficiência do privado e ineficiência do público.
Não pode ser aceita a idéia disseminada de que o Estado
não mais consegue prestar os serviços de sua obrigação legal,
pois tais serviços quando destinados à iniciativa privada irão
se reger pelo fim maior: o máximo lucro. E isto representa uma
fragilização aos princípios do Estado Democrático de Direito.
REFERÊNCIAS
BOBBIO, Norberto. Liberalismo e democracia. Tradução Marco Au-
rélio Nogueira. São Paulo: Brasiliense, 1988.
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros,
2001.
GOHN, Maria da Glória Marcondes. Mídia, terceiro setor e MST:
impactos sobre o futuro das cidades e do campo. Petrópolis: Vozes,
2000.
Resumo
A Constituição Federal de 1988 é um marco para a democracia Brasileira, pois esta-
belece o Estado Democrático de Direito e indica que esse deve se orientar pela des-
centralização administrativa, participação popular e proteção dos direitos humanos.
Neste contexto a Comissão Nacional da Verdade, criada pela Lei N° 12.528/2011,
tem por objetivo apurar situações de violações aos direitos humanos, ocorridas en-
tre 1946 e 1988, analisando casos de torturas, mortes e desaparecimentos identifi-
cando e publicizando os locais, as instituições e as circunstâncias relacionadas a
violações de direitos humanos no País no período da ditadura militar. O presente
artigo busca verificar a importância da Comissão Nacional da Verdade para a cons-
trução de um lugar de memória nacional, mediante o estudo dos casos de violações
dos direitos humanos no Brasil.
Palavras-chave: Comissão da Verdade, Direitos Humanos, Memória, Violação.
Abstract
The 1988 Constitution is an important fact to Brazilian democracy, because it estab-
lishes the Democratic State of Law and indicate that it should be guided by adminis-
trative decentralization, popular participation and protection of human rights. In this
context, the “Comissão Nacional da Verdade”, created by the Law 12.528/2011, has
as objective to investigate human rights violations, occurred from 1946 to 1988,
analyzing cases of tortures, deaths and disappearances, identifying and publicizing
the locations, institutions and the circumstances related to human rights violations
in the Country at the military regime period. This article intent to verify the im-
portance of the “Comissão Nacional da Verdade” to construct a national memory
place, through the study of the cases of human rights violations in Brazil.
Keywords: Comissão Nacional da Verdade, Human Rights, Memory, Violation
784
Maisa Machado Saldanha
1
“Ainda que popularmente considera-se a década de 1980 como “perdi-
da” em termos econômicos e sociais, é evidente que no campo político
esse período foi altamente significativo, construtivo e relevante. Ao todo,
13 países latinoamericanos lograram completar, até o ano de 1990, im-
portantíssimas transformações de orientação democrática. Mesmo reco-
nhecendo-se que as novas democracias tenham herdado enormes desa-
fios estruturais após décadas de despotismo, é evidente que a mutação
política teve um impacto positivo na questão da ampliação gradual da
cidadania e dos direitos humanos. Eis, por exemplo, o caso da Constitui-
ção cidadã do Brasil, promulgada em 1988”. CARVALHO, José Murilo
de. Cidadania no Brasil/O longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2004, p.43.
2
“Da idade clássica a hoje o termo “democracia” foi sempre empregado
para designar uma das formas de governo, ou melhor, um dos diversos
modos com que pode ser exercido o poder político. Especificamente,
designa a forma de governo na qual o poder político é exercido pelo
povo. Na história do pensamento político, o posto em que se coloca a
discussão a respeito da opinião, das características, das virtudes e dos
defeitos da democracia é a teoria e a tipologia das formas de governo.
Portanto, qualquer discurso sobre a democracia não pode prescindir de
determinar as relações entre a democracia e as outras formas de
governo, pois somente assim é possível individualizar o seu caráter
específico. Em outras palavras, desde que o conceito de democracia
pertence a um sistema de conceitos, que constitui a teoria das formas de
governo, ele não pode ser compreendido em sua natureza específica
senão em relação aos demais conceitos do sistema, dos quais delimita a
extensão e é por eles delimitado”. BOBBIO, Norberto. Estado, Governo,
Sociedade: Para uma teoria geral da política. Trad. Marco Aurélio
Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. p. 135.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
785
Comissão da Verdade
3
DOUZINAS, Costas. O Fim dos Direitos Humanos. São Leopoldo: Unisi-
nos, 2009. p.252.
4
“[...] o conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano
que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de
sua proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de
condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade huma-
na”. MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais: teoria
geral. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002, p.39.
5
“Com o estabelecimento das Nações Unidas, em 1945, e a adoção de
diversos tratados internacionais voltados à proteção da pessoa humana,
10
BRASIL. Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Brasília:
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República,
2009. Disponível em: www.sedh.gov.br. Acesso em 22 marc. 2013.
11
Lei 12.528/2011, inciso III do artigo 3°, “Compete à Comissão Nacional
da Verdade: identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as ins-
tituições e as circunstâncias relacionadas à prática de violações de di-
reitos humanos [...] suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos
estatais e na sociedade”.
12
“A denominação de ditadura aplicada a todos os regimes que não são
democracias difundiu-se sobre tudo após a primeira guerra mundial,
tanto através do acesso debate sobre a forma de governo instaurada na
Rússia pelos bolcheviques, que se alimentou das várias interpretações
do conceito marxista de ditadura do proletariado, quanto através do uso
feito pelos adversários do termo “ditadura” para designar os regimes
fascistas, a começar do italiano. Esta contraposição da ditadura à demo-
cracia num universo de discurso em que a democracia assumiu um sig-
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
789
Comissão da Verdade
16
CANABARRO, Ivo. Entre Memória e Esquecimento – Quando os Direitos
Humanos são Desconsiderados. In: BEDIN. Gilmar, Antônio. (Org.). Ci-
dadania, Direitos Humanos e Equidade. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2012, p. 100.
17
NORA, Pierre. Entre história e memória. A problemática dos lugares.
Projeto História, São Paulo: PUC, vol.10, n. 10.1993. p. 9.
18
VALDÉS, Eduardo Devés. O pensamento latino-americano na virada do
século: Temas e figuras mais relevantes. Trad. Gilmar Antônio Bedin.
Ijuí: Ed Unijuí, 2012, p.34.
19
“Justiça transicional é uma resposta concreta às violações sistemáticas
ou generalizadas aos direitos humanos. Seu objetivo é o reconhecimento
das vítimas e a promoção de possibilidades de reconciliação e consoli-
dação democrática. A justiça transicional não é uma forma especial de
justiça, mas uma justiça de caráter restaurativo, na qual as sociedades
transformam a si mesmas depois de um período de violação generaliza-
da dos direitos humanos. Os governos, em especial na América Latina e
na Europa Oriental, adotaram muitos enfoques distintos para a justiça
transicional. Entre elas figuram as seguintes iniciativas:a) aplicação do
sistema de justiça na apuração dos crimes ocorridos nas ditaduras, em
especial, aqueles considerados como crimes de lesa-humanidade; b) cri-
ação de Comissões de Verdade e Reparação, que são os principias ins-
trumentos de investigação e informação sobre os abusos chave de perí-
odos do passado recente;c) programas de reparação com iniciativas pa-
trocinadas pelo Estado que ajudam na reparação material e moral dos
danos causados por abusos do passado. Em geral envolvem não somen-
te indenizações econômicas, mas também gestos simbólicos às vitimas
como pedidos de desculpas oficiais;d) reformas dos sistemas de segu-
rança com esforços que buscam transformar as forças armadas, a polí-
cia, o poder judiciário e as relacionadas com outras instituições estatais
de repressão e corrupção em instrumentos de serviço público e integri-
dade; e) políticas de memória vinculadas a uma intervenção educativa
voltada desde e para os direitos humanos, bem como práticas instituci-
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
793
Comissão da Verdade
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se a partir da comissão da verdade o amadure-
cimento democrático do Brasil, que passará a limpo sua pró-
pria história, celebrando a memória de seus verdadeiros he-
róis, podendo olhar para trás sem temer pelo porvir. Os traba-
lhos dessa comissão irão garantir a plena efetivação do direito
à verdade, quer em sua dimensão individual, quer em sua di-
mensão coletiva.
Do ponto de vista da afirmação da democracia, é inegável
a importância da comissão da verdade haja vista o desvela-
mento dos fatos e verdades e, consequentemente, as demons-
trações da transparência do poder, o que é característica de
um regime democrático que se baseia no exercício em público
do poder comum posto que, o que é do interesse de todos deve
ser do conhecimento de todos22.
Desta forma, a importância da Comissão da Verdade se
relaciona à construção da democracia a partir do direito à me-
mória, pois essa visa impedir o esquecimento, contribuindo para
a formação da História, sendo que cada geração tem o direito
REFERÊNCIAS
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo – Anti-Semitismo, Im-
perialismo, Totalitarismo. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras,
1989.
ABRÃO, Paulo. TORELLY, Marcelo D. Justiça de Transição no Brasil:
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texto Ibero-Brasileiro: estudos sobre Brasil, Guatemala, Moçambi-
que, Peru e Portugal. - Brasília: Ministério da Justiça, Comissão de
Anistia; Portugal: Universidade de Coimbra, Centro de Estudos Soci-
ais, 2010. Disponível em: <www.dhnet.org.br/verdade/.../a.../livro_
repressao_contexto_al.pdf>.
BENEVIDES, Maria Victória. Cidadania e Justiça. In revista da FDE.
São Paulo, 1994.
Resumo
O tema do Meio Ambiente e mais propriamente do Direito Ambiental são relativa-
mente novos no ordenamento jurídico nacional e internacional. Foi a partir do sur-
gimento dos direitos humanos de 2ª geração, a dos direitos sociais, ainda no início
do século XX, que se passou a discutir no mundo o direito a moradia digna, o direito
à saúde, ao acesso ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e até mesmo o
acesso à água potável, entre tantos outros direitos fundamentais. Com a proteção
aos bens ambientais, seja pelo direito, seja por outros meios, os homens passaram a
tratar os bens ambientais com mais cautela, dando-se conta da finitude da natureza,
e com isso, alguns bens mais raros ou essenciais passaram a dotar-se de valor eco-
nômico. Esse valor atribuído aos bens naturais é que merecem uma relativização em
face de sua vitalidade, como no caso da água, onde não é possível aceitar que so-
mente quem tenha dinheiro para pagar seu preço ou que tenha acesso mais abun-
dante, tenha efetivamente direito ao seu uso. A água é vital e por isso seu consumo
precisa ser disponibilizado e distribuído a todos, indistintamente. Neste sentido, a
base do presente artigo é o reconhecimento da água como direito fundamental, que
ultrapassa a nacionalidade dos Estados e permite que a humanidade possa comparti-
lhar deste importante bem ambiental.
Palavras-chave: Meio Ambiente; Acesso à água; Direito Ambiental; Direito Funda-
mental; Direitos Humanos.
800
Elenise Felzke Schonardie & Marcos Paulo Scherer
Abstract
The theme of the Environment and the Environmental Law more properly are rela-
tively new to the national legal system and internationally. It was from the emer-
gence of the human rights of the 2nd generation, social rights, even in the early
twentieth century, who came to discuss the world the right to adequate housing, the
right to health, access to an ecologically balanced environment and even access to
clean water, among many other fundamental rights. With the protection of envi-
ronmental assets, either by law or by other means, the men began to treat environ-
mental goods more cautiously, realizing the finite nature, and with that, some more
rare or essential goods began to endow be of economic value. This value is assigned
to the natural assets that deserve a relativization given its vitality, as in the case of
water, where you can not accept that only those who have money to pay their price
or who has access most abundant, has the right to effectively use. Water is vital and
therefore its consumption needs to be made available and distributed to all without
distinction. In this sense, the basis of this article is the recognition of water as a fun-
damental right, which exceeds the nationality of States and allows humanity to share
this important environmental good.
Keywords: Environment, Water Access, Environmental Law, Fundamental Rights,
Human Rights.
INTRODUÇÃO
O presente artigo foi desenvolvido para o I Seminário In-
ternacional de Direitos Humanos e Democracia, da Universida-
de Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul –
UNIJUÍ, curso de pós-graduação Strictu Sensu - Mestrado em
Direito, Programa de Mestrado em Direitos Humanos. Neste
texto será abordada brevemente a discussão sobre o surgi-
mento do Direito Ambiental, conceituando o Antropocentrismo
e o diferenciando do pensamento Eco-centrista, onde o homem
deixa de ser o centro de todo o Universo, passando a ser parte
dele, dividindo seu espaço com todos os demais seres.
Também neste primeiro momento do texto, é abordado li-
geiramente sobre o tratamento que os bens naturais recebem
pela humanidade, tanto estes bens enquanto direitos humanos
e fundamentais, quanto como bens econômicos, sendo a eles
atribuídos valores que, muitas vezes restringe o seu acesso por
uma parcela dos seres humanos.
A partir do segundo momento, fazendo-se uma aborda-
gem história, os direitos humanos são divididos em direitos de
primeira, segunda e terceira gerações, sendo que para alguns
1
Milaré (2011, p.113), ao tratar do Antropocentrismo, diz que “é uma con-
cepção genérica que, em síntese, faz do Homem o centro do Universo, ou
seja, máxima e absoluta de valores” como se todos os demais seres
apenas girassem em torno do ser humano, que ao ser considerado o
maior de todos os seres, tudo pode e nada tem a respeitar ou a cuidar.
CONCLUSÃO
O texto abordou a temática do meio ambiente sendo re-
gulado pelo direito ambiental, e este considerado uma das no-
vas modalidades do direito. Ainda foi apresentada a condição
que o direito ambiental assume enquanto direito humano e
fundamental.
Os bens ambientais recebem por inúmeras vezes valora-
ção econômica, em função do sistema capitalista vigente no
mundo, a par da consideração de direito humano e fundamen-
tal que lhes são inerentes, para atribuir condição mercadológica.
Com a evolução dos direitos humanos e o surgimento dos
direitos de quarta geração, quais sejam os direitos de solidari-
edade, a humanidade passa a reconhecer a necessidade de
compartilhar os bens da natureza e da vida de forma a permitir
o acesso aos bens à todos os seres, de forma humana e iguali-
tária.
A crise do acesso à água potável no mundo por um núme-
ro expressivo de sujeitos demonstra a necessidade premente
de um tratamento mais humano, digno e ético para a água.
Organismos internacionais tem tido papel importante na ad-
ministração mundial dessa crise e, os Estados nacionais,
mesmo que enfraquecidos em sua soberania, necessitam gerir
melhor a questão do acesso à água potável e disposição deste
recurso natural a todos os cidadãos.
Dessa forma, o que aparece como ideal seria uma norma-
tização internacional, mesmo que fosse apenas um tratado ou
por acordo mundial, para fazer uma divisão mais equânime de
acesso a esse recurso natural essencial a vida de todas as es-
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
813
O acesso ao meio ambiente equilibrado e à agua como recurso natural...
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Ed., 2007.
BEDIN, Gilmar Antonio. O desenvolvimento da cidadania moderna e
o neoliberalismo: algumas reflexões sobre a tentativa de ruptura de
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nível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em 05 de Novembro de 2012.
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FIORILLO, Celso Antonio Pacheco; RODRIGUES, Marcelo Abelha.
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MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São
Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2005.
MATIAS, Eduardo Felipe P. A humanidade e suas fronteiras. São
Paulo: Paz e Terra, 2005.
Mariane D. Martins
Mariane Denise Martins é graduada em Administração pela Uni-
versidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS e em Sociologia
pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul – UNIJUÍ – (maricomunica@yahoo.com.br)
Resumo
A história das sociedades é a história das relações humanas. Os Direitos Humanos se
inscrevem nesta história de construções e contradições. Este artigo tem por objetivo
colocar na pauta da discussão dos Direitos Humanos a contradição existente entre
Estado moderno e a cidadania. Compreender esta discussão possibilita uma reflexão
mais profunda que pode resultar em uma ação mais eficaz junto a sociedade. O
Estado moderno tem sua origem na necessidade de amenizar o conflito entre as
classes. O Estado brasileiro, constituído a partir da Proclamação da República vai
ficar subjugado aos interesses da burguesia desde a formação. Na história brasileira,
a Ditadura Militar e mais recentemente o Neoliberalismo foram mecanismos da
classe burguesa, na tentativa de conter a classe trabalhadora, diante da ameaça
desta alcançar seus direitos plenos. Os Direitos Humanos se inscrevem nesta história
através da organização de pessoas que, excluídas dos seus direitos de cidadãos/ãs,
organizam-se em prol desta construção. É justamente nesta construção que se expli-
cita a contradição, pois ao buscar os direitos, se percebe que o Estado moderno,
tendo em sua raiz o princípio da liberdade e da igualdade, jamais garantirá os dois,
pois a liberdade individual da classe hegemônica é incompatível com igualdade social.
Palavras-chave: cidadania, contradição, direitos, Estado, humanos.
Abstract
The history of societies is the history of human relationships. The Human Rights are
inscribed in this history of constructions and contradictions. This article aims to put
on the agenda of the Human Rights’ discussion the contradiction which exists be-
tween the modern State and the citizenship. The understanding of this discussion
enables a deeper reflection which might result in a more efficient action towards
society. The modern State originates from the necessity of softening the conflict
between classes. The Brazilian State, constituted from the Proclamation of the Re-
public, has been subdued to the interests of the bourgeoisie since its formation. In
Brazilian history, the Military Dictatorship and, more recently, the Neoliberalism
were mechanisms of the bourgeois class in the attempt to restrain the working class
from reaching its full rights. The Human Rights are inscribed in this history through
the organization of people who, excluded from their citizens’ rights, organized them-
selves in favor of this construction. It is precisely in this construction that the contra-
diction becomes explicit, because in the search for the rights, one can notice that the
816
Mariane D. Martins
modern State, having in its roots the principles of liberty and equality, will never
ensure both, because the individual liberty of the hegemonic class is incompatible
with the social equality.
Keywords: citizenship, contradiction, human, State, rights.
INTRODUÇÃO
A sociedade é um complexo emaranhado de relações
nunca finitas, sempre em movimento. Estas relações são cons-
truídas, e reconstruídas inúmeras vezes. É o desenvolvimento
da sociedade, que vai se dando através do curso que as rela-
ções vão tomando, a partir do jogo de poder, da busca infinita
por uma verdade absoluta da sociedade moderna, da solidari-
edade e tantas outras questões que permeiam e definem as
relações sociais.
A discussão dos Direitos Humanos se inscreve justamen-
te neste emaranhado de relações sociais. As conquistas são
fruto de organização social, de mobilização, de todos os seto-
res da sociedade, seja a sociedade, exigindo a inclusão, ou pro-
testando contra a exclusão social, exigindo acesso aos direitos,
ou lutando pela criação de novos direitos, seja pela produção
científica, vasta nesta área, obviamente mobilizada pelo apelo
da realidade social.
Todas estas mobilizações, organizadas em movimentos
sociais, ou não, são indiscutivelmente importantes para a con-
quista dos Direitos de mulheres, negros/as, gays, classe traba-
lhadora, e tantos outros grupos, excluídos da sociedade. Mas é
importante ressaltar que a exclusão de uma parcela da popu-
lação, do acesso aos direitos básicos, acesso a cidadania, está
imbricada com a formação do Estado brasileiro. E então, a mo-
bilização pelos Direitos Humanos explicita uma contradição, o
próprio Estado brasileiro que deveria ser agente do acesso a
cidadania traz em seu âmago a exclusão.
Este artigo não tem nenhuma pretensão de trazer conclu-
sões ou verdades absolutas para o meio acadêmico ou ao/a
possível leitor/a. Ele pretende simplesmente discutir algumas
contradições, assim vistas por mim, do conceito e formação do
Estado brasileiro e a cidadania, colocando-as na pauta da dis-
cussão dos Direitos Humanos.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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O Estado brasileiro e a cidadania
A ORIGEM DO ESTADO
A Revolução Industrial e o decorrente projeto de moder-
nidade marcam uma transformação muito grande na história
da humanidade. As mudanças vão avançar sobre todos as di-
mensões da sociedade e terão uma eficácia muito grande. Isso
porque este projeto será constituído a partir de três esferas: a
1
(2001, p. 21)
2
(2009, p 208-209)
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O Estado brasileiro e a cidadania
6
ENGELS, 2009
7
FERNANDES, 1976
8
FERNANDES, 1976
9
FERNANDES, 1976
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O Estado brasileiro e a cidadania
10
FERNANDES, 1976, p. 204
11
ENGELS, 2009, p, 325
O ESTADO NEOLIBERAL
A Ditadura Militar de 1964 e o Estado Neoliberal que, es-
pecialmente, nos anos 1990 se edifica não só no Brasil mas em
toda a América Latina, terão mais uma vez como objetivo o
controle dos conflitos entre as classes. Sobre a Ditadura Militar
nem preciso me estender falando do desrespeito aos Direitos
Humanos e da ação de coação e controle na sociedade.
A reformulação do Estado, no início da democratização
brasileira depois da Ditadura, trás uma particularidade, pois
combina a nova democracia com a velha ditadura, como nos
explica Sader12
Tal aspecto levou a substituição de Ulysses Guimarães
pelo mais moderado Tancredo Neves e, com a morte des-
te a posse de José Sarney, que até poucos meses antes
era presidente do partido da ditadura militar, como pri-
meiro presidente civil pós-ditadura. Assim, o novo regime
democrático combina elementos novos e outros de conti-
nuidade com a ditadura, condenando a um impulso fugaz
o processo de democratização.
12
(2009, p. 74)
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823
O Estado brasileiro e a cidadania
13
SADER, 2001, p 51
14
SADER, 2009, p. 76
15
SADER, 2009, p. 80
16
SADER, 2009, p. 84-85
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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825
O Estado brasileiro e a cidadania
17
ALBUQUERQUE, 2012
18
CORRÊA, 2002,p 161
19
MELLO in CORRÊA, 2002,p 162
20
CORRÊA, 2002, p164
21
MATTEUCCI in BIBBIO 1998, p 35
22
MATTEUCCI in BIBBIO 1998, p 354
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O Estado brasileiro e a cidadania
23
Conforme site: <http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/291
42/a-historia-dos-direitos-humanos-no-brasil#ixzz2PRns0pLa
24
(CONTE; MARTINS; DARON in PALUDO, 2009)
25
(1997, p. 251-252)
26
ALBUQUERQUE, 2012
27
BEDIN, 1998, p. 102
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O Estado brasileiro e a cidadania
28
SORJ, 2004, p. 22
29
(2004, p. 25)
30
(2004, p 28)
31
(2004, p 28)
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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O Estado brasileiro e a cidadania
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como mencionei no início deste artigo, não tenho como
objetivo colocar pontos finais e conclusões nesta discussão, ele
tem o objetivo, de colocar na pauta na discussão dos direitos
humanos a contradição existente entre o Estado, que é o Esta-
do moderno, e a cidadania. Essa contradição é explicitada na
luta pela construção de direitos humanos, desde de que se fa-
ça um caminho reflexivo histórico, obviamente amparado por
um foco específico teórico.
Portanto, nem toda discussão dos Direitos Humanos vai
perceber esta contradição, no entanto, isso não a minimiza ou
cria ou a torna ineficaz. Esta visão significaria um desrespeito,
a estas lutas, e do ponto de vista teórico, uma unilateralidade
conceitual que não contribui, para a efetiva construção dos
direitos humanos.Toda a discussão, e toda a luta em prol disso,
é valida e merece atenção teórica e política.
O Estado brasileiro foi criado sob os interesses da bur-
guesia e trás na essência a exclusão de uma parcela da popu-
lação à cidadania. Portanto, lutar por ela, sempre explicitará
este paradoxo, pois este Estado nunca poderá garantir a liber-
dade individual (que vai dizer respeito a propriedade privada,
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, M. Z. A comunicação cidadã na mídia digital:
Concepções e realizações dos sites MNDH, DH NET e CONECTAS.
2012. 168 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Ciências
da Comunicação) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leo-
poldo. 2012.
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo inicial a conceituação dos direitos humanos,
desde a sua efetiva implementação - no âmbito internacional - no segundo pós-
guerra, como uma resposta às atrocidades cometidas durante este período. Tendo
836
Marli Marlene Moraes da Costa & Rodrigo Cristiano Diehl
Abstract
This work aims initial conceptualization of human rights, since its effective imple-
mentation - internationally - in the second post-war as a response to the atrocities
committed during this period. With this as a base, it will pass to the questioning of
the possibility of integrating ecologically balanced environment and healthy to the
list of basic human rights, because that would be strictly interconnected with a bet-
ter quality of human life, and, consequently, the higher principle of human dignity.
Further, it will examine environmental education as a right of the common people,
from the creation of educational public policies in order to achieve the environment
as a human right. Finally, work will also, due to the magnitude of this undertaking,
why the duty of every society to promote it and encourage it.
Keyboards: Education; Environment; Human Rights.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Caracterizada como uma das mais brilhantes evoluções
da sociedade contemporânea está a disseminação e concretiza-
ção dos direitos humanos. Neste sentido, o presente trabalho
tem por objetivo inicial analisar o histórico, desde a sua real efe-
tivação no pós-segunda guerra mundial, onde o seu principal
objetivo era responder as atrocidades cometidas naquela época,
até as perspectivas e os desafios dos direitos humanos na atua-
lidade, tanto no plano teórico quanto no prático.
Na sequencia, versar-se-á sobre a proteção ambiental
como método para garantir a manutenção ou as gerações de
condições necessárias para que se tenha um meio ambiente
sustentável, sadio e ecologicamente equilibrado para um pleno
desenvolvimento dos seres humanos. E por conta dessa pro-
ximidade entre meio ambiente e dignidade da pessoa humana,
que o direito ao ambiente pode ser classificado como um direi-
to humano por excelência.
1
DHESCA, Plataforma. Direito Humano ao Meio Ambiente. Marijane
Lisboa (relatora); Juliana Neves Barros (assessora). INESC – Curitiba,
2008, p. 7.
2
Idem.
3
BARCELOS, Ana Paula de. A eficácia jurídico dos princípios constitu-
cionais: O princípio da dignidade da pessoa humana. Rio de Janeiro:
Renovar, 2002, p. 108.
4
DHESCA, op. Cit. p. 8.
5
Ibidem, p. 7.
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Educação ambiental
6
BARCELOS, op. Cit. p. 109.
7
DHESCA. Op. Cit. p. 8.
8
Ibidem, p. 9.
9
RICHTER, Daniela; GORCZEVSKI, Clovis. O Direito Ambiental sob a
ótica dos Direitos Humanos e a importância da educação. In:
GORCZEVSKI, Clovis (org.). Direitos Humanos, Educação e Meio Ambi-
ente. – Porto Alegre : Evangraf, 2007, p. 13.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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841
Educação ambiental
12
DHESCA. Op. Cit. p. 13.
13
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente – doutrina prática, jurisprudência,
glossário, 2. ed. Revista, atualizada e ampliada, RT, 2001, p. 112.
14
RICHTER; GORCZEVSKI. Op. Cit. p. 15.
15
GOMES, Luis Roberto. Princípios constitucionais de proteção ao meio
ambiente. Revista de Direito Ambiental. São Paulo, n. 16, p. 164-191,
out./dez., 1999, p. 70.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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Educação ambiental
16
RICHTER; GORCZEVSKI. Op. cit. p. 17.
17
DHESCA. Op cit. p. 27
18
ROCHA, José Sales Mariano da. Cartilha ambiental. Santa Maria:
Palotti, 2001, p. 19.
19
DHESCA. Op. cit. p. 13.
20
RBJA, Rede Brasileira de Justiça Ambiental. Manifesto de lançamento
da Rede Brasileira de Justiça Ambiental. Disponível em
www.justicaambiental.org.br. In: BRASIL, Plataforma Dhesca. Direito
Humano ao Meio Ambiente. Marijane Lisboa (relatora); Juliana Neves
Barros (assessora). INESC – Curitiba, 2008.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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845
Educação ambiental
24
PECES-BARBA, Gregório. Educación para la ciudadanía y derechos
humanos. Madrid: Editorial Espasa Calpe, 2007, p. 181.
25
MACHADO JUNIOR, César Pereira da Silva. O direito à educação na
realidade brasileira. São Paulo: LTr 2003, p. 103.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
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Educação ambiental
26
CRUANHES, Maria Cristina dos Santos. Cidadania: Educação e Exclusão
Social. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2000, p. 14.
27
PARO, Vitor Henrique. Por dentro da Escola Pública. São Paulo: Xamã,
2000, p. 11.
28
LANFREDI, Geraldo. Política ambiental: A busca da efetividade de seus
instrumentos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 123.
29
RICHTER; GORCZEVSKI, op. Cit. p. 23.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo do presente trabalho procurou-se analisar a his-
tória dos direitos humanos no plano internacional, e a sua in-
fluência dentro do Estado brasileiro. Ainda, de forma sucinta,
relatou-se a brava luta travada entre os grupos minoritários e
30
COSTA, Jose Kalil de Oliveira. Educação Ambiental, um direito social
fundamental. In: 10 anos da ECO-92. 2002, p. 53.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
849
Educação ambiental
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2003.
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Elementos da Filosofia Constitucional Contemporânea. 2. ed. Rio de
Janeiro: Lúmen Juris, 2000, p. 01.
CRUANHES, Maria Cristina dos Santos. Cidadania: Educação e Ex-
clusão Social. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2000.
Resumo
O presente resumo tem como objetivo compartilhar experiências vivenciadas junto
ao Projeto Rondon, operação São Francisco, desenvolvido e coordenado pelo Minis-
tério da Defesa e com acompanhamento e logística das forças armadas. A Operação
São Francisco foi desenvolvida no Estado de Sergipe no Município de Neópolis. Entre
os objetivos do Projeto Rondon cita-se a capacidade de gerar multiplicadores de
mudanças a nível nacional, pois as atividades desenvolvidas pelos universitários
voluntários inclui vários temas: Educação, Direitos humanos, meio ambiente, tecno-
logias e produção, desenvolvimento econômico sustentável, saúde, comunicação e o
intercâmbio de cultura e conhecimento que ocorre entre as equipes participantes. O
público alvo dos trabalhos realizados foram crianças, servidores municipais, traba-
lhadores rurais, pescadores, e comunidade em geral dinamizados por acadêmicos de
duas universidades localizadas no Sul e Nordeste do Brasil. Todas as atividades de-
senvolvidas contribuíram de forma significativa para a formação do Universitário,
rompendo paradigmas e ultrapassando fronteiras, integrando-os ao desenvolvimen-
to nacional e mudando hábitos e conceitos de consumo, relacionamento e desenvol-
vimento socioeconômico. Sendo assim o projeto Rondon caracteriza-se como um
dos maiores programas extensionistas de formação universitária desenvolvido pelo
Brasil. Consolida no Universitário o espírito da cidadania, do trabalho em grupo, da
coletividade do conhecimento das reais necessidades da nação.
Palavras-chave: Comunidade, Projeto Rondon, Segipe, Universidade.
Abstract
This summary aimas to share some lived experiences with the Rondon Project, San
Francisco operation, developed and coordinated by the Ministry of Defence and with
monitoring and armed forces logistics. Operation San Francisco was developed in the
state of Sergipe in the city of Neopolis. Among the objectives of the Project Rondon
is the ability to generate multipliers changes nationals because the activities under-
854
Moisés dos Santos Dutra, Isaque dos Santos Dutra & Jonatas M. Soares
taken by university volunteers includes some topics: Education, human rights, envi-
ronment, technology and production, Sustainable economic development, health,
communication and exchange of culture and knowledge that occurs between the
participating teams. The target audience of the work were children, municipal work-
ers, peasants, fishermen, and general community dynamised by academics from two
universities located in the South and Northeast Brazil. All activities contributed sig-
nificantly to the academics formation, breaking paradigms and overcoming chaleng-
es, integrating it into the national development and changing consumer habits and
concepts, relationships and socioeconomic development. Thus the project Rondon
characterized as a major extension of university training programs developed by
Brazil. Consolidates University in the spirit of citizenship, team work, the collective
knowledge of the real needs of the nation.
Keywords: Community Project Rondon University.
INTRODUÇÃO
Coordenado pelo ministério da defesa, da Educação, da
Ciência e Tecnologia e com grande apoio das forças armadas,
entre outros ministérios, o Projeto Rondon, tem como objetivo
geral contribuir para a formação do universitário como cidadão.
Através da inserção em ambientes e culturas diferentes da
realidade vivida revela seu lema de integrar para não entregar.
Inserindo cidadãos ao desenvolvimento nacional e a troca de
culturas por meio de ações participativas sobre a realidade do
País, o projeto oportuniza ao participante trabalhar com o dife-
rente; mostrando aos Universitários voluntários nas atividades,
diferentes culturas, histórias, locais, e até mesmo a desigual-
dade social encontrada nas diversas regiões de nosso Brasil.
Para desenvolver as atividades, conta ainda com a ajuda e co-
laboração dos Governos Estaduais, das Prefeituras Municipais,
da Associação Nacional dos Rondonistas, da União Nacional
dos Estudantes, de Organizações não Governamentais e de
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.
Segundo Piovesan (2008, p. 16), o projeto Rondon tem sua
origem na década de 70. Os integrantes do Ministério da Guer-
ra tinham preocupações de promover a participação da cama-
da jovem do país, em atividades de integração e movimentos
voluntários. A ideia disseminou e o movimento que recém co-
meçava esboçar, buscou apoio nas Universidades. A partir de
então houve grande número de reuniões e desde o inicio obte-
OBJETIVOS
Consolidar no universitário brasileiro o sentido de res-
ponsabilidade social, coletiva, em prol da cidadania, do desen-
volvimento e da defesa dos interesses nacionais. Estimular no
universitário a produção de projetos coletivos locais, em parce-
ria com as comunidades assistidas. PORTAL DO PROJETO
RONDON (acesso em: 08 de abril de 2013).
METODOLOGIA
O desenvolvimento das atividades do Projeto Rondon
buscou de forma clara e simples apresentar para a comunidade
soluções, advertências e inovações que estão proporcionando
melhorias na qualidade de vida de cada cidadão. Mudanças
tais como: saneamento básico para todos, descarte dos resí-
duos de forma correta, informações quanto aos perigos exis-
tentes na má utilização dos resíduos e a reutilização dos mes-
mo de forma correta e sem prejudicar o meio ambiente. Para
isso, aconteceu palestras, mini cursos e apresentações sobre
as possibilidades de reaproveitar resíduos orgânicos através
da compostagem e inorgânicos pela reciclagem.
Todas as oficinas tiveram um forte embasamento nas
questões autossustentáveis, pois, sabe-se que o homem apre-
senta atitudes que merecem ser repensadas, pois, cada vez
mais a sociedade moderna vem retirando recursos da natureza
para suprir a demanda das inovações tecnológicas. Segundo
Barcelos (2008, p. 16), “a natureza deixou de ser um grande
cenário de acontecimentos, para ser tratada como um mero
campo de experimentações”.
A operação foi dividida em dois conjuntos sendo que o
conjunto A ficou responsável pela áreas da cultura, Direitos
humanos e justiça educação e saúde. As propostas foram
apresentadas a partir do diagnóstico do Estado, verificando
suas necessidades as políticas públicas, problemas ambientais
entre outros assuntos que acontecem devido à falta de infor-
mação. As oficinas realizadas estruturavam-se em: assunto,
objetivos, metodologia, recursos e retorno esperado da comu-
nidade.
A seguir uma breve síntese dos trabalhos desenvolvidos
por ambas as equipes: o conjunto A, dentro do tema cultura
procurou desenvolver e disseminar atividades que buscasse a
RESULTADOS
O presente trabalho tendo como apoio do Ministério da
defesa apresentou resultados positivos em relação à constru-
ção do conhecimento proposto, abordando temas de grande
relevância nos dias atuais envolvendo as diferentes áreas do
conhecimento como ciências da natureza, ciências humanas,
linguagens e matemática de forma interdisciplinar.
Todas as ações realizadas se mostraram de grande im-
portância tanto na formação inicial dos Acadêmicos bem como
na nossa formação continuada, dos professores envolvidos nas
atividades e da comunidade beneficiada com o projeto. Os ob-
jetivos do Projeto Rondon foram alcançados juntamente com as
novas propostas, valorizando esforços, estudo, dedicação.
Dando ênfase em nossa formação continuada e experiências
formativas muitas destas que só poderiam ser desfrutadas
quando os Acadêmicos já estivessem inseridos em ambientes
similares ou talvez já trabalhando.
O desenvolvimento do trabalho proporcionou ao Acadê-
mico levar consigo e para a vida, habilidades de raciocínio
mais claras e objetivas como o desenvolvimento de atividades
voltadas à construção da consciência ecológica e da sustenta-
bilidade visando a preservação dos recursos naturais e do
Meio Ambiente, uma vez que a experiência se concretizou em
um curso extencionista de envergadura incomparável e assim
trazendo novas maneiras de pensar e agir frente a compreen-
são dos diversos temas apresentados.
CONCLUSÃO
Fica difícil escrever o legado de aprendizagem que ficou
conosco após a participação no Projeto Rondon. As oficinas, as
famílias que conhecemos, os amigos que deixamos e a comu-
nidade em geral, somando-se as experiências de estar numa
cidade em outra região do país, torna tudo muito surprienden-
te e inesquecível. Uma cultura totalmente diferente da nossa,
as dificuldades desde o momento que deixamos nossas famí-
lias para viajar, tudo teve valia pois fica ainda aquela vontade
de voltar e aprender ainda mais.
O projeto Rondon não envolve somente nosso conheci-
mento intelectual, mas é um projeto onde mergulhamos de
corpo e alma com o diferente se quebra a rotina que levamos,
se erra, mas se aprende a conviver a praticar o trabalho em
grupo a viver de uma forma diferente e muitas vezes muito di-
ferente.
Fica as emoções sentimentos, e lembrança de um povo
acolhedor como bem representaste o povo de Sergipe.
REFERÊNCIAS
MINISTÉRIO DA DEFESA, Portal do Projeto Rondon. Disponível em:
http://projetorondon.pagina-oficial.com/portal/ Acesso em: 08 de
Abril de 2013.
GOVERNO DE SERGIPE, Portal de Sergipe. Disponível em:
<http://www.se.gov.br/>. Acesso em: 09 de Abril de 2013
BARCELOS, Valdo, Educação Ambiental: sobre princípios, metodo-
logias e atitudes. Ed: Vozes, Rio de Janeiro: 2008.
IBGE. Mapa de Biomas do Brasil, primeira aproximação. Rio de
Janeiro: 2004, Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 07
de abril de 2013.
MARINA, Lúcia; Tércio. Geografia: O espaço brasileiro natureza e
trabalho. Ed. Ática; Volume: 3 São Paulo, 2012.
PIOVESAN, Liceo. Projeto Rondon – RS e Jeunesse Canada Monde
– Uma parceria que deu certo. Porto Alegre/RS. Ed: Faccat, 2008.
Resumo
O presente ensaio versará sobre a busca da efetivação do direito à cidadania, concei-
to este que vem sofrendo diversas transformações e está assumindo cada vez mais
um caráter multidimensional uma vez que vem abarcando a questão do reconheci-
mento das minorias étnicas e ampliando a sua titularidade para novos sujeitos antes
excluídos. Sob esse prisma os povos indígenas latino-americanos buscam a igualdade
de oportunidades e condições fundamentais elencadas a todos, mas com respeito às
suas particularidades como a preservação de seu modo de vida, sua cultura e suas
tradições a partir do reconhecimento do direito a diferença, lutando, pelo respeito
as condições peculiares objetivando a valorização daqueles que compõe essa mino-
ria a fim de afirmar-se dentro da sociedade envolvente, que é multicultural.
Palavras-chave: cidadania, efetivação, índios, América Latina.
Abstract
This essay will concentrate on the search for the enforcement of the right to citizen-
ship, a concept that has been undergoing several changes and is assuming more and
more a multidimensional character once that comes from embracing the issue of
recognition of ethnic minorities and expanding its ownership to new subjects before
excluded. In this light the peoples indigenous Latin Americans seek to equal oppor-
tunities and fundamental conditions listed at all, but with respect to their special
features such as the preservation of their mode of life, their culture and their tradi-
tions from the recognition of the right to difference, struggling, by respecting the
conditions peculiar aiming at the recovery of those who compose this minority in
order to assert itself within the surrounding society, which is multicultural.
Keywords: citizenship, realization, indians, Latin America.
864
Monia Peripolli Dias
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Ao se abordar a problemática indígena, muitos são os en-
foques que passam a emergir, porém, o presente ensaio versa-
rá sobre a busca da efetivação do direito à cidadania e a luta
pelo reconhecimento desta minoria étnica como “diferentes”,
isto é, o direito serem reconhecidos como índios tendo respei-
tados sua cultura, seus valores, seus costumes e suas tradi-
ções e como tal terem garantidos o gozo pleno dos direitos e
garantias fundamentais em um contexto latino-americano.
Assim, inicialmente a intenção é tecer breves apontamen-
tos acerca da cidadania, como sua construção histórica e seu
tão complexo conceito. Em seguida, procurar-se-á elencar o
reconhecimento da diferença preconizado como um direito,
bem como a construção e afirmação da identidade indígena
como uma minoria étnica que busca a efetivação desse direito
e por consequência uma transformação cultural. E por fim se
buscará elucidar o efetivo exercício da cidadania por meio dos
direitos civis e dos novos “direitos multiculturais” voltados
para as populações indígenas
Portanto, o que essa minoria étnica busca é a valorização
dessa identidade, o respeito às diferenças e o reconhecimento
de sua existência em um contexto multicultural.
FUNDAMENTOS DA CIDADANIA
Para a melhor elucidação do tema a ser abordado no pre-
sente ensaio, inicialmente se faz necessário tecer alguns apon-
tamentos acerca do que é cidadania, termo que é cotidiana-
mente utilizado, mas que possui um significado muito complexo.
A concepção de cidadania no estado Moderno nasceu na
Idade Média e a ampliação desse conceito se deu com a incor-
poração de novos direitos no decorrer da história1.
1
HERKENHOFF, João Baptista. Como funciona a cidadania. 2 ed.
Manaus: Editora Valer, 2001.p. 33.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
865
A busca da efetivação do direito à cidadania pelos povos indígenas...
2
DALLARI, Dalmo. A cidadania e sua história. Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/sos/textos/historia.htm
3
Idem
4
PIOVESAN, Flavia. Temas de direitos humanos. 3 ed. São Paulo:
Saraiva, 2009. p. 184.
5
Idem.
ção por parte dos poderes públicos, sendo nas palavras do au-
tor “direitos de resistência ou de oposição perante o Estado”.
Os direitos civis, segundo Norberto Bobbio, abrangem
“todos aqueles direitos que tendem a limitar o poder do Esta-
do e a reservar para o indivíduo ou para os grupos particulares
uma esfera de liberdade em relação ao Estado.”11
Dentre os direitos civis pode-se elencar as liberdades físi-
cas, aqui incluído o direito a vida, liberdade de locomoção, di-
reito a segurança individual, direito a inviolabilidade de domi-
cílio e direitos de reunião e associação; as liberdades de ex-
pressão que compreendem a liberdade de imprensa, direito a
livre manifestação do pensamento e direito ao sigilo de corres-
pondência; a liberdade de consciência que inclui filosofia, polí-
tica e religião; o direito a propriedade privada; os direitos da
pessoa acusado que contêm o direito ao princípio da reserva
legal; direito a presunção de inocência e direito ao devido pro-
cesso legal, e por último as garantias dos direitos dentre elas o
direito de petição, direito ao habeas corpus, direito ao habeas
data, mandado de injunção e mandado de segurança.
Os direitos políticos, ao contrário dos direitos civis, são
considerados direitos positivos, isto é, são direitos de partici-
par no Estado, na formação do poder político e são classifica-
dos como direito ao sufrágio universal, direito de constituir
partidos políticos e direito de plebiscito, de referendo e de ini-
ciativa popular12.
A segunda dimensão de direitos econômicos, sociais e
culturais nasceu no século XX e foi caracterizado por uma nova
ordem social. Uma das principais causas de sua existência se
deve aos intensivos conflitos de classes, na relação capi-
tal/trabalho, fruto dos movimentos reivindicatórios dos traba-
lhadores. Esta nova ordem social expele uma nova estrutura-
10. ed. rev. atual. e ampl.Porto Alegre: Livraria do Advogado Ed., 2009,
p. 47.
11
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
12
BEDIN, Gilmar Antonio. Os direitos do homem e o Neoliberalismo. 3.
ed. rev. ampl. Ijuí:Unijuí, 2002, p. 56-57.
16
CORREA, Darcisio. OLIVEIRA, Janassana Indiara de Almeida de. A
questão da cidadania na Reserva Indígena do Guarita. Ijuí: Unijui,
2005.p.26-27.
17
Idem. p.26-27.
18
VIEIRA, Liszt. Os argonautas da cidadania. Rio de Janeiro: Record,
2001. p 34.
19
Idem, p 35.
20
CORREA, Darcísio. A construção da cidadania: reflexões histórico
políticas. 3 ed. Ijuí: Unijuí, 1999. p. 217.
21
Idem. p. 221.
22
PADUA, Adriana Suzart de Pádua. Nova realidade dos povos indígenas.
Jornal Mundo Jovem, edição nº 405, abril de 2010, p 5.
23
TAYLOR, Charles. Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1994. p.
45.
24
NOVAES, Sylvia Caiuby. Jogo de Espelhos: Imagens da representação
de si através dos outros. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 1993. p. 59.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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871
A busca da efetivação do direito à cidadania pelos povos indígenas...
29
RELATÓRIO AZUL. Povos indígenas, Comissão de Cidadania e Direitos
Humanos – Assembleia Legislativa –RS, 1997, p. 103.
30
Idem, p. 103.
31
Idem, p. 103.
32
Art. Lei nº. 6.001, de 19.12.1973.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
873
A busca da efetivação do direito à cidadania pelos povos indígenas...
33
BELLO, Enzo. Política, Cidadania e Direitos Sociais: Um contraponto
entre os modelos clássicos e a trajetória da América Latina. Rio de
Janeiro: PUC, Departamento de Direito, 2007. Dissertação de Mestrado,
Pontifícia Universidade Católica, 2007. p.142.
34
PIERUCCI, Antônio Flávio. Ciladas da diferença. São Paulo: 34, 1998.
35
SANTOS, Andre Leonardo Copetti. A constituição Multicultural. In:
Diálogos e Entendimentos direito e multiculturalismo & cidadania e
39
BELLO, Enzo. Política, Cidadania e Direitos Sociais: Um contraponto
entre os modelos clássicos e a trajetória da América Latina.Rio de
Janeiro: PUC, Departamento de Direito, 2007. Dissertação de Mestrado,
Pontifícia Universidade Católica, 2007. p.123.
40
Idem. p.123.
41
Idem. p.141.
42
CORREA, Darcisio. OLIVEIRA, Janassana Indiara de Almeida de. A
questão da cidadania na Reserva Indígena do Guarita. Ijuí: Unijui,
2005. p. 35.
43
BELLO, Enzo. Política, Cidadania e Direitos Sociais: Um contraponto
entre os modelos clássicos e a trajetória da América Latina.Rio de
Janeiro: PUC, Departamento de Direito, 2007. Dissertação de Mestrado,
Pontifícia Universidade Católica, 2007. p.142.
44
PADUA, Adriana Suzart de Pádua. Nova realidade dos povos indígenas.
Jornal Mundo Jovem, edição nº 405, abril de 2010, p. 5.
45
CORREA, Darcisio. OLIVEIRA, Janassana Indiara de Almeida de. A
questão da cidadania na Reserva Indígena do Guarita. Ijuí: Unijui,
2005. p. 32.
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A busca da efetivação do direito à cidadania pelos povos indígenas...
46
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11 ed.
Tradução de Tomás Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de
Janeiro: DP&A, 2006. p. 83.
47
BERTASO, João Martins. Cidadania, solidariedade e com-vivencia: a
dimensão do amor da cidadania. In Cidadania e interculturalidade:
produção associada ao projeto de pesquisa “Cidadania e
Interculturalidade”. Organização João Martins Bertaso. Santo
Ângelo:FURI, 2010., p 18.
48
Idem. p 18.
49
VIEIRA, Liszt. Os argonautas da cidadania. Rio de Janeiro: Record,
2001. p 35.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conceito de cidadania vem sofrendo diversas transfor-
mações e está assumindo cada vez mais um caráter multidi-
mensional uma vez que vem abarcando a questão do reconhe-
cimento das minorias étnicas e ampliando a sua titularidade
para novos sujeitos antes excluídos.
Sob esse prisma os povos indígenas latino-americanos
buscam a igualdade de oportunidades e condições fundamen-
tais elencadas a todos, mas com respeito às suas particulari-
dades como a preservação de seu modo de vida, sua cultura e
suas tradições a partir do reconhecimento do direito a diferença.
Reivindicam, assim, o efetivo exercício da cidadania indí-
gena que ainda é um direito que encontra-se em aberto, lutam
pelo respeito as condições peculiares objetivando a valorização
daqueles que compõe essa minoria a fim de afirmar-se dentro
da sociedade envolvente, que é multicultural.
Portanto, não basta o direito a cidadania e liberdades in-
dígenas estarem positivados se os mesmos não tiverem efeti-
vidade. O que esse povo quer e busca é que na prática os
mesmos sejam concretizados e devidamente respeitados.
REFERÊNCIAS
BEDIN, Gilmar Antonio. Os direitos do homem e o Neoliberalismo.
3. ed. rev. ampl. Ijuí:Unijuí, 2002.
BELLO, Enzo. Política, Cidadania e Direitos Sociais: Um contraponto
entre os modelos clássicos e a trajetória da América Latina. Rio de
Janeiro: PUC, Departamento de Direito, 2007. Dissertação de Mes-
trado, Pontifícia Universidade Católica, 2007.
BERTASO, João Martins. Cidadania, solidariedade e com-vivencia:a
dimensão do amor da cidadania. In: Cidadania e interculturalidade:
produção associada ao projeto de pesquisa “Cidadania e Intercultu-
Resumo
O Poder Judiciário não consegue mais dar conta de suas atividades, seja por falta de
servidores públicos, seja pelo grande número de demanda processual ou pela falta
de sensibilidade de lidar com os conflitos. Para tanto, faz-se necessária a utilização
de novas formas de tratamento para solucionar os conflitos judiciais. A mediação é
um desses institutos que propõem opções diferenciadas aos conflitantes. Diante
disso questiona-se: De que forma a mediação pode atuar como política pública de
inclusão social e facilitadora de acesso à justiça? A mediação é um método alternati-
vo de tratamento de conflito que está cada vez mais presente no mundo globalizado,
sendo considerada, como um novo paradigma na resolução de conflitos, na medida
em que é confidencial, mais econômica, célere, voluntária e preserva o poder das
partes de decidirem qual o melhor acordo, uma vez que nem sempre uma decisão
baseada no direito é a mais justa. A mediação contribui para a cidadania e participa-
ção das pessoas, baseada na autonomia de cada indivíduo, na construção de alterna-
tivas e na decisão da melhor solução aos conflitos. As partes são dessa maneira,
capazes de realizar uma comunicação eficaz, tornando a mediação uma construção
satisfatória de problemas individuais. Para tanto, a busca junto ao Estado de uma
reestruturação que permita a participação da sociedade global de forma diferencia-
da de tratar os conflitos e a criação de novas oportunidades favoráveis ao compro-
metimento com os princípios universais de igualdade, liberdade e solidariedade.
Palavras-chave: Mediação, Políticas Públicas, Inclusão Social, Acesso à Justiça.
Abstract
The judiciary power can’t no longer cope with its activities, either for the lack of
servants, or the great number of procedural demand or the lack of sensitivity to deal
with conflicts. Therefore, it’s necessary to use new forms of treatment to solve legal
disputes. Mediation is one of those institutes wich offer different options to the
conflicting people. Given this wonder: How mediation can act as a public policy of
882
Nadja Caroline Hendges & Janete Rosa Martins
social inclusion and facilitate the access to the justice? Mediation is an alternative
method of handling conflict that is even more present in the globalized world, con-
sidered as a new paradigm in conflict resolution, as it is confidential, more economi-
cal, faster, voluntary and preserve the power of the parties to decive what is the best
deal, since it is not always a decision based on the right the fairest. Mediation helps
to citizenship an people participation, based on the autonomy of each individual, to
build alternatives and decide the best solution to conflicts. The parties are able to
achieve effective communication, making mediation a satisfactory construction of
individual problems. Therefore, the search by the State of a restructuring that allows
the participation of global society in a different way of dealing with conflicts and
creating favorable new opportunities to the commitment with the universal princi-
ples of equality, freedom and solidarity.
Keywords: Mediation, Public Politics, Social Inclusion, Justice Access.
1
Sales traz um conceito mais adequado que representa o instituto da
mediação atualmente: “A mediação é um procedimento consensual de
solução de conflitos por meio do qual uma terceira pessoa imparcial –
escolhida ou aceita pelas partes – age no sentido de encorajar e facilitar
a resolução de uma divergência. As pessoas envolvidas nesse conflito
são as responsáveis pela decisão que melhor as satisfaça. A mediação
representa assim um mecanismo de solução de conflitos utilizado pelas
próprias partes que, movidas pelo diálogo, encontram uma alternativa
ponderada, eficaz e satisfatória.” (SALES, Lília Maia de Moraes.
Mediação de conflitos: Família, Escola e Comunidade. Florianópolis:
Conceito Editorial, 2007. p. 23).
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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883
O instituto mediação como política pública de inclusão social...
2
_ A evolução histórica da Mediação. Disponível em: ˂http://ufam.edu.br˃
Acesso em: 16 nov. 2013.
3
O ganha/ganha significa que as partes na mediação saem satisfeitas,
uma vez que ambas chegaram a uma solução sobre o impasse que tenha
gerado o conflito.
4
MULLER, Jean - Marie. Não-violência na educação. Tradução de Tonia
Van Acker. São Paulo: Palas Athenas, 2006.
5
Em conformidade com Spengler e Bolzan, a mediação e a preocupação
com o respeito aos Direitos Humanos estão interligados. Desse modo,
todos podem usufruir dos seus direitos dentro dos liames do instituto da
mediação, onde deve haver a participação dos cidadãos e principal-
mente dos agentes políticos-jurídicos e sociais: “A preocupação com o
tema dos Direitos Humanos está presente desde há muito tempo nos
trabalhos jurídicos daqueles que se preocupam com a dignidade da vida
quotidiana dos indivíduos, bem como do ambiente [...] os Direitos
Humanos, como conjunto de valores históricos básicos e fundamentais,
que dizem respeito à vida digna jurídico-político-psíquico-econômico-
física e afetiva dos seres e de seu habitat,tanto daqueles do presente
quanto daqueles do porvir, surgem sempre como condição fundante da
vida. Assim, impõem aos agentes político-jurídico-sociais a tarefa de
agirem no sentido de permitir que a todos seja consignada a
possibilidade de usufruí-los em benefício próprio e comum ao mesmo
tempo. Da mesma forma como os Direitos Humanos se dirigem a todos,
o compromisso com a sua concretização caracteriza tarefa de todos, em
um comprometimento comum com a dignidade comum. (Ibidem. p. 15-
18).
6
REIS, Jorge Renato dos; FONTANA, Eliane. Direitos fundamentais
sociais e a solidariedade: notas introdutórias. In: Direitos Sociais e
Políticas Públicas – desafios contemporâneos. Tomo11, Santa Cruz do
Sul: Ediunisc, 2011. p. 114.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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O instituto mediação como política pública de inclusão social...
7
BOLZAN; SPENGLER, 2008. p. 134.
8
O autor Luis Alberto Warat em seu livro Surfando na pororoca: o ofício
do mediador, refere-se entre outras atribuições, as principais
características do mediador e da prática do instituto da mediação. Para
tanto, segundo o autor, faz-se necessário praticar o oficio de mediador
sempre com sensibilidade e simplicidade, respeitando o sentimento do
outro: “A mediação, em uma primeira aproximação, não seria outra coisa
do que a realização com o outro dos próprios sentimentos. Fazer
mediação nada mais é que viver, viver em harmonia com a própria
interioridade e com os outros, [...]. A mediação que realiza a
sensibilidade é uma forma de atingir a simplicidade do conflito. Tenta
que as partes do conflito se transformem descobrindo a simplicidade da
realidade. A mediação com sensibilidade é uma procura da
simplicidade.[...] A mediação não é uma ciência que pode ser explicada,
ela é uma arte que tem que ser experimentada. [...] Para ser mediador é
preciso ascender a um mistério que está além das técnicas de
comunicação e assistência a terceiros.[...] Para formar um mediador é
preciso levá-lo a um estado de mediação, ele deve estar mediado, ser a
mediação. Estar mediado é entender o valor de não resistir, de deixar de
estar prermanentemente em luta, tentando manipular em seu benefício,
a energia dos outros.” (WARAT, Luis Alberto. Surfando na pororoca:
ofício do mediador. Coordenadores: Orides Mezzaroba, Arno Dal Ri
Júnior, Aires José Rover, Cláudia Servilha Monteiro. Florianópolis:
Fundação Boiteux, 2004. p. 28-31-34-38).
9
BOLZAN, José Luiz de Moraes. SPENGLER, Fabiana Marion. Mediação e
Arbitragem: alternativas à jurisdição. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2008. p.163.
10
MORAIS e SPENGLER, 2008, p. 136.
11
Idem, p. 164.
12
Segundo o posicionamento de Sales, o conflito é necessário, podendo
tornar-se positivo nas relações que estão sujeitas à boa administração e
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887
O instituto mediação como política pública de inclusão social...
13
MORAIS, José Luis Bolzan de; SPENGLER, Fabiana Marion. Mediação e
Arbitragem: alternativas à jurisdição. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2008, p. 46.
14
WARAT, Luis Alberto. O oficio do mediador. Florianópolis, SC: Habitus,
2001. p. 35.
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889
O instituto mediação como política pública de inclusão social...
15
O acesso à justiça está previsto na Constituição Federal de 1988
possuindo a seguinte redação: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito.” (BRASIL, Constituição da República
Federativa do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2009).
16
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Porto Alegre:
Fabris, 1998. p. 24.
17
SALES, 2007. p. 37.
18
PASOLD, Cesar Luiz. Função Social do Estado Contemporâneo.
Florianópolis: OAB/SC, 2003. p. 85-86.
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891
O instituto mediação como política pública de inclusão social...
24
Idem. Ibidem. p. 94-97.
25
REIS, Suelen Agnus dos. Meios Alternativos de Solução de Conflitos.
Disponível em: ˂http//www.bdjur.stj.gov.br˃. Acesso em: 16 jan 2013.
26
SPENGLER, Fabiana Marion. Da jurisdição à mediação: por uma outra
cultura no tratamento de conflitos. Ijuí: Editora Unijuí, 2010. p. 346.
27
Resolução 125 de 29 de novembro de 2010. Dispõe sobre a Política
Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses
no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências. Disponível em:
˂http://www.cnj.jus.br/atos-administrativos/atos-da-presidencia/323-
resolucoes/12243-resolucao-no-125-de-29-de-novembro-de-2010˃.
Acesso em 16 jan 2013.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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893
O instituto mediação como política pública de inclusão social...
28
BOLZAN; SPENGLER, 2008. p. 168-169.
REFERÊNCIAS
BOLZAN, José Luiz de Moraes. SPENGLER, Fabiana Marion. Media-
ção e Arbitragem: alternativas à jurisdição. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2008.
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo:
Saraiva, 2009.
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Porto Ale-
gre: Fabris, 1998.
FERRAZ, Sergio. Manipulações biológicas e princípios constitucio-
nais: uma introdução. Porto Alegre: Sérgio Antonio Babris.
MORAIS, José Luis Bolzan de; SPENGLER, Fabiana Marion. Media-
ção e Arbitragem: alternativas à jurisdição. 2. ed. Porto Alegre: Li-
vraria do Advogado, 2008.
MULLER, Jean - Marie. Não-violência na educação. Tradução de
Tonia Van Acker. São Paulo: Palas Athenas, 2006.
PASOLD, Cesar Luiz. Função Social do Estado Contemporâneo.
Florianópolis: OAB/SC, 2003.
REIS, Jorge Renato dos; FONTANA, Eliane. Direitos fundamentais
sociais e a solidariedade: notas introdutórias. In: Direitos Sociais e
Políticas Públicas – desafios contemporâneos. Tomo11, Santa Cruz
do Sul: Ediunisc, 2011.
REIS, Suelen Agnus dos. Meios Alternativos de Solução de Confli-
tos. Disponível em: ˂http//www.bdjur.stj.gov.br˃. Acesso em: 16 jan
2013.
Natacha John
Mestre em Direito pela Universidade de Caxias do Sul – UCS. Graduada
pelo Centro Universitário Franciscano – UNIFRA. Integrante do grupo de
pesquisa Alfabetização Ecológica, Cultura e Jurisdição: uma incursão pelas
teorias da decisão (UCS). (natachajohn@hotmail.com)
Rachel Cardone
Mestre em Direito Ambiental pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Graduada em Direito e Letras Português/Inglês pela Universidade Federal
de Rio Grande/RS (FURG). Especialista em Direito Civil e Empresarial pela
FURG. Advogada e Professora titular da Faculdade Anhanguera.
(www.rachelcardone.com.br).
Sergionei Correa
Graduado em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (2005), Pós-
Graduado em Direito Público pela Universidade de Brasília (2010), Mestre
pela Universidade de Caxias do Sul (2013). Experiência profissional na área
de Direito Previdenciário, tendo em vista o exercicio no cargo de analista
previdenciário no ano de 2006, ainda, experiência em Direito Penal e Pro-
cessual Penal, com ênfase para atuação no Tribunal de Jurí em decorrên-
cia do exercicio no cargo de Defensor Público no Estado do Rio Grande do
Sul no periodo de 2006 e 2007. Por fim, experiência na aréa Consultiva
Federal, em virtude do exercicio no cargo de Advogado da União de agos-
to de 2007 até dezembro de 2009 junto à Consultoria Juridica da União
em Brasília, bem como experiência na aréa Contenciosa Federal, pois atu-
almente trabalha no cargo de Advogado da União junto à Procuradoria da
União em Caxias do Sul. Ainda experiencia docencia junto ao curso de pós-
graduação em direito administrativo da UCS-campus de Vacaria.
Resumo
Este trabalho apresenta como tema central o estudo da proteção das águas subter-
râneas frente à sociedade de risco. Assim, tem-se como objetivo demonstrar como o
processo de modernização contribuiu para o surgimento da chamada sociedade de
risco e os perigos que ela apresenta na contaminação das águas subterrâneas. Desse
898
Natacha John, Rachel Cardone & Sergionei Correa
Abstract
This research aims as central theme the study of groundwater protection in front of
the risk society. Therefore, our objective is to demonstrate how the communication
process contributed to the origin of the so called society of risk, and the danger it
represents to the contamination of groundwater. Thus, using the inductive method
of research, by the nature of the developed study, to adapt the proposed objectives
and making use of literature as a source of the argumentative constitution, we veri-
fied the necessary change of the current behavior patterns, considering the rank of
concerns and conflicts involved in the groundwater contamination issue, and also to
prevent the damages they inflict to society.
Keywords:. Groundwater. Environmental legislation. Society of risk.
INTRODUÇÃO
Frente à exploração inconsequente e demasiada do ho-
mem sob os recursos naturais, a crise ambiental consolida-se
como uma crise civilizatória, fruto da relação homem versus
natureza. As modificações geradas na natureza pela atividade
humana ameaçam a qualidade de vida do ser humano e dos
demais seres vivos. A poluição e a contínua degradação do
meio em que se vive causa preocupação com a sustentabilida-
de do planeta.
Assim a humanidade se desenvolve em um ritmo muito
acelerado, onde a visão estritamente econômica a respeito do
crescimento de nossa sociedade faz com que os riscos decor-
rentes deste desenvolvimento sejam, muitas vezes, esqueci-
dos. Desde uma operação individual, até as ações em massa,
todos os acontecimentos presentes na sociedade pós-moderna
acarretam em conseqüências globais e, junto a elas, a possibi-
lidade de danos não previstos. São ameaças que incidirão,
principalmente, no meio ambiente que nos cerca e, por conse-
quência, contra a própria existência do homem na Terra.
1
No presente trabalho, serão utilizados como sinônimos os termos água
(ou águas) e recurso hídrico (ou recursos hídricos), pois não
encontramos diferenciação científica relevante, apesar de parte da
doutrina apontar distinção entre eles. Nesse sentido, Juliana Santilli
destaca “Antes de mais nada cabe indagar: existe distinção entre os
termos recursos hídricos e águas? Para alguns especialistas, o termo
recursos hídricos deve ser empregado apenas quando, ao se tratar das
águas em geral, forem incluídas aquelas que não devem ser usadas por
questões ambientais. Ou seja, sempre que a proteção ambiental das
águas for considerada, o termo águas deve ser substituído por recursos
hídricos”. SANTILLI, Juliana. Política Nacional de Recursos Hídricos:
princípios fundamentais. In: Congresso Internacional de Direito
Ambiental. 7, 2003. Direito, Água e Vida. São Paulo: Imprensa Oficial,
2003, v. 1, p. 647- 662. p. 647.
2
“Al contrario que los estamentos o las classes, este destino tampouco se
encuentra bajo el signo de la miseria, sino bajo el signo del miedo, y no
es precisamente uma “reliquia tradicional”, sino um produto de la
modernidad, y ademas em su estado máximo de desarrolo [...]”. BECK,
Ulrich. La sociedad del risgo. Hacia uma nueva modernidad. Barcelona:
Paidós, 1998. p.12.
3
“Hoje em dia, as ações cotidianas de um indivíduo produzem
conseqüências globais. Minha decisão de comprar uma determinada
peça de roupa, por exemplo, ou um tipo específico de alimento, tem
múltiplas implicações globais. Não somente afeta a sobrevivência de
alguém que vive do outro lado do mundo, mas pode contribuir para um
processo de deterioração ecológica que em si tem conseqüências para
toda a humanidade.” GIDDENS, Anthony. “A vida de uma sociedade
pós-tradicional”. In: BECK, Ulrich. GIDDENS, Anthony. LASH, Scott.
Modernização Reflexiva. São Paulo: Editora Unesp, 1997. p. 75.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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Uma análise da sociedade de risco e do meio ambiente frente a...
4
BECK, Ulrich. Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade. Tra-
dução de Sebastião Nascimento. São Paulo: Editora 34, 2004. p. 39 – 40.
5
BECK, Ulrich. Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade.
Tradução de Sebastião Nascimento. São Paulo: Editora 34, 2004. p. 40.
6
Idem, p. 40 – 41.
7
JONAS, Hans. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para
a civilização tecnológica. Tradução de Marijane Lisboa, Luiz Barros
Montez. Rio de Janeiro: Contraponto; Ed. da PUC-Rio, 2006, p. 67.
8
“O dinamismo da modernidade deriva da separação do tempo e do
espaço e de sua recombinação em formas que permitem o “zoneamento”
tempo-espacial preciso da vida social; do desencaixe dos sistemas
sociais (um fenômeno intimamente vinculado aos fatores envolvidos na
separação tempo-espaço); e da ordenação e reordenação reflexiva das
relações sociais à luz das contínuas entradas (inputs) de conhecimento
afetando as ações de indivíduos e grupos.” GIDDENS, Anthony. As
conseqüências da Modernidade. Editora UNESP, 1991. p. 25.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
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11
Idem, ibidem.
12
BORSOI, Zilda Maria Ferrão; TORRES, Solange Domingo Alencar. A
política dos recursos hídricos no Brasil. Revista do BNDS, Rio de
Janeiro, v. 4, n. 8, dez./1997. p. 149-150.
13
“O exame dos textos legais mais representativos revela cuidar-se, no
Brasil, não apenas do aspecto repressivo da poluição, mas da
institucionalização de esquemas administrativos e financeiros, capazes
de assegurar resultados razoáveis e permanentes, dirigidos ao
planejamento da evolução industrial brasileira. A permanente utilização
das leis, bem como as alterações introduzidas no campo institucional,
permitem acreditar que, mesmo em relação às áreas críticas de poluição,
já delimitadas e objeto de medidas especificas, o Brasil está em
condições de controlar, de modo satisfatório, a poluição das águas. Deve
ser salientada, no entanto, a necessidade de maior coordenação entre
vários órgãos que atuam na área, pois como foi visto, quase todos têm
atribuições e, no confronto entre elas, é sempre o controle da poluição
que costuma ser postergada”. POMPEU, Cid Tomanik. Controle da
Poluição Hídrica no Brasil. Revista de Direito Administrativo. Rio de
Janeiro, n. 130, p. 425-439, ou./dez. 1977. p. 438-439.
14
GRAF, Ana Cláudia Bento. A Tutela dos Estados sobre as Águas. In:
FREITAS, Vladimir Passos de (Org.). Águas: aspectos jurídicos e
ambientais. 2. ed. Curitiba:Juruá, 2003. p. 62.
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Uma análise da sociedade de risco e do meio ambiente frente a...
15
BORSOI, Zilda Maria Ferrão; TORRES, Solange Domingo Alencar. A
política dos recursos hídricos no Brasil. Revista do BNDS. Rio de
Janeiro, v. 4, n. 8, dez./1997. p. 148.
16
SILVA, Luís Praxades Vieira da. Princípio da Precaução e Recursos
Hídricos. In: Congresso Internacional de Direito Ambiental. 7., 2003.
Direito, Água e Vida. São Paulo: Imprensa Oficial, 2003. v.1. p. 710.
17
FREITAS, Vladimir Passos de. Sistema Jurídico brasileiro de controle
da poluição das águas subterrâneas. Revista de Direito Ambiental. São
Paulo, a.6, n. 23, p. 53-66. jul./set. 2001. p. 56.
Sivini Ferreira, José Rubens Morato Leite (Orgs). Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2004. p. 119.
24
“O que é importante – escrevemos de outra feita – é que se tenha a
consciência de que o direito à vida, como matriz de todos os demais di-
reitos fundamentais do Homem, é que há de orientar todas as formas de
atuação no campo da tutela do meio ambiente. Cumpre compreender
que ele é um fator preponderante, que há de estar acima de quaisquer
outras considerações como as de desenvolvimento, como as de respeito
ao direito de propriedade, como as da iniciativa privada. Também estes
são garantidos no texto constitucional, mas, a toda evidência, não po-
dem primar sobre o direito fundamental à vida, que está em jogo quando
se discute a tutela da qualidade do meio ambiente. É que a tutela da
qualidade do meio ambiente é instrumental no sentido de que, através
dela, o que se protege é um valor maior: a qualidade de vida.” SILVA,
José Alfonso da. Direito Ambiental Constitucional. 4. ed. São Paulo:
Malheiros, 2003. p. 70.
25
Nas palavras de Ilya Prigogine, “assistimos ao surgimento de uma
ciência que não mais se limita a situações simplificadas, idealizadas,
mas nos põe diante da complexidade do mundo real”. PRIGOGINE, Ilya.
O fim das certezas. Tempo, caos e as leis da natureza. Tradução de
Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Unesp, 1996. p. 14.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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909
Uma análise da sociedade de risco e do meio ambiente frente a...
26
Ana Cláudia Bento Graf elucida que “em 08.01.1997 foi editada a Lei
9.433, que institui uma política nacional especifica para os recursos
hídricos, adotando novos paradigmas quanto aos usos múltiplos das
águas, à participação popular na gestão destes recursos e,
reconhecendo que se trata de um recurso finito, vulnerável e, dotado de
valor econômico”. GRAFF, Ana Cláudia Bento. A Tutela dos Estados
sobre as Águas. In: FREITAS, Vladimir Passos de (Org). Águas: aspectos
jurídicos e ambientais. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2003. p. 52-53.
27
Fernando Quadros da Silva esclarece que “Nossa legislação estava
moldada a uma visão inesgotabilidade dos recursos hídricos e tinha
como preocupação primordial o uso da água com finalidades de
produção de energia”. SILVA, Fernando Quadros da. A Gestão dos
Recursos Hídricos após a Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997. In :
FREITAS, Vladimir Passos de (Org). Direito Ambiental em Evolução.
Curitiba: Juruá, 1998. p. 75.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociedade de risco é caracterizada pela produção in-
dustrial de riqueza e consequentemente pela produção social
do risco. O avanço técnico e científico tão enaltecido por mui-
tos, somente apresenta suas consequências negativas em longo
prazo e infelizmente não são percebidos pela realidade atual.
Na modernidade o desenvolvimento não ocorre de forma
simultânea com os recursos naturais, ou seja, o crescimento
frenético da sociedade não acompanha o processo de regene-
ração ou substituição dos recursos naturais. Em que pese à
questão da água na sociedade de risco, percebe-se que sua
utilização não pode mais ocorrer de forma irracional, uma vez
que já foi constatado a finitude deste recurso natural.
A água é a fonte da vida. Assim, importante mencionar
que ter acesso à água potável em quantidade satisfatória não é
uma questão de opção, mas de obrigação básica, apresentan-
do-se como direito fundamental e elemento essencial para a
dignidade humana.
Vale ressaltar que as águas subterrâneas não podem ser
utilizadas de maneira irresponsável, devido sua estrita relação
com as águas superficiais, tendo como conseqüência a polui-
ção dos aquíferos. Esse problema de ordem ambiental tem de-
safiado o Poder Público e até mesmo a sociedade na procura
de soluções para utilização dos recursos naturais, de modo a
não gerar tantos riscos a coletividade.
A poluição das águas subterrâneas, assim como muitos
outros problemas de degradação ambiental, implica em riscos
para própria humanidade e ao ambiente em todas as suas for-
mas de vida, nos fazendo repensar sobre o modelo de socieda-
de ao qual fazemos parte.
É necessário iniciarmos uma mudança, seja na economia,
na política ou na sociedade, entretanto esta mudança deve
iniciar principalmente no comportamento individual de cada
cidadão e papel que desempenha dentro da coletividade. As
transformações são urgentes e bem vindas para resgatar o
bem de valor mais valioso que possuímos: a vida.
REFERÊNCIAS
BECK, Ulrich. La sociedad del risgo. Hacia uma nueva modernidad.
Barcelona: Paidós, 1998.
______. Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade. Tradu-
ção de Sebastião Nascimento. São Paulo: Editora 34, 2004.
______. GIDDENS, Anthony. LASH, Scott. Modernização Reflexiva.
São Paulo: Editora Unesp, 1997.
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2003.
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política dos recursos hídricos no Brasil. Revista do BNDS, Rio de
Janeiro, v. 4, n. 8, dez./1997.
CUNHA, Paulo. A globalização, a sociedade de risco, a dimensão
preventiva do direito e ambiente. In: Estado de Direito Ambiental:
Tendência: Aspectos Constitucionais e Diagnósticos. Heleni Sivini
Ferreira, José Rubens Morato Leite (Orgs). Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2004.
FERREIRA, Heleni Sivini. A globalização, a sociedade de risco, a
dimensão preventiva do direito e ambiente. In: Estado de Direito
Ambiental: Tendência: Aspectos Constitucionais e Diagnósticos;
Heleni Sivini Ferreira, José Rubens Morato Leite (Orgs). Rio de Ja-
neiro: Forense Universitária, 2004.
FREITAS, Fabiana Paschoal de. Águas Subterrâneas Transfronteiri-
ças: o aqüífero Guarani e o projeto do GEF/Banco Mundial. In: Con-
gresso Internacional de Direito Ambiental. 7., 2003. Direito, Água e
Vida. São Paulo: Imprensa Oficial, 2003.
FREITAS, Vladimir Passos de. Sistema Jurídico brasileiro de controle
da poluição das águas subterrâneas. Revista de Direito Ambiental,
São Paulo, a.6, n. 23, p. 53-66. jul./set. 2001.
GIDDENS, Anthony. As conseqüências da Modernidade. Editora
UNESP, 1991.
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FREITAS, Vladimir Passos de (Org.). Águas: aspectos jurídicos e
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JONAS, Hans. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética
para a civilização tecnológica. Tradução de Marijane Lisboa, Luiz
Barros Montez. Rio de Janeiro: Contraponto; Ed. da PUC-Rio, 2006.
NOGUEIRA, César. O planeta tem sede. Veja, São Paulo, 17.11.99, p.
154.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
913
Uma análise da sociedade de risco e do meio ambiente frente a...
Resumo
O estudo analisa, no contexto de aprovação da Lei Geral da Copa 12.663/12, as vio-
lações de direitos humanos, especialmente do direito à moradia e à cidade, decor-
rentes da promoção de megaeventos, como a Copa do Mundo de 2014. Pretende-se
analisar em que medida os discursos que emergem dos conflitos jurídicos e sociais
desencadeados e legitimados pela institucionalidade, conforme se discute no estudo
e a partir das leituras de movimentos e organizações sociais, refletem a continuidade
de estruturas sociais relacionadas à Totalidade moderna/colonial, no campo da efe-
tivação do Estado democrático de direito e do paradigma de defesa dos direitos
humanos. Destacam-se os elementos capazes de fragilizar o status de direitos hu-
manos positivado. Esses movimentos de enfraquecimento do potencial subjetivo dos
direitos humanos são analisados a partir pensamento descolonial e da categoria
colonialidade do poder, capazes de evidenciar as raízes das disparidades entre os
discursos de efetivação dos direitos humanos nessas situações.
Palavras-chave: direitos humanos, megaeventos, pensamento descolonial, coloniali-
dade do poder
Abstract
This study seeks to examine, in the context of the Law 12.663/2012, the violations of
human rights, especially of the right to housing and right to city, that occur from
1
Artigo a ser submetido no Eixo I – Fundamentos e concretização dos
direitos humanos.
916
Natalia Martinuzzi Castilho & Alex Silveira Filho
organizing mega events such as the World Cup of Football - 2014. Intents analyses in
which way the discourses that emerge of juridical and social conflicts legitimate
institutions, reflects the continuation of social structures related to the mod-
ern/colonial Totality. By the organization of social movements and autonomous
organizations, it intends to focus on the elements that are capable to weaken the
jurisdictional status of human rights protection. These movements of potential
weakening of the subjective potential of human rights are analyzed from the de-
colonial thinking and the category of coloniality of power, able to show the roots of
disparities between all discourses of realization of these rights at situations ruled by
disputes of interests and control of power.
Keywords: human rights, mega events, decolonial thinking, coloniality of power
INTRODUÇÃO
A realização de megaeventos esportivos provoca debates
profundos, especialmente a Copa do Mundo de Futebol em
países em que esse esporte possui um apelo social e cultural
tão expressivo, como no Brasil. O forte alcance popular do es-
porte, entretanto, não vem se mostrando capaz de camuflar as
consequências da mercantilização cada vez mais acirrada que
envolve as alterações infraestruturais, o embelezamento urbano
e as diretrizes institucionais e administrativas exigidas pela
FIFA e seus organismos e empresas patrocinadoras e parceiras.
Por meio da análise de algumas dessas situações, especi-
almente nos casos de despejos forçados e das disposições, no
mínimo, ética e juridicamente controversas contidas no texto
da Lei Geral da Copa, pretende-se investigar as principais jus-
tificativas para o cenário de flexibilização e anulação, em mui-
tas situações, dos direitos humanos positivados no Brasil e em
âmbito internacional. Para essa tarefa, utiliza-se dos aportes
teóricos dos estudos descoloniais e sua proposta de descolonia-
zação das fontes e formas de produção de conhecimento a par-
tir do conceito de colonialidade do poder (ou matriz colonial de
poder) do sociólogo e teórico político peruano Aníbal Quiijano.
As formas de reestruturação da matriz colonial podem ter o
condão de evidenciar as contradições e ambiguidades nos dis-
cursos de direitos humanos e democracia nos países periféri-
cos e, ainda, refletir de que maneira a as resistências a essa
lógica de reestruturação do espaço urbano, no caso dos mega-
eventos, representam um mecanismo de democratização real
da sociedade.
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As violações de direitos humanos no contexto dos megaeventos ...
2
Em entrevista ao IHU Ideias, o mestre em Direito pela Universidade Fe-
deral do Paraná (UFPR), assessor jurídico da Organização Terra de Direi-
tos e integrante do Comitê Popular da Copa de Curitiba, Thiago Hoshi-
no, apresenta dados importantes: “IHU On-Line – A Copa do Mundo no
Brasil é um negócio privado bancado com recursos públicos? Qual a
percentagem do investimento público? Os recursos do BNDES são a
fundo perdido? Thiago Hoshino – Segundo o relatório do Tribunal de
Contas da União – TCU de julho deste ano, dos quase R$ 24 bilhões de
3
Segundo o Dossiê Mega-eventos e violações dos direitos humanos no
Rio de Janeiro (pp. 28-29). Disponível em < http://www.agb.org.br/docu
mentos/dossic3aa-megaeventos-e-violac3a7c3b5es-dos-direitos-huma
nos-no-rio-de-janeiro.pdf > Acesso em 03 de fevereiro de 2013 : “ [...] En-
fim, a experiência do Pan/2007 é esclarecedora, pois serviu de etapa e
ensaio para megaeventos esportivos maiores Copa do Mundo de futebol
de 2014 e Olimpíadas de 2016. E é com este olhar que encontramos o
seu maior e pior legado, pois ficou provado que é possível transferir re-
cursos públicos para a esfera privada, privilegiar as maiores empreitei-
ras do país, alargar as fronteiras de atuação do capital, diminuir os direi-
tos sociais, agravar os conflitos urbanos, reduzir o grau de informação
sobre as atividades públicas e aumentar a desigualdade social. Tudo
camuflado sob o manto de interesses da coletividade que cultua as
competições esportivas.”. Ainda de acordo com Gaffney (2011), sobre os
Jogos Panamericanos de 2007: “O Comitê Organizador para a Copa e
para os Jogos Olímpicos diz que não houve nenhum legado urbanístico
do Pan. [...] a preparação para o Pan foi uma desorganização total, houve
fortes indícios de superfaturamento e tudo foi orçado em 400 milhões e
no fim acabou custando 4 bilhões de reais. A vila do Pan (onde os atletas
se hospedaram) tem uma taxa de ocupação de 35% agora. Fizeram dois
leilões para vender apartamentos. Não conseguiram. O estádio era pra
ter custado 120 milhões de reais, e custou 430 milhões. Desorganização,
falta de transparência.”
4
Dado retirado do Dossiê Megaeventos e violações de direitos humanos
no Brasil, 2012, p.14. Disponível em < http://comitepopulario.files.
7
Ainda nesta cidade, em decorrência de um projeto de urbanização,
foram cadastradas 1.470 famílias que moravam na Vila Dique para serem
removidas e reassentadas no empreendimento. Embora muitos já
tenham sido removidos, para dar espaço às obras do aeroporto, até
agora o reassentamento não foi implantado de forma completa, pois
menos da metade das unidades habitacionais previstas foram
construídas. Não houve análise geotécnica e aproximadamente um terço
da área do reassentamento está comprometidas. As famílias
remanescentes, por sua vez, foram penalizadas com o abandono de
serviços básicos, como coleta de lixo, corte de energia elétrica e
irregularidade no abastecimento de água. Esses três casos foram
retirados do Dossiê da Articulação Nacional dos Comitês Populares da
Copa, intitulado “Megaeventos e violações de direitos humanos no
Brasil”, que relatou e analisou 21 casos de vilas e favelas nas cidades de
Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e
São Paulo que tem como pano de fundo comum o propósito da
higienização social e da gentrificação, por meio da aquisição de terras
de alto valor imobiliário, do repasse dos investimentos estatais à
iniciativa privada e da periferização cada vez mais intensa da população
pobre.
8
“Em geral, e em que pesem estes compromissos recentes, é difícil en-
contrar nos procedimentos e normativas da FIFA alguma norma que
ajude a instituição e seus membros a integrar uma perspectiva de direi-
tos humanos em suas atividades cotidianas. Ainda que as mudanças in-
troduzidas na missão da FIFA sejam elogiáveis, é necessário aplicá-las
na prática. [...] os procedimentos da FIFA carecem de informação aces-
sível ao público em geral. A transparência e prestação de contas são
fundamentais para certificar-se de que o evento não reduza, e sim am-
plie, os direitos humanos das populações locais. Além disso, ainda que a
instituição regularmente emita normas de conduta aplicáveis a cada
processo de licitação, não existe um marco normativo que se aplique a
todos eles. (ROLNIK, 2009, p.13-14).
9
Das medidas mais relevantes contidas na Lei 12.663/2012: Restrições ao
trabalho informal, comércio de rua e popular durante os jogos (Artigo
11); obstáculos para que o povo brasileiro possa assistir aos jogos como
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As violações de direitos humanos no contexto dos megaeventos ...
achar melhor, com limitação à sua transmissão por rádio, televisão e in-
ternet (Artigo 16, inciso IV); submissão da União Federal à Fifa por meio
de sua responsabilização por quaisquer ‘danos e prejuízos’ causados ao
evento privado (artigo 22, 23 e 24); criação de novos tipos penais, de tri-
bunais especiais para o seu julgamento e, ainda, isenção de custas con-
cedida à FIFA (Artigos 31 a 34); violação do Estatuto do Torcedor em fa-
vor do monopólio da Fifa (Art. 67); risco ao direito à educação pela redu-
ção do calendário escolar (Artigo 63); permissão excepcional de venda
de bebidas alcoólicas durante os jogos, retrocedendo em relação à legis-
lação existente (Artigo 29); privatização de símbolos oficiais e do patri-
mônio cultural brasileiro pela Fifa através de procedimento especial jun-
to ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI , dando mar-
gem a abusos nas reservas de patente (Artigo 4º a 7º); infração direta ao
Código de Defesa do Consumidor, isentando a Fifa de responsabilidade
civil (art. 27, I), permitindo venda casada (art. 27, II) e cláusula penal
(art. 27, III), além de restrição à liberdade de escolha do consumidor (art.
11).
10
O pensamento descolonial desprende-se das bases eurocentradas do
conhecimento e implica em um pensar produzindo conhecimentos que
iluminem os silêncios produzidos por uma forma de saber e de conhecer
cujo horizonte de vida se constituiu no imperialismo. (GROSFOGUEL e
MIGNOLO, 2008, p. 34). A descolonialidade como conceito e projeto é o
conector entre pensadores, ativistas, académicos, periodistas, etc. em
distintas partes do mundo (também na União Europeia e nos Estados
Unidos); o conector entre todos aqueles e aquelas que pensam e fazem a
partir do sentido do mundo e da vida que surge na tomada de
consciência da ferida colonial. O projeto Modernidade/Colonialidade se
distancia de assumir a América Latina como um objeto de estudos,
diferentemente dos estudos latinoamericanos dos Estados Unidos,
sugerindo que a globalização deve ser entendida desde uma
perspectiva geo-histórica e crítica latinoamericana.
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925
As violações de direitos humanos no contexto dos megaeventos ...
11
Segundo Wallerstein (2007, p. 30) o moderno sistema mundo destaca-se
a partir do universalismo europeu, que consiste no conjunto de
doutrinas e pontos de vista éticos que derivam do contexto europeu e
ambicionam ser valores universais globais – aquilo que muitos de seus
defensores chamam de lei natural – ou como tal são apresentados. É
uma doutrina oralmente ambígua porque ataca os crimes de alguns e
passa por cima dos crimes de outros, apesar de usar critérios que se
afirmam como naturais (Id, Ibid, p. 60).
12
“É o que aponta o Instituto Ethos em pesquisa intitulada O Perfil Social,
Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações
Afirmativas. A pesquisa fez um mapeamento sobre a colocação do negro
em cargos de comando. O resultado: Mesmo representando 51,1% da
população brasileira, a disparidade e a sub-representação ainda são
bastante contrastantes. Segundo a pesquisa, os cargos de executivos
das grandes empresas brasileiras são ocupados por 5,3% de negros. A
situação da mulher negra é pior: ela detém uma parcela de 9,3% da base
da escala e de 0,5% do topo, o que representa, em números absolutos,
seis negras (todas pardas) entre as 119 mulheres ou os 1.162 diretores,
negros e não negros – de ambos os sexos – cuja cor ou raça foi informa-
da pelas empresas que responderam este item da pesquisa.” Disponível
em <http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/161/artigo242497-
1.asp>. Acesso em 01 de fevereiro de 2013.
13
“Por ejemplo, el trabajo asalariado existe hoy, como al comienzo de su
historia, junto con la esclavitud, la servidumbre, la pequeña producción
mercantil, la reciprocidad. Y todos ellos se articulan entre sí y con el ca-
pital. El propio trabajo asalariado se diferencia entre todas las formas
históricas de acumulación, desde la llamada originaria o primitiva, la
plusvalía extensiva, incluyendo todas las gradaciones de la intensiva y
todos los niveles que la actual tecnología permite y contiene, hasta
aquellos en que la fuerza viva de trabajo individual es virtualmente in-
significante. El capitalismo abarca, tiene que abarcar, a todo ese com-
plejo y heterogéneo universo bajo su dominación.” (QUIJANO, 2000,
p.350).
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
927
As violações de direitos humanos no contexto dos megaeventos ...
14
Essa classificação é feita pela própria FIFA. São grandes empresas
transnacionais que atuam como parceiras da FIFA no financiamento do
megaevento, cujas atividades e estratégias ultrapassam as fronteiras
dos países onde as mesmas surgiram, assim, sua atuação alcança, na
maioria das vezes, uma escala global. O conhecimento dessa rede de
financiadores da FIFA evidencia o nível das disputas travam as disputas
que se travam por novos nichos de mercado para tais empresas ou pelo
aprofundamento de sua atuação em outros mercados. “[...] Os interesses
vão desde a divulgação de suas logomarcas diretamente relacionadas à
natureza da competição, como aquelas de material esportivo, até outras
que denotam uma certa inversão de valores quando se prioriza o esporte
como sinônimo de vida saudável. Nesse particular é notável o exemplo
de empresas de alimentação cujos produtos são comprovadamente
inimigos dos princípios da correta alimentação, ou ainda interesses que
podem subverter regras nacionalmente estabelecidas como aquela da
proibição da venda e consumo de bebidas alcoólicas nos estádios.”
Neste estudo, foram listadas as empresas parceiras (no total de seis):
ADIDAS, EMIRATES, VISA, SONY, COCA-COLA, HYUNDAI e KIA
MOTORS; patrocinadoras (composto por até oito empresas): CASTROL,
MACDONALDS, BUDWEISER, JOHNSON&JOHNSON, CONTINENTAL,
SEARA, OI, YINGLI SOLAR; dentre os apoiadores nacionais, destacam-
se ITAU, LIBERTY SEGUROS, NESTLE, FOOTBALL FOR HOPE e
EDITORA ABRIL. (FIRKOWSKI e SILVA, 2011, p. 2-6).
15
“O Atlas também oferece um perfil típico do escravo brasileiro do século
XXI: é um migrante maranhense, do Norte de Tocantins ou oeste do
Piauí, de sexo masculino, analfabeto funcional, que foi levado para as
fronteiras móveis da Amazônia, em municípios de criação recente, onde
é utilizado principalmente em atividades vinculadas ao desmatamento.
É importante observar que existem fluxos, manchas e modalidades
expressivas - e igualmente graves - de trabalho escravo em outras
regiões – principalmente no Centro-Oeste e Nordeste - e em outros
setores, mas o perfil acima referido é decididamente majoritário. Há,
pelo menos, vinte municípios com alto grau de probabilidade de
trabalho escravo localizados nas regiões de fronteira na Amazônia
brasileira. Nestas áreas, coincidem a queima de madeira para a
fabricação do carvão vegetal, as altas taxas de desmatamento, o
trabalho pesado de destoca para formação de pastagem e atividades
pecuárias nas glebas rurais ocupadas. [...] Os dados do MTE são
relativos aos casos em que foi constatada a existência de trabalho
escravo, e indicam o número de trabalhadores libertados pelo Grupo
Móvel entre 1995 a 2008. O número real de trabalhadores escravizados é
sem dúvida maior [...] Entre 1990 e 2006, a CPT registrou denúncias
sobre 133.656 trabalhadores escravizados e, entre 1995 e 2006, o
Ministério do Trabalho libertou 17.961 trabalhadores da escravidão. A
análise dos dados de 1996 até 2006 mostra que a partir de 2001 houve
um crescimento significativo do número de trabalhadores em denúncias
(CPT), bem como de trabalhadores libertados (MTE).” (THÉRY et al,
2009, p. 11-19).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo concedeu enfoque às principais denúncias reali-
zadas no campo dos direitos humanos, especialmente àquelas
relacionadas às violações do direito à cidade e à moradia ade-
quada, no sentido de problematizar algumas questões relati-
vas ao tema da positivação e fundamentação dos direitos hu-
manos no contexto latino-americano. Por meio do extenso ma-
terial produzido por movimentos e grupos populares organiza-
dos foi possível destacar alguns casos emblemáticos, que ex-
pressam as principais deficiências do controle da autoridade
pública em nosso país, principalmente no contexto de um Es-
tado democrático.
As articulações que dão ensejo à matriz colonial de poder
– classificação racial do trabalho e aglutinação de formas ar-
caicas e modernas de exploração visando à expansão das fron-
teiras do capital – podem ser identificadas nos casos apresen-
tados, principalmente devido à constatação, segundo o Relató-
rio Especial organizado pela Organização das Nações Unidas
por meio de sua relatora especial para moradia, a professora
Raquel Rolnik, de que as comunidades pobres e os grupos que
já sofrem discriminação cotidianamente – minorias étnicas,
anciãos, crianças, imigrantes – no histórico de realização dos
megaeventos, foram os mais afetados pelas consequências
negativas.
Programa de Pós-graduação em Direito
Curso de Mestrado em Direitos Humanos
932
Natalia Martinuzzi Castilho & Alex Silveira Filho
REFERÊNCIAS
DOUZINAS, Costas. O fim dos direitos humanos. São Leopoldo:
Unisinos, 2009.
FIRKOWSKI, Olga; SILVA, Glayton R. de. A copa do mundo e os inte-
resses das empresas transnacionais. In: Boletim Copa em discus-
são, Ano I, n. 3, Curitiba, outubro de 2011, p. 2-6. Disponível em
<http://observatoriodasmetropoles.net/download/Copa_em_Discus
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FLORES, Joaquín Herrera. A (re)invenção dos direitos humanos.
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GAFFNEY, Cristopher. Entrevista concedia a Fernando Vives: Copa
do Mundo e Olimpíadas: benefícios para poucos. Disponível em <
http://www.cartacapital.com.br/politica/beneficio-para-poucos/ >
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GROSFOGUEL, Ramón; MIGNOLO, Walter. Intervenciones Descolo-
niales: una breve introducción. In: Tabula Rasa. Bogotá - Colombia,
No.9: 29-37, julio-diciembre 2008.
Resumo
O presente trabalho científico tem como objetivo o estudo das violações aos direitos
humanos em decorrência de atos de pirataria, de forma a efetuar uma análise quan-
titativa e qualitativa destas violações, ante o fim último de ressaltar a importância do
combate ao mencionado delito. Tal fenômeno é, hodiernamente, questão de grande
preocupação mundial, dadas as frequentes e graves violações ao direitos humanos
dos trabalhadores marítimos, vítimas deste delito que assola parte das costas do
Oeste e Leste da África.
Palavras-chave: Pirataria Marítima; Direitos Humanos; Direito do Mar.
Abstract
This scientific work is aimed at the study of human rights violations as a result of acts
of piracy in order to make a quantitative and qualitative analysis of these violations,
compared to the last end to emphasize the importance of combating crime men-
tioned. This phenomenon is currently, an issue of great concern worldwide, because
the frequent and serious violations of human rights of seafarers, victims of this crime
that plagues part of the coasts of West and East Africa.
Keywords: Maritime Piracy; Human Rights; Law of the Sea.
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa visa analisar as violações aos direi-
tos humanos oriundas da prática de atos de pirataria. Para tal,
é realizada uma análise quantitativa e qualitativa de tais even-
tos, com o objetivo de ressaltar a importância do combate a tal
prática delitiva.
A pirataria marítima é fenômeno de grande preocupação
na sociedade global, dadas as frequentes e graves violações
936
Nelson Speranza Filho
2
CANINAS, Osvaldo Peçanha. Pirataria marítima moderna: história,
situação atual e desafios. Revista da Escola de Guerra Naval, Rio de
Janeiro, n. 14, 2009, p. 106. Disponível em: <https://www.egn.mar.mil.
br/arquivos/revistaEgn/dezembro2009/Pirataria%20mar%C3%ADtma%20
moderna%20-%20Hist%C3%B3ria%20-
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939
Os custos humanos da pirataria marítima
%20Situa%C3%A7%C3%A3o%20atual%20e%20Desafios%20-%20Osvaldo
%20Pe%C3%A7anha%20Caninas.pdf>. Acesso em: 10/09/2012. (sic)
3
Presa significa a tomada de coisa de seu dono.
4
GIBERTONI, Carla Adriana Comitre. Teoria e prática do direito
marítimo. 2 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 234.
5
Navios de maior porte (geralmente navios de pesca) usados para
coordenar atos de pirataria mais elaborados, das quais saem
embarcações menores e mais rápidas.
6
Do inglês rocket-propelled grenade. Lançadores de granadas propelidas
por foguetes.
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941
Os custos humanos da pirataria marítima
ESPÉCIES DE PIRATARIA
O International Maritime Bureau (IMB) disciplina que há
três dimensões de atos de pirataria: o Low-Level Armed
Robbery (LLAR), o Meddium-Level Armed Assault and
Robbery (MLAAR), e o Major Criminal Hijack (MCHJ)8.
7
CALIXTO, Robson José. Incidentes marítimos: história, direito
marítimo e perspectivas num mundo em reforma da ordem
internacional. 2 ed. São Paulo: Lex Editora, 2006, p. 223.
8
SARAMAGO, Maria Lisa Miranda. A pirataria no século XXI. Academia
de Marinha. 13/05/2009. Disponível em: <http://www.marinha.pt/PT/
amarinha/actividade/areacultural/academiademarinha/Documents/texto
s_conferencias/13JAN09.pdf>. Acesso em: 10/09/2012.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
943
Os custos humanos da pirataria marítima
9
Loc. cit.
10
Fonte: ICC. Disponível em: < http://www.icc-ccs.org/piracy-reporting-
centre/live-piracy-report/details/117/279>. Acesso em: 29/10/2012.
11
Idem.
12
SARAMAGO, Maria Lisa Miranda. A pirataria no século XXI. Academia
de Marinha. 13/05/2009. Disponível em: <http://www.marinha.pt/PT/
amarinha/actividade/areacultural/academiademarinha/Documents/texto
s_conferencias/13JAN09.pdf>. Acesso em: 10/09/2012.
13
GOTTSCHALK, Jack A. et al.Jolly Roger with an Uzi: the rise and threat
of modern piracy. Annapolis: Naval Institute Press, 2000, p. 130,
tradução nossa.
14
Fonte: ICC. Disponível em: < http://www.icc-ccs.org/piracy-reporting-
centre/live-piracy-report/details/117/283>. Acesso em: 29/10/2012.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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945
Os custos humanos da pirataria marítima
15
Fonte: ICC. Disponível em: < http://www.icc-ccs.org/piracy-reporting-
centre/live-piracy-report/details/117/268>. Acesso em: 29/10/2012.
16
Hijacked Saudi oil tanker Sirius Star on the move. Disponível em:
<http://www.guardian.co.uk/world/2009/jan/09/somalia-pirates-
supertanker-ransom>. Acesso em: 10/09/2012.
17
NT saudita foi liberado segundo fontes somalis. Disponível em:
<http://www.naval.com.br/blog/2009/01/11/nt-saudita-foi-liberado-
segundo-fontes-somalis/#axzz1t6Xu97FH>. Acesso em: 10/09/2012.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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947
Os custos humanos da pirataria marítima
18
Forças da UE no primeiro ataque aos piratas somalis. Disponível em:
<http://www.onip.org.br/noticias/sintese/forcas-da-ue-no-primeiro-
ataque-aos-piratas-somalis/>. Acesso em: 23/03/2013. (sic)
19
ICC-IMB. Piracy and Armed Robbery against Ships: report for the
period 1 january – 31 december 2012. Londres, 2013, p. 11, tradução
nossa.
Benin 19 0 0 0 0 0
Nigéria 61 0 1 7 4 26
Camarões 1 0 0 0 0 0
Guiné Equatorial 8 0 0 1 0 0
Gabão 0 0 0 0 0 0
Subtotal 193 3 1 10 4 26
Somália 212 0 0 1 2 0
Nordeste da África
Golfo de Áden 38 0 0 0 0 0
Mar Vermelho 0 0 0 0 0 0
Mar Arábico 0 0 0 0 0 0
Oceano Índico 0 0 0 0 0 0
Subtotal 250 0 0 1 2 0
TOTAIS 443 3 1 11 6 26
20
Loc. cit.
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949
Os custos humanos da pirataria marítima
21
Idem. Piracy & Armed Robbery News & Figures. Disponível em:
<http://www.icc-ccs.org/piracy-reporting-centre/piracynewsafigures>.
Acesso em: 24/03/2013. Tradução nossa.
22
ICC-IMB; Oceans Beyond Piracy. The Human Cost of Somali Piracy in
2011. Disponível em: <http://oceansbeyondpiracy.org/sites/default/
files/hcop_2011.pdf>. Acesso em: 24/03/2013. p. 4, tradução nossa.
23
Ibidem, p. 26, tradução nossa.
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Os custos humanos da pirataria marítima
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pirataria marítima é fenômeno de extrema relevância
para a sociedade global, visto que os prejuízos dele advindos
são preocupantes e comuns à toda a comunidade mundial.
Conforme visto, tal crime é cometido com o emprego de
extrema violência na maioria dos casos, dessa forma, sujeitan-
do tripulantes oriundos de todas as partes do mundo a diver-
sas espécies de violações de seus direitos humanos, especial-
mente aos concernentes à integridade física e psíquica.
Destarte, faz-se imperiosa a tomada de medidas pela so-
ciedade global no sentido de combater o mencionado fenôme-
no que assola as citadas áreas, mas que afeta, mesmo de for-
ma indireta, toda a comunidade internacional, posto que as
mencionadas violações são praticadas contra membros de di-
versas nacionalidades que integram tripulações, ou contra
mesmo particulares que navegam pelas referidas zonas de risco.
Os alarmantes números evidenciam a incapacidade, ou
mesmo a complacência, dos Estados integrantes das citadas
áreas críticas no combate ao delito de pirataria marítima, fa-
zendo-se ainda mais necessário o exercício da boa governança
para serem buscadas, bem como levadas à cabo medidas efi-
cazes de coibir tão grave delito.
REFERÊNCIAS
CALIXTO, Robson José. Incidentes marítimos: história, direito marí-
timo e perspectivas num mundo em reforma da ordem internacional.
2 ed. São Paulo: Lex Editora, 2006.
CANINAS, Osvaldo Peçanha. Pirataria marítima moderna: história,
situação atual e desafios. Revista da Escola de Guerra Naval, Rio de
Janeiro, n. 14, 2009, p. 106. Disponível em: <https://www.egn.mar.
mil.br/arquivos/revistaEgn/dezembro2009/Pirataria%20mar%C3%AD
tma%20moderna%20-%20Hist%C3%B3ria%20-%20Situa%C3%A7%C3%
A3o%20atual%20e%20Desafios%20-
Resumo
A proteção aos direitos humanos ocorre em duas esferas: universal e regional. Na
esfera regional a competência cabe à Organização dos Estados Americanos através
da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e da Corte Interamericana de
Direitos Humanos, que recebe denuncias do descumprimento da Convenção Ameri-
cana de Direitos Humanos e demais tratados firmados nesse plano. O Brasil é Estado
Parte da OEA e reconhece esse sistema regional de proteção aos direitos humanos.
O objetivo desse trabalho é apresentar o dinâmica funcional desse sistema bem
como a participação do Brasil nessa esfera observando se o Estado brasileiro está
cumprindo com as determinações que lhe foram feitas, pois o problema está no
descumprimento das normas internacionais em que o Estado se propôs a respeitar
quando firmou tratados sobre a matéria. O método de abordagem utilizado é o indu-
tivo e o de procedimento o bibliográfico e documental.
Palavras-chave: Brasil, Direitos Humanos, OEA.
Abstract
The protection of human rights occurs in two spheres: universal and regional. In the
regional competence lies with the Organization of American States through the In-
ter-American Commission on Human Rights and the Inter-American Court of Human
Rights, which receives complaints of violation of the American Convention on Human
Rights and other treaties signed that plan. Brazil is a State Party to the OAS and
acknowledges this regional system of human rights protection. The aim of this paper
is to present the functional dynamics of this system as well as Brazil's participation in
this sphere observing whether the Brazilian State is complying with the determina-
tions that have been made since the problem is in breach of international standards
where the State proposes to respect when signed treaties on the matter. The method
used is the inductive approach and procedure of the bibliographic and documentary.
Keywords: Brazil, Human Rights, OAS.
INTRODUÇÃO
A proteção aos direitos humanos ocorre tanto em âmbito
universal quanto regional. No plano global/universal, cabe a
Organização das Nações Unidas (ONU) através do Conselho de
Direitos Humanos realizar a fiscalização do cumprimento dos
954
Patricia Grazziotin Noschang
1
MAZZUOLI, V. O.(Org.) Coletânea de Direito Internacional. – 5. ed. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2011. p.821.
2
Idem.p.1010.
3
PIOVESAN, F. Direitos Humanos e Justiça Internacional. São Paulo:
Saraiva. 2006.p.90.
4
MAZZUOLI, V. O.(Org.) Coletânea de Direito Internacional. – 5. ed. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2011.p.1011.
5
Art.23. CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Disponí-
vel em: <http://www.corteidh.or.cr/>. Acesso em: 06 abr. 2013.
6
PIOVESAN, F. Direitos Humanos e Justiça Internacional. São Paulo:
Saraiva. 2006.p.92.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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957
O Brasil e a proteção aos direitos humanos na esfera regional
12
CIDH. COMISSÃO INTERAMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS.
RELATÓRIO Nº 21/03 Disponível em: < http://www.cidh.org>. Acesso
em: 06 abr. 2013.
13
CIDH, 2013.
14
Relatório n. 88/11. CIDH, 2013.
15
CIDH, 2013.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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O Brasil e a proteção aos direitos humanos na esfera regional
16
CIDH, 2013.
17
CIDH, 2013.
18
Relatorio n.5/11. CIDH, 2013.
19
Relatório n.131/10.CIDH, 2013.
20
CIDH, 2013.
21
CIDH, 2013.
22
CIDH, 2013.
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O Brasil e a proteção aos direitos humanos na esfera regional
27
BORGES, 2009.
28
CORTE INTERAMERICANA, 2013.
29
ALGAYER K.; NOSCHANG,P. O BRASIL E O SISTEMA
INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS: CONSIDERA OES E
CONDENAÇOES. In: Espaço Jurídico. v. 13, n. 2, jul./dez. 2012. Joaçaba:
Editora Unochapecó. 2012. p. 211-226.
30
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O Brasil e a proteção aos direitos humanos na esfera regional
31
CORTE INTERAMERICANA, 2013.
32
CORTE INTERAMERICANA, 2013.
33
ALGAYER; NOSCHANG, 2012.p.219.
34
CORTE INTERAMERICANA, 2013.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil possui uma tarefa árdua na garantia e proteção
aos direitos humanos no plano universal, regional e nacional
quando observamos a quantidade de tratados firmados e a
própria Constituição Federal.
A responsabilidade no cumprimento destes tratados au-
menta quando os indivíduos passam a buscar a garantia des-
35
CORTE INTERAMERICANA, 2013.
36
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental n. 153. Disponível em: <http://www.stf.jus.br>.
Acesso em: 06 abr. 2013.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
967
O Brasil e a proteção aos direitos humanos na esfera regional
REFERÊNCIAS
ALGAYER, K.; NOSCHANG,P. O Brasil e o Sistema Interamericano
de Direitos Humanos: considerações e condenações. In: Espaço Ju-
rídico. v. 13, n. 2, jul./dez. 2012. Joaçaba: Editora Unochapecó. 2012.
p. 211-226.
BORGES, N. Damião Ximenes: Primeira condenação do Brasil na
Corte Interamericana de Direitos Humanos. Rio de Janeiro: Revan.
2009.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguição de Descumprimento
de Preceito Fundamental n. 153. Disponível em: <http://www.stf.
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COELHO, Rodrigo M. G. Proteção Internacional dos Direitos Hu-
manos: A Corte Interamericana e a Implementação de suas Senten-
ças no Brasil. Curitiba: Juruá. 2007.
Patrícia Andreola
Especialista em Direito Ambiental Nacional e Internacional pela Universi-
dade Federal do Rio Grande do Sul (2012). Graduada em Direito pela Uni-
versidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2010).
Advogada colaboradora do Escritório de Advocacia Chechi e Ruppenthal.
Possui trabalhos publicados e apresentados em eventos nacionais e inter-
nacionais. (patriciaandreola@hotmail.com)
Iásin Schäffer Stahlhöfer
Mestrando em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul na linha de
pesquisa de Políticas Públicas de Inclusão Social com bolsa PROSUP provi-
da pela CAPES. Especialista em Direito Ambiental Nacional e Internacional
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2012). Pós-graduando da
Especialização em Docência do Ensino Superior pela Universidade Lutera-
na do Brasil (previsão de conclusão em Julho de 2014). Graduado em Ci-
ências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal de Santa Maria (2010),
instituição da qual recebeu a Láurea Acadêmica. Atuou em projetos de
pesquisa e de extensão com bolsa PIBIC provida pelo CNPq. Participante
do Grupo de Pesquisa em Direito da Sociobiodiversidade (GPDS/UFSM) e
do Grupo de Estudos em Desenvolvimento, Inovação e Propriedade Inte-
lectual (GEDIPI/UNISC), tendo trabalhos publicados e apresentados em
eventos nacionais e internacionais. (iasindm@gmail.com)
Resumo
O presente trabalho analisa brevemente a Lei nº 11.977 de 07 de Julho de 2009, que
instituiu o programa “Minha Casa Minha Vida”, a fim de verificar a sua contribuição
para o alcance da sustentabilidade urbana, especialmente no que diz respeito à
regularização fundiária de ocupações irregulares em áreas de preservação perma-
nente. Utiliza-se, para tanto, o método de abordagem dedutivo em uma perspectiva
complexo-sistêmica. Aborda-se as áreas de preservação permanente nos espaços
urbanos ressaltando a importância de sua preservação e a possibilidade da regulari-
zação fundiária nestas áreas, demonstrando alguns dos riscos e das dificuldades a
1
Eixo Temático II - Direitos Humanos, Meio Ambiente e Novos Direitos –
do I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia.
970
Patrícia Andreola &Iásin Schäffer Stahlhöfer
serem enfrentadas pelo poder público para atingir o objetivo de garantir o acesso à
moradia adequada a todos e alcançar a sustentabilidade das cidades.
Palavras-chave: Áreas de Preservação Permanente. Direito de moradia. Ocupação
irregular. Regularização Fundiária. Sustentabilidade.
Abstract
This paper briefly analyzes the Law n° 11,977 of 07 July 2009, which established the
“Minha Casa, Minha Vida” (“My House, My Life”), to verify its contribution to the
achievement of urban sustainability, especially in relation to regularization of irregu-
lar occupations in areas of permanent preservation. It is used for both, the method
of deductive approach in a complex-systemic perspective. Approaches the areas of
permanent preservation in urban spaces emphasizing the importance of their
preservation and the possibility of regularization in these areas, demonstrating some
of the risks and difficulties to be faced by the government to achieve the goal to
guarantee access to adequate housing everyone and achieve sustainability of cities.
Keywords: Irregular occupation. Permanent Preservation Areas. Right to housing.
Regularization. Sustainability.
INTRODUÇÃO
Sabe-se que no início do século XX a grande maioria da
população brasileira residia nas áreas rurais, principalmente
porque nestas regiões concentravam-se as atividades que ofe-
reciam melhores condições de subsistência, como a agricultura
e pecuária. Com o passar das décadas, em decorrência da
crescente industrialização e da oferta de melhores oportunida-
des de trabalho nos centros urbanos, esta realidade passou a
tomar contornos diferentes, fazendo com que expressiva parce-
la da população migrasse para as zonas urbanas.
Mas este processo de urbanização acelerada acarretou
inúmeros prejuízos para as cidades, para o meio ambiente e à
própria sociedade, uma vez que a população com menos con-
dições econômicas foi sendo paulatinamente “expulsa” dos
grandes centros, obrigando-se a se instalar no entorno das
áreas mais desenvolvidas e industrializadas. A partir de então,
a pobreza passou a ser escondida nas chamadas periferias ou
favelas e as ocupações irregulares foram se tornando a cada
dia mais frequentes, resultando no cenário que hoje conhece-
mos como “cidades ilegais”.
Estes assentamentos urbanos irregulares além de ofere-
cerem condições impróprias de moradia, provocam inúmeras
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
971
A Lei 11.977, de 07 de julho de 2009, ...
2
BRASIL. Lei n° 11.977 de 07 de Julho de 2009. Dispõe sobre o Programa
Minha Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de
assentamentos localizados em áreas urbanas; altera o Decreto-Lei no
3.365, de 21 de junho de 1941, as Leis nos 4.380, de 21 de agosto de
1964, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 8.036, de 11 de maio de 1990, e
10.257, de 10 de julho de 2001, e a Medida Provisória no 2.197-43, de 24
de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 08 jul 2009. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/lei/L11977compilado.htm>. Acesso em 09 abr 2013.
3
BRASIL. Lei n° 11.977 de 07 de Julho de 2009. Op. Cit.
4
Idem.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
973
A Lei 11.977, de 07 de julho de 2009, ...
5
Idem.
6
Art. 54. [...] 3º A regularização fundiária de interesse social em áreas de
preservação permanente poderá ser admitida pelos Estados, na forma
estabelecida nos §§ 1º e 2º deste artigo, na hipótese de o Município não
ser competente para o licenciamento ambiental correspondente,
mantida a exigência de licenciamento urbanístico pelo Município.
7
Lei nº 11.977/2009 definiu, nos incisos VII e VIII do art. 47, duas
espécies de regularização fundiária, a regularização fundiária de
interesse social, destinada aos assentamentos irregulares ocupados,
predominantemente, pela população de baixa renda, e a regularização
fundiária de interesse específico, reservada aos assentamentos
irregulares que não forem caracterizados como de interesse social.
8
BRASIL. Lei n° 12.651 de 25 de Maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da
vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981,
9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006;
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
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25 e 26 de abril de 2013
975
A Lei 11.977, de 07 de julho de 2009, ...
<http://www.joaobn.com/chis/Artigos%20CHIS%202010/106-C.pdf>.
Acesso em 09 abr 2013. p. 03.
11
VANIN, Fábio Scopel. A regularização fundiária de interesse social e os
aspectos da sustentabilidade e do planejamento urbano. In:
CONGRESSO DE DIREITO URBANO-AMBIENTAL, 2011, Porto Alegre.
Anais do II Congresso comemorativo aos 10 anos do Estatuto da Cidade.
Porto Alegre: Exclamação, 2011. v. 1. p. 351.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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977
A Lei 11.977, de 07 de julho de 2009, ...
12
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução n° 369 de 28
de Março de 2006. Diário Oficial da União, Edição Número 61, de 29 mar
2006. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
cfm?codlegi=489>. Acesso em 09 abr 2013.
13
Art. 2º O órgão ambiental competente somente poderá autorizar a inter-
venção ou supressão de vegetação em APP, devidamente caracterizada
e motivada mediante procedimento administrativo autônomo e prévio, e
atendidos os requisitos previstos nesta resolução e noutras normas fe-
derais, estaduais e municipais aplicáveis, bem como no Plano Diretor,
Zoneamento Ecológico-Econômico e Plano de Manejo das Unidades de
Conservação, se existentes, nos seguintes casos: [...] II - interesse social:
[...] c) a regularização fundiária sustentável de área urbana; [...].
14
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração de Estocolmo sobre
o Meio Ambiente Urbano. 05 jun 1972. Disponível em
<http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/estocolmo1972.pdf>.
Acesso em 09 abr 2013.
15
GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Meio ambiente urbano,
regularização fundiária e sustentabilidade. Disponível em
<http://www.ibdu.org.br/imagens/MEIOAMBIENTEURBANOREGULA
RIZAcaOfUNDIaRIA.pdf>. Acesso em 09 abr 2013. p. 07.
16
OSORIO, Letícia Marques; MENEGASSI, Jacqueline. A reapropriação
das cidades no contexto da globalização. In: OSORIO, Letícia Marques
(Org.). Estatuto da cidade e reforma urbana: novas perspectivas para
as cidades brasileiras. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2002. p. 47.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
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979
A Lei 11.977, de 07 de julho de 2009, ...
17
BRASIL. Lei n° 4.771 de 15 de Setembro de 1965. Institui o novo Código
Florestal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 16 set 1965. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l4771.htm>. Acesso em 09 abr 2013.
18
SCHÄFFER, Wigold Bertoldo et al. Áreas de preservação permanente e
unidades de conservação & Áreas de Risco: o que uma coisa tem a ver
com a outra? In: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Relatório de
Inspeção da área atingida pela tragédia das chuvas na Região Serrana
do Rio de Janeiro. Brasília, 2011. Disponível em <http://www.
mma.gov.br/estruturas/202/_publicacao/202_publicacao01082011112029
.pdf>. Acesso em 09 abr 2013.
19
Idem. p. 15.
20
Idem.
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981
A Lei 11.977, de 07 de julho de 2009, ...
21
BRASIL. Lei nº 10.257 de 10 de Julho de 2001. Regulamenta os arts. 182
e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política
urbana e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul 2001. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm>. Acesso em
09 abr 2013.
CONCLUSÃO
Os assentamentos urbanos inadequados são uma das
consequências do desenvolvimento urbano sem planejamento.
Sabe-se também que esse grave problema assola a grande
maioria das cidades brasileiras e precisa ser enfrentado com a
devida cautela para que seja possível conciliar a preservação
dos recursos naturais nos espaços urbanos e o desenvolvimen-
to das cidades, com a garantia do acesso à moradia a todos.
Considerando que o acesso a moradias adequadas tornou-se
um dos grandes objetivos por parte do poder público, a legis-
lação brasileira foi se adequando a esta finalidade e à realida-
de das nossas cidades.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
983
A Lei 11.977, de 07 de julho de 2009, ...
REFERÊNCIAS
BEZERRA, Maria do Carmo; CHAER, Tatiana M.S. Regularização
fundiária em áreas de proteção ambiental: a visão urbana e ambi-
ental. Disponível em: <http://www.joaobn.com/chis/Artigos%20C
HIS%202010/106-C.pdf>. Acesso em 09 abr 2013. p. 03.
BRASIL. Lei nº 10.257 de 10 de Julho de 2001. Regulamenta os arts.
182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da
política urbana e dá outras providências. Diário Oficial [da] Repú-
blica Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul 2001. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm>.
Acesso em 09 abr 2013.
Resumo
O presente artigo busca demonstrar a ligação existente entre memória, tempo e
processo, a fim de se verificar o que pode ser considerado um tempo de duração
razoável para o processo. Dessa forma, inicialmente é analisada a questão da memó-
ria e do tempo, observando que a memória serve para conservar certas informações,
sendo que há várias concepções da memória, bem como que o tempo é algo difícil
de ser definido, pois as relações temporais são instituídas em diversos níveis, de
forma complexa, havendo várias noções de tempo. Após é observada a questão do
tempo e do direito, que estão intimamente ligados, pois o tempo institui e é instituí-
do, sendo o direito uma instituição temporal e memória da sociedade. Também é
visto que o processo é a memória do conflito institucionalizado, sendo que uma
preocupação global existente gira em torno do tempo de duração do mesmo, pois a
morosidade é um obstáculo à prestação jurisdicional justa e efetiva. Nesse sentido, é
verificado o conceito de razoável duração do processo, observando-se brevemente
as alterações trazidas pela Emenda Constitucional nº 45/2004 quanto à garantia de
prazo razoável. E para fins de cumprir com tais objetivos, o método de abordagem
utilizado é o dedutivo partindo da relação entre argumentos gerais, denominados
premissas, para argumentos particulares, até se chegar a uma conclusão. Como
método de procedimento é utilizado o método monográfico, a partir de pesquisas e
fichamentos em fontes bibliográficas, livros e trabalhos relativos ao assunto.
Palavras-chave: Memória. Tempo. Duração razoável. EC nº 45/2004.
1
Texto produzido a partir do projeto de pesquisa intitulado: “Direitos
Humanos, Identidade e Mediação” financiado pelo edital Universal
14/2011 do CNPq, processo nº 481512/2011-0, vinculado ao Mestrado em
Direitos Humanos da Unijuí.
988
Queli Cristiane Schiefelbein da Silva & Fabiana Marion Spengler
Abstract
This paper aims to demonstrate the link between memory, time and process, in
order to ascertain what can be considered a reasonable length of time for the pro-
cess. Thus, initially analyzes the question of memory and time, noting that the
memory used to save certain information, and there are several conceptions of
memory, and that time is something difficult to define, because the temporal rela-
tions are established at various levels, in complex ways, with different notions of
time. Is observed after the issue of time and the right, which are closely linked, be-
cause time is establishing and filed, and the right temporal and memory an institu-
tion of society. It is also seen that the process is institutionalized memory of the
conflict, and existing global concern revolves around the same length of time as the
length is an obstacle to fair and effective adjudication. In this sense, the concept is
seen as reasonable processing time, noting briefly the changes introduced by Consti-
tutional Amendment No. 45/2004 regarding the guarantee of reasonable time. And
for purposes of complying with these objectives, the method of approach used is
based on the relationship between deductive arguments general, called assump-
tions, arguments for individuals until they reach a conclusion. As a method of proce-
dure is used monographic method, based on research and fichamentos in biblio-
graphical sources, books and work on the subject.
Key-words: Memory. Time. Reasonable length. EC No. 45/2004.
INTRODUÇÃO
A memória está relacionada com o passado, logo direta-
mente ligada com o tempo. Todavia, o termo “tempo” é difícil
de ser definido, podendo-se afirmar que é o que se vive (pre-
sente), o que se viveu (passado) e o que se viverá (futuro). É
possível afirmar que as relações temporais são instituídas em
diversos níveis, de múltiplas complexidades, havendo diversas
noções de tempo. Nesse sentido, para Ost2, o tempo “sócio-
histórico” é a medida que se serve simultaneamente para ma-
terialidade do tempo dado e da experiência do tempo vivenci-
ado, reelaborando os seus elementos. Há que se salientar que
com a modernidade, o tempo passou a ser escrito, ter uma his-
tória, podendo ser mudado e manipulado.
Em relação ao tempo e o direito, verifica-se que há uma
interligação entre eles, pois o direito afeta a temporalização do
tempo e este determina a força constituinte do direito. Assim,
é um desafio para os juristas fazer uso adequado do tempo li-
2
OST, François. O Tempo do Direito. Tradução Élcio Fernandes; revisão
técnica Carlos Aurélio Mota de Souza. Bauru, SP: Edusc, 2005.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
989
Memória e tempo
3
VENTURA, Deisy. Monografia Jurídica: uma visão prática. Porto Ale-
gre: Livraria do Advogado, 2000.
4
MOREIRA, Raimundo Nonato Pereira. História e Memória: algumas
observações. Disponível em: <http://www.fja.edu.br/proj_acad/praxis/
praxis_02/documentos/ensaio _2.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2013.
5
SILVA, Helenice Rodrigues da. “Rememoração”/comemoração: as uti-
lizações sociais da memória. Rev. Bras. Hist. v. 22 n. 44, São Paulo,
2002. On-line version ISSN 1806-9347. Disponível em: <http://dx.
doi.org/10.1590/S0102-01882002000200008>. Acesso em: 20 mar. 2013.
6
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2004,
p. 55.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
991
Memória e tempo
7
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: UNICAMP, 1996, p.
423.
8
Idem, p. 424.
9
Idem, p. 426.
10
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Minidicionário Houaiss
da língua portuguesa. Elaborado no Instituto Antônio Houaiss de Lexi-
cografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa S/C Ltda. 3 ed. rev. e
aum. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, p. 721.
11
SANTO AGOSTINHO apud BONATO, Gilson. O tempo do processo pe-
nal: do discurso da razoabilidade à entropia do tempo esquecido. Tese
apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Direito, Setor de Ciên-
cias Jurídicas da Universidade Federal do Paraná. Curso de Doutorado
em Direito das Relações Sociais. Curitiba, 2008.
12
BONATO, Gilson. O tempo do processo penal: do discurso da
razoabilidade à entropia do tempo esquecido. Tese apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Direito, Setor de Ciências Jurídicas da
Universidade Federal do Paraná. Curso de Doutorado em Direito das
Relações Sociais. Curitiba, 2008.
13
Idem, p. 34.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
993
Memória e tempo
18
Idem.
19
OST, François. O Tempo do Direito. Tradução Élcio Fernandes; revisão
técnica Carlos Aurélio Mota de Souza. Bauru, SP: Edusc, 2005, p. 22.
20
Idem, p. 23.
21
SPENGLER, Fabiana Marion. Da Jurisdição à Mediação. Por uma outra
cultura no tratamento de conflitos. Ijuí: Unijuí, 2010.
22
Idem, p. 186.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
995
Memória e tempo
23
OST, François. O Tempo do Direito. Tradução de Maria Fernanda Olivei-
ra. Lisboa: Instituto Piaget, 1999, p. 14.
24
ROCHA, Leonel Severo. Tempo e Constituição. In: COUTINHO, Jacinto
Nelson de Miranda; BOLZAN DE MORAIS, José Luis; STRECK, Lenio Lu-
iz (Org.). Estudos Constitucionais. Rio de Janeiro: Renovar, 2007, p. 201.
25
SPENGLER, Fabiana Marion. Da Jurisdição à Mediação. Por uma outra
cultura no tratamento de conflitos. Ijuí: Unijuí, 2010.
26
OST, François. O Tempo do Direito. Tradução de Maria Fernanda
Oliveira. Lisboa: Instituto Piaget, 1999, p. 17.
27
SPENGLER, Fabiana Marion. Da Jurisdição à Mediação. Por uma outra
cultura no tratamento de conflitos. Ijuí: Unijuí, 2010, p. 199.
28
OST, François. O Tempo do Direito. Tradução de Maria Fernanda
Oliveira. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
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997
Memória e tempo
29
SPENGLER, Fabiana Marion. Da Jurisdição à Mediação. Por uma outra
cultura no tratamento de conflitos. Ijuí: Unijuí, 2010.
30
OST, François. O Tempo do Direito. Tradução de Maria Fernanda
Oliveira. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.
31
SPENGLER, Fabiana Marion. Da Jurisdição à Mediação. Por uma outra
cultura no tratamento de conflitos. Ijuí: Unijuí, 2010.
32
Idem, p. 212.
33
TUCCI, José Rogério Cruz e. Tempo e processo: uma análise empírica
das repercussões do tempo na fenomenologia processual (civil e penal).
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.
34
SPENGLER, Fabiana Marion. Da Jurisdição à Mediação. Por uma outra
cultura no tratamento de conflitos. Ijuí: Unijuí, 2010.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
999
Memória e tempo
35
SPALDING, Alessandra Mendes. Direito Fundamental à Tutela Jurisdi-
cional Tempestiva à Luz do Inciso LXXVIII do Art. 5º da CF Inserido pela
EC nº 45/2004. In: WAMBIER, Teresa Arruda Alvin (Org.). Reforma do
Judiciário. Primeiras reflexões sobre a emenda constitucional n.
45/2004. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 32.
36
RODRIGUES, Horácio Wanderlei. Acesso à justiça e prazo razoável na
prestação jurisdicional. In: WAMBIER, Teresa Arruda Alvin (Org.). Re-
forma do Judiciário. Primeiras reflexões sobre a emenda constitucional
n. 45/2004. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 285.
37
BEDAQUE apud LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado.
13 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 722.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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38
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ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/consti
tui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 06 ago. 2012.
39
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos huma-
nos. 7ed. rev. e amp., São Paulo: Saraiva, 2010.
40
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional inter-
nacional. 13 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 628.
41
Idem, p. 633.
42
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 06 ago. 2012.
43
GRINOVER apud LENZA, Pedro. Direito Constitucional
Esquematizado. 13 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2009, p.
723.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
1003
Memória e tempo
46
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 24 ed.
rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2005.
47
RODRIGUES, Horácio Wanderlei. Acesso à justiça e prazo razoável na
prestação jurisdicional. In: WAMBIER, Teresa Arruda Alvin (Org.). Re-
forma do Judiciário. Primeiras reflexões sobre a emenda constitucional
n. 45/2004. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 289.
48
SPENGLER, Fabiana Marion. Da Jurisdição à Mediação. Por uma outra
cultura no tratamento de conflitos. Ijuí: Unijuí, 2010, p. 217.
49
BOLZAN DE MORAIS, José Luis. As crises do Judiciário e o acesso à
justiça. In: AGRA, Walber de Moura. Comentários à reforma do poder
judiciário. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 16.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
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1005
Memória e tempo
basta que uma decisão judicial seja justa e correta, ela deve
ser tempestiva, pois se torna ineficaz quando chega tarde, ou
seja, “quando é entregue ao jurisdicionado no momento em
que não lhe interessa nem mesmo o reconhecimento e a decla-
ração do direito pleiteado”50.
Já Marco Jobim51, embora admita que parte da doutrina e
alguns juízes entendam que o princípio da duração razoável do
processo seja sinônimo do princípio da celeridade processual,
defende a autonomia desses direitos fundamentais e os con-
ceitua da seguinte forma:
A duração razoável do processo tem por finalidade a ga-
rantia ao jurisdicionado que ingressa no Poder Judiciário
de que, em determinado tempo, e que este seja razoável,
o seu processo tenha sido efetivado, ou pelo menos tenha
sua sentença transitada em julgado. Já a celeridade pro-
cessual é garantia ao jurisdicionado de que os atos pro-
cessuais sejam realizados no menor espaço de tempo
possível, numa linha mais de economia processual.
50
SPENGLER, Fabiana Marion. Da Jurisdição à Mediação. Por uma outra
cultura no tratamento de conflitos. Ijuí: Unijuí, 2010, p. 218.
51
JOBIM, Marcos Félix. O direito à duração razoável do processo: res-
ponsabilidade civil do Estado em decorrência da intempestividade pro-
cessual. 2 ed. rev. e amp. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012, p.
119.
52
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 24 ed.
rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 432.
55
NICOLITT apud BELO, Duína Porto. A razoável duração do processo
como instrumento de acesso à justiça. Revista Direito e
Desenvolvimento – a. 1, n. 2, julho/dezembro 2010, p. 62.
56
BELO, Duína Porto. A razoável duração do processo como instrumento
de acesso à justiça. Revista Direito e Desenvolvimento – a. 1, n. 2,
julho/dezembro 2010, p. 62.
57
TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Breves Comentários à Reforma do
Poder Judiciário (com ênfase à Justiça do Trabalho): emenda constitu-
cional n. 45/2004. São Paulo: Editora LTr, 2005, p. 22.
58
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil:
teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 47.
ed. São Paulo: Forense, 2007, p. 09.
CONCLUSÃO
Com o presente artigo verificou-se que a memória está re-
lacionada com o passado, dessa forma, também com o tempo.
Observou-se, ainda, que é difícil de ser definido o termo tempo,
pois as relações temporais são de múltiplas complexidades,
sendo que existem diversas noções de tempo. Uma dessas no-
59
HOFFMAN, Paulo. O direito à razoável duração do processo e a experi-
ência italiana. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 782, 24 ago. 2005.
Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/7179>. Acesso em: 07
set. 2012.
60
Idem.
61
HOTE, Rejane Soares. A garantia da razoável duração do processo como
direito fundamental do indivíduo. Revista da Faculdade de Direito de
Campos, Campo dos Goytacazes, Ano VIII, n. 10, junho de 2007, p. 467-
492. Disponível em: <http://fdc.br/Arquivos/Mestrado/Revistas/ Revis-
ta10/Discente/RejaneSoares.pdf>. Acesso em: 07 set. 2012, p. 489.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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1009
Memória e tempo
62
OST, François. O Tempo do Direito. Tradução Élcio Fernandes; revisão
técnica Carlos Aurélio Mota de Souza. Bauru, SP: Edusc, 2005.
REFERÊNCIAS
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to de acesso à justiça. Revista Direito e Desenvolvimento – a. 1, n.
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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
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BONATO, Gilson. O tempo do processo penal: do discurso da razo-
abilidade à entropia do tempo esquecido. Tese apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Direito, Setor de Ciências Jurídicas
da Universidade Federal do Paraná. Curso de Doutorado em Direito
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HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro,
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periência italiana. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 782, 24 ago.
2005. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/7179>. Acesso
em: 07 set. 2012.
HOTE, Rejane Soares. A garantia da razoável duração do processo
como direito fundamental do indivíduo. Revista da Faculdade de
Direito de Campos, Campo dos Goytacazes, Ano VIII, n. 10, junho de
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
1011
Memória e tempo
Resumo
A Constituição Cidadã de 1988 pode ser denotada como um marco na história do
processo democrático Pátrio, porquanto criou um arcabouço-jurídico dotado de
direitos e de garantias destinadas aos cidadãos, entre os quais se pode destacar a
efetivação da participação democrática dos brasileiros pelo voto. Entretanto, inte-
ressante se faz estudar a maneira como os pretéritos textos constitucionais brasilei-
ros trataram do tema em questão. Fomentado por isso, o trabalho inicialmente
imergiu nos textos das Constituições Federais anteriores ao Texto da atual, almejan-
do averiguar a participação democrática pelo voto no Brasil, evidenciando suas
eventuais ocorrências e as suas peculiaridades. Por fim, passou-se a analisar o tema
pelo prisma da Carta Republicana em vigor.
Palavras-chave: Constituição Federal. Direitos fundamentais. Participação
democrática. Voto.
Abstract
The Citizen Constitution of 1988 can be denoted as a milestone in the history of the
democratic process Parenting, since created a legal framework-endowed rights and
guarantees for citizens, among which we can highlight the effectiveness of demo-
cratic participation by the Brazilians vote. However, it is interesting to study how to
previous constitutions Brazilians addressed the issue in question. Encouraged by this,
the work initially immersed in the texts of the Federal Constitutions prior to the
current text, aiming to investigate the democratic participation by voting in Brazil,
highlighting their possible occurrences and their peculiarities. Finally, we started to
analyze the issue through the prism of the Charter Republican in force.
Keywords: Federal Constitution. Fundamental Rights. Democratic participation.
Vote.
1
O Brasil já teve seis Constituições Federais anteriores à atual (1824,
1891, 1934, 1937, 1946 e 1967). O itinerário do presente almeja verificar
os textos constitucionais brasileiros entorno da proposta acima
intitulada, dando ao final ênfase à Constituição Federal de 1988 no que
pertine o assunto.
1014
Renê Carlos Schubert Junior
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Anterior às Constituições Federais brasileiras, permite-se
dizer que a história do voto no Brasil começou “32 anos após
Cabral ter desembarcado no País. Foi no dia 23 de janeiro de
1532 que os moradores da primeira vila fundada na colônia
portuguesa - São Vicente, em São Paulo - foram às urnas para
eleger o Conselho Municipal. A votação foi indireta: o povo
elegeu seis representantes, que, em seguida, escolheu os ofi-
ciais do conselho. Era proibida a presença de autoridades do
Reino nos locais de votação, para evitar que os eleitores fos-
sem intimidados. As eleições eram orientadas por uma legisla-
ção de Portugal - o Livro das Ordenações, elaborado em 1603”2.
Ainda, que “somente em 1821 as pessoas deixaram de
votar apenas em âmbito municipal. Na falta de uma lei eleitoral
nacional, foram observados os dispositivos da Constituição
Espanhola para eleger 72 representantes junto à corte portu-
guesa. Os eleitores eram os homens livres e, diferentemente de
outras épocas da história do Brasil, os analfabetos também
podiam votar. Os partidos políticos não existiam e o voto não
era secreto”3.
De forma geral, é possível mensurar desde os primeiros
passos dos textos constitucionais a intensidade da participa-
ção democrática alojada em seus teores. Nessa senda, José
Afonso da Silva4 ensina que o sufrágio é “um direito público
subjetivo de natureza política, que tem o cidadão de eleger, ser
eleito e de participar da organização e da atividade do poder
estatal. É um direito que decorre diretamente do princípio de
que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de re-
presentantes eleitos ou diretamente. Constitui a instituição
fundamental da democracia representativa e é pelo seu exercí-
2
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/93439-CONHECA-
A-HISTORIA-DOVOTO-NO-BRASIL.html. Acesso em 03-04-13, às
20h59min.
3
Idem, ibidem.
4
SILVA. José Afonso da Silva. Curso de direito constitucional positivo. 9
ed. São Paulo: Malheiros, 1994, p. 309.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
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A participação democrática pelo voto nas constituições...
8
CORRÊA. Darcísio. Estado, Cidadania e Espaço Público: as contradições
da trajetória humana. Ijuí: Unijuí, 2010, p.102.
9
MENDES. Gilmar Ferreira Mendes. Curso de direito constitucional. 6. ed.
São Paulo: Saraiva: 2011 p. 744.
10
ANDRADE. Paulo Bonavides Paes. História constitucional do Brasil. Paz
e Terra: São Paulo, 1991, p. 253.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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1017
A participação democrática pelo voto nas constituições...
11
Idem, ibidem, p. 744.
12
SEN. Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia
das Letras, 2000 p. 222.
13
38) Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a declaração de
nulidade ou anulação dos atos lesivos do patrimônio da União, dos
Estados ou dos Municípios.
14
Ibidem, 1991, p. 332. Paulo Bonavides Paes de Andrade assevera que a
“geração autoritária se reunia em torno de um princípio básico: a
organização, naquele momento da história brasileira, e que era
considerada mais importante e urgente que a participação. Esse
princípio, adotado pela Constituição de 37, foi intitulado por Getúlio
Vargas em seu próprio benefício, ou seja, a participação foi tão limitada
que passou a ser exclusiva do Presidente, eufemismo para o que se
deveria chamar propriamente de ditador”.
15
Art 117. São eleitores os brasileiros de um e de outro sexo, maiores de
dezoito anos, que se alistarem na forma da lei. Parágrafo único. Não
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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A participação democrática pelo voto nas constituições...
17
Idem, ibidem, p. 484. Entretanto, salienta-se que a Carta Constitucional
em vigor possui 250 artigos.
18
Art 1º, da CF/88: A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a sobe-
rania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valo-
res sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Pa-
rágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
19
Idem, ibidem, p. 45.
20
Idem, ibidem, p. 829.
21
BONAVIDES. Paulo. Curso de direito constitucional. 13. ed. São Paulo:
Malheiros, 2003, p. 563.
22
KRETSCHMANN. Ângela. Universidade dos direitos humanos e
diálogo na complexidade de um mundo multicivilizacional. Curitiba:
Editora Juruá, 2008. p. 175.
23
Idem, ibidem, p. 142.
24
Idem, ibidem, p. 118.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
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1023
A participação democrática pelo voto nas constituições...
25
A divisão original do tema pertence a Karel Vasak, jurista tcheco-
francês, o qual durante a Conferência do Instituto Internacional de
Direitos Humanos, em 1979, elaborou a classificação dos direitos
humanos em três gerações, inspirado no lema da Revolução Francesa
(liberdade, igualdade, fraternidade).
26
Sob o tema, Gilmar Antonio Bedin (2002, p. 129) comenta que: “Esse
deslocamento, de contra o Estado para participar do Estado, é importan-
tíssimo, pois revela o surgimento de uma nova perspectiva da liberdade.
Esta deixa de ser pensada exclusivamente de forma negativa, como não-
impedimento, para ser compreendida de forma positiva, como autono-
mia. Por isso, esta geração de direito representa um momento de expan-
são do Estado moderno de sua versão liberal para a sua forma democrá-
tica”.
27
Curso de Direito Constitucional. Atlas: São Paulo, 2008, p. 31.
28
Direito Constitucional Esquematizado. 13. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2009, p. 14.
29
Idem, ibidem, p. 743.
30
HESSE. Konrad. A Força normativa da constituição. Porto Alegre:
Sergio Antonio Fabris , 1991, p. 16.
31
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo
voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. § 1º O alis-
tamento eleitoral e o voto são: I - obrigatórios para os maiores de dezoito
anos; II - facultativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de setenta
anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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1025
A participação democrática pelo voto nas constituições...
artigo 60, § 4º, inciso II, que o voto será sempre na forma dire-
ta, secreta e universal, não podendo ser objeto de emenda
constitucional, ou seja, apenas pode ser modificado na eventu-
alidade de uma nova assembleia constituinte.
CONCLUSÃO
Pelo o que se expõe, percebe-se claramente a monótona
evolução que o assunto teve no passar dos textos constitucio-
nais Pátrios. Inegavelmente, a participação democrática pelo
voto somente veio à tona com a devida potencialidade através
da promulgação da Carta Política de 1988, sendo que tal fato
fecundou-se da sucessão de anos permeados pelo caráter ex-
cludente e elitista referente à possibilidade de escolha dos in-
divíduos pelos seus representantes no Brasil.
Por assim ser, o atual modelo constitucional assegura a
todos os indivíduos a partida do mesmo status a quo, não exis-
tindo restrições quanto ao direito fundamental de participação
pelo voto no que pertine à cor, à profissão, à riqueza, etc. Em
suma, o fato de ser brasileiro automaticamente gera o direito
de participar e votar pela escolha de seus representantes.
No mesmo liame, a Carta Política de 1988 procurou equi-
parar os direitos dos homens e das mulheres sob a expectativa
de demonstrar que a participação democrática na sociedade
deve ocorrer independentemente do gênero, pois somente
dessa maneira é possível se acreditar na existência da demo-
cracia dentro de um Estado, sob pena de se emergir unicamen-
te um modelo democrático retórico.
Ao final, vislumbra-se que a Carta Maior de 1988 não fora
cimentada somente pela participação popular em sua elabora-
ção, mas aspirada como a “Bíblia” de consulta que o povo de-
tém para consultar e exigir a efetivação de seus direitos nela
estabelecidos, buscando a efetivação de sua participação de-
mocrática no processo de desenvolvimento do Estado Demo-
crático de Direito.
REFERÊNCIAS
ANDRADE. Paulo Bonavides Paes de. História constitucional do
Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.
BEDIN. Gilmar Antonio. Os direitos do homem e o neoliberalismo.
3. Ed. Ijuí; Ed. Unijuí, 2002;
BONAVIDES. Paulo. Curso de direito constitucional. 13. ed. São
Paulo: Malheiros, 2003;
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
Senado Federal, 1824;
______, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
Senado Federal, 1891;
______, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
Senado Federal, 1934;
______, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
Senado Federal, 1937;
______, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
Senado Federal, 1961;
______, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
Senado Federal, 1967;
______, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
Senado Federal, 1988;
CORRÊA. Darcísio. Estado, Cidadania e Espaço Público: as contra-
dições da trajetória humana. Ijuí: Ed.Unijuí, 2010;
HESSE. Konrad. A Força normativa da constituição. Porto Alegre:
Sergio Antonio Fabris;
LENZA. Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 13. ed. São
Paulo: Editora Saraiva, 2009;
MORAES. Alexandre. Curso de Direito Constitucional. Atlas: São
Paulo, 2008;
MENDES. Gilmar Ferreira Mendes. Curso de direito constitucional.
6. ed. São Paulo: Saraiva: 2011;
KRETSCHMANN. Ângela. Universidade dos direitos humanos e
diálogo na complexidade de um mundo multicivilizacional. Curiti-
ba: Editora Juruá, 2008;
SEN. Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Com-
panhia das Letras, 2000;
SILVA. José Afonso da Silva. Curso de direito constitucional positi-
vo. 9 ed. São Paulo: Malheiros, 1994;
Resumo
Este artigo resulta da experiência desenvolvida no IF Farroupilha1 campus Panambi,
e tem como objetivo descrever a experiência do Programa Mulheres Mil. O progra-
ma Mulheres Mil visa selecionar mulheres que se encontram em situação de vulne-
rabilidade socioeconômica para proporcionar qualificação profissional, de acordo
com as necessidades educacionais da comunidade e a vocação econômica da região,
estruturando-se em três eixos: Educação, cidadania e desenvolvimento, objetivando
a inserção no mundo do trabalho através da formação e elevação de escolaridade. O
objetivo deste artigo é apresentar o perfil socioeconômico das mulheres atendidas
no programa. A coleta de dados constante nesse trabalho decorreu da análise das
fichas socioeconômicas das alunas, preenchidas no ato da pré-matrícula, uma vez
que as alunas matriculadas passaram por avaliação socioeconômica, sendo selecio-
nadas para a participação as mulheres em maior situação de vulnerabilidade socioe-
conômica. Após análise, identificou-se que uma parcela significativa das mulheres
inscritas no programa já sofreu algum tipo de violência doméstica 2 em suas vidas.
Acredita-se que os resultados obtidos nesta pesquisa acerca do perfil socioeconômi-
co e educacional possam nortear as ações capazes de promover a emancipação
dessas mulheres.
Palavras-chave: Mulheres, violência doméstica, inclusão social, profissionalização,
perfil socioeconômico.
Abstract
This article is the result of experience developed in Farrukhabad IF Panambi campus,
and aims to describe the experience of the Thousand Women Program. The program
aims to select women Thousand Women who find themselves in vulnerable situa-
tions to provide socioeconomic qualification, according to the educational needs of
1
Instituto Federal de Educação profissional, científica e tecnológica
Farroupilha.
2
A violência doméstica e familiar contra a mulher pode ser entendida
como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, maus tratos físicos, sofrimento sexual ou psicológico e dano moral
ou patrimonial. Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340).
1028
Rogéria Fatima Madaloz
the community and economic vocation of the region, and is structured in three are-
as: Education, citizenship and development, aiming at integration in the workplace
through training and education increase. The objective of this paper is to present the
socioeconomic profile of women attended the program. The data collection work
was held constant in the analysis of the records of socioeconomic students, met at
the time of pre-registration, since the students enrolled passed socioeconomic eval-
uation, being selected for participation women in higher socioeconomic situation of
vulnerability. After analysis, it was identified that a significant proportion of women
enrolled in the program have experienced some form of domestic violence in their
lives. It is believed that the results obtained in this research about the educational
and socioeconomic profile can guide the actions that promote the empowerment of
these women.
Keywords: Women, domestic violence, social inclusion, professionalism, socioeco-
nomic profile.
INTRODUÇÃO
A implantação do Programa Mulheres Mil no Instituto
Federal Farroupilha – Campus Panambi, vem atender uma ne-
cessidade, muitas vezes velada, mas presente no município de
Panambi, que é a promoção do acesso de mulheres à educação
e ao mundo do trabalho, atendendo as políticas públicas do
Governo Federal, através deste Programa Interministerial,
oportunizando, diretamente, 100 mulheres que serão matricu-
ladas e, indiretamente, suas famílias, por meio do crescimento
humano, da melhoria das condições de vida (sociocultural e
econômica) e do reconhecimento dessas mulheres como cida-
dãs, com condições de se tornarem social e economicamente
emancipadas.
O Programa Mulheres Mil vem atender o disposto na Lei
nº 11.892/2008, Institui a Rede Federal de Educação Profissio-
nal, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de
Educação, Ciência e Tecnologia, criando mecanismos de aces-
so à educação para as populações tradicionalmente afastadas
da possibilidade de inclusão ao conhecimento à tecnologia e
às inovações geradas nos Institutos Federais.
Desta forma, o Programa Mulheres Mil, desenvolvido nos
Institutos Federais, surge como uma possibilidade de aliar a
educação ao trabalho, visando à diminuição de problemas so-
ciais em comunidades de baixo índice de desenvolvimento
MATERIAL E MÉTODOS
Em 2012 o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tec-
nologia Farroupilha IF Farroupilha – Campus Panambi aderiu
ao Programa Mulheres Mil, após a aprovação a equipe do pro-
grama iniciou os primeiros contatos com a secretaria de Assis-
tência Social do Município, com o objetivo de esclarecer e sen-
sibilizar sobre os objetivos do programa, firmou-se uma parce-
ria onde a secretaria orientou sobre os bairros de maior vulne-
rabilidade socioeconômica do município.
Após os primeiros contatos com o público, iniciou-se a
construção de materiais que dessem conta da análise para a
seleção das mulheres que iriam participar dos cursos, uma vez
que seriam ofertadas 100 vagas, desta forma foi construído um
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a analise dos questionários socioeconômicos que se
consistiu no processo de seleção das alunas, foi possível realizar
o levantamento e análise de dados objetos em relação ao perfil
das mulheres participantes do programa, bem como a tipifica-
ção das violências por elas sofridas. Essa analise foi baseada
nas informações consolidadas no através da tabulação dos da-
dos, possibilitando assim, a análise dos resultados obtidos.
O perfil socioeconômico e educacional das mulheres do
Programa Mulheres Mil do IF Farroupilha – Campus Panambi,
foi analisado levando em consideração as informações relacio-
nadas à: Estado civil; situação de escolaridade; faixa etária;
exercício profissional; número de filhos; tipos de violência; nú-
mero de vezes que ocorreu a violência; identificação de quem
foi o agressor; atitude em relação à agressão e renda familiar
mensal.
3
A principal característica da pesquisa documental “é que a fonte de
coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituin-
do o que se denomina de fontes primárias”, sendo que “estas podem ser
recolhidas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois”.
Marconi e Lakatos (2006, p. 62)
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Perfil socieconômico e educacional das mulheres...
4
As taxas de natalidade iniciaram sua trajetória de declínio em meados
da década de 1960, com a introdução e a paulatina difusão dos métodos
anticonceptivos orais no Brasil. Com isso, no decênio 1960 - 1970 já se
observa uma discreta diminuição das taxas de crescimento populacional
(2,89%), fenômeno que se confirma ao longo dos dez anos seguintes,
quando se constata uma taxa de crescimento de 2,48%. (IBGE, 2011)
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Perfil socieconômico e educacional das mulheres...
5
Qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal. Lei
Maria da Penha (Lei nº 11.340).
6
Qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoe-
stima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que
vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e deci-
sões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chan-
tagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à au-
todeterminação. Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340).
7
Qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. Lei Maria
da Penha (Lei nº 11.340).
8
Qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a partici-
par de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coa-
ção ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qual-
quer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à
prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou
que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.
Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340).
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Perfil socieconômico e educacional das mulheres...
CONCLUSÕES
A violência doméstica é uma problemática que atinge
mulheres de diferentes classes, origens, escolaridade ou raça.
O enfrentamento e a prevenção da violência contras as mulhe-
res, implica na promoção de conhecimento sobre este fenôme-
no e a percepção social de que a violência doméstica e familiar
são problemas de significativa gravidade.
Devemos considerar que muitos avanços foram alcança-
dos em relação às políticas publicas de gênero, como a implan-
tação de Delegacias da Mulher, a criação de abrigos para mu-
lheres em situação de violência, a criação das coordenadorias
da mulher em diversos governos municipais e estaduais, os
Centros de Referência e também as legislações como a Lei Maria
da Penha (Lei nº 11.340). No entanto, faz-se necessário que se
identifique as situações de modo a apreendê-las e superá-las.
Desse modo, o Programa Mulheres Mil, no qual se inse-
rem as mulheres pesquisadas, busca melhorar a qualidade de
vida das mesmas por meio de ações educativas e de capacita-
ção, visando à geração de trabalho e renda. Priorizando, ações
educativas e de conscientização, a fim de torna-las sujeitos de
direito de fato.
Portanto a melhor forma de minimizarmos e até mesmo
eliminarmos a violência doméstica é através do empoderamen-
to das mulheres, e este representa o principal desafio do Pro-
grama, pois exige uma mudança na dominação tradicional dos
homens sobre as mulheres.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para
coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher; dispõe sobre
a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres
em situação de violência doméstica e familiar. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Ato20042006/2006/Lei/L1134
0.htm>. Acesso em: 27 março 2013.
Resumo
A mediação tem um contexto histórico muito próprio, que defende a conversa como
a melhor forma de resolver os conflitos sociais e jurídicos. O presente artigo trata
das muitas formas de se expressar a mediação. Das técnicas, que vão desde negocia-
ção (jurídica ou não-jurídica) a terapias profissionais. Explicitando a proposta dela:
tratar o conflito que deu origem ao rompimento, restabelecer os laços que se rom-
peram e reestruturar a relação das partes. Essa é a estrutura que Jürgen Habermas
narra ser imprescindível para que a idéia de uma justiça auto-suficiente e geradora
de responsabilidades e discursos seja real, uma verdadeira democracia deliberativa1.
E seguindo nesta linha de raciocínio, busca-se sustentar a idéia da mediação como
qualidade de vida.
Palavras-chave: Mediação. Solução de conflitos. Qualidade de vida. Autonomia.
Democracia.
INTRODUÇÃO
A mediação é conhecida a pelo menos duas décadas no
Brasil (desde 1980). Enquanto que em outros países já se utili-
1
HABERMAS, Jürgen. A inclusão do outro: estudos de teoria política.
São Paulo: Loyola, 2002. p. 237.
1044
Sheila Marine Uhlmann Willani &Ana Paula Cacenotti
2
AZEVEDO, André Gomma de (org.). Estudo em Arbitragem, Mediação
e Negociação. Brasília. Editora Brasilia Jurídica: 2002. p. 11.
3
SPENGLER, Fabiana Marion, Mediação e arbitragem: alternativas a
jurisdição! 2. Ed. Porto Alegre: Livrara do Advogado, 1999. p. 12.
4
HABERMAS, Jürgen. A inclusão do outro: estudos de teoria política.
São Paulo: Loyola, 2002.
5
BOLZAN DE MORAES, José Luis; SPENGLER, Fabiana Marion. Media-
ção e Arbitragem: alternativas à jurisdição. 2. ed. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2008. p. 34.
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1045
Mediação como qualidade de vida
8
BOLZAN DE MORAES, José Luis. Op. cit. p. 145.
9
DEUTSCH, Morton. The resolution of conflict: constructive and
destructive processes. New Haven and London: Yale University Press,
173. Pp. 1-23; 349-400. Traduzido por Arth ur Coimbra de Oliveira e
revisado por Francisco Schertel Mendes, ambos membros do Grupo de
Pesquisa e Trabalho em Mediação, Negociação e Arbitragem.
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1047
Mediação como qualidade de vida
11
SALES, Lília Maia de Morais. Justiça e mediação de conflito. Belo
Horizonte: Del Rey, 2004.
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Mediação como qualidade de vida
12
“Audiência”: geralmente são encontradas nos livros relacionados à
mediação as chamadas sessões de mediação, que seriam dadas ao rito
diferenciado, visto que em uma audiência tradicional há a imposição de
posicionamentos e de certo formalidade para com às autoridades,
enquanto que na “audiência alternativa” (sessão de mediação), o
posicionamento das partes e do mediador se dão de forma diferente,
colocando-se na mesma altura e na mesma mesa, pois busca-se a
aproximação das partes, colocando-os de igual para igual, e a única
formalidade pedida é o respeito mútuo, dando ao tratamento um
sentimento de igualdade e imparcialidade, tornando o ambiente mais
harmonioso e equilibrado, extraindo o nervosismo e ansiedade.
OBJETIVO
Apresentar defesa da teoria de Jürgen Habermas mos-
trando a particular ligação com a mediação e com a estrutura
de comunicação que exemplifica e como isso pode servir de
resposta para o judiciário a fim de dar mais eficácia ao trata-
mento dos conflitos sociais.
METODOLOGIA
A pesquisa foi feita através de revisão bibliográfica e prá-
tica, que consiste no levantamento de bibliografia já publicada
em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa
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13
Ecológica: nesse artigo deseja-se expressar o sentido da palavra
ecológica como intenção e desejo de algo saudável. Algo que trás
benefícios e que gera uma melhora no relacionamento entre os
participantes de um conflito/litígio.
14
WARAT, Luis Alberto (org.). Em nome do acordo: a mediação no direito.
Buenos Aires: Almmed, 1999. p. 02.
15
Ibidem, p. 04.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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Mediação como qualidade de vida
17
COSTA, Alexandre Araújo, op. cit., p. 162.
18
Ibidem.
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25 e 26 de abril de 2013
1055
Mediação como qualidade de vida
19
COSTA, Alexandre Araújo, op. cit., p. 163.
20
BOLZAN DE MORAES, José Luis; SPENGLER, Fabiana Marion.
Mediação e Arbitragem: alternativas à jurisdição. 2. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2008. p. 34.
21
AZEVEDO, André Goma de; Barbosa, Ivan Machado (org.). Estudos em
Arbitragem, Mediação e Negociação. vol. 4, Brasília: Grupo de
Pesquisa, 2007. p. 36.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
1057
Mediação como qualidade de vida
22
Ibidem, p. 19.
23
Ibidem, p. 22.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
1059
Mediação como qualidade de vida
CONCLUSÃO
Toda a exposição acima colocada é apenas uma pequena
síntese da estrutura colocada em prática no Foro da Comarca
de Santa Cruz do Sul – RS, onde no ano de 2010 se obtiveram
porcentagens superiores a 80% de acordos firmados, isso com
acompanhamento e confirmação via telefone após quatro me-
ses do acordo consolidado24.
Estes resultados se dão por respostas obvias, todo o
acordo elaborado pelas partes, vindos dos seus desejos, ansei-
os e necessidades, será sempre mais facilmente cumprido.
Contudo, finaliza-se mencionando a questão do melhora-
mento da relação entre as mesmas e do quanto isso reflete na
vida como um todo e nas relações sociais. Pode-se dizer então
que a prática da mediação trás benefícios incalculáveis a soci-
edade, devendo entrar não somente como uma alternativa ao
judiciário, mas como algo a andar paralelamente ao mesmo.
Não para tomar-lhe o lugar (pois que o objetivo não deve ser de
disputar poderes), mas para angariar um futuro melhor, de paz
e harmonia social. Isso é uma questão de mudança cultural.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, André Gomma de (Org.), Estudos em Arbitragem, Medi-
ação e Negociação, Brasília: Ed. Brasília Jurídica, 2002.
AZEVEDO, André Gomma de; BARBOSA, Ivan Machado (orgs.). Es-
tudos em Arbitragem, Mediação e Negociação. Vol. 4 – Brasília:
grupos de pesquisa, 2007.
24
Projeto de extensão elaborado pela Dra. Fabiana Marion Spengler
praticado dentro do Foro da Comarca de Santa Cruz do Sul por
intermédio da Universidade de Santa Cruz do Sul. Tendo como título: A
CRISE DA JURISDIÇÃO E A CULTURA DA PAZ: a mediação como meio
democrático, autônomo e consensuado de tratar dos conflitos.
Talita Mazzola
Bolsista Pibic CNPq do Projeto Mídia e Sociedade: o direito à informação,
adscrito ao Mestrado em Direitos Humanos - Unijuí; Acadêmica de Jorna-
lismo - Unijuí. (talitamazzola@gmail.com)
Vera Raddatz
Orientadora do trabalho e coordenadora do Projeto Mídia e Sociedade: o
direito à informação; Professora do Mestrado em Direitos Humanos – Uni-
juí. (verar@unijui.edu.br)
Resumo
Em uma sociedade fortemente marcada pelas desigualdades sociais e o constante
debate sobre os direitos humanos é importante entender a importância dos direitos
fundamentais e da luta por sua garantia na construção de uma sociedade democráti-
ca, além da formação dos cidadãos. Não obstante, cabe uma reflexão sobre como os
meios de comunicação podem contribuir com a democracia e a defesa dos direitos
humanos e como a regulação dos meios de comunicação pode prejudicar esse pro-
cesso e no que pode auxiliar a garantia dos direitos. Pretende-se ainda abordar co-
mo os meios de comunicação podem contribuir com o direito à informação, fazendo
dele um direito meio, ou seja, um mediador para que a população tenha acesso a
outros direitos, bem como discutir de que forma as regulações dos meios de comu-
nicação podem ser uma violação dos direitos humanos. Para isso, faremos uma aná-
lise de como se configura esta regulação em três países da América Latina, sendo
eles: Argentina, Venezuela e Brasil.
Palavras-chave: democracia, direitos humanos, direito à informação, liberdade de
expressão
Abstract
In a society deeply marked by social inequalities and the constant debate on human
rights is important to understand the importance of fundamental rights and fight for
your warranty in building a democratic society, besides the formation of citizens.
Nevertheless, it is a reflection on how the media can contribute to democracy and
human rights and how the regulation of the media can undermine this process and
can assist in safeguarding the rights. Another objective is to address how the media
can contribute with the right to information, making it a right way, ie, a mediator for
the population to have access to other rights, as well as discuss how the regulations
of the means of communication may be a violation of human rights. For this, we will
analyze how to configure this setting in three Latin American countries, namely:
Argentina, Venezuela and Brazil.
Keywords: democracy, human rights, right to information, freedom of expression
1062
Talita Mazzola & Vera Raddatz
INTRODUÇÃO
Assegurados em lei, os direitos humanos existem para
garantir à sociedade uma vida digna e igualitária, sem distin-
ções por classe social, cor ou opção sexual. Desde sua criação,
os direitos humanos tem como princípios promover a liberdade
de pensamento e expressão, e a igualdade perante a lei. Sendo
assim, podemos definir como direitos humanos aqueles que
garantem a igualdade social e econômica, bem como as condi-
ções mínimas para tornarem-se úteis para a sociedade, asse-
gurando uma vida digna com alimentação, saúde, moradia e
educação.
Os direitos humanos estão classificados em duas instân-
cias. A primeira diz respeito aos direitos civis e políticos, como
a liberdade de expressão e o direito de ir e vir. A segunda, por
sua vez, se refere aos direitos econômicos, sociais e culturais,
como a educação, cultura, habitação e outras áreas que exigem
ações por parte do Estado. Entre esses direitos fundamentais,
há ainda um direito essencial para que se assegurem os de-
mais: o direito à informação. Marco Cepik1 define o direito à
informação como um direito que engloba de uma só vez os di-
reitos civis, sociais e políticos:
Os instrumentos legais de garantia do direito à informa-
ção vão desde artigos constitucionais e leis ordinárias em
diferentes esferas do poder (nacional, regional e local)
até decretos do poder executivo e decisões judiciais que
fixam jurisprudência, em alguns casos, tomadas pelas
cortes mais altas do país.
1
CEPIK, M. Direito à informação: situação legal e desafios. Informática
Pública, Belo Horizonte, 2000. p.34.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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1063
Controle da informação
2
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do
jogo. Trad. Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
p.12.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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1065
Controle da informação
3
LAFER, C. A reconstrução dos direitos humanos. Um diálogo com o
pensamento de Hannah Arendt. São Paulo, Cia. das Letras, 1991. p.201.
4
HOHLFELDT, Antônio. As possíveis interações do jornalismo com as
ciências humanas e sociais. In: Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação 2005. Rio de Janeiro. São Paulo: Intercom, 2005. p.3.
5
POMPÉO, Wagner Augusto Hundertmarck e MARTINI, Alexandre Jae-
nisch. O papel da mídia na construção da democracia, cidadania e jus-
tiça no mundo globalizado: um estudo voltado aos efeitos das ações
de imprensa e micropolíticas fundadas no espaço local. UFSM, 2012.
p.4.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
1067
Controle da informação
7
ATAÍDE, Y. D.B. A educação e a cultura de paz. Revista da FAEEBA.
Salvador: UNEB. Ano 9, no. 14(Jul/dez), 2000. p.12.
CONCLUSÃO
8
WOLTON, Dominique. Informar não é Comunicar. Porto Alegre. Sulina,
2010. p.12.
9
Idem, p.71.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
1073
Controle da informação
10
POMPÉO, Wagner Augusto Hundertmarck e MARTINI, Alexandre
Jaenisch. O papel da mídia na construção da democracia, cidadania e
justiça no mundo globalizado: um estudo voltado aos efeitos das
ações de imprensa e micropolíticas fundadas no espaço local. UFSM,
2012. p.10.
REFERÊNCIAS
ATAÍDE, Y. D.B. A educação e a cultura de paz. Revista da FAEEBA.
Salvador: UNEB. Ano 9, no. 14(Jul/dez), 2000.
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras
do jogo. Trad. Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1984.
CEPIK, M. Direito à informação: situação legal e desafios. Informáti-
ca Pública, Belo Horizonte, v. 2, n. 2, 2000.
HOHLFELDT, Antônio. As possíveis interações do jornalismo com as
ciências humanas e sociais. In: Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação 2005. Rio de Janeiro. São Paulo: Intercom, 2005.
LAFER, C. A reconstrução dos direitos humanos. Um diálogo com o
pensamento de Hannah Arendt. São Paulo, Cia. das Letras, 1991.
POMPÉO, Wagner Augusto Hundertmarck e MARTINI, Alexandre
Jaenisch. O papel da mídia na construção da democracia, cidada-
nia e justiça no mundo globalizado: um estudo voltado aos efeitos
das ações de imprensa e micropolíticas fundadas no espaço local.
UFSM, 2012.
RÍOS, Aníbal Sierralata. A revolução tecnológica dos meios de co-
municação e os desafios do direito e da democracia. In: Meritum,
Belo Horizonte, vol. 7, nº1, p.305-353, jan./jun. 2012.
WOLTON, Dominique. Informar não é Comunicar. Porto Alegre.
Sulina, 2010.
Resumo
A cidade se apresenta como um centro de magnetismo que atrai indivíduos de dife-
rentes níveis sociais e econômicos. A almejada cidade sustentável converte-se em
meio de disputas socioeconômicas e espaciais, no paradoxal desenvolvimento eco-
nômico, que vêm promovendo o inchaço dos centros urbanos e a exclusão de grupos
sociais cada dia mais numerosos. Um olhar interdisciplinar e crítico sobre o direito à
cidade revela processos crescentes de desrespeito aos direitos humanos, pela sone-
gação do acesso ao meio ambiente ecologicamente equilibrado no espaço urbano -
requisito essencial para a qualidade de vida e a cidadania. O enfrentamento da crise
ambiental requer maiores investimentos e processos de planejamento e gestão de
forma holística e participativa, garantindo acesso aos bens fundamentais e econômi-
cos, ambientais e sociais.
Palavras-chave: Cidadania. Cidade sustentável. Democracia. Direitos humanos. Meio
ambiente ecologicamente equilibrado.
Abstract
The city presents itself as a center of magnetism that attracts individuals from
different social and economic levels. The desired and necessary sustainable city
becomes a means of dispute socioeconomic and spatial paradox in economic
development, which have been promoting the swelling urban centers and exclusion
1076
Tatiane Kessler Burmann& Daniel Rubens Cenci
from social groups more numerous every day. An interdisciplinary and critical about
the right to the city reveals processes of growing disrespect for human rights by
withholding access to an ecologically balanced environment in the urban space -
essential requirement for quality of life and citizenship. Confronting the
environmental crisis requires more investment and planning processes and
management in a holistic and participatory, ensuring access to basic goods and
economic, environmental and social.
INTRODUÇÃO
O crescimento acentuado e desordenado das cidades,
acompanhado linearmente pelo aumento de uma série de pro-
blemas socioambientais urbanos, já há longa data clama por
soluções eficazes e desassociadas do populismo político e da
manutenção de regalias e especulações a qualquer custo. Ob-
servados os altos índices de população urbana atuais, não se
pode descuidar do fato de que as mais importantes questões
ambientais ocorrem nas cidades, merecendo, assim, prioridade
de atenção.
A deterioração do espaço urbano resta evidente nos ca-
sos cada vez mais frequentes de catástrofes ambientais - en-
chentes e desmoronamentos -, na carência de moradia e saú-
de, na insuficiência dos serviços de transportes, na falta de
saneamento básico, na ocupação predatória de áreas inade-
quadas e não permitidas, enfim, na ineficiência geral dos ser-
viços que deveriam ser proporcionados de forma digna à popu-
lação. A ocupação do espaço urbano se faz marcada pela
agressão frontal aos direitos humanos, refletindo de forma ne-
gativa na qualidade de vida da maioria da população.
Tal contexto impossibilita o desenvolvimento adequado
das cidades e, por consequência, o bem-estar social dos seus
habitantes. No entanto, é, lamentavelmente, a realidade con-
temporânea - realidade com a qual não se pode conformar. É
fundamental estudar, planejar, projetar o futuro das cidades,
com visão de curto, médio e longo prazo.
A cidade é um lugar de interação social e trocas que per-
mite que as diferenças possam se encontrar, reduzindo pre-
conceitos e fortalecendo a democracia. Porém, nossas cidades
1
COMPARATO, Fabio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Hu-
manos. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 17.
2
BEDIN, Gilmar Antonio. Os Direitos do Homem e o Neoliberalismo.
2.ed. Ijuí: Unijuí, 1997, p. 47.
3
Idem, p. 60-61.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
1079
Democracia e participação como meio de concretizar o direito à cidade...
4
BEDIN, Gilmar Antonio. Os Direitos do Homem e o Neoliberalismo.
2.ed. Ijuí: Unijuí, 1997, p. 66.
5
Ibid., p. 77.
Programa de Pós-graduação em Direito
Curso de Mestrado em Direitos Humanos
1080
Tatiane Kessler Burmann& Daniel Rubens Cenci
6
CARVALHO, Edson Ferreira de. Meio Ambiente e Direitos Humanos.
Curitiba: Juruá, 2011, p. 152-156.
7
CANOTILHO, José Joaquim Gomes; MOREIRA, Vital. Fundamentos da
Constituição. Coimbra: Coimbra, 1991, p. 93.
8
BETIOL, Luciana Stocco. Responsabilidade Civil e Proteção ao Meio
Ambiente. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 20.
9
JUNIOR, Nelson Saule. Direito Urbanístico: vias jurídicas das políticas
urbanas. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Ed., 2007, p. 50.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
1081
Democracia e participação como meio de concretizar o direito à cidade...
10
CENCI, Daniel Rubens. O Direito ao Ambiente Ecologicamente Equili-
brado como Direito Fundamental da Pessoa Humana. In: BEDIN, Gilmar
Antonio. (Org.). Cidadania, Direitos Humanos e Equidade. Ijuí: Ed. Uni-
juí, 2012, p. 331.
11
DOUZINAS, Costas. O Fim dos Direitos Humanos. Traduzido por Luiza
Araújo. São Leopoldo: Unisinos, 2009, p. 374.
12
SCHONARDIE, Elenise Felzke. Direito à Cidade e Favelização: as inter-
faces da desigualdade social e do direito fundamental. In: BEDIN, Gil-
mar Antonio. (Org.). Cidadania, Direitos Humanos e Equidade. Ijuí: Ed.
Unijuí, 2012, p. 257.
13
CARRERA, Francisco. Cidade Sustentável: utopia ou realidade?. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2005, p. 33-34.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
1083
Democracia e participação como meio de concretizar o direito à cidade...
14
NALINI, José Renato. Os Direitos que a Cidade Esqueceu. São Paulo:
Ed. Revista dos Tribunais, 2011, p. 17.
15
ROLNIK, Raquel. O que é cidade. São Paulo: Brasiliense, 2012, p.12.
16
NALINI, José Renato. Os Direitos que a Cidade Esqueceu. São Paulo:
Ed. Revista dos Tribunais, 2011, p. 18.
17
LEFEBVRE, Henri. A Revolução Urbana. Belo Horizonte: Ed.UFMG,
1999, p. 15.
18
Ibid., p. 15.
19
CASTELLS, Manuel. A Questão Urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1983, p. 262.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
1085
Democracia e participação como meio de concretizar o direito à cidade...
20
SOUZA, Marcelo Lopes de. Alguns Aspectos da Dinâmica Recente da
Urbanização Brasileira. In: FERNANDES, Edesio; VALENÇA, Márcio Mo-
raes (Orgs.). Brasil Urbano. Rio de Janeiro: Manuad, 2004, p. 65-67.
21
Ibid., p. 64
22
DAVIS, Mike. Planeta Favela. São Paulo: Boitempo, 2006, p. 29.
23
NALINI, José Renato. Os Direitos que a Cidade Esqueceu. São Paulo:
Ed. Revista dos Tribunais, 2011, p. 19.
24
CENCI, Daniel Rubens. O Direito ao Ambiente Ecologicamente Equili-
brado como Direito Fundamental da Pessoa Humana. In: BEDIN, Gilmar
Antonio. (Org.). Cidadania, Direitos Humanos e Equidade. Ijuí: Ed. Uni-
juí, 2012. p. 327.
25
LEITE, José Rubens Morato. Introdução ao Conceito Jurídico de Meio
Ambiente. In: VARELLA, Marcelo Dias; BORGES, Roxana Cardoso Brasi-
leiro. O Novo em Direito Ambiental. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, p.
64.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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1087
Democracia e participação como meio de concretizar o direito à cidade...
26
NALINI, José Renato. Os Direitos que a Cidade Esqueceu. São Paulo:
Ed. Revista dos Tribunais, 2011, p. 19.
27
LEFF, Enrique. Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade,
Complexidade, Poder. Petrópolis: Vozes, 2012, p. 62.
28
SCHONARDIE, Elenise Felzke. Direito à Cidade e Favelização: as inter-
faces da desigualdade social e do direito fundamental. In: BEDIN, Gil-
mar Antonio. (Org.). Cidadania, Direitos Humanos e Equidade. Ijuí: Ed.
Unijuí, 2012, p. 258.
29
JACOBI, Pedro. Impactos socioambientais urbanos – do risco à busca de
sustentabilidade. In: MENDONÇA, Francisco. (Org.). Impactos
Socioambientais Urbanos. Curitiba: Ed. UFPR, 2004.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
1089
Democracia e participação como meio de concretizar o direito à cidade...
30
FERNANDES, Edésio. Impacto socioambiental em áreas urbanas sob a
perspectiva jurídica. In: MENDONÇA, Francisco. (Org.). Impactos Socio-
ambientais Urbanos. Curitiba: Ed. UFPR, 2004. p. 114.
31
MENDONÇA, Francisco. S.A.U – Sistema Ambiental Urbano: uma abor-
dagem dos problemas socioambientais da cidade. In: MENDONÇA,
Francisco. (Org.). Impactos Socioambientais Urbanos. Curitiba: Ed.
UFPR, 2004, p. 206.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ainda é possível mudar as condições ambientais. Gestão
democrática e cidadania são questões centrais para a concre-
tização do direito ao meio ambiente sadio e, por conseguinte,
do direito à cidade sustentável. Daí decorre a urgência em
construir uma sociedade que tenha como base a democracia, a
participação e a solidariedade.
As legislações positivas garantidoras de tais direitos não
são suficientes. A coletividade - Estado, cidadãos, ciência e
economia capitalista -, alicerçada em uma dimensão participa-
tiva e social, tem o direito, mas também o dever à manutenção
da qualidade ambiental.
32
MORAIS, José Luis Bolzan de. Do Estado Social das “Carências” ao
Estado Social dos “Riscos”. Ou: de como a questão ambiental especula
por uma nova cultura jurídico-política. Caderno de Direito Constitucio-
nal, 2008. Disponível em: < http://www.trf4.jus.br/trf4/upload/editor/
apg_BOLZAN_COMPLETO.pdf >. Acesso em março de 2013.
33
DEL’OLMO, Elisa Ceriolli. Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado:
direito e dever do cidadão. In: SANTOS, André Leonardo Copetti;
DEL’OMO, Florisbal de Souza (Orgs.) Diálogo e Entendimento: direito e
multiculturalismo e cidadania e novas formas de solução de conflitos.
Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 233.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
1091
Democracia e participação como meio de concretizar o direito à cidade...
Resumo
Este estudo trata sobre a instituição família e a sua diversidade cultural bem como a
construção da identidade e do reconhecimento da mesma e a busca pela resolução
de conflitos extrajudiciais através da mediação, que vem surgindo como uma das
formas mais bem sucedidas para a transformação de conflitos nas relações entre os
membros familiares, pois favorece o diálogo e o entendimento entre as partes e
propõe uma mudança cultural nas interações humanas, pela qual as relações das
divergências pressupõem um diálogo, através de uma comunicação compreensiva e
respeitada entre os membros, que significa a transformação pacífica de pessoas para
uma cultura de paz social.
Palavras-Chave: cultura, família, mediação.
Abstract
This study focuses on the family institution and its cultural diversity as well as the
construction of identity and recognition of same and the search for extra-judicial
dispute resolution through mediation, which is emerging as one of the most success-
ful ways for conflict transformation in relations among family members, as it favors
dialogue and understanding between the parties and proposes a cultural change in
1
Mestranda em Direito - Bolsista CAPES pela Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI Campus Santo Ângelo. E-
mail: thaiskerber@hotmail.com.
2
Mestranda em Direito - Bolsista CAPES pela Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI Campus Santo Ângelo e
cursando pós-graduação em civil e processo civil no Luis Flavio Gomes -
LFG. E-mail: julianeves15@hotmail.com.
1094
Thaís Kerber De Marco & Júlia Francieli Neves de Oliveira
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Os últimos anos do final do século XX estão associados às
grandes mudanças ocorridas na sociedade, resultante do apro-
fundamento da diversidade cultural nas relações de família.
Não obstante, as modificações nas estruturas familiares resul-
tantes dos movimentos sociais, dos avanços tecnológicos e da
globalização, levando a uma consequência lógica dessas trans-
formações a disseminação de uma identidade cultural mundia-
lizada.
As modificações da sociedade, resultantes de uma espé-
cie de reação ao processo globalizante verifica-se na constru-
ção de uma civilização com identidade local com hábitos, valo-
res, costumes e culturas, no panorama globalizado. Dada essa
multiplicidade e complexidade social, torna-se cada vez mais
relevante à compreensão da influência das mudanças culturais
na construção da identidade das pessoas e importa reconhecer
a diversidade cultural e seus efeitos na sociedade.
Vê-se que, ao mesmo tempo em que construção da iden-
tidade na sociedade e na cultura influencia no desenvolvimen-
to das relações familiares e na dinâmica dos conflitos interin-
dividuais, refletindo sobre a mediação para a solução dos con-
flitos familiares que surgiram através de tais transformações.
A pesquisa é, portanto, oportuna por delinear algumas
notas sobre a construção da identidade e a influencia da cultu-
ra no desenvolvimento da mesma a partir da diferença, visan-
do contribuir para uma maior compreensão e consciência em
uma área que ainda é incipiente para algumas pessoas no Bra-
sil como é o caso da mediação para a solução dos conflitos fa-
miliares, através de uma cultura solidária e fraterna.
A cultura do conflito esta presente em nossa sociedade,
basta analisar a atual crise que o nosso Poder Judiciário vem
passando por não conseguir controlar a demanda processual.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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1095
Mediação de conflitos como meio eficaz para compreensão...
3
GIDDENS. Anthony. A terceira via. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. 5ª
edição. Editora: Record. Rio de Janeiro, S. Paulo, 2005, p..99.
4
Idem, p..99.
5
GIDDENS. Anthony. A terceira via. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. 5ª
edição. Editora: Record. Rio de Janeiro, S. Paulo, 2005, p..99.
6
Idem, p..99.
7
Idem, p. 99.
8
Idem, p. 102.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
25 e 26 de abril de 2013
1097
Mediação de conflitos como meio eficaz para compreensão...
9
BAUMAN, Zygmunt. Ensaios sobre o conceito de cultura. Trad. Carlos
A. Medeiros. Rio de Janeiro; Zahar, 2012, pg. 18.
10
Idem, pg.24.
11
GIDDENS. Anthony. A terceira via. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. 5ª
edição. Editora: Record. Rio de Janeiro, S. Paulo, 2005, pg.103.
12
GIDDENS. Anthony. A terceira via. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. 5ª
edição. Editora: Record. Rio de Janeiro, S. Paulo, 2005, pg.104.
13
SILVA, Nelson do Valle. Uma nota sobre ‘raça social’ no Brasil. Caderno
Cândido Mendes. Estudos Afro-asiáticos, 26, 1995, pg.37.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
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25 e 26 de abril de 2013
1099
Mediação de conflitos como meio eficaz para compreensão...
16
MORIN, Edgar. Sete saberes necessários à educação do futuro. São
Paulo: Cortez; Brasilia, DF: Unesco, 2000, pg. 162.
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25 e 26 de abril de 2013
1101
Mediação de conflitos como meio eficaz para compreensão...
17
WARAT, Luis Alberto. A rua grita Dionísio!: Direitos humanos da
alteridade, surrealismo e cartografia. Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2010,
p. 3.
18
WARAT, Luis Alberto. Em nome do acordo. A mediação no direito.
Almed, 2.e.d, 1999, p. 5.
19
CACHAPUZ, Rosane da Rocha. Mediação nos conflitos e direito de
família. Curitiba: Juruá, 2003, p. 136.
20
WARAT, Luis Alberto. Em nome do acordo. A mediação no direito.
Almed, 2.e.d, 1999, p. 7.
21
FUGA, Marlova Stawinski. Mediação Familiar: quando chega ao fim a
conjugalidade. Passo Fundo:UPF,2003, p. 80.
22
WARAT, Luis Alberto. Surfando na Pororoca: ofício do mediador.
Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004, p. 26.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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1103
Mediação de conflitos como meio eficaz para compreensão...
23
WARAT, Luis Alberto. Surfando na Pororoca: ofício do mediador.
Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004, p. 32.
24
VEZZULLA, Juan Carlos. Teoria e Prática da Mediação. Paraná:
Instituto de Mediação e Arbitragem do Brasil, 1998, p.15 e 16.
25
WARAT, Luis Alberto. A rua grita Dionísio!: Direitos humanos da
alteridade, surrealismo e cartografia. Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2010,
p. 3.
que esta nos processos. Uma ideia que resulta oposta à con-
cepção conflitológica da mediação [...]”.
Temos impregnado em nossa cultura o paradigma ga-
nhar-perder. Não tentamos mais resolver os conflitos e propor
soluções para os problemas, o litigio vem sendo o meio utiliza-
do como proteção e solução para os conflitos, onde sempre se
busca ganhador e perdedor e a lei é que direciona o sentido
que o conflito deve tomar 26.
A mediação usa a linguagem do amor para resolver con-
flitos, de modo que possa tocar o coração dos envolvidos cau-
sando sensibilidade e assim as partes são capazes de transmi-
tir o que sentem e entender o sentimento do outro. Os senti-
mentos negativos envolvidos no conflito só causam sofrimento
e não podem envolver os sentimentos puros e verdadeiros co-
mo é o caso do amor, usado na linguagem da mediação 27.
Nas relações familiares resolvidas perante o Poder Judi-
ciário todos os aspectos emocionais e sentimentais envolvidos
no conflito não são considerados pelo julgador, que apenas
analisará fatos descritos, e muitas vezes a decisão se torna
inútil e sem solução alguma, pois o conflito permanece e a de-
cisão não gera efeito algum 28.
Tratando-se de direito familiar, a mediação pode trazer
resultados que só tendem a beneficiar as partes envolvidas,
tendo em vista que facilita na resolução de controvérsias fami-
liares possibilitando um maior entendimento e compreensão.
Pois as relações familiares muitas vezes perduram, seja pela
convivência de anos, seja pelo laço familiar criado.
Todo e qualquer conflito familiar é repleto de sentimentos
reprimidos, amor, ódio, rancor, desprezo, raiva, todos esses
sentimentos ressentidos impossibilitam o diálogo e a compre-
26
CACHAPUZ, Rosane da Rocha. Mediação nos conflitos e direito de
família. Curitiba: Juruá, 2003, p. 131.
27
WARAT, Luis Alberto. Surfando na Pororoca: ofício do mediador.
Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004, p. 29.
28
CACHAPUZ, Rosane da Rocha. Mediação nos conflitos e direito de
família. Curitiba: Juruá, 2003, p. 132-133.
I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia
Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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Mediação de conflitos como meio eficaz para compreensão...
29
WARAT, Luis Alberto. Surfando na Pororoca: ofício do mediador.
Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004, p. 24.
30
SALES, Lilia Maia de Morais. Mediação de conflitos: Família, Escola e
Comunidade. Florianópolis: Conceito Editorial, 2007, p. 142 .
31
CACHAPUZ, Rosane da Rocha. Mediação nos conflitos e direito de
família. Curitiba: Juruá, 2003, p. 134.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há muitas mudanças ocorrendo no mundo externo, e de-
vemos estar atentos a isso, pois a solução ocorrerá quando a
população se conscientizar que o caminho para os conflitos
familiares não é o litigio e sim a mediação.
Infelizmente, a cultura da litigiosidade é predominante no
Brasil, a nossa cultura ainda tem as amarras que impedem o
diálogo diante dos conflitos. A caminhada da mediação é lon-
ga, é incessante, e devemos ter esperança de que dias melho-
res virão, visando essa recompensa de poder compreender a
evolução sociocultural-afetiva de uma sociedade, evidenciando
na família sentimentos formadores de um caráter mais solidá-
rio e justo nas diferenças entre seus membros.
Assim afirma Warat32 “estamos falando de uma possibili-
dade de transformar o conflito e de nos transformar no conflito,
tudo graças à possibilidade assistida de poder nos olhar a par-
tir do olhar do outro, e colocarmo-nos no lugar do outro para
entendê-lo a nós mesmos”. A partir deste pensamento Warati-
ano observa-se a importância do apreço mútuo, da compreen-
são e do respeito às diferenças entre os membros familiares
bem como a relevância do vínculo familiar que muitas vezes é
perdido devido à falta de diálogo e entendimento dos membros
da família.
Desta forma a estratégia da mediação não é como o Poder
Judiciário que decide os conflitos através do juiz de direito e
da lei. Tal prática apenas facilita a resolução do conflito, as
próprias partes transformam e reorganizam o problema e ten-
tam interpretá-lo, de modo que possam se adaptar ao mundo
de transformações culturais33.
A mediação familiar trata das emoções que fazem parte
do problema a ser resolvido e confere importância as decisões
tomadas e possibilita uma comunicação adequada na resolu-
32
WARAT, Luis Alberto. Surfando na Pororoca: ofício do mediador.
Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004, p. 62.
33
WARAT, Luis Alberto. Em nome do acordo. A mediação no direito.
Almed, 2.e.d, 1999, p. 9.
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Os Direitos Humanos e a sua Proteção
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Mediação de conflitos como meio eficaz para compreensão...
REFERÊNCIAS
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derno Cândido Mendes. Estudos Afro-asiáticos, 26, 1995.
WARAT, Luis Alberto. Em nome do acordo. A mediação no direito.
2º ed. ALMED. 1999.
34
CACHAPUZ, Rosane da Rocha. Mediação nos conflitos e direito de
família. Curitiba: Juruá, 2003, p. 134.
Resumo
Perpassando, com horizontalidades e verticalidades, em perspectiva interdisciplinar,
a ciência jurídica e a ciência política, com algumas incursões à filosofia e à ‘física
social’, o ensaio traz, em linhas gerais, a reflexão sobre o Estado e sua
(re)configuração como centro de irradiação do poder, sobretudo face às instabilida-
des e aos novos cenários geopolíticos da ‘arena’ global. Tais remodelações ensejam a
revisitação aos principais elementos constitutivos que conformaram o ente estatal
na modernidade, emergindo ressignificações e fragmentações no núcleo e na perife-
ria dessa instituição. Nessa linha de ideias, as ‘crises do Estado’ são múltiplas e ex-
tensivas: questionam, em perspectiva teórico-conceitual, a definição tradicional;
perpassam o âmago da estrutura e da funcionalidade estatal; os modelos de repre-
sentatividade e de participação na esfera pública; e elucubram, sob o manto consti-
tucional, os condicionamentos institucionais das nações-Estado. Os propósitos cen-
trais conclamam a insurgência de uma ordem jurídica que suplante fronteiras e bar-
reiras burocráticas e culturais, legitimando as novas adjetivações ao Direito – ‘Cos-
mopolítico’, ‘Mundial’, ’Transnacional’, ‘Universal’... ante às evidências - nacionais e
globais, de uma ‘dimensione del vivere comune’. Talvez, em lugar apenas dos discur-
sos dos déficits democráticos e dos descompromissos ‘institucionalizados’ ou ‘her-
dados’, sobretudo no Brasil, possa surgir um horizonte positivo e faticamente demo-
crático. Nessa perspectiva, o resgate ao sujeito pode ser mirado como meio de diri-
mir descompassos locais e ‘além-mar’, freando políticas pautadas em lógicas exclu-
dentes, direcionadas a interesses privados e pragmaticamente utilitaristas, a partir
do momento em que o sujeito assim se reconhece e serve-se da solidariedade como
pressuposto de ação, da indignação [sem violência, mas verbalizada com veemência]
como meio de manifesto de suas insatisfações e da consciência da individualidade
mas também da pluralidade humana que habita em seu entorno como instrumento
de positiva transformação – pensar ‘outramente’ surge, pois, como reflexão derra-
deira desse breve ensaio.
Palavras-chave: Democracia. Estado Constitucional. Política. Soberania. Sujeito.
Transmodernidade.
1110
Thaisy Perotto Fernandes
INTRODUÇÃO
[...] o Estado conhece um conjunto de mudanças que afe-
tam todos os seus elementos constitutivos; essas mu-
danças são vinculadas entre si, realimentando-se umas
às outras; elas são indissociáveis das mudanças mais
amplas que afetam a sociedade em seu conjunto; elas
não são apenas superficiais, epidérmicas ou “cosméti-
cas”, mas se traduzem, efetivamente, numa nova confi-
guração estatal. [...] a hipótese de surgimento de um Es-
tado pós-moderno não é minimamente invalidade, antes
é reforçada pela crise mundial: mesmo que o mito de uma
“mundialização feliz” tenha sido fortemente abalado, o
processo deve ter seguimento conduzindo a uma inter-
dependência cada vez maior dos Estados; e se esses são
conduzidos a intervir mais ativamente na Economia para
remediar os efeitos deletériosda crise, essa intervenção
não significa minimamente que eles sejam isoladamente
capazes de a ela responder.
O Estado pós-moderno permanece, então, um Conceito
pertinente para evidenciar a medida das mudanças que
afetam a consistência e a forma dos Estados contempo-
râneos. ( CHEVALLIER, Jacques. In: ‘O Estado Pós-Moderno’)
1
Com outras palavras, Elias alude que “[...] a percepção do tempo exige
centros de perspectiva — os seres humanos — capazes de elaborar uma
imagem mental em que eventos sucessivos, A, B e C, estejam presentes
em conjunto, embora sejam claramente reconhecidos como não simultâ-
neos. Ela pressupõe seres dotados de um poder de síntese acionado e
estruturado pela experiência. Esse poder de síntese constitui uma espe-
cificidade da espécie humana: para se orientar, os homens servem-se
menos do que qualquer outra espécie de reações inatas e, mais do que
qualquer outra, utilizam percepções marcadas pela aprendizagem e pela
experiência prévia, tanto a dos indivíduos quanto a acumulada pelo lon-
go suceder das gerações. É nessa capacidade de aprender com experi-
ências transmitidas de uma geração para outra que repousam o aprimo-
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Entre a anemia estatal e a anomia política
6
Nas palavras de Ferrajoli, essa crise seria aleatória, verticalizando-se de
‘cima para baixo’ e de ‘baixo para cima’: “O Estado nacional como sujei-
to soberano está hoje numa crise que vem tanto de cima quanto de bai-
xo. De cima, por causa da transferência maciça para sedes supra-
estatais ou extra-estatais (a Comunidade Européia, a OTAN, a ONU e as
muitas outras organizações internacionais em matéria financeira, mone-
tária, assistencial e similares) de grande parte de suas funções – defesa
militar, controle da economia, política monetária, combate à grande cri-
minalidade -, que no passado tinham sido o motivo do próprio nascimen-
to e desenvolvimento do Estado. De baixo, por causa dos impulsos cen-
trífugos e dos processos de desagregação interna que vêm sendo enga-
tilhados, de forma muitas vezes violenta, pelos próprios desenvolvimen-
tos da comunicação internacional, e que tornam sempre mais difícil e
precário o cumprimento das outras duas grandes funções historicamen-
te desempenhadas pelo Estado: o da unificação nacional e a da pacifica-
ção interna.” (2007, p. 48-49).
7
No ensinamento de Bolzan de Morais, “A interdependência que se esta-
belece contemporaneamente entre os Estados-nação aponta para um
cada vez maior atrelamento entre as ideias de soberania e de coopera-
ção jurídica, econômica e social, por um lado, e o de soberania e de in-
tervenção política, econômica e/ou militar, de outro, o que afeta drasti-
camente a pretensão à autonomia em sua configuração clássica. “ (2011,
p. 22, grifo nosso).
8
Para o jurista italiano, destacam-se alguns fatores que, desde o final do
século XX, tem atuado como “forças corrosivas” à soberania, quais se-
jam: “[...] el pluralismo político y social interno, que se opone a la idea
misma desoberanía y de sujeción; la formación de centros de poder al-
ternativos y concurrentes con el Estado, que operan en el campo político,
económico, cultural y religioso, con frecuencia em dimensiones totalmen-
te independientes del território estatal; la progresiva institucionaliza-
ción, promovida a veces por los propios Estados, de “contextos” que inte-
gran sus poderes en dimensiones supraestatales, sustrayéndolos así a la
disponibilidad de los Estados particulares; e incluso la atribución de de-
rechos a los indivíduos, que pueden hacerlos valer ante jurisdicciones
internacionales frente a los Estados a los que pertencen. (2003, p. 11-12,
grifo nosso)”.
9
A essas, inserem-se todas elas inscritas naquele pacto constituinte que
é a Carta da ONU: a paz, a igualdade, o desenvolvimento, os direitos
universais dos homens e dos povos) estão, ainda nas palavras de Ferra-
joli “[...] produzindo uma crise de legitimação desse sistema de sobera-
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Entre a anemia estatal e a anomia política
nias desiguais e de relações cada vez mais assimétricas entre países ri-
cos e países pobres, em que a comunidade internacional se transformou:
um sistema que não parece ser tolerável, a longo prazo, pelos próprios
ordenamentos políticos dos países avançados, que baseiam sua identi-
dade e legitimação democrática justamente naquelas mesmas promes-
sas e no seu universalismo”. (2007, p. 47-48).
10
A esse respeito esclarece Bolzan de Morais (2011, p. 35) que “as chama-
das comunidades supranacionais ou, mesmo, os espaços regionais – Co-
munidade Econômica Européia/CEE/União Européia, Nafta, Mercosul,
CAN, etc. – particularmente a primeira, impõem uma nova lógica às rela-
ções internacionais e, conseqüentemente atingiram profundamente as
pretensões de uma soberania descolada de qualquer vínculo, limitação ou
comprometimento recíproco. O que se percebe, aqui, é que uma radical
transformação nos poderes dos Estados parte destas estruturas de cará-
ter supranacional, especialmente no que se refere a tarifas alfandegárias,
aplicação de normas jurídicas de direito internacional sujeitas à aprecia-
ção de Cortes de Justiça supranacionais, emissão de moeda, alianças mi-
litares, acordos comerciais e, particularmente, direitos humanos.”
11
O poder destrutivo das armas nucleares, as agressões sempre mais ca-
tastróficas ao meio ambiente, o aumento das desigualdades e da misé-
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13
Seja qual for a forma mais próxima assumida pela República Mundial,
existe uma crítica-padrãocontra ela: enquanto ideal, ela estaria distante
da vida. [...] é possível rebater o ceticismo, o que nos leva a repetir a
pretensão normativa: a globalização múltipla cria ou reforça uma neces-
sidade de ação que, se atender às pretensões de Direito, Justiça e De-
mocracia, exigirá uma ordem básica que substituirá a violência pelo Di-
reito, vinculará o Direito a princípios de Justiça e deixará o Direito justo
a cargo de uma República Mundial subsidiária e federal.”
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Entre a anemia estatal e a anomia política
14
O que torna o primeiro-ministro italiano tão interessante como fenômeno
político é o fato de que, como político mais poderoso do país, ele age de
forma cada vez mais desavergonhada: além de ignorar ou neutralizar po-
liticamente as investigações jurídicas a respeito das atividades crimino-
sas que promovem seus interesses comerciais particulares. Berlusconi
também solapa de modo sistemático a dignidade básica do chefe de Es-
tado. A dignidade da política clássica baseia-se em sua elevação acima
do jogo de interesses particulares da sociedade civil: a política é “alie-
nada” da sociedade civil, apresenta-se como esfera ideal do citoyen, em
contraste com o conflito de interesses egoístas que caracteriza o bour-
geois. Berlusconi aboliu essa alienação: na Itália atual, o poder estatal é
exercido diretamente pelo bourgeois vil que, de forma declarada e impi-
edosa, explora o poder estatal para proteger seus interesses econômi-
cos. (ZIZEK, 2011, p. 10-11).
15
“[...] seja, ainda, pelo volume quantitativo de questões postas à solução,
implicando, sobretudo nas sociedades complexas uma atividade full time
que exclui o cidadão (pelo menos o cidadão comum)– ocupado demais
em prover o seu cotidiano – do jogo político, ao mesmo tempo que exclui
o político do debate social dos temas –, tornou-se um instrumento
incapaz de responder adequadamente a todos os anseios, pretensões,
intenções, etc., o que conduz a tentativas de esvaziá-la como lugar
adequado ao jogo da política, a tentativas de fantochizá-la – tornando-a
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[...] houve um declínio na vontade dos cidadãos de participar da política,
assim como na efetividade da maneira clássica – a única legítima, se-
gundo a teoria convencional – de exercer a cidadania, ou seja, a eleição,
por sufrágio universal, dos que representam 'o povo' e estão por isso
mesmo autorizados a governar em seu nome. Entre as eleições – ou seja,
por vários anos, normalmente –, a democracia existe apenas como ame-
aça potencial à sua reeleição ou à dos seus partidos. (p. 107).
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Entre a anemia estatal e a anomia política
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Bolzan de Morais elucida que nos trilhos da proclamada democracia
participativa “[...] talvez se constituam como alternativas possíveis de
rearticulação de espaços públicos que se apresentem como uma fonte
de autoridade cuja legitimidade ultrapasse até mesmo os esquemas
procedimentais característicos da democracia representativa,
escapando, inclusive, às insuficiências – outras – que esta enfrenta, em
particular no que tange à formação da opinião em sociedades
dominadas por sistemas de informação cujo controle público é
diminuído. (2011, p. 58).
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Vagner Poerschke
Resumo
Já dizia Montesquieu, que a norma associada a uma sanção tem um caráter pedagó-
gico, a pena em seu sentido mais amplo tem como incumbência de reeducar o ape-
nado, tranzendo-o de volta a sociedade com uma perspectiva mais ressocializada.
No entanto, isso era um preceito teórico que acabou findando, com a sua crise, ne-
cessitando de uma revisão no seu conteúdo, a partir daí surgem as penas alternati-
vas, com um objetivo mais especifico e com a experiência da prática sendo mais
eficaz no seu objetivo ressocializador, que no qual tem seu maior sucesso com a
pena de prestação de serviços à comunidade, talvez a mais eficaz dentro do rol das
penas restritivas de direitos.
Palavras-chave: Penas, crise, trabalho, comunidade, liberdade, prisão.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A história das penas não é a de sua progressiva abolição,
mas de sua reforma” (Bittencourt, p.433, 2007). Pois a pe-
na é uma instituição muito antiga, cujo surgimento se re-
gistra nos primórdios da civilização humana. E isso deno-
ta uma peculiaridade em cada sociedade de aplicar e efe-
tivar o cumprimento das mesmas, como uma simples
manifestação natural do homem primitivo para a conser-
vação de sua espécie, sua moral e integridade. (OLIVEIRA,
p.21, 1996).
AS PENAS NA ANTIGUIDADE
“É inegável que o encarceramento de delinquentes exis-
tiu desde os tempos imemoriáveis, porém não tinha caráter de
pena e repousava em outras razões”(Bitencourt, p.433, 2007).
De acordo com Odete Maria de Oliveira, esse período denomi-
nado de “vingança divina”, baseava se em preceitos oriundos,
supostamente dos deuses. Que na qual apresentava uma rea-
ção primitiva de caráter religioso, em conexão como o sistema
de Talião e da composição. Assim o delito era uma ofensa à
divindade que por sua vez, ultrajada atingia a sociedade inteira.
Para o esclarecimento do direito penal oriental e seu cará-
ter teocrático, torna-se importante o estudo do Código de Ha-
murábi, que aplicava um princípio de igualdade do delito em
relação a pena, ou seja, o velho jargão “olho por olho, dente por
dente”. A pena privativa de liberdade só era aplicada somente
à contenção e guarda dos réus, para preservá-los fisicamente
até o momento de serem julgados.
AS PENAS ALTERNATIVAS
“Diante do reconhecimento universal da crise da pena
privativa de liberdade, novas ideias e projetos vêm despon-
tando com muita ênfase, indicando a adoção de penas alterna-
tivas à prisão” (Oliveira, p. 58, 1996).
Logo com a crise, surgem novos conceitos para definição
do cárcere privado, vindo a fadar a que a liberdade é à regra, a
prisão à exceção, ou seja, é a ultima ratio da sociedade. Então
com o surgimento de medidas e penas alternativas, passasse-
se a afirmar que a pena restritiva de liberdade é exceção, e as
penas restritivas de direitos, assim denominadas pelo nosso
ordenamento, é a regra.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Prestação de Serviço á Comunidade é mais que uma
pena, é uma medida educativa e útil socialmente, capaz de
garantir princípios basilares como a dignidade da pessoa hu-
mana e, ainda assim reprovar todo mal causado pelo agente
delinquente e prevenir o cometimento de novos delitos, dado
seu caráter restaurador. Acreditamos que as penas de presta-
ção de serviços á comunidade pode constituir poderoso coad-
juvante na justiça social, vez que com certeza apresenta muito
mais utilidade á sociedade do que a privação de liberdade.
Ante o exposto, concluímos que as Penas de Prestação de
Serviços á Comunidade possuem caráter ressocializador, sen-
do capazes de promover uma nova etapa no direito penal e
aplicação de penas, se bem acompanhadas e aplicadas mais
comumente quando possível, podem de fato levar ao alcance
do objetivo da aplicação das penas, qual seja, promover a ple-
na ressocialização dos indivíduos.
REFERÊNCIA
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