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ÁGUA

A água e sua qualidade


A água é uma substância de natureza muito complexa. Por ser uma excelente solvente, até
hoje não se conseguiu obtê-la em estado de absoluta pureza.
Na natureza considera – se que existem 45 x 10 45 moléculas de água, das quais 95%
constituem água salgada, 5% água doce, essa na sua maior parte na forma de gelo, e apenas 0,3%
diretamente aproveitável, sendo que 97% em água subterrânea e apenas 3% em água superficial
(rios, lagos, lagoas, etc).

Características da água
A água pura é um líquido incolor, inodoro, insípido e transparente.
Por ser um ótimo solvente, nunca é encontrada em estado de absoluta pureza, contendo
desde mg/l na água da chuva a mais de 30.000 mg/l na água dos rios de materiais em suspensão e
dissolução.
As impurezas mais comuns encontradas nas águas em suas diversas formas são:

Em suspensão: Algas e protozoários: sabor e odor, cor e turbidez;


Areia e argila: turbidez;
Resíduos industriais e domésticos.

Em estado coloidal: Bactérias e vírus: muitos patogênicos e outros podem causar prejuízos a
instalações;
Substâncias de origem vegetal: cor, acidez e sabor.
Sílica e argilas: turbidez.

Dissolvidas: Incluindo muitas substâncias minerais como sais de cálcio e de magnésio, gases,
compostos orgânicos, cujos efeitos dependem da sua composição e concentração e de reações
químicas com outras substâncias.
A qualidade de uma água quer para fins domésticos ou industriais é sempre definida por sua
composição química, física e bacteriológica.
A água possui uma série de impurezas, que vão dar suas características físicas, químicas e
biológicas. A qualidade da água depende dessas características. As características físicas, químicas e
biológicas das águas naturais, bem como as que deve ter a água fornecida ao consumidor, vão
influírem no grau de tratamento que venha a se dar às águas naturais, o qual também depende do
uso que se pretende dar a água. Portanto, o conceito de impureza de uma água tem significado
relativo.
Assim, uma água destinada ao uso doméstico deve ser desprovida de gosto, ao passo que
numa água destinada ao resfriamento de caldeiras, estas características não têm importância.
Portanto, a qualidade que se deseja na água natural e a que se necessita na água de consumo, entre
outros aspectos, vão influir na escolha do manancial e no processo de tratamento a ser adotado, sem
se deixar de levar em conta, também, o aspecto econômico – financeiro deste tratamento.
Assinalamos ainda que as quantidades e a natureza dos componentes que se encontram nas
águas variam em função do tipo de solo donde elas se originam. Também das condições climáticas e
do grau de poluição, contaminação essa processada pelos despejos industriais e domésticos.
Uma análise completa de uma água envolveria o exame de várias dezenas de componentes,
quer em suspensão e outros tantos em dissolução. Incluem–se nestes casos as substâncias
ionizadas, os gases e os compostos orgânicos dissolvidos, as matérias em suspensão
(microorganismos e matéria coloidal).
Assim, para se avaliar a qualidade de uma água para fins de consumo ou industrial, não é
necessário o conhecimento de todos os constituintes presentes na água. As análises mais comuns
são:

a) Análises físicas.
b) Análises químicas.
c) Análises bacteriológicas.

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Características físicas das águas
Estas características envolvem praticamente aspectos de ordem estética e psicológica,
exercendo certa influência no consumidor leigo, pois que, dentro de determinados limites não tem
relação com inconvenientes de ordem sanitária e industrial.
O exame físico é o menos importante das análises que caracterizam a qualidade de uma
água. Seu resultado não deve ser interpretado separadamente de outros exames e análises e são
relativamente fáceis de determinar.
Os principais exames físicos são os seguintes:

Cor
A água quimicamente pura é ausente de cor. A presença de substâncias dissolvidas ou em
suspensão acaba por alterar a cor da água, evidentemente dependendo da quantidade e
qualidade das impurezas. Na maioria dos casos é devido a compostos orgânicos
complexos resultantes da degradação da matéria orgânica e é função do pH, aumenta com
o acréscimo do mesmo. Os principais compostos causadores de cor são de natureza ácida:
ácidos fúlvicos (75 – 85% dos casos), húmico e hematomelânico. As águas coloridas são
de aspecto desagradável e são rejeitadas pela população.
Quando a água provém daqueles ácidos originados da decomposição de vegetais não
apresenta risco algum para a saúde. A sua presença na água pode, fazer o consumidor
procurar outras fontes de aspecto mais agradável, mas que em muitos casos pode estar
comprometida bacteriologicamente.
A água quimicamente pura e isenta de partículas em suspensão reflete uma cor azul. Essa
cor é o resultado da refração da luz por moléculas da água. Na natureza, porém, as águas
possuem, em concentrações maiores ou menores substâncias em dissolução ou
suspensão que modificam a tonalidade azul da água pura. A chamada cor natural das
águas em geral apresenta matizes variados que vão desde o amarelo até o castanho ou a
cor de café escuro. Essas colorações são devido a extração pela água da matéria corante
de plantas, folhas, grama, taboa (planta que ocorre na margem de barragens e rios) e
achas de lenha, originando uma tonalidade marrom – amarelada. Nas zonas baixas e
pantanosas as cores variam de marrom escuro a quase pretas.
Além dessa cor natural amarelo – acastanhada as águas podem apresentar as tonalidades
mais diversas seja devido à proliferação de plâncton, seja pela poluição por águas residuárias
coradas. A remoção da cor tem por finalidade tornar a água adequada para aplicações gerais ou
industriais.
Em combinação com o ferro, a matéria orgânica pode produzir cor de elevada intensidade.
A característica cor é muito sensível ao pH. A sua remoção se dá com mais facilidade em pH
baixo. No entanto, à medida que aumenta o seu valor mais intensa é a cor.
O termo cor é usado para significar cor verdadeira, que é aquela devida unicamente às
substâncias em solução.
O termo cor aparente inclui não só a cor usada pelas substâncias em solução como também a
devida à matéria em suspensão.
Para se determinar a cor verdadeira de uma água que não seja bastante límpida é necessário
remover antes a matéria em suspensão (turbidez).
Uma vez removida a turbidez, o residual que se determina é a cor verdadeira, devido à
presença de partículas coloidais carregadas negativamente. Desta forma, como veremos mais
adiante essa característica pode ser removida da água por coagulação e floculação.
Em algumas situações de cor extrema, a mesma pode ser removida por oxidação química,
utilizando – se entre outros compostos o permanganato de potássio, ozônio ou cloro.
É sempre recomendável, por uma questão de precaução a utilização do cloro para oxidar a
matéria orgânica, pois os compostos resultantes – clorofenóis e trihalometanos (THM) são suspeitos
de serem cancerígenos. No entanto, pode ser utilizado o cloro junto com a amônia na forma de
dióxido de cloro, formas que não produzem THM.
As águas superficiais dos rios podem, algumas vezes parecer coloridas, pela presença de
materiais coloridos em suspensão, quando na verdade elas não o são. Tais substâncias comunicam
cor aparente, e devem ser separadas por centrifugação a fim de ser determinada a cor verdadeira.
Para a cor aparente a determinação é feita na amostra original sem nenhum cuidado prévio.
Quando a cor das águas é proveniente de extratos orgânicos de animais em decomposição ou
por anilinas (provenientes de lançamentos de resíduos industriais) ou ainda, por íons de metais
pesados, considera – se altamente prejudicial do ponto de vista sanitário.
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Não há uma correspondência direta entre a concentração das substâncias corantes e a cor
resultante. Por essa razão, a cor de uma amostra é determinada comparando – a com uma escala
arbitrária de cor. A unidade de cor é definida como a cor produzida ao se dissolver 1,0 mg de
cloroplatinato de potássio e 0,5 mg de cloreto de cobalto em 1 l de água (escala Pt-Co). Soluções
iguais a esta são preparadas em tubos de Nessler em concentrações de 0 a 70 unidades de cor, para
comparação direta com a amostra. Um dos aparelhos mais usados para a determinação da cor é o
Aquatest, com discos colorimétricos em padrões correspondentes aos tubos de Nessler. O resultado
em mg/l ou ppm. A unidade de cor na escala Pt-Co também é conhecida por Unidade Hazen (uH) ou
“Cor APHA/Hazen/Pt-Co”.

Turbidez
É uma característica devida à presença de partículas suspensas na água com tamanho
variando desde suspensões grosseiras aos colóides, dependendo do grau de turbulência.
A natureza dessa matéria pode ser orgânica ou inorgânica.
Entre as impurezas inorgânicas estão à argila, os siltes, as areias, o carbonato de cálcio, a
sílica, o hidróxido férrico, lodo, descarga de esgoto doméstico ou industrial ou a presença de um
grande número de microorganismos, e entre as orgânicas contam – se, a matéria orgânica finamente
dividida, óleos, gorduras, etc.
Essas substâncias em geral são provenientes da erosão dos solos por efeito das chuvas e
enxurradas, especialmente nas zonas desmatadas; da contaminação das águas pelos esgotos ou
resíduos industriais, etc. O grau de turbidez depende não só da concentração e da natureza da
matéria em suspensão como também do tamanho das partículas.
Assim, se duas águas possuem o mesmo teor de matéria em suspensão será mais turva a
que tiver a matéria mais finamente dividida.
É uma característica que traduz a resistência oferecida pelas águas à passagem dos raios
luminosos e, obviamente, variará na razão inversa da transparência. É uma expressão da
propriedade ótica de uma amostra de dispersar e absorver a luz, de preferência a transmiti-la em
linha reta e o seu valor obtem-se comparando a opacidade da amostra com a de padrões sanitários,
em geral suspensões de sílica.
A turbidez é mais própria das águas dos rios que arrastam, no seu trajeto, fragmentos de
rochas, além de detritos orgânicos e bactérias. Nas proximidades das cidades, a turbidez é acrescida
pela contribuição das águas residuárias (industriais e domésticas).
Do ponto de vista sanitário a turbidez, quando de natureza inorgânica, geralmente não
apresenta maiores inconvenientes, a não ser pela sua capacidade de adsorção de substâncias
químicas ou espécies biológicas nocivas, permitindo a oclusão das mesmas e, por conseqüência,
protegendo – as contra a desinfecção. Quando de natureza orgânica ela é considerada
intrinsecamente má.
É impraticável tentar relacionar a turbidez com o peso da matéria em suspensão. Quanto mais
subdividida estiver a matéria, maior será a turbidez. Por esse motivo caiu em desuso a antiga unidade
de turbidez em mg/l de sílica.
Atualmente, a determinação da turbidez é fundamentada no método de Jackson. Consiste em
se determinar qual a profundidade que pode ser vista a imagem da chama de uma vela, através da
água colocada em um tubo de vidro. É limitado a valores entre 25 e 1000 unidades Jackson de
turbidez (U.J.T. ou J.T.U. na abreviação em inglês). Há uma variedade de equipamentos mais ou
menos sofisticados para medir valores inferiores a 25 UJT, porém os melhores são nefelômetros.
Nesses, mede–se, em uma célula fotoelétrica, a quantidade de luz dispersa através de uma amostra
de água, a 90o da luz incidente. A escala de medição é calibrada com padrões conhecidos,
preparados com uma solução de formazina, permitindo medir valores tão baixos como 0,1 UJT com
uma precisão de + ou – 10%.
Não há, no entanto, uma relação direta entre a quantidade de luz dispersa a 90o e a que, como
no tubo de Jackson, atravessa diretamente a amostra. Desse modo, não faz sentido calibrar – se os
nefelômetros em unidades Jackson e é preferível, a denominação de unidades Nefelométricas de
turbidez U.N.T. (ou N.T.U., em inglês). A Unidade de Turbidez Nefelométrica (UTN) é chamada
também de UTF (Unidade de Turbidez de Formazina).

 Objeções:

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São como no caso da cor e como veremos adiante no odor e sabor, principalmente de ordem
estética, pois as substâncias que causam em geral não são nocivas, Se a concentração da matéria
em suspensão é excessiva, a água pode ter gosto estranho e deixar sensação desagradável ao ser
tomada.
Mesmo sem chegar a esse extremo, as águas turvas são sempre encaradas com suspeitas
pelos consumidores e depois do odor e sabor constitui a maior fonte de reclamação por parte do
público, no tocante a qualidade. Para o uso industrial a depender da natureza da indústria e da
natureza das substâncias responsáveis pela turbidez, as exigências podem variar sendo que para
alguns casos ela deve ser praticamente nula.

pH:
Caracteriza a acidez ou alcalinidade de uma água. A sua determinação é de vital importância
num processo de tratamento de uma água para o controle da coagulação, desinfecção e pode
contribuir para a corrosão das estruturas das instalações hidráulicas, sistemas de distribuição
industriais. A corrosão pode acrescentar constituintes à água, tais como: Ferro, Cobre Chumbo, Zinco
e Cádmio.
O pH das águas naturais varia de 5 a 9.
O pH tem importância em praticamente todas as fases da química sanitária, de refrigeração,
de geração de vapor e de outras indústrias. Assim nas águas destinadas ao abastecimento ao
público, o pH é importante:
- na previsão das espécies químicas de caráter ácido ou básico presentes num curso de água.
- na avaliação do poder tamponante de uma água.
- na previsão e escolha dos reagentes a serem usados na coagulação.
- no controle dos agentes de coagulação (a fim de evitar o uso de excesso de reagentes,
passagem do sal de alumínio através dos filtros e posterior precipitação deste no sistema de
distribuição).
- na desinfecção (na qual se deve atender uma faixa de pH para que a desinfecção seja mais
efetiva).
- no abrandamento (controle das fases do mecanismo de âmbito industrial), incluindo – se
etapas de recarbonatação.
- na distribuição da água (na qual se deve controlar o pH a fim de evitar que seja entregue ao
consumidor, uma água corrosiva ou incrustante).
- no possível acréscimo de eficiência na remoção de bactérias.
Igualmente no caso da água residuária, o controle do pH é importante.
Algumas substâncias têm a propriedade de sofrer alteração de cor a vários níveis de pH. São
usados como indicadores e possibilitam uma determinação aproximada do pH. Algumas gotas
adicionadas a uma amostra, dão a esta certa colocação que, comparada a um disco colorimétrico,
corresponde ao valor do pH.
Os phmetros com eletrodos de vidro são bem mais sofisticados. Esses aparelhos não sofrem
interferências de cor e turbidez.
Para determinação do pH pode – se empregar processos colorimétricos e eletrométricos. Os
primeiros usam indicadores que se alteram de coloração com as variações do pH do meio. Embora
simples de ser determinado, ficam sujeitos à interferência como: cor, turbidez, matéria orgânica e
coloidal e cloro livre. Os corantes usados nessa determinação são de origem orgânica que mudam de
cor conforme o pH do meio. A cor produzida é comparada com padrões de pH conhecido. Por
questão de simplicidade é usual ser empregado os conhecidos discos colorimétricos de Hellige. O
processo eletrométrico usa eletrodos de vários tipos para a determinação do pH, sendo o mais
comum o de vidro em combinação com o de calomelano.

Sabor e odor:
São os meios primários pelos quais se determinam o uso ou a aceitabilidade da água. Muito
embora não possam ser relacionados com a qualidade da água, no entanto a sua presença pode
levar o consumidor a procurar outras fontes de abastecimento, às vezes em condições precárias sob
o ponto de vista bacteriológico.
As fontes de odor e sabor podem ser classificadas em duas categorias:

 Naturais:
São as que chegam às águas por causas naturais como algas, vegetação em decomposição,
bactérias, fungos e compostos inorgânicos tais como gás sulfídrico, sulfatos e cloretos.
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 Artificiais:
São as que provêm de águas residuárias domésticas ou industriais. Neste grupo podemos
incluir os fenóis, cresóis, mercaptanas e aminas.
Considerando que, geralmente, a sensação de sabor decorre da percepção do odor, estas
características são aqui consideradas em conjunto. Quando o sabor é devido a sais dissolvidos em
elevadas concentrações, estes não têm relação com o odor.
A presença de sabor e odor é associada a poluentes químicos (despejos industriais ou outras
substâncias objetáveis, como a matéria orgânica em decomposição, algas, etc) ou a
microorganismos.
Há quatro tipos de sabores fundamentais, os quais correspondem à área sensitiva sobre a
língua:

a) Salgado: Indicando a presença de cloretos, sulfatos, bicarbonatos, carbonatos e/ou


nitratos;
b) Doce: Como o açúcar (geralmente associado a hidroxilas);
c) Azedo: Como o de ácidos (associados a íons hidrônio);
d) Amargo: Associado a alcalóides ou cianetos (amêndoas amargas);

A intensidade e a agressividade dos odores variam com a espécie do odor, que pode ser de
quatro tipos fundamentais:
a) Ferroso: Terra úmida, turfa, etc.
b) Mofento: Bolor, palha em decomposição.
c) Putrefato: Chiqueiro, ovos podres, sépteis, etc.
d) Químicos: De resíduos industriais ou tratamento químico, fenóis, clorofórmio, etc.

Temperatura:
As águas usadas em abastecimento têm uma temperatura variável entre 15 e 21 0C. A
temperatura relaciona – se com a massa específica, viscosidade, tensão superficial, pressão de vapor
e solubilidade dos gases.
A temperatura tem muita importância no processo de tratamento de uma água (clarificação),
corrosão, desinfecção e no desenvolvimento e destruição de bactérias.

Condutividade:
A condutividade elétrica (L) permite avaliar a quantidade de sólidos totais dissolvidos (STD),
que representa a medida dos íons na água. Geralmente a L é expressa em Siemens/m (S/m) ou
S/cm. Pode-se usar como medida dos STD a resistividade elétrica (R) que é o inverso da
condutividade elétrica cuja unidade é ohm.m (Ώ . m) ou M Ώ .cm

Para valores elevados de STD, há aumento da solubilidade dos precipitados de Al e Fe,


influenciando na coagulação. Também é afetada a formação e precipitação de CaCO3, favorecendo a
corrosão.

Características químicas
As características químicas são provenientes da presença de substâncias dissolvidas
geralmente avaliáveis somente por meios analíticos.
São de grande importância para o sanitarista, tendo em vista as conseqüências que acarretam
para o organismo humano ou em razão do aspecto higiênico. Igualmente, sob o ponto de vista
industrial essas características assumem papel saliente.
As características químicas das águas contam a sua história antes do ponto de coleta da
amostra.
Como já se disse acima as características químicas das águas são determinadas por meio de
análises químicas, seguindo métodos adequados e padronizados para cada substância.
Os resultados são fornecidos em concentração da substância em mg/l.
Vejamos algumas dessas características.

1) Cloretos, sulfatos e sólidos totais:


O conjunto dos sais dissolvidos nas águas representados pelos bicarbonatos, cloretos,
sulfatos e outros em menores quantidades, caracterizam os sólidos totais dissolvidos e conferem às
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águas, um sabor salgado e uma propriedade laxativa (principalmente devido à sulfatos). A tolerância
dos seres humanos para com os cloretos varia com o clima e hábitos alimentares. Nas zonas áridas e
quentes, as concentrações de cloretos podem chegar até a 900 mg/l sem nenhum efeito fisiológico
adverso. O que se observa é que os efeitos laxativos aparecem em indivíduos acostumados a baixas
concentrações.
O teor de cloretos pode ser indicativo de poluição por esgotos domésticos uma vez que a
excreção humana, particularmente a urina, contém cloretos em quantidade aproximadamente igual à
consumida nos alimentos e na água. Assim, os efluentes dos esgotos domésticos adicionam
consideráveis quantidades de cloretos à água.
Por outro lado, muitos resíduos industriais contém apreciáveis concentrações de cloretos.
Os cloretos costumeiramente apresentam – se como de sódio, cálcio e magnésio. Sua
concentração máxima desejável para consumo humano não deve ser superior a concentração de 250
mg/l.
A presença de sais, principalmente de cloretos em águas industriais é um dos fatores
incentivadores da corrosão em tubulações e equipamentos industriais.
Concentração de cloretos, mesmo superiores a 1000 mg/l, não são prejudiciais ao homem, a
menos que ele sofra de moléstia cardíaca ou renal.
Com relação aos sulfatos, dependendo da concentração, além de outras propriedades
laxativas mais acentuadas que outros sais, associado a íons de cálcio e magnésio, promovem dureza
permanente e podem ser indicativo de poluição da matéria orgânica do ciclo do enxofre que por sua
vez é fonte de energia para sulfobactérias que transformam os sulfitos em sulfatos. Finalmente, os
sulfatos podem originar – se de numerosas descargas industriais. Numerosas águas residuárias
industriais, como as de curtumes, papel e tecelagem, largam sulfato no curso da água.
Nas águas naturais, os sólidos dissolvidos são constituídos principalmente por carbonatos,
bicarbonatos, cloretos, sulfatos e fosfatos, pequenas quantidades de ferro, magnésio e outras
substâncias. Os minerais contidos nas águas naturais podem diminuir por diluição (águas de chuva)
ou aumentar pela adição de despejos industriais.
Quantidades excessivas de sólidos totais dissolvidos são objetáveis pelos efeitos fisiológicos
possíveis, sabor mineral e conseqüências econômicas. Recomenda – se o total de sólidos totais
dissolvidos seja < 500 ppm com um limite máximo aceitável de 1000 ppm.
É um parâmetro que serve, também, para indicar, entre outros fatores, a economicidade da
produção de vapor a partir de uma dada água. No caso desse total ser muito elevado, a produção de
vapor torna – se anti – econômica dada à elevada concentração de sólidos que ocorrerão dentro da
caldeira. Faixa normal: 25 a 500 ppm.
Serve igualmente para a escolha de um processo de tratamento de água industrial, a partir de
uma determinada água. Além disso, a quantidade de sólidos totais dissolvidos serve para determinar
o número de descargas da águas das caldeiras para a manutenção de certa quantidade máxima de
sólidos.

2) Dureza:
É uma característica conferida à água pela presença de alguns íons metálicos, principalmente
os de cálcio (Ca++) e magnésio (Mg++) principalmente e os de (Fe++). A dureza é reconhecida pela sua
propriedade de impedir a formação de espuma como sabão. Além disso, produz incrustações nos
sistemas de água quente.
A dureza é expressa em equivalente-grama de CaCO 3, podendo ser classificada em
carbonatos e de não carbonatos. A primeira provocada pelos carbonatos e bicarbonatos de cálcio e
magnésio, podendo ser removida pela ebulição. A segunda, permanente, só pode ser removida
através de tratamento e é ocasionada pelos cloretos, sulfatos e nitratos de cálcio e magnésio.
Em águas naturais doces a dureza varia de 10 a 200 mg/l de CaCO 3 e em salgadas pode
atingir até 250 mg/l de CaCO3.
Do ponto de vista industrial a dureza é uma característica indesejada principalmente quando a
água se destina a aquecedores, ebulidores e caldeiras, de vez que pode formar depósitos
(incrustações), com sérias conseqüências para a segurança no trabalho e economia das indústrias.
Os níveis de dureza aceitáveis para uma comunidade são variáveis.
Como já se disse em caldeiras, os sais de cálcio e de magnésio tendem, ao se depositar nas
paredes dos tubos, provocarem incrustações, bloqueando – os e dificultando as trocas de calor. Por
isso, pode haver rompimento por superaquecimento localizado onde formou – se a incrustação. Além
disso, os tubos dos trocadores de calor podem ficar sujeitos à corrosão por aeração diferencial,
conforme veremos mais adiante.
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As incrustações são particularmente danosas, pois provocam a perda de eficiência das
superfícies de troca de calor. Ainda, permitem à possibilidade de produtos nocivos de corrosão
concentrarem-se abaixo delas. Este tipo de corrosão verifica – se principalmente em caldeiras de alta
pressão, podendo ser também em caldeiras de média e de baixa pressão.
As águas podem ser classificadas em termos do grau de dureza em:

Moles Dureza inferior a 50 mg/l em CaCO 3


Dureza moderada Dureza entre 50 a 150 mg/l em CaCO3
Duras Dureza entre 150 a 300 mg/l em CaCO3
Muito duras Dureza superior a 300 mg/l em CaCO3

Do ponto de vista da saúde pública, não há objeções ao consumo de águas duras. Pelo
contrário, alguns pesquisadores têm encontrado uma correlação entre águas moles e certas doenças
cardíacas, têm sido verificadas que há um maior número de pessoas com problemas
cardiovasculares em áreas de águas moles do que em áreas de águas duras.
Na Europa utilizam – se outras unidades:
1 grau francês = 10,0 mg/l em CaCO3
1 grau alemão = 17,8 mg/l em CaCO3
1 grau inglês = 14,3 mg/l em CaCO3

3) Alcalinidade:
É devida aos bicarbonatos, carbonatos ou hidróxidos de cálcio e magnésio. Com maior
freqüência é causada pela presença dos bicarbonatos, produzidos pela ação do gás carbônico
dissolvido na água sobre as rochas calcárias. As diversas espécies de alcalinidade dependem do
valor do pH, composição do mineral, temperatura e força iônica.
Não tem significado sanitário, a menos que seja causado pela presença de hidróxidos ou que
contribuam na quantidade de sólidos totais dissolvidos.
É sem sombra de dúvida uma característica muito importante para o controle da água,
estando relacionados os processos de coagulação, redução de dureza e preocupação de corrosão
nas canalizações de ferro fundido da rede de distribuição.
Nas águas brutas varia de 10 a 30 mg/l de CaCO 3. Os bicarbonatos de cálcio e de magnésio
causam os mesmos problemas que os verificados em sistemas de produção de vapor. Além disso, os
bicarbonatos quando aquecidos liberam gás carbônico que é altamente corrosivo na temperatura
reinante na caldeira.
Não se pode confundir alcalinidade com pH. O pH mede somente o tipo de alcalinidade
presente na água.
Em função do pH, podem estar presentes na água os seguintes tipos de alcalinidade:
pH 11,0-9,4 Alcalinidade de hidróxidos e carbonatos
pH 9,4-8,3 Carbonatos e bicarbonatos
pH 8,3-4,6 Somente bicarbonatos
pH 4,6-3,0 Ácidos minerais
(A alcalinidade subdivide – se em total (metilorange) e parcial (fenolftaleina). A primeira mede
a presença de OH-, CO3- e HCO3- e a segunda, ½ CO3- e OH-.
A dureza devida aos bicarbonatos de cálcio e de magnésio é chamada de dureza de
carbonatos e a devida aos sulfatos, nitratos e cloretos de cálcio e de magnésio, dureza de não
carbonatos.
Sabemos que a dureza temporária (dureza de carbonatos) pode ser destruída, conforme
vimos pela ebulição.
A determinação da alcalinidade de água bruta geralmente mede a dureza de carbonatos,
mas na água abrandada e em algumas águas brutas, a alcalinidade pode também incluir a
alcalinidade de sódio. Isso é evidenciado quando a alcalinidade excede a dureza total. A dureza de
não carbonatos é avaliada pela diferença entre a dureza total e a dureza de carbonatos. A soma da
alcalinidade mais a dureza de não carbonatos é igual a dureza total, quando a água não contém
alcalinidade de sódio. Se a alcalinidade de sódio está presente, a dureza total é igual a alcalinidade
total menos a alcalinidade de sódio.
A não ser quando devida à presença de hidróxidos, a alcalinidade não constitui problema
isolado, desde que, também, não influa sobre a salinidade, pois neste caso pode trazer sabor
desagradável. Para fins potáveis, nenhum valor da alcalinidade consta nos padrões de qualidade da
água, devido ao fato da mesma estar sempre associada a outros constituintes.
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4) Gás carbônico:
É um componente comum nas águas brutas. Sua concentração nas águas é função da
temperatura e pressão. Como o gás carbônico em água tem características ácidas, torna – se
corrosivo ao ferro e suas ligas bem como ao cobre e suas ligas, tornando desta forma atacáveis
tubulações, aquecedores, rotores de bombas e condensadores de sistemas de água de alimentação
de usinas de vapor. Para fins potáveis, nas concentrações encontradas ele não é pernicioso.
A presença de gás carbônico na água pode ser derivada da atmosfera, da decomposição da
matéria orgânica por via aeróbica, da poluição atmosférica decorrente da atividade industrial, dos
gases emanados da terra nas regiões vulcânicas, do metabolismo das plantas e animais aquáticos.
Já citamos que nas águas naturais o equilíbrio da reação:

CO2 + H2O  H2CO3


Esta relação depende de vários fatores tais como a temperatura da água, pressão do
sistema, sólidos dissolvidos e pressão parcial do gás carbônico no ar atmosférico. A solubilidade do
gás carbônico varia diretamente com a pressão e inversamente com a temperatura. Ela pode ser
reduzida pela presença de matéria mineral dissolvida, entretanto nos limites encontrados na prática
este fator não é muito importante.
Águas subterrâneas podem apresentar – se super – saturadas em relação ao gás carbônico,
devido às altas pressões a que ficam submetidas, ao emergir insolubilizam o gás, havendo
desprendimento (águas gasosas). O gás carbônico dissolvido nas águas superficiais e nas de chuva
é o principal agente natural da corrosão das rochas calcárias:

CO2 + CaCO3 + H2O => Ca (HCO3)2


Este bicarbonato sendo solúvel pode atingir um lençol subterrâneo ou uma fonte qualquer de
água dando origem as chamadas águas duras.
O gás é muito agressivo às tubulações metálicas ou de concreto, sendo um dos principais
agentes da corrosão. Existem vários processos de proteção de canalizações contra o seu efeito
corrosivo.
A acidez tem pouco significado do ponto de vista sanitário, porém em muitos casos é
necessária a adição de um alcalinizante para manter a estabilidade do carbonato de cálcio e, assim,
evitar os problemas de corrosão devido à presença do gás carbônico.
Assim como a alcalinidade, a acidez é expressa em termos de CaCO 3, e é medida
neutralizando – se o CO2 livre com um hidróxido, usando a fenolftaleína como indicador.

5) Ferro e manganês:
Dependendo do manancial, varia a forma de apresentação do ferro. As águas de
profundidade (poços) são mais ricas em ferro. Ocorre na natureza sob a forma combinada, na forma
de óxidos e sulfetos (compostos mais comuns e importantes). Pode igualmente ocorrer na forma de
bicarbonato.
Esse metal tem a tendência de originar depósitos sobre as superfícies de trocadores de calor
(resfriadores e tubos de caldeiras). Nessas condições, podem não só bloquear os mencionados tubos
como também rompê–los em superfícies determinadas. Além disso, como esses depósitos são de
natureza porosa, permitem que produtos corrosivos e altamente danosos à superfície metálica, se
localizem sob os mesmos, provocando uma rápida e violenta deterioração daqueles materiais. Ainda,
como teremos oportunidade de verificar, a presença de ferro nas águas industriais pode provocar a
deterioração das chamadas resinas aniônicas.
Águas com teores elevados de ferro são encontradas:

a)Águas subterrâneas agressivas, com pH baixo, ricas em gás carbônico e pobres em


oxigênio, sob a forma de bicarbonato ferroso dissolvido.
b) Águas superficiais, com matéria orgânica, nas quais o ferro se apresenta combinado com
essa matéria orgânica e freqüentemente no estado coloidal.
As águas ferruginosas trazem um sem número de inconvenientes para sua utilização,
podendo – se citar entre eles os seguintes:
 Possibilitam o desenvolvimento das ferro – bactérias.
 Sabor desagradável (metálico).
 Manchas em tecidos, roupas, utensílios, aparelhos sanitários, etc.
 Prejudicam a preparação de café e chá.
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 Prejudicam a qualidade das bebidas gaseificadas.
 Interferem em processos industriais como na fabricação do papel, tecidos, tinturarias,
cervejarias, etc.
 As águas com ferro solubilizado na forma de bicarbonato ferroso, na ausência de oxigênio,
são límpidas e cristalinas. No entanto, em contato com o ar, o ferro do bicarbonato oxida e precipita –
se, provocando mal aspecto.

Fe(HCO3)2 + O2 (ar) => Fe(OH)3 + CO2 +H2O.

Certos sais férricos e ferrosos como os cloretos, são bastante solúveis nas águas. Os sais
ferrosos são facilmente oxidados nas águas naturais de superfície, formando hidróxidos férricos
insolúveis, que tendem a decantar ou a serem adsorvidos superficialmente, razão pela qual a
ocorrência de sais de ferro em águas superficiais bem aeradas dificilmente se dá em concentrações
de elevado teor.
Para águas potáveis o limite máximo recomendado de ferro é de até 0,3 mg/l Fe +2 e o de
manganês de até 0,1 mg/l Mn+2. Esses limites têm como causa razões estéticas, pois águas contendo
sais de ferro causam aqueles problemas enumerados anteriormente. Acima de 0,5 mg/l Fe +2 causa
gosto nas águas.
A presença de manganês é muito menos comum nas águas e a sua coloração característica é
a marrom. A sua ocorrência dá–se em forma combinada, sendo mais comum em águas subterrâneas
do que superficiais.
As razões para limitação do teor de manganês nas águas para consumo dizem mais respeito
a prevenir os prejuízos de ordem estética/econômica do que por motivos de ordem toxicológicas.
Embora raramente apareça em exceção de 1 mg/l, o manganês causa permanentes
prejudiciais em lavagens de tecidos e instalações sanitárias

6) Oxigênio dissolvido:
Provém da aeração e da fotossíntese. Esta é como sabemos resultante do desdobramento do
gás carbônico em oxigênio e carbono pelas plantas clorofiladas catalisadas pela luz solar. O carbono
é liberado como subproduto na reação de formação de glicose pelas plantas.
No caso da aeração, o ar atmosférico difunde – se na água, provocando o aumento da
concentração de oxigênio. Esse elemento é vital a vida animal. O efeito de despejos oxidáveis nos
cursos de água, a avaliação das condições de uma água pura para peixes e outros organismos e o
progresso da auto – purificação podem ser medidos pelas determinações do oxigênio dissolvido. As
águas com concentrações elevadas de oxigênio são agradáveis ao paladar.
Encontramos em águas poluídas ou estagnadas nas redes, valores reduzidos de oxigênio. Na
determinação das condições sanitárias das águas superficiais o O.D. é o critério mais importante.
A determinação do teor de O.D. é um dos parâmetros mais importantes no controle da
qualidade da água. Nas águas de uma maneira geral, o teor de O.D. varia em função da temperatura,
pressão atmosférica, sais minerais e da quantidade e da qualidade da matéria orgânica instável
presente. A solubilidade do oxigênio aumenta com a diminuição da temperatura.
A presença de oxigênio nas águas é o grande responsável pela corrosão do ferro, cobre e
suas ligas. Isto ocorre a nível de pH entre 5 e 9,2. Em pH baixo acelera – se a corrosão e em pH alto
retardasse o fenômeno. Este processo é acelerado pela presença de gás carbônico.
No caso da aeração, o ar atmosférico difunde – se na água, provocando o aumento da
concentração do oxigênio.
A dosagem de oxigênio dissolvido reflete e teor do elemento molecularmente disseminado nas
águas. A presença de matéria orgânica na água reduz o teor de O.D. até fazê–lo igual à zero, daí
porque as águas residuárias ricas em matéria orgânica possuem pouco ou nenhum oxigênio
dissolvido (indicando a presença de bactérias).
Por outro lado, certos organismos microscópicos como as algas decompõem o gás carbônico
(em presença de luz) com desprendimento de oxigênio, o qual é disseminado nas águas, chegando
até a saturação e sobre – saturação.
Nas águas naturais a quantidade de O.D. que a água pode conter é pequena, devido a sua
baixa solubilidade, cerca de 8,38 mg/l à 25 ºC. As águas de superfície, relativamente limpas,
apresentam – se saturadas de O.D., porém este pode ter consumido rapidamente pela demanda de
oxigênio de esgotos domésticos. A proporção que os teores encontrados O.D. forem menores que a
saturação, temos a informação de que o grau de contaminação é cada vez maior, por outro lado, se a

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concentração de O.D. ultrapassar a saturação, temos um indicativo da presença de algas (as algas
azuis – verdes, são cianofíceas).
É oportuno também afirmar que as presenças O.D. juntamente com o gás carbônico,
constituem – se em um fator a ser considerado na prevenção da corrosão de materiais ferrosos tais
como tubos de caldeiras e canalizações.

7) Demanda de oxigênio:
A maioria dos compostos orgânicos são instáveis e podem ser oxidados biológica ou
quimicamente, resultando compostos finais mais estáveis como o CO2, NO3 e H2).
A matéria orgânica tem, assim, uma certa necessidade de oxigênio, denominada demanda,
que pode ser:
1. Demanda bioquímica de oxigênio: é a medida de quantidade de oxigênio necessária ao
metabolismo das bactérias aeróbias que destroem a matéria orgânica.
2. Demanda química de oxigênio: permite a avaliação da carga de poluição de esgotos domésticos
ou industriais em termos de quantidade de oxigênio necessária para a sua total oxidação em
dióxido de carbono e água.

8) Sílica solúvel:
É conhecida também como sílica reativa. Encontra – se nas águas brutas sob forma de ácido
silícico e silicatos solúveis. Sabemos que em caldeiras de alta pressão a sílica em combinação com a
dureza origina incrustações delgadas e muito duras de difícil remoção em superfícies de trocadores
de calor e em palhetas de turbinas. Nesse último caso, a eficiência da turbina fica comprometida,
podendo ainda provocar problemas de natureza mecânica (desbalanceamento).
Ca++ + SiO2 + H2O  CaSiO3 + 2 H+

9) Gás sulfídrico:
Pode ser encontrado em águas de poços, lagoas, em águas superficiais ou no próprio sistema
de distribuição, geralmente como resultado da decomposição da matéria orgânica por via anaeróbica;
também pode ser decorrente da poluição por parte de um despejo industrial que o contém (H2S ou S--)
como por exemplo, o despejo de uma fábrica de papel, de uma refinaria de óleos, de um curtume,
etc.
O H2S pode ser removido pelos processos de aeração e de cloração.
A presença deste gás, no entanto, não é comum em mananciais; é corrosivo ao ferro, cobre e
suas ligas.

Quando o H2S é encontrado em águas de poços, geralmente é o resultado da denominada


sulfato – redução:

CaSO4 + CH4 + bactérias => CaCO3 + H2S + H2O

CaSO4 + CH4 + bactérias => CaS + CO2 + 2 H2O

Que ocorre na presença de determinadas bactérias. Esta redução pode ser escrita da
seguinte forma, uma vez que se processa em solução:

SO4-- + CH4 + bactérias => HS- + H2O + HCO3-

Sendo que as formas dos ânions produzidos são determinadas pelo pH e pelo poder de
redução do meio.
Concentrações menores que centésimos de mg/l podem causar odor característico.

10) Fenóis e detergentes:


Os compostos fenólicos são definidos como hidróxidos derivados do benzeno e dos seus
núcleos condensados.
A origem desses compostos são os despejos industriais, a hidrólise e oxidação fotoquímica
dos organofosforados e carbonatos, a degradação microbiana de herbicidas como os ácidos
fenoxalquílicos e as substâncias naturais. Alguns compostos fenólicos são resistentes à degradação
microbiológica e são transportados a longas distâncias pela água.

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Os fenóis afetam a qualidade da água de diversas maneiras. Talvez o maior prejuízo ocorra
nos sistemas públicos de abastecimento de água, onde traços de compostos fenólicos (menores que
1,0 mg/l) afetam as propriedades organolépticas da água para consumo humano. Os fenóis são
tóxicos, mas muito antes de atingirem valores que os tornem prejudiciais à saúde, ele já se constitui
em um grande problema, pois ao se combinarem com o cloro usado na desinfecção, provocam o
aparecimento de gostos e odores altamente desagradáveis, e com a formação de compostos
clorofenóis.
Os detergentes na grande maioria dos casos são constituídos de sulfonatos de alquilbenzeno.
Esses são compostos indestrutíveis naturalmente e, por isso, sua ação perdura em abastecimento de
água a jusante de lançamentos que os contenham. O mais visível da presença de detergentes em
uma água é a formação de espuma, quando a água é agitada.

11) Impurezas orgânicas e nitrato:


O nitrogênio é um elemento importante no ciclo biológico. O tratamento biológico dos esgotos
só pode ser processado com a presença de uma quantidade suficiente de nitrogênio.
A quantidade de nitrogênio na água pode indicar uma poluição recente ou remota. Inclui – se
nesse item o nitrogênio, sob as suas diversas formas compostas, orgânico, amoniacal, nitritos e
nitratos. O nitrogênio segue um ciclo desde o organismo vivo até a mineralização total, esta sob a
forma de nitratos, sendo assim possível avaliarem o grau e a distância de uma poluição pela
concentração e pela forma do composto nitrogenado presente na água. Por exemplo, águas com
predominância de nitrogênio orgânico e amoniacal são poluídas por uma descarga de esgotos
próxima. Águas com concentrações de nitratos predominantes indicam uma poluição remota, porque
os nitratos são o produto final de oxidação do nitrogênio.
Independente da sua origem, que também pode ser mineral, os nitratos (em concentrações
acima de 50 mg/l em termos de NO3), provocam em crianças a cianose ou metemoglobinemia -
doença azul de bebês -, condição mórbida associada à descoloração da pele, em conseqüência de
alterações no sangue.
O Amoníaco (Amônia) é encontrado frequentemente na água exceto em altos valores de pH.
Na literatura aparece como amoníaco, amônia ou nitrogênio amoniacal. Sua presença na água de
superfície pode indicar poluição recente nas águas o seu aparecimento é comum e, geralmente
devido a processos naturais de redução. Pode-se apresentar combinado sob a forma de compostos
orgânicos.
É corrosivo ao cobre e suas ligas na presença de oxigênio dissolvido. Em elevadas
concentrações, mesmo em ausência de oxigênio é corrosivo ao cobre e suas ligas. Em águas
potáveis, não é permitido qualquer traço de amoníaco.
Forma complexos solúveis com o zinco em sistemas de água de refrigeração.

12) Fosfatos:
O fósforo aparece nas águas em geral sob a forma de fosfatos orgânicos e inorgânicos.
Entre os inorgânicos, os sais de Na, K, NH 4 são solúveis na água, enquanto que, dos sais de
Cálcio, somente o fosfato monocálcico é solúvel. Com relação aos de magnésio, a maior parte é
ligeiramente solúvel.
Nas águas superficiais e subterrâneas os fosfatos são encontrados como resultado da
drenagem de agriculturas, como um dos produtos da decomposição da matéria orgânica, como
resultado dos resíduos industriais ou ainda como um dos constituintes das águas de refrigeração que
os recebem em seu tratamento. Também encontramos na forma de fosfatos inorgânicos, em geral
combinado.
Sendo um nutriente indispensável, é também um fator perigoso quando em grande
quantidade, por provocar o crescimento das algas, gerando:
 Desequilíbrio do oxigênio dissolvido;
 Cheiro e gosto desagradável;
 Matéria que tira a beleza do meio ambiente.
Na forma orgânica aparece na própria constituição do protoplasma das células.
Como fosfato inorgânico, em geral está combinado: tripolifosfato de sódio, pirofosfato de
sódio, hexametafosfato, usados na agricultura, nos tratamentos de águas, especialmente de caldeiras
para prevenir a formação de incrustações e inibir a corrosão, e nos produtos de limpeza.

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13) Metano:
É encontrado em águas estagnadas ricas em matéria orgânica em decomposição. É às vezes
encontrado em águas subterrâneas e o seu escapamento para o ambiente pode criar uma atmosfera
explosiva, principalmente em lugares de baixa ventilação.

Características biológicas:

Entre a matéria em suspensão na água inclui – se a parte viva, ou seja, os organismos


presentes que também constituem impurezas e que, conforme sua natureza tem grande significado
para os sistemas de abastecimento de água.
Alguns desses organismos, como certas bactérias, vírus e protozoários, são patogênicos,
podendo, portanto provocar doenças e até mesmo ser a causa de epidemias.
Outros organismos, como certas algas, são responsáveis pela ocorrência de sabor e odor
desagradáveis, ou por distúrbios em filtros e outras partes do sistema de abastecimento.
Nestas condições a determinação das características biológicas é avaliada através de exames
bacteriológicos, sendo particularmente importante para os sistemas de abastecimento; exames de
rotina para o conhecimento da presença do grupo de bactérias coliformes.
A parte da biologia ligada à água divide-se em dois campos.
Vegetal: algas,
Bactérias
Animal: protozoários
Vermes
As características biológicas das águas são determinadas através de exames bacteriológicos
e hidrobiológicos. Como sabemos, nos exames bacteriológicos pesquisamos o número de coliformes
através de processos e técnicas adequadas. O resultado é dado em número de bactérias por cm 3 da
amostra de água.
Um número elevado de bactérias não é obrigatoriamente indicativo de poluição; variações
bruscas nos resultados dos exames podem ser interpretadas como poluição; águas pouco poluídas
geralmente apresentam resultados expressos por números baixos.
Os coliformes são bactérias que normalmente habitam os intestinos dos animais superiores. A
sua presença indica a possibilidade de contaminação da água por esgotos domésticos. Contudo, nem
toda água que contenha coliformes é contaminada e, como tal, podem veicular doenças de
transmissão hídrica.
O número de coliformes é expresso pelo número mais provável (NMP), representa a
quantidade mais provável de coliformes existentes em 100 ml de água da amostra.

Clarificação das águas:


Em tratamento de água, a finalidade da clarificação é transformar as impurezas que se
encontram em suspensão fina, em estado coloidal ou em solução; bactérias, protozoários e o
plâncton, em partículas maiores (flocos) que possam ser removidas por decantação e filtração.
A clarificação representa uma parte bastante delicada e importante do tratamento de uma
água e, se ela for falha, podem-se ter problemas bastante sérios nas operações seguintes.
Dentre as partículas que se encontram na água provocando turbidez e cor, as que causam
maiores dificuldades de remoção são as partículas coloidais.
Costuma-se classificar os colóides em hidrófilos e hidrófobos, quando as partículas estão
dispersas na água.
a) Hidrófobos - não são afins com a água, são insolúveis nela. Ex.: Argila, matéria orgânica
causadora de cor.
b) Hidrófilos – são afins com a água; sua grande estabilidade é devida a capa de água aderida que
atua como barreira.
As partículas de colóides hidrófilos (detergentes, sabões, etc) atraem para seu redor
moléculas de água (polares), que passam a constituir uma película lubrificante que dificulta a
formação de flocos.
Os colóides hidrófobos constituem a grande maioria nas águas dos mananciais comuns, e
apresentam-se carregados eletronegativamente.

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Para que os colóides possam ser removidos da água, devem ser coagulados previamente
pelas seguintes razões:
a) Os colóides são de tamanho extremamente pequeno e sua velocidade de sedimentação é
extremamente lenta.
b) As forças da repulsão de colóides impedem que estes se aglutinem em partículas maiores.

Os colóides Hidrofóbicos estão sujeitos a 2 forças opostas.


a) Potencial Zeta = forças de repulsão.
b) Forças de Van der Waals = forças de atração intermoleculares.

Se Z > Forças de Van der Waals, as partículas não se aglutinam, o objetivo da coagulação é
reduzir o valor de Z.
A agitação é extremamente importante, pois promove o choque e as forças de Van der Waals
podem atuar.
A coagulação e a floculação são processos de desestabilização de partículas coloidais e
aglutinação das mesmas em pequenas massas chamadas flocos, os quais podem separar-se da
água por sedimentação.

A coagulação – floculação se faz necessária para:


a) Remoção de turbidez orgânica e inorgânica
b) Remoção da cor (verdadeira e aparente)
c) Eliminar as bactérias e outros organismos patógenos suscetíveis à coagulação (é possível
remover 93 – 99% de microorganismos patógenos com uma boa coagulação – floculação).
d) Remover algas e plânctons em geral.
e) Eliminar certas substâncias produtoras de odor e sabor na água.

Pode-se dizer que as principais metas para se obter a coagulação – floculação consiste em:
a) redução do Potencial Zeta a valores próximos de zero para que a repulsão entre partículas não
seja oposição ao encontro dos mesmos (Qdo Pz=0, atingiu-se o ponto isoelétrico);
b) fornecer energia ao meio para que a agitação proporcione maior número de choques;
c) introduzir no meio compostos floculentos que auxiliem a aglomeração dos colóides já
neutralizados.

Mecanismos de desestabilização ou coagulação de um colóide

a) Absorção e neutralização de íons de carga oposta.


Neste caso a dosagem do coagulante é função da carga que tenha o íon aplicado.

b) Precipitação e Arraste.

Neste mecanismo se promove a precipitação de hidróxidos metálicos, cuja solubilidade é


baixa:

Fe+++ + 3 OH-  Fe (OH)3 floco

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Al+++ + 3 OH-  Al (OH)3 floco

Mediante este mecanismo as partículas coloidais são arrastadas pelo precipitado, a medida
que estes se formam.
A remoção de cor e turbidez em águas claras segue este mecanismo:

Al (OH)3 + ............... Agitação

floco metélico colóides floco resultante

c) Ponte química (desestabilização com polímero).


Neste mecanismo parte dos grupos funcionais da molécula do polímero se adsorvem na
superfície da partícula, ficando outra parte da molécula estendida na solução. Uma Segunda partícula
com polímero adsorvido na superfície ao colidir com o primeiro, unem-se dando origem ao floco.
Figura abaixo.

A coagulação pode ser feita:

a) Com polímeros:

b) Coagulação com sais de alumínio: Os sais de alumínio formam um floco ligeiramente pesado.
Os mais conhecidos são o sulfato de alumínio, o sulfato de alumínio amoniacal e o aluminato de
sódio.
O primeiro é o coagulante que por seu baixo custo e seu manejo relativamente sensível se
usa com maior freqüência nas plantas de tratamento de água potável; o qual vamos estudar em
detalhes.
O sulfato de alumínio Al2(SO4)3. 18 H2O é um pó de cor marfim, ordinariamente hidratado, que
com a armazenagem são convertidos em torrões relativamente duros.

Química dos coagulantes


Basicamente os coagulantes são do tipo inorgânico ou metálico e polímeros orgânicos
(geralmente tipo catiônico). Ambos atuam sobre o colóide na forma de polímeros além da carga
elétrica que possuem.
A seqüência de operação dos coagulantes inorgânicos é:
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a) Primeira etapa: Reações de Hidrólise

Al2(SO4)3 + 12 H2O  2[Al(H2O)6]+3 + 3 (SO4)-2

[Al(H2O)6]+3 + HCO3-  [Al(H2O)5 OH]+2 + CO2 + H2O


da água

[Al(H2O)5 OH]  [Al(H2O)3 (OH)3] + 2 H+


+2
Hidróxido de Alumínio Hidratado insolúvel

b) Segunda Etapa: Reações de Polimerização


Reação típica de Polimerização:

2[Al(H2O)5 OH]+2  [Al(H2O)8 (OH)2]+4 + 2 H2O

Outros polímeros formados mediante outras reações.

[Al6(OH)15]+3 ; [Al8(OH)20]+4

Tempo de duração: 10-2 a 10-1 Seg.


As espécies iônicas ou polímeros predominantes dependem do pH da água:
a) pH = 4 predomina [Al(H2O)6]+3

b) pH = 5 predomina [Al(H2O)8 (OH)2]+4

c) pH = 5-6,5 predomina [Al13(OH)34]+5, [Al8(OH)20]+4


Nesta faixa de pH predomina os mecanismos de coagulação por neutralização e adsorção de
hidroxopolímeros.

d) pH > 6,5-8,0 predomina o Al(OH)3

d) pH > 8,0 (excesso de OH-): Al(OH)3 + OH-  Al(OH)4-.

Nesta faixa de alcalinidade há formação de ânions, impedindo desta forma a neutralização dos
colóides, impossibilitando a coagulação devido a formação de íon com carga negativa.

Reações químicas – Estequiometria


O coagulante mais comumente empregado no Brasil é o Sulfato de Alumínio. Várias hipóteses
foram levantadas para explicar o seu papel na coagulação e floculação. Vários estudos foram
desenvolvidos por Black, Langelier, Ludwig e Mattson.
Os três primeiros dão ênfase à ação do íon trivalente, Al +3, ao passo que Mattson julga que os
produtos de hidrólise são os mais efetivos na redução do potencial Zeta.

Reações Químicas:

É indiscutível a importância que a alcalinidade da água tem no tratamento químico da mesma.


Quando a água possui alcalinidade muito baixa, costuma-se adicionar álcalis (Cal), Barrilha, etc, para
elevá-la. Note-se que a cal (ou similar) pode ser dispensada nos casos em que a alcalinidade for
suficiente.
As reações do coagulante com alcalinidade indicada a seguir são apenas idéias, não se
sabendo exatamente o que ocorre na prática, onde várias interferências tais como reações
secundárias e formação de compostos complexos, como descritas por Johnson.

Sulfato de Alumínio:

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a) Reação do Sulfato de Alumínio com a alcalinidade natural das águas (quando existente).

Al2(SO4)3 . 18 H2O + 3 Ca(HCO3)2  3 CaSO4 + 2 Al(OH)3 + 6 CO2 + 18 H2O


Coagulante Alcalinidade Dureza Hidróxido Corros.
666,4g 3 x 100g 3 x 136g 2 x 78g 6 x 44g

1 mg/l de Al2(SO4)3 requer:


300/666, 4 = 0,45 mg/l de alcalinidade em CaCO3.

1 mg/l de Sulfato de Alumínio converte 0,45 mg/l de dureza temporária (devido a


bicarbonatos) em dureza permanente (Sulfato de Cálcio).
1 mg/l de Sulfato de Alumínio liberta:
264/666,4 = 0,4 mg/l de CO2

b) Reação de Sulfato de Alumínio quando se emprega a Cal:

Al2(SO4)3 . 18 H2O + 3 Ca(OH)2  3 CaSO4 + 2 Al(OH)3 + 18 H2O


666,4g 3 x 74g 3 x 136g 2 x 78g 18 x 18g

1 mg/l de Sulfato de Alumínio requer:


168/666,4 = 0,25 mg/l de Cal (como CaO)

1 mg/l de Sulfato de Alumínio com Cal eleva a dureza de 0,45 mg/l

A reação não libera CO2

c) Reação de Sulfato de Alumínio quando se emprega Carbonato de Sódio (Barrilha):

Al2(SO4)3 . 18 H2O + 3 Na2CO3 + H2O  3 NaSO4 + 2 Al(OH)3 + 3 CO2 + 18 H2O


666,4g 3 x 106g 3 x 18g 3 x 142g 2 x 78g 3 x 44g

1 mg/l de Sulfato de Alumínio requer 0,48 mg]l de Na2CO3

Observação:
 Para uma reação completa, a água deverá ter um excesso de alcalinidade natural ou
artificial.

c) Coagulação com sais de ferro: É semelhante a do sal de alumínio. Os sais de ferro têm
vantagem, em alguns casos, porque formam um floco mais pesado e de maior velocidade de
sedimentação além de trabalharem com uma faixa de pH mais ampla. Recomenda-se seu uso
quando o sulfato de alumínio não produz uma coagulação adequada ou ainda quando os
sedimentadores estão subdimensionados. Nesse caso, resulta em economia, aumentar o peso dos
flocos para acelerar a eficiência dos decantadores.

Os sais de ferro mais usados são: cloreto férrico, sulfato férrico e sulfato ferroso, dos quais o
sulfato férrico é o mais utilizado.
A química da coagulação com sais de ferro, em geral, é semelhante a do alumínio. O Fe +2 em
solução aquosa está hidrolisado [Fe(H2O)5]+3 e ao ser agregado à água, reage primeiro com a
alcalinidade (OH-, CO3-) e logo após com a molécula de água.

1) As reações com a alcalinidade são desse tipo:

[Fe(H2O)6]+3 + OH-  [Fe(H2O)5 (OH-)]+2 + H2O

[Fe(H2O)6]+3 + CO3-  [Fe(H2O)5 (OH-)]+2 + HCO3-

[Fe(H2O)6]+3 + HCO-3  [Fe(H2O)5 (OH-)]+2 + H2CO3

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O [Fe(H2O)5 (OH-)]+2 se hidrolisa formando sucessivamente [Fe(H2O)4 (OH)2]+ e Fe(OH)3(H2O)3.
A reação desses monoméricos entre si cria produtos poliméricos:

[Fe(H2O)5 (OH)]+2 + [Fe(H2O)5 (OH)]+2  [Fe2(H2O)8 (OH)2]+3 + 2 H2O

Essa reação continua com o tempo, até chegar com o produto final Fe(OH)3 ou Fe(OH)4-.
As reações do [Fe(H2O)6]+3 com a molécula de H2O são também do tipo ácido-base como os
+3
de Al e podem ser representadas:

[Fe(H2O)6]+3 + H2O  [Fe(H2O)5(OH)]+2 + H3O+.

De igual forma que na reação com a alcalinidade o [Fe(H 2O)5 (OH)]+2 se hidrolisa até formar
hidróxidos neutros ou negativos e se polimerizam. O abaixamento do pH quando não há alcalinidade
é também mais pronunciado devido à formação de ácidos fortes (H 3O+) que quando aquela está
presente (formação de ácidos fracos).
Nela se podem observar duas zonas:

1) A zona com pH < 4; as espécies primeiramente presentes estão constituídas pelos íons
Fe(H2O)6+3, [Fe(H2O)5(OH)]+2 ou compostos poliméricos.
2) A zona com pH > 4: formam hidróxidos de ferro insolúveis, observa-se que a insolubilidade do
Fe(OH)3 é muito maior do que a do Al(OH)3.

As reações dos sais de ferro na água são:

a) Reação de Sulfato Ferroso com Cal (adicionada previamente):

Fe2SO4. 7 H2O + Ca(OH)2  Fe2(OH)2 + CaSO4 + 7 H2O


278g 56(CaO)g 90g 136g

b) Reação do Cloreto Férrico Anidro com a Alcalinidade:

2 FeCl3 + 3 Ca(HCO3)2  2 Fe(OH)3 + 3 CaCl2 + 6 CO2.


2 x 162,5g 3 x 100(CaCO3)g 2 x 107g 3 x 136g 6 x 44g

c) Reação de Sulfato Férrico Anidro com Alcalinidade:

Fe2(SO4)3 + 3 Ca(HCO3)2  2 Fe(OH)3 + 3 CaSO4 + 6 CO2


400g 3 x 100(CaCO3)g 2 x 107g 3 x 136g 6 x 44g

d) Caparrosa Clorada:

6 FeSO4 . 7 H2O + 3 Cl2 2 Fe2(SO4)3 + 2 FeCl3 + 7 H2O


2 x 278g 3 x 70,9g 2 x 400g 2 x 162,5g 7 x 18g

Polieletrólitos:
São polímeros de elevado peso molecular. Existem os polímeros naturais e sintéticos.
São auxiliares de floculação e tem as cadeias poliméricas já formadas quando adicionados a
água sob tratamento. Distingue-se dos sais de alumínio, pois neste a polimerização se inicia quando
se aplica o coagulante na água, depois do qual é que vem a fase de adsorção. Os primeiros
polieletrólitos foram a Sílica Ativada.
Entre os polieletrólitos naturais encontramos o amido, celulose e extrato de alface, entre os
sintéticos encontram-se as poliamidas e policrilamidas. Os polieletrólitos podem ser classificados em:
catiônicos, aniônicos e não aniônicos. A vantagem destes auxiliares de floculação é o tamanho dos
flocos, que proporcionam uma maior velocidade de sedimentação. Porém todos estes polieletrólitos
tem um limite máximo de dosagem após o qual, eles se tornam dispersantes e anti-econômicos.

O Teste de Clarificação:

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Antes de realizarmos a clarificação de uma água na instalação deve-se proceder ao teste de
clarificação (usualmente chamado Jar Teste).
Este teste é procedido no laboratório de uma Estação de Tratamento de Água com a
finalidade de determinar as dosagens do coagulante. Eventualmente pode ser usado para determinar
concomitantemente, dosagens de outros produtos, tais como: cal hidratada, cloro, carvão ativado, etc.
Quando executamos o teste de clarificação com a finalidade de cumprir determinação da
marcha de serviço, é extremamente importante que observamos os tempos e velocidade indicada no
decurso desta unidade. É sempre conveniente que durante a realização do teste, se reproduza, em
laboratório, as condições semelhantes as das instalações, isto é, usando-se os mesmos tempos e
velocidades para as misturas rápida (coagulação) e lenta (floculação).
O teste de clarificação visa, principalmente, nos orientar sobre o uso racional dos produtos
utilizados no tratamento [mistura (coagulação), acondicionamento (floculação), decantação
(sedimentação) e filtração].

Unidades de tratamento:

São constituídas por:

Misturadores
Floculadores
Decantadores
Filtros.

Misturadores:
São dispositivos que são utilizados para a dispersão dos produtos químicos. È a unidade onde
a água bruta recebe o coagulante.
Os equipamentos mais usados são hidráulicos de mistura rápida, tais como as Calhas
Parshall e vertedores (salto hidráulico), em menor grau os mecanizados acionados por motor
elétrico.
É sempre bom salientar que a intensidade da agitação mecânica aplicada à água nesse
processo é avaliada pelo gradiente de velocidade, cuja intensidade média é avaliada pela fórmula:

Onde:
G= P
µ. V G = gradiente de velocidade em s-1
P = potência em N. m/s
µ = viscosidade dinâmica em N.s/ m2
V = volume do tanque em m3

Floculação:

A floculação é o processo de aglomeração de partículas previamente coaguladas para formar


partículas maiores chamados flocos que são produzidos por agitação lenta da água visando
intensificar as colisões. A agitação violenta é ruim, já que os flocos desintegrarão por efeito de
aparecimento de esforços cortantes.

Mecanismos de Floculação

a) Força de Van der Walls – União das partículas quando estas se chocam em condições favoráveis.

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b) Ponte de hidrogênio as moléculas polares da água aderidas as partículas, exercem força de
atração devido as pontes de hidrogênio.

c) Ponte Química – se apresenta quando se utiliza um polímero como coagulante ou floculante.

d) Varredura – As partículas são apanhadas na rede do floco produzido por hidróxidos metálicos. O
floculante se une numa rede, uma parte unindo-se na superfície de outra e ligando-se em partículas
individuais em grandes aglomerados.
Floco
Al (OH)3 + ............. colóide + agitação  Resultante

Floculadores:

Os floculadores são unidades onde a velocidade da água é diminuída para favorecer a


formação do floco, promovendo o contato e a atração do material em suspensão.
Há dois tipos principais de floculadores:

a) De chicana;
b) Mecanizados.

Os primeiros são tanques de concreto que podem ser classificados segundo o movimento da
água no seu interior.
Entre os floculadores de chicana, temos:

a) Horizontal: Neste tipo de floculador a água passa por chicanas, fazendo movimento em zig-zag
horizontal e cuja seção transversal vai aumentando gradativamente a fim de reduzir a velocidade
e evitar a quebra dos flocos.
b) Vertical: Na vertical são intercaladas cortinas chamadas chicanas, com aberturas em baixo ou em
cima. A água passa de uma chicana para a outra na superfície e no fundo, alternadamente.

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c) Alabama: No Alabama, a água passa de uma chicana para outra através de curvas colocadas no
fundo, com as bordas voltadas para cima, no lado direito ou no lado esquerdo das paredes. Desta
forma, a água tem inicialmente um fluxo ascendente e depois, por ação da gravidade, um fluxo
descendente.
O tempo de retenção nos floculadores de chicana varia de 15 a 30 minutos. O tempo de
detenção é aquele que a água leva para completar o volume do tanque. O tempo de detenção rela
sempre é menor do que o teórico.

Floculadores mecanizados: Estes floculadores são tanques de concreto dotados de agitadores com
eixo vertical ou horizontal acoplado a um motor elétrico. A entrada de água pode ser pela parte
inferior ou fundo e a saída pela parte superior.

Decantação:

É o processo mais comum para a remoção de partículas sólidas em suspensão. O mesmo


consiste no emprego de formas gravitacionais para separar partículas de densidade maior do que a
água, provocando a sua deposição em uma superfície. As partículas que não se depositarem por
apresentarem densidade próxima a da água por serem de tamanho pequeno, somente o farão na
filtração.
A sedimentação de partículas floculentas é denominada de decantação.
Entre os tipos de decantadores, destacamos os de fluxo horizontal. São equipamentos de alta
eficiência, simples de operarem e baixa sensibilidade. Também existe o tipo tubular ou de alta taxa,
igualmente muito eficiente.
Após as operações de coagulação e floculação a etapa seguinte é a separação dos sólidos do
meio no qual se encontram suspensos. Isto é conseguido através da decantação e/ou filtração.
Estas etapas do processo de clarificação não se constituem como processos independentes,
mas sim complementares.
A decantação objetiva a separação do material mais denso do que a água, enquanto que a
filtração preocupa-se com partículas de densidade próxima da água.
Os decantadores são tanques de concreto onde a velocidade da água, após a floculação,
sofre uma diminuição para permitir a deposição dos flocos. A velocidade de sedimentação é tal que
os flocos podem chegar ao fundo dos decantadores em tempos aceitáveis.
A maioria dos decantadores é constituída para a separação de partículas aglomeradas. As
partículas em suspensão, em alta concentração, sedimentam como uma massa única. A velocidade
de sedimentação desses aglomerados não é constante, mas sempre decrescente com o tempo e
com o aumento da profundidade.
Portanto a eficiência de um decantador é função não somente da profundidade. E então, a
eficiência de um decantador é função da carga superficial, como também do tempo de permanência
da água na instalação.
Os decantadores têm geralmente seção retangular ou circular cujo fundo é muitas vezes,
inclinado para um ou mais pontos de descarga.
Os decantadores podem ser mecanizados e não mecanizados. Os mecanizados oferecem a
vantagem de não interromperem o tratamento para lavagens. O floco, nessas últimas unidades, é
constante ou intermitente transportado para expurgo por lâminas especiais. Nos decantadores não
mecanizados há necessidade de esvaziamento da unidade.
Sabemos que para cada partícula existe uma velocidade máxima horizontal, acima da qual
não há decantação. Essa velocidade irá depender da forma e da densidade da partícula considerada.

Uma partícula será acionada por duas forças:


Horizontal, resultante do movimento da água no sistema;
Vertical, devido à ação da gravidade.

Desta forma, a medida que a substância avança na instalação vai apanhando outras,
aumentando assim o tamanho das mesmas e a velocidade de sedimentação. Com isto, vai descendo
e aproximando-se do fundo.
O tempo necessário para a partícula atravessar o decantador não é exatamente igual àquele
que esse material levaria para atingir o fundo. Na prática existem movimentos ascensoriais da água
devido às diferentes temperaturas, ação dos ventos, etc; que influirão.

20
O tempo teórico de permanência em um decantador é igual ao volume do recipiente dividido
pela vazão (V/Q).
Como em toda instalação existem os chamados espaços mortos, curtos-circuitos, etc, o tempo
de retenção é sempre inferior ao teórico. Admite-se como tempo razoável de permanência o de
quatro horas. A velocidade escoamento deverá estar em torno de 0,15 a 0,6 m/s, para evitar a quebra
do floco.

 Velocidade de sedimentação:

As partículas mais graúdas (>10 mm) precipitam-se com um movimento acelerado, de acordo
com a lei de Newton. As pequenas (<0,1mm), em sua queda atingem um regime de equilíbrio e
apresentam uma velocidade constante. As extremamente pequenas (0 ~ 0,001 mm e menores), são
objeto do movimento browniano e não sedimentam.
Inúmeros são os fatores que determinam a velocidade de sedimentação das partículas. Entre
eles citamos:
Tamanho das partículas;
Forma e densidade das partículas;
Densidade e velocidade da água;
Coagulante usado;
Temperatura.

As diferenças de tamanho, forma e peso específico das partículas produzem uma grande
variação de sedimentação.

Classificação dos decantadores:


Os decantadores segundo a sua carga superficial podem ser classificados em dois tipos:
a) De baixa velocidade de separação;
b) De elevada velocidade de separação.

Classificação dos decantadores:

Velocidade de fluxo Classe Cargas superficiais m3/m2/dia


Baixa Horizontal 15-30
Baixa Vertical 30-60
Alta Células 60-180
Decantadores de fluxo horizontal:

Os decantadores mais usuais são de fluxo horizontal onde a sedimentação é feita em tanques
retangulares ou circulares. Nestes, quatro zonas podem ser consideradas:
 Zona de entrada (turbilhonamento);
 Zona de decantação;
 Zona de lama (lodo) ou de repouso;
 Zona de saída ou de ascensão.

1) Zona de entrada: É a zona situada na entrada da água, onde as partículas estão em


turbilhonamento. Esta zona caracteriza-se por certa agitação. A posição das partículas é variável
e as nuvens de flocos continuamente de lugar (fenômeno de entrada).

2) Zona de decantação: É a zona onde as nuvens de flocos mantêm-se aparentemente imóveis. Aqui
não há agitação e as partículas avançam e descem lentamente, dirigindo-se para a zona de
repouso (lodo).

3) Zona de repouso: É a zona onde ocorre o acumulo de lodo. Esta zona não sofre influência da
corrente de água do decantador, a não ser que venham a ocorrer anormalidades tais como
inversão das camadas de água pela brusca mudança de temperatura, fermentação do lodo, etc.

4) Zona de Saída: Esta zona é relativamente tranqüila, como a anterior, mas, na saída, os flocos que
não alcançarem a zona de repouso seguem o movimento ascensorial da água e aumentam a
velocidade, e esta torna-se máxima na passagem pelo vertedouro (efeito de saída).
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Além desse tipo de decantador de fluxo horizontal, que recebendo á água já floculada apenas
processa a sedimentação, podendo como já se disse acima, ser do tipo mecanizado ou não.Temos
ainda o de fluxo laminar. Esse é constituído por tubos ou placas. Nesse caso, as partículas possuem
uma trajetória mais regular, e com isso exigem menor tempo de sedimentação. São de maior
eficiência.
Ainda, esses sedimentadores de alta velocidade podem usar-se para:
a) Aumentar o fluxo nos decantadores sobrecarregados sem perder a eficiência;
b) Diminuir a área de decantação.

Essas instalações podem operar com fluxo ascendente ou descendente. Desses, o mais
antigo dos módulos comerciais patenteados para sedimentação acelerada é o módulo Micro-Floco,
que é produzido em lâminas plásticas com dois ângulos de inclinação: de 5 e de 60 graus. O de 5
graus é usado para pequenas instalações, devendo ser lavado periodicamente usando para tal o
fluxo de lavagem dos filtros. O de 60 graus consiste numa série de condutos gradeados, de 5 x 5
metros de seção, em que o lodo escorre por gravidade e necessitando, portanto, somente de uma
lavagem ocasional. São instalados facilmente sobre uma estrutura metálica leve dentro do
decantador, uns 60 – 90 cm de profundidade desde a superfície e uns 2 – 3 cm de altura sobre o
fundo do tanque.

Fatores que influenciam no controle operacional de um decantador:


No controle, funcionamento e operação de um decantador devem ser observados entre outros
fatores os seguintes:
 Dispositivos de entrada;
 Dispositivos de saída;
 Correntes de vento;
 Correntes térmicas;
 Decomposição do lodo sedimentado;
 Proliferação de microorganismos, principalmente de algas;
 Materiais floculantes;
 Taxa de aplicação: Q/A;
 Nível de lodo sedimentado;
 Local de decomposição do lodo;
 Período entre lavagens (limpeza).

Lavagem do decantador:
O lodo se acumula na zona de repouso. Quando começa a atingir outra zona, o decantador
deve ser lavado, pois, caso contrário, o fluxo de água arrasta os flocos diretamente para a zona de
ascensão, efluente da unidade. Pode que antes de ser atingida esta situação, se inicie a fermentação
do lodo inferior, havendo desprendimento de gases que provocam cheiro forte e gosto desagradável.
Geralmente isso ocorre quando o tratamento é descontínuo ou com produção de pouco lodo, de
modo que a fermentação se inicia antes do lodo atingir a altura que impede a decantação normal dos
flocos. O início da fermentação na primeira zona é indicado pelo aparecimento de pequenas bolhas
de gás na superfície da mesma. Isto é melhor observado quando a estação está parada. Se o
operador não atenta para este fenômeno e a fermentação prosseguir, haverá além da produção de
gosto e cheiro desagradáveis, levantamento de placas de lodo. Geralmente a camada espessa do
lodo, ou no início da fermentação, acontecem no terceiro ou quarto mês do mesmo, dependendo da
quantidade de água bruta. Em qualquer situação normal, o decantador deve ser imediatamente
lavado.

Filtração:
Seu objetivo básico é separar as partículas e microorganismos que não tenham ficado retidos
no processo de decantação. Por esta razão a eficiência dos filtros depende diretamente do
desempenho dos processos anteriores.
O processo se leva a cabo fazendo-se passar a água através de um meio poroso chamado
meio filtrante. A quantidade de água que passa através de um meio filtrante é a taxa de filtração,
expressa em m3/m2/ dia.

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Mecanismos de filtração:
A água já sedimentada ou não que chega a um filtro contém uma enorme quantidade de
partículas em suspensão, cujo tamanho varia desde flocos grandes (0 = 1 mm) até colóides, bactérias
(0 < 0,1 microns). Dentro destas partículas poderemos encontrar partículas eletronegativas,
eletropositivas, neutras, microflocos com polímero adsorvido, etc.
Todo esse conjunto fica em maior ou menor proporção retido na superfície dos grãos do meio
filtrante, mediante certas forças. Se estas forças são fracas, o floco será arrastado pelo fluxo de água,
penetrará mais profundamente no meio e finalmente, sairá na água filtrada; se estas forças são
fortes, o floco ficará retido, impedindo a passagem da água temporariamente.
O floco grande, cujo volume é maior que o dos poros do meio granular, é removido por simples
retenção nos interstícios do leito. O material fino, com tamanho muito inferior aos dos poros, fica
retido devido a vários mecanismos que podem atuar separada ou simultaneamente.

O processo de filtração ocorre, portanto, em duas etapas distintas e complementares, a saber:


1) A de transporte das partículas dentro dos poros do meio;
2) A de aderência aos grãos do meio filtrante;

Os mecanismos que podem realizar o transporte são:


a) Peneiramento;
b) Sedimentação;
c) Interceptação;
d) Difusão;
e) Impacto inicial.

Os mecanismos que podem realizar a aderência são:


a) Forças de Van der Waals;
b) Forças eletroquímicas;
c) Ponte química.

Qual dos mecanismos anteriores controla o processo de filtração, tem sido temas de longas
discussões. Sem dúvida, nem todos tem que atuar necessariamente ao mesmo tempo e, em alguns
casos, a contribuição que um ou vários deles podem dar para reter o material suspenso é
desprezível.

Transporte de Partículas:

Os distintos mecanismos de transporte de partículas dentro dos poros do meio filtrante estão
esquematizados na transparência mostrada, onde se vê como podem atuar simultaneamente várias
causas para aproximar o material suspenso dos grãos do meio filtrante:
a) Peneiramento: Ocorre quando o tamanho das partículas é maior que o espaço do poro.
Apresenta-se só nas camadas mais superficiais do meio.
b) Sedimentação: Ocorre com partículas pequenas (< 30 microns) em zonas onde a velocidade de
fluxo não é muito alta.
c) Interceptação: A remoção do floco se faz por contato deste com a superfície do grão ou com o
floco já aderido a esta superfície. Este mecanismo é importante por que explica o porquê da
filtração direta, ou floculação por contato no filtro.
d) Impacto inicial: Se produz quando a velocidade da água através do meio é alta, as partículas são
grandes e, por efeito de inércia, a partícula segue trajetória distinta das linhas de fluxo se adquire
suficiente movimento para isto. Não contribui em grande proporção com a filtração.
e) Difusão: É aplicável a partículas pequenas e é devida ao movimento browniano. Existe uma
tendência das partículas a migrar de áreas de maior para menor concentração. Este mecanismo
ocorre em zonas do meio filtrante onde a velocidade é praticamente zero.

Fenômeno de Aderência:
O fato de que cada contato entre partículas e o meio filtrante produza ou não a adesão,
depende de certos fatores químicos e eletroquímicos. A variação destes fatores induz a modificar o
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comportamento do filtro e assim, por exemplo, a adição de um polímero não iônico diminui a
penetração do floco no meio filtrante.
Os fatores químicos e eletroquímicos mais importantes no fenômeno de aderência são:

As forças de Van der Waals, os efeitos eletrostáticos e a ponte química.

a) Forças de Van der Waals:


Alguns autores sugerem que estas forças são primariamente responsáveis pela adesão das
partículas aos grãos do meio filtrante. Seguindo este mecanismo, o floco mais denso se adere com
mais força ao meio. Por outro lado, as forças de Van der Waals são independentes do pH e se estas
forças forem o único mecanismo de adesão, a filtração seria independente do pH, o que não é
mostrado na prática.

b) Forças Eletrostáticas:
Considerando este mecanismo como o responsável pela adesão do material em suspensão
ao meio filtrante, alguns autores consideram três casos:

1) Os grãos do meio filtrante são negativos e os coágulos ou flocos são neutros ou positivos. Neste
caso, só com a força de atração há adesão.
Ex.: separação de flocos de Al(OH)3.
2) Os grãos do meio filtrante são negativos e os flocos ou partículas são neutros. Neste caso não há
repulsão e todo contato pode terminar em adesão.
3) Os grãos e os flocos são negativos. Neste caso há repulsão, porém as forças hidrodinâmicas
podem fazer a aproximação dos flocos dos grãos o suficiente para que atuem as forças de Van
der Waals.

c) Ponte Química:
Como se viu no capítulo sobre a coagulação, a desestabilização dos colóides se faz com
polímeros metálicos ou orgânicos.
As cadeias poliméricas aderidas às partículas deixam segmentos estendidos na água os quais
podem ser adsorvidos por outras partículas ou por zonas livres nos grãos do meio.
Este fenômeno é independente das cargas eletrostáticas. O uso de ajudantes de filtração ou
polieletrólitos injetados no afluente do filtro pode aumentar a adesão do floco ao meio filtrante.

Classificação dos Filtros de Areia:

Os filtros de areia classificam-se quanto à velocidade de filtração em:


a) Lentos (clássicos).
b) Rápidos.

Os filtros lentos são usados para remoção de teores baixos de turbidez e cor, sem o auxílio de
coagulação. Remoção de cor: 25%. Remoção de turbidez: 100%. Remoção de Ferro: até 60%.
Apresentam uma taxa de filtração baixa, com vazão entre 1,5 a 9 m 3/m2/dia e geralmente 3 a 4
3 2
m /m /dia. São capazes de remover 98 a 99 % das bactérias da água. Removem gosto e odor
principalmente. Em face de sua baixa vazão são unidades muito grandes.
Os filtros rápidos são aqueles que no processo de tratamento da água incluem o mecanismo
de coagulação. Existem dois tipos de filtros rápidos: de gravidade – atua apenas a pressão
hidrostática e o de pressão – a água é forçada a atravessar o leito filtrante por intemédio de ar
comprimido
Apresentam uma taxa de filtração elevada: 80 a 180 m3/m2/dia e até valores maiores. Deve ser
cuidadosamente fixado pelo projetista.
A água que chega ao filtro rápido não deve apresentar turbidez superior a 1 UT. Valores
maiores abreviam a vida do filtro e podem acentuar gostos e odores. A água que sai de um filtro
rápido não deve apresentar turbidez superior a 0,13 – 0,40 UT.
Enquanto que no filtro lento a filtração se verifica principalmente na superfície da areia e na
camada de material depositado sobre a mesma, nos filtros rápidos a ação filtrante se distribui em toda
a profundidade do filtro de areia, ocorrendo a maior parte na superfície do filtro.
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Em ambos os filtros se formam uma camada gelatinosa onde a atividade biológica, a ação
mecânica de filtração e os efeitos absordidos são maiores. A diferença fundamental entre um filtro
rápido e um lento, consiste em:
a) Taxa de filtração;
b) Ausência de tratamento químico preliminar na água que sofrerá filtração.
c) Método de lavagem. O filtro lento é lavado por simples raspagem mecânica e substituição da
areia colmatada.
d) O filtro lento é mais fácil de operar, não requer manutenção.

As unidades filtrantes para essas águas jacentes, têm menor carreira, isto é, são lavadas com
maior freqüência e, também necessitam de maior volume de água de lavagem.
As águas correntes produzem flocos mais densos e mais resistentes, consequentemente,
sedimentam melhor e não penetram tão profundamente no leito filtrante. Os filtros que trabalham com
água corrente, têm maior carreira e necessitam de menor volume de água da lavagem.

O controle de operação e filtração deve ser feito pela determinação de:


a) Vazão de filtração;
b) Perda de carga;
c) Velocidade da água de lavagem;
d) Expansão do meio filtrante;
e) Tempo de lavagem;
f) Água consumida na lavagem;
g) Carreira do filtro;
h) Análise física e bacteriológica de laboratório.

O tempo de lavagem de um filtro é determinado pela turbidez final (de 1,33 a 2,66 UT).
A velocidade de filtração, dependendo do filtro deverá estar compreendida entre 1 e 2
cm/segundo.

Lavagem de um filtro:
A medida que vai processando-se a filtração, as diversas partículas suspensas na água vão
ficando retidas no leito filtrante. A medida que isto vai ocorrendo diminui a taxa de filtração e dizemos
que o filtro vai colmatando-se. Este fenômeno é acompanhado de queda de pressão, medida em
termos de perda de carga.
A lavagem de um filtro rápido processa-se invertendo o fluxo de água (penetração de água no
sentido inverso da filtração). Mecanismo realizado com a taxa maior do que a de filtração, de sorte a
soltar todo e qualquer material depositado sobre o leito filtrante, através da expansão do mesmo leito
em cerca de 40 a 50% em volume. Durante a lavagem os grãos de areia se movem, se friccionam,
liberando o lodo e diminuindo, desta forma, a causa da perda de carga.
Não existe um tempo padrão de lavagem de um filtro. Normalmente esse tempo é função da
capacidade de instalação e da quantidade de material depositado. Via de regra, não ultrapassa os 20
minutos, tempo mais do que suficiente para remover o material em suspensão da superfície do leito
filtrante. Uma pequena quantidade de partículas, pequenas por sinal podem ficar armazenadas nos
poros do leito filtrante, provocando no filtro ao entrar em operação a sua rápida perda de carga.
Uma vez concluída a lavagem, volta o filtro a operar normalmente.

O meio filtrante, usado em sistemas de tratamento de água, é formado por areia, antracito,
garnet ou ainda uma combinação destes materiais, conforme podemos observar na transparência.
Temos dois tipos de filtros rápidos, o constituído por um sistema de canalização central ou
múltiplo e o de fundo falso.

Tipos de filtros:

Os filtros usados para a remoção de matéria suspensa da água podem ser de três tipos: por
gravidade, por pressão e de fluxo ascendente.
Os filtros pressurizados comuns são tanques cilíndricos (vertical ou horizontal) contendo
camadas de material filtrante com granulometria graduada (tanto areia como pedregulho), ou
contendo carvão antracito igualmente graduado. A água entra pelo topo, passa através do filtro e é

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coletada por drenos na base. A água é forçada a atravessar o leito filtrante por intermédio de ar
comprimido
Filtros por gravidade: Proporciona taxas de filtração uniformes. Seu topo aberto permite fácil
inspeção ao meio filtrante e a contra lavagem pode ser convenientemente observada. Atua apenas a
pressão hidrostática. È por essa razão que enquanto os filtros de gravidade apresentam rendimento
de 5.000L/m2/hora em água filtrada os de pressão atingem 10.000L/m2/hora ou mais.
Por outro lado, os filtros pressurizados são mais compactos e versáteis.
Fluxo Ascendente: de baixo para cima

Controle operacional de um filtro:

As estações de tratamento têm geralmente duas ou mais unidades filtrantes, de acordo com a
capacidade das mesmas.
Para o bom desempenho e eficiência, as unidades filtrantes devem trabalhar represadas. A
altura da água sobre a areia deve ser a máxima que o filtro permita e todos no mesmo nível.
Devem-se evitar variações de vazão, pois comprometem a qualidade da água.
Outro fator que deve ser levado em conta no caso de um filtro é a perda de carga. Essa será
sempre proporcional a quantidade de material depositado sobre ou entre o leito filtrante.
Isto é, quanto maior quantidade de impurezas se depositarem no leito, tanto maior será o atrito
e menor a vazão. O excesso de perda de carga deverá ser evitado, pois trará também, como
inconveniente a pressão negativa.
Chamamos de pressão negativa a toda a pressão inferior à atmosférica. Em filtração
denominamos de pressão negativa no filtro quando a pressão no efluente do filtro for inferior à
atmosférica.
Excesso de perda de carga e pressão negativa trazem como inconvenientes:
a) Demasiada redução de vazão;
b) Surgimento de turbidez no efluente;
c) Formação de bolas de lodo;
d) Fendas e rachaduras no leito filtrante;
e) Ar enclausurado.

Uma maneira de se reduzir ou evitar a pressão negativa, é manter uma altura mínima de água
no filtro (1,4 a 1,6 m ), quando o mesmo se achar em funcionamento.
A inclusão de bolhas de ar no filtro diminui o período de funcionamento do mesmo, exigindo
que ele seja lavado antes de atingir o seu tempo normal de serviço. Este fenômeno é mais freqüente
na primavera e verão, quando a água quente é mais saturada de ar.
Por outro lado as águas de barragem, lagos e açudes (águas coradas e baixa turbidez) produzem
flocos leves e de baixa resistência mecânica (flocos fracos) os quais são carregados em maior
proporção para os filtros, penetrando mais profundamente no leito filtrante.

DESINFECÇÃO

A desinfecção é um processo em que se usa um agente químico ou não químico, no qual se


tem por objetivo a eliminação de microorganismos patogênicos presentes na água, incluindo
bactérias, protozoários e vírus, além de algas.
A desinfecção é um processo seletivo, isto é, não destrói todas as formas vivas e também nem
sempre elimina todos os microorganismos patogênicos. A destruição completa das formas vivas é
denominada esterilização.
Os microorganismos patogênicos a serem destruídos, no caso das águas, são: vírus,
bactérias e cistos de amebas.
Os vírus, tais como os que causam a paralisia infantil e a hepatite infecciosa, são muito
resistentes à ação de certos desinfetantes, como o cloro.
As bactérias patogênicas responsáveis por doenças transmitidas através da água, geralmente
são menos resistentes à desinfecção do que a Escherichia coli. Por essa razão este microorganismo
é bom indicador para o processo.
Os cistos de Entamoeba histolitica, também muito resistentes, normalmente não são
destruídos pela desinfecção com o cloro.

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A desinfecção é um dos mais importantes processos de tratamento de água (se não o mais
importante).

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE UM AGENTE DESINFETANTE:

Para serem usados nas Estações de Tratamento de Águas (ETAs), os desinfetantes devem
apresentar as seguintes características:
a) destruir, em tempo razoável, os organismos patogênicos na quantidade em que se apresentam e
nas condições das águas.
b) não devem se tóxicos ao ser humano e aos animais domésticos e, nas dosagens usuais, não
devem causar cheiro e gosto nas águas.
c) devem ser disponíveis a preço razoável e oferecer condições seguras de transporte,
armazenamento, manuseio e aplicação na água.
d) devem ter a sua concentração na água determinada de forma rápida, através de método simples.
e) devem produzir residuais persistentes na água, assegurando desse modo a qualidade da mesma
contra eventuais contaminações nas diferentes partes do sistema de abastecimento.

AGENTES FÍSICO-QUÍMICOS:

Os agentes de desinfecção (desinfetantes) podem ser classificados de acordo com a sua ação
ou mecanismo de destruição em:

- Agentes Físicos: aplicação direta sob a forma de calor, luz (raios ultravioleta), ondas ultra
sonoras;
- Agentes Químicos: substâncias químicas que atuam sobre os microorganismos.

Compreendem, entre outros, os halogênios (cloro, bromo e iodo) e o ozônio.


Entre os agentes da desinfecção o mais largamente empregado na purificação da água é o
cloro, por que:

a) É facilmente disponível como gás, líquido ou sólido (hipoclorito);


b) É barato;
c) É fácil de aplicar devido à sua alta solubilidade (7,0 g/l a aproximadamente 20o C);
d) Deixa um residual em solução, de concentração facilmente determinável, que, não sendo
perigoso ao homem, protege o sistema de distribuição;
f) É capaz de destruir a maioria dos microorganismos patogênicos.

O cloro apresenta algumas desvantagens, porquanto é um gás venenoso e corrosivo,


requerendo cuidadoso manejo e pode causar problemas de gosto e de odor, particularmente na
presença de fenóis.
O ozônio é o mais próximo competidor do cloro, sendo utilizado em larga escala somente na
Europa.

A AÇÃO DE DESINFETANTES

A vida das bactérias depende de enzimas cuja ação é essencial ao metabolismo celular.
Considera-se que a destruição (ou inativação) de enzimas é a principal forma de ação de
desinfetantes, particularmente dos halogênios.
As enzimas são produzidas no interior das células, sendo protegidas, portanto, pelas
membranas celulares.
No caso de desinfetantes químicos, considera-se muito importante as seguintes
características:
- a capacidade de penetração de desinfetante através da membrana celular;
- as reações produzidas com as enzimas da célula.
É oportuno salientar que o cloro apresenta excelentes características sob esses dois
aspectos.

27
FATORES ENVOLVIDOS

A eficiência da desinfecção depende de diversos fatores, entre os quais:


- natureza do desinfetante;
- concentração do desinfetante;
- tempo de contato;
- características físico-químicas da água;
- temperatura da água;
- pH;
- natureza dos organismos a serem destruídos;
- concentração dos organismos a serem destruídos;
- agitação.

Há desinfetantes mais eficientes do que outros. Assim, por exemplo, á água oxigenada,
apesar de ser fortíssimo oxidante, é desinfetante fraco.
A desinfecção não é instantânea: requer certo tempo de contato entre o agente desinfetante e
os organismos a serem destruídos.
A concentração do desinfetante (dosagem) e o tempo de contato estão relacionados e são
independentes para uma determinada condição de desinfecção.
Concentrações ou dosagens menores de desinfetante exigem maior tempo de contato.
As águas naturais, ainda que tratadas, apresentam impurezas que interferem com a ação ou
com as reações do desinfetante. A turbidez, por exemplo, prejudica a ação dos raios ultravioletas. A
matéria orgânica e amônia reagem com o cloro, produzindo compostos menos ativos ou inativos.
A temperatura da água influi na velocidade da reação. Temperaturas mais elevadas abreviam
o tempo de desinfecção.
A ação desinfetante do cloro, por exemplo, reduz-se à medida que o pH da água se eleva.
O efeito pH na desinfecção pode ser apreciado tanto para o caso da aplicação de cloro livre
como no caso de cloraminas. Constata-se que, quanto mais alto o pH, maiores são as concentrações
necessárias e maiores os tempos necessários para a destruição.
Essa é a razão pela qual, nas estações de tratamento de água, prefere-se fazer a cloração
antes da elevação do pH (correção do pH).
Conforme já foi exposto, os microorganismos se comportam diferentemente em relação à
ação de um desinfetante.
A concentração dos organismos a serem destruídos pode se tornar importante apenas nos
casos de quantidades excessivas elevadas.
Os desinfetantes químicos devem ser uniformemente dispersos na água. A agitação favorece
a desinfecção.
Dentre os principais desinfetantes, usados nas ETAs, para consumo humano, destaca-se o
Cloro. Atualmente, há interesse crescente pelo uso de desinfetantes alternativos, decorrente da
possibilidade da formação de Trihalometanos (THM), compostos organo-clorados que podem causar
riscos a saúde pública, verificada quando o cloro livre está presente e a água contém os chamados
precursores, normalmente as substâncias húmicas. Além de THM, podem ser formados outros
subprodutos como conseqüência da cloração, tais como halocetonas, haloacetonitrilas, haloácidos,
etc. Outros desinfetantes, denominados alternativos, como o Dióxido de Cloro, Ozônio, Peróxido de
Hidrogênio, radiação Ultravioleta ou a combinação de alguns destes não causam a formação de THM,
mesmo quando há quantidades apreciáveis de substâncias húmicas na água, porém podem ser
responsáveis pela formação de outras substâncias que também são consideradas tóxicas ou
cancerígenas.

O CLORO
O cloro é um dos elementos químicos da família dos halogênios, de número atômico 17 e
peso atômico 35,457. Na sua forma elementar, é um gás esverdeado, tóxico que pode ser facilmente
comprimido em um líquido claro, cor de âmbar, que solidifica à pressão atmosférica e à temperatura
de – 102 ºC. É mais pesado que o ar sendo. pH = zero.

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O cloro é produzido comercialmente pela eletrólise da salmoura, produzindo simultaneamente
hidróxido de sódio e hidrogênio e, desta forma, tornando o processo como um todo viável
economicamente:

2 NaCl + H2O + corrente elétrica  2 NaOH + Cl2 + H2O

O cloro é um poderoso oxidante, e assim reage com grande número de substâncias orgânicas
ou inorgânicas presentes na água, por exemplo:

a) remoção de ácido sulfídrico


H2S + 4 Cl2 + 4 H2O  H2SO4 + 8 HCl

b) remoção de ferro
2 Fe(HCO3)2 + Cl2 + Ca(HCO3)2  2 Fe(OH)3 + CaCl2 + 6 CO2

c) formação de clorofenol (indesejável)


C6H5OH + HClO  C6H4 ClOH + H2O
(Clorofenol)

Reações desse tipo com o cloro, constituem a demanda que deve ser satisfeita afim de que o
cloro em excesso, aplicado à água, torne-se disponível para a desinfecção.
Tendo sido satisfeita a demanda (ou praticamente não existindo em águas relativamente
“limpas”), as seguintes reações podem ocorrer:

1. Na ausência de amônia

Cl2 + H2O  HClO + H+ + Cl-

HClO  H+ + ClO -
HClO e ClO - = residual de cloro livre

O ácido hipocloroso (HCLO) é o agente mais ativo na desinfecção, e o íon hipoclorito (ClO -) é
praticamente inativo. Os valores de pH normais no tratamento da água, o ácido hipocloroso dissocia-
se na proporção indicada na fig.a seguir mostrada, a diferentes pH. A pH 5 ou abaixo, a dissociação é
suspensa, e então o residual é devido somente ao HClO. A pH 7,5, as concentrações de HClO - são
praticamente iguais e à pH 10 ou superior, todo o residual de cloro passa a ser devido somente ao
hipoclorito.

29
Dissociação do ácido hipocloroso e íon hipoclorito em função do pH a duas temperaturas
2. Na presença de amônia

Cloro residual combinado

Cl2 + NH3  NH2Cl + HCl Monocloroamina pH > 8,5

NH2Cl + Cl2  NHCl2 + HCl Dicloroamina pH ( 4,7 e 5,0)

NHCl2 + Cl2  NCl3 + HCl | Tricloroamina pH < 4,4

O cloro combinado é menos ativo como desinfetante do que o cloro livre. Para um
determinado tempo de contato, a um pH 8,5, onde mais de 85% do ácido hipocloroso acha-se
dissociado, a dosagem de cloro combinado deve ser pelo menos 25 vezes maior do que a de cloro
livre, para o mesmo efeito germicida.
Na presença de amônia, a adição de quantidades crescentes de cloro produz residuais de
cloro segundo uma curva similar apresentada a seguir. A forma dessa curva depende de como o cloro
reage com a amônia.

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O ponto da curva no qual toda a amônia já reagiu com o cloro e começa a aparecer residual
de cloro livre, é denominado de ponto de quebra ou “break-point” (ponto “C” da curva).
Cloro residual para uma água contendo N amoniacal

Entre os pontos A e B são formados mono e dicloroaminas; a proporção de cada uma


depende do pH:

pH NH2Cl (%) NHCl2 (%)


5 16 84
7 65 35
9 94 6

Entre os pontos B e C as cloroaminas são decompostas pelo cloro em excesso, produzindo


compostos que não são detectados como cloro residual, resultando em um declínio no residual de
cloro, até um valor mínimo correspondente ao “break-point” (ponto C).
A partir daí, qualquer adição de cloro produzirá um residual de cloro livre proporcional à
dosagem que se aplique.

MÉTODOS DE CLORAÇÃO
Na prática da cloração, a desinfecção pode ser realizada por um dos três métodos: cloração
simples, cloração ao “break-point” e amônia – cloração.
A cloração simples constitui o processo mais elementar e de uso mais generalizado de
desinfecção pelo cloro. Com a cloração simples não há a preocupação de satisfazer a demanda de
cloro na água, bastando à aplicação de uma dosagem tal que, ao fim de um determinado tempo de
contato, 20 minutos, por exemplo, o cloro residual livre se mantenha entre 0,1 e 0,2 mg/l,
considerando suficiente, na prática, para águas não poluídas.
Em casos de águas muito poluídas, nas quais a cloração simples seria ineficaz uma vez que o
cloro residual seria rapidamente consumido, é aconselhável o método de cloração ao “break-point”.
As dosagens de cloro, nesse caso, são naturalmente muito variáveis com as características da água,
principalmente no que se refere ao seu conteúdo em amônia e outros compostos nitrogenados
responsáveis pelo “break-point”.
Na amônia-cloração, aplica-se à água amônia e cloro com a finalidade de serem produzidas
cloroaminas que proporcionam residuais de cloro combinado mais estáveis do que os de cloro livre.
Esse método pode ser utilizado com vantagens, quando se pretende manter um residual de cloro na
rede de distribuição para prevenir a ocorrência de possíveis contaminações, ou impedir o crescimento

31
de ferro-bactérias e limo no interior das canalizações. Nesse caso, a aplicação de cloro é feita antes
da amônia.
Em águas contendo fenóis, para se evitar a formação de sabor e odor na água aplica-se a
amônia antes do cloro, com o que se evita a formação de clorofenóis na presença de amônia em
excesso.

OUTRAS FINALIDADES DA CLORAÇÃO

A cloração tem como objetivo principal a desinfecção e tem sido tão extensamente utilizada
para esta finalidade, que os termos cloração e desinfecção confundem-se na prática. Entretanto, o
forte poder oxidante do cloro torna-o útil para outras finalidades, tal seja o controle de sabor e odor,
remoção de sulfeto de hidrogênio, ferro, manganês, remoção de cor etc.

Controle de sabor e odor

As sensações de sabor e odor estão geralmente associadas e provenientes da mesma fonte,


quase sempre um composto orgânico volátil. Alguns sais minerais, entre compostos de ferro e
manganês, sulfatos e cloreto de sódio, causam somente sabor.
O sabor que se apresenta na água, com exceção dos produzidos por aqueles sais, são
praticamente indistinguíveis dos odores correspondentes, e podem ser causados por:
a) gases em dissolução como o sulfeto de hidrogênio, b) matéria orgânica proveniente de algas tanto
vivas como em decomposição, c) matéria orgânica vegetal em decomposição d) resíduos industriais,
e) o cloro, como residual ou em combinação (tricloroamina, clorofenóis etc.)
Quando se utiliza o cloro em uma estação de tratamento de água para controle de sabor e
odor, a aplicação é feita antes dos demais produtos químicos, realizando-se a chamada pré-cloração,
na qual se intenta manter um residual de cloro livre através de todas as fases do tratamento. Como
resultado, a ação oxidante do cloro em excesso converte muitas das substâncias aromáticas em
forma menos objetáveis.
As dosagens de cloro são extremamente variáveis, podendo ser tão baixas como 1mg/l e
elevarem-se a 25 mg/l ou mais, em alguns casos menos freqüentes.
Para efeito de projeto, pode-se estimar a dosagem de cloro como a necessária para reagir
com o nitrogênio amoniacal presente na água, na razão de 10:1 de cloro para nitrogênio
(aproximadamente a quantidade necessária a atingir o “break-point”) mais 1 a 5 mg/l.
O controle de sabor e odor é, algumas vezes, um problema complexo e nem sempre a
cloração somente será suficiente, podendo ser necessário dispor-se de facilidades para decloração
por aeração e/ou por aplicação de dióxido de enxofre, carvão ativado, sulfito de sódio, tio-sulfato de
sódio ou amônia.

Remoção de sulfeto de hidrogênio

A oxidação do sulfeto de hidrogênio pelo cloro e a sua remoção nos filtros pela formação de
enxofre elementar coloidal, pode ser, de modo simplificado, representada por:

H2S + Cl2  2 HCl + S


H2S + 4 Cl2 + 4 H2O  8 HCl + H2SO4

Teoricamente, pelas equações acima, 2,1 mg/l de cloro irão oxidar 1 mg/l de H 2S a enxofre
elementar e 8,5 mg/l a sulfato.

Remoção de ferro e manganês

A remoção do ferro (manganês) presente na água pode ser feita oxidando o composto solúvel
ferroso (manganoso) na forma insolúvel férrica (mangânica) pelo cloro livre ou combinado, como
segue:

2 Fe(HCO3)2 + Cl2 + Ca(HCO3)2  2 Fe(OH)3  + CaCl2 + 6 CO2


32
e
MnSO4 + Cl2 + 4 Na (OH)  MnO2  + 2 NaCl + Na2SO4 + 2 H2O

O hidróxido de ferro III, que se forma na primeira equação, pode ser removido por
sedimentação e/ou filtração e o óxido de manganês por filtração.
Se para o ferro a reação é efetuada em uma larga faixa de pH (de 4 a 10), e é relativamente
rápida (no máximo uma hora), para o manganês é estritamente dependente do pH e pode levar de
duas à várias horas.
O pH ótimo situa-se entre 7 e 8. À pH 6, a reação pode se estender por mais de 12 horas.

Outros compostos usados na desinfecção:

1) Hipoclorito de cálcio, hipoclorito de sódio e cal clorada:

O hipoclorito de cálcio e o de sódio são usados com freqüência em pequenas instalações. Em


alguns casos, usa-se também a cal clorada.
A Cal Clorada (CaOCl2) (clorogênio) é um pó branco com cheiro de cloro. Contém entre 25 a
37% em peso de cloro disponível. Quando dissolvido em água, decompõe-se em hipoclorito de cálcio
e cloreto de cálcio:
2 CaOCl2  Ca(ClO)2 + Cl2Ca
O Cloreto de Cálcio, Cl2Ca, é inerte e tende a precipitar-se, na solução. Fraca estabilidade.
O Hipoclorito de Cálcio (Ca(ClO)2) é facilmente solúvel na água. Contém cerca de 70%, em
peso, de cloro disponível. É normalmente fornecido na forma granular, em sacos desde 2,5kg a
tambores de 45 kg.
O Hipoclorito de Sódio ( NaClO) comercial contém 12 a 15% de cloro disponível e é fornecido
sempre em solução.

2) Dióxido de Cloro:
Tem sido empregado com sucesso como agente oxidante poderoso para evitar problemas de
cheiro e gosto, principalmente devido à fenóis.
Aplica-se com vantagem, em alguns casos, principalmente quando são aproveitadas águas
poluídas por certos resíduos industriais.
O ClO2 é um gás produzido no próprio local de aplicação (devido ao perigo de explosão),
fazendo-se reagir ao clorito de sódio (NaClO 2) com uma solução concentrada de cloro, na proporção
de 2:1.
Cl2 + 2 NaClO2  2 ClO2 + 2 NaCl
O dióxido de cloro é um poderoso oxidante (250% mais do que o cloro). Possui 26,3% de cloro
disponível.
Esse método tem sido aplicado às águas relativamente puras, como por exemplo, águas
subterrâneas. Ele pode contornar o problema de odores indesejáveis produzidos pelo cloro no caso
de águas que contenham algas, matéria orgânica ou compostos fenólicos.
As oxidações de ferro, manganês e sulfetos são feitas em condições satisfatórias. Alguns
compostos orgânicos são oxidados pelo ClO2. A ação bactericida do dióxido de cloro com dosagem
compreendida entre 1 e 5 mg/l é mais efetiva que a do cloro livre. Igualmente tem ação eficaz na
inativação dos vírus da poliomielite e da herpes. Também, tem sido relatada a eficiência do ClO 2 na
inativação de cistos mesmo quando o pH da água é elevado.
Para custos da mesma ordem de grandeza, envolvendo dosagens, método de aplicação, etc,
a ação do dióxido de cloro tem resultado mais efetivo que o sulfato de cobre no controle de algas.
As dosagens de ClO2 variam de 0,4 e 1,2 ppm, e os custos são mais elevados do que os da
cloração, devido ao preço do clorito de sódio.
Os residuais obtidos são muito estáveis, podendo ser mantidos em todo o sistema.

DESVANTAGENS DA APLICAÇÃO DO DIÓXIDO DE CLORO

- a desinfecção com dióxido de cloro produz cloritos e cloratos, cujos padrões de potabilidade no
Brasil são 0,2 mg/l;
- o custo do aluguel do gerador e do clorito de sódio podem ser altos;
- o agente químico é explosivo, devendo ser gerado no próprio local;
- a luz solar decompõe o dióxido de cloro;
33
- pode produzir odores repulsivos em alguns sistemas;
- altos custos são associados ao monitoramento de cloritos e cloratos.

3) Ozônio:
É um gás tóxico com cheiro peculiar. É uma forma alotrópica de alta energia do oxigênio.
Atualmente, o ozônio vem sendo usado para outras finalidades além da desinfecção, tais
como oxidação de matérias orgânicas e inorgânicas, auxilia para a remoção de turbidez e cor e, em
processos biológicos aeróbicos nos filtros.
O ozônio é um gás instável, de cor azul, muito solúvel na água.
Os potenciais de oxidação em relação ao hidrogênio são:

O3 - 2,07 V
HOCl - 1,49 V
Cl2 - 1,36 V
Sendo um poderoso oxidante, tem uma ação desinfetante mais intensa e mais rápida do que o
cloro. É o germicida mais eficiente que se conhece.
O ozônio, devido à sua instabilidade, é gerado no próprio local de uso.
É um gás tóxico, cuja concentração no ar não deve ultrapassar 0,1 ppm em volume. A
atmosfera não poluída apresenta, na superfície da terra, teores de 0,02 a 0,03.
Durante muitos anos a aplicação de ozônio foi considerada principalmente como processo de
desinfecção e muitas vezes como alternativa para a cloração.
Atualmente o conceito ampliou-se e já se considera a ozonização como parte integrante de
tratamento, com efeitos específicos sobre a qualidade da água. A sua aplicação tornou-se quase
obrigatória na purificação.
Por outro lado, os aperfeiçoamentos havidos na tecnologia de produção e de controle
contribuíram consideravelmente para a economia do processo e para a sua confiabilidade.
Pode-se afirmar que existe atualmente uma tendência crescente para a maior utilização do
processo.

Efeitos da ozonização
A aplicação de O3 à água traz os seguintes benefícios além da pré-desinfecção:
a) oxidação de metais e de matéria orgânica, produzindo CO2;
b) redução da dosagem do coagulante;
c) remoção de compostos que causam sabor e odor;
d) diminuição da dosagem de cloro na pós-cloração;
e) redução da concentração dos precursores de Trihalometanos (THM), agindo sobre os ácidos
húmicos formando produtos biodegradáveis;
f) destruição de algas
g) aumento da duração da carreira do filtro;
h) melhoria geral da qualidade da água nas diferentes unidades de tratamento, principalmente
coagulação e decantação;
i) desintegração de fenóis;
j) remoção de substâncias orgânicas biodegradáveis;
l) redução dos teores de ferro e de manganês;
m) alvejamento e melhoria da cor.

Ademais, o ozônio não é afetado pela presença de amônia, da maneira como é o cloro.
O ozônio é um agente poderoso, de ação rapidíssima. É mais eficiente do que o cloro na
eliminação de esporos, cistos de amebas e de polivírus.
Com um residual de 0,2 mg/litro reduz mais de 99% dos coliformes. Destrói as cercárias de
esquistossomo em apenas 3 minutos, com dosagens de 0,9 mg/litro.
A demanda de O3 é muito influenciada pela presença de matéria orgânica.
As dosagens usuais são da ordem de 0,3 a 2,0 mg/litro.
Uma grande desvantagem da ozonização é o fato de que os residuais obtidos não são
persistentes, desaparecendo em pouco tempo.
O ozônio pode ser gerado, fazendo-se passar o ar (ou oxigênio) através de descargas
elétricas de alta voltagem, com corrente alternada:
O2  O+ + O-
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O+ + O- + e  O2
2 O+ + O- + M  O3 + M
(M indica a molécula de gás utilizado para retirar o excesso de energia, estabilizando molécula de
ozônio; pode ser O2, N2 etc.).

A ozonização não apresenta os inconvenientes que ocorrem com a cloração em relação à


presença de amônia, à variação de pH à temperatura (no caso do ozônio a influência é pequena).
A água com ozônio torna-se muito agressiva (corrosiva).
É difícil ajustar o processo a grandes variações de vazão e de qualidade da água.
O processo é melhor aplicável às águas com pequena variação de demanda.
Em certas estações de tratamento, na Europa, o ozônio é utilizado inicialmente para a
oxidação de fenóis, destruição de vírus e melhoria geral dos aspectos físicos da água. Ao final do
tratamento as águas são submetidas à cloração.
A tendência norte-americana segue uma linha semelhante: aplicar o ozônio a águas poluídas,
que possam se beneficiar com o processo e desinfetar com o cloro, para assegurar residuais
persistentes.
Comparando-se os custos da ozonização com os da cloração na desinfecção de água,
encontra-se que os primeiros são o dobro dos segundos. Isso se aplica pelo custo relativamente
elevado dos equipamentos para produção de ozônio e também pelo consumo de energia elétrica (18
a 30 watts hora/grama de O3).

3) Carvão ativado em pó ou granulado


A água tratada por este processo de adsorção remove odores, cor e gosto. Certos compostos
orgânicos na água são resistentes ao tratamento convencional e muitos outros são tóxicos em baixas
concentrações não sendo rapidamente removidos, igualmente, pelo tratamento convencional.
O carvão ativado tem afinidade por vários compostos orgânicos contaminantes e por isso é
utilizado para removê-los.

Fluoretação:

O flúor é o mais ativo dos elementos químicos conhecidos. É usado na água em sua forma
elementar.
A fluoretação consiste na adição de um composto fluoretado às águas de abastecimento com
a finalidade preventiva.
A causa principal do surgimento da cárie dentária é devido a presença de determinadas
bactérias (Lactobacillus Acidophillus) que ao desdobrarem os carboidratos (amidos, açúcares e
celulose), produzem enzimas de características ácidas, que atuam nas ranhuras dos dentes,
formando cáries.
Observações feitas por médicos, dentistas, etc, chegou-se a conclusão de que a criança que
bebe água fluoretada, com 0,7 a 1,2 mg/l diariamente, na faixa de 2 a 13 anos, terá uma redução de
60%, da cárie dentária. Para que este benefício se faça sentir, como medida preventiva, é necessário
que essa dosagem seja constante, pois o flúor não é cumulativo no organismo. Há a necessidade de
se controlar o teor de fluoreto nas águas de abastecimento, pois abaixo de 0,7 mg/l o íon flúor não faz
efeito; acima de 1,2 mg/l o flúor causa malefícios pelo aparecimento de manchas branco-acizentadas,
nas superfícies dos dentes, causando o que se chama de fluorese dentária.
A concentração de flúor na água de abastecimento no Brasil é estabelecida por portaria do
Ministério as Saúde. Hoje: 0,7/1,2 ppm.

Fontes naturais:
O flúor é encontrado tanto no reino animal, quanto no vegetal ou no mineral. No vegetal, em
pequeníssima quantidade, podemos encontrá-lo no tomate, alface, repolho, espinafre; também o
encontramos no leite, queijo, ovos e manteiga. No chá da Índia e nos alimentos marinhos, o teor é
mais elevado.
Encontramos também em fontes naturais. Na cidade de Asteca, no Arizona, as águas contêm
flúor em % de 8,0 ppm. Na cidade de King - Hill, nos Estados Unidos, o teor vai a 15 ppm. Aí ocorre
freqüentemente as fluoreses dentárias. Neste caso ao se fazer o tratamento das águas de
abastecimento, tem-se que reduzir o teor de flúor É uma operação difícil, mas usa-se sal de Mg, ou
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trocador de cátions, ou Al(SO4)3 em doses elevadas, ou filtração com carvão ativado a um pH inferior
a 3 ou ainda apatita.

Escolha do Fluoreto:

Há diversos compostos que podem ser usados para a prática de fluoretação. Citamos:
 Fluoreto de Na – NaF (com 43% de F);
 Fluoreto de Ca (fluorita) – CaF2 (com 48% de F);
 Fluorsilicatos de Na – Na2SiF6 (com 60% de F);
 Ácido fluorsilícico - H2SiF6.

Este último composto, em nosso país é muito difundido no estado de São Paulo. Nos Estados
Unidos é difundido em várias cidades. Segundo aqueles que pregam o seu uso o mesmo não produz
poeira porque é líquido e, se a sala tiver boa ventilação não há possibilidade dos operadores
respirarem seus vapores.
No Rio Grande do Sul, é usado o fluorsilicato de Na (SiNa 2F6). Este sal foi o selecionado,
dentre os demais, não só em função do custo e da garantia de fornecimento, mas também de outras
qualidades.
Mas é comum o uso de ácido fluorsilícico e dos sais de sódio e de cálcio (fluoretos).

Ação dos fluoretos na cárie dentária:

O fluoreto age contra cáries dentárias por uma dessas três formas ou pelas três associadas:

a) aumentando a insolubilidade da parte mineralizada do dente, tornando-o mais resistente às


bactérias.
b) aumentando a concentração do flúor na cavidade oral inibe o processo enzimático que dissolve a
substância orgânica protéica e o material calcificado do dente (esmalte).
c) O fluoreto torna o meio impróprio ao desenvolvimento dos lactobacilos, um dos agentes
patogênicos.

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