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Os leitores muitas vezes procuram por livros que o orientem na reflexão sobre a
concepção da personagem, investigando assim suas variações no percurso crítico. A autora
destina o livro para um público específico, que tem o texto mais como um meio de
conhecimento e trabalho e divide o livro em cinco capítulos que orientam, assim, o leitor para
que reflita mais sobre os personagens que desfaz a união entre a “pessoa” e o “personagem”.
Quando os leitores começam a sentir emoções como, chorar por um final, alguns não
conseguem separar a vida real da vida ficcional do personagem, entrando assim em um dilema
sobre o que é um personagem e buscam referências nos dicionários comuns, o que os deixam
mais confusos; depois, ao pesquisar em um dicionário específico surgem duas dúvidas a
respeito do que se pensar sobre o personagem: 1º o problema linguístico, pois o personagem
não existe fora das palavras e 2º as personagens que representam pessoas. Para exemplificar
sobre identificação da criação do personagem e do mundo ficcional, a autora escolhe O Ateneu,
de Raul Pompeia.
Aristóteles foi o primeiro a tocar no problema do conceito e na função do personagem
no discurso; portanto, durante muito tempo foi utilizado o termo mimesis, que em uma tradução
literal é imitação do real; mas, após muito tempo, estudiosos revelaram que o conceito não
significa somente isso, mas a própria maneira de ser do poema e os meios também utilizados
pelo autor para a criação de sua obra. Falando sobre a verossimilhança de Aristóteles, a autora
cita um exemplo cinematográfico, Indiana Jones and Temple of Doom (EUA, 1984) de Steven
Spilberg, e um livro de literatura brasileira, Iracema, de José de Alencar para falar sobre os
personagens principais. No século XX a prosa fictícia sofre uma mudança quando comparadas
aos modelos narrativos que se tornaram clássicos no século XIX; segundo Forster existem dois
tipos de classificação de personagem: plana, onde as personagens são construídas ao redor de
uma única ideia ou qualidade e redonda, em que são definidas pela complexidade, com várias
qualidades ou tendências surpreendendo o leitor. Ainda, a partir do século XX, a concepção de
personagem se desprende das relações humanas e passa, assim, a ser encarada como um ser de
linguagem, com sua fisionomia própria. Phillipe Hamon define três tipos de personagens:
referenciais, “embrayeurs” e personagens “anáforas”. Quando se encara o personagem como
um ser fictício com forma própria de existir os autores conseguem situar a personagem dentro
do texto, com sua complexidade e o alcance de todos os métodos utilizados para apreende-la.
A autora diz em seu texto que não é possível discutir sobre o personagem sem falar do
papel do narrador, pois este é quem dá forma ao personagem; não há como saber como o
personagem se materializa sem que um foco narrativo esclareça a sua existência. Para isso ela
utilizou duas classificações de narrador: narrador em terceira pessoa e narrador em primeira
pessoa. O narrador em terceira pessoa ela colocou como se fosse uma câmera, pois não se
envolve na história, utilizando como exemplo o romance Os que bebem como os cães, de Assis
Brasil. A autora ainda completa dizendo sobre como "a câmera" constrói os personagens,
utilizando de dois exemplos A chave de vidro, de Dashiell Hammett e o conto Duas Rainhas de
Dalton Trevisan. O narrador em primeira pessoa, no caso o personagem é a câmera, onde a
personagem é envolvida com os "acontecimentos" narrados. Esse personagem fica com a
responsabilidade de descrever, definir, construir os seres fictícios; então o leitor vê tudo através
da visão do personagem.
3
A personagem.
De Beth Brait
Vilhena/Rondônia
15 de abril de 2016