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Paulo, 20/03/2018
Entrando em análise
Por Vera Iacconelli
Outro jeito de chegar na análise é "sob diagnóstico". Algo como: bom dia,
sou o Antônio Panicado, ou Maria Depressiva ou ainda José TDAH.
Passamos a ter como sobrenome algum diagnóstico sacado do Google ou
de profissionais diversos —por vezes nem letrados em saúde mental! Nos
apoiamos em rótulos que podem trazer algum alento diante da
indeterminação de nossos sintomas, mas ferem nossa possibilidade de
nos escutarmos. Como se dizer "deprimido" ou "bipolar" respondesse
quem sou.
Também temos a dúvida atroz a nos arrastar para o divã. Faço ou não
faço, assumo ou não assumo. E, como escolher é perder o que foi
preterido na escolha, percebe-se logo como as negociações podem ser
difíceis, pois no fundo insistimos na fantasia da escolha sem perda. Como
sonhar com um Brasil sem violência e terror, sem abrir mão de históricos
privilégios sociais e econômicos —cinicamente interpretados como fruto
de mérito individual.
Vera Iacconelli, psicanalista, fala sobre relações entre pais e filhos, mudanças de
costumes e novas famílias do século 21.