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Teoria do Romance,
de Donaldo Schüler
Vilhena
Setembro/2016
SCHÜLER, Donaldo. Teoria do Romance. São Paulo: Ática, 1989.
Em Tecido verbal, o autor explica o que tecido verbal é como se fossem os recursos
utilizados pelo autor para dar vida ao seu romance, como no trecho de Triste fim de Policarpo
Quaresma, de Lima Barreto que tem frases curtas, palavras coloquiais, nenhuma metáfora a
borrar os contornos claros da personagem. Dentro do tecido verbal há recursos que podem ser
utilizados, por exemplo o romance como poesia, no sentido de arte literária. Assim como o
poema, o romance se faz com palavras e com estas o mundo romanesco se constrói. O autor
utiliza um trecho de Iracema, de José de Alencar para exemplificar; o trecho se refere aos verdes
mares, portanto não segue a estrutura normal de prosa; suas pontuações sugerem o balanço do
mar, ondas indo e vindo da praia. Outro recurso é o ritmo utilizado para elaborar o romance;
para exemplificar melhor o autor cita em Quincas Borba, de Machado de Assis, o episódio em
que ele s encontra à beira da janela, de frente para o mar, o que sugere calmaria; mas o ritmo
sugere outra coisa, há uma linguagem objetiva de analista, barreiras que impossibilitam a
elevação da voz. Toda essa estrutura da obra literária está ligada à significação e à distribuição
das palavras no tecido verbal.
Na terceira parte, o autor coloca três tipos de textos para falar da intertextualidade. O
primeiro tipo é “textos dialogam”; para ser bem analisado este é necessário notar, além das
semelhanças entre o texto base e o texto evocado, também as diferenças que se resultam da
reelaboração. Um exemplo dado pelo autor é Macunaíma, de Mario de Andrade, ao dialogar
com Iracema, de José de Alencar; Macunaíma não teve um nascimento bom e virou uma pessoa
ruim, já Iracema tem uma aparição paradisíaca, como o próprio autor diz. O segundo tipo é o
“texto sequestrado” que seria a forma de fala/linguagem utilizada na narração; como exemplo
Schüler utiliza Macunaíma, um herói que vai para a cidade e assim acaba sendo sequestrado
pela cultura, pela língua civilizada – o texto sequestrador. O terceiro tipo citado é o “texto
liberto”, no qual o autor busca por uma autonomia da sua linguagem em que ele cita Vidas
Secas, de Graciliano Ramos e a linguagem que Machado de Assis utiliza em seus livros. Assim
a intertextualidade promove o diálogo universal de textos. (pg. 25)
Na sexta parte, sobre o Tempo, expõe-se as várias maneiras deste ser medido; portanto,
neste capítulo será explicada a diferença entre o tempo da narrativa, do tempo da narração e do
tempo da leitura. Quanto ao tempo da narrativa, a partir de Saussure consideramos dois pontos
de vista, o sincrônico e o diacrônico; o modelo sincrônico é aquele que ordena o tempo,
determina seu ritmo e duração; já o modelo diacrônico varia um pouco, pois mostra as
transformações que o romance sofreu ao longo da história. O tempo pode ser construído por
fragmentos que depois se unem; Schüler cita a obra Vidas Secas, na qual cada capítulo gira em
torno de uma personagem, mas que ao final estão todas interligadas. Outro recurso utilizado
pelo tempo é o fluir da consciência que é a associação de ideias por semelhança, oposição ou
aleatoriamente; este não se concentra em uma coisa só e com certa rapidez desloca-se de um
objeto a outro, observando assim que o tempo da narrativa depende daquilo que envolve a
personagem, o tempo, o espaço e os conflitos. Já o tempo da narração é a sequência em que os
fatos acontecem, quando as personagens se movimentam num determinado espaço à medida
em que o tempo passa. Temos ainda o tempo da leitura, pois O tempo altera a leitura dos
romances. (p. 58). Percebemos a partir disso que quanto mais o tempo passa as pessoas vão
mudando, novas obras vão surgindo e não se lê mais como antes, por exemplo, Memórias
Póstumas de Brás Cubas, como o autor mesmo cita. Cada geração lê diferentemente os mesmos
textos; o tempo modifica o que preserva; esse é o tributo pago pelas obras que sobrevivem (p.
59).
No sétimo capítulo ele fala sobre o Espaço, em que há algumas categorias para
identificar o espaço em que o romance acontece como verticalidade e horizontalidade; a
verticalidade refere-se a céu e inferno, já a horizontalidade refere-se aos conflitos interiores
vividos pela personagem, citado como exemplo D. Quixote. Quanto a leste e oeste, enquanto
referência espacial, Schüler utiliza o romance Iracema, no qual ela nasce no lado oeste do país,
e já na parte leste é onde os europeus estavam localizados, nas cidades mais litorâneas. Há
também os microespaços presentes no texto, ou seja, os espaços menores onde ocorrem partes
importantes da história.
Em Imaginação, o autor faz uma breve característica de como esta funciona no processo
de criação do romance; a imaginação vem através de fragmentos de lembranças, experiências
ou textos. Uma das formas como isso se apresenta é a verossimilhança, que é a impressão que
a ficção provoca no leitor como se fosse verdade.
No capítulo nove, fala sobre as três fases do modernismo, a primeira que é desencadeada
pela revolução intelectual e artística da Renascença, no início do século XVI até o final do
século XVIII; já a segunda fase é entre a Revolução Francesa e a Primeira Guerra Mundial,
quando ocorre a expansão industrial e a ascensão e consolidação da burguesia; a terceira fase é
instalada sobre os escombros da Guerra.