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PSIQUIÁTRICO
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Mestranda em Saúde Pública – UFSC
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Mestranda em Saúde Pública – UFSC
perturbam ou ameaçam a norma. Desinstitucionalizar, nesse sentido mais
amplo, é desconstruir comportamentos e práticas postos a serviço da
disciplinarização dos corpos, da rotulação e da estigmatização dos loucos ou,
dito de outra forma, daqueles que são movidos por outras razões.
Desisntitucionalizar é criar meios terapêuticos funcionais ao ser humano e ao
incentivo de relações autênticas e espontâneas, desmontando os meios ditos
terapêuticos que servem ao propósito da naturalização das desigualdades e da
banalização da violência.
Para isso urge questionar nossas próprias instituições, nossas práticas e
nossos engessamentos sociais, para que a Desinstitucionalização não fique
restrita à Desospitalização e para que as novas modalidades de atendimento
em Saúde Mental, no atual contexto político marcadamente neoliberal em que
a Reforma Psiquiátrica vem sendo implementada - caracterizado por governos
cuja atenção às questões sociais é escassa - não se transformem em uma
extensão da lógica manicomial, onde os indivíduos são privados de participar
“naquilo que deveria ser do seu máximo interesse, ou seja, a condução do seu
tratamento.” (DELGADO et. al., 1991: 22)
O manicômio é a solução última encontrada quando não se pode mais
conviver com a doença, sendo excluída e trancafiada na instituição total. Por
isso a instituição que Rotelli coloca em questão não é o manicômio, mas a
própria loucura, tal como instituída pela psiquiatria.
“[...] eu estou absolutamente convencido que, na fase concreta da
superação cultural e social do manicômio, o Centro de Saúde Mental
que funcione 24h seja a única forma intermediária de resposta que
possa permitir o não retorno ao manicômio e a modificação de uma
cultura das pessoas sobre o manicômio – o que é, ainda,
historicamente e socialmente, o problema principal”. (Entrevista com
Franco Rotelli in: DELGADO, 1991)
ROTELLI, F., et. al. Desinstitucionalização, uma outra via. In: NICÁCIO, F.
(org.) Desinstitucionalização. 2ª ed. São Paulo: HUCITEC, 2001.