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Universidade de São Paulo

Faculdade de Educação
Departamento de Metodologia de Ensino e Educação Comparada

Trabalho Final

Disciplina: Didática

Docente: Profa. Dra. Selma Garrido Pimenta

Discente: Michelly Vital da Silva N. USP: 6518130

Curso de origem: Letras Bacharelado Português e Chinês.


Introdução

Durante o curso de didática foram feitas leituras, discussões e atividades a cerca


de temas que versam sobre a educação, a escola, o trabalho docente, a relação professor-
aluno e a organização da aula. Tivemos um contato com a teoria e através do estágio
pudemos verificar como estes temas são desenvolvidos na própria instituição de ensino
e como está sua situação nos dias atuais, bem como a dos professores e alunos.

Neste trabalho focarei na questão de como o curso de didática contribuiu para


minha formação de professora, ou seja, até que ponto as leituras e as atividades
desenvolvidas foram pertinentes.

Qual a contribuição do curso de didática para a minha formação de professora?


Quando estamos em um curso de formação de professores, sabemos que vamos
nos defrontar com estigmas em relação a nossa profissão. Muito das teorias que
estudamos, trazem em si a marca de uma educação problemática com diversas
“receitas” de como agir para que o ensino seja efetivo, para que o professor e o aluno
sejam beneficiados e também para que a sociedade se sinta satisfeita.

A educação no Brasil passou por várias mudanças no decorrer dos anos e ainda
buscamos uma forma de melhorá-la. Atualmente o professor encontra-se em uma
situação bem mais desvalorizada do que antigamente e a educação, se me permitem
utilizar este termo, está em crise. Um dos locais mais atingidos é o ensino público, onde
escutamos diariamente relatos de violência escolar, tais como agressões a professores,
bullying entre os alunos e também é possível ver a marca das insatisfações dos docentes
nas greves que são feitas para reivindicar aumento de salário e melhorias nas condições
de trabalho. Nós professores que estamos começamos nesta profissão nos esquecemos
de todos estes problemas? Creio que não. Digamos que mesmo com todos estes
desafios, queremos ser professores, seja lá qual for o fator que nos mova para exercer
esta atividade, se admiramos um professor que tivemos no decorrer da nossa vida
estudantil ou se gostamos de ensinar algo a outrem, enfim é a profissão que escolhemos
independente das dificuldades.

A meu ver a formação teórica é tão importante quanto à prática no trabalho


docente, pois é através dela que obtemos subsídios para poder atuar em sala de aula e
enfrentar problemas que possam surgir. Um dos primeiros textos trabalhados na aula de
didática me chamou muito atenção, pois reflete sobre o papel da humanização na
educação, cujo autor é Paulo Freire. Ele destaca pontos relevantes tais como a de que
não existe uma pedagogia isenta de um conceito de homem e mundo e se encaramos
este homem apenas como uma “coisa”, nossa ação educativa se processa em termos
mecanicista, o que resulta em uma cada vez mais domesticação do homem. Esta ação
educativa que transforma o homem em coisa, em um simples depósito de conteúdos, o
autor denomina de “Bancária”, onde o educador é o depositante e o educando é o
depositário. O autor defende que devemos encarar o homem como pessoa para que o
nosso que fazer educativo seja cada vez mais libertador e para realizar tal, devemos
encarar a educação de forma dialética, dual que caminha para que o homem desenvolva
seu espírito critico e reflexivo face ao seu meio. Se o homem aceita com passividade
tudo aquilo que lhe é ensinado, pode vir a ser manipulado, e cria-se então um espirito de
dominação. Eu não posso querer que meus alunos pensem como eu, cada pessoa tem
direito de achar o que bem entender dos conteúdos que ensino na aula e cabe ao a mim
como professor estimular este ato reflexivo. Se ao ensinar meus alunos eu apenas
passar o conteúdo como uma verdade absoluta, a aula se torna monótona e meus alunos
serão apenas objetos sentados em suas carteiras. Temos que tratar nossos alunos como
sujeitos pensantes que utilizam suas reflexões para contestar o mundo e a sociedade em
que vivem e que saberão defender seus direitos e não se deixarão dominar.

Para complementar está ideia assistimos ao filme “A Língua das Mariposas”, cujo
contexto histórico refere-se ao período que antecede a Guerra Civil Espanhola, período
este marcado pelo autoritarismo imposto pelos governantes, pelo conservadorismo da
Igreja Católica e a pela falta de liberdade. Uma das figuras contrárias a estes
comportamentos é a do professor Don Gregório, cuja mentalidade é marcada por um
ideal de liberdade e crítica da sociedade em que vive. O filme me levou a refletir o quão
importante é o papel do professor, pois é ele quem vai suscitar nos alunos a reflexão
sobre a vida, sobre o mundo e a sociedade em que se inserem. O professor é um dos
principais responsáveis pela formação de cidadãos críticos, capazes de fazer suas
próprias escolhas e de defender seus ideais sem se deixar alienar.

As atitudes do professor Don Gregório e sua postura perante os alunos ficaram


muito marcadas na minha memória, ele dava liberdade para seus alunos, deixava os
decidir entre o certo e o errado, por exemplo, na parte do filme que todos estão
bagunçando na sala, ao invés de puni-los, se cala até que os mesmos saibam a hora de
parar. O professor tinha respeito sem usar da força bruta e do autoritarismo, marco do
contexto que estava vivendo. Além disso, o professor transmitia confiança aos alunos e
mostrava aos seus alunos o prazer de aprender e de ir à escola. Outro aspecto importante
foi perceber que o professor Don Gregório levava os alunos a aprender através de suas
vivências, por exemplo, na cena em que leva seus alunos para conhecer de perto a
natureza.
O filme nos mostra o quanto educar para a vida e para construir uma geração de
homens críticos é importante, se isso não ocorre a sociedade não evolui e só os
poderosos detêm o poder e acabam por aprisionar o pensamentos dos “ignorantes”
tornando os alienados e cegos.

Não é só a relação professor-aluno que faz com que o ensino seja efetivo, há outros
fatores que contribuem e nós como futuros professores devemos sabê-los. Refiro-me ao
projeto político-pedagógico, que até então, antes do curso de didática eu não tinha um
definição exata do que poderia ser e da sua importância. Segundo VEIGA, o projeto
político-pedagógico busca a organização do trabalho pedagógico da escola em sua
globalidade e seus elementos principais são: as finalidades da escola, a estrutura
organizacional, o currículo, o tempo escolar, o processo de decisão, as relações de
trabalho e avaliação.

O projeto político-pedagógico deve partir da reflexão de como está a situação da


escola e dos alunos e a partir disso deve ser montado um panorama que vise melhorias e
tragam resultados efetivos no aprendizados dos alunos. É necessário que toda a
comunidade escolar participe e aponte quais os pontos mais fracos do processo ensino
aprendizagem e neste aspecto, os professores são elementos essenciais, pois eles podem
diagnosticar em suas aulas, onde deve haver mais reforço e descobrir maneiras de
atingir a atenção dos alunos. Segundo PIMENTA, o trabalho pedagógico na escola é
ação a partir da reflexão e esse movimento de identificação, de conhecimento da
realidade, é fundamental para que transformemos as práticas escolares, na direção de
identificá-las como finalidades.

Os processos de ensinar e aprender devem se orientar pelo ideal formativo do


projeto político-pedagógico e é de suma importância que nós professores saibamos no
que consiste o projeto da escola na qual atuamos, se não participarmos da construção
dele, não faremos um projeto que beneficie os diferentes alunos que encontramos em
nossa sala de aula e apenas aceitaremos as determinações da escola.

Outro sentido construído ao longo do nosso curso de didática e que contribui para
nossa formação é sobre a relação aluno, professor e mediação do conhecimento.
Segundo Charlot o homem não é, deve torna-se o que deve ser e para que isto ocorra
deve ser educado por aqueles que suprem sua fraqueza inicial e deve educar-se, “torna-
se por si mesmo”. Para ele nascer e aprender é entrar em um conjunto de relações e
processos que constituem um sistema de sentido, onde se diz quem eu sou, quem é o
mundo e quem são os outros. Esse sistema do qual eu me construo e sou construído
pelos outros, é chamado educação.

CHARLOT esclarece que a educação é uma produção de si por si mesmo e que


essa autoprodução só é possível pela mediação do outro e com sua ajuda (daí o papel
importante do professor), é também o processo através do qual a criança que nasce
inacabada se constrói enquanto ser humano, social e singular. O autor afirma que
ninguém poderá educar-me se eu não consentir, se eu não colaborar; uma educação é
impossível, se o sujeito a ser educado não investe pessoalmente no processo que o
educa. Inversamente, porém, eu só posso educar-me numa troca com os outros e com o
mundo; a educação é impossível, se a criança não se encontra no mundo que lhe permite
construir-se.

Charlot afirma que toda educação supõe o desejo, como força propulsionadora
que alimenta o processo. Charlot cita três conceitos utilizados na relação com o saber o
da mobilização, da atividade e do sentido. A criança mobiliza-se, em uma atividade,
quando investe nela, quando faz uso de si mesma como de um recurso, quando é posta
em movimento por móbeis (razões que a levam a agir) que remetem a um desejo, um
sentido, um valor. Quando estou em sala de aula com meus alunos de 3 anos de idade e
está na hora de colocarmos o tênis, não posso como professora que está ensinando
noções de como cuidar de si simplesmente colocar o tênis para eles. Tenho que incitá-
los para que desperte neles o desejo (móbil) de fazerem sozinhos, seja porque querem
imitar o adulto, ou porque o outro colega de sala já sabe fazer e esse desejo de ser como
o outro faz com que a criança se mobilize e tente colocar o tênis (atividade). Toda esta
ação tem um significado pra ela, ou seja, gera-se um sentido para criança.

Outro ponto importante para nossa formação foi a discussão sobre a avaliação
escolar. Segundo VASCONCELOS, o professor não pode se deixar levar pela “lógica do
detetive”, ou seja, se comportar qual um policial procurando o errado, o culpado ou fora
do padrão diante da avaliação dos seus alunos, mas sim como um pedagogo que
acompanha o crescimento do educando, procurando dar-lhe as condições necessárias
para seu desenvolvimento. Para ele a maneira como a nota é trabalhada na escola mostra
a presença de uma pedagogia comportamentista, baseada no esforço-recompensa, no
prêmio-castigo e ao invés de ser um elemento de referência do trabalho de construção
do conhecimento, passa a desempenhar o papel de prêmio ou de castigo, tornando a
relação pedagógica alienada e tanto o aluno como o professor passam a se preocupar
mais com a nota do que com a aprendizagem.

O nosso papel como professores, segundo VASCONCELOS é de garantir a


formação integral do sujeito pela mediação da efetiva construção do conhecimento, a
aprendizagem por parte de todos os alunos. Nós professores devemos avaliar nossos
alunos sem focar apenas se eles se saem bem nas provas, ou se a sua nota é a esperada.
Devemos usar de uma metodologia que consiga atingir nossos objetivos propostos e
também nos avaliar para sabermos a melhor maneira de trabalharmos em sala de aula
para que ocorra um aprendizado efetivo do aluno.

Umas das experiências mais importantes do curso de didática foi o estágio, lá


pude vivenciar a maioria dos temas discutidos na aula. Pude verificar quem são os
alunos e os professores de hoje e como estes se relacionam, como é feito um projeto
político-pedagógico na escola, como a professora lida com seu planejamento diário das
aulas, como é feita a avaliação dos seus alunos, sua postura perante os alunos e outros
comportamentos que enriqueceram a minha visão como futura professora.

Na minha experiência do estágio, tive o prazer de encontrar uma professora


motivada, criativa e preocupada realmente com o aprendizado dos seus alunos. Assistir
as aulas, conversar com os alunos e com a coordenadora pedagógica trouxe uma visão
mesmo que pequena, pois foram poucas horas de estágio, de como está a realidade das
escolas atualmente.
Conclusão

Este trabalho teve o intuito de apresentar até que ponto o curso de didática
contribuiu para minha formação como professora. Todas as atividades desenvolvidas no
curso foram importantes, desde a leitura dos textos até os questionamentos levantados
em sala de aula. Foi também através do estágio que pude vivenciar a atividade docente,
o comportamento dos alunos e os esforços que a instituição de ensino faz para atender
aos objetivos propostos do seu projeto político-pedagógico.

Contudo, fazer leituras de grandes estudiosos da educação, discutir e levantar


aspectos importantes em sala de aula, realizar atividades em grupos, assistir filmes sobre
educação, são de suma importância para formação de qualquer professor. Aprendemos
através da teoria e da troca de experiência e isto resulta na formação de professores
críticos, reflexivos do seu papel tão importante que é o de educar, ensinar.
Referências

A língua das mariposas. Diretor: José Luis Cuerda. Elenco: Fernando Fernán Gómez,
Manuel Lozano, Uxía Blanco, Gonzalo Martín Uriarte, Alexis de Los Santos, Guillermo
Toledo. Produção: Fernando Bovaira, José Luis Cuerda. Roteiro: Rafael Azcona,
baseado na novela. Fotografia: Javier Salmones. Trilha Sonora : Alejandro Amenábar.
Duração: 95 min. Ano: 1999. DVD. País: Espanha. Gênero: Drama. Cor: Cor. Estúdio:
Sogetel, Las Producciones del Escorpión, Grupo Voz.

CHARLOT, B. Da relação com o saber. Artmed, 2000. (cap.4)

FREIRE, P. Papel da educação na humanização. In: Uma Educação para a liberdade.


Porto: Textos Marginais, 1974: 7-21.

PIMENTA, S. G., Projeto Pedagógico e identidade da Escola. In: PIMENTA, S.G. De


professores, Pesquisa e Didática. Campinas. Papirus. 200: p.59-75(CAP.4)

VASCONCELLOS, C. S. Avaliação: concepção dialética e libertadora do processo


de avaliação escolar. Finalidades da Educação (2ª parte). S. Paulo: Libertad, 2005,
p.51-62.

VEIGA, Ilma P.A. Projeto político-pedagógico da escola: uma construção coletiva. In:
VEIGA, Ilma P. A. (org.) Projeto político pedagógico da escola: uma construção
possível. Campinas, SP: Papirus,1995, p.11-35.

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