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DIREITO INTERNACIONAL
PRIVADO
PROFESSOR
FÁBIO ALEXANDRE COELHO
2009
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1. Definição:
O Direito Internacional Privado possui a seguinte função: determinar qual a lei que
será aplicável – a INTERNA OU A INTERNACIONAL - para solucionar conflitos
normativos – CONFLITOS DE LEIS - que envolvem atos ou fatos, de natureza
jurídica, que apresentem conexão internacional (VINCULAÇÃO COM DOIS OU
MAIS ORDENAMENTOS JURÍDICOS).
OBJETO DE ESTUDO
INTERESSANTE:
2. Exemplo: Se no caso concreto foi previsto que seria utilizada a lei do país em
que estava domiciliada certa pessoa – por exemplo, a Argentina -, não é
admitido que por remissão deste país a leis de outro país sejam elas aplicáveis
ao caso concreto.
3.º Identificar qual a qualificação do problema pela lei interna (Lex fori)
4.º Verificar qual a norma de Direito Internacional Privado que rege a situação.
Para que uma lei estrangeira pode ser aplicada em nosso país – o que é aceito
em algumas hipóteses - É NECESSÁRIO QUE SEJA VÁLIDA E EFICAZ.
OBSERVAÇÕES:
3. A validade:
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A validade do negócio jurídico requer: a) agente capaz; b) objeto lícito, possível, determinado ou
determinável; c) forma prescrita ou não defesa em lei. (REQUISITOS GENÉRICOS)
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QUESTÕES ENVOLVENDO OS DIREITOS HUMANOS, QUE SÃO ÁREAS EM
QUE DEVE OCORRER A APLICAÇÃO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL)
Quando é admitida a aplicação de uma lei estrangeira, é preciso, ainda, que seja
aferido se houve o respeito às limitações genéricas (APLICÁVEIS A TODOS OS
ATOS JURÍDICOS) e específicas (APLICÁVEIS A DETERMINADOS ATOS
JURÍDICOS) previstas.
FRAUDE À LEI: prática de um ato consoante o Direito, mas com o objetivo de alcançar
um resultado odioso e condenável
Qual lei deve ser aplicável em relação aos fatos jurídicos que ocorrem em nosso país?
R.: A princípio, a lei da localidade (locus regit actum), POR REFLETIR A SOBERANIA DO
ESTADO.
OBS.: Adotamos a idéia de TERRITORIALIDADE LIMITADA, uma vez que será possível aplicar
leis internacionais em nosso país.
São exemplos de situações em que ocorre a aplicação da lei estrangeira em nosso país:
1. LICC. Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que era
DOMICILIADO o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação
dos bens3.
O fato de ter o de cujus brasileiro falecido em outro país, onde seria domiciliado, não
impede o processamento do inventário no Brasil (TJSP). Fonte: RT 186:8454
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São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1990, p. 56.
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Aspectos abrangidos: “a) a instituição e a substituição da pessoa sucessível; b) a ordem da vocação hereditária, se se
tratar de sucessão legítima; c) a medida dos direitos sucessórios dos herdeiros e legatários, sejam eles nacionais ou
estrangeiros; d) os limites do direito de testar; e) a existência e proporção da legítima do herdeiro necessário; f) a causa da
deserdação; g) a colação; h) a redução das disposições testamentárias; i) a partilha dos bens do acervo hereditário; j) o
pagamento das dívidas do espólio” (Maria Helena Diniz, Lei de introdução ao código civil, p. 312)
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Maria Helena Diniz, Lei de Introdução ao Código Civil, p. 332.
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(*) Exemplo: o artigo 6º da Lei 10.705, de 28 de dezembro de 2000, prevê a isenção do
imposto de transmissão causa mortis em relação ao imóvel residencial urbano ou rural
cujo valor não ultrapasse 5.000 (cinco mil) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo –
UFESP e os familiares nele beneficiados nele residam e não tenham outro imóvel (NO
BRASIL OU NO EXTERIOR). Quem dirá se o bem é móvel ou imóvel é a lei do país onde
estiver situado.
Para que o direito estrangeiro possa ser utilizado é preciso que exista uma justificativa,
um fundamento lógico, que é chamado de conexão.
R.: Não há uniformidade a respeito do tema, embora existam alguns elementos que são
usualmente considerados, conforme veremos a seguir.
ELEMENTOS DE CONEXÃO
a) estatuto PESSOAL;
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b) elementos REAIS;
c) elementos VOLITIVOS;
ESTATUTO PESSOAL
EXEMPLO: LICC. Art. 7º A lei do país EM QUE FOR DOMICILIADA a pessoa determina
as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos
de família. (A EVENTUAL NACIONALIDADE DA PESSOA FOI DESPREZADA)
ELEMENTOS REAIS
EXEMPLOS:
1. LICC. Art. 8º: “Para qualificar os bens e regular as relações jurídicas a eles
concernentes, aplica-se a lei do país em que estiverem situados”.
2. LICC. Art. 8º, § 1º Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário,
quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros
lugares.
ELEMENTOS VOLITIVOS
INTERESSANTE:
Quando se trabalha com os elementos formais ou relativos aos atos jurídicos são
considerados, por exemplo, os seguintes aspectos: NATUREZA, CONTEÚDO E
EFEITOS DOS ATOS JURÍDICOS.
1. Considerar que um ato jurídico será disciplinado pela lei do lugar de sua celebração
(locus regit actum)
EXEMPLO: LICC. Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país
em que se constituírem. (SITUAÇÃO INTERESSANTE: DÍVIDA DE JOGO)
2. Considerar que um ato jurídico será disciplinado pela lei do lugar de sua execução (Lex
loci executionis).
EXEMPLOS:
LICC. Art. 10, § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada
pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
(*) Embora o inventário seja aberto no exterior, A SUCESSÃO QUANTO AOS BENS SITUADOS
NO BRASIL SEGUIRÁ A LEI BRASILEIRA em benefício do cônjuge ou filhos brasileiros, salvo se
a lei do país em que foi aberto o inventário seja mais favorável.
LICC. Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que era
DOMICILIADO o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação
dos bens5.
O fato de ter o de cujus brasileiro falecido em outro país, onde seria domiciliado, não
impede o processamento do inventário no Brasil (TJSP). Fonte: RT 186:8456
a) estatuto pessoal;
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Aspectos abrangidos: “a) a instituição e a substituição da pessoa sucessível; b) a ordem da vocação hereditária, se se
tratar de sucessão legítima; c) a medida dos direitos sucessórios dos herdeiros e legatários, sejam eles nacionais ou
estrangeiros; d) os limites do direito de testar; e) a existência e proporção da legítima do herdeiro necessário; f) a causa da
deserdação; g) a colação; h) a redução das disposições testamentárias; i) a partilha dos bens do acervo hereditário; j) o
pagamento das dívidas do espólio” (Maria Helena Diniz, Lei de introdução ao código civil, p. 312)
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Maria Helena Diniz, Lei de Introdução ao Código Civil, p. 332.
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b) elementos reais;
c) elementos volitivos
CONEXÃO MATERIAL:
CONEXÃO PROCESSUAL:
CPC. Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto
ou a causa de pedir.
2. Razão para a aplicação ex officio: jura novit curia (o juiz conhece o direito).
LICC. Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em
que era DOMICILIADO o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a
natureza e a situação dos bens7.
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Aspectos abrangidos: “a) a instituição e a substituição da pessoa sucessível; b) a ordem da vocação hereditária, se se
tratar de sucessão legítima; c) a medida dos direitos sucessórios dos herdeiros e legatários, sejam eles nacionais ou
estrangeiros; d) os limites do direito de testar; e) a existência e proporção da legítima do herdeiro necessário; f) a causa da
deserdação; g) a colação; h) a redução das disposições testamentárias; i) a partilha dos bens do acervo hereditário; j) o
pagamento das dívidas do espólio” (Maria Helena Diniz, Lei de introdução ao código civil, p. 312)
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EXEMPLOS:
1. Recurso especial
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro
tribunal.
2. Recurso extraordinário
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
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d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
O QUE É INTERPRETAR?
OBS.: “... a doutrina e a jurisprudência são tranqüilas em afirmar que o juiz deve aplicar o direito de
acordo com as regras que o próprio juiz estrangeiro observaria em conformidade com o
ordenamento jurídico vigente em seu país” (BEAT WALTER RECHSTEINER 8)
FONTES:
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Direito internacional privado: teoria e prática. 11. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008.
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a) literatura disponível;
b) internet;
c) institutos especializados;
d) repartições diplomáticas;