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REVISTA DE EDUCAÇÃO

AS ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS NO ENSINO SUPERIOR


QUANDO É O MOMENTO CERTO PARA SE USAR AS ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS NO ENSINO
SUPERIOR?

Katiucia Oliskovicz – Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande - unidade II


Carla Dal Piva – Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande - unidade II

RESUMO: Levando-se em conta a preocupação que os professores mais antigos em PALAVRAS-CHAVE:


exercício, assim como os que acabam de sair da graduação apresentam quanto à Estratégias didáticas; professores
universitários e ensino superior.
escolha das técnicas de ensino para se utilizar em sala de aula, o presente artigo tem
como objetivo geral aprofundar os estudos sobre o uso de algumas estratégias didáticas
que podem ser utilizadas como recursos pelos professores para transmitir seus KEYWORDS:
conhecimentos e práticas pedagógicas em busca da eficácia do ensino-aprendizagem. Teaching strategies; academics and
Para a composição deste artigo, foi realizada uma breve revisão bibliográfica sobre higher education
o tema na literatura específica, onde se objetivou buscar informações que pudessem
subsidiar os conceitos pré-existentes referente ao tema abordado. Porém, vale ressaltar,
que essas escolhas ficam cada vez mais fáceis de fazer com os anos no ensino, ou seja, a
experiência da prática dentro de uma classe. É através das tentativas de erros e acertos
que os professores aprimoram suas técnicas em sala de aula.

ABSTRACT: Taking into account the concern that the older teachers in office, as well
as those just out of graduate show in the choice of teaching techniques to use in the
classroom, this article aims to deepen the general studies on the use of some teaching
strategies that can be used as resources for teachers to convey their knowledge
and pedagogical practices in pursuit of effective teaching and learning. For the
composition of this article, we performed a brief literature review on the subject in
the literature, which aimed to gather information that could support the pre-existing
concepts concerning the subject. However, it is noteworthy that these choices are
becoming easier to do with years of teaching, ie, the experience of practice within a
class. It is through trial and error attempts that teachers improve their techniques in
the classroom.

Artigo Original
Recebido em: 30/04/2012
Avaliado em: 06/08/2013
Publicado em: 04/06/2014

Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.

Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE

Correspondência
Sistema Anhanguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com

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As estratégias didáticas no ensino superior: quando é o momento certo para se usar as estratégias didáticas no ensino superior?

1. INTRODUÇÃO
Durante muito tempo prevaleceu no âmbito do ensino superior a crença de que, para
se tornar um bom professor de ensino superior, bastaria dispor de comunicação fluente
e sólidos conhecimentos relacionados à disciplina que pretendesse lecionar (GIL, 2008).
Porém, o professor universitário, necessita não apenas de sólidos conhecimentos na área
em que pretende lecionar, mas também de habilidades pedagógicas suficientes para tornar
o aprendizado mais eficaz.
Baseando-se na seguinte afirmação realizada por Onuchic e Botta (1997), onde eles
dizem que é preciso que os professores e demais educadores reconheçam as dificuldades
dos alunos, o presente artigo tem como objetivo aprofundar os estudos sobre o uso de
algumas estratégias didáticas que podem ser utilizadas como recursos pelos professores para
transmitir seus conhecimentos em sala de aula e que infelizmente acabam sendo esquecidas
pelos mesmos durante a realização das suas aulas no decorrer do ano letivo.
Para a composição deste artigo, foi realizada uma breve revisão bibliográfica sobre o
tema na literatura específica, onde se objetivou buscar informações que pudessem subsidiar
os conceitos pré-existentes referente às estratégias didáticas que podem ser utilizadas por
professores universitários. Entre as literaturas consultadas, encontravam-se livros e artigos
publicados dentro do tema da pesquisa, além de um breve relato pessoal como docente de
nível superior.
Desta forma, no seu decorrer, o presente texto discutirá a importância das estratégias
didáticas, em seguida se analisará as estratégias de ensino e seu uso adequado, onde
este tópico será subdividido em três métodos de ensino, entre elas: individualizantes,
socializantes e sócio-individualizantes. E por fim, fechando o artigo com as considerações
finais esboçando nesse trecho, experiências pessoais vivenciadas nesse início de carreira
como professora universitária.

2. A IMPORTÂNCIA DAS ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS


Segundo Haydt (2006), didática é uma secção do ramo específico da Pedagogia e se refere
aos conteúdos do ensino e aos processos próprios para a construção do conhecimento,
definindo-se assim, como a ciência e a arte do ensino. Para Masetto (2003), didática é o estudo
do processo de ensino-aprendizagem em sala de aula e de seus resultados e surge, segundo
Libâneo (1994), quando os adultos começam a intervir na atividade de aprendizagem das
crianças e jovens, através da direção deliberada e planejada do ensino. Em palavras mais
simples, didática seria o caminho e recursos que o professor deve utilizar para que o aluno
possa aprender o conteúdo de forma mais rápida e eficiente, e de preferência, sem a famosa
decoreba, mas sim, através das experiências vivenciadas. É interessante ressaltar, que ensinar

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e aprender são como as duas faces de uma mesma moeda, uma vez que a didática não pode
tratar do ensino, por parte do professor, sem considerar simultaneamente a aprendizagem
por parte do aluno (MINICUCCI, 2001).
Para Lowman (2007), embora as salas de aulas na universidade sejam arenas dramáticas
com objetivos intelectuais, os relacionamentos estabelecidos entre os professores e os alunos
são mais importantes do que aqueles que se estabelecem entre o ator e os espectadores.
Segundo esse mesmo autor, os cursos universitários são ambientes onde inevitavelmente
ocorre uma miríade de encontros interpessoais, alguns fugazes e outros envolventes. E
como em todos os encontros humanos, não fugindo a regra, tanto os professores quanto os
estudantes, utilizam-se de estratégias para maximizar sentimentos positivos e minimizar os
sentimentos negativos sobre si mesmos (GIL, 2008).
Embora os grupos tenham diferentes interesses interpessoais, Becker (1994), afirma que
ambos procuram satisfazer às necessidades humanas básicas de afeição e controle. Sendo
assim, as maneiras pelas quais os professores e os estudantes satisfazem essas necessidades
produzem fenômenos interpessoais previsíveis, e que acabam influenciando o grau e as
condições em que os alunos são motivados a dominar o conteúdo colocado a sua frente
(CUNHA, 1988). Quando o professor é bem aceito pela sala, é evidente que a sua transmissão
de conhecimento é mais rapidamente absorvida pelos alunos, porém, quando o professor
não consegue fazer com que a sala lhe aceite, a barreira dessa transmissão é mais forte, e as
dificuldades são maiores, quanto por parte do professor quanto por parte do aluno.
Prender a atenção de uma platéia é a primeira coisa para qualquer artista, incluindo os
professores universitários. Para Berbel (2001), quase todos os estudantes prestação atenção
ao professor por alguns minutos, mas a maioria não continua a prestar atenção se a aula
tornar-se chata.
Sendo assim, professores universitários precisam estimular a emoção para envolver
totalmente à atenção do aluno no conteúdo ou nos exercícios de aprendizagem selecionados
(BORDENAVE; PEREIRA, 2001). Desta forma, existem vários recursos para se prender a
atenção dos alunos durante a aula, uma delas, é o uso da voz. Além de saber usar a altura
da voz, a técnica da inflexão é muito eficiente, e para isso, basta dar mais ênfase a algumas
palavras do que outra. Segundo Candau (1986), uma fala com pouco ou nenhuma ênfase
provavelmente não vai envolver e reter a atenção dos alunos por muito tempo. Desta forma,
a simples prática da inflexão pode evitar que os alunos dispersem ou entrem num estado de
sonolência, deixando-os assim, poucos produtivos.
Além do uso correto da voz, o professor deve saber utilizar de seus gestos. Para Berbel
(2001), os estudantes reagem àquilo que vêem, assim como àquilo que ouvem e, como a
fala, e o movimento do corpo pode reforçar a mensagem ou desviar a atenção daquilo que
se pretende transmitir. Assim, gestos de mais ou gestos de menos, podem atrapalhar o

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desenvolvimento da aula, por isso, o professor deve estar sempre atento aos seus movimentos,
mantendo assim sempre que possível, um meio termo nos seus gestos.
Porém, falar claramente com variedade e projeção de voz, assim como os movimentos
adequados, ajuda a envolver uma platéia, mas uma qualidade adicional, que é tão
importante quanto esses dois recursos já supracitados (voz e o gesto), é o uso do contato
visual (CANDAU, 1986).
Para Piletti (1999), nossos rostos revelam mais sobre o que estamos pensando do que
qualquer outra parte de nossos corpos. Porém, alguns professores evitam olhar nos olhos dos
alunos, olhando habitualmente para um lado, para o teto ou para o chão, após uma olhada
rápida, sem foco, pela classe. Assim como também muitos alunos se sentem igualmente
desconfortáveis com o contato visual direto e vão desviar seus olhos se o professor olhar
diretamente para eles (CANDAU, 1986). Entretanto, o conato visual, é o melhor modo de se
avaliar o impacto daquilo que nós professores, estamos dizendo ou fazendo para os alunos.
Cunha (1988) acredita que o professor tradicional é um homem feliz, pois não precisa
escolher entre as várias atividades possíveis para ensinar um assunto, pois para ele, a única
atividade válida é a exposição oral. Ao contrário de um professor moderno, uma vez que, a
escolha adequada das atividades de ensino é uma etapa muito importante de sua profissão.
Pois a idoneidade profissional do professor se manifesta na escolha das estratégias de ensino
adequadas para o que se espera atingir, entre eles: aos objetivos educacionais, os conteúdos
da matéria e aos alunos propriamente ditos. Porém, é importante lembrar aos professores,
que o uso constante das técnicas pode acabar tornando as suas aulas ao longo do ano muito
previsível e assim, sem novas perspectivas, os alunos podem perder o interesse pelas suas
aulas. Às vezes, uma simples aula expositiva, onde o aluno apenas irá escutar e copiar tópicos
importantes do quadro negro vale mais do o excesso de uso dos recursos pedagógicos.
Segundo Rogers (1986), para aqueles professores que tiveram uma formação
pedagógica adequada durante a sua graduação, a escolha dessas estratégias didáticas
parece um processo tão simples que não merece o título de “problema”. Entretanto, para os
numerosos professores universitários que mergulham ou foram mergulhados no magistério,
sem treinamento pedagógico, o problema e complexo e chega a ser atemorizador e inibidor,
salvo algumas exceções de profissionais que mesmo não tendo uma formação pedagógica
adequada, apresentam o “dom” de ensinar.
Durante muito tempo, os estudos relacionados ao aprendizado apareceram
desvinculados dos estudantes sobre ensino. Os manuais de didática apresentavam aos
professores um conjunto de métodos e técnicas de valor universal, capazes de ensinar tudo
a todos (ABREU, 1995). Mas, como conseqüência, poucos professores sentiam necessidade
de considerar as características pessoais dos estudantes, seus interesses e motivações para
planejar suas atividades (PILETTI, 1999). A sorte, é que novos modelos educacionais, estão

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sendo apoiados em pesquisas científicas, e estas, vêm contribuindo significativamente para


mudar essa visão dos educadores.
A seguir, estaremos abordando a importância da escolha e do uso de algumas técnicas
de ensino disponíveis na literatura referente às estratégias de ensino, que o professor
universitário poderá utilizar em sala de aula para melhorar a sua didática perante seus
alunos, facilitando assim, o aprendizado dos mesmos.

3. ESTRATÉGIAS DE ENSINO E SEU USO ADEQUADO


Sabe-se hoje que, ao contrário das concepções tradicionais, o ato de ensinar não implica
necessariamente o aprendizado daquele que o recebe. Numa situação de aprendizagem,
o centro essencial da atividade não está naquele que ensina, mas naquele que aprende
(BORDENAVE; PEREIRA, 2001). Assim, não há como deixar de considerar que o aprendizado
dos estudantes é influenciado pela maneira de como o professor procura adequar às
estratégias de ensino às necessidades e às expectativas dos estudantes.
Desta forma, cabe ao professor, ter a competência para diagnosticar as necessidades e
as expectativas dos estudantes para escolher as medidas educativas mais adequadas para
serem utilizadas dentro da sala de aula ao longo das suas aulas dentro da sua disciplina
específica.
O conceito de aprendizagem é um dos mais utilizados nas obras que tratam de Educação,
porém, de uma forma muito limitada, pois costuma ser confundido com o de aquisição de
conhecimento (PILETTI, 1999). Para Libâneo (1994), o conceito de aprendizagem é mais
amplo, uma vez que se refere a um processo permanente que se inicia com o início da vida
e só termina com a morte.
Há inúmeros fatores, dentro dos indivíduos e mesmo fora deles, que influenciam sua
habilidade para aprender. Os mais conhecidos são os fatores cognitivos como a inteligência
e a criatividade. Porém, para Becker (1994), há, no entanto, muitos outros de igual relevância
com os quais se tem menos familiaridade, como: a motivação, a concentração, a idade, o
sexo, o ambiente social, os hábitos de estudo e a memória.
Procedimentos de ensino, estratégias, métodos e técnicas, são alguns dos termos
utilizados para designar aspectos relativos à idéia de “como ensinar”. Todavia, vamos
esclarecer o significado de cada um desses termos: estratégia (é uma palavra emprestada da
terminologia militar e trata-se de uma descrição dos meios disponíveis pelo professor para
atingir os objetivos específicos); método (é o caminho a seguir para alcançar um fim, e ele indica
as grandes linhas de ação, sem se deter em operacionalizá-la); técnica (é a operacionalização
do método, por exemplo, se um professor quer utilizar um método ativo para atingir seus
objetivos, poderá operacionalizá-lo através da utilização das diferentes técnicas de dinâmica

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em grupo) e; procedimentos (é a maneira de efetuar alguma coisa, consiste em descrever as


atividades desenvolvidas pelo professor e as atividades desenvolvidas pelos alunos).
Na medida em que os métodos da escola tradicional se revelaram inadequados às
características da sociedade em transformação, surgiram os métodos novos que procuram
apoiar-se na estrutura psicológica do aluno (LOWMAN, 2007). E com o desenvolvimento
cada vez maior das ciências da educação, é natural que os métodos também passem a ser
afetados pelos novos conhecimentos que se adquirem dia a dia a respeito da aprendizagem. E
esses métodos ganham cada vez mais sofisticação, à medida que passam a ser equacionados
em termos de tecnologias que perseguem fins viáveis. Lembro-me da minha época de
graduação, há uns sete anos atrás, onde o recurso do projetor multimídia (data show) não era
muito disponível dentro da Instituição de ensino, uma vez que existiam poucos exemplares,
e os alunos eram acostumados a ter sempre presente junto ao seu material diário, folhas
transparentes (plásticos) e caneta de retro projetor, caso um professor quisesse realizar uma
dinâmica em sala e no final desta, essa atividade exigisse uma explanação dos alunos perante
a classe. Então, os grupos montavam de uma forma improvisada, os slides com os principais
tópicos nas folhas de plástico e fazíamos à explicação final para a turma.
Mas, decidir qual método específico de ensino em uma aula é muito mais fácil, uma vez
que você especifique o que quer que seus estudantes saibam ou sejam capazes de fazer ao
final da aula. Selecionar métodos pode também ser criativo se você estiver ciente do grande
número de métodos atualmente disponíveis para organizar a sua turma. Vale lembrar-lhe
que nenhum método isolado é o melhor modo de ensinar. Cunha (1988), afirma que, o mais
importa são as habilidades gerais de comunicação do professor, a capacidade para motivar
os estudantes além de sua dedicação ao ensino.
Os métodos e técnicas não são neutros, pois estão baseados em pressupostos teóricos
implícitos. Além do mais, sua escolha e aplicação depende dos objetivos estabelecidos. Por
isso, ao escolher uma estratégia de ensino, o professor deve considerar, como critério de
seleção, os seguintes aspectos básicos:
A. Adequação aos objetivos estabelecidos para o ensino e a aprendizagem.
B. A natureza do conteúdo a ser ensinado e o tipo de aprendizagem a efetivar-se.
C. As características dos alunos, como, por exemplo, sua faixa etária, o nível de
desenvolvimento mental, o grau de interesse, suas expectativas de aprendizagem.
D. As condições físicas e o tempo disponível.
É a partir desses aspectos que se estabelece o como ensinar, ou seja, é que se definem
as formas de intervenção na sala de aula para ajudar o aluno no processo de reconstrução
do conhecimento (LOWMAN, 2007).
Quanto à classificação dos métodos de ensino, o presente artigo, irá, basear-se segundo
a professora Carvalho (1973), que em seu livro – O processo didático – clássica os métodos de

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ensino da seguinte forma: métodos individualizantes de ensino, métodos socializantes de


ensino e métodos sócio-indivudualizantes de ensino, onde estes serão, brevemente descritos
a seguir.

3.1. Métodos Individualizantes de Ensino


São aqueles que valorizam o atendimento às diferenças individuais e fazem à adequação do
conteúdo ao nível de maturidade, à capacidade intelectual e ao ritmo de aprendizagem de
cada aluno, considerando individualmente. Carvalho (1973), afirma que:
... a aprendizagem é sempre uma atividade pessoal, embora muitas vezes se realize
em situação social. Por isso, as tarefas ou deveres escolares, a pesquisa bibliográfica,
as sessões de trabalho em oficinas ou laboratórios, os exercícios efetuados na sala de
aula ou fora dela, as revisões ou recapitulações periódicas, são atividades discentes
individualizadas, mesmo quando os alunos estejam agrupados em um local, e haja
entre eles processos interativos. A situação pode ser socializada, mas a tônica recai
no esforço pessoal, e a atividade de cada um tem conotações próprias, que refletem
características individuais diversificadas. (CARVALHO, 1973, p. 193).

Entre os métodos individualizantes podemos citar: aulas expositivas e estudo dirigido.

Aulas Expositivas
É um procedimento de ensino mais antigo e tradicional, e também o mais difundido nos
vários graus escolares, ou seja, desde o jardim de infância até nível universitário. Esse
procedimento consiste na apresentação oral de um tema, logicamente estruturado. Desta
forma, a exposição pode assumir duas posições didáticas: exposição dogmática (a mensagem
transmitida não pode ser contestada, devendo ser aceita sem discussão e com a obrigação de
repeti-la, por ocasião das provas de verificação); exposição dialogada (a mensagem apresentada
pelo professor é um simples pretexto para desencadear a participação da classe, podendo
haver, assim, contestação, pesquisa e discussão).
Na exposição dogmática o professor assume uma posição dominante, enquanto o
aluno se mantém passivo e receptivo. Por outro lado, na exposição dialogada, o professor
dialoga com a classe, ouvindo o que o aluno tem a dizer, fazendo perguntas e respondendo
as dúvidas dos alunos. Desta forma, o aluno desempenha um papel mais ativo, pois
participa da exposição do professor, fazendo comentários, relatando fatos, dando exemplos,
argumentando, expondo suas dúvidas e respondendo perguntas.
A aula expositiva pode ser usada nas seguintes situações:
• Quando há necessidade de transmitir informações e conhecimentos seguindo uma
estrutura lógica e com economia de tempo;
• para introduzir um novo conteúdo, apresentando e esclarecendo os conceitos
básicos da unidade e dando uma visão global do assunto;
• para fazer uma síntese do conteúdo abordado numa unidade, dando uma visão
globalizada e sintética do assunto.
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As principais características de uma boa exposição didática são:


• Perfeito domínio e segurança do conhecimento que é o objeto da exposição;
• exatidão e objetividade dos dados apresentados;
• discriminação clara entre o que é essencial e o que é secundário;
• organicidade, ou seja, boa concatenação das partes e subordinação dos itens de
cada parte;
• correção, clareza e sobriedade do estilo empregado;
• linguagem clara, correta e expressiva;
• conclusões, aplicações ou arremate definido.
Assim, para que a aula expositiva preencha os requisitos de uma boa exposição
didática, recomenda-se que o professor prepare a aula com antecedência, considerando as
características dos alunos e adaptando-a ao seu grau de desenvolvimento (sua faixa etária,
os conhecimentos que já possuem sobre o conteúdo estudado, seus interesses e motivações).
Ao planejar, o professor deve: definir os objetivos com clareza e precisão; selecionar as formas
que pretende transmitir e organizar a seqüência de idéias em função do tempo disponível;
escolher e criar exemplos adequados e esclarecedores; apresentar o assunto que vai ser
abordado no decorrer da exposição, mostrando suas ligações com os temas já estudados;
introduzir o conteúdo partindo dos conhecimentos e experiências anteriores; destacar e
fixar as idéias mais importantes, registrando-as no quadro-negro; estimular a participação
dos alunos; usar linguagem simples e coloquial, indo direto ao assunto; usar bom humor
quando achar oportuno e prever os materiais e os recursos audiovisuais a serem utilizados.
Porém, qualquer que seja a forma de organização escolhida, um aspecto deve ser sempre
cuidado pelo professor: a articulação do todo deve ser destacada de maneira nítida. E cabe
ressaltar, que a exposição deve ser limitada no tempo, em função do nível de maturidade
dos alunos, e deve ser sempre alternada com outras técnicas didáticas.

Estudo Dirigido
O estudo dirigido surgiu da necessidade de transmitir aos alunos técnicas de estudo, isto
é, de ensiná-los a estudar. Ele consiste em fazer o aluno estudar um assunto a partir de um
roteiro elaborado pelo professor. E este roteiro, estabelece a extensão e a profundidade do
estudo.
Há diversos tipos de modalidades de estudos dirigidos, uma vez que o professor pode
elaborar um roteiro contendo instruções e orientações para o aluno, entre eles: ler um texto
e depois responder às perguntas; manipular materiais ou construir objetos e chegar a certas
conclusões; observar objetos, fatos ou fenômenos e fazer anotações e realizar experiências e
fazer relatórios, chegando a certas generalizações.

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O professor deve procurar elaborar roteiros contendo tarefas operatórias que mobilizem
e dinamizem as operações cognitivas, ou seja, que se referem à mobilização e ativação de
operações mentais do aluno. Desta forma, as tarefas operatórias, estabelecidas por meio
de questões ou problemas a resolver nos roteiros ou guias de estudo, indicam quais os
esquemas assimiladores que estão sendo mobilizados durante o trabalho mental do aluno.
O Quadro 1 a seguir, trás algumas sugestões de tarefas operatórias.
Quadro 1 – Exemplos de sugestões de tarefas operatórias.

SUGESTÕES DE TAREFAS OPERATÓRIAS


Operações Cognitivas Tarefas Operatórias
Analisar Decompor objeto ou sistemas em elementos constitutivos; enumerar qualidades, proprie-
dades; descrever, narrar, etc.
Sintetizar Reduzir a elementos fundamentais ou essenciais; escolher, selecionar elementos segun-
do certos critérios; reduzir a esquemas, quadros sinóticos, sumários; condensar, com-
preender , etc.
Representar Interpretar ou exprimir graficamente (croquis, gráficos, diagramas, cortes, cartas, etc.) ou
por símbolos.
Conceituar e definir Explicar, analisar ou desenvolver conceitos de modo lógico ou operacional.
Provar Justificar, esclarecer, fundamentar e defender pontos de vista, etc.
Julgar Avaliar; discutir e atribuir valores; apreciar; criticar.
Induzir Observar; experimentar; propor hipóteses; comprovar hipóteses pela experiência etc.
Deduzir Compreender relações necessárias; justificar logicamente; demonstrar etc.
Fonte: Baseado em Castro (1974)

Na prática, essas operações mentais conjugam-se e relacionam-se de várias maneiras,


e raramente uma tarefa requer apenas uma delas. É comum uma tarefa exigir duas ou mais
operações cognitivas.

3.2. Métodos Socializantes de Ensino


São métodos que valorizam a interação social, fazendo a aprendizagem efetivar-se em grupo.
Incluem as técnicas de trabalho em grupo, estudo de casos, estudo do meio e aulas práticas.

Trabalho em Grupo
Grupo é o conjunto de duas ou mais pessoas em situação de interação e agindo em função
de um objetivo comum. Em termos didáticos, os principais objetivos do trabalho em grupo
são: facilitar a construção do conhecimento; permitir a troca de idéias e opiniões; possibilitar
a prática da cooperação para conseguir um fim comum.
Ao participar dessa troca de experiências, o indivíduo precisa organizar seu pensamento
a fim de exprimir suas idéias de forma a serem compreendidas por todos. Sendo assim, na
dinâmica do trabalho em grupo, o aluno fala, ouve os companheiros, analisa, sintetiza e
expõe idéias e opiniões, questiona, argumenta, justifica e avalia. Desta forma, esse método
contribui para o desenvolvimento das estruturas mentais do indivíduo, mobilizando seus

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esquemas operatórios de pensamento, além de contribuir para o desenvolvimento dos


esquemas cognitivos.
Vale ressaltar, que o trabalho em equipe favorece a formação de certos hábitos e atitudes
de convívio social, como:
• Cooperar e unir esforços para que o objetivo comum seja atingido;
• planejar, em conjunto, as etapas de um trabalho;
• dividir tarefas e atribuições, tendo em vista a participação de todos;
• aceitar e fazer críticas construtivas;
• ouvir com atenção os colegas e esperar a sua vez de falar;
• respeitar a opinião alheia, e;
• aceitar a decisão quando ficar resolvido que prevalecerá a opinião da maioria.
Ao utilizar o trabalho em grupo na sala, o professor precisa se conscientizar de que não
está apenas aplicando mais um recurso didático para a construção do conhecimento, mas
está lançando mão de um poderoso instrumento formador de hábitos de estudo e atitudes
sociais.
A seguir, algumas sugestões para a realização do trabalho em grupo:
• Como formar as equipes (estas podem constituir-se aleatoriamente ou por
afinidades), e;
• como orientar os alunos (em conjunto com os alunos, estabelecer normas de
condutas e padrões de comportamento necessários para o bom desempenho de
cada membro dentro do grupo como um todo).
São muitas as técnicas propostas e sistematizadas pelos especialistas em dinâmicas de
grupo, desta forma, serão expostas de uma forma bem sucinta, as mais usadas na área da
educação:

Discussão em pequenos grupos


Consiste em estudar e analisar um assunto em grupos pequenos que variam de cinco a
oito pessoas, sendo recomendado para situações que exigem: coleta e sistematização de
dados e informações; resolução de problemas; tomada de decisões e realizações de tarefas.
Além disso, os membros podem desempenhar certos papéis para facilitar o andamento do
trabalho e aumentar sua produtividade.

Simpósios
É uma série de breves apresentações de diversas pessoas sobre diferentes aspectos de um
mesmo tema ou problema. Ele pode ser realizado durante um mesmo dia ou durante vários
dias seguidos. No dia marcado para a realização do simpósio, cada um faz uma exposição
de 10 a 20 minutos sobre o tema e no final da apresentação, os demais alunos da classe

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formulam perguntas aos expositores. Para melhor controle do tempo, pode-se escolher um
aluno para ser o mediador, controlando assim o tempo de cada expositor e organizar o
debate final.

Painel
É uma conversa ou discussão informal que se estabelece entre um grupo de pessoas
conhecedoras de um assunto, na frente de uma platéia, que em seguida apresenta suas
perguntas. O grupo encarregado do painel deve constituir-se de três a seis componentes.

Seminário
No seminário, um aluno ou um grupo de alunos ficam encarregados de fazer uma pesquisa
sobre determinado assunto, e posteriormente acabam expondo o tema da pesquisa para toda
a classe. A utilização da técnica do seminário contribui para o desenvolvimento do espírito
de pesquisa, levando o educando a coletar material para análise e interpretação e fazendo
com que ele sistematize as informações coletadas para posterior exposição e transmissão.

Tempestade cerebral (brainstorming)


Consiste na apresentação livre de idéias ou de alternativas de solução para um determinado
problema, dando margem à imaginação criadora e sem se restringir aos esquemas lógicos
de pensamento. Só após a apresentação livre das idéias é que elas serão submetidas a
uma análise crítica. O objetivo básico desta técnica é o desenvolvimento da criatividade,
pois dá ênfase ao surgimento de novas idéias e soluções, sem se prender às concepções
preestabelecidas.
Vale ressaltar, que as técnicas não têm outra finalidade senão a de ajudar o funcionamento
mais eficiente dos processos de manutenção e produtividade, facilitando a comunicação, a
participação e a tomada de decisões. Desta forma, as técnicas são simples artifícios para o
grupo realizar seus fins, ou seja, adquirir o conhecimento.

Estudos de Casos
Essa técnica consiste em apresentar aos alunos uma situação real, dentro do assunto estudado,
para que analisem e, se for necessário, proponham alternativas de solução. Assim, acaba
sendo uma forma de os alunos aplicarem os conhecimentos teóricos a situações práticas.
O estudo de casos é uma variação da técnica de solução de problemas e caracterizam-
se, principalmente, pelo fato de as situações propostas serem reais ou baseadas na realidade.
Em geral, a situação é apresentada aos alunos por escrito, em forma de descrição, narração,
diálogo ou artigo jornalístico, porém, pode ser apresentada por meio de um filme.

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O estudo de caos apresenta os seguintes objetivos básicos: oferecer oportunidade para


que o aluno possa aplicar os conhecimentos assimilados a situações reais e criar condições
para que o aluno exercite a atitude analítica e pratique a capacidade de tomar decisões.
Existem dois tipos de casos que podem ser propostos aos alunos, de acordo com o
objetivo que se tem em vista: o caso-análise (tem como objetivo desenvolver a capacidade
analítica dos alunos, e tudo que se pretende dos alunos é que a situação seja discutida,
sem aspirar a chegar à solução alguma) e o caso-problema (tem como objetivo chegar a uma
solução, a melhor possível dentro dos dados fornecidos pelo caso, além de desenvolver
a capacidade de tomar decisões, de adotar uma linha de ação depois de analisar várias
alternativas).

Estudo do Meio
É uma técnica que permite ao aluno estudar de forma direta o meio natural e social que
o circunda e do qual ele participa. Além disso, é uma prática educativa que se utiliza de
entrevista, excursões e visitas como formas de observar e pesquisar diretamente a realidade.
No entanto, não se deve confundir como uma simples excursão, visita ou viagem. É uma
atividade mais ampla, que começa e termina na sala de aula, embora se desenvolva em
grande parte fora dela.
Como técnica pedagógica, o estudo do meio apresenta os seguintes objetivos:
• Criar condições para que o aluno entre em contato com a realidade circundante,
promovendo o estudo de seus vários aspectos de forma direta, objetiva e ordenada;
• propiciar a aquisição de conhecimentos geográficos, históricos, econômicos, sociais,
políticos, científicos, artísticos de forma direta por meio da experiência vivida, e;
• desenvolver as habilidades de observar, pesquisar, descobrir, entrevistar, coletar
dados, organizar e sistematizar os dados coletados, analisar, sintetizar, tirar
conclusões e utilizar diferentes formas de expressão para descrever o que observou.
O estudo do meio pode abranger várias disciplinas e áreas de estudo integrantes do
currículo, permitindo que fatos e fenômenos, geralmente estudados na faculdade de modo
isolado e compartimentalizado, possam ser observados e analisados de forma integrada e
dentro de um contexto mais amplo, como se apresenta na realidade.
Essa técnica é dividida nas seguintes fases: planejamento, execução, exploração
e apresentação dos resultados e avaliação. E o papel do professor é apenas de orientar e
coordenar seu planejamento, execução e avaliação.

Aulas Práticas
As aulas práticas podem ajudar no desenvolvimento de conceitos científicos, além de
permitir que os estudantes aprendam como abordar objetivamente o seu mundo e como

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desenvolver soluções para problemas complexos. Outra vantagem importante, é que nas
aulas práticas, o professor pode retornar um assunto já abordado, construindo com seus
alunos uma nova visão sobre um mesmo tema.
Desta forma, quando compreende um conteúdo trabalhado em sala de aula, o aluno
amplia sua reflexão sobre os fenômenos que acontecem à sua volta e isso pode gerar
conseqüentemente, discussões durante as aulas fazendo com que os alunos, além de exporem
suas idéias, aprendam a respeitar as opiniões de seus colegas.

3.3. Métodos Sócio-Individualizantes de Ensino


São os que combinam as duas atividades, a individualizada e a socializada, alternando em
suas fases os aspectos individuais e sociais. Abrangem, entre outros, o método da descoberta,
método de solução de problemas, método de projetos, perguntas e respostas e resumo.

Método da Descoberta
Consiste em propor aos alunos uma situação de experiência e observação, para que eles
formulem por si próprios conceitos e princípios utilizando o raciocínio indutivo. O professor
não transmite os conceitos e princípios de forma pronta e explícita. Ele cria situações de
ensino nas quais os alunos observam, manipulam materiais, experimentam, coletam dados
e informações, para depois sistematizá-los e chegarem às conclusões necessárias. Desta
forma ele, por si mesmo, descobre, ou melhor, redescobre o conhecimento.
Analisando esse método, podemos afirmar que ele possui três características básicas:
usa o procedimento indutivo; oferece ao aluno a possibilidade de uma participação ativa e
encara o erro como sendo educativo.
Desta forma, o papel do professor é o de facilitador do processo de descoberta e
aprendizagem, emitindo instruções claras e precisas, ajudando o aluno na generalização e
sistematização dos novos conhecimentos adquiridos.

Método de Solução de Problemas


Consiste em apresentar ao aluno uma solução problemática para que ele proponha uma
solução satisfatória, utilizando os conhecimentos de que já dispõe ou buscando novas
informações através da pesquisa.
Esse método apresenta os seguintes objetivos: estimula a participação do aluno na
construção do conhecimento; desenvolve o raciocínio e a reflexão; favorece a aquisição de
conhecimento, possibilitando sua aplicação em situações práticas de solução de problemas
e desenvolve a iniciativa na busca de novos conhecimentos, na tomada de decisão e na
solução de problemas.

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As estratégias didáticas no ensino superior: quando é o momento certo para se usar as estratégias didáticas no ensino superior?

Método de Projetos
O ensino realiza-se através de amplas unidades de trabalho com um fim em vista e supõe a
atividade propositada do aluno, isto é, o esforço motivado com um propósito definido.
O projeto é uma atividade que se processa a partir de um problema concreto e se
efetiva na busca de soluções práticas. Ele se caracteriza por cinco aspectos básicos:
• O objetivo principal é o desenvolvimento do raciocínio aplicado à vida real, e não
a simples memorização de informações;
• o ato problemático desencadeia o projeto, despertando o exercício do pensamento
com valor funcional;
• a aprendizagem é realizada em situação real, integrando pensamentos, sentimentos
e ação dos alunos;
• a informação é procurada e pesquisada pelo aluno a partir da necessidade de
solucionar um ato problemático, e;
• o ensino é globalizado, criando condições para a interdisciplinaridade.
No método de projetos, a atividade do aluno é fundamental. O professor desempenha
o papel de facilitador e orientador da aprendizagem, assistindo os alunos quando se fizer
necessário.

Perguntas e Respostas
A aula expositiva pode ser enriquecida através da utilização da técnica de perguntas e
respostas. Desta forma, essa técnica consiste em o professor dirigir perguntas aos alunos
sobre algo que estudaram ou sobre suas experiências. Vale ressaltar, que ao fazer perguntas,
o professor não deve ter o objetivo de julgar ou atribuir notas, mas sim, estimular a
participação.
Podem-se resumir da seguinte maneira os objetivos da técnica de perguntas e respostas:
• Faz com que o aluno estude por conta própria, a fim de garantir confiança em sua
capacidade de interpretar fontes de informações, sem a assistência do professor;
• facilita o desenvolvimento da capacidade de expressão do aluno;
• possibilita melhor conhecimento do aluno, seu tipo de personalidade, sua instrução
e formação, o que facilitará a atividade didática.
A técnica também pode ser utilizada de maneira diferente, ou seja, os alunos perguntam
e o professor responde. Assim, o professor pode orientar os alunos para que estudem
determinado tema e, a seguir, lhes dá oportunidade para que perguntem sobre as dúvidas
surgidas.

Resumos
O resumo exige a identificação das idéias principais e das relações que o aluno estabelece
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entre elas, de acordo com seus objetivos de leitura e conhecimento prévio. Quando estas
relações não se manifestam, deparamo-nos com um conjunto de frases justapostas, com um
escrito desconexo e confuso no qual dificilmente se reconhece o significado do texto do qual
procede.
Desta forma, o professor deve ajudar os alunos a elaborar resumos para que estes
possam aprender. Não basta ensinar-lhes a aplicar determinadas regras, mas sim, ensinar-
lhes a utilizá-las em função dos objetivos de ensino. Neste sentido, o resumo torna-se uma
autêntica estratégia de elaboração e organização do conhecimento.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Da análise das técnicas de ensino apresentadas neste presente artigo, surge a noção da
necessidade de combiná-las dentro de uma estratégia geral de ensino, uma vez que a
aprendizagem de qualquer assunto exigirá em geral o uso de várias atividades e não de uma
só. Porém, a escolha de uma estratégia só depende do bom senso do professor e daquilo que
ele pretende passar para seus alunos.
Nesses meus anos de docência tanto no ensino fundamental e médio e agora no ensino
superior, tive a oportunidade de aplicar algumas estratégias didáticas mencionadas dentro
do texto, entre elas: aulas expositivas; trabalho em grupo; estudo de caso; aulas práticas;
métodos de projeto e resumo, porém, sempre de forma isoladas. E sempre ao termino dessas
atividades, permanecia o sentimento de que alguma coisa ficou faltando para atingir por
completo o aprendizado dos alunos. E após algumas reflexões realizadas depois das aulas,
percebia que o erro dessa carência poderia estar ligado ao uso dessas técnicas separadamente.
Desta forma, o uso em conjunto destas técnicas, como, aula expositiva seguida por uma aula
prática ou trabalho em grupo seguido de um breve resumo relatando através dos principais
pontos a realização da atividade anterior, pode beneficiar muito o enriquecimento da aula e
de facilitar a compreensão do aluno para os conteúdos e conceitos ministrados.
Porém, vale ressaltar, que essas escolhas ficam cada vez mais fáceis de fazer com os anos
no ensino, ou seja, a experiência da prática dentro de uma classe. É através das tentativas de
erros e acertos que aprimoramos as nossas técnicas em sala de aula.
Segundo Haydt (2006), a aprendizagem ocorre quando o aluno participa ativamente
do processo de reconstrução do conhecimento, aplicando seus esquemas operatórios de
pensamentos aos conteúdos estudados. Por isso, a aprendizagem supõe atividade mental,
pois aprender é agir e operar mentalmente, é pensar, é refletir.
Desta forma, o procedimento mais adequado à aprendizagem de um determinado
conteúdo é aquele que ajuda o aluno a incorporar os novos conhecimentos de forma ativa,
compreensiva e construtiva, estimulando o pensamento operatório. Para que a aprendizagem
se torne mais efetiva, é preciso substituir, nas aulas, as tarefas mecânicas que apelam para
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As estratégias didáticas no ensino superior: quando é o momento certo para se usar as estratégias didáticas no ensino superior?

a repetição e a memorização, por tarefas que exijam dos alunos a execução de operações
mentais.
Após tudo o que foi comentado anteriormente, não pretendemos, no presente artigo,
esgotar a discussão sobre os métodos de ensino existentes. O que pretendemos é oferecer
ao leitor, que certamente será um futuro professor, ou então já é um professor no exercício
de suas funções, uma forma de reciclar os seus conhecimentos didáticos, através desse
referencial básico para a análise e escolha de procedimentos que podem ser utilizados dentro
da sala de aula.
Vale ressaltar que ainda, muitos professores na ativa hoje apresentam falta de
preparação didática, pois demonstram insegurança em seu relacionamento com o aluno e,
para manter a sua autoridade e sua auto-estima, acabam recorrendo a atitudes protetoras,
tais como comunicação muito formal com os estudantes, exagero no nível de exigência nas
provas, emprego de ironia e sarcasmo para dominar os rebeldes, e assim por diante.
Além é claro, da existência de um outro problema algumas vezes mencionado dentro
do ensino superior, que é o caso do desentendimento crescente entre os professores velhos,
conhecidos pelos seus métodos mais tradicionais, e os novos professores, que buscam
estratégias mais inovadoras. Entretanto, nota se que muitos professores novos, pela sua
insegurança, acabam imitando os métodos de ensino dos professores mais antigos.
Baseado nisso tudo, é que buscamos através desse artigo, trazer novamente algumas
estratégias que podem ter sido esquecidas por alguns professores ao longo dos seus anos de
docência.

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