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Editora Paulus • Alê Abreu • Drigo e Vasconcellos
© 2009 Instituto Ecofuturo
Todos os direitos reservados.

Concepção e coordenação editorial: Instituto Ecofuturo


Baseado no livro A vida que a gente quer depende do que a gente
faz, de concepção e coordenação editorial de Maria Betânia
Ferreira e Dora Carrasse, Pingo é Letra

Organização: Instituto Ecofuturo


Direção: Christine Castilho Fontelles
Responsável pelo projeto: Palmira Petrocelli Nascimento
Coordenação de comunicação: Alessandra Avanzo
Assistente de comunicação: Viviani Gasparini

Design: Carol Sá Jamault, Ganzá Design


Preparação de textos: Adriana Pepe
Revisão de textos: Denis Araki
Produção gráfica: Andrea Burity

ISBN 978-85-60833-03-0

Instituto Ecofuturo
Av. Brigadeiro Faria Lima, 1355 – 7° andar
01452-919 São Paulo, SP Instituto Ecofuturo
tel.: (11) 3503-9554
www.ecofuturo.org.br São Paulo, 2009. Primeira Edição.
Agir com respeito Educação
para a sustentabilidade

M H
uito se fala em sustentabilidade, o da sustentabilidade em seu sentido mais amplo, e o á quase dez anos, quando o Institu- com destaque para o Concurso de Redação e a
que tem até vulgarizado essa palavra, retorno não poderia ter sido melhor: cerca de 400 to Ecofuturo foi criado, Max Feffer, implantação de bibliotecas.
mas há ainda muitas dúvidas e enten- trabalhos foram recebidos. A todos esses “mestres”, seu fundador, afirmou que seria “o Apoiar o I Prêmio Ecofuturo de Educação
dimentos distorcidos sobre o que este nosso mais sincero agradecimento, por terem acei- atestado público do nosso compro- para a Sustentabilidade é reconhecer os pro-
conceito de fato encerra. tado nosso convite e, em especial, pelo seu enorme misso em empreender esforços para construir fessores conectados com as demandas de um
Para nós, sustentabilidade implica agir com poder transformador. um hoje melhor e um amanhã melhor ainda”. tempo que exige conhecimento crítico e atitude
respeito em relação às pessoas e ao planeta, cons- Este Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sus- Este amanhã chegou, um pouco a cada dia, ao diante da vida, que sempre e mais nos demanda
truindo relações de longo prazo e permitindo que tentabilidade dá mais uma contribuição para que longo desses anos, sempre renovando nossa inovações, excelência em tudo o que fazemos,
ciclos virtuosos possam ser repetidos. Assim, a temas de tamanha relevância venham a se tornar, ra- certeza de que o caminho escolhido, a educação coerência e determinação para que a sustenta-
não-geração de desperdícios e o estímulo ao con- pidamente, alvo de uso tranversal nas diversas ativi- para a sustentabilidade, era sem volta. bilidade, mais do que uma palavra viva, se torne
sumo responsável, a utilização correta dos recursos dades desenvolvidas dentro das escolas em todo este Neste ano em que celebramos marcos vitais um jeito de ser, um caminho sem volta.
naturais, a prática de iniciativas básicas para evitar país, transmitindo conhecimentos para que cada um das duas instituições — Suzano 85 Anos e Eco- Parabéns aos professores que aderiram ao
(ou conter) o aquecimento global, entre outras de nós possa atuar de maneira consciente, autônoma futuro 10 Anos —, reafirmamos nosso compro- concurso e comprovaram uma das máximas da
ações, são fundamentais para a sadia preservação e sintonizada com o desenvolvimento sustentável. misso com o desenvolvimento da educação e grande poetisa Cora Coralina: “Feliz aquele que
da vida neste planeta. Seguem aqui as ideias vencedoras desta primei- a iniciativa de preservação do meio ambiente. transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
Considerando o trabalho que o Instituto Ecofu- ra edição do Prêmio Ecofuturo de Educação para Ficamos orgulhosos ao verificar que milhares
turo vem realizando desde sua fundação, de gerar e a Sustentabilidade, resultado de análise cuidadosa de alunos e professores têm sistematicamente — Antonio Maciel Neto
difundir conhecimentos e práticas que contribuam e criteriosa. Esperamos que elas possam motivar participado dos projetos realizados pelo Insti- Diretor Presidente da Suzano
para a construção coletiva de uma cultura de sus- milhares, milhões de pessoas a agir de forma res- tuto Ecofuturo, sempre apoiados pela Suzano, Papel e Celulose
tentabilidade, criamos em 2009 o Prêmio Ecofu- ponsável e consciente, pois ainda há uma chance
turo de Educação para a Sustentabilidade, por en- de corrigir erros do passado e viabilizar um mundo
tendermos que a educação é um dos instrumentos melhor para todos.
indispensáveis para que as pessoas sejam capazes Aproveitem! Pratiquem!
de compreender, criticar e melhorar a vida.
Professores de todo o Brasil foram convidados — Daniel Feffer
a compartilhar ideias criativas para o aprendizado Presidente do Instituto Ecofuturo
O pensamento que não passa
pelo coração não chega ao céu

S
omos e queremos é o título do livro pu- O melhor lugar do mundo. Recebemos 30 mil textos de
blicado em 2006 com as 60 redações pre- todos os cantos do país, de alunos e professores.
miadas no V Concurso de Redação Ler é Elton, de 9 anos, nos escreveu: “Temos que con-
Preciso. Recebemos algo em torno de 21 vencer as pessoas de que tudo isso é sério, temos
mil textos de todos os cantos do país, com crian- que começar pelas crianças na escola, que contam
ças e jovens a nos dizer o que pensavam e o que para seus pais, que comentam no trabalho com os
sonhavam. Descobrimos que sonhavam baixinho: a colegas, que entram num acordo e talvez tentem
fronteira de seus “planos de voo” eram as carências fazer alguma coisa acontecer”.
de todas as ordens. Sem a experiência de terem sido Neste ano em que celebramos dez anos de trabalho
cuidados, traziam em suas mãos a responsabilidade pela vida, lançamos o I Prêmio Ecofuturo de Educação para
de cuidar além de sua própria maturidade. a Sustentabilidade, convidando professores a comparti-
“O menino pergunta ao sonho: Onde você se es- lhar ideias criativas para o aprendizado da sustentabili-
conde? Mas ele não responde”, escreveu Allef, 11 anos. dade em seu sentido mais amplo, a partir da leitura do
“...Cresci e vi a violência de perto e hoje nada mudou. livro A vida que a gente quer depende do que a gente faz.
Se eu pudesse melhorar o mundo, ia ser melhor pra Aqui estão reunidas as oito ideias vencedoras

Ilustração: Jeferson C. M. da Silva. Projeto Anchieta.


todo mundo”, contou Aline, de 8 anos. “Está nas crian- entre as 398 recebidas de todos os estados do Bra-
ças o poder de mudar”, segundo Edilene, de 10 anos. sil. Cada qual, a seu jeito, fala sobre a importância
Nós decidimos buscar e apresentar-lhes pro- de escutar, ler, escrever, tomar a palavra, dialogar,
postas: convidamos 34 pesquisadores e literatos interagir, ajudar o outro a aprender, construir junto.
que tinham coisas a dizer e a compartilhar, que Em comum, nos falam sobre aprender a aprender,
mereciam a atenção de muitos olhos e ouvidos, que aprender a sentir, aprender a cuidar. Sigamos em
possuiam conhecimento e ações propositivas que frente, como dizia Gandhi, “sendo as mudanças
podem levar mais gente para mais perto do melhor que queremos ver no mundo”.
lugar do mundo. Nascia o livro A vida que a gente
quer depende do que a gente faz e o VI Concurso de — Christine Castilho Fontelles
Redação Ler é Preciso, ao qual demos o nome de Diretora de Educação e Cultura
Aquecimento global: um
desafio ambiental e educacional

O
tema ambiental no século XX se limitava que emite gases estufa, que aquecem o planeta. O
à poluição e às espécies ameaçadas. Proble- aquecimento muda o clima e ameaça a vida.
mas graves que afetam a saúde, enfeiam as Tudo isso não cabe numa disciplina. É tarefa
cidades, produzem doenças respiratórias, da educação apresentar o todo em toda a sua vasta
empobrecem a natureza — mas como um fenômeno dimensão. Ensinar como “enxergá-lo” em cada uma
local com efeitos limitados no espaço. das partes. Somar as partes de que cada disciplina
No século XXI o fenômeno ambiental trata. Integrá-las em atividades transdisciplinares
mudou. Põe a humanidade em risco. O acúmulo que mostrem sua complexidade e transmitam esse
de gases que emitimos — muitos não poluentes — na conhecimento de modo a ser compreendido. Ajudar
atmosfera, a fina cobertura que garante a vida, aquece o a entender as dimensões local e global dessa mudança
planeta para além do suportável. O aquecimento altera planetária. Como viver, fazer escolhas e produzir
o clima. Ficamos sujeitos às leis da natureza. riquezas de forma equilibrada. Repor o que tiramos da

Ilustração: Jardel de Souza Lima, Centro Educacional Gracinha.


Civilizações foram destruídas por desastres Terra. Retirar o excesso.
ambientais. Países já enfrentam riscos iminentes à Ninguém aprende aterrorizado com o fim do
sua existência. Há perigo de novos conflitos entre mundo. O desafio é mostrar os novos horizontes que
desterrados ambientais e países que vão querer fechar podemos conquistar pelo entendimento, pela educa-
suas fronteiras. A ciência alerta que o mundo e a vida ção. Criar a consciência da capacidade de usar ciência
vão mudar muito nos próximos anos. e tecnologia para reconquistar o equilíbrio perdido.
O efeito estufa, a fotossíntese, o carbono e seu
papel no ciclo da vida e no clima. A diferença entre — Sérgio Abranches
clima e tempo. Tudo é matéria.
Muito disso é ensinado, porém de modo fracio-
nado. Esses fenômenos devem passar ao centro das Sérgio Abranches: mestre em Sociologia pela UnB, PhD em
disciplinas, para mostrar o sistema da vida de manei- Ciência Política pela Universidade de Cornell (EUA), professor
visitante do Instituto Coppead de Administração — UFRJ, diretor e
ra que ensine e mobilize, para dar a visão de que toda colunista do site de jornalismo ligado ao meio ambiente — O Eco
ação nossa de cada dia deixa uma pegada — pegada — e comentarista do boletim Ecopolítica, da rádio CBN.
Sumário

Ilustração: Leticia Silva Oliveira, Centro Educacional Gracinha.


14. Ideias vencedoras
16. Açudes: patrimônio da comunidade de Santa Luzia
25. Projetando um futuro melhor
33. Land Art: a criança na terra fazendo arte
47. Do óleo ao sabão: uma mão lava a outra mão
63. Com contos mudo a minha comunidade
77. Cuidando da natureza
85. Trabalhando educação ambiental na infância
95. Por um mundo melhor
102. Os oito finalistas
112. Os jurados
117. O prêmio e a continuidade
119. O Ecofuturo
vencedorAs
IDEIAS

Ilustração: Gustavo P. de Almeida, Projeto Anchieta.


I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

AÇUDES: Patrimônio da Justificativa quer tratar — Açudes: patrimônio da comuni-


dade de Santa Luzia. É este o foco a ser trabalha-
do, tendo como fundamento os princípios básicos

Comunidade de Santa Luzia dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o livro A

E
m uma entre tantas visitas à Biblioteca vida que a gente quer depende do que a gente faz e a rea-
Comunitária Ler é Preciso de Joselândia lidade local, com o intuito de levar a comunidade a
Erisdê da Silva Borges (MA), lá estava majestosamente fixado no refletir sobre seus atos em relação aos açudes, sua
mural o convite para participar do I Prêmio Eco- importância para a sobrevivência da comunidade
futuro de Educação para a Sustentabilidade. E o quando prevalecia a escassez de água, o abandono,
Nessa ética da água, as articulações insti- aceitei imediatamente. No entanto, o dilema: o os perigos à saúde e o atual desperdício de água.
Uma nova ética tucionais são fundamentais. A participa- que fazer e como fazer? Então, em uma tarde, na
companhia de minha mãe, passando em frente
É constrangedor percorrer diariamente o mes-
mo trajeto e verificar o quanto a ação humana afeta

para a água deve ção da comunidade de usuários associada


à tecnologia disponível pode mudar subs-
ao açudinho do povoado, nos deparamos com
uma cena anormal: um ex-aluno meu, o Lázaro,
de forma negativa a paisagem natural, ameaçando
os recursos disponíveis e a qualidade de vida, e sen-
ser considerada. tancialmente a situação atual. Se o ge-
renciamento contar com a participação
diante do açude praticamente coberto por uma
vegetação aquática, tentava, sozinho, com as
tir-se envolvida por uma sensação de impotência
nos argumentos diante do desmatamento de nossos
próprias mãos, retirar as plantas que insistiam babaçuais e da poluição dos açudes.
ativa da comunidade, as perdas poderão em permanecer lá. Lembrei-me imediatamente Há de se enfatizar que esses açudes um dia fo-
ser significativamente reduzidas. da linda história do pequeno beija-flor tentando ram tão sonhados, tão almejados, fontes de vida a
salvar a sua floresta do fogo. abastecer a comunidade de Santa Luzia, que muito
( José Galizia Tundisi, Água no terceiro milênio: Ver o adolescente fazendo a sua parte na tenta- sofria com a falta de água. Os moradores tinham de
perspectivas e desafios, p. 107) tiva de salvar o seu açude levou-me a refletir sobre andar quilômetros e quilômetros para carregarem
tantas coisas, considerando a eficácia da prática na cabeça uma lata de água para suprir suas neces-
pedagógica como ação transformadora do meio sidades mínimas.
sociocultural, a partir de uma relação que envolve Este contexto sensibilizou os operários que
os conhecimentos adquiridos por nossos alunos nos anos 1970 estavam trabalhando na construção
em sala de aula e seu uso no cotidiano. Primeiro, da estrada de Joselândia ao povoado São Joaquim,
16 porque nem tudo o que transmitimos é totalmente e eles, nas horas vagas entre o espaço do almoço 17
absorvido. Segundo, porque a qualidade não está e antes da hora de dormir, trabalhavam para a
no excesso, mas em competências e habilidades comunidade. Tamanha generosidade construiu
que constroem aprendizagens significativas, por o único patrimônio comum da comunidade. Às
menores que sejam, mas capazes de libertar atos de margens da estrada localizam-se o açude do Seu
TEMPO REI, Ó, TEMPO REI/ Ó, TEMPO REI!/ TRANSFORMAI AS VELHAS FORMAS/ DO VIVER/ uma verdadeira consciência cidadã. João Aurora e o açude da Vó Inácia, cujos nomes
ENSINAI-ME, Ó, PAI/ O QUE EU AINDA NÃO SEI/ MÃE SENHORA DO PERPÉTUO, SOCORREI Resolvido o dilema em relação ao tema, inspi- homenageiam os moradores que doaram o terre-
(Gilberto Gil, Tempo Rei) rei-me a tocar na ferida de todos, mas que ninguém no para a construção.
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

Da gente que contribuiu para uma vida melhor


— os operários generosos — nunca mais se teve
Conteúdos Curriculares
notícia; Seu João Aurora hoje mora em Roraima, e
a Vó Inácia comemorou recentemente, em julho de
Para alcançar tais objetivos, fez-se necessária a
2009, seus 104 anos, bem lúcida, ao lado de filhos,
netos, bisnetos, parentes, amigos e o seu açude, que Objetivos aplicação interdisciplinar dos respectivos conteúdos
ajudou a criar toda essa gente. Ela não se cansa de curriculares, sedimentados em leitura, produção e
dizer que a mensagem que quer deixar para novas interpretação textual de bilhetes, anúncios, cartas,
gerações é de preservação e de respeito: paródias, músicas, poesias, entrevistas, relatos, car-
tazes, lendas, convites gráficos, tabelas, resolução
Geral: de situações e problemas que envolvem as quatro
operações; “Higiene pessoal e do ambiente”; “Água:
• Identificar-se como parte integrante do meio cuidados, poluição e desperdício”; “Lixo: cuidados,
“Preservar água que é uma coisa muito importante, só quem sofreu em que vive e contribuir para sua conservação e ma- decomposição, coleta seletiva e reciclagem”; “Me-
muito com a falta de água é que sabe do que eu estou falando. nutenção de forma mais ativa e imediata, a partir do lhorar as condições de vida da comunidade: as oito
redimensionamento de atitudes e práticas tanto pes-
Sem água não existe vida. E o respeito é muito bom, respeite soais quanto coletivas com atividades que envolvam
metas do milênio”; Como se formou o povoado de
Santa Luzia? Aspectos Naturais e Ação.
sempre o branco e o negro, o rico e o pobre, o feio e o bonito, tomadas de posição diante de situações relacionadas
à sustentabilidade dos açudes da comunidade.
respeite todo mundo. Só assim reina a paz.” (2006)
Específicos:
M e t od ol og ia

Ilustração: Rafaela Gomes Barbosa, Projeto Anchieta. (detalhe)


Isso tudo é importante, mas nem todo mundo
• Ler, produzir e interpretar textos diver-
pensa assim e muita gente não cuida, não valoriza,
sificados.
usufrui e destrói ao mesmo tempo sem ter noção do
que faz. Conscientizar, mobilizar uma comunidade
• Buscar coletar, organizar e registrar infor- O presente projeto didático, com o tema Açudes:
é muito difícil; nesse período não fizemos milagres
mações referentes ao ambiente em que vivemos por patrimônio da comunidade de Santa Luzia, tem
18 e, na medida das limitações, procuramos incansa- 19
intermédio de entrevistas, visitas, desenhos, gráficos, como público-alvo um total de 12 alunos de 3ª e
velmente orientar a comunidade a se desprender
tabelas, esquemas, listas de textos, maquetes, carta- 4ª séries (multisseriado) da Escola Municipal Santa
um pouco da busca desenfreada do capitalismo para
zes, concursos etc., sob orientação da professora. Luzia e seus respectivos familiares, e se estende, em
poder dedicar-se mais à valorização e à preservação
sua complexidade, a toda a comunidade de Santa
de suas conquistas por meio do redimensionamen-
• Orientar a comunidade escolar para a impor- Luzia. Na verdade, a população local é basicamente
to de suas práticas atuais.
tância dos hábitos de autocuidado com a higiene e a constituída por duas famílias fundadoras do povoa-
saúde, respeitando as possibilidades e os limites do do. Como as pessoas do local geralmente casam-se
O açude que a gente quer depende do que a gente faz. É só querer fazer! próprio corpo e do ambiente em que vive. entre si, de certo modo todos são como parentes.
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Processos Enfatizados Convidamos Dona Maria Aurora, uma das pri-


meiras moradoras do local e que ainda está aqui, para
coletiva de purificação da água coletada no açude;
com material reciclável, construímos um filtro de
relatar um pouco da história do povoado — que garrafa PET com camadas de algodão, areia e casca-
recebeu este nome em homenagem a Santa Luzia, a lho. Acompanhamos todo o processo de filtração
Na elaboração do projeto foram uti- O ponto de partida para a inserção da pro- padroeira —, seus habitantes, costumes, dificuldades e e, depois, fervemos a água filtrada. Comentamos a
lizados vários recursos e critérios de blemática a ser abordada em relação ao tema conquistas, como os açudes, a estrada, a energia elétri- respeito disso: as poucas pessoas no povoado que
desenvolvimento, entre os quais me- Açudes: patrimônio da comunidade de Santa ca, a escola, o poço, a igrejinha e o orelhão. possuem filtro não o utilizam, alegando que a água
recem destaque: observações, rela- Luzia deu-se por meio da observação de uma Sugeri aos alunos uma visita ao açude acompa- demora para filtrar.
tos, leitura, produção e interpretação cena comum que me incomoda diariamente. An- nhados de um adulto para observarem a paisagem
de textos selecionados; ilustrações tes de entrarmos na escola, sempre ficamos de dez e fazerem ilustrações, e pedi que cada um cole-
alusivas ao tema; confecção de mu- a quinze minutos sentados na calçada. Durante tasse água do açude em um frasco de garrafa PET Reservamos diariamente um
rais; músicas, pesquisas, exercícios esse tempo, alunos, funcionários e alguns pais, en- (“pitula”) e a levassem à escola no dia seguinte. tempo para leituras, produção,
diversos relacionados ao tema, caça- quanto conversam, presenciam uma cena de total Cada criança chegou com sua garrafinha de água interpretação e resolução de
palavras; jogos; maquetes, concursos desperdício: a caixa de água que abastece o povo- suja, e eu, com a minha garrafa de água limpa, atividades referentes aos textos
e leitura de livros informativos e de ado se enche e fica, por horas, derramando água, filtrada e gelada. Servi aos alunos, que adoraram selecionados.
literatura, como: o que me deixa indignada. Um dia, não deu mais a gentileza. Perguntei às crianças quem gostaria
para aguentar e convidei a pessoa responsável pelo de beber um pouco da água que elas trouxeram. É • Músicas: Depende de nós, Ivan Lins; Planeta
GOMBERT, Jean René. Eu protejo a natureza poço a vir até a escola e explicar o porquê de tanto claro que todas responderam “não” e fizeram uma água, Guilherme Arantes; Rap da limpeza,
para salvar os animais e as plantas. São Paulo: desperdício. Sugerimos a colocação de uma boia, cara de nojo e repúdio. Aproveitei esse momento Patrícia Engle Seco; Baila comigo, Rita Lee
Girafinha, 2007. mas o responsável disse que isso não resolveria para confrontá-los: “Mas eu servi uma água cuja (Som Livre, 1980).
GOMBERT, Jean René. Eu fecho a torneira o problema, prometendo, no entanto, ficar mais origem vocês desconheciam e vocês aceitaram.
para economizar água. São Paulo: Girafinha, atento para evitar tanto desperdício. Realmente Por quê?”. As respostas foram unânimes: “A nossa • Poemas: Paraíso, José Paulo Paes; Esse
2007. o problema foi amenizado, mas, até o momento, água nós sabemos que é dos açudes e está suja, pequeno mundo, Pedro Bandeira; Um poema
SECCO, Patrícia Engle. Juca Brasileiro a água ainda não solucionado. Estou procurando uma poluída, nojenta e imprópria para beber, e a sua piolhento, revista Amae Educando; Amigo
e a vida. Educar D. Paschoal, 2004. alternativa com o poder público local. água é limpa. Além do mais, nós confiamos em Planeta e Tudo é Vida, José Augusto e Paulo
Depois de familiarizar a turma com a situação você, porque você é higiênica, gosta de limpeza e Sérgio Valle; A herança da criança, Paulo
A dinamização do trabalho deu-se através da do desperdício de água, enfatizei a importância de jamais nos daria água poluída para beber”. César D. de Oliveira; Classificados poéticos,
20 I Feira de Higiene e Saúde Pessoal e Am- se preservar para não faltar, visto que num passado Questionei os alunos: “Se a água está imprópria Roseana Murray, e outros. 21
biental, organizada pelos funcionários da Escola não tão distante o povoado Santa Luzia sofreu — e para consumo humano, por que os vejo tomando
Municipal Santa Luzia juntamente com a agente de muito — com a falta de água e que o açude do Seu banho, pescando, e até suas mães lavando louças e
saúde do povoado, Socorro Aurora, e a enfermei- João Aurora e o açude da Vó Inácia foram muito roupas nessas águas?”.
ra Joelma. Nessa ocasião, os alunos participaram importantes para a manutenção do povoado, mas Assim, abri espaço para o debate, justifica-
ativamente na confecção de cartazes, paródias e atualmente, com a construção do poço artesiano, tivas e o relato de suas experiências vivencia-
diversas apresentações sobre higiene, saúde, lixo, predomina um grande descaso com os açudes e das nos açudes.
desperdício etc. reina o desperdício de água. Realizamos em sala de aula uma experiência
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Sugeri às crianças que dialogas- • Expliquei sobre o descarte inadequado do A conclusão das atividades deu-se com uma ação sódio e explicavam seu uso correto para a pre-
sem com seus familiares sobre a lixo no meio ambiente, a decomposição dos interativa realizada em 27 de agosto de 2009, venção de doenças.
origem, a importância e o atual resíduos sólidos e a coleta seletiva. organizada pelos funcionários da escola e da área Por intermédio da enfermeira Joelma, solicita-
descaso em relação aos açudes. de saúde e direcionada à comunidade local. mos ao presidente da Câmara dos Vereadores
• Confeccionamos lixeiras com caixas de pa- Foi um dia educativo que conciliou saúde e do município a implantação de fossas no povoado
• Coletamos com a comunidade informações pelão e as distribuímos no povoado nos locais lazer, iniciado às 8 horas da manhã com um ma- (poucas casas da comunidade possuem fossas; ge-
relacionadas à quantidade de açudes, famílias, mu- mais movimentados: o “Pau da Mentira”, o Bar ravilhoso café da manhã na casa da professora ralmente as necessidades são feitas ao ar livre).
lheres grávidas, idosos, banheiros em casa, pessoas do Seu Nazaro (onde o lixo vai parar dentro do Erisdê, oferecido especialmente aos profissionais Realizamos o sorteio de um filtro doado pela
alfabetizadas e filtros existentes no povoado para a açude da Vó Inácia), a escola, a igreja e os arredo- engajados no projeto. professora Erisdê.
elaboração de gráficos, tabelas e resolução de cál- res do orelhão, com a permissão dos respectivos Só então às 9 horas nos dirigimos à escola para Deu-se uma pequena pausa para o almoço, e as
culos matemáticos. responsáveis. Explicamos o porquê e pedimos a a abertura do evento, que aconteceu com sauda- atividades só foram dadas por encerradas quando
colaboração de todos. ções de boas-vindas e agradecimentos a todos os não havia mais nenhum visitante.
• Recebemos a visita da agente de saúde na presentes, pelo apoio e participação. Apresen-
escola para explicar aos alunos hábitos de higiene • Dividi a turma em dois grupos para monta- tamos os profissionais de saúde e a verdadeira Um dia de saúde nunca antes proporcio-
corporal e do ambiente, os diversos tipos de po- rem, com maquetes, dois tipos de ambiente: finalidade do evento à comunidade. A enfermei- nado à comunidade — não nesta dimensão de
luição, doenças e prevenção, além dos cuidados ao um poluído e outro natural. ra Joelma proferiu a palestra educativa Higiene e valorização da divulgação dos conhecimentos cons-
ingerir, consumir ou manter contato com a água e a saúde pessoal e ambiental, seguida de apresentações truídos na escola e repassados para a comunidade,
constante necessidade de evitar o desperdício. • Organizamos álbuns sobre regras básicas de dos alunos relacionadas ao tema. Encerrada as no sentido de orientação e participação ativa na
higiene pessoal e do ambiente. apresentações, os funcionários da escola intera- conservação de um ambiente limpo e saudável em
• Realizamos um concurso de frases relaciona- giram com os funcionários da saúde, a fim de casa, na escola e nos lugares públicos em geral.
das ao tema, com os seguintes critérios de avaliação: • Selecionamos rótulos de produtos de lim- auxiliá-los de forma significativa na realização
ortografia, caligrafia, criatividade, originalidade, peza e higiene pessoal para a realização de das atividades, de acordo com a função de cada Que seja um novo recomeço! Já plantamos
ilustração e coerência com o tema. leituras, jogos, quebra-cabeças. um em salas reservadas segundo a necessidade. a semente; que agora germine a higiene e que a
A secretaria da escola tornou-se o consultório comunidade a regue diariamente na tentativa de
• Confeccionamos cartazes voltados à prática • Confeccionamos placas sobre limpeza para da enfermeira Joelma, para a realização de exa- construir coletivamente a vida que a gente quer.
de preservação dos diversos ambientes. colocar em vários locais da escola. mes preventivos.
Socorro Aurora, em uma sala bem menor, dis- No dia seguinte, eu e os alunos participantes
22 • Apoiamos o mutirão comunitário organiza- • Orientei os alunos a elaborar e distribuir tribuía preservativos aos adolescentes, enquanto do projeto brindamos ao sucesso do evento à 23
do pela comunidade para retirar parte do lixo às os convites para a I Feira de Higiene e Saúde em outras salas se realizavam consultas médicas base de chocolate, com os deliciosos bombons
margens do açude e a vegetação que cobria pratica- Pessoal e Ambiental, ação que foi fortalecida e aplicação de flúor, além de orientações sobre a Garoto. Tintim!!!
mente toda a superfície. pela direção da escola e pela agente de saúde do forma correta de escovação, uso do fio dental e
povoado. antisséptico bucal etc.
• Realizamos uma nova visita ao açude. Dessa Algumas equipes orientavam as pessoas,
vez, os alunos foram acompanhados pela professora distribuindo kits de combate a piolhos, cáries e
para a fixação de cartazes. verminoses, e outras distribuíam hipoclorito de
Instituto Ecofuturo

PROJETANDO

Ilustração: Igor José Santana Morgan, Centro Educacional Gracinha


UM FUTURO MELHOR
Zoraia Aguiar Bittencourt

... já que este mundo é insustentável.


Educar para E educar para outro mundo possível
uma cultura de é educar preparando para aquilo que
ainda não é, o ainda-não, a utopia.
sustentabilidade Assim, estamos assumindo a história
como possibilidade e não como
é educar para um fatalidade (...) A diversidade humana
outro mundo implica a diversidade de modos de
produzir e de reproduzir a nossa
possível... existência no planeta.

(Moacir Godotti,
Educar para uma cultura de sustentabilidade, p. 62)

25

DA JANELA, O MUNDO ATÉ PARECE O MEU QUINTAL/ VIAJAR, NO FUNDO, É VER QUE É IGUAL/
O
DRAMA QUE MORA EM CADA UM DE NÓS/ DESCOBRIR NO LONGE O QUE JÁ ESTAVA EM NOSSAS MÃOS/
MINHA VIDA BRASILEIRA É VIDA UNIVERSAL/ É O MESMO SONHO, É O MESMO AMOR/ TRADUZIDO PARA
TUDO O QUE HUMANO FOR/ OLHAR O MUNDO É CONHECER / TUDO O QUE EU JÁ TERIA DE SABER
(Milton Nascimento e Fernando Brant, Janela para o Mundo)
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

foram apresentadas a eles as Oito metas do mi- Como o dicionário é um companheiro das aulas
Justificativa lênio, como uma possível forma de ampliar seus
conhecimentos e levá-los a repensar o conceito de
de Língua Portuguesa, foi nele que os alunos foram
buscar o significado da palavra sustentabilidade. Foi
sustentabilidade. nele também que descobriram este vazio in-
O livro A vida que a gente quer depende do que a compreensível na letra S. Lá estava sustentação,
gente faz foi apresentado aos alunos como resultado sustentável e sustento, mas nada de sustentabilidade.
da (re)união de diferentes e convergentes textos Sendo assim, este conceito foi trabalhado a partir do

A
vida que a gente quer depende do que a gente faz.
Um belo debate sobre o título do livro de gente que, assim como eles, estava pensando próprio livro que embasou este trabalho, pois lá,
foi o que deu início à presente proposta sobre sustentabilidade. Lá é que estavam as Oito sim, ele aparecia não só com todas as letras,
pedagógica de escrita de projetos de trabalho e metas do milênio, e estas foram lidas e registra- como também com todas as suas facetas. As
execução de ações voltadas à consciência da corres- das no caderno de cada um destes alunos. Olhos histórias geraram, além de debates, ideias que culmi-
ponsabilidade ambiental de todos, realizada com de surpresa quando ouviram palavras como naram no que este texto vem relatar e compartilhar.
180 alunos dos 8º anos do Ensino Fundamental do educação, fome, mulher, Aids, trabalho entre Entre a escrita de textos sobre diversos as-
Colégio Fundação Bradesco – Gravataí (RS). Es- metas que, para eles, envolviam exclusivamente pectos do que estaria envolvido em modos de vida
tando as aulas de Língua Portuguesa voltadas geleiras, florestas, rios, aterros, atmosfera. Após sustentável e a leitura coletiva de notícias de
não somente para a aprendizagem da Gramática e irresistível propaganda dos textos que faziam jornais relacionadas ao tema, surgiu o questiona-
da Literatura, mas também para a construção de parte daquele livro e dos comentários mais mento da frase que impulsionou o primeiro contato
competências, tais como as de argumentar, cri- do que entusiasmados em relação ao texto dos alunos com o livro, ou seja, o próprio título da
ticar, defender, assumir, promover, participar, em Desigualdade no Brasil, de Ricardo Paes obra. O que estaríamos nós fazendo para ter a vida
atividades que envolvam tanto a oralidade quanto de Barros, todos ficaram curiosos para ler este que queremos? O que recebemos de herança e que
a escrita, o trabalho com diferentes áreas do co- e outros textos. Ficou combinado que leríamos legado deixaremos para o mundo? O que cada um
nhecimento se torna algo tão natural e familiar que juntos um texto do livro a cada 15 dias, como for- de nós poderia fazer para vivermos no melhor lugar
os debates versam sobre os mais diferentes e atuais ma de aprendermos mais sobre sustentabilidade do mundo? A regra aqui foi a de que algo poderia ser
temas do nosso cotidiano. Percebendo o debate so- sob o agradável álibi de simplesmente ouvir feito agora, neste exato momento, sem precisar cres-
bre sustentabilidade como um dos temas que vêm boas histórias, sem a sombra de uma folha com cer e ficar adulto para poder resolver os problemas
exigindo cada vez mais a nossa atenção — e prin- questões de interpretação textual. Nas semanas do mundo. Os alunos foram, então, desafiados a,
cipalmente a atenção de nossos adolescentes —, seguintes, além do texto citado, lemos Não somos junto com um colega de turma, pensar em algo que,
26 um grande círculo de alunos foi formado em cada donos da teia da vida, de Daniel Munduruku, o tex- relacionado a uma das Oito metas do milênio, pudes- 27
uma das quatro turmas envolvidas neste trabalho to de Lya Luft, o texto Saúde da modernidade, de se ser feito exclusivamente por eles para amenizar,
para que pudéssemos ouvir e falar sobre nossas Eugênio Sccannavino, e, por último, o texto que melhorar ou resolver uma situação que eles conside-
opiniões, nossos conhecimentos e nossas práticas dá nome ao livro A vida que a gente quer depende rassem como um problema na sua sala de aula, na sua
quando o assunto é um modo de vida sustentável. do que a gente faz, de Luiz Percival Leme Britto. escola ou na sua comunidade. O entendimento foi
Após ouvir suas falas e constatar que o entendi- Todos esses textos trazem em si a ideia de que o de que grandes mudanças começam com pequenas
mento dos alunos em relação a esta temática estava futuro é agora e depende daquilo que fazemos e atitudes e que tudo fica mais fácil quando cada um
direcionado exclusivamente a questões ecológicas, deixamos de fazer com o mundo onde vivemos. faz a sua parte, por menor que esta pareça.
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Como todo processo de construção precisa de um bairro. Essas foram orientadas, inclusive pelo grupo Conhecimentos científicos, linguísticos, geo-
Para a contação de histórias, as duas alunas
projeto, foi necessário que os alunos aprendessem a de colegas da turma, que este seria um problema da gráficos e matemáticos precisaram ser mobilizados
envolvidas neste projeto realizaram uma busca
projetar suas ideias e suas hipóteses no papel de forma polícia e que o melhor que poderiam fazer seria uma para que muitos projetos pudessem seguir adiante.
na biblioteca de livros relacionados ao tema
organizada, clara e objetiva, o que mais uma vez vem campanha na escola de prevenção ao uso de drogas, Ao fazerem o levantamento do número de alunos do proposto e direcionados à faixa etária com que
ao encontro dos estudos do componente curricular de uma vez que isso seria algo mais seguro para elas e colégio que moravam em determinado local do mu- elas escolheram trabalhar. O único livro com
Língua Portuguesa, mais especificamente em relação próximo de suas realidades. nicípio e montarem para esses, de forma autônoma, estas características específicas encontrado
às práticas de produção de diferentes gêneros Questões escolhidas, o próximo passo foi pro- uma reunião para que levassem a seus pais folders por elas foi Sorriso alegre: dentinho limpo, boca
textuais. E foi assim que aprenderam, no auge de seus blematizar a situação construindo hipóteses sobre informativos (escritos e revisados por eles) sobre perfumada, de autoria de Tânia Medrano Rotta
13 anos de idade, a construir projetos de trabalho, no suas possíveis causas. Objetivos e estratégias preci- os problemas ambientais e de segurança causados Oizumi e Josepha Medrano Rotta. Ao analisar
melhor estilo de Fernando Hernández e tantos outros saram ser traçados para que o trabalho não se per- por um matagal próximo a um dos pontos de ônibus o livro, as alunas tiveram a ideia de conversar
estudiosos. Etapa por etapa, passo a passo, os alunos desse em meio a tantas divagações. Três meses foi daquele bairro, incentivando por escrito estes pais com uma das duas dentistas que trabalham em
foram se apropriando de nomenclaturas que aos o tempo determinado para a conclusão dos projetos a colocarem seus nomes em um abaixo-assinado nosso colégio em busca de mais informações
poucos iam fazendo sentido para eles: diagnóstico, de trabalho, sendo que, ao término desse período, redigido pelo grupo para que fosse levado à prefei- sobre o assunto. Qual não foi a surpresa delas
objetivos, estratégias, cronograma. Na folha em os alunos deveriam ter, por si próprios, amenizado, tura, estes alunos não só mobilizaram mais de uma quando a dentista, Drª Sônia Valéria Araújo
branco, as palavras davam corpo às ideias que, dia a dia, melhorado ou resolvido, através das estratégias área do conhecimento, como também pensaram em Cardoso, apresentou um livro de dimensões
iam surgindo e surtindo cada vez mais surpresa em traçadas por eles, o problema escolhido. Durante formas de melhorar o lugar onde vivem, enquanto imensas que havia sido usado anos atrás por
todos, pela capacidade de ver tantas possibilidades esses meses, os alunos montaram uma pasta na praticavam sua cidadania. Ao montarem gráficos de este setor do colégio para o trabalho com
de ação em situações e espaços que sempre qual constavam, além de seus projetos descritos barras para que pudessem compreender por que o os alunos da pré-escola? O livro, intitulado
estiveram ali, mas que até então não se pensava por por etapas, fotos, anotações e cópias de materiais número de papéis jogados no pátio do colégio, após Fio Maravilha e Superescova, confeccionado em
que eram de tal jeito ou por que deveriam continuar que haviam sido distribuídos em suas campanhas. o lanche da tarde, era tão inconstante em diferentes cartolina pelo Dr. Gil Carlos Catanio Spolavori,
como estavam. Torneiras do banheiro abertas A escrita de um processofólio* (Gardner, 1995) dias da semana, estes alunos, além de compreende- imediatamente foi eleito pelas alunas para
após lavar as mãos; folhas de caderno arrancadas também foi sugerida como parte integrante desta rem que um número maior ou menor de lanches ser contado na turma de alfabetização do
indiscriminadamente; papéis do lanche jogados no pasta, para que ali ficassem registrados todos os distribuídos também poderia interferir no número colégio como a estratégia propulsora de seu
chão do colégio; atitudes preconceituosas de colegas; passos pensados e os que realmente foram dados de papéis encontrados no chão, aprenderam que projeto. Antes da contação, solicitei às alunas
jovens desinformados em relação a bullying, leitura, em direção aos objetivos propostos inicialmente. não somente a escrita de bilhetes de conscientização que pedissem dicas de como contar histórias
higiene pessoal, alimentação saudável, doenças para serem afixados às mesas onde os colegas comem para alguns alunos do grupo de contadores
sexualmente transmissíveis, Aids, gravidez precoce, . pode ser capaz de mudar hábitos, tal como o de de histórias do Colégio Fundação Bradesco
28 métodos anticoncepcionais; bueiros do bairro *Processofólio: registro ativo realizado pelo economizar alguns passos até as diversas lixeiras do – Gravataí. Este grupo é coordenado por mim 29
entupidos; matagais ameaçando a integridade física aluno sobre instrumentos, trabalhos, hipóteses, colégio. Ao pesquisarem e contarem semanalmente e composto por adolescentes do Ensino Médio
e ambiental da comunidade: esses foram alguns dos comparações, aferições e observações realizados histórias infantis sobre higiene bucal para crian- do colégio que, semanalmente, visitam duas
ao longo de um processo de estudos sobre escolas municipais de Gravataí com o objetivo
problemas diagnosticados pelos alunos na primeira ças em processo de alfabetização com o objetivo de
determinado assunto, de modo a permitir ao de contar histórias para alunos em processo
etapa de seus projetos. Todos os alunos tiveram diminuir o número de doenças dentárias entre estas
professor acompanhar o processo de construção de alfabetização e, com isso, contribuir para o
liberdade de definir o seu objeto de trabalho e assim crianças, eles aprenderam, além de diferentes téc-
do conhecimento. incentivo à leitura. Dicas de como baixar o livro
o fizeram, com exceção de uma dupla de alunas que nicas de contar histórias, a valorizar a informação e
em direção aos olhos dos pequenos alunos,
queria resolver a situação do uso de drogas no seu a educação como um direito de todos.
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As aprendizagens citadas acima foram extraídas Os processofólios foram trocados entre as tur-
mudar o tom de voz, realizar introdução e das escritas dos processofólios dos alunos. A avalia- mas para que todos pudessem conhecer, desta vez Até o momento realizamos a socialização
conclusão referente ao livro que será/foi lido ção dos resultados obtidos a partir das estratégias através da leitura dos textos, os projetos que foram dos projetos apenas entre as turmas envol-
para as crianças, cuidar/adaptar o tamanho que foram traçadas pelo grupo de trabalho e a ava- colocados em ação pelos colegas. Cada dupla, vidas na sua execução. Estamos em fase de
das imagens do livro, usar recursos variados liação das aprendizagens realizadas ao término do após a leitura das pastas, escreveu bilhetes construção de material em Power Point no
quando as imagens do livro não forem projeto fazem parte da última etapa constituinte de coloridos em que elogiaram o trabalho, su- laboratório de informática do colégio para
suficientemente atraentes, transmitir alegria um projeto de trabalho. Os relatos orais e escritos geriram correções ortográficas e metodo- que sejam realizadas as apresentações do
de estar contando histórias foram relatadas dos alunos versam sobre o sucesso de terem atin- lógicas, questionaram estratégias usadas e processo e dos resultados dos projetos para
pelas alunas como as mais importantes turmas de diferentes séries, incluindo justifi-
gido total ou parcialmente os objetivos propostos incentivaram os colegas a darem sequência
informações que receberam dos contadores de cativas, estratégias, objetivos, relatórios, fo-
na busca pela solução do problema selecionado. aos seus projetos. Em virtude disso, a maioria
histórias, os quais se sentiram extremamente tos, depoimentos, ou seja, todos os materiais
Trabalhos como os que almejaram a conscientiza- dos alunos questionou se não poderia estender seus
importantes por estarem socializando suas que os grupos entenderem que serão capazes
ção dos colegas em relação à prevenção de DSTs e projetos por mais este segundo semestre, ampliando
aprendizagens e experiências adquiridas de retratar nos slides os projetos que reali-
gravidez precoce, inclusive com o manuseio em as conquistas já realizadas, modificando as ações que
ao longo de seis meses. A avaliação das zaram. O convite aos alunos pela Supervisão
aula de métodos contraceptivos que faziam parte não deram certo ou até mesmo partindo para novos
alunas foi tão positiva que resolveram do colégio já foi realizado, e as datas desta
de um kit informativo que este grupo conseguiu projetos relacionados a outra das Oito metas do
estender o projeto até o final deste ano letivo. socialização serão agendadas assim que os
emprestado na Secretaria da Saúde do município milênio. Estes novos projetos já estão surgindo e já
slides estiverem finalizados. Nas próprias
após expor seus objetivos, certamente não obtive- é grande o entusiasmo por criar soluções a partir da turmas de 8ºs anos, os trabalhos que tive-
ram resultados tão visíveis e imediatos quanto o de responsabilidade de poder tomar decisões sozinhos, ram maior destaque e repercussão foram
acompanhar o desperdício de água no banhei- o que faz da autonomia e da autoria as grandes os relacionados à prevenção das doenças
ro da escola. Projetos como os de informar um aprendizagens deste trabalho. sexualmente transmissíveis, à diminuição do
grupo de jovens obesos — após extensa pesquisa na O último momento do projeto foi o de socia- lixo no pátio do colégio e nas salas de aula,
internet e com os professores de Educação Física lização dos resultados. Alguns projetos ganha- à contação de histórias sobre higiene bucal e
do colégio — sobre como poderiam melhorar sua ram tanta visibilidade no colégio que os grupos ao abaixo-assinado a favor do corte do mata-
alimentação com pequenas mudanças obteve tan- foram convidados a montarem palestras para alu- gal próximo ao colégio, que estava servindo
to sucesso que algumas mães destes adolescentes nos de outras séries, o que foi motivo de pensar- como área de acúmulo de resíduos e impe-
fizeram questão de deixar registrados no processo- mos em formas de socializar estes trabalhos para dindo o acesso ao ponto do ônibus.
fólio dos alunos elogios em relação aos encontros um maior número de pessoas. O nosso objetivo
30 organizados pelo grupo, uma vez que perceberam é demonstrar que a corresponsabilidade por um 31
que a fala de adolescente para adolescente soa mundo melhor é de cada um de nós e que, para
como boas dicas e não como repressão e fiscaliza- isso, pequenas ações podem ser feitas diariamente
ção maternas, o que contribuiu para que seus filhos de forma bem simples, mesmo por crianças e ado-
perdessem alguns quilos nestes três meses. Mesmo lescentes. O grande desafio não é somente educar
assim, o grupo relatou que, no início do trabalho, estes alunos para a sustentabilidade, mas, mais do
encontrou dificuldades de ser levado a sério nas que isso, fazê-los também educadores a partir
reuniões de orientação a estes jovens. da socialização de seus projetos de trabalho.
Instituto Ecofuturo

LAND ART: A CRIANÇA


NA TERRA FAZENDO ARTE
Rosane Mari dos Reis

...é imperativo que nós, os povos da Ter-


Os primeiros ra, declaremos nossa responsabilidade
passos a caminho uns para com os outros, com a grande
comunidade da vida, e com as futuras
de uma ref lexão gerações (...) A proteção da vitalidade,
ecológica diversidade e beleza da Terra é um dever
sagrado (...) Quando as necessidades bá-
sicas forem atingidas, o desenvolvimen-
to humano será primariamente voltado
a ser mais, não a ter mais.

Ilustração: Adilson dos Santos, Centro Educacional Gracinha.


(A Carta da Terra, p. xviii)

33

AS COISAS QUE NÃO TÊM NOME SÃO MAIS PRONUNCIADAS POR CRIANÇAS
(Manoel de Barros, O Livro das Ignorãças)
Ilustração: Gislaine Xavier da Silva, Projeto Anchieta. Instituto Ecofuturo

a sua curiosidade e entusiasmo natural, para que,


desse modo, ela possa perceber-se também como
parte integrante da biodiversidade. Ao mesmo
tempo, esse contato deve permitir que ela es-

Justificativa tabeleça relações entre a natureza e o modo de


vida das pessoas, observando a interdependência
que existe entre as espécies e as consequências
que podem ocorrer com o mau uso dos recursos
naturais. Segundo o Referencial Curricular Na-

D
esde que nasce, a criança evolui de forma cional para a Educação Infantil (p.182, 1998), “os
a buscar a própria aprendizagem. Quanto componentes da paisagem são tanto decorrentes
mais seu corpo físico permite, mais ela da ação da natureza como da ação do homem em
busca experiências e interações que satisfaçam sociedade. A percepção dos elementos que com-
sua curiosidade e desejo de sentir os objetos. põem a paisagem do lugar onde vive é uma apren-
Nessa caminhada, vai-se ampliando sua capacida- dizagem fundamental para que a criança possa
de de pensar, de se comunicar e de compreender desenvolver uma compreensão cada vez mais
as coisas ao seu redor. E assim, ao longo do tempo ampla da realidade social e natural e das formas
e gradualmente, a criança apropria-se de concei- de nela intervir”. Para tanto, as crianças poderão
tos e constrói atitudes e opiniões próprias sobre obter a aprendizagem de como uma comunida-
os fenômenos naturais e sociais com os quais se de pode viver de forma sustentável a partir da
depara no dia-a-dia. Para Didonet (p.11, 2009), combinação de experiências de pesquisa de
“os primeiros anos de vida são os mais favoráveis campo e de criação através de construções
para desenvolver atitudes e valores que formam a artísticas, nas quais poderão utilizar o aprovei-
base da personalidade. A estrutura de valores e as tamento de espaços, de elementos naturais e de
atitudes construídas na primeira infância traçam outros materiais e objetos produzidos e descarta-
a rota mais firme e mais estável para a vida [...]. dos pelos indivíduos sobre a natureza.
Portanto, se quisermos que as próximas gerações No ensino da primeira infância, é preciso con-
respeitem a natureza e cuidem do planeta Terra, é siderar metodologias baseadas em experiências 35
importante incluir agora no currículo da educação artísticas, pois a Arte é a disciplina com maior
infantil o estudo da natureza e da interdependên- poder de alcance no desenvolvimento das lingua-
cia entre o ser humano e o ambiente”. gens necessárias às aprendizagens infantis. Através
Ao fazer-se referência a temas ambientais da arte as crianças têm a oportunidade de vivenciar
na educação infantil, a primeira e fundamental e experimentar situações que implicam o uso da
providência é colocar a criança no contato escolha, da criação, da imaginação, da apreciação,
empírico com a natureza, aproveitando toda do raciocínio lógico, da pesquisa, da contempla-
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ção, da expressão e de outras atitudes e decisões criar juntamente com as crianças um conjunto
necessárias ao desenvolvimento humano integral. de pequenos ecossistemas expressados em
E ainda, de acordo com Buoro (1998, p.19), “a arte forma de arte. Imaginei suas pequeninas mãos
é uma forma de o homem entender o contexto ao apalpando a terra, organizando pedrinhas
seu redor e relacionar-se com ele. O conhecimento
do meio é básico para a sobrevivência, e represen-
e conchas, formando labirintos de plantas,
trajetos de pisos texturizados com elementos Objetivos
tá-lo faz parte do próprio processo pelo qual o ser naturais, terrários, minicanteiros em formatos
humano amplia seu saber.” diversos, pergolado com trepadeiras e flores
Baseada nestes pressupostos, fui à busca de perfumadas, jardins pendentes, sobreposição de
informações sobre técnicas e movimentos artís- vasos com plantas diferentes, escavação de túneis, • Interferir de forma artística com a paisagem • Desenvolver pensamento lógico e
ticos que integrassem arte e meio ambiente para composição de declives e tudo o mais que no local de modo a construir num determinado estético, a partir das experiências visuais,
trabalhar com minhas crianças. Tinha um pro- conjunto possa, além de oferecer oportunidades espaço externo da instituição um conjunto gráficas, modelagens e a construção das formas
blema prático em minhas mãos: queria desen- de aprendizagens científicas, colocar a criança de pequenos ecossistemas naturais a serviço da geométricas representadas nos objetos do
volver um projeto ambiental com crianças no contato sensível com a natureza. pesquisa ambiental permanente de todas as crianças cotidiano, relacionando essas formas com as
pequenas, mas não tinha um espaço natural Por tudo isso, idealizei o projeto Land da instituição (de pouco em pouco, eu posso fazer criações artísticas a serem desenvolvidas na
adequado para promover pesquisas e expe- Art: a criança na terra fazendo arte, que será algo de bom por todos). natureza, e através da identificação, seleção,
riências diárias com elas. Então me surgiu desenvolvido com 23 crianças de 3 e 4 anos, em classificação e organização dos elementos
a ideia de construir esse espaço juntamente com parceria com suas famílias e demais interessados • Manter contato com elementos disponíveis para o fazer artístico (preciso pensar
as crianças utilizando a mistura de técnicas de da comunidade escolar. Como produto final orgânicos, inorgânicos e descartáveis da sistematicamente para criar o todo).
escultura e paisagismo. desse trabalho, o ambiente construído será natureza, apropriando-se de conceitos sobre suas
A ideia foi amadurecendo e tomou forma transformado num pequeno laboratório natural principais características físicas e sobre suas • Desenvolver o senso crítico, criativo e
quando conheci o trabalho do escultor, fotógrafo e permanente de observação, experimentação, possibilidades de transformação e de criação (o reflexivo sobre as representações das obras
e ambientalista britânico Andy Goldsworthy. percepção e aprendizagem ambiental para que foi, como é e como pode ser aproveitado). de arte do artista contemporâneo apresentado,
Em suas experiências artísticas baseadas numa todas as crianças da instituição. Pretendo, com ampliando, assim, seu repertório artístico visual
tendência da arte contemporânea denominada o projeto, que as experiências desenvolvidas a • Vivenciar e integrar-se com a natureza, (minha criatividade não pode partir do nada);
“Land Art”, o artista aproveita-se de recursos e partir de intervenções artísticas com o meio de modo que as ações criadas possam
de espaços da paisagem local para construir obras ambiente propiciem às crianças a experimentação desenvolver gradativamente o conhecimento sobre • Aprender novas palavras e frases,
36 que podem interferir ou sofrer a interferência da e a criação através de seu contato sistemático a existência de uma interdependência entre as interpretando-as, acrescentando-as e usando- 37
própria natureza. Ou seja, o ambiente — ou o com elementos da natureza; produzam vivências espécies (eu preciso dela e ela de mim). as de maneira habitual no vocabulário do seu
suporte — deixa de ser mero coadjuvante e se integralizadoras, cooperativas e solidárias através dia-a-dia (é preciso comunicar-se com clareza para
torna parte integrante do significado e emoções do trabalho em equipe e da interação com a • Desenvolver atitudes de cooperação e de evitar mal-entendidos).
do trabalho. A poética do seu trabalho e sua biodiversidade local e suscitem tudo o mais que compreensão diante das diferentes opiniões
cumplicidade com o meio ambiente ao esculpir possa implicar o desenvolvimento de suas e das dificuldades de aprendizagem dos colegas
delicadas obras que se interligam de alguma forma habilidades, competências e nos modos de em meio das experiências educativas propostas
à natureza sem agredi-la entusiasmaram-me a bem viver em comunidade. (ajudar o outro a aprender).
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Conteúdos Curriculares

Conceituais Procedimentais

• Analisar, comparar e fazer relações: ob- • Investigar: participar de pesquisas de campo • Destacar o significativo e ressignificar: fazer
servar formigueiros, cupinzeiros, minhocário, explorando o ambiente e seus elementos fazendo comparações e relações entre as informações com-
colmeias, ninhos e outras formas de organização relações e associações. piladas em livros, vídeos, internet e outros meios
social da natureza, fazendo relação com nosso visuais e textuais e os objetos reais da natureza,
cotidiano. Identificar nas esculturas do artista • Escolher e organizar: selecionar e classificar identificando os pontos em comum, para utilizá-
as formas e as semelhanças com as obras criadas os elementos da natureza para criação de objetos los como parâmetros nas próprias criações.
pelos minianimais de jardim (aranhas, minhocas, artísticos.
abelhas, pássaros, formigas, borboletas etc.).
• Criar: construir figuras artísticas no solo, utili- Atitudinais
• Perceber com todos os sentidos: parti- zando a sobreposição de elementos naturais, trans-
cipar de atividades de observação, produção formando o ambiente num atelier e galeria de arte • Cooperar e socializar: ajudarem-se mutuamen-
gráfica e manipulação de objetos que levem à ao ar livre. te durante a execução das atividades coletivas.
apropriação de conceitos sobre formas, linhas,
cores, combinações, sobreposições e outros • Manusear com habilidade: utilizar ferra- • Apreciar e construir uma poética pessoal:
elementos básicos da organização estética do mentas como lápis, pincéis, giz, rolos de pintura, observar, apreciar, comparar, fazer releitura e re-
processo criativo. câmera fotográfica, utensílios de jardinagem e produzir as obras de Andy Goldsworthy, construin-
38 outros equipamentos disponíveis para os fazeres do e revelando a própria poética nas atividades de 39
artísticos. livre criação artística, tanto no suporte tradicional
quanto na natureza.
• Ouvir e comunicar: participar das rodas de
conversa, contribuindo com ideias, opiniões e com • Sentir-se como parte: contemplar e cuidar da
outras informações trazidas do contexto familiar. natureza enquanto age poeticamente sobre ela.
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5º passo: em roda de conversa, propor às crianças as formas que querem representar na natureza (círculos, cortina natural para percepção visual, tátil e olfati-
um trabalho de construção com base artística de um quadrados, triângulos, espirais, pontilhados, escadados, va das crianças quando passarem através dela para
conjunto de pequenos ecossistemas e outras interven- traços livres etc.). Repetir a operação em mais duas entrar no jardim. Nas árvores e arbustos do lugar,
ções criativas na natureza, utilizando as obras do escultor cartolinas. Decidir a forma do esboço, transcrevê-la penduraremos elementos naturais como sinos com

Metodologia Andy Goldsworthy como inspiração. Levar as crianças


para conhecer o local a ser revitalizado e tirar fotos para
de forma vazada para um plástico de construção numa
dimensão do tamanho de um terço do terreno, para que
catutos e sementes, tocos de bambus e outros ele-
mentos que possam produzir sons ao serem movi-
o planejamento das ações e para futura comparação. as crianças aprendam a se situar espacialmente. Repetir mentados pelo vento ou pelas crianças.
duas vezes a operação nos outros dois terços, modifican-
6º passo: disponibilizar às crianças os elementos do a organização e os tipos de formas. 12º passo: avaliação posterior sobre o produto
Sequência didática naturais que servirão para os trabalhos artísticos e pedir final — acompanhar e cuidar do desenvolvimento das
que separem e classifiquem esses materais por tamanho 9º passo: num outro momento, sobre as três plantas e da evolução dos ecossistemas, fotografando,
1º passo: em roda de conversa, introduzir e/ou semelhança; combinar uma medida-padrão (peque- cartolinas menores já com os desenhos prontos, as refletindo, registrando, avaliando e discutindo em sala
o tema e fazer um diagnóstico sobre o que as no, médio e grande) para os elementos, de forma que seja crianças poderão colar e sobrepor elementos da natu- sobre todo o processo. Com o professor de escriba,
crianças já conhecem sobre formas geométricas facilitada a sua manipulação pelas crianças. reza (terra, sementes, pedras, gravetos, flores, fo- um texto coletivo poderá ser produzido sobre as apro-
básicas, linhas, pontos e sobre a natureza e seus lhas secas etc.), preenchendo e cobrindo as formas priações e avaliações que as crianças fizeram sobre
elementos. 7º passo: após selecionados e classificados os ele- definidas, simulando uma prévia da construção do todo o trabalho coletivo e sobre o produto final.
mentos, as crianças farão pequenas construções sobre jardim externo.
2º passo: trazer para a sala objetos, figuras e superfícies planas, atentando para as técnicas de sobrepo- 13º passo: avaliação do processo de ensino/apren-
desenhos para exploração visual e tátil para com- sição e organização observadas anteriormente no trabalho 10º passo: prender as três partes dos plásticos com dizagem — deverá ser efetuada no decorrer do processo,
paração e identificação dos elementos estéticos do artista estudado. Essa atividade será repetida tantas as formas vazadas sobre o terreno, deixando-as bem firmes pois dela vão depender os encaminhamentos seguintes
básicos que os compõem. vezes quantas forem necessárias para que as crianças e esticadas, para que as crianças trabalhem ao longo do ou os ajustes que se fizerem necessários para que todas
desenvolvam a habilidade para sobrepor, combinar e or- tempo e gradativamente sobre cada forma vazada, criando as crianças alcancem as mesmas aprendizagens. Poderá
3º passo: identificar na natureza as formas ante- ganizar os objetos. No entanto, os suportes e elementos minicanteiros, declives, túneis, caminhos, pisos texturiza- ser elaborada em forma de registros em diário de bordo,
riormente estudadas e representá-las em desenhos serão variados, podendo a criança trabalhar sobre papel, dos, labirintos e tudo o mais que a criatividade permitir, fotografias e filmagens, sendo depois organizada na forma
e modelagens de massas (ninhos, formigueiros, madeira, piso e outros. No solo já poderão interferir, utilizando apenas elementos naturais (pedras, paus, vasos e de portfólios individuais.
teias, galerias de minhocas, colmeias etc.). cavando pequenos túneis, construindo declives e cami- cacos de cerâmica, madeira, sementes, argila, plantas etc.).
nhos, fazendo buracos e enchendo-os de água ou criando 14º passo: culminância — promover uma inau-
40 4º passo: após reiterados estudos (observação, desenhos com o borrifar ou com o derramar gradativo da 11º passo: terminada a etapa de criação e guração com a escolha de um nome pela comunidade 41
manipulação e reprodução gráfica) sobre linhas, água sobre a areia; enfim, outras intervenções poderão ser construção, retirar os plásticos e trabalhar sobre escolar para esse novo espaço de aprendizagens. Trazer
formas, pontos, cores, massa, tamanhos etc., pas- criadas nesses momentos com os elementos da natureza. as partes que ficaram sob eles, preenchendo com as famílias, profissionais e todas as crianças do CEI para
sar para a fase de observação das obras de Andy pedrinhas variadas, grama e outras possibilidades participar e apreciar o novo ambiente natural construído,
Goldsworthy, através de gravuras e de vídeos exibi- 8º passo: para o início da sistematização do projeto naturais. Plantar cerca viva ao redor para protejer acertando um compromisso com todos de que este espa-
dos no data-show. Nesta oportunidade, as crianças propriamente dito, delinearemos um esboço do em- o jardim e construir um portal na entrada com um ço seja utilizado como habitual recurso natural a serviço
poderão observar o artista trabalhando em suas preendimento artístico sobre uma cartolina, na qual as túnel em forma de um pergolado de bambu onde da educação para a sustentabilidade com as crianças da
obras e os materiais que está utilizando. crianças, em comum acordo, desenharão e organizarão plantas trepadeiras e cipós funcionarão como uma educação infantil, do berçário ao maternal.
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Relação: comunicar, • Trabalhar em equipe, socializando espaços, mate-


relacionar-se e cuidar. riais e ideias.

“Pedra que faz fortaleza faz também • Contribuir com falas, sugestões, questionamen-
mercado, bazar.
Processos Enfatizados — Se eu conversar contigo, disto estou
tos e ideias trazidas do cotidiano.

muito certo, consigo me aproximar... • Ouvir o que o outro tem a dizer e respeitar opi-
Com muito encontro e negócio, inimigo vira niões alheias.
amigo, quem está longe fica perto.
A caravana de Marco se encarregou de • Respeitar regras e combinados.
Tradição/ lugar: perceber, captar o • Observar a natureza local como espaço de inte-
provar.”
mundo, avaliar, encantar-se com o ração e de aprendizagem.
ético. — Ana Maria Machado, A vida que a gente quer • Formar opinião sobre as informações obtidas.
• Contemplar as mínimas manifestações de vida depende do que a gente faz, p. 45.
“Os educadores não devem se dirigir apenas e sua forma de conviverem em harmonia num • Interpretar imagens, discursos, narrativas e
a alunos ou educandos, mas a habitantes do mesmo espaço. outras formas de comunicação.
planeta, considerando todos e a todas cida- “Meu avô costumava dizer que tudo está in-
dãos da mesma Mátria, a Pátria-mãe. [...] • Reconhecer e diferenciar pequenos animais, terligado entre si e que nada escapa da trama
Educar para outro mundo possível e também plantas e elementos da natureza, através de expe- da vida. Ele costumava me levar para uma
educar para o rompimento com o estabeleci- riências de comparação do objeto real observado abertura da floresta, deitava-se sob o céu,
do, para a rebeldia, para a recusa, para dizer e manipulado na pesquisa de campo, com imagens apontava para os pássaros em pleno voo e
‘não’, para gritar. Para sonhar com outros e informações compiladas em livros, vídeos, inter- nos dizia que eles escreviam uma mensagem
mundos possíveis.” net e revistas científicas. para nós. Nenhum pássaro voa em vão. Eles
— Moacir Gadotti, A vida que a gente trazem sempre uma mensagem do lugar onde Visão: conhecer, sistematizar.
quer depende do que a gente faz, p. 64. • Apreciar uma forma de arte contemporânea e todos nos encontraremos, dizia ele em um tom
contextualizá-la no espaço natural que será trans- de simplicidade, a simplicidade dos sábios.” “Não sei se as crianças, ao crescerem, inve-
formado. jarão o caminho já pisado por nós. Suponho
— Daniel Munduruku, A vida que a gente
que nossa maneira de exercer o poder as faça
quer depende do que a gente faz, p. 58.
42 buscar outras passagens. Para elas, imagino, 43
todas as mudanças serão operadas, um dia,
por meio de uma fada que vai descer das nu-
vens, por uma estrela que brilhará na luz do
dia, por um pássaro que vai nos emprestar
suas asas para a liberdade.”
— Bartolomeu Campos de Queirós. A vida que
a gente quer depende do que a gente faz, p. 154.
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

• Observar e apreciar fotografias e vídeos das Ação: decidir, criar.


obras do escultor, identificando em seus trabalhos
com terra, água, gelo, folhas, flores, pedras, grave- “Tudo se complica porque trazemos nosso
O livro despertou-me a coragem de
tos e galhos as formas geométricas, as linhas, os
pontilhados, a proporção de tamanho em relação
equipamento psíquico. Nascemos do jeito
que somos: algo em nós é imutável, nossa es-
ousar e transpor as pedras do caminho...
ao espaço, a organização das cores e a sobreposição sência são paredes difíceis de escalar, fortes
por tamanho e forma dos elementos. demais para admitir aberturas. Essa batalha
será a de toda a nossa existência [...] a gente
• Experimentar uma nova proposta de arte (Land Art); pode pensar. Pode exercer uma relativa liber-
dade. Dentro de certos limites, podemos in-
• Relacionar as informações obtidas com fatos de tervir [...] somos responsáveis, também por Confesso que não conhecia o livro. Já li muitas coisas sobre susten-
seu cotidiano. nós. Somos no mínimo corresponsáveis pelo tabilidade, mas nunca algo tão completo e verdadeiro em termos de
que fazemos com a bagagem que nos deram reflexões sobre o que poderia ser uma vida melhor.
• Apropriar-se de conceitos sobre elementos bási- para esse trajeto entre nascer e morrer.” Quando li o enunciado do prêmio, pensava em inscrever outros
cos da construção artística, tais como ponto, linha, — Lya Luft, A vida que a gente quer projetos que já havia desenvolvido com minhas crianças, pois to-
formas geométricas, peso, massa, tamanho, superfí- depende do que a gente faz, p. 68. dos estavam dentro dos critérios exigidos no regulamento. Porém,
cie, profundidade e tridimensionalidade, através da ao deparar-me com o conjunto de textos e fragmentos do
manipulação, observação, comparação e da reprodu- • Desenhar e estruturar livremente suas formas livro A vida que a gente quer depende do que a gente faz, senti
ção gráfica e estrutural desses elementos. criando uma poética pessoal, tendo como base os coragem para “desengavetar” minhas ideias, o projeto que
conceitos estéticos aprendidos anteriormente. inscrevi. Decidi retirar as pedras do caminho e torná-lo realidade para
• Fotografar as obras produzidas na natureza e pro- mim e para minhas crianças. Com isso a inexistência de um espaço
mover exposição através de instalações nas depen- • Desenvolver autonomia e liberdade de expressão. físico natural propício às intervenções infantis e a falta de recursos
dências internas para toda a comunidade escolar. financeiros deixaram de ser um problema para se tornarem parte
importante do processo.
• Efetuar trabalhos de colagem de pequenos Não só inscrevi o projeto no concurso, mas também compartilhei com
elementos da natureza em suportes planos, de for- a direção do CEI, que com entusiasmo se comprometeu a apoiar sua
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ma a evidenciar o conjunto de técnicas observadas implementação para o próximo ano. Por isso, desde já estamos mon-
44 no trabalho do artista estudado. BUORO, Anamélia Bueno. O olhar em
tando estratégias na busca de parcerias com a comunidade local. 45
construção: uma experiência de ensino e
aprendizagem da arte na escola. São Paulo: Percebo que a felicidade, o sucesso, as oportunidades de progres-
Cortez, 1998.
• Conhecer novas palavras para uso no vocabulário. so — enfim, a vida melhor que minhas crianças puderem
BRASIL, Referencial Curricular para a
Educação Infantil. Ministério da Educação
querer — também dependem muito do que eu como edu-
• Construir as próprias obras partindo do conhecimen- e do Desporto. Secretaria de Educação cadora possa e deva fazer.
Fundamental – Brasília: MEC/SED, 1998.
to adquirido anteriormente, começando por aquelas de Como diria Daniel Munduruku, tenho o maracá em minhas mãos, só
pequenas dimensões montadas em maquete até as cons- DIDONET, Vital. Educação infantil para uma preciso sacudi-lo mais forte e mais alto para que muitos mais ouvidos
sociedade sustentável: Revista Pátio 2009 n.18
truções maiores elaboradas na própria natureza. Editora Artmed, Porto Alegre (RS), 2009. possam ouvir.
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DO ÓLEO AO SABÃO:
UMA MÃO LAVA A OUTRA MÃO
Cláudia de Almeida Pires

Nós individualmente estamos pensando


de maneira coletiva, ou na nossa capa-
cidade de participar e influenciar? (...)
Pensemos na quantidade de lixo, doen-
ças e destruição ambiental que estamos
produzindo. Isto é ser homem civilizado?
Isto é modernidade e tecnologia? Consu-
mir, consumir e consumir o máximo que
for capaz (mais que seus vizinhos, para
ter status). Seja qual for a origem dos
produtos, sejam quais forem as condições
em que foram produzidos. Qual o preço

Ilustração: Regiane R. Ferreira, Projeto Anchieta.


social e ambiental de cada produto que
consumimos no dia-a-dia?
46 47
(Eugênio Scannavino, Saúde da modernidade, p. 82)

ESCOVA DE DENTES EU USO/ PRA ESCOVAR OS DENTES EU USO/ ÀS VEZES PRA LIMPAR AS UNHAS
DO PÉ/ ÀS VEZES EU USO CHICLÉ/ CABELO ME DEIXA CONFUSO/ ESCOVA DE CABELO EU NÃO
USO/ PALITO DE DENTES NAS UNHAS DA MÃO/ ÀS VEZES EU USO SABÃO (...) NEM TUDO QUE SE
TEM SE USA/ NEM TUDO QUE SE USA SE TEM. (Arnaldo Antunes, Nem Tudo)
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à comunidade escolar primando pelo princípio reciclagem, foram desenvolvidas sequências de A evolução das atividades culminou com a
da educação integral e do protagonismo ju- atividades para a fabricação de sabão a partir proposta de continuidade da realização de ofi-
venil, gerando oportunidade para que os alunos do óleo de cozinha. O problema do tempo de cina para a criação de sabão ecológico pela
pudessem pôr em prática a resolução de confli- espera para a coleta de óleo de cozinha em quan- reciclagem do óleo de cozinha, de modo que

Justificativa tos, o estabelecimento de metas e prioridades,


a proposição e o entendimento de diferentes
tidade suficiente para a reciclagem e o fabrico
do sabão foi contornado com a proposição de
o sabão fabricado pudesse ser utilizado em parte
na própria unidade escolar e em parte doado para
perspectivas e a percepção da inter-relação entre uma ação experimental prévia para a fabricação uma instituição de apoio ao idoso, em contribui-
as ciências. do sabão com o uso do óleo virgem, com uma ção a um projeto existente na escola, vivenciado
As atividades deram margem à instauração segunda ação investigativa, utilizando então o na disciplina de Direitos Humanos. Daí a justi-
O trabalho ora apresentado surgiu da ideia de de bases para uma “alfabetização ecológica” óleo de cozinha descartado. Essa dinâmica per- ficativa para o título do projeto — Do óleo ao
integração entre as disciplinas de Biologia (CAPRA, 2007), com debates sobre ecologia, mitiu uma ampliação do caráter investigativo da sabão: uma mão lava a outra mão, fazendo
e Química em atividades a serem vivenciadas ecologia humana e conceitos de sustentabilidade experiência ao passo que as mudanças nos com- um trocadilho com a compreensão dos sis-
em turmas do 1º ano do Ensino Médio da Esco- associados à solução de problemas. ponentes puderam gerar novas hipóteses quanto temas em rede e das relações de interação
la de Referência em Ensino Médio Monsenhor Mediante à proposta de promover um conhe- aos resultados. existentes entre os seres.
Antônio de Pádua Santos. A escola faz parte do cimento integrador, que leve o aluno a compre- Por partirmos de um procedimento de recicla- A ideia de fabricação de sabão a partir da
Programa de Ensino Integral e está localizada em ender os processos vivos como manifestações de gem de um item utilizado como alimento e que reciclagem do óleo de cozinha ganhou tamanho
Afogados da Ingazeira, em Pernambuco. sistemas organizados, com forte interação entre produz grande quantidade de resíduo poluente, destaque como resultado das atividades inter-
No Programa de Ensino Integral as disciplinas os ambientes físico-químicos (BRASIL, 2006), a dinâmica também permitiu o comparativo en- disciplinares que acabou transformando-se num
de Química e Biologia contam com quatro aulas foram abordados diversos aspectos relacio- tre a crescente produção de resíduos poluentes projeto. Nesse sentido, o trabalho atua buscan-
semanais, com uma delas voltada para atividades nados aos problemas do acúmulo de resí- e os princípios naturais, com a introdução de do alicerçar-se nas bases de uma “educação para
práticas e de experimentação. Nesse sentido, os duos em depósitos de lixo, evidenciando as conceitos relacionados ao satisfatório compor- uma vida sustentável” (CAPRA, 2007), mediante
trabalhos buscaram unir as referidas disciplinas, o vantagens dos processos de reciclagem dos tamento dos sistemas cíclicos da natureza, a abordagem de princípios ecológicos segundo a
mais que possível, em suas atividades teóricas resíduos. onde (1) todos os organismos produzem resíduos, interdisciplinaridade, explorando a experimenta-
e práticas, dada a afinidade de seus conceitos A busca por situações ocorridas dentro (2) os resíduos gerados são alimentos para outras ção e a participação coletiva na construção do
nas relações biológicas e do meio ambiente. do próprio ambiente escolar — a exemplo do espécies, que, ao consumi-los, (3) permitem que conhecimento, favorecendo a participação dos
A estrutura física da escola também contri- uso de copos descartáveis — por si só já con- o ecossistema fique livre de resíduos. Assim, o alunos num debate contemporâneo.
buiu para a integração das atividades, ao passo tribuiu para a compreensão das relações existen- trabalho buscou permitir o reconhecimento da
48 que disponibiliza um ambiente de laboratório es- tes entre microssistemas (escola) e sistemas mais importância do planejamento dos padrões sus- 49
pecificamente equipado para ser compartilhado complexos (bairro, comunidade, cidade, país) ou tentáveis de produção e consumo.
entre as disciplinas de Biologia e Química. macrossistemas (planeta), “já que educar para A utilização de um elemento alimentício como
A idealização das atividades buscou evidenciar uma cultura de sustentabilidade é educar para fonte de uma dinâmica de reciclagem permitiu
experimentação e descoberta, e a apresen- encontrar nosso lugar na história, no universo” ainda a introdução de um debate sobre a impor-
tação de uma ciência viva, conectada em seus (GADOTTI, 2007). tância de se evitar o desperdício de alimentos,
diversos saberes e personificada no cotidiano. As Nesse sentido, com o objetivo de instituir com base numa discussão sobre seus nutrientes
atividades de sala de aula buscaram estender-se atividades concretas referentes aos processos de como fonte para uma vida mais saudável.
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Objetivos C o n t e ú d o s C u r r i c u l a r es

Geral Específicos Comunidade A variedade de interesses dos alunos introduziu


novas perspectivas diante dos diferentes compor-
A necessidade de criação de atividades práticas que • Instaurar atividades de pesquisa com margem ao A Escola Monsenhor Antônio de Pádua San- tamentos quanto aos trabalhos realizados em sala
mostrassem a ciência como uma parte viva do pro- levantamento de hipóteses e levantamento tos tem um relevante histórico de atuação com de aula, em atividades práticas de laboratório e em
cesso evolutivo do homem e a descoberta de novos de dados através da observação e experimentação; o alunado oriundo da zona rural, bem como de dinâmicas de socialização. A diversidade de saberes
saberes mediante simples questionamentos resul- jovens atuantes no comércio local, que buscam empíricos, a variação de contextos — econômicos
taram na elaboração de uma sequência pedagógica • levantar dados reais, com base no ambiente sua formação em Ensino Médio. Seu memorial e familiares — e a diferenciação entre habilidades
que pudesse reunir elementos de prática e teoria, escolar, que reflitam os problemas ambientais glo- de atuação revela uma constante e característica e limitações favoreceram a troca de experiências, a
observação e experimentação. bais, a exemplo do uso de copos descartáveis; preocupação com assuntos referentes ao meio superação de desafios e a valorização e o respeito
A preocupação em ligar o que se aprende na esco- ambiente e questões relacionadas à valorização pelas diferenças.
la ao mundo cotidiano aparece evidente entre os • compreender o estudo da Ecologia como um do Semiárido. Os estudos ambientais sempre
objetivos por acreditarmos no caráter motivacional estudo de fatores em rede; apresentaram grande importância dentro do con-
desse componente, uma vez que os alunos passam a texto pedagógico da escola. Currículo
perceber conexões reais entre a vida (empírico) e a • reconhecer a inter-relação entre os organismos Em 2009 a escola passou por uma ampla
escola (ciência — universo acadêmico), além de po- por meio de suas relações mútuas; mudança em seu quadro discente e docente, A proposta da atividade ora descrita se con-
tencializar a ancoragem de novos conhecimentos, mediante sua adesão ao Programa de Educação trapõe à ênfase na memorização de informações,
de forma significativa. • analisar fatores globais a partir dos dados locais; Integral do Estado de Pernambuco, passando a fórmulas e fragmentação do conhecimento, des-
Dessa forma, buscamos fazer o aluno reconhecer atuar numa proposta de Escola de Referência em conectados da realidade. Sua estruturação buscou
a interdependência fundamental de todos os indi- • compreender a inter-relação entre os problemas Ensino Médio. dar ao aluno a oportunidade de compreensão
víduos e comunidades, compreendendo que todos locais e os problemas globais; das transformações, reações e processos quími-
estão encaixados nos processos cíclicos da natu- cos e biológicos em diferentes contextos do meio
reza, resultando na reciclagem de resíduos (CA- • compreender a linearidade das relações entre Vida Escolar ambiente, de forma integrada e significativa.
PRA, 2004), dentro de uma abordagem conceitu- a economia e a ecologia: produção — consumo A proposta do projeto foi idealizada de for-
50 al que evidenciasse a interligação entre as áreas de (produtos) — lixo (resíduos) ; A adesão da escola ao Programa de Educação ma a dar a oportunidade de participar de 51
Biologia e Química. Integral, conforme descrito anteriormente, trou- atividades de interação entre as diferentes
• reconhecer a importância do planejamento dos xe diferentes grupos de alunos, que passaram a turmas de alunos, dando destaque às ativida-
padrões sustentáveis de produção e consumo integrar o corpo discente da escola, agregando des de protagonismo juvenil, base do Programa
com base nos sistemas cíclicos da natureza: novos desafios aos trabalhos já característicos da de Educação Integral, de modo a possibilitar (1)
(1) todos os organismos produzem resíduos; (2) os escola. Na modalidade de Ensino Integral, con- o estímulo à descoberta de saberes, (2) a troca
resíduos são alimentos para outras espécies; (3) o tamos, portanto, com seis turmas do 1º ano do de experiências, (3) a capacidade de superação de
ecossistema fica livre de resíduos. Ensino Médio. desafios e (4) o trabalho em equipe.
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Ensino menos biológicos (a exemplo das demonstrações


e exemplificações ocorridas durante a socialização Os conhecimentos e conceitos da Química
Nas etapas de desenvolvimento das atividades das atividades). devem proporcionar ao aluno:
de ensino, o aluno passou a interagir como um ser
ativo no processo da aprendizagem planejada, defi- • Aumento da capacidade de apresentação • compreensão de que as ligações químicas múltiplas são
nindo e guiando os diferentes momentos voltados do conhecimento apreendido por meio de texto, essenciais para a formação de estruturas bioquímicas
para os objetivos de aprendizagem. desenho, representação gráfica, artística e apresen- complexas;
Nesse sentido, foram observados os compor- tação oral, bem como uma maior autonomia no • compreensão da transformação química como
tamentos que diferentes pessoas assumem e ado- desenvolvimento de estratégias de representação. resultante da quebra e formação de ligações químicas;
tam para que uma aprendizagem aconteça: • proposição e utilização de modelos explicativos para
• Aumento na capacidade de integração entre o compreender o equilíbrio químico e as transformações
• Grande envolvimento dos alunos nas ativi- conhecimento científico em atividades de apren- químicas;
dades desenvolvidas, dado o forte componente dizagem (elaboração de materiais para etapas de • compreensão da polaridade das moléculas de água por
lúdico e dinâmico das atividades, e do componente socialização; apresentação de representações). meio de comportamentos observáveis nas ligações químicas;
motivacional agregado pelos componentes partici- • reconhecimento da polaridade elétrica da água como um
pativos e investigativos utilizados. • Capacidade de relação entre conhecimentos dado fundamental ao entendimento de detalhes moleculares
empíricos e conhecimentos científicos, em da bioquímica;
• Forte preocupação dos alunos em apresentar atividades de representação e apresentação dos • compreensão das relações químicas presentes no processo
seus conhecimentos de forma clara durante as conceitos abordados. de surgimento de membranas e vesículas formadas por
lipídios (micelas);
atividades de socialização.
• compreensão da hidrofilia e da hidrofobia com base na
• Avanço no número de alunos envolvidos nas Instrução polaridade da água;
atividades de protagonismo juvenil. • identificação das propriedades de hidrofilia e hidrofobia e
A abordagem simultânea e conjunta dos aspectos formações das micelas durante a ação do sabão no processo
de lavagem;
• Maior compreensão dos fenômenos, fatos e relacionados ao meio ambiente e à poluição durante
processos dos conceitos envolvidos, resultando na as atividades das disciplinas de Biologia e Química • identificação dos lipídios como uma espécie de molécula
com uma cabeça hidrofílica e um corpo hidrofóbico;
elaboração de generalizações. gerou a oportunidade de um debate referente aos
52 diferentes assuntos, mediante os enfoques discipli- • compreensão das características químicas dos diferentes 53
• Grande envolvimento dos alunos na utilização nares, graças à afinidade dos conceitos. materiais geradores de resíduos poluentes, a exemplo dos
plásticos, PET, isopor, alumínio, vidro, copos descartáveis e
das noções e conceitos observados, apresenta- Assim, temas como a poluição das águas dos óleo, e das propriedades que dificultam sua decomposição.
dos em novas situações de aprendizado escolar. rios e dos solos, pelo descarte inapropriado do
óleo de cozinha, passaram a ser entendidos como • tradução da linguagem simbólica da Química.
• Evolução no potencial de relacionamento de uma prática que está causando muitos efeitos noci-
conhecimentos prévios (empíricos ou científicos) Tabela 1. Abordagem dos conteúdos e conceitos de Química.
vos à nossa saúde e ao meio ambiente, pelos aspectos
para o entendimento de fatos, processos ou fenô- relacionados aos processos químicos e biológicos.
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Os conhecimentos e conceitos da Biologia


devem proporcionar ao aluno:

• compreensão da vida como manifestação de sistemas organi-


zados e integrados, interagindo com o ambiente físico-químico;
• compreensão da célula como um sistema organizado, no
qual ocorrem reações químicas;
• compreensão da similaridade entre as membranas
formadas por lipídios (micelas) e as membranas celulares; M e t o d o l og i a
• reconhecimento do homem como um organismo e, portanto,
sujeito aos mesmos processos e fenômenos que os demais;
• compreensão de que cuidar do meio ambiente é uma
responsabilidade coletiva, visando produzir ações e produtos
para o consumo sustentável;
O projeto foi desenvolvido por meio de
• compreensão dos problemas ambientais causados por
uma metodologia participativa, lúdica e
resíduos como plásticos, PET, isopor, alumínio, vidro, copos
descartáveis e óleo; interdisciplinar, envolvendo atividades das 1ª Etapa (AGOSTO 2009)
disciplinas de Biologia e Química, abordando Leitura de textos, pesquisas
• reconhecimento das vantagens na realização de práticas
simples, voltadas para a coleta e o correto descarte de
questões ambientais do ponto de vista da na- • Em atividades de sala de aula e com uso
lâmpadas, papéis, alimentos e demais resíduos; tureza e da ciência. do laboratório de informática; realização
de estudos quanto às semelhanças das es-
Entre as atividades realizadas pode-se ressal- truturas das membranas plasmáticas e as
• reconhecimento das vantagens na realização de práticas de
reciclagem de resíduos, a exemplo da produção de sabão a tar: leitura de textos informativos; pesquisas; vesículas formadas por lipídios, a exemplo
das misturas de óleo e água e na ação da
partir do óleo de cozinha; elaboração, criação e montagem de modelos espuma do sabão; elaboração, criação e
• compreensão da necessidade de modificação nas relações tridimensionais de representações celulares e montagem de modelos tridimensionais de
de substâncias e reações químicas; compara- representações celulares e de substâncias
de consumo, visando à diminuição da linearidade das e reações químicas
relações entre a economia e a ecologia, que resultam em (1) ções entre os processos biológicos e químicos;
54 produção – (2) consumo (produtos) – (3) lixo (resíduos); prática da coleta seletiva; identificação de
• Em atividades práticas: criação de modelos 55
químicos com a reciclagem de garrafas PET .
• reconhecimento da importância do planejamento dos Assim, foram abordados con- diferentes resíduos e tempo de decomposição; • Em trabalho em grupo: criação de repre-
padrões sustentáveis de produção e consumo com base ceitos, propriedades e processos, entrevistas; experimentos sobre a decomposi- sentações celulares com uso de material
nos sistemas cíclicos da natureza: (1) todos os organismos específicos ou comuns, das dis- ção de materiais; oficinas de reaproveitamento reciclado diverso (papelão, isopor, alumínio
produzem resíduos; (2) os resíduos são alimentos para e plástico) e com alimentos, por grupos ali-
ciplinas de Biologia e Química, e confecção de material didático com PET e mentares (lipídios, proteínas, carboidratos e
outras espécies; (3) o ecossistema fica livre de resíduos.
de modo a permitir um maior oficina de fabricação de sabão. vitaminas).

Tabela 2. Abordagem dos conteúdos e conceitos de Biologia. entendimento das relações de As principais atividades tiveram o seguinte
poluição e meio ambiente. cronograma e sequência didática:
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Processos Enfatizados
Aos alunos era apenas dada a instrução de formação de Oficina de fabricação de sabão a partir
grupos e os materiais a serem utilizados (isopor, papelão, de óleo de cozinha (virgem)
plástico etc.). O desafio seria reutilizar o máximo possível • Em atividades de intercâmbio (duas turmas simultaneamen-
de materiais com base na criatividade dos alunos. te — aulas de Biologia e Química) — fabricação de sabão com
observação dos procedimentos e resultados.
Tivemos, portanto, diferentes formas de uso dos
• Experimentos quanto ao uso de formas e ao tempo de endu- Perceber • trabalhar com outras pessoas para superar um
materiais reciclados. No caso do isopor, as seguin-
recimento e corte. • Buscar dados; desafio;
tes realidades foram verificadas:
• Observação das propriedades do sabão quanto à consistência • observar o mundo que desfila diante e ao redor • exercer liderança.
e perfume. de si;
Modelos Celulares • Experimentos quanto à qualidade do sabão. • identificar as diferenças entre o que as diferentes Durante todo o processo, as trocas de experiências são
pessoas trazem como bagagem; proporcionadas mediante a exposição de conhecimentos
a) Reaproveitamento de bolas de isopor já existentes Socialização dos modelos tridimensionais • perceber as trocas de saberes possíveis; prévios e interação entre diferentes grupos de alunos.
— um dos grupos optou pelo reaproveitamento de de representações celulares e de substâncias • ver o mundo em sua riqueza e variedade.
algumas bolas de isopor de uma das integrantes. Como e reações químicas. Conhecer
a aluna as usava com fins decorativos, juntamente com • Modelos celulares com material reciclado — abordagem As percepções afloram pelos debates e pelas atividades • Buscar mais coerência do que acréscimo de
alfinetes, lantejoulas e vidrilhos, o grupo aproveitou das partes que compõem a célula, da similaridade entre as
propriedades das membranas plasmáticas e as vesículas em grupo. informações;
a técnica para recriar as estruturas da membrana de lipídios que ocorrem na ação do sabão e do tempo de • descobrir o que soluciona um problema e
plasmática (glicocálix) e destacar o núcleo celular. decomposição de cada material utilizado.
Comunicar permite seguir em frente;
• Modelos celulares com alimentos — abordagem das
• Ser entendido e entender os outros; • localizar informações;
b) Reaproveitamento de isopor de estrutura plana partes que compõem a célula, da similaridade entre
as propriedades das membranas plasmáticas e as • socializar ideias; • ordenar, classificar, dispor em sequência,
— um dos grupos optou pelo reaproveitamento de vesículas de lipídios que ocorrem na ação do sabão, e • trocar experiências; comparar, diferenciar;
placa de isopor usada como proteção de geladeira. das propriedades alimentares de cada grupamento.
Nesse exemplo os alunos confeccionaram um modelo
• ler e escrever para lidar com a complexidade do • apresentar hipóteses, fazer inferências e
mundo; deduções;
celular plano. 2ª Etapa
• influenciar; • fazer perguntas relevantes;
Oficina de fabricação de sabão a partir
c) Compra de bola de isopor — apenas um grupo optou de óleo de cozinha (reutilizado)
• participar efetivamente de discussões de grupo; • propor e definir problemas;
pela compra de uma bola de isopor por querer sua • defender ideias e respeitar opiniões. • testar conclusões e hipóteses e aperfeiçoar
• Em atividades de intercâmbio (duas turmas simultanea-
forma íntegra. Nesse exemplo os alunos gostariam mente — aulas de Biologia e Química) — fabricação de sabão ideias.
de usar uma representação tridimensional.
com observação dos procedimentos e resultados. Relacionar-se
56 • Experimentos quanto ao uso de formas e ao tempo de • Interagir; Os conhecimentos formulados passam por processos de 57
endurecimento e corte.
Modelos Químicos • corresponder; ordenação visando à sistematização e socialização.
• Observação das propriedades do sabão quanto à consis-
• cooperar;
tência e perfume.
Criação de bolas de isopor — vários grupos confec- • colaborar; Decidir
cionaram as bolas de isopor moldando-as com esti- • Experimentos quanto à qualidade do sabão.
• estar disposto para ouvir e entender; • Entender como se ligam metas, ações e decisões;
lete, reciclando sobras de isopor. Comparativo entre os resultados obtidos nos dois processos
utilizados para a fabricação do sabão. • respeitar; • estabelecer prioridades;
• contribuir em discussões e tarefas de pequenos • comparar diferentes decisões com relação a um
Tabela 3. Cronograma das principais atividades. grupos e de toda a classe; quadro maior;
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Ilustração: Jean Carlos T. da Silva, Centro Educacional Gracinha


• inspirar-se; Avaliar
• fazer escolhas quanto aos procedimentos a • Avaliar evidências;
seguir; • confiar no próprio julgamento;
• sistematizar; • respeitar o mundo interior dos outros;
• planejar, organizar e distribuir no tempo as • respeitar as diferenças (estudos, profissões,
ações e experiências; atividades, dons, competências);
• ordenar o pensamento; • comunicar melhor: ser mais explícito, arejar
• encaixar o aprendido num todo mais amplo; pontos de vista, envolver mais gente.
• reorganizar e descartar ideias;
• resumir e sintetizar; Poder avaliar seu avanço, e o dos outros, percebendo
• ter iniciativa; a criatividade e a inovação.
• refletir sobre o próprio trabalho e identificar
maneiras de aperfeiçoá-lo. A proposição inicial e a proposta de con-
tinuidade da fabricação do sabão ecológico
Os conhecimentos construídos tomam forma, vislumbram agregar componentes de maior
representando ideias e conclusões que podem ser complexidade de discussão e experimentação,
socializadas e aperfeiçoadas em novas atividades de acompanhando o desenvolvimento concei-
aprendizagem. tual dos alunos durante o decorrer do Ensino
Médio, uma vez que os conceitos e conteúdos
Criar referentes ao estudo mais aprofundado sobre o
• Ser sensível a problemas; meio ambiente estarão mais presentes nas 2ª e
• ser capaz de construir a partir de ideias de 3ª séries do Ensino Médio.
outras pessoas; Nesse sentido, buscamos incorporar o tema
• expressar rapidamente uma sucessão de ideias transversal — Meio Ambiente — às ativida-
ligadas a um tema ou tópico; des das aulas práticas, garantindo que ques-
• ter ideias originais; tionamentos sobre os problemas ambientais
• brincar com ideias e conceitos; fossem introduzidos no contexto escolar
58 • perder o medo do que é diferente; desde a 1ª série do Ensino Médio e permitindo
• aplicar a imaginação para propor novos que conceitos estudados pudessem ser retomados
modelos; e aprofundados no decorrer do desenvolvimento
• sugerir hipóteses; conceitual dos alunos, baseando-se na proposta de
• buscar abordagens inovadoras. trabalho com o Conteúdo em Espiral.
A abordagem inicial do uso de copos descar-
Ser capaz de criar e inovar em diferentes atividades táveis na escola serviu como elo entre a escola
ligadas ao processo de ensino–aprendizagem. (microssistema) e a cidade como um todo
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(macrossistema), e como agente promotor da tando discussões sobre a biodegradabilidade do se construir um conhecimento pleno. Uma abor-
percepção de problemas ambientais. sabão, o sabão como agente poluente, a espuma dagem interdisciplinar baseada nos princípios de
A demonstração da escala de aumento do como agente que prejudica e impede a penetração experimentação, colaboração e participação
volume de copos, tomando como referência o dos raios solares e a interação da atmosfera com a mostra-se fundamental para uma educação voltada
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
consumo individual médio até o consumo men- água, e os novos materiais e técnicas desenvolvidos para a sustentabilidade.
sal médio da escola, permitiu inferências quanto na fabricação dos sabões, demonstrando que, como Faz-se necessária uma integração de múltiplos BRASIL. Ministério da Educação (MEC),
aos problemas do lixo no mundo, favorecendo a apresenta Pozo & Crespo: valores e princípios para a construção de saberes Secretaria de Educação Básica (SEB),
Departamento de Políticas de Ensino
introdução da terminologia própria dos debates repletos de significados que ativem alguns proces- Médio. Orientações Curriculares do Ensino
sobre os problemas do meio ambiente. “A ciência do século XX se caracteriza pela sos que fazem parte da educação para a sustenta- Médio. Volume 2: Ciências da Natureza,
Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/
Dessa forma, instaurou-se uma discussão perda da certeza, inclusive aquelas que bilidade, de modo a preparar o homem-indivíduo SEB, 2006.
ampla, tomando como ponto inicial o uso eram, antes, chamadas ‘ciências exatas’, que para ser um agente atuante “para aquilo que ain- CALLENBACH, E. O poder das palavras.
de descartáveis na escola e culminando cada vez mais estão, também, permeadas de da não é, o ainda-não, a utopia” (GADOTTI, p. 69-72. In: CAPRA, F.; STONE, M. K.;
BARLOW, Z. Alfabetização Ecológica: a
com debates sobre a poluição gerada pelos incertezas. Sendo assim, já não se trata de a 2007) de um planeta mais sustentável. educação das crianças para um mundo sustentável.
óleos e a proposição da fabricação do sabão educação proporcionar aos alunos conheci- 2a Ed. São Paulo: Cultrix, 2008.
ecológico. mentos como se fossem verdades acabadas, Observações CAPRA, F. A teia da vida: Uma nova
compreensão científica dos sistemas vivos. 9a Ed.
Assim, em nossas atividades, demonstramos mas que os ajude a construir seu próprio A fabricação do sabão continua e os alunos, São Paulo: Cultrix, 2004.
que, como aponta Callenbach: ponto de vista, sua verdade particular a par- juntamente com suas famílias, estão coletando o
_______. As conexões ocultas: Ciência para uma
tir de tantas verdades parciais” óleo para ser entregue na escola. O óleo arrecadado vida sustentável. 4ª Ed. São Paulo: Cultrix,
— Pozo & Crespo, 2009, p. 24. será utilizado em novas atividades de fabricação do 2005.
“O pensamento ecológico lança mão de to-
dos os recursos da ciência para ver como a sabão, com experimentos de diferentes receitas e _______. (Org). Alfabetização Ecológica: A
educação das crianças para um mundo sustentável.
vida opera e como nós podemos nos adaptar A idealização da metodologia de continuidade do procedimentos, em outubro e novembro de 2009, 1ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2007.
de modo responsável aos seus padrões. Essa projeto, com retomada dos conceitos numa propos- para demonstração em alguns eventos e exposi- GADOTTI, M. Educar para uma cultura de
visão de mundo profundamente diferente irá ta de Conteúdo em Espiral, mostrou-se adequada, ções. Assim, informalmente, a escola tornou-se não sustentabilidade. p. 62-67. 2007.*

influenciar o vocabulário que usamos tanto uma vez que o entendimento de algumas relações, só um posto de coleta, mas também um posto de PAULINO, V. A. Até quando esperar dos mortos
o alimento de cada dia? p. 144-149. 2007.*
para nos referir à vida quanto ao modo como conceitos e fenômenos biológicos e químicos da reciclagem do óleo coletado.
PERNAMBUCO, C. O Manifesto da
a vivemos” fabricação e biodegradabilidade dos sabões exigiam Cozinheira do século XXI: Sustentabilidade e
— Callenbach, 2008, p. 72. a compreensão de alguns conceitos prévios. Assim, Faz parte do plano de ampliação do proje- alimentação responsável. p. 192-197. 2007.*
60 optamos por desenvolver o trabalho na forma de um to tornar oficial este posto de coleta e efetuar POZO, J. I.; CRESPO, M. A. G. A 61
projeto que pudesse ter continuidade, permitindo parcerias com outras instituições (prefeitura, Aprendizagem e o Ensino de Ciências: do
Nesse sentido, o debate referente ao uso dos conhecimento cotidiano ao conhecimento científico.
copos descartáveis na escola teve um caráter explorar os mais diversos pontos conceituais aplicá- escolas da rede estadual e municipal etc.). 5. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
motivacional quanto à solução do problema (a fa- veis ao longo do desenvolvimento das atividades. * In: INSTITUTO ECOFUTURO. A vida
bricação do sabão ecológico) e a função de aproxi- Nos trabalhos para uma educação voltada para a que a gente quer depende do que a gente faz:
Propostas de sustentabilidade para o planeta.
mar uma realidade local de um problema mundial. sustentabilidade, grande é a importância de se evi- Disponível em: <http://www.ecofuturo.
Assim, esperamos dar continuidade ao projeto tar a divisão da educação em partes, tomando org.br/comunicacao/publicacoes/a-
vida-que-a-gente-quer-depende-do-
Do óleo ao sabão: uma mão lava a outra mão, apresen- partido de atividades interdisciplinares, a fim de que-a-gente-faz> Acessado em: Ago. 2009
Instituto Ecofuturo

COM CONTOS MUDO


Ilustração: Gabriel Santos de Oliveira, Centro Educacional Gracinha.

A MINHA COMUNIDADE
Samuel Moreira Barboza

Ouvir as vozes das comunidades, respeitar


seus interesses e ajustar as propostas às
especificidades locais e culturais (...) Pro-
mover nas escolas a visão de que o mundo
da leitura extrapola o ambiente da escola-
rização, e cada escola tem potencial para
se tornar um centro de aprimoramento
cultural para as comunidades em que se
insere (...) Promover a leitura em voz alta
para todos os públicos, inclusive analfabe-
tos: a boa expressão oral, com suas pausas,
entonações e ênfases, faz do texto com-
partilhado uma propriedade comum.

(A carta da leitura, Item 4 dos Princípios norteadores


da ação e seus desdobramentos, subitens d, f e h,
63
respectivamente, p. xxxiii)

ERA UMA VEZ UM CZAR NATURALISTA QUE CAÇAVA HOMENS./ QUANDO LHE DISSERAM QUE TAMBÉM
SE CAÇAM BORBOLETAS E ANDORINHAS,/ FICOU MUITO ESPANTADO E ACHOU UMA BARBARIDADE.
(Carlos Drummond de Andrade, Anedota Búlgara)
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

Tão importante quanto


o que se ensina e se aprende é
como se ensina e como se aprende. Objetivos
trabalharem os diversos gêneros de textos por meio
da leitura e da escrita, abre-se a possibilidade de
desencadear as seguintes habilidades, que se espera
— César Coll que os alunos tenham adquirido ao fim da 4.ª série
do Ensino Fundamental:
• Identificar os contos como um dos gêneros de texto.
Trata-se de um projeto que visa aproximar a co- Por ser uma escola inserida numa comu- • localizar informações explícitas no texto;
munidade local à escola que nela está inserida, para nidade que pouco valoriza o processo de • Perceber a importância da poesia.
que ocorra uma conscientização de que o cuidado leitura e escrita, deixando com que alguns • inferir o sentido de uma palavra ou expressão;
com a escola e a preservação dos recursos naturais vândalos quebrem suas instalações nos finais • Ampliar o vocabulário dos alunos por meio da
do próprio bairro são deveres de cada cidadão. de semana, percebemos que a aproximação leitura de vários textos. • inferir uma informação implícita em um texto;
da escola com a comunidade seria de real
importância. • Promover a participação da comunidade na • identificar o tema de um texto;
É por meio de contos que buscamos prática pelo desejo pela leitura e consequentemente

Justificativa uma aproximação espontânea da comuni-


dade com a escola, pois os alunos nesse projeto
o cuidado e a valorização da própria escola. • distinguir um fato da opinião relativa a esse fato;

contam, dramatizam, leem histórias, declamam • Diminuir o índice de retenção das crianças. • interpretar um texto com auxílio de material
poesias e textos de literatura de cordéis nas gráfico diverso;
“O domínio da língua, oral e escrita, é funda- praças do bairro, pontos de ônibus, calçadas • Formar grupos de multiplicadores de leitura e
mental para a participação social efetiva, pois etc., com temas de valores humanos, cuidados contadores de histórias. • identificar a finalidade de textos de diferentes
é por meio dela que o homem se comunica, com os animais, as crianças e o patrimônio pú- gêneros;
tem acesso à informação, expressa e defende blico, mobilizando para a participação em uma • Levar todo o encanto da leitura até a comu-
pontos de vista, partilha ou constrói visões de horta comunitária e ações de preservação nidade, a fim de atraí-la para as rodas de leitura e • reconhecer diferentes formas de tratar uma
64 mundo, produz conhecimento. Por isso, ao da escola. saraus na própria escola. informação na comparação de textos que tratam 65
ensiná-la, a escola tem a responsabilidade de Por fim, pretende-se gerar uma grande ex- do mesmo tema;
garantir a todos os seus alunos o acesso aos sa- pectativa de todo o corpo docente da escola • Formar um grupo de pais e responsáveis que
beres linguísticos, necessários para o exercício pelo prazer pela leitura e proporcionar aos montem e cuidem da horta escolar juntamente • identificar efeitos de ironia ou humor em textos
da cidadania, direito inalienável de todos.” alunos envolvidos no projeto momentos de la- com todos da escola. variados;
zer e aprendizagem, evitando, assim, que essas
— Brasil. Secretaria de Educação crianças fiquem nas ruas aos sábados, pois este • Conscientizar toda a comunidade de que a esco- • identificar o efeito de sentido decorrente do uso
Fundamental, 1997, p. 15. será o dia em que teremos essas oficinas. la é de todos e precisa ser cuidada por todos. Ao se de pontuação e de outras notações.
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

Conteúdos Curriculares “A língua se realiza no uso, nas práticas


sociais.”

“A aprendizagem se dá pela ação do apren-


Gêneros textuais diversificados planejada de comunicação e, portanto, mais for-
mal. Uma aula, uma entrevista ou um debate na
diz sobre o que é objeto de seu conheci-
mento e é potencializada por ambientes
M e t o d o l og i a
Para que os alunos aprendam mais e me- televisão são planejados em detalhes; por isso, favoráveis.”
lhor a língua que falam, é interessante refletir um são formais.
pouco sobre as razões pelas quais os gêneros têm Podemos chamar de gêneros secundários os “A reflexão é condição de aprendizagem
sido considerados excelentes ferramentas de ensino. que exigem maior planejamento para serem usados. da língua: é preciso pensar sobre como se Segundo Jussara Hoffmann, o prazer de ler
É simples: por serem as formas naturais pelas quais Precisam ser ensinados na escola para que os alunos pode ler e escrever quando ainda não se equivale ao prazer de surfar, viajar, descansar. Não
usamos a língua para nos comunicar. Não é possível possam dominá-los como instrumento de comuni- sabe fazê-lo.” se pode esperar que as crianças se tornem leitoras
falar “bom dia” sem utilizar um dos gêneros cação indispensável para o exercício da cidadania. se a sociedade não lhes despertar o prazer da leitura
textuais. Não há comunicação sem eles. Dois especialistas nesse assunto, Joaquim “Saber decodificar letras em sons e co- e não lhes der oportunidade para isso.
Usar os gêneros como instrumentos de ensino Dolz e Bernard Schneuwly, elaboraram uma dificar sons em letras não significa ser Nesse sentido, esse projeto de leitura trabalhará
na escola dá mais significação aos estudos escolares tabela com grupos de gêneros (orais e escritos) que capaz de utilizar a língua: a capacidade de com as séries os diversos gêneros da literatura, dan-
porque os aproxima da língua que usamos natural- devem ser ensinados na escola. Nessa tabela, os uso é equivalente à possibilidade de falar, do oportunidade aos alunos de terem experiências
mente em nosso dia-a-dia. autores organizam os gêneros em agrupamentos: escutar, escrever e ler em diferentes con- para explorarem a linguagem oral e escrita de forma
Há momentos em que as comunicações huma- narrar, expor, argumentar, instruir e relatar. textos de comunicação.” lúdica e prazerosa.
nas são bem informais: em conversas familiares, nos Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Entre esses gêneros narrativos, temos:
bate-papos no barzinho, nas conversas de trabalho, Portuguesa trazem reflexões sobre o uso da língua “A escola precisa aproximar, o máximo • contos (variados);
nos murmúrios de carinho dos namorados — os como função social e que deve ser vista como tal: possível, suas práticas de uso da lin- • causos;
chamados gêneros primários. Estes não preci- guagem das práticas sociais de uso da • fábulas;
sam ser ensinados na escola, pois são aprendidos linguagem.” • crônicas;
no uso diário. • novelas;
Outros momentos de comunicação huma- “O trabalho com a diversidade de textos • romance;
na são mais formais, planejados. É o caso de que circulam socialmente é necessário • cordel etc.
66 textos escritos para serem publicados para um gran- desde o início da escolaridade.” 67
de número de leitores, como os textos jornalísticos, • Narrar: ficção e criação — gêneros da cultura
os textos escritos pelos cientistas para divulgar suas “É mais significativo, mais produtivo e literária ficcional: contos, lendas, romances, fábu-
descobertas ou, ainda, os textos literários, como os mais eficaz aprender a ler e escrever por las, crônicas. Esse é o primeiro caminho percorrido
romances, os contos e as crônicas. meio de textos.” neste projeto, em que os gêneros acima citados
Não só na escrita, porém, existem situações podem ser explorados diversificadamente.
de comunicação mais formais. Uma palestra, • Expor: divulgação de um conhecimento resul-
por exemplo, é uma situação detalhadamente tante de pesquisa científica — artigos de divulga-
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ção de todas as áreas do conhecimento, relatos de


Processos Enfatizados água mineral, os alunos mostram as vantagens que
teremos com a conservação desse patrimônio e,
experiências científicas, conferências, seminários. consequentemente, sua economia (até economizar
• Argumentar: questões polêmicas discu- energia elétrica preserva consideravelmente a água
tidas em sociedade, que exigem dos autores um e a natureza) — tudo isso em forma de exposição Desenvolvimento diário
posicionamento e a defesa desse posicionamento para as pessoas da comunidade, sendo os próprios
— cartas de solicitação, cartas do leitor, cartas de Textos narrativos alunos conferencistas da importância de cuidar da • As rodas de leitura, juntamente com a
reclamação, debates políticos, artigos de opinião, 1. Conto: A menina que ganhou um rio (Manoel escola, de seu meio ambiente e do próprio bairro. oficina de estudo, oferecem oportunidades
editorial. de Barros), texto das páginas 88 a 91 do livro A vida de desdobramentos posteriores em atividades
• Instruir: informação de como deve ser o que a gente quer depende do que a gente faz; O pequeno Textos argumentativos de sala de aula.
comportamento daqueles que vão usar um equipa- raio de sol; Biruta (Lygia Fagundes Telles). 1. O jornal recebido na escola é de fundamental • Escrever e fazer comentários dos textos lidos.
mento ou um medicamento ou, ainda, realizar um 2. Lendas: Curupira, Caipora, A casa abandonada importância nesse processo, além de oferecer sub- • Pesquisar entre familiares e amigos outros
procedimento — manual de instrução de diferentes (conto da tradição oral recontado por Maria Alice sídios aos anteriores. causos.
tipos (que acompanham máquinas, ferramentas e Mendes). 2. Cartas escritas por eles direcionadas às auto- • Apresentar os causos para a classe na
eletrodomésticos), bulas de remédio, receitas culi- 3. Romances: Vida de cão (conto em literatura ridades do município com o objetivo de solucionar próxima aula.
nárias, regras de jogo, regimentos, estatutos. de cordel escrito por Samuel Moreira Barboza). problemas ambientais e sociais do bairro. • Trazer escrito.
• Relatar: necessidade de contar alguma coisa 4. Fábula: O rabo da raposa. • Estruturar os textos.
que realmente ocorreu, o que diferencia os relatos 5. Crônica: O bebê: um novo mundo que muda Textos de instrução • Gravar as histórias contadas (coletânea oral)
das narrativas, que são ficcionais — memórias lite- nosso mundo (Carlos Eduardo de Carvalho Corrêa); 1. Neste caso, procedimentos básicos na hora e, em conjunto, uma coletânea escrita que
rárias, diários íntimos, depoimentos, reportagens, História para crianças (Paulo Briguet). de usar a água para lavar as mãos, escovar os dentes, será publicada na escola como o Dia de Contar
relatos históricos, biografias, notícias jornalísticas. 6. Música: Menino de rua (composição: Pedro tomar banho e regar a nossa horta. Causos para os pais e a comunidade no bairro
Bhorges/Evaldo Lucena) — foco de reflexão do texto 2. Regulamento de conservação da água e da fora da escola.
Suportes de textos utilizados neste projeto: jor- nas páginas 70 a 73 do livro A vida que a gente quer depende nossa escola. • Fazer interpretação oral.
nais, revistas, revistas científicas, quadros de avisos, do que a gente faz; Planeta Água (Guilherme Arantes) • A partir de um causo ou conto, criar outro.
outdoors, folders, luminosos, faixas, textos de con- — foco de reflexão do texto nas páginas 92 a 108 do Textos de relatos • Transformar uma notícia de jornal em um
tos, fábulas, lendas, poesias, literatura de cordel. livro A vida que a gente quer depende do que a gente faz. 1. Observações sempre registradas em um diá- causo ou conto de terror.
Em suma, não há como se deixar enganar em rio de relatos. • Confeccionar cartazes convidativos sobre o
68 relação aos gêneros textuais, pois estão presentes Textos expositivos 2. Diário de leitura para que escrevam sobre dia de contar histórias. 69
em nosso cotidiano; são eles que facilitam as nossas 1. Artigo de divulgação de conhecimento: o que realmente gostam e não gostam durante as • Fazer dramatização de leituras.
situações comunicativas. Água do século XXI (José Galizia Tundisi), nas pági- leituras e contos. • Filmes — fazer interpretação e identificação
Nesse sentido, utilizar os gêneros textuais nas 92 a 109 do livro A vida que a gente quer depende 3. Confecção do jornal da própria escola. de personagens.
no processo de ensino torna-se quase uma do que a gente faz. 4. Paródia: “Lixo na rua” — música que relata
obrigatoriedade. 2. Conferências, seminários: na proporção a poluição da água com o lixo (Xote das meninas, de
Eles tornam nossas aulas dinâmicas, e o interes- da conscientização da importância da água e do Luiz Gonzaga). Todos cantam. Autor: professor
se por nossa língua torna-se maior. privilégio de termos em nossa cidade uma fonte de Samuel Moreira Barboza.
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

Cronograma Desde o começo já percebemos mudanças


significativas: pais da comunidade mais participati-
Com situações trazidas pelas crianças e pela comu-
nidade em geral sobre problemas de sustentabilidade
prática o que seu personagem deve fazer para melhorar o
meio onde estão inseridos.
vos — alguns estão vindo aos domingos ajudar na lim- comuns ao meio, é possível criar personagens e situações Atrás do muro da nossa escola temos um pequeno bos-
peza dos arredores da escola; outros estão vindo ensinar através de histórias, capazes de interagir no negativo e tra- que de mata virgem, onde há também uma mina de água.
...Do que já aconteceu ou do que capoeira aos filhos. Domingo próximo, nesta escola, balhar positivamente em aspectos sociais que necessitam Essa área está sendo invadida aos poucos com moradias
está para acontecer. professores, funcionários, voluntários da prefeitura e de transformação. O plantio da horta e seus cuidados são clandestinas, lixo, esgoto. Então, a Caipora, revoltada,
O livro A vida que a gente quer depende do que a gente faz alunos terão um dia diferente, com várias atividades. responsáveis pela transformação do negativo em ideais veio à escola para conversar com as crianças, pois as caças
está sendo explorado desde sua capa em cada oficina A grande culminância ou o ápice do projeto será no significativos contados pelos personagens da roda de his- dela estão desaparecendo, assim como a pequena mata.
(todas as ações deste projeto estão sendo reali- Dia do Conto, ocasião em que vários locais do muni- tória e transformadores do pensamento da comunidade. As próprias crianças sugeriram escrever para a prefeitura
zadas em sala ambiente com o nome de oficina), cípio — um em cada dia — serão contemplados com A horta escolar e a contação de histórias estão emba- tomar providência e cercar a área como forma de evitar a
e sempre de maneira lúdica exploramos as informações histórias, capazes de expor e tratar um problema social e sadas nos quatros saberes fundamentais da vida: aprender destruição.
e os contos que estão contidos no livro, focando o po- ambiental com a intervenção da comunidade presente. a conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver; apren- Quando as crianças adquirirem hábitos saudáveis
der que nossa imaginação tem de mudar as coisas. Por meio de fotos e relatórios feitos ao longo do der a ser. nessa relação horta–história na escola, serão capazes de
Todos os professores da escola estão envol- projeto, será possível mostrar à comunidade que o Contar e ouvir histórias é sonhar, é fazer com que a intervir em outras situações em sua família e/ou comuni-
vidos neste projeto, bem como os funcionários empenho e o comprometimento de todos faz com criança visualize o ideal. Por meio desses sonhos é pos- dade, informando e corrigindo hábitos nocivos ao desen-
da escola, pois as ações são diárias e dependem de que o sonho e o faz-de-conta das histórias pos- sível incentivar hábitos que auxiliem na manutenção da volvimento sustentável do planeta.
todos. A cada dia da semana uma turma interage com sibilitem uma transformação real da verdadei- horta — seja um simples regar ou um cultivo significativo, Ainda no mês de agosto alguns moradores do bairro
a terra e responsabiliza-se por sua reprodução. ra cidadania. utilizando os personagens e as situações do momento. ofereceram-se como voluntários para ensinar capoeira
Exemplo: eles interagem com a história colocando na para as crianças aos sábados...
AGOSTO 2009
SETEMBRO 2009
ATIVIDADE
GÊNERO TEMA DESENVOLVIMENTO ATIVIDADE PROPOSTA
COMPLEMENTAR
ATIVIDADE
GÊNERO TEMA DESENVOLVIMENTO ATIVIDADE PROPOSTA
Conto “A menina que Lido para os alunos e roda de Cada criança imaginou um pedacinho do COMPLEMENTAR
ganhou um conversa sobre o conto bairro como presente e como iria cuidar
rio” dessa parte. Jornal Notícias nossas de cada Com base no jornal que Além de expor a notícia, Leitura de crônicas do
dia. a escola recebe diaria- encontrar no jornal a “notícia jornal e da revista.
Lendas Curupira, Visita a uma sala à qual demos Após as queixas sobre um bosque que está “A casa abandonada” mente, os alunos sempre do bem”, aquela que traz
Caipora o nome de Sala do Terror. sendo invadido, os alunos compromete- (conto da tradição escrevem para expor em novidades sobre o que está
ram-se a conversar com os pais sobre a oral recontado por mural as notícias do bairro, sendo feito em prol da susten-
situação, para discutir uma solução (mata Maria Alice Mendes). da escola, da cidade etc. tabilidade.
70 virgem próxima da escola), como também Contado na Oficina de
Crônica “O bebê: um novo Leitura dos e para os Cada aluno e cada professor Depois registraram suas
71
trazer mudas de plantas para nossa horta. Terror.
mundo que muda nosso alunos. contaram uma situação histórias.
Literatura “Vida de cão” Cordéis feitos pelo professor Após a declamação dos cordéis, explicação Os alunos declama- mundo” (Carlos Eduardo corriqueira do cotidiano,
de cordel e “O pequeno Samuel para esse objetivo. sobre a função do cordel, como é usado ram para os outros de Carvalho Corrêa), aquelas que são engraçadas...
raio de sol” Cuidado com o meio. no Nordeste, o que é quadra, sextilha, e se aventuram a “História para crianças” As histórias renderam muitas
septilha... escrever também. (Paulo Briguet) gargalhadas...
Fábula “O rabo da Contada e cantada pelo pro- Os alunos participaram da história como Música “Menino de rua” Outras músicas foram Relação entre a letra das Conclusões registradas pe-
raposa” fessor Samuel, traz reflexões personagens. “Planeta Água” ouvidas, além de indicadas. músicas e o documentário los alunos e escrita como
sobre a preservação do meio do livro A vida que a gente quer artigo de opinião para o
e como a natureza se porta depende do que a gente faz. mural com as notícias
diante de mudanças bruscas. nossas de cada dia.
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

SOBRE OS AUTORES:
As crianças levaram para a escola vá- “Brincar com crianças não é perder Ações que serão desenvolvidas
Jussara Hoffmann: Mestre em Avaliação
rias mudas de plantas para começarmos tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meni- ainda neste ano: Educacional pela Universidade Federal do
a horta, que foi um dos compromissos nos sem escola, mais triste ainda é vê- Rio de Janeiro (UFRJ).
que fizeram aos protetores da nature- los sentados enfileirados em salas sem NOVEMBRO 2009 Lygia Fagundes Telles: Nascida em São
Paulo, no bairro de Santa Cecília, em 19 de
za, Caipora e Curupira. A maioria eram ar, com exercícios estéreis, sem valor Textos de instrução abril de 1923 foi a terceira mulher a tomar
plantas medicinais. Fizemos o plantio para a formação do homem.” posse na Academia Brasileira de Letras.
Eleita em 24 de outubro de 1985 para
das mudas e estudamos para que servia — Carlos Drummond de Andrade • Neste caso, procedimentos básicos na hora de suceder Pedro Calmon, a escritora tomou
cada uma. usar a água para lavar as mãos, escovar os dentes, posse em 12 de maio de 1987 e ocupa a
cadeira número 16.
tomar banho e regar a nossa horta.
Maria Alice Mendes: Especialista em
OUTUBRO 2009 contos de terror do projeto Entre na Roda.
ATIVIDADE • Regulamento de conservação da água e da nossa Samuel Moreira Barboza: Professor
GÊNERO TEMA DESENVOLVIMENTO ATIVIDADE PROPOSTA de Ensino Fundamental, formado em
COMPLEMENTAR escola.
Pedagogia pela Universidade Estadual do
Texto expositivo Água do século Leitura do texto, roda de Reflexão sobre nossa cidade, Preparação de palestra Ceará (UECE), com pós-graduação em
XXI” (José Galizia conversa. que tem uma famosa fonte de para os colegas e as Psicopedagogia pela Universidade da Aldeia
Tundisi) água mineral. pessoas da comunidade. de Carapicuíba, cordelista.
Texto Jornal com os Leitura de artigo de opinião Fazer cartas para convencer a Fazer cartas para as DEZEMBRO 2009
Paulo Briguet: nasceu em São Paulo
argumentativo artigos de opinião dos jornais e revistas, bem todos sobre a importância de autoridades defendendo Textos de relatos no ano em que o Brasil ganhava o
e cartas. como carta argumentativa cuidar e preservar a escola, o o bosque que faz parte do
tricampeonato mundial de futebol. Mas,
— aquela que defende uma bairro e a cidade. nosso bairro.
como nunca foi bom de bola, resolveu
opinião.
• Observações sempre registradas em um diário escrever. É jornalista em Londrina (PR)
Apresentação Com contos mudo A prefeitura tem um Fomos convidados pela Os alunos apresentaram e autor do livro de crônicas Repórter das
de contos e das minha comunidade programa que se chama Secretaria de Educação a para todos os presentes
de relatos. coisas. Às vezes comete uns poemas. “Carta
ações para a Bairro a Bairro, no qual todas apresentar os contos e o uma roda de capoeira, fruto de Londrina” é uma coluna semanal em
comunidade. as secretarias fazem uma Baú de Histórias nos outros dessa ligação escola–co- que ele fala sobre um mundo que consegue
(18.10.2009) ação em prol da comunidade. bairros onde acontecerá esse munidade. • Diário de leitura para que escrevam sobre o ser pequeno e vasto ao mesmo tempo: o
No nosso bairro, aconteceu programa da prefeitura. A nutricionista, a convite que realmente gostam e não gostam durante as cotidiano.
pela primeira vez, com a nosso, deu nesse dia a
Secretaria de Educação. palestra Alimentação leituras e contos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Fizemos palestras e contos, saudável e aproveitamento
Livro A vida que a gente quer depende do que
além da apresentação do Baú dos alimentos.
a gente faz. (Autores dos textos: Carlos
de Histórias. • Confecção do jornal da própria escola. Eduardo de Carvalho Corrêa, páginas 70 a
73; Manoel de Barros, páginas 88 a 91; José
Galizia Tundisi, páginas 92 a 109), 2007,
• Paródia: “Lixo na rua” — música que relata a Instituto Ecofuturo.
72 A própria comunidade escolar tem feito o inclusive reivindicações e propondo soluções às poluição da água com o lixo (Xote das meninas, de
73
DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard.
levantamento dos problemas sociais e ambien- autoridades competentes por meio do gênero Luiz Gonzaga). Todos cantam. Autor: professor Gêneros orais e escritos na escola. Campinas:
Mercado das Letras, 2004.
tais do município, partindo do próprio bairro carta. Samuel Moreira Barboza.
BAKHTIN, M. “Os gêneros do discurso”.
que sofre de falta de saneamento básico, por Os alunos fizeram uma carta argumen- In: Estética da criação verbal. São Paulo:
exemplo, em alguns trechos. Partindo desses tativa na qual pediam uma visita do enge- Martins Fontes, 2000.
dados, criamos personagens que são capazes de nheiro agrônomo da prefeitura de nossa BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria
de Educação Fundamental. Parâmetros
adquirir a consciência e a mudança de hábitos cidade, para que nos oriente a cuidar me- Curriculares Nacionais – 1.ª a 4ª séries.
tanto na escola como na comunidade, fazendo lhor da nossa horta. Brasília: MEC/SEF, 1997.
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

O pequeno raio de sol Vida de cão Pois o leite de mamãe Grunhia desesperada
E no pântano entrou Sozinho estava bebendo. Mas sozinha ela ficou.
O pai sol toda manhã Somente onde era aberto E logo se emocionou Hoje eu resolvi Porém sempre imaginava
Manda os filhos em missão É que eles iluminavam E pulou de alegria. Minha vida relatar Onde meus irmãos estavam. Ele me levou pra longe
Cada é um raio de sol Entrar no pântano, jamais! Ela é simples e comum E como iam vivendo. Não tive como voltar
Imagine a multidão Pois era difícil demais, Ele nem acreditou Isso eu posso afirmar Era agora o meu dono
E eles vêm com ternura As folhas das árvores tapavam. No que estava acontecendo Mas peço sua atenção Sonhava também com lar De mim começou a cuidar
Clarear a terra escura Pois onde ele ficava Que minha vida de cão E alguém me adotando Tornamo-nos companheiros
Aquecendo nosso chão. Mas para a grande surpresa Tinha uma flor nascendo Quero pra você contar! Ter uma casinha no frio Dois amigos verdadeiros
Um pequeno raio solar Parecia uma criança Um cobertor me esquentando E adoramos brincar.
Imagine a importância Resolveu entrar no pântano Filha da perseverança Eu não sou um cão de raça Comida de qualidade
De cada raio solar Para ali iluminar Que agora está crescendo. Vira-lata é o que sou Ter uma vida de verdade Eu só fico muito triste
Se o sol não existisse Mas foi desacreditado Numa calçada nasci Eu ficava imaginando. Como estou aqui agora
Para nos iluminar E muitas vezes foi falado O pai sol todo contente Mas mamãe de mim cuidou Lembrando de minha mãe
A vida não existia Que não ia adiantar. De seu filho se orgulhava Dos meus seis irmãos também Um dia a minha mãe E de sua triste história
E o planeta ficaria Pois ele não desistiu Sempre cuidou muito bem Quando a rua atravessou Sem ninguém cuidando dela
Sem ninguém pra habitar. Os outros raios solares Quando os outros só zombavam Mas aos poucos isso mudou. Um homem vinha de moto Por ser uma velha cadela
Viviam sempre a dizer Não dava a menor atenção E a mamãe atropelou É na rua que ela mora.
Um exemplo da importância Que ele naquele pântano Ia cumprir sua missão Nasci pequeno e fraco Apesar de ter caído
Que nos traz a luz solar Não teria o que fazer Pois em si acreditava. Fui o último a nascer Ele não saiu ferido Se acaso algum dia
É que em certos lugares Mas ele não desistia Meus irmãos eram mais fortes Só mamãe se machucou. Uma cadela você ver (sic)
Eles não podem entrar E entrava todo dia Do mesmo jeito é a vida Já dava gosto de ver Talvez ainda mancando
Já dá para perceber Pra cumprir o seu dever. Tem que se acreditar Mesmo assim era perfeito Dê-lhe um pouco de comer
Que nem dá pra nascer Mesmo que venha alguém Sendo feliz desse jeito Fiquei sempre ao seu lado Por favor, não a maltrate
Plantinha nesse lugar. Sentia-se solitário Querendo desanimar Eu comecei a crescer. Sem saber o que fazer Diga que tenho saudades
Naquele pântano gelado De seus sonhos não desista! Só ouvia minha mãe Ela vai te entender.
Existia uma floresta O pequeno raio de sol Sempre busque e persista Com os dias as pessoas De fome e dor a gemer
Numa certa região De otário foi chamado Nunca pare de lutar. Foram meus irmãos levando Porque quase sem andar E se você puder
74 A mamãe ficava triste Era difícil encontrar Um cachorro adotar 75
Com árvore de grande porte Por querer a luz levar
Fazendo sombra no chão E sozinho esquentar Mesmo que seja difícil Mas ia se conformando Qualquer coisa pra comer. Adote a minha mãe
E um pântano se formou Aquele chão encharcado. O que você sempre sonhou Pois eles teriam um lar E a ela dê um lar
Pois a terra alagou Lembre quedentro de um pântano Alguém pra deles cuidar Um dia um garotinho É um sonho que ela tem
Era uma alagação. Ao saírem para a terra Nunca nasce uma flor E amor a eles dando. Em seus braços me pegou De ter um dono também
No amanhecer do dia O raio só conseguiu Foi me levando pra casa Para com ele brincar.
E os raios de sol Lá foi o pequeno raio Porque ele insistiu Só restava agora eu Quando mamãe me olhou
Nesse solo não chegavam Para a floresta fria E em si acreditou. Que já estava crescendo Se sentindo abandonada
Instituto Ecofuturo

CUIDANDO DA NATUREZA
Kátia Lúcia Franco

Na leitura, oferecemos a linguagem. A


criança ouve palavras novas e maneiras
ainda não experimentadas de falar, de
colocar as palavras em relação. Sons e
imagens do livro ocupam espaços que
a criança não poderia experimentar so-
zinha ou nas relações cotidianas (...) A
cada nova leitura, bebês de qualquer ida-
de e crianças bem pequenas descobrem
mais as relações entre a palavra que sai

Ilustração: Renan Ferreira Vieira, Centro Educacional Gracinha


da boca de quem lê, as letras no papel e
a imagem das páginas que são lidas.

(Lucila Pastorello, Porque sim não é resposta:


Sete bons motivos para ler para crianças pequenas,
pp. 130-131) 77

OS PASSARINHOS SÃO ASSIM, DE PROPÓSITO: BONITOS NÃO SENDO DA GENTE


(João Guimarães Rosa, Manuelzão e Miguilim)
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

Justificativa Objetivos Conteúdos Curriculares

Geral: • Realização de ações cotidianas para adquirir maior

A
s crianças que frequentam o Centro
Educacional Municipal da Primeira Infância Proporcionar experiências ricas para o autonomia.
(Cempi) ficam aproximadamente nove conhecimento do mundo e também para a
horas por dia sob nossa responsabilidade, formação pessoal e social das crianças. • Escolha de brinquedos, objetos e espaços para
entre educação e cuidados diários. brincar.
Estamos sempre buscando novos conhecimentos
e inovando a cada dia, para que as crianças se sintam Específicos: • Respeito às regras de convívio social.
acolhidas e tenham prazer em vir ao Cempi.
O projeto surgiu pela necessidade de trazer para as • Organizar um ambiente externo com diversas • Incentivar uma alimentação • Participação nas ações de cooperação, solidariedade
crianças de 0 a 5 anos uma experiência e vivência possibilidades de lazer e aprendizado. saudável e a conservação do e ajuda na relação com os outros.
em que haja possibilidade de assumirem pequenas res- meio ambiente.
ponsabilidades, desenvolvendo a autoestima e criando • Estimular o movimento e a exploração de • Plantio e cultivo de verduras e legumes.
condições de conhecerem, descobrirem e ressignifi- diferentes materiais. • Possibilitar que as crianças
carem sentimentos, valores, ideias e costumes. se expressem no mundo do • Estudo da galinha, do galo, dos pintinhos e dos ovos
A área externa do nosso Cempi é privilegiada, com • Observar e cuidar dos bichinhos de estimação, faz-de-conta, representando — cuidados, alimentação e reprodução.
amplo espaço gramado, mas até então pouco aprovei- favorecendo o sentimento de responsabilidade papéis sociais.
tado pelas crianças e pelas educadoras, por falta de e carinho pelos animais. • Integração entre todos os grupos.
propostas bem definidas para essa utilização. • Despertar o gosto
Este projeto tem a intenção de criar envolvimen- • Vivenciar novas experiências de estudo sobre a pela leitura desde bebês, • Leitura diária do acervo do Cempi.
to entre crianças, educadoras, membros da equipe galinha, o galo, os pintinhos e os ovos. escutando histórias
de apoio, dirigentes, familiares e comunidade, atu- diversificadas todos os dias.
ando como parceiros e colaboradores. • Estimular a criatividade, a cooperação e a A ideia da horta e do galinheiro surgiu da
78 Queremos ampliar as possibilidades da área integração entre as crianças. necessidade do contato direto com a natureza. 79
externa, valorizando o meio ambiente, o cuidado Para que não houvesse um rompimento do que
com a fauna e a oportunidade de brincar e intera- • Explorar o ambiente para que possam se relacionar já se faz, com a nova proposta busquei unir
gir com o outro. com as pessoas, estabelecer contato com as plantas. brincar + leitura + natureza, dando oprtunidade
de uma formação global da criança favorecendo
• Cultivar alguns vegetais para que possam o processo de construção da identidade e da
descobrir e observar as mudanças no decorrer autonomia dos alunos e desenvolvendo, assim,
do crescimento. o pessoal e o social de cada um.
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

Metodologia • Degustação das verduras e legumes colhidos da


nossa horta e inseridos nas refeições diárias das
A escolha do local foi definida no grupo.
Como o nosso Cempi é todo gramado, optamos
crianças. pelo espaço em frente às salas do fundo, onde o
mato cresce muito rápido. Com a colaboração do
Os ambientes serão feitos por etapas, dependendo
das disponibilidades das novas parcerias.
Parceria
com a Escola Municipal de Educação Básica Processos Enfatizados departamento de manutenção, foi retirada
toda a grama neste espaço e organizados nove can-
O primeiro passo será uma reunião com os pais Piquitu – escola vizinha teiros para o plantio. Com um pai que trabalha
do Cempi para passarmos a proposta do projeto e • Leitura feita pelos alunos do 3º ano da Emeb para no sítio e entende de plantio, conseguimos adubo
conseguirmos adesões e voluntários. as nossas crianças. e mão-de-obra para preparar a terra.
Quis trazer para meus alunos modelos A elaboração do projeto aconteceu com a par- Em julho, cada sala fez o plantio de um can-
Construção do galinheiro diferentes de leitores, no caso crianças que já ticipação de todos os membros da unidade do teiro. As funcionárias também cultivam um. O
• Parceria com pais e montagem do galinheiro e do sabem ler. A coordenação do Cempi conversou Cempi e teve início no começo deste ano (2009). envolvimento da equipe foi excelente, e várias
alambrado. com a equipe diretiva da escola e professoras para Em seguida. fizemos uma reunião com os funcionárias trouxeram mudinhas para a horta.
• Aquisição das galinhas, do galo e dos pintinhos. realizar esta parceria. Como a escola também faz pais para conseguirmos parcerias e concre- Já virou rotina: as crianças regam a horta de
• Escala semanal para tratar das galinhas (a cada um bom trabalho de incentivo à leitura, a proposta tizarmos este projeto. Iniciamos com um mu- manhã e, antes da saída, no período da tarde, es-
semana uma sala ficará responsável). foi aceita. Em duas semanas de trabalho com os alu- tirão para a construção do galinheiro — foram tão observando o crescimento das plantinhas
• Escolha do nome dos animais. nos, houve a escolha dos livros — selecionados de em média cinco finais de semana para o término. e registrando com desenhos. Estamos espe-
• Músicas, textos, histórias e poesias relacionados acordo com o interesse da faixa etária das minhas Várias famílias colaboraram doando a galinha, rando ansiosamente o tempo da colheita!!
ao tema galinheiro. crianças — e leitura prévia, para familiarizarem-se o galo e até pintinhos. Também recebemos em A leitura para as crianças já é habitual:
• Estudo e pesquisa sobre a galinha. bem com as histórias. A proposta foi um sucesso: doação sacos de milho e quirera de uma fábrica todos os dias, no mesmo horário, as educa-
• Desenho de observação dos animais. cada aluno da Emeb leu um livro para uma ou próxima ao nosso Cempi. doras leem diferentes tipos de textos.
• Culinária utilizando os ovos das nossas galinhas. duas crianças do Cempi; espalhamos as duplas A mãe de um aluno fez uma placa com uma Com este projeto, pensamos na integração com
• Confecções com materiais recicláveis. ou trios pelo pátio para que não atrapalhassem os galinha pintada e a escrita “Galinheiro”; outros os alunos da Emeb próxima ao nosso Cempi. Os alu-
outros grupos. Todos ficaram atentos e entusias- pais doaram os potes para água e milho. O gali- nos do 3º ano A e B já vieram nos visitar no primeiro
Horta mados com a visita. nheiro foi inaugurado em junho de 2009 e não semestre. Cada aluno levou uma história e leu
• Colaboração de pais que conheçam a construção Quando acrescentei as propostas de leitura tem data para encerrar. para nossas crianças — experiência que preten-
de uma horta e nos orientem nesse processo. neste projeto, tive a intenção de dar continuidade A equipe de apoio confeccionou um polei- demos repetir no segundo semestre, porque todos
80 • Parceria com departamentos da prefeitura, ser- ao que já estava sendo realizado efetivamente ro e caixa de madeira para servir de ninho, que gostaram muito: o 3º ano se sentiu importante e 81
viços e manutenção, para retirada do gramado e dentro do Cempi como atividade permanente e será montado com a palha seca que as próprias responsável pela leitura, e as nossas crianças
divisão dos canteiros. inserindo novas oportunidades de vivências e crianças foram colher. Toda a equipe ficou muito ficaram atentas e admiradas pelas histórias.
• Cada sala ficará responsável por um canteiro: experiências para as crianças. empolgada com o projeto. As integrações com todos os grupos na área ex-
alface, rúcula, cebolinha, salsa, couve, beterraba, As crianças adoram tratar das galinhas, ou- terna acontecem semanalmente. Cada grupo fica
cenoura, tomate, berinjela, hortelã, repolho e Integração entre os grupos do Cempi vir o galo cantar, procurar ovos e observá-los. responsável por montar e organizar um cantinho
abobrinha. Nas laterais dos canteiros plantare- Toda sexta-feira, integração entre as salas na área Vencida a primeira etapa partimos em busca de de brincadeira para que todos possam usufruir
mos girassóis. externa com cantinhos de brincadeiras ou jogos. ajuda para a construção da horta. deste espaço.
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É interessante observar as crianças mais livros, como, por exemplo: A galinha ruiva, A rapo- Concordei com Eugênio Scannavino: não po-
velhas cuidarem dos menores e dos bebês. sa e o galo, Velhinhas e galinhas, A galinha dos ovos de demos ficar parados; temos de agir, porque é através
Há uma grande harmonia no grupo. Os cantinhos ouro, Brasileirinhos, Feito bicho, Poesia fora da estante e de ações concretas como a horta e o galinheiro que
são bem diversificados e atrativos: com cabana, ca- História com poesia, alguns bichos e cia. Para enfatizar as crianças aprenderão a cuidar e preservar os ani-
sinha, salão de beleza, cama de gato, bola ao cesto, a horta, fiz a leitura do O grande rabanete, João e o mais e a natureza. São ideias simples, mas que farão
argila, pintura, fantasias, fantoches, pneus, cons- pé de feijão, Quem vai jantar com Ceci?, A alimentação, a diferença para elas. Cada um fazendo sua parte as
trução, upa-upa, histórias com tapete e almofadas, Nicolau tinha uma ideia, As dez lagartas e outros. Ao mudanças acontecem.
com diversas opções de leitura. utilizá-los busquei relacionar com alguns conte- Atitudes saudáveis — como lavar as mãos, es-
Este projeto tem término previsto para o início údos do projeto (plantio, cuidado, cultivo, boa covar os dentes, alimentar-se bem, não desperdiçar
de 2010, mas faremos uma avaliação processual alimentação, galinha, galo e ovos). Além dessa água — são ações do nosso cotidiano. Muitas vezes
com toda a equipe para analisarmos os resultados ênfase, procuro despertar nas crianças o prazer as crianças ensinam a seus pais bons hábitos adquiri-
e, se for o caso, retomarmos a ideia numa nova em ouvir histórias, para que futuramente sejam dos dentro do Cempi.
perspectiva para o próximo ano. bons leitores e saibam apreciar o que os livros A sustentabilidade é o que busco ensinar para as
nos trazem de melhor. No meu Cempi, o acervo é crianças através de pequenos gestos diários, porque,
pequeno; estamos buscando ajuda para ampliá-lo. se cada um fizer a sua parte e passar esta ideia a ami-
Seja você mesmo a mud ança que você Da nossa pequena biblioteca fazem parte livros
dos autores Ana Maria Machado, Ruth Rocha,
gos e familiares, com certeza teremos ganhos hoje e
futuramente.

gostaria de ver no mundo. Carlos Drummond de Andrade, Ziraldo, Irmãos


Grimm e outros.
O amor pela leitura da autora Betty Mindlin me
emocionou e é com este amor que procuro ler para
Como o Cempi atende crianças de quatro meses meus alunos, buscando dar vida aos personagens, le-
— Mahatma Gandhi a cinco anos de idade, não pude trabalhar com os vando-os para o mundo da fantasia e da imaginação,
textos de A vida que a gente quer depende do que a gente porque abrir um livro é começar a sonhar.
Temos a intenção de organizar um vídeo com cê-los melhor antes de fazer a leitura para as crianças. faz diretamente com as crianças, mas fiz um elo A partir das perspectivas geradas com essas leitu-
todas as etapas do projeto para apresentarmos na Acreditava que meus alunos não seriam capazes de entre a teoria desse livro com a prática do projeto ras é que procurei conduzir, diariamente, o trabalho
reunião de pais para o encerramento do ano. entender as histórias de livros com bons conteúdos Cuidando da natureza. de leitura com os alunos do Cempi.
Participamos, no ano de 2008, do programa For- textuais, por terem apenas dois anos de idade, mas Selecionei alguns autores que culminam
mar em rede, do Instituto Avisa Lá, no qual toda a fui surpreendida, porque a cada dia as crianças se com minha intencionalidade no projeto. “Livros são como sementes, corações e men-
82 equipe do Cempi ajudou na elaboração do projeto mostravam mais interessadas em ouvir as histórias, O texto de Moacir Gadotti traz para a realida- tes como terreno fértil”. 83
institucional com o tema “leitura”. No ano anterior, lidas todos os dias no mesmo horário e local. Nesse de das crianças do Cempi um sonhar com um mun- — Edrian J. Pasini
o tema havia sido “brincar”. Ambos não foram “horário nobre de leitura”, deixei de inventar ou re- do possível e novas possibilidades para o futuro.
encerrados no ano em que recebemos a formação, duzir a história e passei a ler os textos na íntegra. Carlos Eduardo C. Correa escreve sobre a
porque estamos dando continuidade e agregamos criança respeitando a si mesma e respeitando os REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Ao elaborar o projeto atual, Cuidando da na-
LIVRO: A vida que a gente quer depende do que a gente faz.
novos conhecimentos e desafios. tureza, quis contemplar dentro deste “horário outros, amando a si mesma e os outros, tendo uma • Moacir Gadotti – p. 62.
Aprendi com este projeto de leitura a planejar estreita relação com a educação que buscamos ofe- • Carlos Eduardo de Carvalho Corrêa – p. 72.
nobre de leitura” poemas e textos relacionados
• Eugênio Scannavino – pp. 85, 86, e 87.
uma roda de leitura, selecionar bons livros e conhe- ao galinheiro e à horta. Para isso, utilizei alguns recer para nossas crianças desde bebês. • Betty Mindlin – pp. 117, 118, 119 e 120.
Instituto Ecofuturo

TRABALHANDO EDUCAÇÃO
AMBIENTAL NA INFÂNCIA
Raona Denise Pohren

Não sei se as crianças, ao crescerem,


invejarão o caminho já pisado por nós.
Suponho que nossa maneira de exercer o
poder as faça buscar outras passagens (...)
Ler nas letras dos jovens o ímpeto pelas
mudanças, encontrados nos pequenos
objetos do seu entorno, é alimentar-se
Ilustração: Pamela Santos Paulo, Centro Educacional Gracinha

de esperança. Mais que nunca, é neces-


sário abrir passagem para que os mais
jovens reinventem nosso planeta.

(Bartolomeu Campos de Queirós,


Por ser criança, p. 154)

85

TODOS QUEREM SER PASTORES/ QUANDO ENCONTRAM, DE MANHÃ/


OS CARNEIRINHOS/ ENROLADINHOS/ COMO CARRETÉIS DE LÃ.
(Cecília Meireles, Os carneirinhos)
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M e t o d o l og i a

Justificativa Objetivos Eixo Temático: O que sabemos sobre


o meio ambiente?

• Levantamento dos dados, através da escuta sobre


o que os alunos entendiam sobre o meio ambiente.
• Sensibilizar os alunos e a comunidade escolar • Hora do Conto: “Vamos abraçar o mundinho”, de

D
e acordo com o Referencial Curricular Condizendo com as citações levantadas:
Nacional (vol. 3, p. 163), “o mundo a reduzir a produção de lixo e o desperdício de Ingryd B. Bellinghausen.
onde as crianças vivem se constitui em • Reconhecer a si próprio como parte integrante água nos ambientes em quais estão inseridos • Confecção dos “bonecos” que compunham a
um conjunto de fenômenos naturais e responsável pelo meio ambiente. (escola e casa). história, com reprodução gráfica sobre as ações que
e sociais indissociáveis diante do qual elas se cada turma se comprometeria a realizar para/com
mostram curiosas e investigativas. Desde muito • Adotar postura na escola, em casa e em • Realizar campanhas de preservação o meio ambiente, abordando juntamente os “Dez
pequenas, pela interação com o meio natural e sua comunidade que os levem a interações ambiental e de reutilização de resíduos sólidos, Mandamentos do Meio Ambiente”.
social no qual vivem, as crianças aprendem sobre o construtivas, justas e ambientalmente percebendo que materiais de sucatas podem
mundo, fazendo perguntas e procurando respostas sustentáveis. ser reutilizados para a construção de novos
às suas indagações e questões”. Também o livro A utensílios. Eixo Temático:
vida que a gente quer depende do que a gente faz, mais • Sensibilizar a comunidade escolar para a Água, preservar para não faltar!
especificamente no capítulo “Educar para uma responsabilidade de cada um na conservação e • Capacitar os alunos e a comunidade escolar
cultura de sustentabilidade”, nos traz a ideia de preservação do meio ambiente. para a atuação qualificada na redução dos • Teatro de fantoches com personagens que
que devemos educar para formar uma consciência impactos causados aos corpos d’água da tratavam sobre a questão da preservação da água.
planetária, uma ideia de que todos somos seres • Formar monitores ecológicos cientes dos malha hídrica do Rio dos Sinos (RS) através • Visualização de painel sobre o ciclo da água.
da Terra e que devemos cuidá-la. Pensamos em problemas ambientais, buscando uma melhor da Formação de Multiplicadores do Projeto • Construção, com o Jardim II B, do livro sobre o
elaborar um projeto sobre Educação Ambiental na qualidade de vida para o presente e o futuro. Dourado. ciclo da água.
Infância, no qual foram abordadas gradativamente • Confecção do Livrinho da água.
86 atividades que desenvolveram hábitos e atitudes • Realizar passeios com os monitores ecológicos • Sensibilizar os alunos a respeitarem toda 87
críticas, despertando a curiosidade sobre a durante o desenvolvimento do projeto, forma de vida, seja ela humana, animal ou O Livrinho da água foi confeccionado a partir
diversidade e a pluralidade dos fenômenos e vivenciando, dessa forma, momentos de vegetal. da entrega de desenhos xerografados sobre o uso
acontecimentos do mundo social e natural, reflexão, interação e conhecimento de espaços da água para pintura e discussão sobre as ações
contribuindo, assim, para construir uma educação naturais e sociais, bem como de eventos que corretas e incorretas de utilização da água. Após os
sustentada de que o mundo é um todo e de que, se abordem questões ambientais. alunos terem pintado os desenhos, as educadoras
cada um fizer sua parte, tornaremos nosso mundo recolheram o material, recortaram (para os alunos
melhor para se viver. menores) e grampearam uma capa, formando, assim,
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alegrar a Terra? (sobre a preservação do planeta em teve o seguinte texto: “vejam o quanto de lixo • Exposição de painéis que abordavam a
Os livros referentes a este eixo temático são todos os sentidos: redução de resíduos, animais em encontramos na nossa caminhada ecológica! questão ambiental, confeccionados por todas
artesanais, confeccionados com diversos materiais extinção, cuidados com os rios...). Esse lixo foi produzido pela nossa comunidade as turmas da escola (Berçário I a Jardim II).
(papéis, revistas, giz de cera, entre outros). O livro • Aplicação das tatuagens da Gotinha da Corsan, e jogado na natureza. Será que isso é legal?!?
sobre o ciclo da água, construído com a turma simbolizando o fechamento do tema. Nós fazemos parte dessa natureza e precisamos • Cine-fórum: apresentamos filmes diversificados
de Jardim II B, foi criado a partir do interesse
preservá-la!! Junte-se a nós nesta campanha”. — um para cada faixa etária — que abordavam a
dos alunos, que surgiu após termos contato a
Alunos da Pedacinho do Céu. Essa exposição questão ambiental e depois tivemos uma conversa
história A gotinha Plim Plim, que enfatiza o ciclo A Corsan é a companhia que abastece nosso
ficou uma semana no saguão da escola para sobre o que foi visto. Os filmes vistos foram: Lição
da água na natureza. Alguns alunos disseram município de água. A aplicação da tatuagem da
visualização de todos da comunidade que de mestre, A invasão e Ferngully: as aventuras de Zack e
que queriam desenhar o que foi falado e, quando Gotinha simbolizou o encerramento do nosso
frequentam a escola. Os alunos levavam seus Crysta na floresta tropical.
todos tinham terminado, uma aluna disse que projeto: Água — preservar para não faltar!, já
era “legal” colar todas as folhas para fazer um
familiares para olharem e diziam que foi na
que nosso público-alvo (crianças de 0 a 6 anos)
livro para todos olharem — e foi assim que
casa tal que encontraram tal coisa, dizendo • Posse dos monitores ecológicos.
se encontra na fase do simbolismo, do lúdico,
criamos o livro sobre o ciclo da água. que tinha de avisar seu vizinho que não era Monitores ecológicos são um grupo de 20
e, a partir da doação dessas tatuagens, pela
legal jogar na calçada aquele lixo, porque alunos da turma do jardim II (faixa etária de 5
companhia de água, pensamos em aplicá-las nas
crianças para tornar lúdico e significativa nossa
estava poluindo o ambiente. Foi percebido que anos), ou seja, da última turma da educação infantil
um livrinho com o formato de uma gota d’água para aprendizagem sobre a água. os alunos começaram a perceber mais onde (alunos que estão saindo da escola), que recebem
as crianças manusearem e mostrarem para seus depositavam seus resíduos e os pais diziam formação e certificação pela prefeitura municipal
amigos e familiares. que já estavam chamando a atenção até da e pelas secretarias de meio ambiente e educação,
• Hora do Conto — A gotinha Plim Plim, de vizinhança. Percebemos, então, que os alunos durante o ano todo, sobre as questões ambientais.
Gerusa Pinto. foram sensibilizados, a partir da caminhada, a Portanto, é um grupo de alunos escolhidos pelas
• Construção de painéis com os Jardins II, Eixo Temático: cuidarem melhor da sua comunidade. educadoras ambientais para serem multiplicadores
abordando a questão do desperdício da água e Nós, da Pedacinho do Céu, estamos das questões ambientais para as demais crianças
suas utilidades. Os alunos registraram, através de unidos para preservar o meio ambiente! • Entrega do selo ecológico, devido à coleta da escola, como também para a comunidade
desenho, a realidade de suas casas. seletiva realizada pela escola. escolar. Esses discentes fazem saídas de campo,
• Visualização do globo terrestre, para observação • Programação Especial Em Comemoração O selo ecológico é uma premiação anual da cuidam da horta escolar, participam de campanhas
da quantidade de água que compõe nosso planeta. Ao Dia Do Meio Ambiente. prefeitura municipal, juntamente com a secretaria ambientais, “fiscalizam” o uso de energia e água na
• Experiência da água, observando, através dos de meio ambiente, oferecido a todas as instituições escola e em casa; enfim, são alunos que divulgam a
88 sentidos, se possui cor, cheiro e sabor. • Caminhada ecológica municipal com os de ensino e demais segmentos do município, por ideia de preservação ambiental por onde passam. 89
• Músicas trabalhadas: Planetinha Água (Beto monitores ecológicos e demais alunos do fazerem a coleta seletiva (separação dos resíduos e A formação de monitores ecológicos, iniciativa
Hermann) e Cuidando da natureza. Jardim II. destinação correta), bem como serem responsáveis dos órgãos municipais citados anteriormente, se
• Confecção de bilhetes de sensibilização para A partir da caminhada em torno da pelo cuidado do meio ambiente. estende também aos outros ciclos, tendo como
entrega aos responsáveis, envolvendo, assim, a escola, fizemos uma exposição dos resíduos critério escolher 20 alunos “formandos”, ou seja,
comunidade escolar. encontrados, enfatizando que esses resíduos • Plantio de mudas de flores e ervas sempre da última turma da escola (Educação
• Ensaio e apresentação de teatro: A gotinha feliz foram produzidos pela comunidade escolar e medicinais trazidas pelos alunos e plantadas Infantil: Jardim II; Anos Iniciais: 4ª série; Anos
(sobre a questão de preservação da água) e Vamos não tiveram um destino correto. Essa exposição por alguns pais da comunidade escolar. Finais: 8ª série).
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• Caminhada ecológica da escola: todos os A assessora pedagógica de Educação Ambien- formação com vídeos e debates, como também a qualidade da água que possuímos na malha hí-
alunos caminharam em torno da escola, tal, Iara Pacheco atua na Secretaria de Educação por saída de campo até um trecho da malha hídri- drica que perpassa por nosso município (no caso,
observando o meio ambiente ao redor. e Esporte de nosso município, disponibilizando ca (arroio) para verificar, refletir e discutir sobre o arroio Sapucaia, próximo à escola) e também a
um suporte pedagógico aos educadores da rede os caminhos para a solução das questões relacio- situação do entorno dessas águas. Como foram
• Apresentação para a escola da turma do municipal. No dia de sua visita à nossa escola, foi nadas à qualidade e quantidade das águas da bacia poucas as crianças nessa prática, a aluna que era
Jardim I: Vamos alegrar a Terra?. solicitado que conversasse com os alunos sobre hidrográfica do Rio dos Sinos, bem como sobre os monitora ecológica e acompanhou todo o proces-
o meio ambiente em geral. Então, ela trouxe um impactos acerca do rio. so ficou responsável em relatar sua experiência
• Apresentação para a escola da turma do material em Power Point sobre a água e o apre- No presente projeto, os multiplicadores servi- aos demais colegas da escola. Então, ela expôs,
Jardim II: A gotinha feliz. sentou no laboratório de informática, utilizando ram para verificar e analisar nossa realidade (como de forma emocionante e indignada, tudo o que
o computador; também trouxe algumas imagens está o entorno da nossa escola), como também visualizou indo até o arroio; enfatizou bastante
• Construção de brinquedos e instrumentos de revistas com pessoas destinando seus resíduos para divulgar os conhecimentos adquiridos para a quantidade de lixo na beirada das águas e que
musicais com o Berçário II, utilizando incorretamente e falou sobre a questão dos re- as demais pessoas da comunidade escolar. descia com a correnteza e também que não foi en-
sucatas arrecadadas na comunidade escolar. síduos. Foi de grande valia sua exposição para a • Assistir a vídeos ilustrativos sobre o Projeto contrado nenhum peixinho, mas somente muitas
Os instrumentos foram construídos pelas crianças aprendizagem dos alunos. Dourado, abordando a questão do Rio dos Sinos: “minhocas pequenas vermelhas” (cientificamente
com a ajuda das educadoras. Por se tratar de crianças Água para beber, água para viver; A nascente os chironomidaes, bioindicadores de poluição),
pequenas, levamos todos os materiais para a sala, co- • Inauguração do Cantinho Verde do Meio do Rio dos Sinos; O Rio dos Sinos na planície; por causa da sujeira.
locamos tudo (pedras, latas, garrafas, tampas, tinta...) Ambiente — um local na entrada da escola no Recursos hídricos e O papel da comunidade. • Hora do Conto: “O peixe dourado”, de Arno
no chão ou na mesa, dependendo da construção, e qual são expostas notícias, reportagens e materiais • Reprodução gráfica: Rio dos Sinos limpo x Rio Kayser, e “O peixinho Ploc” (adaptação do
íamos elaborando aos poucos um por um, enquanto sobre o meio ambiente, bem como plantinhas. dos Sinos sujo. Semae).
os demais manuseavam os objetos. Por mais que • Criação de peixe dourado: cada aluno
sejam crianças muito pequenas, conforme escrito participante do projeto criou seu “peixe”.
na avaliação, não temos respostas imediatas, porém Eixo Temático: • Após assistir aos filmes, foi solicitado que cada Eixo Temático:
nosso “termômetro” são os pais, e esses nos trazem a Multiplicação do Projeto Dourado aluno desenhasse uma utilidade da água. Conversando sobre o lixo...
informação de que tal aluno não pode ver uma garra- • Relato de experiência da aluna que participou
fa que coloca algo dentro para sacudir; outro via um • Explicação do que é o Projeto Dourado e o da prática no arroio Sapucaia, juntamente com • Hora do Conto: “Que lixo é esse?”, de Karen
rolinho de papel higiênico e colocava diante do olho, porquê de nossa escola estar participando. sua mãe. Ela contou aos seus colegas tudo o Mendes Santos.
para ver as coisas. Isso demonstra que o objetivo foi O Projeto Dourado é um projeto de capacitação que visualizou nas águas no rio de lixo (móveis, • Visualização de painéis Cidade limpa/Cidade
90 alcançado: mostrar para os alunos da mais tenra idade pelo método de multiplicadores, consubstanciado objetos, restos de comida, vestimentas...). suja, pelos quais os alunos puderam observar como 91
que podemos construir brinquedos com materiais que na pesquisa científica, para a atuação qualificada A prática no arroio Sapucaia foi a saída de é diferente uma cidade em que todos cuidam e
temos em casa (reaproveitamento de materiais). da comunidade local na redução de impactos campo realizada por alguns alunos juntamente outra em que todos jogam lixo no chão.
causados aos corpos d’água da malha hídrica do com seus pais, também com todos os segmentos • Registro e diálogo sobre a história — conver-
• Exposição de materiais visuais pela Rio dos Sinos (rio que banha 32 municípios no Rio da escola (educadoras, serventes, equipe diretiva, samos sobre o que acontece com o lixo quando
assessora pedagógica Iara Pacheco, Grande do Sul). Os multiplicadores (que servem funcionárias), bem como alguns interessados da não o colocamos no local certo.
assessora do Meio Ambiente, para as turmas como divulgadores, repassadores dos conheci- comunidade escolar, após a formação do Projeto • Caminhada ao redor da escola, observando e
do Jardim II. mentos adquiridos) são pessoas que recebem uma Dourado. Essa prática serviu para verificarmos recolhendo alguns lixos encontrados.
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• Exposição e diálogo sobre o lixo encontrado, Eixo Temático: e a responsabilidade para/com o meio ambien- Dessa forma, entendemos que o resultado final
enfatizando que esse lixo foi produzido pela Trabalhando reciclagem na infância te, abordando de forma lúdica assuntos muito deste projeto será alcançado em longo prazo, já que
nossa comunidade e não teve um destino importantes que norteiam a questão ambiental, se trata de crianças pequenas. Portanto, a resposta
correto. • Hora do Conto: “Os coelhinhos da reciclagem”, tais como: preservação e cuidados com a água; não é imediata; estamos plantando sementinhas de
• Jogo das Fichas — esse jogo consistia em de Ingryd B. Bellinghausen. redução, destinação e impactos causados pelos sensibilização e temos a certeza de que, no futuro,
separar as fichas que continham diversas • Construção de instrumentos musicais, jogos e lixos; reaproveitamento de materiais, entre ou- essas “plantinhas semeadas” germinarão e trarão
gravuras de alimentos e outros objetos nas brinquedos com materiais de sucatas. tros. Todos os benefícios que pensamos talvez ótimos benefícios à nossa natureza.
“lixeiras” do lixo seco ou orgânico. • Ornamentação da escola, utilizando materiais não sejam alcançados neste momento, devido à
• Construção das lixeiras (painéis) com recicláveis com, o tema Primavera. pouca idade dos alunos, porém, da forma que Benefícios relacionados dentro
as turmas de Jardins, em que os alunos • Visualização de fichas com variados tipos de já estão dando retorno, sensibilizando seus res- de alguns dos seguintes itens:
recortavam gravuras de encartes e deveriam flores. ponsáveis, com certeza colheremos bons frutos
colar na lixeira correspondente. • Visita ao Jardim Botânico, com o objetivo de no futuro. a) Utilização racional dos recursos naturais
• Atividade: O Rio da Solidariedade consiste visualizarem a flora e a fauna existentes naquele — quando abordamos a questão do uso da água e
em uma brincadeira na qual os alunos se espaço. Testes realizados reduzimos consideravelmente seu uso, principal-
juntam para conseguir salvar o Rio dos Sinos, Devido ao fato de o projeto ser para alunos de mente no espaço escolar.
ou seja, o objetivo é retirar o lixo de dentro Área e local de atuação no municí- Educação Infantil (de 0 a 6 anos), conseguimos
do rio, sendo solidários uns com os outros. pio de Esteio algumas respostas através do retorno dos pais, que b) Prevenção de danos ao meio ambiente —
• Jogo da Coleta Seletiva — esse jogo consiste As atividades foram desenvolvidas na escola e relatam que seus filhos cobram sobre o uso correto com os cuidados por parte dos alunos com a flora e
em entender, de forma lúdica, como se em seus arredores, bem como em locais em que da água durante o banho e outras ações: o destino a fauna existentes na escola e seus arredores, veri-
separam os resíduos (lixo), demonstrando participamos de eventos ou visitas, tais como: do lixo (nas lixeiras e não no chão), além de outros ficamos diminuição das depredações nos jardins e
que existem lixeiras de cores diferentes para caminhada ecológica municipal pelas ruas do mu- relatos sobre reaproveitamento de embalagens, bichinhos neles encontrados.
acondicioná-lo e que, dessa forma, se ajuda na nicípio, caminhada ecológica da escola no bairro cuidados com os animais e plantas.
preservação do meio ambiente. Jardim Planalto, visita ao Jardim Botânico, cam- c) Minimização do uso de recursos naturais
• Registro do Jogo da Coleta Seletiva, panhas na comunidade escolar, atuação de alguns Público envolvido — novamente, a questão da água e de energia,
no qual pudemos perceber que os alunos membros da comunidade (educadoras, pais, alunos Alunos de Educação Infantil (de 0 a 6 anos), to- pois percebemos na conta de água e luz a redu-
compreenderam como se separa o lixo. e demais interessados) no arroio Sapucaia (trecho talizando em torno de 180 alunos; pais; educadoras; ção dos gastos. Portanto, diminuíram o consumo
• Jogo da Memória dos Bichos — é um jogo pertencente ao nosso bairro). funcionários e comunidade escolar. na escola.
92 de memória confeccionado pelos alunos do 93
Jardim II B com alguns animais. Esse jogo foi Descrição dos benefícios Resultados finais d) Conscientização — sensibilizando nossos alu-
aplicado em todas as turmas da escola (B I e ao meio ambiente Percebemos que as questões que envolvem o nos para que sejam multiplicadores em sua comu-
J II), nos quais trabalhamos as questões dos Segundo Gerusa Pinto, “a educação ambien- meio ambiente estão cada vez mais incorporadas nidade. O objetivo maior é sensibilizarmos esses
sons, movimento e habitat. tal não deve ser tratada como algo distante do na rotina escolar. Em virtude da real situação do alunos desde pequenos, para que incorporem em
cotidiano dos alunos, mas como parte de suas planeta Terra, torna-se fundamental e necessária a suas ações o cuidado consigo e com o meio am-
vida...”. Pensando nisso, o presente projeto bus- formação de cidadãos com posturas ecológicas e biente. Assim, construiremos um mundo melhor
ca, através de atividades contínuas, o respeito cientes de seus deveres. de se viver.
Instituto Ecofuturo

Por um mundo melhor


Oséias Joaquina Laureano Domingues

...procure prestar atenção em tudo o


que o cerca, em todos os que passam e
o veem, as pessoas com as quais você
conversa, também aquelas que apenas
ouvem sua voz, preferindo o silêncio,
atitude que não deixa de ser uma forma
de interagir com você.

(Heloísa Prieto, Se você quiser


ganhar um presente, p. 227)

Ilustração: Silas de Melo, Centro Educacional Gracinha


95

“GOSTARIA DE CONHECER O OUTRO,/ SABER COMO ELE ME VÊ!/ TALVEZ MEU ENCONTRO COMIGO
MESMA/ DEPENDA DE UMA OPINIÃO/ OPINIÃO DO MUNDO ONDE EU VIVO”
(Débora Cristina Ramos, 13 anos. Poema usado como epígrafe para “Violência e orgulho”, de Yves de
La Taille, p. 219 de A Vida que a gente quer depende do que a gente faz)
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Justificativa Objetivos C o n t e ú d o s C u r r i c u l a r es

A
nualmente, no mês de comemoração do • Adotar atitudes de respeito pelas Nos últimos anos a escola tem
Dia Internacional do Meio Ambiente, diferenças entre as pessoas, ampliando o procurado abordar os conteúdos Conteúdos curriculares já desenvolvidos
uma atividade diferente tem sido proposta convívio na sociedade. curriculares de forma contextu-
pela Secretaria Municipal de Educação às alizada e interdisciplinar. Temos
escolas da rede pública municipal de Atibaia. Em 2009 • Utilizar o diálogo como instrumento para trazido o máximo possível a Língua Portuguesa Ser humano,
a atividade foi norteada pelo livro A vida que a gente quer esclarecer conflitos, dúvidas e soluções para os realidade no entorno da es- Leitura de textos do livro A vida saúde, tecnologia
que a gente quer depende do que a gente e sociedade
depende do que a gente faz. Todas as escolas receberam problemas encontrados. cola para dentro da sala de
faz. Debate sobre as leituras,
exemplares do livro e, a partir dele, desenvolveram aula, trabalhando informações interpretações orais, registro • Alimentos industrializados e
atividades específicas para cada faixa etária, envolvendo e observações concretas. Procu- através de desenhos e produções naturais.
• Perceber-se integrante da sociedade, sendo
• Cuidando do ambiente (destino
diferentes disciplinas e temas transversais. um agente transformador do meio no qual vive, ramos não limitar os conteúdos escritas.
do lixo).
Os segundos anos trabalharam com o texto “Se capaz de mudar hábitos adquiridos. a simples temas, imaginários,
você quiser ganhar um presente”, de Heloisa Prieto. mas fazer com as crianças per- Ciências Matemática
Foi proposto que as crianças observassem os cole- • Estabelecer relações entre o homem cebam que os conhecimentos de Vida e ambiente • Criando tabelas e gráficos
gas, o bairro, a própria rua e a casa, fossem levadas e o meio ambiente, percebendo que todos História, Geografia e Ciências sobre os assuntos estudados
• Elementos que compõem o
a “apurar o olhar” e perceber tudo o que existe no dependem uns dos outros para sobreviver. que estão nos livros podem — a ambiente (seres vivos e não (peso, altura, tempo de vida,
espécies dos animais, alimentos
ambiente mais próximo — lugares e pessoas, que partir do trabalho do professor vivos).
• Agrupamento dos seres em industrializados e naturais,
muitas vezes se tornam quase “invisíveis”. • Formular perguntas, suposições e soluções aos — favorecer a compreensão da preços dos alimentos, alimentos
reinos: animal, vegetal e mineral.
Neste contexto foi desenvolvido, então, com 27 assuntos estudados. realidade. A observação do • Variedade no reino animal, o de origem animal, vegetal e
alunos do 2º ano A da EMEF Serafina de Luca Cherfen, ambiente e da vida provo- ciclo da vida, animais vertebrados mineral).
e invertebrados. • Situações com problemas que
o projeto Por um mundo melhor. A partir da leitura cada pelo texto de Heloísa envolvem os conteúdos acima.
• Seres ameaçados de extinção
do texto, resolvi dar continuidade ao conteúdo, pois Prieto veio enriquecer esta — fatores que levaram à extinção
os alunos tiveram grande interesse nas observações proposta de trabalho. e formas de proteção. História e Geografia
do ambiente, principalmente nos problemas en-
96 Universo e Terra O ambiente no qual 97
contrados ao redor da escola. O rio que passa
• A importância do Sol para a vivemos
ao lado da escola encontra-se muito sujo, cheio de
manutenção da vida, radiações • Minha casa.
lixo e sem vida. Considerei importante realizar uma solares. • Nosso Bairro.
série de atividades interdisciplinares com o intuito de • Movimentos de rotação
fazer com que os alunos compreendessem o ambiente (observação do dia e da noite).
Arte
urbano onde estão inseridos e reconheçam que cada Registro das atividades através de
ser é um agente transformador, capaz de mudar pinturas, colagens e desenhos.
o mundo no qual vivemos.
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O texto leva os leitores a perceberem detalhes riam saber mais e mais: como se alimentavam
do seu dia-a-dia. Pedi que as crianças observassem e como viviam dentro ou fora de seu habitat. Com
Conteúdos curriculares os arredores da casa onde moram e o caminho para a realização de pesquisas na internet e em revis-
em andamento a escola: que tipos de comércio existem — farmá- tas (Ciência Hoje), acabaram descobrindo sobre o
Metodologia cias, mercados, escolas, lojas... Perceberam coisas
que nunca haviam parado para observar.
tráfico e a extinção de alguns animais. Fizemos
muitas leituras sobre a extinção dos animais,
Ciências Aproveitei, então, para estudar com o grupo a descobrimos como são tratados e contrabande-
Vida e ambiente forma de localização no espaço geográfico: endere- ados e que, inclusive, muitos acabam morrendo
ço (rua, número, ponto de referência, perto/longe) antes de chegarem ao seu destino.
• A importância dos animais para os seres
humanos na alimentação, no vestuário e no
Após a leitura do texto “Se você quiser ganhar e a história do nome da rua onde moram. Pedi que Aproveitei o interesse dos alunos e pedi que
transporte. um presente” (Heloisa Prieto), iniciamos uma observassem a rua: o movimento, se a rua é pavi- confeccionassem diferentes maquetes de
• Animais herbívoros, carnívoros e onívoros. conversa sobre a importância da observação do mentada, curta, estreita, arborizada, se tem sina- habitats, da seguinte forma: dividi a classe em
• Animais aquáticos e terrestres. nosso dia-a-dia. Concluímos que todos os seres lização, iluminação e coleta de lixo. Aprenderam a quatro grupos e pedi que utilizassem uma caixa
são integrantes de um mundo chamado Terra e diferenciar rua e avenida através da observação de para montar um cenário. Dois grupos deveriam
Universo e Terra
que cada ser é essencial para a manutenção do uma rua e uma avenida perto da escola e compreen- representar um habitat natural, e os outros
• Sol e radiações solares. seu equilíbrio. Através das observações diárias deram o que é bairro e cidade. Está em andamento dois, um habitat não natural. Nessa atividade os
• Importância do sol como fonte de vida e calor. de como são as pessoas, anotando suas caracte- uma pesquisa sobre o nome do bairro e o estudo alunos perceberam que os animais ficam “mais
Ser humano, saúde, tecnologia e rísticas físicas, suas semelhanças e diferenças e o da história do município através do Almanaque de bonitos” no habitat natural, ficando tristes e
sociedade modo como vivem, compreenderam que cada ser Atibaia. Iniciamos uma pesquisa sobre como doentes no habitat não natural, na maioria das
• Origem dos alimentos (animal, vegetal e mineral). humano é único e que devemos respeitar a indivi- a cidade era antes e como é hoje, sobre as vezes enjaulados.
• Cuidados com a água e com os alimentos. dualidade de cada um. mudanças e as transformações sofridas no Outro momento interessante provocado pelo
• Alimentação. Iniciei o trabalho propondo uma observação da ambiente ao longo do tempo. texto de Heloísa Prieto foi a observação dos ali-
• Prevenção de doenças através do lixo. família da criança, com troca de ideias e compara- Neste momento o estudo dos meios de transpor- mentos que consumimos no dia-dia, verificando
ções em sala no momento seguinte: quais elementos te ganhou sentido: como as pessoas se locomovem? a origem de alguns deles (naturais e industriali-
História e Geografia compõem a família? Todas as famílias são iguais? Por Como era antes? Todos têm condução própria? zados, orgânicos e não orgânicos). As crianças
quê? Todos trabalham? Qual a profissão dos pais? Qual a solução para ajudar quem não tem condução concluíram que nossa alimentação é constituída
O ambiente no qual vivemos
Fizemos, então, uma tabela com as profissões e as própria? Qual a importância da sinalização (placas por produtos de origem vegetal, animal e mineral
98 • Nosso município. idades dos familiares. Aproveitei também para pe- de trânsito)? que passam por transformações até chegarem ao 99
• Recursos naturais do município. dir que as crianças observassem os diferentes tipos Neste “espaço geográfico” que é a cidade, que nosso prato. Observaram que para isso acontecer
• Desenvolvimento econômico do município.
de moradias existentes no bairro: todos têm casa? outras espécies vivem? Surgiu, então, a oportu- é necessária grande integração entre a natureza e
Como são as casas? Qual o material utilizado para nidade de dirigir a observação das crianças aos o homem e que o desequilíbrio da natureza pode
Arte construir as moradias observadas? Os materiais são animais. Dialogando sobre os animais que conhe- provocar a escassez de alguns alimentos e até
Produto final previsto: produção da peça teatral
Nosso rio antes e hoje.
industrializados ou naturais? As observações resul- ciam e os que não conheciam, passaram a observar mesmo a extinção de alguns produtos. Chegaram
taram em muita conversa em sala e reflexões sobre os que vivem próximos a eles, ampliando sua à conclusão de que devemos consumir mais ali-
a importância do respeito às diferenças. curiosidade sobre o assunto. Os alunos que- mentos naturais, que são muito mais saudáveis.
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Para conscientizar os pais, confeccionamos e de alimentos industrializados e naturais.


folders sugerindo o consumo de alimentos natu- Propus situações-problema sobre animais, algumas
rais (frutas, legumes, verduras). Foi uma grande comparando peso, altura e tempo de vida; outras
experiência. envolvendo meios de transporte (mais rápido, mais
A observação do ambiente foi motivo tam-
bém de percepção do dia e da noite. Desenvolvi
lento), comparando o tempo de viagem usando
avião, trem, carro e ônibus. Construímos gráficos
Processos Enfatizados
uma experiência em classe com laranja e lanterna, com os resultados levantados pelos alunos em cada
reproduzindo o movimento de rotação e transla- tema estudado.
ção da Terra. Depois da atividade, as crianças re- Habilidades artísticas foram trabalhadas na
gistraram através de desenhos o que aprenderam. confecção de cartazes, folhetos e jogos usando os Destaco as seguintes características do traba- calçadas e no rio próximo à escola. As crianças
Observaram, então, o dia e a noite e comentaram animais, alimentos e planetas (dominó de pares de lho desenvolvido: observaram o entorno da escola, refletiram sobre
em classe: o que vemos durante o dia? O que vemos animais em extinção, dominó de animais com os o que viram, ficaram indignadas com os prejuízos
durante a noite? Que animais vivem de dia e de seus respectivos nomes, alimentos e seus nomes, a. Incentivo à observação da realidade e for- ao meio ambiente e decidiram colocar em práti-
noite? Realizaram uma produção coletiva sobre o meios de transporte e seus nomes). mação de opinião a respeito do que as crianças ca uma solução. A eficiência ou não da “solução”
que aprenderam. Para completar nosso projeto, planejamos ir ao percebem. Em nenhum momento o conhecimen- pensada não é o mais importante, mas sim o
Outra observação importante feita pelos alunos Zoológico de Marília e ao Programa Criança Eco- to foi imposto: através de observação, diálogo e processo desenvolvido, um importante exercício
foi sobre um grande problema encontrado ao redor lógica Bicho Legal, no antigo Simba Safári de São estudo, as crianças chegaram a conclusões pró- de cidadania.
da escola: a existência de “elementos estranhos” Paulo, como estratégia para continuarmos ob- prias, autonomamente. Elas não repetem exclu-
na paisagem, principalmente muito lixo jogado servando o meio ambiente. Faremos mais folhetos sivamente o que leram em livros didáticos, mas d. Todos os conteúdos abordados contribuíram
dentro do rio que passa ao lado da escola. Cons- explicativos sobre a sua conservação. falam sobre o que de fato aprenderam através da para a formação de um olhar crítico em relação
tataram, mais uma vez, a interferência do homem utilização de diversas fontes de informação. à nossas atitudes diárias e a preservação ou não
no meio ambiente, modificando-o e causando sua do ambiente. A observação atenta das crianças
destruição. Os alunos resolveram fazer cam- b. O diálogo contribuiu para o respeito às diferen- sobre a própria rotina — lugares por onde pas-
panhas para solucionar o problema encontrado: tes opiniões. A cada troca de informações sobre o sam, casas onde moram, o que comem e bebem
confeccionaram panfletos e cartazes pedindo à co- que foi observado no ambiente ou nos momentos — levou à compreensão do quanto dependemos
munidade que não jogue lixo nas ruas, nas calçadas de trabalho em grupo, exercitamos a tolerância da natureza. Foi construído o conceito de
e principalmente no rio. Nas próximas semanas as com os colegas, o respeito a regras e também a “interdependência”, palavra de difícil com-
100 crianças passarão de sala em sala apresentando esse ideias nem sempre iguais às nossas. O bom relacio- preensão por crianças desta faixa etária. 101
material aos colegas e procurando sensibilizá-los namento entre as crianças foi fortalecido.
também.
Atividades de matemática possibilitaram a c. A constatação de problemas não levou à
compreensão do que estávamos estudando: fize- acomodação, mas à busca de soluções. Um exem-
mos tabelas de classificação dos animais (seres plo é a produção de panfletos e folders produzi-
vivos e não vivos; animais vertebrados e invertebra- dos por iniciativa das crianças para sensibiliza-
dos; silvestres e domésticos, aquáticos e terrestres) rem a comunidade em relação ao lixo jogado nas
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Os oito finalistas dificuldade e não conseguem entender o que leem.


Das 70 famílias que residem no povoado, 43 são
beneficiadas por alguns dos programas assistenciais
espeto. O caminhão que passa, altas horas da noite,
às escondidas, carregado de madeira — ainda dá para
ouvir os troncos agonizando! Os nossos açudes, que,
do governo. Apenas 16 têm filtro e 15 têm banheiro cada vez mais fracos, ecoam o seu grito de socorro.
Com a palavra, os autores dos projetos finalistas, que em casa, visto que os demais fazem suas necessida- Tudo consequência da ação humana, que eu
nos contam o que pensam sobre educação para a des biológicas em privadas ou ao ar livre. prefiro chamar de ação desumana.
Não se esqueça de passar na casa da Dona Rai- Abordar o tema, distribuir lixeiras pelo povoados,
sustentabilidade em seu sentido mais amplo.
mundinha, que lá sempre tem um suco bem geladi- analisar e elaborar gráficos e tabelas, realizar pesquisas
nho ou um docinho de leite ou de caju que são uma de campo e experiências em sala, selecionar textos,
Erisdê da Silva Borges verdadeira tentação. músicas e atividades, organizar dramatização, con-
Escola Municipal Santa Luzia, Joselândia (MA) Gostou do passeio? É aqui onde eu vivo, pertinho cursos de frases, desenho livre, relato de experiências
da natureza e ainda bem distante da tecnologia. Mas vivenciadas pelas crianças e muita leitura e produção
Açudes: patrimônio da comunidade de Santa Luzia estou caminhando; aos poucos eu chego lá. Tchau!! textual, palestras informativas com a enfermeira Joel-
ma e a agente de saúde Socorro Aurora, distribuição
Sustentabilidade de kits de purificação da água, combate à pediculose,

À
s margens dos rios Mearim e Flores locali- res floridas e uns seis açudes. Não sei! Segurar! Durar! Sei lá! Não deixar aca- higiene bucal, corporal e ambiental. Isso tudo não foi
za-se o município de Joselândia (MA), que Chegamos! Seja bem-vindo ao povoado Santa bar! Proteger! Subir! Sustento! Não faço a menor difícil! Foi fácil, divertido e muito proveitoso.
possui uma área de 681,684 km², com uma Luzia! ideia! Cuidar! É... Já mobilizar as famílias para a Feira de Higiene e
população estimada em 16.188 habitantes, — Santa Luzia? Mas isso não é nome de santa? Foi neste contexto de não saber, sabendo, que Saúde Pessoal e Ambiental deu um trabalhinho — e
distribuídos em 60 povoados. Entre os povoados que Espertinho, você! Realmente, o povoado re- introduzi a minha participação e da minha comuni- imagine para o Mutirão da Limpeza do Açude.
compõem o município de Joselândia, temos o povoado cebeu este nome em homenagem a Santa Luzia, dade através de seus filhos no I Prêmio de Educação Sabe...? A maioria das pessoas pode não fazer o
Santa Luzia, que fica a 9 km da sede. padroeira do lugar, porque os primeiros moradores para a Sustentabilidade, por meio do tema Açudes: que é certo, porque dá trabalho, mas tenha a certeza
Venha! Vamos conhecer um pouco o lugar onde eram devotos da santa — e os atuais também. patrimônio da comunidade de Santa Luzia. de que essa mesma maioria das pessoas sabe o que
vivo... Vamos dar uma voltinha pela localidade. Vou Sabe por quê? Porque me dói na alma toda vez é errado. O que elas não sabem é o efeito, as conse-
Aceitou o convite! Então, você pode escolher: lá apresentar o Pau-da-Mentira, onde o pessoal sem- que eu vejo uma palmeira que levou anos e anos para quências, que sempre vêm. E muita gente só se dá
no retorno, pagar R$ 5,00 para o mototáxi ou esperar pre está reunido, a E.M. Santa Luzia, a Igreja de se encontrar na estatura em que está e, em questão conta de sua existência não quando vê na TV, mas
um pouco — mas um pouco mesmo — pelos nossos Santa Luzia, o campo de futebol de Santa Luzia, o de segundos, ser cortada. Os nossos preás, que de quando sente na própria pele. Aí, já pode ser tarde
102 famosos paus-de-arara. Mas se você for sortudo, orelhão de Santa Luzia, o açude do Seu João Aurora manhã bem cedinho não vêm mais brincar com seus demais. São por pequenos descuidos diários que se 103
logo, logo passa uma caroninha para a gente. Não se e o açude da Vó Inácia. Você não pode deixar de filhotes de frente à minha casa, porque já foram constroem grandiosas perdas pessoais e ambientais.
esqueça de trazer seu kit de combate à poeira. conhecer a Dona Maria Aurora e a Vó Inácia, as mortos. Os enxames de abelhas que de vez enquan- Portanto, o desenvolvimento do projeto Açu-
Agora, é só desfrutar da paisagem: no caminho nossas moradoras mais ilustres, que são gente mui- to passam sobre a minha casa desesperados, porque des: patrimônio da comunidade Santa Luzia, sedi-
você verá um céu azul repleto de nuvens brancas, to boa, gostam de festa, folia, brincadeiras etc. destruíram o seu lar. O céu, que muitas vezes fica mentado no objetivo de levar a comunidade local
vacas pastando, crianças correndo, brincando e Atualmente o povoado tem uns 300 habitantes, cinzento e triste devido às queimadas. E o sol, que a identificar-se como parte integrante do meio em
sorrindo, pássaros cantando, um pouco do verde sendo que apenas 119 são alfabetizados; os parece até que está baixando, de tão quente; em cer- que vive e contribuir para a conservação imediata a
dos nossos babaçuais que ainda restam, umas árvo- demais não sabem ler ou leem com muita tas horas, chegamos a nos sentir como churrasco no partir do redimensionamento de atitudes e práticas
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tanto pessoais quanto coletivas que envolvam to- Zoraia Aguiar Bittencourt
madas de posição diante de situações relacionadas Colégio Fundação Bradesco,
à sustentabilidade dos açudes da comunidade. Zoraia Gravataí (RS)
Assim, desencadeia-se uma série de expectativas Kátia Lúcia Franco
para prevenir e combater o desperdício de água, as
Projetando um futuro melhor
Cempi Fortunata Bertolazzo Albano,
queimadas, o desmatamento e atitudes aparente-
Mogi-Mirim (SP)

E
mentes inofensivas, mas que vão deixando marcas ducar para a sustentabilidade é possi-
letais por onde passam. bilitar a vivência da responsabilidade e Cuidando da natureza
No quadro da higiene pessoal e ambiental, al- da autonomia como valores propulsores

D
gumas entre as tantas medidas que poderiam ame- de projetos que possam fazer do lugar ecidi me inscrever com o projeto Cuidan- O lugar onde vivo: Moro bem próximo ao
nizar a atual situação local seriam a construção de onde vivemos “o melhor lugar do mundo”. É do da Natureza porque acredito que, de Cempi, onde trabalho, passo a maior parte do meu
fossas, uma solução para a caixa d’água que ainda educar crianças e adolescentes para que olhem todos os que já elaborei e executei, este tempo neste ambiente, onde me sinto em casa, ou
derrama água quando enche e o sacrifício que cada para si, para o outro e para a sua comunidade tem um grande diferencial: o envolvimen- melhor, parece que estou numa chácara: são apro-
família pudesse fazer para comprar um filtro. Em com a certeza de que podem projetar “um ou- to de toda a equipe do Cempi, estendido às famílias ximadamente 12 mil m² de área livre toda gramada.
relação aos açudes, o problema é velho; está nas tro mundo possível” a partir de ações pensadas e à comunidade local. Temos árvores floríferas e frutíferas, como man-
raízes. Um aluno me disse que é muito difícil para por si próprios. É sustentar atitudes cotidianas A cada etapa o grupo mostrou-se mais interes- gueiras, pitangueiras, aceroleiras e amoreiras.
ele o que eu digo na escola. Quando ele chega à sua de corresponsabilidade social e ambiental que sado e empolgado com os resultados; as crianças Foi pensando em utilizar ainda mais este espaço
casa, é totalmente diferente, e sua mãe acha que façam de nossos alunos sujeitos multiplicadores cuidando da horta todos os dias, acompanhando privilegiado que elaborei e coloquei em prática o proje-
tudo não passa de bobagem. e protagonistas da ideia de que sustentabilidade seu crescimento... A maior satisfação aconteceu to, sendo construído o galinheiro e a horta.
Trabalhando este projeto, vi que praticamente de “depende do que a gente faz”. na colheita, quando retiraram alfaces, rúculas, ce- Já estamos colhendo os “frutos” do nosso tra-
tudo o que fiz e ensinei até agora no povoado, mais Uma fotografia das ações de todos os que vi- nouras e beterrabas. Foi uma mistura de satisfação, balho e confesso: não imaginava que empolgaria
da metade se perdeu pelo caminho. Os pais preci- vem no lugar onde vivo traz impressa a imagem alegria e surpresa... Que experiência fantástica! No tanto e alcançaria resultados em tão curto espaço
sam voltar para a escola urgentemente, também para de um tempo em que muitos agem pensando só galinheiro, a expectativa do nascimento dos pinti- de tempo. O mais gratificante foi ver o brilho nos
aprenderem a ouvir seus filhos, sentarem juntos, dar no próprio viver, só no presente do tempo. O nhos, o cuidado com a alimentação e a água, que as olhos das crianças em vivenciar toda esta experiên-
banho neles, conhecê-los, saber o que pensam, o ambiente traz para o presente as marcas de um crianças não deixavam faltar. cia, que está fazendo a diferença para elas e para a
que querem, o que fazem na escola; muitos pais não tempo em que o individualismo era preservado, Estamos preocupados com o futuro do nosso comunidade local.
sabem coisas mínimas sobre seus filhos e vice-versa, o desperdício não era questionado e o futuro do planeta, acreditamos que as experiências e as vi- Portanto, o lugar onde vivo tem influência sobre
104 como a cor predileta, o pedaço da galinha que mais planeta sequer era planejado. O lugar onde vivo vências das crianças com a natureza despertarão mim — e a recíproca também é verdadeira. 105
gostam de comer e outras preferências. O certo é é o resultado das ações de todos os que por aqui consciências e contribuirão para um mundo mais
que educar, formar um cidadão, é difícil... Os pais estiveram e será o legado das opções que todos os sustentável.
estão despreparados para essa missão, e nós, profes- que estão por aqui fizerem. Pensar no lugar onde
sores, não estamos dando conta sozinhos. É por isso vivo é pensar também na possibilidade de mudar
que estamos vivendo este caos na educação, na saú- para melhor o lugar onde vivo. E pensar em me-
de, nos relacionamentos e nos ambientes em geral. lhorar este lugar é pensar, enquanto educadora,
A vida como um todo está ameaçada. em formas de educar para a sustentabilidade.
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

Rosane Mari dos Reis


Oséias Joaquina L. Domingues CEI Alzelir T. G. Pacheco, Joinville (SC)
EMEF Serafina de Luca Cherfen, Atibaia (SP) Land Art: a criança na terra fazendo arte
Por um futuro melhor

O E
lugar onde vivo: Atibaia fica a aproxi- Breve relato da experiência: Na época da ducar para a sustentabilidade consiste, O lugar onde vivo: Joinville é o lugar onde
madamente 60 km de São Paulo, pos- inscrição, tive dúvidas se iria ou não participar. primeiro, em educar para a sensibilidade. vivo desde que nasci. Também conhecida como
sui cerca de 120 mil habitantes e uma Dizia a mim mesma que seria bobagem mandar um Um sujeito sensível possui a habilidade de cidade das flores, das bicicletas, da dança e como
população maior em férias e finais de projeto desenvolvido em uma cidade pequena do enxergar significados e potencialidades a Manchester catarinense, promove anualmente
semana, pois grande número de paulistanos tem interior de São Paulo. Com o incentivo da diretora, nas coisas mais simples da vida e, por isso, é capaz eventos culturais de reconhecimento nacional e até
na cidade opções de lazer características de cida- Leonice, e da coordenadora do Programa Fruto da de articular ideias e consequências de modo a evitar internacional, como o Festival de Dança e a Festa
des do interior: sorvete na praça matriz, ar puro, Terra, Sheila, enviei o projeto na esperança de ser prejuízo a tudo e a todos. Quando proponho aos das Flores. Em Joinville está instalada a única esco-
bastante verde, teleférico sobre o lago... A cida- escolhido e publicado pelo Instituto Ecofuturo, meus pequenos experiências em que juntos possam la de balé Bolshoi existente fora da Rússia.
de é bastante conhecida por praticantes de voo realizando, assim, o grande sonho de divulgar meus descobrir com deslumbre as pequenas singelezas Aqui as casas têm jardins, hortas e cortinas nas
livre, que saltam do topo da Serra do Itapetinga, ideais de trabalho pedagógico e proporcionando que compõem a combinação da arte com o meio janelas. As ruas são limpas e as flores são vistas em
tombada como patrimônio natural pelo Conde- uma troca de experiências muito rica e valiosa. ambiente, estou vislumbrando para elas uma todos os lugares: nas praças, nas ruas, nas casas, nos
phaat. Atibaia, por um lado, tem sofrido com a Acredito que a sociedade é capaz de interagir com educação para a sensibilidade. É através do toque, condomínios e até nas empresas, que, por sinal, são
especulação imobiliária, pressão nas áreas verdes o meio de forma mais sustentável, mudando sua do olhar e do pensar contemplativo que nascem aqui numerosas.
e aumento da criminalidade, devido à proximida- maneira de pensar e construindo uma relação mais as primeiras atitudes de respeito, de cuidado e Nesta cidade ainda existem muitas pessoas que
de com a capital; por outro, tem investido em uma responsável com o meio ambiente. de preservação para com aquilo ou aqueles que se mantêm o hábito de locomover-se exclusivamente
política pública voltada à sustentabilidade. Existe aprende a amar. Mas, para aprender a amar, é preciso de bicicleta para toda parte. As pracinhas têm play-
na cidade coleta seletiva, sistema de tratamento conhecer, é preciso compartilhar, é preciso estar grounds e aparelhos de ginástica para os idosos,
de esgotos e educação ambiental desenvolvida junto e é preciso tocar. Um dos objetivos que me que todo mundo gosta de experimentar, inclusive
106 efetivamente como política pública desde 2003, levaram a inscrever o projeto neste prêmio foi o de as próprias crianças — e aí gerações se misturam e 107
em todas as escolas públicas municipais. propiciar a outros educadores da primeira infância fazem trocas.
uma ideia educativa que norteie suas práticas ao Em Joinville a presença da cultura, da arte, da
caminho de uma educação para a sensibilidade e, educação, do ecoturismo, do turismo rural e do
por consequência, para a sustentabilidade. turismo de negócios se mantém como contraponto
às mazelas típicas de uma cidade em desenvolvi-
mento, garantindo à sua gente a melhor qualidade
de vida possível de aqui se alcançar.
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

Raona Denise Pohren Cláudia de Almeida Pires


E.M.E.I. Pedacinho do Céu, Esteio (RS) EREM Mons. Antônio de Pádua Santos,
Trabalhando educação ambiental na infância Afogados da Ingazeira (PE)
Do óleo ao sabão: uma mão lava a outra mão

A S
credito que a educação para a sustentabi- O lugar onde vivo: O município de Esteio er finalista de um prêmio deste porte, por O lugar onde vivo: Conta a lenda que em
lidade seja o caminho para que consiga- situa-se na região leste da Depressão Central do si só, já é uma vitória! tempos remotos, no sertão pernambucano, um
mos sensibilizar nossos alunos para agir Estado, distante 12 km de Porto Alegre, fazendo Um resultado como esse nos dá um jovem e apaixonado casal sucumbiu aos perigos das
de forma consciente e em prol do meio parte da área da Grande Porto Alegre e do Vale do duplo reconhecimento, pois motiva os águas ao tentar atravessar o leito do Rio Pajeú em
ambiente, para que isso aconteça devemos propor- Rio dos Sinos. Com área de 29,20 km², tem fron- alunos ao aperfeiçoamento e nos motiva a continu- época de forte cheia. Apenas algum tempo depois,
cionar momentos de reflexões, vivências e cons- teira com os municípios de Cachoeirinha, Canoas ar o trabalho e atingir nossas metas. foram encontrados os corpos dos jovens, presos a
truir projetos para que possamos transfomar nossa e Sapucaia do Sul, compondo com estes a região O que nos motivou a participar do prêmio foi um tronco de ingazeira. Teria vindo daí o pitoresco
realidade,tendo em mente sempre que devemos metropolitana. Emancipado em 1955, Esteio conta a intenção de mostrar que as mudanças no meio nome Afogados da Ingazeira, que denomina esta
agir localmente, porém pensando globalmente! com uma população de 87.087 habitantes, conforme ambiente passam por mudanças em nossas vidas cidade-pólo do interior de Pernambuco localizada
Participar de prêmios como este — I Prêmio estimativa de 2006 realizada pelo IBGE. O perfil e não acontecem de uma hora para a outra, mas no Sertão do Alto Pajeú.
Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade populacional é urbano, motivo pelo qual as ques- começam a acontecer, sim, ao sonharmos com um Sua forte tendência ao crescimento é traduzida
— que envolvem professor e alunos é maravilhoso tões ambientais têm de ser trabalhadas arduamente, mundo melhor, ao acreditarmos no sonho e a que- por seu desenvolvimento econômico na área médi-
para o enriquecimento e fortalecimento das ações devido à grande produção de resíduos e redução da rermos conquistá-lo. Assim, o prêmio acaba incen- ca e na educação. Cidade apreciadora das ativida-
educativas, valorizando as iniciativas dos futuros mata ciliar nas encostas dos arroios que perpassam tivando o comportamento de outros educadores des culturais, conta com um dos únicos cinemas do
cidadãos do nosso país! o município, entre outras demandas provenientes e de outros jovens para atuarem da mesma forma, interior do Estado, ainda em funcionamento — o
de uma cidade totalmente urbanizada. tornando real um plano de ação para a educação Cine Teatro São José.
Dessa forma, construímos o projeto Trabalhan- para a sustentabilidade. Ao longo dos seus 100 anos de história, o tra-
do Educação Ambiental na Infância, para que os fu- balho de seu povo sertanejo contribuiu — e ainda
108 turos cidadãos do nosso município se sensibilizem vem contribuindo — por torná-la conhecida e 109
de que é necessário mudar, com urgência, hábitos e reverenciada como Princesa do Pajeú, figurando
atitudes perante o meio ambiente, para que nesta como ponto de destaque e berço de um povo que
nova geração que está sendo formada “germinem tem por limite o amanhã.
frutos” conscientes ambientalmente.
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

A educação pode reorientar o modo


Samuel Moreira Barboza como vivem os seres humanos
EMEB: Dr. João Pedro de Almeida, Poá (SP)
Com contos, mudo minha comunidade

V Q
isando à real necessidade desta escola, O lugar onde vivo: Nosso compromisso com a uando o Ecofuturo me convidou para Por isso o material do I Prêmio
este projeto veio ao encontro da reali- comunidade local tem como objetivo principal pensar junto sobre este projeto, minha Ecofuturo de Educação para a
dade da comunidade. Por ser carente de atender às necessidades básicas de uma população ideia inicial baseou-se na convicção Sustentabilidade foi concebido
informação quanto ao cuidado com o carente de muitas coisas — os serviços de sanea- de que o que se passa nas salas de com a intenção de facilitar aos
meio, cresceu de maneira desordenada (invasões), mento, água e luz são precários, visto que, na maio- aula e se estende às comunidades escolares professores a expressão de
o que acarretou falta de saneamento básico e des- ria, os locais foram invadidos. pode fazer uma enorme diferença na formação suas ideias, competências pessoais
truição de matas virgens. No decorrer da execução Nossa comunidade escolar anseia por ajuda dos de gente competente para resolver conflitos, e profissionais, de maneira organizada, mas sem
do projeto, percebeu-se que a conscientização para órgãos competentes para que regularizem a atual estabelecer prioridades, entender diferentes rigidez, deixando espaço para imprimir a marca
construir ações que possibilitem um futuro susten- situação. Com este projeto, proporcionamos a perspectivas e descobrir que tudo se inter- pessoal da manifestação criativa. A ideia é que o
tável deve exceder os muros da escola, os limites conscientização e a informação necessárias para a relaciona, se amplia, avança em alguma direção e, projeto escrito seja também um material de leitura
do bairro, da cidade e assim sucessivamente. Por luta pelos direitos, sem esquecer que, para termos por isso, precisa de nossa atenção e intenção. A valioso e atraente mesmo para quem não lida com
ter essa amplitude de conscientização, é um tra- o direito, precisamos ter nossos deveres enquanto educação pode reorientar o modo como os educação. Assim, o projeto escrito torna-se também
balho que nesta unidade escolar será contínuo e cidadãos. humanos vivem. Com isso, pode nos aproximar um instrumento para dar a conhecer o valor do
abrangente, para que os cidadãos do nosso bairro A junção destas duas palavras — dever e direito do “mundo como ele deveria ser”. educador e ajudar no sentido do reconhecimento
o passem adiante, mobilizando autoridades que, — é o compromisso deste projeto, que clama pela Uma ideia inicial é uma faísca. Ela vem social da profissão.
diante de uma comunidade crítica e instruída, se luta honesta e consciente e pela valorização da sus- quando a gente menos espera e costuma resistir
comprometam a colocar em seus projetos governa- tentabilidade do nosso planeta. a se mostrar quando a gente procura por ela.
mentais a questão ambiental. E é com os contos que estamos atingindo esses Quando vem, temos que correr atrás de nossa
110 objetivos: nossas crianças levam a sério essas ações própria mente, que começa a fervilhar e pipocar — Maria Betânia Ferreira, Pingo é Letra 111
e as cobram de seus familiares. em ideias que se encadeiam, doidinhas para Coordenação pedagógica, pesquisa e produção
virar ações e andar com as próprias pernas dos conteúdos do I Prêmio Ecofuturo de
mundo afora. Educação para a Sustentabilidade
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

Os jurados
O convite para escrever so-
bre o que senti com mais
essa experiência não me
pareceu assim tão difícil,
mas, uma vez que as palavras são
a embalagem do pensamento, todo
cuidado é pouco.
Sei que, provocados pelo convite a participarem “de

A experiência da avaliação e expectativas um grande encontro de ideias e práticas” para ali-


mentar novas esperanças, rumos e possibilidades que
sobre a educação para a sustentabilidade. alterem o compasso atual da colisão do homem com a
natureza, decidiram compartilhar sua caminhada em

P articipar do júri do I Prêmio de Educação experiências e propostas por mesmos caminhos, com

R
para a Sustentabilidade do Ecofuturo foi rumos diferentes.
eceber inúmeros projetos vindos de todos Espero que esse movimento possa crescer e que mais
uma oportunidade única de ter acesso aos Essa ação estabelece um canal facilitador da expres-
os cantos do Brasil foi uma experiência professores se deem conta de seu papel privilegiado
diversos projetos que estão em gestação são de ideias pessoais e profissionais que permite “re-
que me levou a uma maior compreensão de protagonista do desenvolvimento sustentável em
ou em desenvolvimento pelo Brasil. Perceber que em criar o mundo como ele deveria ser” – tão maravilhoso
de como estamos na construção de um sua comunidade. Ainda há muito o que fazer, mas
todas as regiões do nosso país existem professores quanto difícil de se conquistar.
presente e de um futuro sustentável em nosso país. O percebemos, otimistas, que isso já é assumido e con-
que querem fazer a diferença na vida de seus alunos Do material recebido, a imensa diversidade de for-
interesse é enorme por parte de tantos professores; a duzido por centenas de professores pioneiros.
e no lugar onde vivem é algo que proporciona alegria matos dos registros (apesar do guia de orientação),
tomada de consciência da responsabilidade também.
profunda e vontade de continuar acreditando no po- uma ou outra dificuldade de se expressar pela escrita
Foi muito estimulante perceber a criatividade, o em- — Rita Mendonça,
tencial do ser humano. às vezes as palavras não dão conta e alguma avidez
preendedorismo e o entusiasmo desses professores Bióloga e socióloga
Como muitos projetos apontam, a educação para a na implantação/relato de experiências que ainda não
que sabem que o futuro se constrói com as ações do
sustentabilidade requer, cada vez mais, a inclusão de estão maduras nos levaram a refletir sobre mais esta
presente.
muitos setores da escola, da sociedade e da cidade situação educativa criada: a força da possibilidade de
Foram muitos projetos bons e não foi nada fácil esco-
em ações que criam hábitos e posturas visando a “reler” a vida que a gente quer, compartilhadamente!
lher os finalistas.
112 melhoria contínua da vida das pessoas e dos seus Mas, se temos confiança de dialogar para a superação 113
Durante o processo percebi também o papel de um
relacionamentos. das incertezas e dos desconfortos, é fato que “essa
prêmio como este para estimular os educadores a
Esta educação se faz necessária para que ideias cria- rede” pode e deve ser ampliada.
ensinar por meio de uma prática social com seus
tivas e éticas consigam ser disseminadas em todos Parabéns aos que aceitaram o desafio.
alunos, expandindo sua tradicional atuação exclusiva
os recantos do nosso território Por agora, o silêncio para aguardar o efeito dessas ações
na sala de aula.
e a próxima edição do prêmio para conferir novidades.
— Ariane Brianezi, Educadora e
especialista em Vivências com a Natureza. — Maria Teresa Britto, Educadora.
I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade Instituto Ecofuturo

Mediação com
a comunidade

O s projetos do Instituto Ecofuturo sempre


são oportunidades de descobertas. Desta
vez, a caravela navegou pelas salas dos
professores, um mundo que eu sem-
pre achei intocado, intransponível, para não dizer
imaculado. Obrigado aos cerca de 400 educadores
que se inscreveram no Prêmio Ecofuturo para a
D ecorridos dez anos de sua criação, o Insti-
tuto Ecofuturo ainda me causa grandes e
boas surpresas. Da centelha criativa que
culminou com a organização do I Prêmio
de Educação para a Sustentabilidade, passando pelo
engajamento dos parceiros e pelo entusiasmo da
nossa equipe interna e jurados, tudo pareceu ser a
U m homem passava por um local de obras
onde dois pedreiros trabalhavam e viu
que um pedreiro era entusiasmado e o
outro era a cara do desânimo. O cami-
nhante, curioso, dirigiu-se ao pedreiro desanimado:
“O que você está fazendo?”. “Não vês? Garanto meu
ganha-pão, fazendo um muro, tijolo em cima de ti-
C omecei citando João Guimarães Rosa e
Sérgio Buarque de Hollanda. E a resposta
foi um silêncio mortal. Os professores
queriam ser “diretos”, “práticos”, poupa-
dos de exortações “intelectuais”? Não. Repertório
para discussões de alto nível eles têm. Ocorre que
nossos docentes andam muito assustados. Se não
Sustentabilidade e permitiram que eu conhecesse matéria-prima para a materialização de uma grande jolo!”. Voltou-se, então, para o outro e fez a mesma plantarem bananeira em sala para atrair os alunos
esse universo que, durante toda a minha vida, fi- ideia. Faltava a resposta do lado de lá, do tecnica- pergunta. Este respondeu, feliz: “Estou construindo por via do espetáculo, se constrangem em dizer: “Eu
cou separado de mim por várias portas. Abri-las é mente chamado “público-alvo”: os professores das uma catedral!” Essa história retrata o que senti como sou ‘só’ um professor normal... e lecionei, apenas”.
um ato corajoso. A gente sempre acha que a sala escolas dos mais diferentes rincões do nosso diverso jurada. Uma linda catedral de vitrais coloridos já foi Passei a enviar por e-mail o que era postado na comu-
de casa poderia estar melhor — e poderia mesmo. país. Essa resposta superou a nossa mais otimista um monte de tijolos a serem colados e erguidos, um nidade virtual, e então começaram a participar — em
Mas o que importa não é a decoração, mas os seres expectativa. Foram quase 400 projetos pedagógi- a um. Os projetos que li mostram boa vontade, mas caráter privado. Aos poucos fui disponibilizando on-
humanos que habitam o espaço. E na dura realidade cos, que percorreram desde as ideias mais básicas, também revelam o quanto ainda estamos no alicerce line seus comentários, e por fim podíamos conversar
ainda há gente com o ímpeto da criação. Os projetos reflexo de uma quase “ingenuidade ambiental”, até da coisa. Limpar um córrego, separar o lixo, reciclar mais abertamente. Sensíveis aos problemas da edu-
premiados são a prova de que mudar o mundo é propostas de forte conceituação teórica, mas de fá- o plástico fazendo arte são ações válidas, sim. Mas cação, mostraram-se bastante atualizados quanto à
possível, pelo menos aquele que está ao alcance de cil e eficiente aplicação. Ao final, tivemos uma boa se os pedreiros não tiverem consciência da catedral, sua postura ativa na comunidade escolar — e com
nossas vozes. É animador descobrir que desmotiva- amostra de programas pedagógicos que, trilhados essas ações não se sustentarão. Basta mudar a pro- muito senso comunitário.
114 ção não é uma palavra que está no universo desses conjuntamente por professores, alunos e sociedade, fessora, a diretora, a escola. Sustentabilidade é uma Reivindicar o bastão, professor, seu direito à palavra 115
professores. Um bom começo para um projeto que poderão oferecer valiosa contribuição para que o nos- catedral a ser erguida, antes e acima de tudo, dentro pública, é parte mesma da construção de um mundo
promete ser uma semente de uma Mata Atlântica so planeta possa, enfim, realinhar a sua rota rumo à de cada um de nós. Vejo o prêmio como um tijolo que sustentável.
que pretendemos recuperar. sustentabilidade. pode ser erguido com entusiasmo. É ou não é?
— Reni Adriano, Moderador
— Leandro Nomura, — Paulo Henrique Groke Jr, — Maria Claudia Baima, da comunidade virtual
Jornalista Gerente de Projetos Ambientais
Jornalista
Instituto Ecofuturo

O prêmio e a continuidade
Um livro com textos de crianças e jovens (Somos
e queremos) deu origem a outro, com textos de
literatos e pesquisadores (A vida que a gente
quer depende do que a gente faz), que resultou na
realização do VI Concurso de Redação Ler
é Preciso — O melhor lugar do mundo, que
gerou o livro Inventário do que podia ser bem
melhor e será o melhor lugar do mundo. Esta rede
de diálogo nacional mediado pelos livros nos
inspirou a criar o Prêmio Ecofuturo de
Educação para a Sustentabilidade. Mais
uma vez, a quem interessar possa, tome a
palavra e compartilhe seus ideais, amplie a rede
e enrede mais gente na construção do melhor
lugar do mundo, aqui e agora. Agradecemos a
atenção e até 2010!
117
Para o Ecofuturo, a palavra é a ponte para a sustentabilidade. Por isso,
investe no Programa Ler é Preciso, por meio do qual promove a leitura
e a escrita entre crianças, jovens e adultos em nível nacional. Também
realiza projetos que promovem o desenvolvimento de práticas de gestão
sustentável em reservas naturais e centros urbanos, que são o Programa
Parque das Neblinas e o Programa Investimento Reciclável.

PENSAR E REALIZAR PROJETOS QUE BUSCAM UM FUTURO SUSTENTÁVEL.


ESSE É O NOSSO TRABALHO PELA VIDA.

Equipe Ecofuturo
Daniel Feffer, Presidente
Sergio Alves, Superintendente
Christine Castilho Fontelles, Diretora de Educação e Cultura
Paulo Groke, Gerente de Projetos Ambientais
Rachel Barbosa Gomes Carneiro, Coordenadora de Desenvolvimento Institucional
Daniele Juaçaba, Analista do Programa Ler é Preciso
Palmira Petrocelli Nascimento, Analista do Programa Ler é Preciso
Vanessa de Jesus Espindola, Estagiária do Programa Ler é Preciso
Alessandra Avanzo, Coordenadora de Comunicação
Viviani Gasparini, Assistente de Comunicação
Guilherme Rocha Dias, Coordenador do Projeto Parque das Neblinas
Michele Cristina Martins, Assistente Administrativo
Alexandre Oliveira da Silva, Assistente de manutenção
Marcos José Rodrigues do Prado, Auxiliar de manutenção e manejo florestal
Wagner Roberto Anjos, Auxiliar de manutenção e manejo florestal
Sandro Custódio da Silva, Assistente de manutenção e manejo florestal
Cesar Augusto Amaral, Coordenador Financeiro
Silvana Ferreira Silva, Contadora
Letícia Roncada Ignácio da Silva, Assistente Financeiro
Renato Guimarães de Oliveira, Analista Administrativo Financeiro
Este livro é ilustrado por
crianças atendidas pelo Centro Conselho Diretor
Educacional Gracinha e Projeto Daniel Feffer, Presidente; David Feffer e Jorge Feffer, Vice-Presidentes;
Antonio Maciel Neto, Cláudia Maria Costin, Gustavo Ioschpe, Jacques
Anchieta, instituições voltadas
Marcovitch, Murilo César Lemos dos Santos Passos, Sergio Arthur Ferreira
para arte-educação, a partir de Alves, Sergio Abranches.
reflexões sobre as Metas do
milênio para o livro A vida que a Mantenedor
gente quer depende do que a gente faz. Suzano Papel e Celulose
Para efeito de mitigação dos impactos
gerados pela impressão deste livro, o
Ecofuturo plantará árvores, contribuindo
com a restauração da Mata Atlântica
no Estado de São Paulo. Embora o
plantio de árvores seja ação das mais
significativas, é importante lembrar que
rever os nossos hábitos e modo de vida,
de maneira a poupar recursos naturais
e evitar poluição, é a forma mais eficaz
de nos colocarmos no caminho da
sustentabilidade.

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