Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Características da água
A água pura é um líquido incolor, inodoro, insípido e transparente.
Por ser um ótimo solvente, nunca é encontrada em estado de absoluta pureza, contendo
desde mg/l na água da chuva a mais de 30.000 mg/l na água dos rios de materiais em suspensão e
dissolução.
As impurezas mais comuns encontradas nas águas em suas diversas formas são:
Em estado coloidal: Bactérias e vírus: muitos patogênicos e outros podem causar prejuízos a
instalações;
Substâncias de origem vegetal: cor, acidez e sabor.
Sílica e argilas: turbidez.
Dissolvidas: Incluindo muitas substâncias minerais como sais de cálcio e de magnésio, gases,
compostos orgânicos, cujos efeitos dependem da sua composição e concentração e de reações
químicas com outras substâncias.
A qualidade de uma água quer para fins domésticos ou industriais é sempre definida por sua
composição química, física e bacteriológica.
A água possui uma série de impurezas, que vão dar suas características físicas, químicas e
biológicas. A qualidade da água depende dessas características. As características físicas, químicas e
biológicas das águas naturais, bem como as que deve ter a água fornecida ao consumidor, vão
influírem no grau de tratamento que venha a se dar às águas naturais, o qual também depende do
uso que se pretende dar a água. Portanto, o conceito de impureza de uma água tem significado
relativo.
Assim, uma água destinada ao uso doméstico deve ser desprovida de gosto, ao passo que
numa água destinada ao resfriamento de caldeiras, estas características não têm importância.
Portanto, a qualidade que se deseja na água natural e a que se necessita na água de consumo, entre
outros aspectos, vão influir na escolha do manancial e no processo de tratamento a ser adotado, sem
se deixar de levar em conta, também, o aspecto econômico – financeiro deste tratamento.
Assinalamos ainda que as quantidades e a natureza dos componentes que se encontram nas
águas variam em função do tipo de solo donde elas se originam. Também das condições climáticas e
do grau de poluição, contaminação essa processada pelos despejos industriais e domésticos.
Uma análise completa de uma água envolveria o exame de várias dezenas de componentes,
quer em suspensão e outros tantos em dissolução. Incluem–se nestes casos as substâncias
ionizadas, os gases e os compostos orgânicos dissolvidos, as matérias em suspensão
(microorganismos e matéria coloidal).
Assim, para se avaliar a qualidade de uma água para fins de consumo ou industrial, não é
necessário o conhecimento de todos os constituintes presentes na água. As análises mais comuns
são:
a) Análises físicas.
b) Análises químicas.
c) Análises bacteriológicas.
1
Características físicas das águas
Estas características envolvem praticamente aspectos de ordem estética e psicológica,
exercendo certa influência no consumidor leigo, pois que, dentro de determinados limites não tem
relação com inconvenientes de ordem sanitária e industrial.
O exame físico é o menos importante das análises que caracterizam a qualidade de uma
água. Seu resultado não deve ser interpretado separadamente de outros exames e análises e são
relativamente fáceis de determinar.
Os principais exames físicos são os seguintes:
Cor
A água quimicamente pura é ausente de cor. A presença de substâncias dissolvidas ou em
suspensão acaba por alterar a cor da água, evidentemente dependendo da quantidade e
qualidade das impurezas. Na maioria dos casos é devido a compostos orgânicos
complexos resultantes da degradação da matéria orgânica e é função do pH, aumenta com
o acréscimo do mesmo. Os principais compostos causadores de cor são de natureza ácida:
ácidos fúlvicos (75 – 85% dos casos), húmico e hematomelânico. As águas coloridas são
de aspecto desagradável e são rejeitadas pela população.
Quando a água provém daqueles ácidos originados da decomposição de vegetais não
apresenta risco algum para a saúde. A sua presença na água pode, fazer o consumidor
procurar outras fontes de aspecto mais agradável, mas que em muitos casos pode estar
comprometida bacteriologicamente.
A água quimicamente pura e isenta de partículas em suspensão reflete uma cor azul. Essa
cor é o resultado da refração da luz por moléculas da água. Na natureza, porém, as águas
possuem, em concentrações maiores ou menores substâncias em dissolução ou
suspensão que modificam a tonalidade azul da água pura. A chamada cor natural das
águas em geral apresenta matizes variados que vão desde o amarelo até o castanho ou a
cor de café escuro. Essas colorações são devido a extração pela água da matéria corante
de plantas, folhas, grama, taboa (planta que ocorre na margem de barragens e rios) e
achas de lenha, originando uma tonalidade marrom – amarelada. Nas zonas baixas e
pantanosas as cores variam de marrom escuro a quase pretas.
Além dessa cor natural amarelo – acastanhada as águas podem apresentar as tonalidades
mais diversas seja devido à proliferação de plâncton, seja pela poluição por águas residuárias
coradas. A remoção da cor tem por finalidade tornar a água adequada para aplicações gerais ou
industriais.
Em combinação com o ferro, a matéria orgânica pode produzir cor de elevada intensidade.
A característica cor é muito sensível ao pH. A sua remoção se dá com mais facilidade em pH
baixo. No entanto, à medida que aumenta o seu valor mais intensa é a cor.
O termo cor é usado para significar cor verdadeira, que é aquela devida unicamente às
substâncias em solução.
O termo cor aparente inclui não só a cor usada pelas substâncias em solução como também a
devida à matéria em suspensão.
Para se determinar a cor verdadeira de uma água que não seja bastante límpida é necessário
remover antes a matéria em suspensão (turbidez).
Uma vez removida a turbidez, o residual que se determina é a cor verdadeira, devido à
presença de partículas coloidais carregadas negativamente. Desta forma, como veremos mais
adiante essa característica pode ser removida da água por coagulação e floculação.
Em algumas situações de cor extrema, a mesma pode ser removida por oxidação química,
utilizando – se entre outros compostos o permanganato de potássio, ozônio ou cloro.
É sempre recomendável, por uma questão de precaução a utilização do cloro para oxidar a
matéria orgânica, pois os compostos resultantes – clorofenóis e trihalometanos (THM) são suspeitos
de serem cancerígenos. No entanto, pode ser utilizado o cloro junto com a amônia na forma de
dióxido de cloro, formas que não produzem THM.
As águas superficiais dos rios podem, algumas vezes parecer coloridas, pela presença de
materiais coloridos em suspensão, quando na verdade elas não o são. Tais substâncias comunicam
cor aparente, e devem ser separadas por centrifugação a fim de ser determinada a cor verdadeira.
Para a cor aparente a determinação é feita na amostra original sem nenhum cuidado prévio.
Quando a cor das águas é proveniente de extratos orgânicos de animais em decomposição ou
por anilinas (provenientes de lançamentos de resíduos industriais) ou ainda, por íons de metais
pesados, considera – se altamente prejudicial do ponto de vista sanitário.
2
Não há uma correspondência direta entre a concentração das substâncias corantes e a cor
resultante. Por essa razão, a cor de uma amostra é determinada comparando – a com uma escala
arbitrária de cor. A unidade de cor é definida como a cor produzida ao se dissolver 1,0 mg de
cloroplatinato de potássio e 0,5 mg de cloreto de cobalto em 1 l de água (escala Pt-Co). Soluções
iguais a esta são preparadas em tubos de Nessler em concentrações de 0 a 70 unidades de cor, para
comparação direta com a amostra. Um dos aparelhos mais usados para a determinação da cor é o
Aquatest, com discos colorimétricos em padrões correspondentes aos tubos de Nessler. O resultado
em mg/l ou ppm. A unidade de cor na escala Pt-Co também é conhecida por Unidade Hazen (uH) ou
“Cor APHA/Hazen/Pt-Co”.
Turbidez
É uma característica devida à presença de partículas suspensas na água com tamanho
variando desde suspensões grosseiras aos colóides, dependendo do grau de turbulência.
A natureza dessa matéria pode ser orgânica ou inorgânica.
Entre as impurezas inorgânicas estão à argila, os siltes, as areias, o carbonato de cálcio, a
sílica, o hidróxido férrico, lodo, descarga de esgoto doméstico ou industrial ou a presença de um
grande número de microorganismos, e entre as orgânicas contam – se, a matéria orgânica finamente
dividida, óleos, gorduras, etc.
Essas substâncias em geral são provenientes da erosão dos solos por efeito das chuvas e
enxurradas, especialmente nas zonas desmatadas; da contaminação das águas pelos esgotos ou
resíduos industriais, etc. O grau de turbidez depende não só da concentração e da natureza da
matéria em suspensão como também do tamanho das partículas.
Assim, se duas águas possuem o mesmo teor de matéria em suspensão será mais turva a
que tiver a matéria mais finamente dividida.
É uma característica que traduz a resistência oferecida pelas águas à passagem dos raios
luminosos e, obviamente, variará na razão inversa da transparência. É uma expressão da
propriedade ótica de uma amostra de dispersar e absorver a luz, de preferência a transmiti-la em
linha reta e o seu valor obtem-se comparando a opacidade da amostra com a de padrões sanitários,
em geral suspensões de sílica.
A turbidez é mais própria das águas dos rios que arrastam, no seu trajeto, fragmentos de
rochas, além de detritos orgânicos e bactérias. Nas proximidades das cidades, a turbidez é acrescida
pela contribuição das águas residuárias (industriais e domésticas).
Do ponto de vista sanitário a turbidez, quando de natureza inorgânica, geralmente não
apresenta maiores inconvenientes, a não ser pela sua capacidade de adsorção de substâncias
químicas ou espécies biológicas nocivas, permitindo a oclusão das mesmas e, por conseqüência,
protegendo – as contra a desinfecção. Quando de natureza orgânica ela é considerada
intrinsecamente má.
É impraticável tentar relacionar a turbidez com o peso da matéria em suspensão. Quanto mais
subdividida estiver a matéria, maior será a turbidez. Por esse motivo caiu em desuso a antiga unidade
de turbidez em mg/l de sílica.
Atualmente, a determinação da turbidez é fundamentada no método de Jackson. Consiste em
se determinar qual a profundidade que pode ser vista a imagem da chama de uma vela, através da
água colocada em um tubo de vidro. É limitado a valores entre 25 e 1000 unidades Jackson de
turbidez (U.J.T. ou J.T.U. na abreviação em inglês). Há uma variedade de equipamentos mais ou
menos sofisticados para medir valores inferiores a 25 UJT, porém os melhores são nefelômetros.
Nesses, mede–se, em uma célula fotoelétrica, a quantidade de luz dispersa através de uma amostra
de água, a 90o da luz incidente. A escala de medição é calibrada com padrões conhecidos,
preparados com uma solução de formazina, permitindo medir valores tão baixos como 0,1 UJT com
uma precisão de + ou – 10%.
Não há, no entanto, uma relação direta entre a quantidade de luz dispersa a 90o e a que, como
no tubo de Jackson, atravessa diretamente a amostra. Desse modo, não faz sentido calibrar – se os
nefelômetros em unidades Jackson e é preferível, a denominação de unidades Nefelométricas de
turbidez U.N.T. (ou N.T.U., em inglês). A Unidade de Turbidez Nefelométrica (UTN) é chamada
também de UTF (Unidade de Turbidez de Formazina).
Objeções:
3
São como no caso da cor e como veremos adiante no odor e sabor, principalmente de ordem
estética, pois as substâncias que causam em geral não são nocivas, Se a concentração da matéria
em suspensão é excessiva, a água pode ter gosto estranho e deixar sensação desagradável ao ser
tomada.
Mesmo sem chegar a esse extremo, as águas turvas são sempre encaradas com suspeitas
pelos consumidores e depois do odor e sabor constitui a maior fonte de reclamação por parte do
público, no tocante a qualidade. Para o uso industrial a depender da natureza da indústria e da
natureza das substâncias responsáveis pela turbidez, as exigências podem variar sendo que para
alguns casos ela deve ser praticamente nula.
pH:
Caracteriza a acidez ou alcalinidade de uma água. A sua determinação é de vital importância
num processo de tratamento de uma água para o controle da coagulação, desinfecção e pode
contribuir para a corrosão das estruturas das instalações hidráulicas, sistemas de distribuição
industriais. A corrosão pode acrescentar constituintes à água, tais como: Ferro, Cobre Chumbo, Zinco
e Cádmio.
O pH das águas naturais varia de 5 a 9.
O pH tem importância em praticamente todas as fases da química sanitária, de refrigeração,
de geração de vapor e de outras indústrias. Assim nas águas destinadas ao abastecimento ao
público, o pH é importante:
- na previsão das espécies químicas de caráter ácido ou básico presentes num curso de água.
- na avaliação do poder tamponante de uma água.
- na previsão e escolha dos reagentes a serem usados na coagulação.
- no controle dos agentes de coagulação (a fim de evitar o uso de excesso de reagentes,
passagem do sal de alumínio através dos filtros e posterior precipitação deste no sistema de
distribuição).
- na desinfecção (na qual se deve atender uma faixa de pH para que a desinfecção seja mais
efetiva).
- no abrandamento (controle das fases do mecanismo de âmbito industrial), incluindo – se
etapas de recarbonatação.
- na distribuição da água (na qual se deve controlar o pH a fim de evitar que seja entregue ao
consumidor, uma água corrosiva ou incrustante).
- no possível acréscimo de eficiência na remoção de bactérias.
Igualmente no caso da água residuária, o controle do pH é importante.
Algumas substâncias têm a propriedade de sofrer alteração de cor a vários níveis de pH. São
usados como indicadores e possibilitam uma determinação aproximada do pH. Algumas gotas
adicionadas a uma amostra, dão a esta certa colocação que, comparada a um disco colorimétrico,
corresponde ao valor do pH.
Os phmetros com eletrodos de vidro são bem mais sofisticados. Esses aparelhos não sofrem
interferências de cor e turbidez.
Para determinação do pH pode – se empregar processos colorimétricos e eletrométricos. Os
primeiros usam indicadores que se alteram de coloração com as variações do pH do meio. Embora
simples de ser determinado, ficam sujeitos à interferência como: cor, turbidez, matéria orgânica e
coloidal e cloro livre. Os corantes usados nessa determinação são de origem orgânica que mudam de
cor conforme o pH do meio. A cor produzida é comparada com padrões de pH conhecido. Por
questão de simplicidade é usual ser empregado os conhecidos discos colorimétricos de Hellige. O
processo eletrométrico usa eletrodos de vários tipos para a determinação do pH, sendo o mais
comum o de vidro em combinação com o de calomelano.
Sabor e odor:
São os meios primários pelos quais se determinam o uso ou a aceitabilidade da água. Muito
embora não possam ser relacionados com a qualidade da água, no entanto a sua presença pode
levar o consumidor a procurar outras fontes de abastecimento, às vezes em condições precárias sob
o ponto de vista bacteriológico.
As fontes de odor e sabor podem ser classificadas em duas categorias:
Naturais:
São as que chegam às águas por causas naturais como algas, vegetação em decomposição,
bactérias, fungos e compostos inorgânicos tais como gás sulfídrico, sulfatos e cloretos.
4
Artificiais:
São as que provêm de águas residuárias domésticas ou industriais. Neste grupo podemos
incluir os fenóis, cresóis, mercaptanas e aminas.
Considerando que, geralmente, a sensação de sabor decorre da percepção do odor, estas
características são aqui consideradas em conjunto. Quando o sabor é devido a sais dissolvidos em
elevadas concentrações, estes não têm relação com o odor.
A presença de sabor e odor é associada a poluentes químicos (despejos industriais ou outras
substâncias objetáveis, como a matéria orgânica em decomposição, algas, etc) ou a
microorganismos.
Há quatro tipos de sabores fundamentais, os quais correspondem à área sensitiva sobre a
língua:
A intensidade e a agressividade dos odores variam com a espécie do odor, que pode ser de
quatro tipos fundamentais:
a) Ferroso: Terra úmida, turfa, etc.
b) Mofento: Bolor, palha em decomposição.
c) Putrefato: Chiqueiro, ovos podres, sépteis, etc.
d) Químicos: De resíduos industriais ou tratamento químico, fenóis, clorofórmio, etc.
Temperatura:
As águas usadas em abastecimento têm uma temperatura variável entre 15 e 21 0C. A
temperatura relaciona – se com a massa específica, viscosidade, tensão superficial, pressão de vapor
e solubilidade dos gases.
A temperatura tem muita importância no processo de tratamento de uma água (clarificação),
corrosão, desinfecção e no desenvolvimento e destruição de bactérias.
Condutividade:
A condutividade elétrica (L) permite avaliar a quantidade de sólidos totais dissolvidos (STD),
que representa a medida dos íons na água. Geralmente a L é expressa em Siemens/m (S/m) ou
S/cm. Pode-se usar como medida dos STD a resistividade elétrica (R) que é o inverso da
condutividade elétrica cuja unidade é ohm.m (Ώ . m) ou M Ώ .cm
Características químicas
As características químicas são provenientes da presença de substâncias dissolvidas
geralmente avaliáveis somente por meios analíticos.
São de grande importância para o sanitarista, tendo em vista as conseqüências que acarretam
para o organismo humano ou em razão do aspecto higiênico. Igualmente, sob o ponto de vista
industrial essas características assumem papel saliente.
As características químicas das águas contam a sua história antes do ponto de coleta da
amostra.
Como já se disse acima as características químicas das águas são determinadas por meio de
análises químicas, seguindo métodos adequados e padronizados para cada substância.
Os resultados são fornecidos em concentração da substância em mg/l.
Vejamos algumas dessas características.
2) Dureza:
É uma característica conferida à água pela presença de alguns íons metálicos, principalmente
os de cálcio (Ca++) e magnésio (Mg++) principalmente e os de (Fe++). A dureza é reconhecida pela sua
propriedade de impedir a formação de espuma como sabão. Além disso, produz incrustações nos
sistemas de água quente.
A dureza é expressa em equivalente-grama de CaCO 3, podendo ser classificada em
carbonatos e de não carbonatos. A primeira provocada pelos carbonatos e bicarbonatos de cálcio e
magnésio, podendo ser removida pela ebulição. A segunda, permanente, só pode ser removida
através de tratamento e é ocasionada pelos cloretos, sulfatos e nitratos de cálcio e magnésio.
Em águas naturais doces a dureza varia de 10 a 200 mg/l de CaCO 3 e em salgadas pode
atingir até 250 mg/l de CaCO3.
Do ponto de vista industrial a dureza é uma característica indesejada principalmente quando a
água se destina a aquecedores, ebulidores e caldeiras, de vez que pode formar depósitos
(incrustações), com sérias conseqüências para a segurança no trabalho e economia das indústrias.
Os níveis de dureza aceitáveis para uma comunidade são variáveis.
Como já se disse em caldeiras, os sais de cálcio e de magnésio tendem, ao se depositar nas
paredes dos tubos, provocarem incrustações, bloqueando – os e dificultando as trocas de calor. Por
isso, pode haver rompimento por superaquecimento localizado onde formou – se a incrustação. Além
disso, os tubos dos trocadores de calor podem ficar sujeitos à corrosão por aeração diferencial,
conforme veremos mais adiante.
6
As incrustações são particularmente danosas, pois provocam a perda de eficiência das
superfícies de troca de calor. Ainda, permitem à possibilidade de produtos nocivos de corrosão
concentrarem-se abaixo delas. Este tipo de corrosão verifica – se principalmente em caldeiras de alta
pressão, podendo ser também em caldeiras de média e de baixa pressão.
As águas podem ser classificadas em termos do grau de dureza em:
Do ponto de vista da saúde pública, não há objeções ao consumo de águas duras. Pelo
contrário, alguns pesquisadores têm encontrado uma correlação entre águas moles e certas doenças
cardíacas, têm sido verificadas que há um maior número de pessoas com problemas
cardiovasculares em áreas de águas moles do que em áreas de águas duras.
Na Europa utilizam – se outras unidades:
1 grau francês = 10,0 mg/l em CaCO3
1 grau alemão = 17,8 mg/l em CaCO3
1 grau inglês = 14,3 mg/l em CaCO3
3) Alcalinidade:
É devida aos bicarbonatos, carbonatos ou hidróxidos de cálcio e magnésio. Com maior
freqüência é causada pela presença dos bicarbonatos, produzidos pela ação do gás carbônico
dissolvido na água sobre as rochas calcárias. As diversas espécies de alcalinidade dependem do
valor do pH, composição do mineral, temperatura e força iônica.
Não tem significado sanitário, a menos que seja causado pela presença de hidróxidos ou que
contribuam na quantidade de sólidos totais dissolvidos.
É sem sombra de dúvida uma característica muito importante para o controle da água,
estando relacionados os processos de coagulação, redução de dureza e preocupação de corrosão
nas canalizações de ferro fundido da rede de distribuição.
Nas águas brutas varia de 10 a 30 mg/l de CaCO 3. Os bicarbonatos de cálcio e de magnésio
causam os mesmos problemas que os verificados em sistemas de produção de vapor. Além disso, os
bicarbonatos quando aquecidos liberam gás carbônico que é altamente corrosivo na temperatura
reinante na caldeira.
Não se pode confundir alcalinidade com pH. O pH mede somente o tipo de alcalinidade
presente na água.
Em função do pH, podem estar presentes na água os seguintes tipos de alcalinidade:
pH 11,0-9,4 Alcalinidade de hidróxidos e carbonatos
pH 9,4-8,3 Carbonatos e bicarbonatos
pH 8,3-4,6 Somente bicarbonatos
pH 4,6-3,0 Ácidos minerais
(A alcalinidade subdivide – se em total (metilorange) e parcial (fenolftaleina). A primeira mede
a presença de OH-, CO3- e HCO3- e a segunda, ½ CO3- e OH-.
A dureza devida aos bicarbonatos de cálcio e de magnésio é chamada de dureza de
carbonatos e a devida aos sulfatos, nitratos e cloretos de cálcio e de magnésio, dureza de não
carbonatos.
Sabemos que a dureza temporária (dureza de carbonatos) pode ser destruída, conforme
vimos pela ebulição.
A determinação da alcalinidade de água bruta geralmente mede a dureza de carbonatos,
mas na água abrandada e em algumas águas brutas, a alcalinidade pode também incluir a
alcalinidade de sódio. Isso é evidenciado quando a alcalinidade excede a dureza total. A dureza de
não carbonatos é avaliada pela diferença entre a dureza total e a dureza de carbonatos. A soma da
alcalinidade mais a dureza de não carbonatos é igual a dureza total, quando a água não contém
alcalinidade de sódio. Se a alcalinidade de sódio está presente, a dureza total é igual a alcalinidade
total menos a alcalinidade de sódio.
A não ser quando devida à presença de hidróxidos, a alcalinidade não constitui problema
isolado, desde que, também, não influa sobre a salinidade, pois neste caso pode trazer sabor
desagradável. Para fins potáveis, nenhum valor da alcalinidade consta nos padrões de qualidade da
água, devido ao fato da mesma estar sempre associada a outros constituintes.
7
4) Gás carbônico:
É um componente comum nas águas brutas. Sua concentração nas águas é função da
temperatura e pressão. Como o gás carbônico em água tem características ácidas, torna – se
corrosivo ao ferro e suas ligas bem como ao cobre e suas ligas, tornando desta forma atacáveis
tubulações, aquecedores, rotores de bombas e condensadores de sistemas de água de alimentação
de usinas de vapor. Para fins potáveis, nas concentrações encontradas ele não é pernicioso.
A presença de gás carbônico na água pode ser derivada da atmosfera, da decomposição da
matéria orgânica por via aeróbica, da poluição atmosférica decorrente da atividade industrial, dos
gases emanados da terra nas regiões vulcânicas, do metabolismo das plantas e animais aquáticos.
Já citamos que nas águas naturais o equilíbrio da reação:
5) Ferro e manganês:
Dependendo do manancial, varia a forma de apresentação do ferro. As águas de
profundidade (poços) são mais ricas em ferro. Ocorre na natureza sob a forma combinada, na forma
de óxidos e sulfetos (compostos mais comuns e importantes). Pode igualmente ocorrer na forma de
bicarbonato.
Esse metal tem a tendência de originar depósitos sobre as superfícies de trocadores de calor
(resfriadores e tubos de caldeiras). Nessas condições, podem não só bloquear os mencionados tubos
como também rompê–los em superfícies determinadas. Além disso, como esses depósitos são de
natureza porosa, permitem que produtos corrosivos e altamente danosos à superfície metálica, se
localizem sob os mesmos, provocando uma rápida e violenta deterioração daqueles materiais. Ainda,
como teremos oportunidade de verificar, a presença de ferro nas águas industriais pode provocar a
deterioração das chamadas resinas aniônicas.
Águas com teores elevados de ferro são encontradas:
Certos sais férricos e ferrosos como os cloretos, são bastante solúveis nas águas. Os sais
ferrosos são facilmente oxidados nas águas naturais de superfície, formando hidróxidos férricos
insolúveis, que tendem a decantar ou a serem adsorvidos superficialmente, razão pela qual a
ocorrência de sais de ferro em águas superficiais bem aeradas dificilmente se dá em concentrações
de elevado teor.
Para águas potáveis o limite máximo recomendado de ferro é de até 0,3 mg/l Fe +2 e o de
manganês de até 0,1 mg/l Mn+2. Esses limites têm como causa razões estéticas, pois águas contendo
sais de ferro causam aqueles problemas enumerados anteriormente. Acima de 0,5 mg/l Fe +2 causa
gosto nas águas.
A presença de manganês é muito menos comum nas águas e a sua coloração característica é
a marrom. A sua ocorrência dá–se em forma combinada, sendo mais comum em águas subterrâneas
do que superficiais.
As razões para limitação do teor de manganês nas águas para consumo dizem mais respeito
a prevenir os prejuízos de ordem estética/econômica do que por motivos de ordem toxicológicas.
Embora raramente apareça em exceção de 1 mg/l, o manganês causa permanentes
prejudiciais em lavagens de tecidos e instalações sanitárias
6) Oxigênio dissolvido:
Provém da aeração e da fotossíntese. Esta é como sabemos resultante do desdobramento do
gás carbônico em oxigênio e carbono pelas plantas clorofiladas catalisadas pela luz solar. O carbono
é liberado como subproduto na reação de formação de glicose pelas plantas.
No caso da aeração, o ar atmosférico difunde – se na água, provocando o aumento da
concentração de oxigênio. Esse elemento é vital a vida animal. O efeito de despejos oxidáveis nos
cursos de água, a avaliação das condições de uma água pura para peixes e outros organismos e o
progresso da auto – purificação podem ser medidos pelas determinações do oxigênio dissolvido. As
águas com concentrações elevadas de oxigênio são agradáveis ao paladar.
Encontramos em águas poluídas ou estagnadas nas redes, valores reduzidos de oxigênio. Na
determinação das condições sanitárias das águas superficiais o O.D. é o critério mais importante.
A determinação do teor de O.D. é um dos parâmetros mais importantes no controle da
qualidade da água. Nas águas de uma maneira geral, o teor de O.D. varia em função da temperatura,
pressão atmosférica, sais minerais e da quantidade e da qualidade da matéria orgânica instável
presente. A solubilidade do oxigênio aumenta com a diminuição da temperatura.
A presença de oxigênio nas águas é o grande responsável pela corrosão do ferro, cobre e
suas ligas. Isto ocorre a nível de pH entre 5 e 9,2. Em pH baixo acelera – se a corrosão e em pH alto
retardasse o fenômeno. Este processo é acelerado pela presença de gás carbônico.
No caso da aeração, o ar atmosférico difunde – se na água, provocando o aumento da
concentração do oxigênio.
A dosagem de oxigênio dissolvido reflete e teor do elemento molecularmente disseminado nas
águas. A presença de matéria orgânica na água reduz o teor de O.D. até fazê–lo igual à zero, daí
porque as águas residuárias ricas em matéria orgânica possuem pouco ou nenhum oxigênio
dissolvido (indicando a presença de bactérias).
Por outro lado, certos organismos microscópicos como as algas decompõem o gás carbônico
(em presença de luz) com desprendimento de oxigênio, o qual é disseminado nas águas, chegando
até a saturação e sobre – saturação.
Nas águas naturais a quantidade de O.D. que a água pode conter é pequena, devido a sua
baixa solubilidade, cerca de 8,38 mg/l à 25 ºC. As águas de superfície, relativamente limpas,
apresentam – se saturadas de O.D., porém este pode ter consumido rapidamente pela demanda de
oxigênio de esgotos domésticos. A proporção que os teores encontrados O.D. forem menores que a
saturação, temos a informação de que o grau de contaminação é cada vez maior, por outro lado, se a
9
concentração de O.D. ultrapassar a saturação, temos um indicativo da presença de algas (as algas
azuis – verdes, são cianofíceas).
É oportuno também afirmar que as presenças O.D. juntamente com o gás carbônico,
constituem – se em um fator a ser considerado na prevenção da corrosão de materiais ferrosos tais
como tubos de caldeiras e canalizações.
7) Demanda de oxigênio:
A maioria dos compostos orgânicos são instáveis e podem ser oxidados biológica ou
quimicamente, resultando compostos finais mais estáveis como o CO2, NO3 e H2).
A matéria orgânica tem, assim, uma certa necessidade de oxigênio, denominada demanda,
que pode ser:
1. Demanda bioquímica de oxigênio: é a medida de quantidade de oxigênio necessária ao
metabolismo das bactérias aeróbias que destroem a matéria orgânica.
2. Demanda química de oxigênio: permite a avaliação da carga de poluição de esgotos domésticos
ou industriais em termos de quantidade de oxigênio necessária para a sua total oxidação em
dióxido de carbono e água.
8) Sílica solúvel:
É conhecida também como sílica reativa. Encontra – se nas águas brutas sob forma de ácido
silícico e silicatos solúveis. Sabemos que em caldeiras de alta pressão a sílica em combinação com a
dureza origina incrustações delgadas e muito duras de difícil remoção em superfícies de trocadores
de calor e em palhetas de turbinas. Nesse último caso, a eficiência da turbina fica comprometida,
podendo ainda provocar problemas de natureza mecânica (desbalanceamento).
Ca++ + SiO2 + H2O CaSiO3 + 2 H+
9) Gás sulfídrico:
Pode ser encontrado em águas de poços, lagoas, em águas superficiais ou no próprio sistema
de distribuição, geralmente como resultado da decomposição da matéria orgânica por via anaeróbica;
também pode ser decorrente da poluição por parte de um despejo industrial que o contém (H2S ou S--)
como por exemplo, o despejo de uma fábrica de papel, de uma refinaria de óleos, de um curtume,
etc.
O H2S pode ser removido pelos processos de aeração e de cloração.
A presença deste gás, no entanto, não é comum em mananciais; é corrosivo ao ferro, cobre e
suas ligas.
Que ocorre na presença de determinadas bactérias. Esta redução pode ser escrita da
seguinte forma, uma vez que se processa em solução:
Sendo que as formas dos ânions produzidos são determinadas pelo pH e pelo poder de
redução do meio.
Concentrações menores que centésimos de mg/l podem causar odor característico.
10
Os fenóis afetam a qualidade da água de diversas maneiras. Talvez o maior prejuízo ocorra
nos sistemas públicos de abastecimento de água, onde traços de compostos fenólicos (menores que
1,0 mg/l) afetam as propriedades organolépticas da água para consumo humano. Os fenóis são
tóxicos, mas muito antes de atingirem valores que os tornem prejudiciais à saúde, ele já se constitui
em um grande problema, pois ao se combinarem com o cloro usado na desinfecção, provocam o
aparecimento de gostos e odores altamente desagradáveis, e com a formação de compostos
clorofenóis.
Os detergentes na grande maioria dos casos são constituídos de sulfonatos de alquilbenzeno.
Esses são compostos indestrutíveis naturalmente e, por isso, sua ação perdura em abastecimento de
água a jusante de lançamentos que os contenham. O mais visível da presença de detergentes em
uma água é a formação de espuma, quando a água é agitada.
12) Fosfatos:
O fósforo aparece nas águas em geral sob a forma de fosfatos orgânicos e inorgânicos.
Entre os inorgânicos, os sais de Na, K, NH 4 são solúveis na água, enquanto que, dos sais de
Cálcio, somente o fosfato monocálcico é solúvel. Com relação aos de magnésio, a maior parte é
ligeiramente solúvel.
Nas águas superficiais e subterrâneas os fosfatos são encontrados como resultado da
drenagem de agriculturas, como um dos produtos da decomposição da matéria orgânica, como
resultado dos resíduos industriais ou ainda como um dos constituintes das águas de refrigeração que
os recebem em seu tratamento. Também encontramos na forma de fosfatos inorgânicos, em geral
combinado.
Sendo um nutriente indispensável, é também um fator perigoso quando em grande
quantidade, por provocar o crescimento das algas, gerando:
Desequilíbrio do oxigênio dissolvido;
Cheiro e gosto desagradável;
Matéria que tira a beleza do meio ambiente.
Na forma orgânica aparece na própria constituição do protoplasma das células.
Como fosfato inorgânico, em geral está combinado: tripolifosfato de sódio, pirofosfato de
sódio, hexametafosfato, usados na agricultura, nos tratamentos de águas, especialmente de caldeiras
para prevenir a formação de incrustações e inibir a corrosão, e nos produtos de limpeza.
11
13) Metano:
É encontrado em águas estagnadas ricas em matéria orgânica em decomposição. É às vezes
encontrado em águas subterrâneas e o seu escapamento para o ambiente pode criar uma atmosfera
explosiva, principalmente em lugares de baixa ventilação.
Características biológicas:
12
Para que os colóides possam ser removidos da água, devem ser coagulados previamente
pelas seguintes razões:
a) Os colóides são de tamanho extremamente pequeno e sua velocidade de sedimentação é
extremamente lenta.
b) As forças da repulsão de colóides impedem que estes se aglutinem em partículas maiores.
Se Z > Forças de Van der Waals, as partículas não se aglutinam, o objetivo da coagulação é
reduzir o valor de Z.
A agitação é extremamente importante, pois promove o choque e as forças de Van der Waals
podem atuar.
A coagulação e a floculação são processos de desestabilização de partículas coloidais e
aglutinação das mesmas em pequenas massas chamadas flocos, os quais podem separar-se da
água por sedimentação.
Pode-se dizer que as principais metas para se obter a coagulação – floculação consiste em:
a) redução do Potencial Zeta a valores próximos de zero para que a repulsão entre partículas não
seja oposição ao encontro dos mesmos (Qdo Pz=0, atingiu-se o ponto isoelétrico);
b) fornecer energia ao meio para que a agitação proporcione maior número de choques;
c) introduzir no meio compostos floculentos que auxiliem a aglomeração dos colóides já
neutralizados.
b) Precipitação e Arraste.
13
Al+++ + 3 OH- Al (OH)3 floco
Mediante este mecanismo as partículas coloidais são arrastadas pelo precipitado, a medida
que estes se formam.
A remoção de cor e turbidez em águas claras segue este mecanismo:
a) Com polímeros:
b) Coagulação com sais de alumínio: Os sais de alumínio formam um floco ligeiramente pesado.
Os mais conhecidos são o sulfato de alumínio, o sulfato de alumínio amoniacal e o aluminato de
sódio.
O primeiro é o coagulante que por seu baixo custo e seu manejo relativamente sensível se
usa com maior freqüência nas plantas de tratamento de água potável; o qual vamos estudar em
detalhes.
O sulfato de alumínio Al2(SO4)3. 18 H2O é um pó de cor marfim, ordinariamente hidratado, que
com a armazenagem são convertidos em torrões relativamente duros.
[Al6(OH)15]+3 ; [Al8(OH)20]+4
Nesta faixa de alcalinidade há formação de ânions, impedindo desta forma a neutralização dos
colóides, impossibilitando a coagulação devido a formação de íon com carga negativa.
Reações Químicas:
Sulfato de Alumínio:
15
a) Reação do Sulfato de Alumínio com a alcalinidade natural das águas (quando existente).
Observação:
Para uma reação completa, a água deverá ter um excesso de alcalinidade natural ou
artificial.
c) Coagulação com sais de ferro: É semelhante a do sal de alumínio. Os sais de ferro têm
vantagem, em alguns casos, porque formam um floco mais pesado e de maior velocidade de
sedimentação além de trabalharem com uma faixa de pH mais ampla. Recomenda-se seu uso
quando o sulfato de alumínio não produz uma coagulação adequada ou ainda quando os
sedimentadores estão subdimensionados. Nesse caso, resulta em economia, aumentar o peso dos
flocos para acelerar a eficiência dos decantadores.
Os sais de ferro mais usados são: cloreto férrico, sulfato férrico e sulfato ferroso, dos quais o
sulfato férrico é o mais utilizado.
A química da coagulação com sais de ferro, em geral, é semelhante a do alumínio. O Fe +2 em
solução aquosa está hidrolisado [Fe(H2O)5]+3 e ao ser agregado à água, reage primeiro com a
alcalinidade (OH-, CO3-) e logo após com a molécula de água.
16
O [Fe(H2O)5 (OH-)]+2 se hidrolisa formando sucessivamente [Fe(H2O)4 (OH)2]+ e Fe(OH)3(H2O)3.
A reação desses monoméricos entre si cria produtos poliméricos:
Essa reação continua com o tempo, até chegar com o produto final Fe(OH)3 ou Fe(OH)4-.
As reações do [Fe(H2O)6]+3 com a molécula de H2O são também do tipo ácido-base como os
+3
de Al e podem ser representadas:
De igual forma que na reação com a alcalinidade o [Fe(H 2O)5 (OH)]+2 se hidrolisa até formar
hidróxidos neutros ou negativos e se polimerizam. O abaixamento do pH quando não há alcalinidade
é também mais pronunciado devido à formação de ácidos fortes (H 3O+) que quando aquela está
presente (formação de ácidos fracos).
Nela se podem observar duas zonas:
1) A zona com pH < 4; as espécies primeiramente presentes estão constituídas pelos íons
Fe(H2O)6+3, [Fe(H2O)5(OH)]+2 ou compostos poliméricos.
2) A zona com pH > 4: formam hidróxidos de ferro insolúveis, observa-se que a insolubilidade do
Fe(OH)3 é muito maior do que a do Al(OH)3.
d) Caparrosa Clorada:
Polieletrólitos:
São polímeros de elevado peso molecular. Existem os polímeros naturais e sintéticos.
São auxiliares de floculação e tem as cadeias poliméricas já formadas quando adicionados a
água sob tratamento. Distingue-se dos sais de alumínio, pois neste a polimerização se inicia quando
se aplica o coagulante na água, depois do qual é que vem a fase de adsorção. Os primeiros
polieletrólitos foram a Sílica Ativada.
Entre os polieletrólitos naturais encontramos o amido, celulose e extrato de alface, entre os
sintéticos encontram-se as poliamidas e policrilamidas. Os polieletrólitos podem ser classificados em:
catiônicos, aniônicos e não aniônicos. A vantagem destes auxiliares de floculação é o tamanho dos
flocos, que proporcionam uma maior velocidade de sedimentação. Porém todos estes polieletrólitos
tem um limite máximo de dosagem após o qual, eles se tornam dispersantes e anti-econômicos.
O Teste de Clarificação:
17
Antes de realizarmos a clarificação de uma água na instalação deve-se proceder ao teste de
clarificação (usualmente chamado Jar Teste).
Este teste é procedido no laboratório de uma Estação de Tratamento de Água com a
finalidade de determinar as dosagens do coagulante. Eventualmente pode ser usado para determinar
concomitantemente, dosagens de outros produtos, tais como: cal hidratada, cloro, carvão ativado, etc.
Quando executamos o teste de clarificação com a finalidade de cumprir determinação da
marcha de serviço, é extremamente importante que observamos os tempos e velocidade indicada no
decurso desta unidade. É sempre conveniente que durante a realização do teste, se reproduza, em
laboratório, as condições semelhantes as das instalações, isto é, usando-se os mesmos tempos e
velocidades para as misturas rápida (coagulação) e lenta (floculação).
O teste de clarificação visa, principalmente, nos orientar sobre o uso racional dos produtos
utilizados no tratamento [mistura (coagulação), acondicionamento (floculação), decantação
(sedimentação) e filtração].
Unidades de tratamento:
Misturadores
Floculadores
Decantadores
Filtros.
Misturadores:
São dispositivos que são utilizados para a dispersão dos produtos químicos. È a unidade onde
a água bruta recebe o coagulante.
Os equipamentos mais usados são hidráulicos de mistura rápida, tais como as Calhas
Parshall e vertedores (salto hidráulico), em menor grau os mecanizados acionados por motor
elétrico.
É sempre bom salientar que a intensidade da agitação mecânica aplicada à água nesse
processo é avaliada pelo gradiente de velocidade, cuja intensidade média é avaliada pela fórmula:
Onde:
G= P
µ. V G = gradiente de velocidade em s-1
P = potência em N. m/s
µ = viscosidade dinâmica em N.s/ m2
V = volume do tanque em m3
Floculação:
Mecanismos de Floculação
a) Força de Van der Walls – União das partículas quando estas se chocam em condições favoráveis.
18
b) Ponte de hidrogênio as moléculas polares da água aderidas as partículas, exercem força de
atração devido as pontes de hidrogênio.
d) Varredura – As partículas são apanhadas na rede do floco produzido por hidróxidos metálicos. O
floculante se une numa rede, uma parte unindo-se na superfície de outra e ligando-se em partículas
individuais em grandes aglomerados.
Floco
Al (OH)3 + ............. colóide + agitação Resultante
Floculadores:
a) De chicana;
b) Mecanizados.
Os primeiros são tanques de concreto que podem ser classificados segundo o movimento da
água no seu interior.
Entre os floculadores de chicana, temos:
a) Horizontal: Neste tipo de floculador a água passa por chicanas, fazendo movimento em zig-zag
horizontal e cuja seção transversal vai aumentando gradativamente a fim de reduzir a velocidade
e evitar a quebra dos flocos.
b) Vertical: Na vertical são intercaladas cortinas chamadas chicanas, com aberturas em baixo ou em
cima. A água passa de uma chicana para a outra na superfície e no fundo, alternadamente.
19
c) Alabama: No Alabama, a água passa de uma chicana para outra através de curvas colocadas no
fundo, com as bordas voltadas para cima, no lado direito ou no lado esquerdo das paredes. Desta
forma, a água tem inicialmente um fluxo ascendente e depois, por ação da gravidade, um fluxo
descendente.
O tempo de retenção nos floculadores de chicana varia de 15 a 30 minutos. O tempo de
detenção é aquele que a água leva para completar o volume do tanque. O tempo de detenção rela
sempre é menor do que o teórico.
Floculadores mecanizados: Estes floculadores são tanques de concreto dotados de agitadores com
eixo vertical ou horizontal acoplado a um motor elétrico. A entrada de água pode ser pela parte
inferior ou fundo e a saída pela parte superior.
Decantação:
Desta forma, a medida que a substância avança na instalação vai apanhando outras,
aumentando assim o tamanho das mesmas e a velocidade de sedimentação. Com isto, vai descendo
e aproximando-se do fundo.
O tempo necessário para a partícula atravessar o decantador não é exatamente igual àquele
que esse material levaria para atingir o fundo. Na prática existem movimentos ascensoriais da água
devido às diferentes temperaturas, ação dos ventos, etc; que influirão.
20
O tempo teórico de permanência em um decantador é igual ao volume do recipiente dividido
pela vazão (V/Q).
Como em toda instalação existem os chamados espaços mortos, curtos-circuitos, etc, o tempo
de retenção é sempre inferior ao teórico. Admite-se como tempo razoável de permanência o de
quatro horas. A velocidade escoamento deverá estar em torno de 0,15 a 0,6 m/s, para evitar a quebra
do floco.
Velocidade de sedimentação:
As partículas mais graúdas (>10 mm) precipitam-se com um movimento acelerado, de acordo
com a lei de Newton. As pequenas (<0,1mm), em sua queda atingem um regime de equilíbrio e
apresentam uma velocidade constante. As extremamente pequenas (0 ~ 0,001 mm e menores), são
objeto do movimento browniano e não sedimentam.
Inúmeros são os fatores que determinam a velocidade de sedimentação das partículas. Entre
eles citamos:
Tamanho das partículas;
Forma e densidade das partículas;
Densidade e velocidade da água;
Coagulante usado;
Temperatura.
As diferenças de tamanho, forma e peso específico das partículas produzem uma grande
variação de sedimentação.
Os decantadores mais usuais são de fluxo horizontal onde a sedimentação é feita em tanques
retangulares ou circulares. Nestes, quatro zonas podem ser consideradas:
Zona de entrada (turbilhonamento);
Zona de decantação;
Zona de lama (lodo) ou de repouso;
Zona de saída ou de ascensão.
2) Zona de decantação: É a zona onde as nuvens de flocos mantêm-se aparentemente imóveis. Aqui
não há agitação e as partículas avançam e descem lentamente, dirigindo-se para a zona de
repouso (lodo).
3) Zona de repouso: É a zona onde ocorre o acumulo de lodo. Esta zona não sofre influência da
corrente de água do decantador, a não ser que venham a ocorrer anormalidades tais como
inversão das camadas de água pela brusca mudança de temperatura, fermentação do lodo, etc.
4) Zona de Saída: Esta zona é relativamente tranqüila, como a anterior, mas, na saída, os flocos que
não alcançarem a zona de repouso seguem o movimento ascensorial da água e aumentam a
velocidade, e esta torna-se máxima na passagem pelo vertedouro (efeito de saída).
21
Além desse tipo de decantador de fluxo horizontal, que recebendo á água já floculada apenas
processa a sedimentação, podendo como já se disse acima, ser do tipo mecanizado ou não.Temos
ainda o de fluxo laminar. Esse é constituído por tubos ou placas. Nesse caso, as partículas possuem
uma trajetória mais regular, e com isso exigem menor tempo de sedimentação. São de maior
eficiência.
Ainda, esses sedimentadores de alta velocidade podem usar-se para:
a) Aumentar o fluxo nos decantadores sobrecarregados sem perder a eficiência;
b) Diminuir a área de decantação.
Essas instalações podem operar com fluxo ascendente ou descendente. Desses, o mais
antigo dos módulos comerciais patenteados para sedimentação acelerada é o módulo Micro-Floco,
que é produzido em lâminas plásticas com dois ângulos de inclinação: de 5 e de 60 graus. O de 5
graus é usado para pequenas instalações, devendo ser lavado periodicamente usando para tal o
fluxo de lavagem dos filtros. O de 60 graus consiste numa série de condutos gradeados, de 5 x 5
metros de seção, em que o lodo escorre por gravidade e necessitando, portanto, somente de uma
lavagem ocasional. São instalados facilmente sobre uma estrutura metálica leve dentro do
decantador, uns 60 – 90 cm de profundidade desde a superfície e uns 2 – 3 cm de altura sobre o
fundo do tanque.
Lavagem do decantador:
O lodo se acumula na zona de repouso. Quando começa a atingir outra zona, o decantador
deve ser lavado, pois, caso contrário, o fluxo de água arrasta os flocos diretamente para a zona de
ascensão, efluente da unidade. Pode que antes de ser atingida esta situação, se inicie a fermentação
do lodo inferior, havendo desprendimento de gases que provocam cheiro forte e gosto desagradável.
Geralmente isso ocorre quando o tratamento é descontínuo ou com produção de pouco lodo, de
modo que a fermentação se inicia antes do lodo atingir a altura que impede a decantação normal dos
flocos. O início da fermentação na primeira zona é indicado pelo aparecimento de pequenas bolhas
de gás na superfície da mesma. Isto é melhor observado quando a estação está parada. Se o
operador não atenta para este fenômeno e a fermentação prosseguir, haverá além da produção de
gosto e cheiro desagradáveis, levantamento de placas de lodo. Geralmente a camada espessa do
lodo, ou no início da fermentação, acontecem no terceiro ou quarto mês do mesmo, dependendo da
quantidade de água bruta. Em qualquer situação normal, o decantador deve ser imediatamente
lavado.
Filtração:
Seu objetivo básico é separar as partículas e microorganismos que não tenham ficado retidos
no processo de decantação. Por esta razão a eficiência dos filtros depende diretamente do
desempenho dos processos anteriores.
O processo se leva a cabo fazendo-se passar a água através de um meio poroso chamado
meio filtrante. A quantidade de água que passa através de um meio filtrante é a taxa de filtração,
expressa em m3/m2/ dia.
22
Mecanismos de filtração:
A água já sedimentada ou não que chega a um filtro contém uma enorme quantidade de
partículas em suspensão, cujo tamanho varia desde flocos grandes (0 = 1 mm) até colóides, bactérias
(0 < 0,1 microns). Dentro destas partículas poderemos encontrar partículas eletronegativas,
eletropositivas, neutras, microflocos com polímero adsorvido, etc.
Todo esse conjunto fica em maior ou menor proporção retido na superfície dos grãos do meio
filtrante, mediante certas forças. Se estas forças são fracas, o floco será arrastado pelo fluxo de água,
penetrará mais profundamente no meio e finalmente, sairá na água filtrada; se estas forças são
fortes, o floco ficará retido, impedindo a passagem da água temporariamente.
O floco grande, cujo volume é maior que o dos poros do meio granular, é removido por simples
retenção nos interstícios do leito. O material fino, com tamanho muito inferior aos dos poros, fica
retido devido a vários mecanismos que podem atuar separada ou simultaneamente.
Qual dos mecanismos anteriores controla o processo de filtração, tem sido temas de longas
discussões. Sem dúvida, nem todos tem que atuar necessariamente ao mesmo tempo e, em alguns
casos, a contribuição que um ou vários deles podem dar para reter o material suspenso é
desprezível.
Transporte de Partículas:
Os distintos mecanismos de transporte de partículas dentro dos poros do meio filtrante estão
esquematizados na transparência mostrada, onde se vê como podem atuar simultaneamente várias
causas para aproximar o material suspenso dos grãos do meio filtrante:
a) Peneiramento: Ocorre quando o tamanho das partículas é maior que o espaço do poro.
Apresenta-se só nas camadas mais superficiais do meio.
b) Sedimentação: Ocorre com partículas pequenas (< 30 microns) em zonas onde a velocidade de
fluxo não é muito alta.
c) Interceptação: A remoção do floco se faz por contato deste com a superfície do grão ou com o
floco já aderido a esta superfície. Este mecanismo é importante por que explica o porquê da
filtração direta, ou floculação por contato no filtro.
d) Impacto inicial: Se produz quando a velocidade da água através do meio é alta, as partículas são
grandes e, por efeito de inércia, a partícula segue trajetória distinta das linhas de fluxo se adquire
suficiente movimento para isto. Não contribui em grande proporção com a filtração.
e) Difusão: É aplicável a partículas pequenas e é devida ao movimento browniano. Existe uma
tendência das partículas a migrar de áreas de maior para menor concentração. Este mecanismo
ocorre em zonas do meio filtrante onde a velocidade é praticamente zero.
Fenômeno de Aderência:
O fato de que cada contato entre partículas e o meio filtrante produza ou não a adesão,
depende de certos fatores químicos e eletroquímicos. A variação destes fatores induz a modificar o
23
comportamento do filtro e assim, por exemplo, a adição de um polímero não iônico diminui a
penetração do floco no meio filtrante.
Os fatores químicos e eletroquímicos mais importantes no fenômeno de aderência são:
b) Forças Eletrostáticas:
Considerando este mecanismo como o responsável pela adesão do material em suspensão
ao meio filtrante, alguns autores consideram três casos:
1) Os grãos do meio filtrante são negativos e os coágulos ou flocos são neutros ou positivos. Neste
caso, só com a força de atração há adesão.
Ex.: separação de flocos de Al(OH)3.
2) Os grãos do meio filtrante são negativos e os flocos ou partículas são neutros. Neste caso não há
repulsão e todo contato pode terminar em adesão.
3) Os grãos e os flocos são negativos. Neste caso há repulsão, porém as forças hidrodinâmicas
podem fazer a aproximação dos flocos dos grãos o suficiente para que atuem as forças de Van
der Waals.
c) Ponte Química:
Como se viu no capítulo sobre a coagulação, a desestabilização dos colóides se faz com
polímeros metálicos ou orgânicos.
As cadeias poliméricas aderidas às partículas deixam segmentos estendidos na água os quais
podem ser adsorvidos por outras partículas ou por zonas livres nos grãos do meio.
Este fenômeno é independente das cargas eletrostáticas. O uso de ajudantes de filtração ou
polieletrólitos injetados no afluente do filtro pode aumentar a adesão do floco ao meio filtrante.
Os filtros lentos são usados para remoção de teores baixos de turbidez e cor, sem o auxílio de
coagulação. Remoção de cor: 25%. Remoção de turbidez: 100%. Remoção de Ferro: até 60%.
Apresentam uma taxa de filtração baixa, com vazão entre 1,5 a 9 m 3/m2/dia e geralmente 3 a 4
3 2
m /m /dia. São capazes de remover 98 a 99 % das bactérias da água. Removem gosto e odor
principalmente. Em face de sua baixa vazão são unidades muito grandes.
Os filtros rápidos são aqueles que no processo de tratamento da água incluem o mecanismo
de coagulação. Existem dois tipos de filtros rápidos: de gravidade – atua apenas a pressão
hidrostática e o de pressão – a água é forçada a atravessar o leito filtrante por intemédio de ar
comprimido
Apresentam uma taxa de filtração elevada: 80 a 180 m3/m2/dia e até valores maiores. Deve ser
cuidadosamente fixado pelo projetista.
A água que chega ao filtro rápido não deve apresentar turbidez superior a 1 UT. Valores
maiores abreviam a vida do filtro e podem acentuar gostos e odores. A água que sai de um filtro
rápido não deve apresentar turbidez superior a 0,13 – 0,40 UT.
Enquanto que no filtro lento a filtração se verifica principalmente na superfície da areia e na
camada de material depositado sobre a mesma, nos filtros rápidos a ação filtrante se distribui em toda
a profundidade do filtro de areia, ocorrendo a maior parte na superfície do filtro.
24
Em ambos os filtros se formam uma camada gelatinosa onde a atividade biológica, a ação
mecânica de filtração e os efeitos absordidos são maiores. A diferença fundamental entre um filtro
rápido e um lento, consiste em:
a) Taxa de filtração;
b) Ausência de tratamento químico preliminar na água que sofrerá filtração.
c) Método de lavagem. O filtro lento é lavado por simples raspagem mecânica e substituição da
areia colmatada.
d) O filtro lento é mais fácil de operar, não requer manutenção.
As unidades filtrantes para essas águas jacentes, têm menor carreira, isto é, são lavadas com
maior freqüência e, também necessitam de maior volume de água de lavagem.
As águas correntes produzem flocos mais densos e mais resistentes, consequentemente,
sedimentam melhor e não penetram tão profundamente no leito filtrante. Os filtros que trabalham com
água corrente, têm maior carreira e necessitam de menor volume de água da lavagem.
O tempo de lavagem de um filtro é determinado pela turbidez final (de 1,33 a 2,66 UT).
A velocidade de filtração, dependendo do filtro deverá estar compreendida entre 1 e 2
cm/segundo.
Lavagem de um filtro:
A medida que vai processando-se a filtração, as diversas partículas suspensas na água vão
ficando retidas no leito filtrante. A medida que isto vai ocorrendo diminui a taxa de filtração e dizemos
que o filtro vai colmatando-se. Este fenômeno é acompanhado de queda de pressão, medida em
termos de perda de carga.
A lavagem de um filtro rápido processa-se invertendo o fluxo de água (penetração de água no
sentido inverso da filtração). Mecanismo realizado com a taxa maior do que a de filtração, de sorte a
soltar todo e qualquer material depositado sobre o leito filtrante, através da expansão do mesmo leito
em cerca de 40 a 50% em volume. Durante a lavagem os grãos de areia se movem, se friccionam,
liberando o lodo e diminuindo, desta forma, a causa da perda de carga.
Não existe um tempo padrão de lavagem de um filtro. Normalmente esse tempo é função da
capacidade de instalação e da quantidade de material depositado. Via de regra, não ultrapassa os 20
minutos, tempo mais do que suficiente para remover o material em suspensão da superfície do leito
filtrante. Uma pequena quantidade de partículas, pequenas por sinal podem ficar armazenadas nos
poros do leito filtrante, provocando no filtro ao entrar em operação a sua rápida perda de carga.
Uma vez concluída a lavagem, volta o filtro a operar normalmente.
O meio filtrante, usado em sistemas de tratamento de água, é formado por areia, antracito,
garnet ou ainda uma combinação destes materiais, conforme podemos observar na transparência.
Temos dois tipos de filtros rápidos, o constituído por um sistema de canalização central ou
múltiplo e o de fundo falso.
Tipos de filtros:
Os filtros usados para a remoção de matéria suspensa da água podem ser de três tipos: por
gravidade, por pressão e de fluxo ascendente.
Os filtros pressurizados comuns são tanques cilíndricos (vertical ou horizontal) contendo
camadas de material filtrante com granulometria graduada (tanto areia como pedregulho), ou
contendo carvão antracito igualmente graduado. A água entra pelo topo, passa através do filtro e é
25
coletada por drenos na base. A água é forçada a atravessar o leito filtrante por intermédio de ar
comprimido
Filtros por gravidade: Proporciona taxas de filtração uniformes. Seu topo aberto permite fácil
inspeção ao meio filtrante e a contra lavagem pode ser convenientemente observada. Atua apenas a
pressão hidrostática. È por essa razão que enquanto os filtros de gravidade apresentam rendimento
de 5.000L/m2/hora em água filtrada os de pressão atingem 10.000L/m2/hora ou mais.
Por outro lado, os filtros pressurizados são mais compactos e versáteis.
Fluxo Ascendente: de baixo para cima
As estações de tratamento têm geralmente duas ou mais unidades filtrantes, de acordo com a
capacidade das mesmas.
Para o bom desempenho e eficiência, as unidades filtrantes devem trabalhar represadas. A
altura da água sobre a areia deve ser a máxima que o filtro permita e todos no mesmo nível.
Devem-se evitar variações de vazão, pois comprometem a qualidade da água.
Outro fator que deve ser levado em conta no caso de um filtro é a perda de carga. Essa será
sempre proporcional a quantidade de material depositado sobre ou entre o leito filtrante.
Isto é, quanto maior quantidade de impurezas se depositarem no leito, tanto maior será o atrito
e menor a vazão. O excesso de perda de carga deverá ser evitado, pois trará também, como
inconveniente a pressão negativa.
Chamamos de pressão negativa a toda a pressão inferior à atmosférica. Em filtração
denominamos de pressão negativa no filtro quando a pressão no efluente do filtro for inferior à
atmosférica.
Excesso de perda de carga e pressão negativa trazem como inconvenientes:
a) Demasiada redução de vazão;
b) Surgimento de turbidez no efluente;
c) Formação de bolas de lodo;
d) Fendas e rachaduras no leito filtrante;
e) Ar enclausurado.
Uma maneira de se reduzir ou evitar a pressão negativa, é manter uma altura mínima de água
no filtro (1,4 a 1,6 m ), quando o mesmo se achar em funcionamento.
A inclusão de bolhas de ar no filtro diminui o período de funcionamento do mesmo, exigindo
que ele seja lavado antes de atingir o seu tempo normal de serviço. Este fenômeno é mais freqüente
na primavera e verão, quando a água quente é mais saturada de ar.
Por outro lado as águas de barragem, lagos e açudes (águas coradas e baixa turbidez) produzem
flocos leves e de baixa resistência mecânica (flocos fracos) os quais são carregados em maior
proporção para os filtros, penetrando mais profundamente no leito filtrante.
DESINFECÇÃO
26
A desinfecção é um dos mais importantes processos de tratamento de água (se não o mais
importante).
Para serem usados nas Estações de Tratamento de Águas (ETAs), os desinfetantes devem
apresentar as seguintes características:
a) destruir, em tempo razoável, os organismos patogênicos na quantidade em que se apresentam e
nas condições das águas.
b) não devem se tóxicos ao ser humano e aos animais domésticos e, nas dosagens usuais, não
devem causar cheiro e gosto nas águas.
c) devem ser disponíveis a preço razoável e oferecer condições seguras de transporte,
armazenamento, manuseio e aplicação na água.
d) devem ter a sua concentração na água determinada de forma rápida, através de método simples.
e) devem produzir residuais persistentes na água, assegurando desse modo a qualidade da mesma
contra eventuais contaminações nas diferentes partes do sistema de abastecimento.
AGENTES FÍSICO-QUÍMICOS:
Os agentes de desinfecção (desinfetantes) podem ser classificados de acordo com a sua ação
ou mecanismo de destruição em:
- Agentes Físicos: aplicação direta sob a forma de calor, luz (raios ultravioleta), ondas ultra
sonoras;
- Agentes Químicos: substâncias químicas que atuam sobre os microorganismos.
A AÇÃO DE DESINFETANTES
A vida das bactérias depende de enzimas cuja ação é essencial ao metabolismo celular.
Considera-se que a destruição (ou inativação) de enzimas é a principal forma de ação de
desinfetantes, particularmente dos halogênios.
As enzimas são produzidas no interior das células, sendo protegidas, portanto, pelas
membranas celulares.
No caso de desinfetantes químicos, considera-se muito importante as seguintes
características:
- a capacidade de penetração de desinfetante através da membrana celular;
- as reações produzidas com as enzimas da célula.
É oportuno salientar que o cloro apresenta excelentes características sob esses dois
aspectos.
27
FATORES ENVOLVIDOS
Há desinfetantes mais eficientes do que outros. Assim, por exemplo, á água oxigenada,
apesar de ser fortíssimo oxidante, é desinfetante fraco.
A desinfecção não é instantânea: requer certo tempo de contato entre o agente desinfetante e
os organismos a serem destruídos.
A concentração do desinfetante (dosagem) e o tempo de contato estão relacionados e são
independentes para uma determinada condição de desinfecção.
Concentrações ou dosagens menores de desinfetante exigem maior tempo de contato.
As águas naturais, ainda que tratadas, apresentam impurezas que interferem com a ação ou
com as reações do desinfetante. A turbidez, por exemplo, prejudica a ação dos raios ultravioletas. A
matéria orgânica e amônia reagem com o cloro, produzindo compostos menos ativos ou inativos.
A temperatura da água influi na velocidade da reação. Temperaturas mais elevadas abreviam
o tempo de desinfecção.
A ação desinfetante do cloro, por exemplo, reduz-se à medida que o pH da água se eleva.
O efeito pH na desinfecção pode ser apreciado tanto para o caso da aplicação de cloro livre
como no caso de cloraminas. Constata-se que, quanto mais alto o pH, maiores são as concentrações
necessárias e maiores os tempos necessários para a destruição.
Essa é a razão pela qual, nas estações de tratamento de água, prefere-se fazer a cloração
antes da elevação do pH (correção do pH).
Conforme já foi exposto, os microorganismos se comportam diferentemente em relação à
ação de um desinfetante.
A concentração dos organismos a serem destruídos pode se tornar importante apenas nos
casos de quantidades excessivas elevadas.
Os desinfetantes químicos devem ser uniformemente dispersos na água. A agitação favorece
a desinfecção.
Dentre os principais desinfetantes, usados nas ETAs, para consumo humano, destaca-se o
Cloro. Atualmente, há interesse crescente pelo uso de desinfetantes alternativos, decorrente da
possibilidade da formação de Trihalometanos (THM), compostos organo-clorados que podem causar
riscos a saúde pública, verificada quando o cloro livre está presente e a água contém os chamados
precursores, normalmente as substâncias húmicas. Além de THM, podem ser formados outros
subprodutos como conseqüência da cloração, tais como halocetonas, haloacetonitrilas, haloácidos,
etc. Outros desinfetantes, denominados alternativos, como o Dióxido de Cloro, Ozônio, Peróxido de
Hidrogênio, radiação Ultravioleta ou a combinação de alguns destes não causam a formação de THM,
mesmo quando há quantidades apreciáveis de substâncias húmicas na água, porém podem ser
responsáveis pela formação de outras substâncias que também são consideradas tóxicas ou
cancerígenas.
O CLORO
O cloro é um dos elementos químicos da família dos halogênios, de número atômico 17 e
peso atômico 35,457. Na sua forma elementar, é um gás esverdeado, tóxico que pode ser facilmente
comprimido em um líquido claro, cor de âmbar, que solidifica à pressão atmosférica e à temperatura
de – 102 ºC. É mais pesado que o ar sendo. pH = zero.
28
O cloro é produzido comercialmente pela eletrólise da salmoura, produzindo simultaneamente
hidróxido de sódio e hidrogênio e, desta forma, tornando o processo como um todo viável
economicamente:
O cloro é um poderoso oxidante, e assim reage com grande número de substâncias orgânicas
ou inorgânicas presentes na água, por exemplo:
b) remoção de ferro
2 Fe(HCO3)2 + Cl2 + Ca(HCO3)2 2 Fe(OH)3 + CaCl2 + 6 CO2
Reações desse tipo com o cloro, constituem a demanda que deve ser satisfeita afim de que o
cloro em excesso, aplicado à água, torne-se disponível para a desinfecção.
Tendo sido satisfeita a demanda (ou praticamente não existindo em águas relativamente
“limpas”), as seguintes reações podem ocorrer:
1. Na ausência de amônia
HClO H+ + ClO -
HClO e ClO - = residual de cloro livre
O ácido hipocloroso (HCLO) é o agente mais ativo na desinfecção, e o íon hipoclorito (ClO -) é
praticamente inativo. Os valores de pH normais no tratamento da água, o ácido hipocloroso dissocia-
se na proporção indicada na fig.a seguir mostrada, a diferentes pH. A pH 5 ou abaixo, a dissociação é
suspensa, e então o residual é devido somente ao HClO. A pH 7,5, as concentrações de HClO - são
praticamente iguais e à pH 10 ou superior, todo o residual de cloro passa a ser devido somente ao
hipoclorito.
29
Dissociação do ácido hipocloroso e íon hipoclorito em função do pH a duas temperaturas
2. Na presença de amônia
O cloro combinado é menos ativo como desinfetante do que o cloro livre. Para um
determinado tempo de contato, a um pH 8,5, onde mais de 85% do ácido hipocloroso acha-se
dissociado, a dosagem de cloro combinado deve ser pelo menos 25 vezes maior do que a de cloro
livre, para o mesmo efeito germicida.
Na presença de amônia, a adição de quantidades crescentes de cloro produz residuais de
cloro segundo uma curva similar apresentada a seguir. A forma dessa curva depende de como o cloro
reage com a amônia.
30
O ponto da curva no qual toda a amônia já reagiu com o cloro e começa a aparecer residual
de cloro livre, é denominado de ponto de quebra ou “break-point” (ponto “C” da curva).
Cloro residual para uma água contendo N amoniacal
MÉTODOS DE CLORAÇÃO
Na prática da cloração, a desinfecção pode ser realizada por um dos três métodos: cloração
simples, cloração ao “break-point” e amônia – cloração.
A cloração simples constitui o processo mais elementar e de uso mais generalizado de
desinfecção pelo cloro. Com a cloração simples não há a preocupação de satisfazer a demanda de
cloro na água, bastando à aplicação de uma dosagem tal que, ao fim de um determinado tempo de
contato, 20 minutos, por exemplo, o cloro residual livre se mantenha entre 0,1 e 0,2 mg/l,
considerando suficiente, na prática, para águas não poluídas.
Em casos de águas muito poluídas, nas quais a cloração simples seria ineficaz uma vez que o
cloro residual seria rapidamente consumido, é aconselhável o método de cloração ao “break-point”.
As dosagens de cloro, nesse caso, são naturalmente muito variáveis com as características da água,
principalmente no que se refere ao seu conteúdo em amônia e outros compostos nitrogenados
responsáveis pelo “break-point”.
Na amônia-cloração, aplica-se à água amônia e cloro com a finalidade de serem produzidas
cloroaminas que proporcionam residuais de cloro combinado mais estáveis do que os de cloro livre.
Esse método pode ser utilizado com vantagens, quando se pretende manter um residual de cloro na
rede de distribuição para prevenir a ocorrência de possíveis contaminações, ou impedir o crescimento
31
de ferro-bactérias e limo no interior das canalizações. Nesse caso, a aplicação de cloro é feita antes
da amônia.
Em águas contendo fenóis, para se evitar a formação de sabor e odor na água aplica-se a
amônia antes do cloro, com o que se evita a formação de clorofenóis na presença de amônia em
excesso.
A cloração tem como objetivo principal a desinfecção e tem sido tão extensamente utilizada
para esta finalidade, que os termos cloração e desinfecção confundem-se na prática. Entretanto, o
forte poder oxidante do cloro torna-o útil para outras finalidades, tal seja o controle de sabor e odor,
remoção de sulfeto de hidrogênio, ferro, manganês, remoção de cor etc.
A oxidação do sulfeto de hidrogênio pelo cloro e a sua remoção nos filtros pela formação de
enxofre elementar coloidal, pode ser, de modo simplificado, representada por:
Teoricamente, pelas equações acima, 2,1 mg/l de cloro irão oxidar 1 mg/l de H 2S a enxofre
elementar e 8,5 mg/l a sulfato.
A remoção do ferro (manganês) presente na água pode ser feita oxidando o composto solúvel
ferroso (manganoso) na forma insolúvel férrica (mangânica) pelo cloro livre ou combinado, como
segue:
O hidróxido de ferro III, que se forma na primeira equação, pode ser removido por
sedimentação e/ou filtração e o óxido de manganês por filtração.
Se para o ferro a reação é efetuada em uma larga faixa de pH (de 4 a 10), e é relativamente
rápida (no máximo uma hora), para o manganês é estritamente dependente do pH e pode levar de
duas à várias horas.
O pH ótimo situa-se entre 7 e 8. À pH 6, a reação pode se estender por mais de 12 horas.
2) Dióxido de Cloro:
Tem sido empregado com sucesso como agente oxidante poderoso para evitar problemas de
cheiro e gosto, principalmente devido à fenóis.
Aplica-se com vantagem, em alguns casos, principalmente quando são aproveitadas águas
poluídas por certos resíduos industriais.
O ClO2 é um gás produzido no próprio local de aplicação (devido ao perigo de explosão),
fazendo-se reagir ao clorito de sódio (NaClO 2) com uma solução concentrada de cloro, na proporção
de 2:1.
Cl2 + 2 NaClO2 2 ClO2 + 2 NaCl
O dióxido de cloro é um poderoso oxidante (250% mais do que o cloro). Possui 26,3% de cloro
disponível.
Esse método tem sido aplicado às águas relativamente puras, como por exemplo, águas
subterrâneas. Ele pode contornar o problema de odores indesejáveis produzidos pelo cloro no caso
de águas que contenham algas, matéria orgânica ou compostos fenólicos.
As oxidações de ferro, manganês e sulfetos são feitas em condições satisfatórias. Alguns
compostos orgânicos são oxidados pelo ClO2. A ação bactericida do dióxido de cloro com dosagem
compreendida entre 1 e 5 mg/l é mais efetiva que a do cloro livre. Igualmente tem ação eficaz na
inativação dos vírus da poliomielite e da herpes. Também, tem sido relatada a eficiência do ClO 2 na
inativação de cistos mesmo quando o pH da água é elevado.
Para custos da mesma ordem de grandeza, envolvendo dosagens, método de aplicação, etc,
a ação do dióxido de cloro tem resultado mais efetivo que o sulfato de cobre no controle de algas.
As dosagens de ClO2 variam de 0,4 e 1,2 ppm, e os custos são mais elevados do que os da
cloração, devido ao preço do clorito de sódio.
Os residuais obtidos são muito estáveis, podendo ser mantidos em todo o sistema.
- a desinfecção com dióxido de cloro produz cloritos e cloratos, cujos padrões de potabilidade no
Brasil são 0,2 mg/l;
- o custo do aluguel do gerador e do clorito de sódio podem ser altos;
- o agente químico é explosivo, devendo ser gerado no próprio local;
- a luz solar decompõe o dióxido de cloro;
33
- pode produzir odores repulsivos em alguns sistemas;
- altos custos são associados ao monitoramento de cloritos e cloratos.
3) Ozônio:
É um gás tóxico com cheiro peculiar. É uma forma alotrópica de alta energia do oxigênio.
Atualmente, o ozônio vem sendo usado para outras finalidades além da desinfecção, tais
como oxidação de matérias orgânicas e inorgânicas, auxilia para a remoção de turbidez e cor e, em
processos biológicos aeróbicos nos filtros.
O ozônio é um gás instável, de cor azul, muito solúvel na água.
Os potenciais de oxidação em relação ao hidrogênio são:
O3 - 2,07 V
HOCl - 1,49 V
Cl2 - 1,36 V
Sendo um poderoso oxidante, tem uma ação desinfetante mais intensa e mais rápida do que o
cloro. É o germicida mais eficiente que se conhece.
O ozônio, devido à sua instabilidade, é gerado no próprio local de uso.
É um gás tóxico, cuja concentração no ar não deve ultrapassar 0,1 ppm em volume. A
atmosfera não poluída apresenta, na superfície da terra, teores de 0,02 a 0,03.
Durante muitos anos a aplicação de ozônio foi considerada principalmente como processo de
desinfecção e muitas vezes como alternativa para a cloração.
Atualmente o conceito ampliou-se e já se considera a ozonização como parte integrante de
tratamento, com efeitos específicos sobre a qualidade da água. A sua aplicação tornou-se quase
obrigatória na purificação.
Por outro lado, os aperfeiçoamentos havidos na tecnologia de produção e de controle
contribuíram consideravelmente para a economia do processo e para a sua confiabilidade.
Pode-se afirmar que existe atualmente uma tendência crescente para a maior utilização do
processo.
Efeitos da ozonização
A aplicação de O3 à água traz os seguintes benefícios além da pré-desinfecção:
a) oxidação de metais e de matéria orgânica, produzindo CO2;
b) redução da dosagem do coagulante;
c) remoção de compostos que causam sabor e odor;
d) diminuição da dosagem de cloro na pós-cloração;
e) redução da concentração dos precursores de Trihalometanos (THM), agindo sobre os ácidos
húmicos formando produtos biodegradáveis;
f) destruição de algas
g) aumento da duração da carreira do filtro;
h) melhoria geral da qualidade da água nas diferentes unidades de tratamento, principalmente
coagulação e decantação;
i) desintegração de fenóis;
j) remoção de substâncias orgânicas biodegradáveis;
l) redução dos teores de ferro e de manganês;
m) alvejamento e melhoria da cor.
Ademais, o ozônio não é afetado pela presença de amônia, da maneira como é o cloro.
O ozônio é um agente poderoso, de ação rapidíssima. É mais eficiente do que o cloro na
eliminação de esporos, cistos de amebas e de polivírus.
Com um residual de 0,2 mg/litro reduz mais de 99% dos coliformes. Destrói as cercárias de
esquistossomo em apenas 3 minutos, com dosagens de 0,9 mg/litro.
A demanda de O3 é muito influenciada pela presença de matéria orgânica.
As dosagens usuais são da ordem de 0,3 a 2,0 mg/litro.
Uma grande desvantagem da ozonização é o fato de que os residuais obtidos não são
persistentes, desaparecendo em pouco tempo.
O ozônio pode ser gerado, fazendo-se passar o ar (ou oxigênio) através de descargas
elétricas de alta voltagem, com corrente alternada:
O2 O+ + O-
34
O+ + O- + e O2
2 O+ + O- + M O3 + M
(M indica a molécula de gás utilizado para retirar o excesso de energia, estabilizando molécula de
ozônio; pode ser O2, N2 etc.).
Fluoretação:
O flúor é o mais ativo dos elementos químicos conhecidos. É usado na água em sua forma
elementar.
A fluoretação consiste na adição de um composto fluoretado às águas de abastecimento com
a finalidade preventiva.
A causa principal do surgimento da cárie dentária é devido a presença de determinadas
bactérias (Lactobacillus Acidophillus) que ao desdobrarem os carboidratos (amidos, açúcares e
celulose), produzem enzimas de características ácidas, que atuam nas ranhuras dos dentes,
formando cáries.
Observações feitas por médicos, dentistas, etc, chegou-se a conclusão de que a criança que
bebe água fluoretada, com 0,7 a 1,2 mg/l diariamente, na faixa de 2 a 13 anos, terá uma redução de
60%, da cárie dentária. Para que este benefício se faça sentir, como medida preventiva, é necessário
que essa dosagem seja constante, pois o flúor não é cumulativo no organismo. Há a necessidade de
se controlar o teor de fluoreto nas águas de abastecimento, pois abaixo de 0,7 mg/l o íon flúor não faz
efeito; acima de 1,2 mg/l o flúor causa malefícios pelo aparecimento de manchas branco-acizentadas,
nas superfícies dos dentes, causando o que se chama de fluorese dentária.
A concentração de flúor na água de abastecimento no Brasil é estabelecida por portaria do
Ministério as Saúde. Hoje: 0,7/1,2 ppm.
Fontes naturais:
O flúor é encontrado tanto no reino animal, quanto no vegetal ou no mineral. No vegetal, em
pequeníssima quantidade, podemos encontrá-lo no tomate, alface, repolho, espinafre; também o
encontramos no leite, queijo, ovos e manteiga. No chá da Índia e nos alimentos marinhos, o teor é
mais elevado.
Encontramos também em fontes naturais. Na cidade de Asteca, no Arizona, as águas contêm
flúor em % de 8,0 ppm. Na cidade de King - Hill, nos Estados Unidos, o teor vai a 15 ppm. Aí ocorre
freqüentemente as fluoreses dentárias. Neste caso ao se fazer o tratamento das águas de
abastecimento, tem-se que reduzir o teor de flúor É uma operação difícil, mas usa-se sal de Mg, ou
35
trocador de cátions, ou Al(SO4)3 em doses elevadas, ou filtração com carvão ativado a um pH inferior
a 3 ou ainda apatita.
Escolha do Fluoreto:
Há diversos compostos que podem ser usados para a prática de fluoretação. Citamos:
Fluoreto de Na – NaF (com 43% de F);
Fluoreto de Ca (fluorita) – CaF2 (com 48% de F);
Fluorsilicatos de Na – Na2SiF6 (com 60% de F);
Ácido fluorsilícico - H2SiF6.
Este último composto, em nosso país é muito difundido no estado de São Paulo. Nos Estados
Unidos é difundido em várias cidades. Segundo aqueles que pregam o seu uso o mesmo não produz
poeira porque é líquido e, se a sala tiver boa ventilação não há possibilidade dos operadores
respirarem seus vapores.
No Rio Grande do Sul, é usado o fluorsilicato de Na (SiNa 2F6). Este sal foi o selecionado,
dentre os demais, não só em função do custo e da garantia de fornecimento, mas também de outras
qualidades.
Mas é comum o uso de ácido fluorsilícico e dos sais de sódio e de cálcio (fluoretos).
O fluoreto age contra cáries dentárias por uma dessas três formas ou pelas três associadas:
36