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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA


CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE TEFÉ – CEST
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
WALEX CASTRO DA SILVA

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: OS BENS MATERIAIS E IMATERIAIS DE


TEFÉ NUMA PERSPECTIVA PEDAGÓGICA – SEMINÁRIO SÃO JOSÉ E A
FEIRA DE TEFÉ

Tefé/AM
2013
2

WALEX CASTRO DA SILVA

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: OS BENS MATERIAIS E IMATERIAIS DE


TEFÉ NUMA PERSPECTIVA PEDAGÓGICA – SEMINÁRIO SÃO JOSÉ E A
FEIRA DE TEFÉ

Monografia apresentada como requisito para


obtenção do grau de Licenciado em História, no
Centro de Estudos Superiores de Tefé -
Universidade do Estado do Amazonas.

Orientador: Prof. MSc. Luciano Everton Costa Teles

Tefé/AM
2013
3

FICHA CATALOGRÁFICA

SILVA, Walex Castro.


Educação Patrimonial: Os bens materiais e imateriais de Tefé
numa perspectiva pedagógica – Seminário São José e a Feira de Tefé.
Walex Castro da Silva. - Monografia do Curso de História. Centro de
Estudos Superiores de Tefé-CEST, Universidade do Estado do
Amazonas-UEA.

p.52.
4

TERMO DE APROVAÇÃO

WALEX CASTRO DA SILVA

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: OS BENS MATERIAIS E IMATERIAIS DE


TEFÉ NUMA PERSPECTIVA PEDAGÓGICA – SEMINÁRIO SÃO JOSÉ E A
FEIRA DE TEFÉ

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de


Licenciado em História, ao curso de História, do Centro de Estudos Superiores de Tefé,
da Universidade do Estado do Amazonas.

Data de aprovação: 04/12/2013

Banca Examinadora:

Orientador: Prof. MSc. Luciano Everton Costa Teles

(CEST/UEA)

Membro: Prof. MSc. Yomarley Lopes Holanda

(CEST/UEA)

Membro: Prof. MSc. Tiago Fonseca dos Santos

(CEST/UEA)

Tefé/AM
2013
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DEDICATÓRIA

Dedico com muito amor e carinho a Maria da Conceição Queiroz de Castro


(mãe), Manoel Alves de Castro (avô), Rita Queiroz de Castro (avó), GreicilaneA.
Damasceno (esposa), Francisco AltemirF. Brandão(amigo), Daniel CastroSabbá
(irmão), Wandresson Castro (primo), Edinelde Q. de Castro (tia), Mª Guadalupe Q.
de Castro (tia), Edilza Q. de Castro (tia), e as outras pessoas que fazem parte dessa
família.
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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os docentes que no decorrer desta minha busca pelo


conhecimento mostraram-me os caminhos a trilhar. Ao professor Luciano Everton
Costa Teles que especialmente nessa caminhada orientou-me e esteve a disposição
quando necessitei.
Sou grato a todos vocês que contribuíram significantemente nesse processo de
partejamento das idéias, em que a cada amanhecer sinto-me mais confiante,
determinado e dedicado a romper os obstáculos que a vida determina.
Sigo em frente, repleto de energia, alegria, conhecimento, determinação,
dedicação, sabedoria e na bagagem as lembranças das amizades e dos amigos que se
constituíram nesses quatros anos. Sobre tudo, o meu muito obrigado a todos vocês, e
espero contar com vocês nas minhas próximas caminhadas rumo à busca pelo
conhecimento.
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RESUMO

A presente monografia trata de uma discussão acerca da exploração pedagógica


do patrimônio histórico e cultural de Tefé, especificamente o Seminário São José
(patrimônio material) e a Feira municipal de Tefé (patrimônio imaterial). Patrimônio
Cultural entendido não somente como os objetos construídos de “pedra e cal”, o que
reduz a noção de patrimônio cultural, deixando de fora outros aspectos salutares e que
compõem este universo, como festas, religiões, medicinas populares, lugares,
cerimônias e tradições que fazem parte do chamado patrimônio “imaterial”. Neste
sentido se quer demonstrar como o Seminário São José (patrimônio material) e a Feira
de Tefé (patrimônio imaterial) podem ser explorados pedagogicamente.

Palavras-chave: História, Patrimônio, Tefé.


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LISTA DE SIGLAS

CF - Constituição Federal

DPI - Departamento do Patrimônio Imaterial

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

LDB–Leis das Diretrizes de Base da Educação Nacional

ONU – Organizações das Nações Unidas

PCNS – Parâmetros Curriculares Nacionais

SEMPA – Secretaria Municipal de Produção e Abastecimento

SPHAN –Serviço Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

SECMG – Secretaria Estadual de Cultura de Mato Grosso.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................10

CAPÍTULO 1 - BENS CULTURAIS, PATRIMÔNIO MATERIAL/IMATERIAL E


EDUCAÇÃO PATRIMÔNIAL

1.1. A ORIGEM DO TERMO PATRIMÔNIO NO CONTEXTO


MUNDIAL................................................................................................................13
1.2. O PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO
NO.............................................................................................................................19
1.3. DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO AO PATRIMÔNIO
CULTURAL..............................................................................................................21
1.4. A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO UMA METODOLOGIA DE
ALFABETIZAÇÃO CULTURAL............................................................................24

CAPÍTULO 2 – ANÁLÍSE SISTEMATIZADA ACERCA DO PATRIMÔNIO


MATERIAL E IMATERIAL DE TEFÉ: SEMINÁRIO SÃO JOSÉ E A FEIRA DE
TEFÉ

2.1. A BREVE HISTÓRIA DO MUNICIPIO DE TEFÉ...............................................28


2.2. ANÁLISE SISTEMATIZADA ACERCA DO SEMINÁRIO SÃO JOSÉ.............31
2.3. A FEIRA MUNICIPAL DE TEFÉ SOBRE O OLHAR SISTEMATIZADA........33

CAPÍTULO 3: OS BENS TANGIVEIS E INTANGIVEIS DE TEFÉ NUMA


PERSPECTIVA PEGADAGOGICA: SEMINÁRIO SÃO JOSÉ E A FEIRA
MUNICIPAL DE TEFÉ NUMA

3.1. VISITA GUIADA AO EDIFICIO (SEMINÁRIO SÃO JOSÉ)..............................39


3.2. PASSEIO TURISTICO (FEIRA DE TÉFE)............................................................40
3.3. PAINÉIS DE FOTOS ANTIGAS A ATUAIS (SEMINÁRIO SÃO JOSÉ E A FEIRA
DE TEFÉ)...........................................................................................................40
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................41
REFERÊNCIAS..............................................................................................................43

INTRODUÇÃO
10

Fazer uma pesquisa acerca dos patrimônios culturais do município de Tefé


revelou-me uma tarefa desafiadora, emocionante e satisfatória. O primeiro contato com
o objeto de pesquisa é sempre o mais difícil, momento esse que me levou ao estado de
perplexidade em que fiquei questionando por onde começar e o que fazer. Mas quando
se tem um plano (projeto de pesquisa) é por ele que se deve começar. O plano contém as
orientações e as etapas a seguir, ou seja, o plano é tudo, principalmente para quem tem
algum objetivo a realizar. Mas para que esse tudo se concretize é preciso que se tenha
determinação, atitude, ousadia, dedicação aos estudos, força de vontade e
principalmente gostar do que se está fazendo.
Diante do que foi argumentado, estampo nas páginas desta monografia todo o
processo de identificação e mapeamento do patrimônio histórico e cultural de Tefé, em
especial o Seminário São José e a Feira de Tefé e o reconhecimento acerca de como eles
podem ser explorados pedagogicamente. Pois foi através de um processo
gradativamente minucioso que esta monografia procurou vislumbrar os desafios e as
possibilidades de se tomar o patrimônio histórico e cultural de Tefé pedagogicamente,
utilizando-os como instrumento potencializador do processo de ensino-aprendizagem
em disciplinas ministradas no ensino fundamental e médio, sobretudo História,
Geografia, Artes e similares.
O primeiro capítulo tem como objetivo fazer toda a reflexão acerca do termo
patrimônio cultural material/imaterial e sobre a educação patrimonial, assim entendendo
o contexto histórico no decorrer dos determinados espaços e tempo e, principalmente,
compreendendo de que forma esses termos foram e ainda são utilizados atualmente.
O capítulo seguinte desenvolve o processo de analise da cidade Tefé, Seminário
São José e da Feira de Tefé, buscando refletir sobre as possibilidades para o
desenvolvimento das atividades de educação patrimonial.
Em linhas gerais esses dois capítulos tem como fundamento preparar todo o
campo teórico e metodológico acerca das possibilidades da utilização da metodologia da
Educação Patrimonial para a possível utilização dos respectivos patrimônios culturais de
Tefé, o Seminário São José (patrimônio material) e a Feira de Tefé (patrimônio
imaterial), enquanto recurso pedagógico de potencialização do processo de ensino.
No terceiro capítulo encontram-se as propostas pedagógicas direcionadas sobre o
Seminário São José e a Feira de Tefé. É importante frisar que essas propostas foram
refletidas e elaboradas através da metodologia da educação patrimonial, que de acordo
11

com o Guia Básico de Educação Patrimonial (1999) é composta em quatro fases ou


momentos, observação, registro, exploração/pesquisa e apropriação.
Em relação à escolha da temática, a mesma se deu pela atualidade dos estudos
em questão e porque propõe justamente visualizar as formas desta exploração,
discutindo suas características e nuances. Soma-se a esses, o devido interesse na região
do Médio Solimões onde estudos dessa natureza são raros, uma vez que o foco se
concentra na capital do Amazonas, Manaus.
Sabe-se que por meio do patrimônio histórico e cultural é possível resgatar
aspectos do passado da sociedade tefeense, e, neste sentido, este processo pode ser
realizado no âmbito da Educação Básica. As formas de conhecer aspectos da própria
história não podem ser negadas para a sociedade e a Universidade enquanto produtora
de conhecimentos tem que se ocupar deste papel fundamental, até porque o
conhecimento é instrumento de mudança de comportamento, o que pode promover a
construção de um mundo melhor.
As questões ligadas à exploração pedagógica do patrimônio histórico e cultural
podem revelar uma série de situações, como desconstrução de estereótipos, preconceitos
e exclusões, e atuar como um instrumento de promoção de identidades e conquista de
espaços para grupos que ainda não se encontraram socialmente e que por isto se sentem
“marginalizados” e “excluídos” da sociedade (CHAUÍ, 1992). Com efeito, podem
produzir também um resgate e valorização do patrimônio histórico da região.
As ações que foram desenvolvidas para que os objetivos fossem atingidos foram,
o mapeamento do patrimônio histórico e cultural da região, ou seja, Tefé, as leituras
sistematizadas de textos que versam sobre patrimônio cultural, história de Tefé,
Seminário São José, Feira de Tefé e as formas de exploração pedagógica no qual os
patrimônios históricos e culturais mapeado em Tefé fossem submetidos, e entre as
literaturas pertinentes para o desenvolvimento da pesquisa, destaco algumas obras que
se tornaram significativas para a realização dos objetivos traçados, na qual posso citar à
obra de Pedro Paulo Funari e Sandra C.A. Pelegrini “Patrimônio Histórico e Cultural”
(2006), Sandra C.A. Pelegrini e Pedro Paulo Funari “O que é patrimônio cultural
imaterial” (2008), Sandra C.A. Pelegrini “Patrimônio cultural: consciência e
preservação” (2009), Maria Cecília Londres Fonseca “Para além da pedra e cal: por uma
concepção ampla de patrimônio cultural” (2003), José Reginaldo Santos Gonçalves
“Antropologia dos objetos: coleções, museus e patrimônios” (2007), Câmara dos
Deputados, Edições Câmara “Legislação sobre patrimônio cultural” (2010), Paula Porta
12

“Política de preservação do patrimônio cultural no Brasil” (2012), Francisca Ferreira


Michelon; Cláudio de Sá Machado Júnior; Ana María Sosa González “Políticas públicas
e patrimônio cultural” (2012), “Antropologia e patrimônio cultural: diálogos eDesafios
contemporâneos”(2007) organizadores Manuel Ferreira Lima Filho, Jane Felipe Beltrão,
Cornelia Eckert, “A construção de políticas patrimoniais” (2009) organizadores Elisa
Roberta Zanon, Patrícia Martins Castelo Branco, Leandro Henrique Magalhães,
“Estamos satisfeitos com a feira de Tefé?” (2006) Suzi de Castro, “Estudo sobre o
abastecimento da produção agrícola comercializada na feira pública de Tefé e a
interlocução entre os atores sociais” (2007) Hilkia A. Silva, “História da Missão de
Santa Teresa D`Avila dos Tupebas” Protásio Lopes Pessoas, “A otimização dos espaços
do prédio Seminário São José da Prelazia de Tefé” (2006) Gleibe Monteiro da Silva,
“Guia Básico de Educação Patrimonial” (1999), Horta, Grunberg, Monteiro, “Manual
de atividades práticas de Educação Patrimonial” (2007), e “Educação Patrimonial.
Rememorar para preservar um direito do cidadão” (2011) Jocenaide M.R. Silva.
Essas literaturas auxiliaram-me a ter uma visão mais ampla e concisa do objeto
de estudo em que me dispus a estudar e, além disso, à ter um olhar mais crítico no
desenvolvimento da pesquisa. Somando ao que já foi mencionado, tive durante o
processo de pesquisa e elaboração desta monografia que superar e romper os diversos
obstáculos que surgiram, entre alguns destes está à falta do poder aquisitivo para fazer
às compras de livros pertinentes ao tema, mas jamais me sentir desestimulado perante
aos desafios que a vida me sobrepôs, e não seria nesse momento que eu iria me curva
perante aos meus problemas. Passando essa fase, foram realizadas as leituras
sistematizadas das obras pertinentes ao objeto de pesquisa, assim como foi realizado à
análise dos desafios e das possibilidades da exploração pedagógica do patrimônio
histórico e cultural de Tefé.
Entretanto, deve-se perceber que a presente proposta lançou mão de uma
abordagem qualitativa em sua maior parte do trabalho e quantitativa ao se tratar do
quadro que foi desenvolvido por Paula Porta (2012, p.29) em sua obra “Política de
preservação do patrimônio cultural no Brasil”, em que buscou avaliar as ações
desenvolvidas durante o período de 2000 a 2010 pelo Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional, é apenas nesse momento que essa pesquisa tem características de
uma pesquisa quantitativa, além disso, a pesquisa transcorreu-se por meio de uma
pesquisa documental/monumental e bibliográfica, em que se buscou identificar e
13

discutir os elementos significativos da educação patrimonial, para que fossem apontados


os caminhos e perspectivas deste tipo de exploração pedagógica.
14

CAPÍTULO 1 - PATRIMÔNIO MATERIAL/IMATERIAL E EDUCAÇÃO


PATRIMÔNIAL
1.1 – A origem do termo patrimônio no contexto mundial.

“O patrimônio é um grande acervo, é o registro dos


acontecimentos da história de um lugar, de uma
sociedade, e muitas vezes se perde por falta de incentivo
ou pela perda da identidade da comunidade, que sofre as
mudanças e interferências do mundo globalizado”
(MEDEIROS & SURIA, 1999, p.1).

“Os “patrimônios culturais” são constituídos


concomitantemente à formação dos Estados nacionais,
que fazem uso dessas narrativas para construir
memórias, tradições e identidades” (GONÇALVES,
2007, p.148).

Elaborar uma argumentação sistematizada e reflexiva acerca do termo


patrimônio não é uma tarefa nada fácil, principalmente porque este termo, em
decorrência de diversas situações, ganhou novos contornos em determinados espaços e
tempo.
Sabe-se, no entanto que os “princípios que versam sobre ao que hoje se pensa ao
patrimônio se consolidaram na França do século XIX, quando pela primeira vez foi
utilizado o moderno conceito de patrimônio” (MEDEIROS & SURYA, 1999, p.1).
Atualmente, este termo vem recebendo gradativamente a atenção expressiva de
historiadores, antropólogos, arqueólogos, museólogos, e entre outros pesquisadores que
a têm como objeto de estudo.
O termo patrimônio, como foi dito anteriormente, não é oriundo da sociedade
moderna, ou seja, o termo “não é simplesmente uma invenção moderna. Está presente
no mundo clássico e na Idade Média”, (GONÇALVES, 2003, p.22), além disso,
entende-se que o seu uso é de extrema importância para se viver em sociedade e, assim,
o seu uso não deve ser entendido e limitado apenas no contexto da sociedade moderna.
Pois este que, quando é observado de forma crítica e sistematizado, é capaz de nos
remeter ao passado tão presente devido às heranças deixadas pelos nossos antepassados,
que assim contribuem para entendermos as diversidades culturais, as relações sociais,
econômica, politica e religiosa, através do que atualmente podemos chamar de ‘bens
culturais’, na qual segundo PELEGRINI (2009, p.37), esses bens culturais “se traduzem
nas tradições materiais e imateriais de toda a coletividade” assim, possibilitando através
15

das analises sistematizadas um rol de interpretações das heranças deixadas pelos nossos
antepassados.
Para a melhor compreensão do termo patrimônio e de seu significado, tornou-se
necessário que fosse feito à busca na etimologia da palavra para nos situarmos diante de
tal conceito. “O termo patrimônio, em inglês heritage, em espanhol herencia, traz no
conjunto de seu significado uma relação estreita com a idéia de herança: algo a ser
deixado ou transmitido para as futuras gerações” (CANANI, 2005, p.165), sendo que
precisamos ter o discernimento que no decorrer na historia da humanidade essa idéia de
ter que deixar algum legado para futuros sucessores era um dos privilégios de poucas
pessoas, ou seja, dos aristocratas.
O termo patrimônio para FUNARI & PELEGRINI, (2006, p.10) “é uma palavra
de origem latina, patrimonium, que se referia, entre os antigos romanos, a tudo o que
pertencia ao pai, pater ou pater famílias, pai de família”, sendo que é de suma
importância, termos a noção das profundas diferenças que esses termos esconderam em
seus significados, principalmente porque a sociedade romana era muito diversa da
sociedade atualmente.
O conceito de patrimônio é oriundo do setor privado em que estavam ligados aos
interesses aristocráticos, logo nessa sociedade romana quem tinha a possessão dos bens
patrimoniais eram os aristocráticos, por serem proprietários e também por possuírem
escravos. “O patrimônio era patriarcal, individual e privativo da aristocracia” (FUNARI
& PELEGRINI, 2006, p.10), assim, quem não possuísse essas características logo não
era possuidor de qualquer patrimônio.
Nota-se que essas foram algumas das diferenças em que os termos pater,
patrimonium e família ocultavam, e que diferenciavam a sociedade romana da
sociedade atualmente. Sandra C. A. Pelegrini& Pedro Paulo A. Funari argumentam que
o:
conceito de patrimônio cultural, na verdade, está imbricado com as
identidades sociais e resulta primeiro das políticas do estado nacional e, em
seguida, do seu questionamento no quadro da defesa da diversidade.
Patrimônio cultural associou-se, nos séculos XVIII e XIX com a nação, com
a escolha daquilo que representaria a nacionalidade, na forma de
monumentos, edifícios ou outras formas de expressão. Podiam ser objetos
antigos, como construções modernas ou, mais provavelmente, uma mescla
nova de ambos (2008, p.28).

Observa-se através dos argumentos dos teóricos que a palavra patrimônio está
sucedida do termo cultura, sendo que o termo “patrimônio cultural” só veio a ser usado
16

no Brasil através da Constituição Federal de 1988, no seu artigo 16. Como o nosso
objetivo no momento é a cerca da origem da palavra patrimônio e, observa-se que tal
palavra citada acima está seguida do termo cultura, pensa-se que para melhor
desenvolvimento deste trabalho nesse momento, este termo não será discutido, mas isso
não significa que deixaremos de nós pronunciarmos diante do conceito de cultura, sendo
que mais adiante será abordada com mais cautela, devido o mesmo constituir-se como
parte significante para tal discursão.
Ao observarmos os argumentos dos teóricos nota-se que o uso do termo
patrimônio, diferentemente de como era utilizado no mundo clássico e no medievo,
passou a ser empregada pela sociedade moderna como designação de uma identidade
nacional, uma politica do estado nacional e pela defesa da diversidade, em que no
século XVIII e XIX este termo referiu-se principalmente para o mais novo contexto
histórico que estava surgindo na Europa, ou seja, a formação dos Estados nacionais, que
para (FUNARI e PELEGRINI, 2006, p.15) “era o que faltava para desencadear uma
transformação radical no conceito de patrimônio”. Assim, como os argumentos desses
teóricos, Maria Cecília Londres Fonseca argumenta que a

noção de patrimônio é, portanto, datada, produzida, assim como a ideia de


nação, no final do século XVIII, durante a Revolução Francesa, e foi
precedida, na civilização ocidental, pela “autonomização” das noções de Arte
e de História. O histórico e o artístico assumem, nesse caso, uma dimensão
instrumental, e passam a ser utilizados na construção de uma representação
de nação (FONSECA, 1997, p. 31).

Essa idéia de patrimônio como representação da nação é oriunda da formação


dos Estados Nacionais que precisavam buscam subsídios que pudessem fortalecer os
traços do mais novo Estado, que tinha tomado posse das atribuições do antigo regime
aristocrático, pois, não foram somente os edifícios e as obras de artes que foram
destruídas pelos revolucionários franceses, mas toda a complexidade de uma sociedade
absolutista. Foi nesse contexto histórico em plena Revolução Francesa (1789), que o
termo patrimônio foi carregado de outros significados, devido a isso subscrevo de forma
sintetizada algumas das nuances sobre este período, no qual “28 milhões de franceses,
camponeses em sua maior parte, vivem sob a monarquia. [...] a sociedade está dividida
em classes – Clero, nobreza, Terceiro Estado, sendo as duas primeiras privilegiadas”
(BLUCHE, RIALS & TULARD, 2011, p.7), é importante impactarmos que o Terceiro
estado referia-se ao povo em geral, ou seja, os nãos nobres. Pois, enquanto o Terceiro
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Estado executava todas as atividades árduas, as atividades vantajosas e honrosas eram


ocupadas pelos membros das ordens privilegiadas, ou seja, os nobres e os religiosos. “O
Terceiro Estado compreendia, confundidos em suas classes, todos os plebeus, seja,
segundo Sieyès, 96% da nação” (SOBOUL, 2003, p.15).
Ou seja, enquanto o Terceiro Estado trabalhava nos campos para manter todos os
privilégios do Primeiro Estado e do Clero, esses estados privilegiados não faziam
absolutamente nada especificamente para solucionar as precárias situações das pessoas
que estavam vivendo na miséria, foi devido a essa e outras situações politicas e
econômica que se tornaram propicias para que ocorresse a Revolução Francesa, no qual
por decorrência desse contexto histórico foi que o termo patrimônio tornou-se como
mais novo atributo para representar os bens patrimoniais referentes os Estados
nacionais, entretanto, é importante ressaltarmos que a revolução não aconteceu somente
no campo das ideias que foram propagadas pelos Iluministas em prol daqueles que eram
a maioria e os mais desfavorecidos politicamente e economicamente na sociedade
francesa, o que aconteceu foi que o povo na noite de 14 de junho de 1789, tomou conta
das ruas numa proporção jamais vista antes, não para fazer mais uma revolta, mas uma
Revolução, algo que a partir daquela noite não seria mais revogável a qualquer ação dos
dois Estados que eram privilegiados, clero e nobreza, no entanto o que se entende é que:

em meio às violências e lutas civis, criava-se uma comissão encarregada da


preservação dos monumentos nacionais. O objetivo era proteger os
monumentos que representavam a incipiente nação francesa e sua cultura. A
legislação protetora do patrimônio nacional francês tardaria ainda muitas
décadas, pois a primeira lei é de 1887, tendo sido completada por uma
legislação mais ampla de 1906, já em pleno século XIX. Essas e outras
disposições legais, na França, voltavam-se para limitação dos direitos de
propriedade, em benefício do patrimônio nacional, de acordo com a tradição
do direito romano (FURARI & PELEGRINI, 2006, p.19).

Segundo Maria Cecília Londres Fonseca, nesse período do século XVIII “as
ações deliberadas, voltadas para a preservação de monumentos, eram ocasionais, e,
quando ocorriam, eram realizadas pelos seguimentos sociais dominantes” (FONSECA,
1997, p. 57).
Dessa forma, entende-se que não eram as pessoas que faziam parte do Terceiro
Estado, que moviam ações de prevenção direcionadas aos patrimônios, mas a
aristocracia e o clero, porque entre os romanos os 96% que faziam parte da população
18

não eram consideradas como possuidora de nenhum legado.Diante disso, e em


referencia a noção do patrimônio histórico, e do nacional, a sua origem moderna,

encontra-se no final do século XVIII, quando assumiu, em nome do interesse


público, a proteção legal de determinados bens, devido à sua capacidade de
simbolizarem a nação. Diante da perda e da necessidade de coibir e proteger
do vandalismo dos revolucionários as propriedades do Estado, da nobreza ou
do clero, a consolidação e institucionalização da prática preservacionista
consubstanciou-se quando o interesse político, calcado na idéia de um
“patrimônio de todos”, garantiu um estatuto ideológico legitimador do poder
estatal (FONSECA, 1997, p.41).

A Revolução aconteceu e em meios aos atos revolucionários, tornava-se notório


que as consequências literalmente tinham abalado às estruturas da sociedade francesa, e
que devido aos conflitos travados durante o processo revolucionário esses embates
danificaram de certa forma a integridade de diversos símbolos que importavam ao
passado monárquico.

Tal fato suscitou a necessidade de os revolucionários conservarem os


“testemunhos” da história francesa, julgados referências da história nacional
e do interesse público. De todo modo, ao repelir a pilhagem e a destruição
dos imóveis e das obras de arte pertencentes ao clero e à nobreza, o Estado os
tomou como bens elevados à condição de propriedade nacional engendrou-se
à condição de propriedade pública. [...].
Diversas nações européias, no decorrer do século XIX, foram organizando
estruturas públicas e privadas devotadas à conservação, salvaguarda e seleção
dos bens considerados patrimônios nacionais. [...].
A salvaguarda oficial foi objeto da legislação promulgada em 31 de
dezembro de 1913, quando foi implementado um dos primeiros instrumentos
legais de proteção ao patrimônio como o clasemen, ou seja, uma norma que
impelia a mutilação ou destruição dos monumentos nacionais franceses
(PELEGRINI, 2009, p.19-20).

Depois de tudo isso que ocorreu durante a Revolução francesa, Funari e


Pelegrini, argumenta que a “ênfase no patrimônio nacional atinge seu ápice no período
que vai de 1914 a 1945, quando duas guerras mundiais eclodem sob o impulso dos
nacionalismos” (2006, p.20), onde a destruição dos monumentos, obras de arte e entre
outros bens que eram sobrecarregados pelo poder simbólico que representavam para os
países envolvidos durante as duas guerras. Diante de tudo o que já foi argumentado
sobre a origem do termo patrimônio e do contexto histórico de como ocorreu a sua
maior utilização e efervescência tornar-se notório e de fácil entendimento a importância
desse termo para a sociedade como o todo, principalmente por compreendermos que foi
devido a vários fatores (Econômico, Político, Social), que a princípio influenciaram para
19

que fossem desenvolvidas e colocadas em práticas às ações direcionadas


especificamente sobre o que era naquele período considerado como patrimônio, e assim
tornando “prioritárias a criação de entidades que pudesse medir as relações
internacionais” (Pelegrini, 2009, p.21), a Organizações das Nações Unidas (ONU) e a
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) são dois exemplos
clássicos para a mediação dessas relações conflituosas geradas em decorrências das
duas Guerras Mundiais.

Em 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial, houve a fundação da


Organização das Nações Unidas (ONU). Passou a ser incumbência dessa
instituição internacional, entre tantas outras causas, a tarefa de criar
instrumentos para a proteção dos patrimônios naturais e culturais existentes.
O passo seguinte foi a criação da Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em novembro de 1946, para
intervir, em escala mundial, nos campos da educação, da ciência e da cultura.
A Segunda Grande Guerra (1939-1945) destruíra muitos sítios e bens
patrimoniais. Havia, nesse momento, um clima propício para empreender
esforços com o fim de recuperar do meio dos escombros o que ainda fosse
possível (VOGT, 2008, p.17).

O “impacto da destruição causada pelos bombardeios decorrentes da Segunda


Guerra Mundial (1939-1945) catalisou as atenções de estudiosos, tornando peremptória
a reconstrução das cidades e a restauração dos monumentos” (FUNARI & PELEGRINI,
2006, p.31), sendo que além da destruição desses bens materiais que de certa forma
poderiam ser recuperados e consertados algo muito mais importante do que esses bens
não poderiam ser reconstruídos e restaurados, que foram à vida de milhares de pessoas
que foram assassinadas.
É sobre essas nuances (Revolução Francesa-1789, Primeira Guerra Mundial-
1914/1918 e Segunda Guerra Mundial- 1939/1945) que constituímos o nosso
entendimento acerca da origem do termo patrimônio e da contextualização do decorrer
desse termo até os dias atuais, no primeiro devido ter sido um marco em que o termo
patrimônio foi utilizado para identificar os legados da monarquia e clero e que depois
passou a simbolizar o que pertencia aos estados nacionais, no qual naquele momento foi
de extrema importância para sociedade Européia, principalmente por se tratar de um
período revolucionário condizente a estrutura da sociedade francesa que era estatal e
que sofreu o ato irreversível, no qual não foi apenas uma revolta, mas uma revolução,
20

no qual o Terceiro estado tomou a posse do poder, e caminhou em marcha na noite de


14 de julho de 1789 rumo a Bastilha. 1
Essa contextualização que foi gerada acerca do termo patrimônio é de
fundamental importância devido às mesmas possuir informações coerentes que
apresentam o contexto histórico e as proporções significativas que o termo patrimônio
tornou-se especificamente nesses períodos (Revolução Francesa, Primeira Guerra
Mundial e Segunda Guerra Mundial), basta lembrarmos que a palavra patrimônio já era
utilizada há muito tempo pelos aristocratas romanos, mas o seu termo era diferente do
período pós-mundo clássico e medieval. Diante disso, entende-se que o termo
patrimônio e a Revolução Francesa estão estreitamente relacionados, principalmente
porque foi através dos Estados modernos que os “monumentos do passado passaram a
ser símbolos do que se desejava preservar. Na França, por exemplo, as primeiras
medidas de proteção ao patrimônio pelo Estado apareceram no fim do século XVIII, no
contexto da Revolução Francesa” (VOGT, 2008, p.15), e as duas segundas nuances por
terem proporções extremamente destruidoras, não só de monumentos, obras de arte, etc,
mas pelo aniquilamento de milhares de seres humanos.

1.2 O Patrimônio Histórico e Artístico no Brasil

O contexto histórico acerca da abordagem sobre os patrimônios históricos e


artísticos no Brasil ocorreram muito antes do período de 1910 e 1920, sendo que foi
nesse período em que ocorreram intensivamente os manifestos em prol da valorização
dos bens patrimoniais. De fato o que estava no rol do foco da valorização eram os
elementos históricos que se constituíam como parte da memória nacional. Essas
preocupações referentes aos patrimônios históricos e artísticos no cenário brasileiro não
tiveram somente como fio condutor para tal manifestação o movimento que se
desenvolveu na década de 1920, o Movimento Modernista, mas muitos outros fatores
foram significativos para que as ações a frente dos patrimônios nacionais fossem
resguardados, e é através dessas “primeiras” ações que esquematizamos nossa
argumentação acerca da trajetória dos Patrimônios Históricos e Artísticos no contexto
brasileiro.
1
A Bastilha era uma fortaleza que foi construída em 1370 no reinado de Carlos V da França, no qual a sua
estrutura física era de 70 metros de comprimento, 25 de altura e 30 de largura com muros e torres. A
Bastilha era utilizada como uma prisão, e como um local de armazenamento de armas, além disso, era um
dos símbolos do poder absolutista
21

Segundo o argumento de Francisco Luciano Lima Rodrigues, foram três fatos


específicos que impulsionaram a sociedade brasileira a refletir e a gerar as ações a
serem praticadas em prol dos patrimônios históricos e artísticos nacional. “A Semana de
Arte Moderna de 1922, o Estado Novo e a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (SPAHN)” (RODRIGUES, 2006, p.2). Além de Rodrigues, Olgário
Paul Vogt nos diz o seguinte:

A preocupação com o salvamento de vestígios do passado da Nação teve


origem quando da implantação da República no País (1889). Durante a
República Velha (1889-1930), intelectuais e homens de governo passaram a
se empenhar na construção de postulados do estado e da identidade nacional.
Foi somente na década de 1920, entrementes, que o clamor pela preservação
de monumentos e objetos de valor histórico e artístico começou a ser
considerado politicamente relevante. Essas reivindicações desembocaram na
criação do Serviço Histórico e Artístico Nacional (Sphan), em 1937. Na
América Latina, o Sphan foi o primeiro instituto fundado com o fito de
preservar e proteger o patrimônio material. Em 1970, no auge da Ditadura
Militar, ocorreu a transformação do Sphan em Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

As manifestações ocorridas no Brasil acerca dos patrimônios, além de estarem


direcionadas pela busca da construção de uma identidade nacional, artística e, pelo
salvamento do acervo histórico brasileiro. Vinham recebendo diversas críticas oriundas
tanto dos intelectuais nacionais quanto do continente europeu, essas críticas eram
devido à propagação de que as obras de arte e os monumentos estavam “abandonados” e
dessa forma estavam sujeitos a diversos tipos de riscos, no qual podemos citar como
exemplo o processo de deterioração e os problemas relacionados à evasão das obras de
artes e peças patrimoniais do país sem que fossem tomadas medidas legais.
Uma das principais atitudes que foram colocadas em prática a cerca dessas
problemáticas foi a do ministro da educação, Gustavo Capanema, que no decorrer das
suas atribuições entre os anos 1934 a 1945, solicitou a Mário de Andrade, que
elaborasse um anteprojeto de preservação patrimonial, e esse projeto foi elaborado no
ano de 1936, resultando que um ano depois dessa solicitação foi criado o Decreto-Lei
n.°25 de 30 de novembro de 1937, que oficialmente tornou-se o principal instrumento
22

de tombamento2 dos patrimônios históricos e artísticos nacional. Conforme Aline


Borges Canani,

Além de Mário de Andrade, podemos citar Oswaldo de Andrade, Manoel


Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Cândido Portinari, Tarsila do
Amaral e Lúcio Costa. A atuação de Mário de Andrade é caracterizada pela
duplicidade de propósitos: de um lado a renovação inspirada pela
modernização, e de outro a permanência de uma herança para as futuras
gerações, inicialmente delineada pelo projeto no projeto de Mário de
Andrade, tem originado uma série de leis, que, no seu conjunto, se
completam. O decreto-lei nº25, de 30 de novembro de 1937, organizou o
Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), que define o
patrimônio como sendo: “o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no
país e cuja conservação seja de interesse público, que por sua vinculação a
fatos memoráveis da história do Brasil, que por seu excepcional valor
arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico” (2005, p.170).

Clarice Cristine Ferreira Menezes acrescenta-nos que,

Durante a ditadura militar, em 1973, foi criado o Programa de Reconstrução


das Cidades Históricas, a partir da idéia que as políticas de tombamento
deveriam preservar conjuntos arquitetônicos e não construções isoladas. É
neste contexto que passa a ocorrer uma burocratização e sistematização da
política de proteção aos bens históricos culturais e naturais na legislação
brasileira (2010, p.8).

Maria Cecília Londres Fonseca, nós informa que em geral,

as políticas de preservação são conduzidas por intelectuais de perfil


tradicional que se propõem a atuar no Estado em nome do interesse público,
na defesa da cultura, identificada com os valores das camadas cultas. (...) No
caso do Brasil, essa foi a situação dos intelectuais modernistas que
participaram do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde
1937, e que instauraram uma política cultural cuja continuidade e prestígio se
mantiveram durante mais de trinta anos. Entretanto, diferentemente do que
ocorria então na Europa, esse intelectuais eram figuras que, nos seus
respectivos campos de atuação, tinham posições de vanguarda, o que conferiu
a sua atuação na área do patrimônio um autoridade diferenciada (2005, p.23).

Dessa forma, se constrói no cenário brasileiro as políticas oriundas sobre os


patrimônios históricos e artísticos, em que os patrimônios nacionais eram direcionados
especificamente até o final dos anos 70 para preservação dos bens imóveis e obras de
arte, em que essas práticas serviam para o fortalecimento de um sentimento nacionalista.

2
É um conjunto de ações, realizadas pelo poder público e alicerçado por legislação específica, que visa
preservar os bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e afetivo, impedindo a sua
destruição e/ou descaracterização. É o ato de tombar, ou seja, inventariar, arquivar, registrar coisas ou
fatos relativos a uma especialidade ou região, para proteger, assegurar, garantir a existência por parte de
algum poder. A origem desse termo é de Portugal, vem da Torre do Tombo, ou do Arquivo (uma das torres
do Castelo de São Jorge), onde eram guardados documentos importantes que hoje fazem parte do Arquivo
Central do Estado Português.
23

1.3–Do Patrimônio Histórico e Artístico ao Patrimônio Cultural

“A atualização conceitual teve como determinante a


necessidade de fazer a política de preservação refletir de
forma mais consistente a diversidade cultural brasileira,
rompendo a fronteira do que se entendia por patrimônio
histórico e artístico, em direção a uma visão mais
abrangente dos legados culturais presentes no país”
(PORTA, 2012, 11).

As políticas de referencia à proteção dos patrimônios históricos e artístico


brasileiro antes da promulgação Constituição Federal do Brasil de 1988 se delimitavam
de certa forma ao considerar que apenas alguns bens era o que constitua como
patrimônio desta nação. “Foi a partir do avanço teórico-metodológico das Ciências
Sociais, cada vez mais dedicadas ao estudo das manifestações culturais, que a expressão
Patrimônio Histórico e Artístico foi sendo substituída pela expressão Patrimônio
Cultural” (Maltêz; Sobrinho; Bittencourt; Miranda e Martins, 2010, p.42). No atual
contexto histórico no Brasil, o patrimônio cultural está subsidiado através da
Constituição Federal do Brasil de 1988 nos artigo 215 e especificamente do artigo 216,
com a seguinte determinação:

Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e


imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência
à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais incluem: I - as formas de expressão;II - os
modos de criar, fazer e viver; III - as criações cientificas, artísticas, artísticas
e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados
às manifestações artístico- culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de
valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e cientifico...

.
É notório no que determina a Constituição Federal (1988) no seu artigo 216, a
ênfase no termo cultura, bens de natureza material e imaterial. Com efeito, cabe destacar
o termo cultura, “entendido como as manifestações políticas, econômicas, sociais e
culturais de uma dada sociedade. Patrimônio percebido enquanto o conjunto de bens
culturais que se refere à identidade de um grupo, nação ou coletividade” (CANANI,
2005, p. 1). Pelegrini e Funari argumentam que a palavra cultura:
24

é das mais antigas, sendo usada em latim, há mais de dois mil anos, para
designar o cultivo da terra (de onde deriva o termo “agricultura”). O sentido é
bastante concreto: plantar, cuidar da plantação, colher, tudo isso faz parte da
cultura (2008, p.11).

Estes bens culturais podem ser materiais - as edificações, documentos e outros – e


imateriais. O patrimônio imaterial é reconhecido a partir de sua imaterialidade relativa,
pois remete ao transitório, fugaz, que não se materializa em produtos duráveis. Segundo
o artigo 2° da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial
(UNESCO, 2003) entende por patrimônio cultural imaterial:

[As] práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto


com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são
associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os
indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.
Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu
ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um
sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover
o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

Os bens de natureza material devem ser registrados no Livro do tombo, no qual


segundo Sandra C. A. Pelegrini (2009, p.28) é o, Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan)3, que trabalha com um universo diversificado de bens
culturais materiais, classificando-os segundo sua natureza e registrando-os nos quatros
Livros do tombo: “Livro do tombo arqueológico, etnográfico e paisagístico”, “Livro do
tombo histórico”, “Livro do tombo das belas-artes” e “Livro das artes aplicadas”.Os
escritos de Sandra C. A. Pelegrini (2009, p.29), nos informa que essa ampliação das
frentes de tombamento do patrimônio histórico nacional, manifesta no registro de “bens
imateriais notáveis”, em que torna imperiosa a criação de outras formas de
acautelamento: “Livro de registros dos saberes”, “Livro das formas de expressões”,
“Livro das celebrações” e “Livro dos lugares”.. O quadro a seguir apresenta os números
dos bens culturais sob a proteção do Iphan (2010), esse quadro foi desenvolvido por
Paula Porta (2012, p.29) em sua obra “Política de preservação do patrimônio cultural no

3
“O Instituto de Patrimônio histórico e Artístico Nacional – IPHAN é uma autarquia federal vinculada ao
Ministério da Cultura, responsável por preservar a diversidade das contribuições dos diferentes elementos
que compõem a sociedade brasileira e seus ecossistemas. Esta responsabilidade implica em preservar,
divulgar e fiscaliza os bens culturais brasileiros, bem como assegurar a permanência e usufruto desses
bens para a atual e as futuras gerações. O IPHAN foi criado pelo Decreto-Lei n°25, de 30 de novembro de
1937, no governo do então presidente, Getúlio Vargas” (IPHAN, 2013).
25

Brasil”, obra está em que a autora buscou avaliar as ações desenvolvidas durante o
período de 2000 a 2010.

QUADRO 1

TIPO ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE


DOCUMENTOS TEXTUAIS 3.400 metros
OBJETOS E lineares
DOCUMENTOS FOTOGRAFIAS 711 mil
MAPAS E PLANTAS 195 mil
LIVROS E DOCUMENTOS BIBLIOGRÁFICOS 834 mil
OBJETOS PERTENCENTES A MUSEUS 250 mil
BENS MÓVEIS E OBJETOS E BENS INTEGRADOS TOMBADOS 47
INTEGRADOS4 ISOLADAMENTE
OBJETOS EM BENS TOMBADOS 370 mil
COLEÇÕES DE ARTE E ACERVOS DE MUSEUS 17
CONJUNTOS URBANOS (CENTROS 96 (incluem cerca
HISTÓRICOS de 60 milimóveis)5
CONJUNTOS RURAIS 1
BENS IMÓVEIS EDIFICAÇÕES 882
EQUIPAMENTOS URBANOS E 19
INFRAESTRUTURA6
JARDINS E PARQUES HISTÓRICOS 10
RUÍNAS 18
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS 5
BENS COLEÇÕES E ACERVOS ARQUEOLÓGICOS 7
ARQUEOLÓGICO BENS PALEONTOLÓGICOS 1
S SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS CADASTRADOS 19.790
PATRIMÔNIO EMBARCAÇÕES 4
NAVAL ACERVO MUSEOLÓGICO 1
SABERES 8
FORMAS DE EXPRESSÃO 8
BENS CELEBRAÇÕES 4
IMATERIAIS LUGARES 2
PAISAGENS PAISAGENS NATURAIS7 17

É de suma importância para que esse quadro cada vez mais se multiplique, que a
sociedade e os órgãos públicos tenham o interligamento de interesses em prol de ações
dessa importância, e essas ações devem partir tanto dos órgãos como os IPHAN, como

4
Bens móveis integrados são objetos e elementos artísticos integrados à arquitetura, como retábulos,
altares, forros pintados, painéis de azulejos, peças entalhadas, etc.
5
Existem conjuntos urbanos com poucos imóveis, outros com algumas dezenas e alguns com milhares de
bens. Os maiores são: Salvador, São Luís, Ouro Preto, Olinda, Diamantina, Penedo e Cachoeira, com
cerca de 2 mil imóveis compondo as áreas tombadas. Paraty, Goiás, Tiradentes, Parnaíba, Laguna, São
Cristóvão, Corumbá e Marechal Deodoro aproximam-se dos mil imóveis. A maioria das cidades inclui em
média 300 a 400 imóveis.
6
Chafarizes, açudes, pontes, aquedutos, bebedouros, pátios ferroviários.
7
A responsabilidade pela proteção das paisagens naturais é compartilhada entre Iphan e Ibama.
26

pela sociedade que vem atuando para que essa idéia não fique somente no papel. Ou
seja, as ações que são tomadas pela sociedade são de fundamental importância,
entretanto essa prática que deve ser exercida diariamente.
Diante do que foi observado nota-se que é através das ações dos cidadãos que os
patrimônios culturais constituem-se de suma importância para a sociedade. “A
valorização desse tipo de patrimônio visa a aspectos da vida social e cultural” (VOGT,
2008, p.16), mas, para que isso ocorra devem-se haver políticas educacionais voltadas
especificamente para a realização da mediação entre sociedade, patrimônio cultural e os
órgãos públicos, pois a sociedade precisa ter conhecimento dessa importância, para que
assim a mesma se sinta parte ‘desse’ patrimônio, é dessa forma que se torna
fundamental a utilização de uma Educação Patrimonial, em que os patrimônios sejam
utilizados além de fonte primária de conhecimento, mas acima de tudo como exercício
de cidadania.

1.4 - A Educação Patrimonial como uma metodologia de “alfabetização” cultural.

“Toda vez que as pessoas se reúnem para construir e


dividir novos conhecimentos, investigam pra conhecer
melhor, entender e transformar a realidade que nos
cerca, estamos falando de uma ação educativa. Quando
fazemos tudo isso levando em conta alguma coisa que
tenha relação ao com nosso patrimônio cultural, então
estamos falando de Educação Patrimonial”! (PORTAL
IPHAN8, 2013).

A “educação patrimonial é um programa que busca a


conscientização das comunidades acerca da
importância, da valorização e da preservação dos
patrimônios locais” (SOARES, 2003, p. 24).

A Educação Patrimonial iniciou-se no Brasil na década de 80 quando foi


realizado no Museu Imperial, em Petrópolis, no Rio de Janeiro no ano de 1983, o 1°
Seminário “Uso Educacional de Museus e Monumentos” como o objetivo de
desenvolver práticas educacionais, em que os bens culturais fossem utilizados como
fonte primária de conhecimento, na qual teve como mentora dessa propagação a
Doutora museóloga Maria de Lourdes Parreiras Horta, que em conjunto com Evelina
8
http://portal.iphan.gov.br/portal. Acessado: 15/12/2013.
27

Grunberg e Adriane Queiroz Monteiro, elaboram e lançaram um dos instrumentos


teóricos no qual é referência indispensável nos trabalhos dedicados sobre Educação
Patrimonial, o Guia Básico de Educação Patrimonial (1999), em que segundo esses
teóricos a metodologia da Educação Patrimonial compõe-se em quatro etapas que é a de
observação, registro, exploração e apropriação, como se observa no quadro abaixo.

QUADRO 2

ETAPAS RECURSOS OBJETIVOS


Observação Percepção visual e sensorial, Identificação do objeto,
manipulação, experimentação, Função/significado
medição, comparação, jogos de Desenvolve percepção
detetive (dedução).
Registro Desenhos, descrição verbal ou Fixação do
escrita, maquetes, mapas. conhecimento,pensamento
lógico, intuitivo eOperacional.
Exploração/pesquisa Análise do problema, Julgamento crítico,
hipóteses,discussão, avaliação, interpretação dos significados
outras fontes.
Apropriação Recriação, releitura, Envolvimento afetivo,
dramatização,pintura, escultura, autoexpressão, participação
dança, música, poesia, texto. criativa, valorização do bem
cultura

Cabe ressaltar que além dessa obra existem outras como por exemplos: o
“Manual – Diretrizes para a Educação Patrimonial, elaborado pela equipe técnica do
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA-MG,
em que traz estampado em suas páginas diversas sugestões de atividades para a
Educação Patrimonial como, por exemplo: elaboração de questionários, pesquisas,
relatórios, álbuns, visitas/excursões, jogos/brincadeiras, exploração/apropriação”, há
também o “Manual de atividades práticas de Educação Patrimonial (2007), elaborado
por Evelina Grunberg, no qual “tem como objetivo apresentar atividades que possam ser
desenvolvidas com crianças, jovens e adultos que frequentam ou não o ensino formal”
(Grunberg, 2007, p.4), entre as diversas atividades sugeridas pela autora apresento-lhes
uma no qual tem como titulo “Uma edificação, uma descoberta – Uma observação
detalhada”:

Esta atividade poderá ser desenvolvida a partir de uma edificação (bem


material) que poderá ser uma casa, um museu, em edifício público ou
privado, um mercado, um cinema, uma escola, um shopping etc.
28

Convide os participantes para fazerem um passeio pelo bem escolhido,


observando, atentamente, todos os detalhes, pelo lado de fora, cada um
levando prancheta, papel e lápis.
Defronte à fachada principal, peça para observarem todos os detalhes e
elementos durante alguns minutos. Passando esse tempo, e virados de costa,
solicite que descrevam, através de desenho ou escrita, o que eles se lembram
do observado (números de portas, janelas e pavimentos: tipo de material;
estado de conservação; cor; decoração; etc). Uma vez terminado esse
registro, peça que voltem a observar e comparar com o que eles descreveram
nas suas anotações.
Promova, a partir dessa experiência, uma reflexão sobre a diferença entre o
olhar e o ver e sobre a importância da observação detalhada para a
compreensão e a descoberta de outras informações que o olhar superficial
não permite.
Continue com o percurso pela parte interna do bem e repita esse exercício em
outros lugares e espaços que você considere interessantes, para fixar esses
conceitos permitindo a sua compreensão.
Batize esse olhar de observação om o nome de olhar do detetive e repita,
tanto quanto for necessária a aplicação dos exercícios, lembrando sempre de
colocar em elemento lúdico (de brincadeira) para manter o interesse e a
atenção dos participantes (GRUNBERG, 2007, p.11).

Essa atividade nos mostra mesmo que de forma superficial, caso queiramos,
como fazer uma observação detalhada de um Edifício histórico, é preciso ter em mente
que o processo de educação patrimonial é muito mais complexa, onde se tem que buscar
meios para que diferentes tipos de pessoas possam assimilar conhecimentos a partir dos
patrimônios culturais.
A Educação Patrimonial segundo PORTA (2012, p.81) “visa promover tanto a
disseminação de informações sobre o patrimônio cultural como a utilização desse
patrimônio como fonte de conhecimento e aprendizado”, sua utilização nas escolas se
tornam possível devido à mesma ser subsidiada através da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, em que o seu artigo 26
determina que os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base
nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento
escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da
sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), especificamente o de Pluralidade
Cultural que estampa em sua página como um dos seus objetivos que as escolas devem
proporcionar aos discentes meios que os mesmo possam conhecer e valorizar a
pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro. Os agentes sociais das escolas devem
buscar conhecer as literaturas pertinentes sobre Educação Patrimonial, PCN -
Pluralidade Cultural, os projetos que já foram desenvolvidos, Leis, etc. Porque somente
assim, as escolas terão através das atividades desenvolvidas pela Educação Patrimonial
29

subsídios para levar os discentes a “um processo ativo de conhecimento, apropriação e


valorização de sua herança cultural, capacitando-os para uma melhor utilização destes
bens e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos” (ITAQUI, 1998,
p.20). Além disso, deve se ter em mente que a Educação Patrimonial:

constitui uma prática educativa e social que visa à organização de estudos e


atividades pedagógicas interdisciplinares e transdisciplinares. O objetivo da
interdisciplinaridade centra-se na tentativa de superar a excessiva
fragmentação e linearidade dos currículos escolares. A transversalidade,
alcançada por meios de projetos temáticos, é um recurso pedagógico que visa
auxiliar os alunos a adquirir “uma visão mais compreensiva e crítica da
realidade”, bem como “sua inserção e participação nessa realidade
(PELEGRINI, 2009, p.36).

A utilização bens patrimoniais nas salas de aulas podem e deve ser utilizado
pelos professores, basta lembrarmos e consultarmos os diversos trabalhos que já foram
desenvolvidos, no qual trazem em seu bojo experiências significativas que contribuem
para que os discentes e docentes possam desenvolver suas atividades escolares
especificamente direcionados aos bens patrimoniais, ou seja, esse processo educacional
deve ser utilizado pelos educadores devido há diversas justificativas, e entre as diversas
justificativas exponho uma que trata a educação patrimonial como um processo:

permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio


Cultural como fonte primaria de conhecimento e enriquecimento individual e
coletivo. A partir da experiência e do contato direto com as evidencias e
manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e
significados, a trabalho da Educação Patrimonial busca levar as crianças e
adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de
sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e
propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num processo
continuo de criação cultural (HORTA; GRUMBERG; MONTEIRO ,1999,
p.06).

A Educação Patrimonial enquanto um instrumento de potencialização em que


seja utilizada como recurso pedagógico, torna-se como o viés de conhecimento dos bens
patrimoniais para à sociedade, dessa forma proporcionado aos docentes e discentes
diversas informações que quando são coletas, analisadas e sistematizadas de forma
argumentativa, se tornam em fontes primarias de conhecimentos históricos em que
podem contribuir para que os docentes e discentes sintam-se como parte integrante dos
30

patrimônios culturais, é fundamental lembrarmos que de certa forma esses bens só


passam a ter importância quando a sociedade passa pelo processo de “alfabetização
cultural” que um instrumento que:

possibilita ao individuo fazer a leitura critica do mundo que o rodeia,


levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-
temporal em que está inserido. Este processo leva ao reforço da auto-estima
dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira,
compreendida como múltipla e plural” (HORTA; GRUMBERG;
MONTEIRO, 1999, p.6).

O processo de “alfabetização cultural”, não quer dizer que as pessoas ao


nascerem não possuam uma cultura, muito pelo contrário, esse processo “possibilita ao
indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, lavando-o à compreensão do universo
sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido” (Horta; Grunberg;
Monteiro, 1999, p. 6), ou seja, esses bens culturais podem e devem ser utilizados de
diversas formas, pois dependerá dos objetivos propostos pelos professores e pelo os
meios que os mesmos, entenderem ser mais cabíveis, dentro do contexto que a escola
está inserida.
Desta forma, entende-se por educação patrimonial os trabalhos centrados no
patrimônio cultural como fonte primaria de conhecimento, no qual esses trabalhos
tornem-se como os meios de alfabetização cultural da sociedade, para que assim possam
subsidiar os docentes, discentes e toda a sociedade para que possam usufruir dos
ambientes sócios/cultural em que revelam de forma material e imaterial os legados dos
nossos antepassados.

CAPÍTULO 2 –ANÁLISE SISTEMATIZADA ACERCA DO PATRIMÔNIO


MATERIAL E IMATERIAL DE TEFÉ: SEMINÁRIO SÃO JOSÉ E A FEIRA DE
TEFÉ

2.1. A breve história do município de Tefé


31

“Ega significava para os lusos, terra de promissão e


Tefé, palavra do Nheengatú, traduzia Rio Profundo.
Vem de Tapi, Tepé, Tephé, Teffé e, finalmente Tefé,
derivada de uma extinta tribo de índios tupebas ou
Tapibas” (SCHAEKEN, 2010, p.171).

A história do município de Tefé é oriunda dos conflitos gerados entre


portugueses, espanhóis e indígenas, mais precisamente dos lusitanos e castelhanos que
disputavam a conquista desse território que já se encontrava habitado por diversos
povos aborígenes.
“O nome Tefé é originário, segundo historiadores, do Tapi ou Tapé, derivação de
uma extinta tribo de índios Tupébas ou Tapibas e que dessa grafia – Tapi ou Tapé surgiu
o nome Tefé” (RIBEIRO apud RODRIGUES, 2011, p.22). Nesse contexto incluem-se
os missionários jesuítas que foram os primeiros a fazerem o processo de catequização
dos povos indígenas, e que buscavam reunir diversas etnias para a formação das missões
religiosas, sendo que superficialmente o que aparenta é que esses missionários estavam
fazendo as missões em nome da salvação das almas desses seres, como se os indígenas
não tivessem suas crenças em seus deuses, séria muita ingenuidade em levar em
consideração essa idéia de salvação, pois, quem era que financiava essas missões? O
que através dessas missões a igreja acumulou além de almas? Quais os legados dessas
missões atualmente? Essas e muitas outras indagações precisam ser esclarecidas, pois
todo ato é carregado de interesses.
O nome da cidade de Tefé está interligado nas ações que ocorreram no ano de
1688 “quando Samuel Fritz organizou as missões entre os povos indígenas, fundou uma
aldeia a qual deu o nome de Missão de Santa Teresa D’Avila dos Auxiuaris, na barra do
rio Tapi, no lugar Tambaqui-Paratu” (PESSOA, 2004, p.25).
Essa missão passou a ser conhecida como “A missão de Santa Teresa D’Avila de
Tefé, que já contava com 495 habitantes, sendo 36 brancos, 10 escravos e 449
indígenas, foi elevada a categoria de Vila, ao mesmo tempo foi criado o município de
Ega” (PESSOA, 2004, p.26).
A projeção da região foi reconhecida em 1855, quando a província foi
elevada à Cidade, já sob a denominação Tefé, pela resolução nº44 de 15 de
junho. O Município de Tefé foi criado em 1938, pela Lei 167. Durante sua
trajetória histórica, Tefé passou a centralizar a prestação de serviços, e teve
no comércio a atividade que assegurou a integração de sua população
(SILVEIRA, HOLANDA, COELHO, 2011, p.1146-11447).
32

A localização geográfica de Tefé “compreende a área localizada entre as


coordenadas geográficas 03 ̊ 15’39’’ a 05 ̊ 34’22’’ Sul e 64 ̊ 04’12’’ a 68 ̊ 58’32’’ oeste de
Greenwich, possuindo uma extensão territorial de 23.704km²,” (SILVA apud
RODRIGUES, 2011, p.78).
A cidade de Tefé, atualmente devido a sua localização privilegiada em
comparação aos outros municípios do Estado do Amazonas, e após ter sido a primeira a
ser elevada a categoria de cidade da calha do Rio Solimões, tornou-se devido ao seu
privilegio geográfica como polo de mediação aos demais municípios, assim:

Tefé tornou-se o centro estratégico de prestação de serviços, e teve no


comércio a atividade que assegurou a integração de sua população. A
dinâmica citadina foi consideravelmente alterada pela instalação de uma
unidade do Exército Brasileiro na década de 1990. Atualmente, Tefé tem
sobre os municípios vizinhos forte influência econômica e produtiva, pois
polariza a distribuição de produtos e mercadorias, que chegam ao seu porto, e
de lá são distribuídos para o comércio da cidade. A economia local é
movimentada por feiras, que ocorrem diariamente próximo ao porto da
cidade (SILVEIRA, COELHO & HOLANDA, 2012, p.26).

O município de Tefé, a cada dia vem recebendo pessoas de diversas partes do


território brasileiro e estrangeiro, que vem em busca de trabalho, passeio, estudo e entre
outros afazeres, sendo que as pessoas das comunidades rurais, além de vir vender seus
produtos, também efetuam suas compras, sacam sua aposentadoria nas agências
bancarias, entre outras. Para se chegar a este município, as pessoas vêm através do
transporte aéreo ou fluvial, pois, as únicas vias que interligam esse município aos outros
municípios ou comunidades são os rios e igarapés. Com a instalação do Centro de
Estudos Superiores de Tefé - CEST, o fluxo de pessoas aumentou gradativamente
devido à vinda de pessoas que a principio vem para estudar ou lecionar, sendo que a
instalação desse centro de ensino superior nesta cidade não foi e ainda não é nada fácil:

Para construção e consolidação de uma unidade universitária em Tefé muitos


foram os desafios e as dificuldades, tanto do ponto de vista
estrutural/logístico quanto pedagógico. Pode-se mencionar a falta de um
prédio com estrutura adequada, a dificuldade de permanência do quadro
docente, tendo em vista que a Universidade demorou quase uma década para
realizar concurso publico para o provimento de vagas para professores, a
escassez de livros na biblioteca e o limitado acesso à internet. Somando a
tudo isso, destaca-se a extrema dificuldade de locomoção e permanência de
alunos oriundos das várias localidades integrantes do estado do Amazonas
(SILVEIRA, COELHO & HOLANDA, 2012, p. 27).
33

Nos demais setores que compõem a estrutura da sociedade tefeense como, por
exemplo, o lado politico que gera o destino desta cidade, talvez não seja muito diferente
das demais cidades, onde há várias disputas acirradíssimas onde a ética e a moral que
deveriam ser levada á sério como princípios norteadores para as eleições, são
simplesmente ignoradas antes e durante e após as eleições, é certo que esse quadro deve
ser mudado, mas isso não vai acontecer da noite para o dia, mas a certeza que tenho é
que isso um dia vai mudar, mas para que ocorra essa e outras mudanças é preciso que as
pessoas mudem suas concepções intelectuais, e o CEST deve assim como os demais
espaços da sociedade tefeense ter autonomia para gerir ações que possam mudar essa
estrutura que está instalada apenas para suprir os interesses de uma minoria de pessoas,
enquanto a maioria sofrer as consequências como, por exemplo, a falta de uma
educação de qualidade, postos de saúde que possam suprir as necessidades dos
enfermos, qualificação profissional dos trabalhadores, como também melhores
condições nos locais de trabalho, e muitas outras problemáticas que precisam ser
resolvidas.
Além disso, relembro que até o prédio da prefeitura já foi incendiado, no qual
em decorrência desse fato vários documentos oficiais foram perdidos, ressalto também
que ainda ocorrem as faltas de energia (mais conhecidos como apagões) que vêm se
perpetuado há anos e tornando está cidade literalmente em Tefé em trevas (devido à
escuridão, calor e aos ataques das carapanãs), sendo que durante o dia essa situação
prejudica os diversos setores como, por exemplo, as Agências Bancárias, Casas
Loterias, Supermercados, Escolas, as secretarias municipais, cartórios, etc. Ou seja,
essas realidades devem ser mudadas!
Já em relação aos dois patrimônios culturais da cidade de Tefé, em que essa
monografia tem como foco de estudo, ou seja, o Seminário de São José (patrimônio
material) e a Feira de Tefé (patrimônio imaterial), esse bens culturais precisam ser
inventariados para que se possam ser tombados, é importante ressaltar que essas ações
devam ocorrer nos entrelaçamentos das ações da comunidade e dos órgãos públicos,
para que assim não ocorra apenas a preservação desses bens culturais, mas que esses
bens sejam utilizados constantemente pela sociedade tefeense, pois esses bens são uns
dos maiores legados que compõem a cidade de Tefé, principalmente porque possuem
características próprias dessa sociedade, além disso, a Constituição Federal do Brasil
(1988), em seu artigos 15 e 16, sobre essa situação.
34

2.2. Análise sistematizada acerca do Seminário São José

“Seminário São José, criado pelos Padres Espiritanos no


inicio do século XX. Sua arquitetura arrojada foi palco
da formação de diversas gerações de intelectuais
professores e políticos” (SILVEIRA, COELHO &
HOLANDA, 2012, p. 27).

O Seminário São José está localizado no centro da cidade de Tefé/AM, em frente


do lago de Tefé e próximo da Feira de Tefé. O Seminário São José, é um dos legados
dos missionários Espíritos Santos no município de Tefé. Através dos argumentos de
Silva, podemos ter consciências do processo da construção deste edifício, que após a
sua construção e inauguração, movimentou a cidade de Tefé, como também tornou esse
espaço referencial pela qualidade de ensino no qual era dedicado. Segundo os
argumentos de Jansen citado por Silva, é possível ter o conhecimento de uma parcela
desse processo de instalação é construção desse patrimônio cultural material na cidade
de Tefé/Am.

O Prédio da Prefeitura Apostólica e Seminário São José, patrimônio da


Prelazia de Tefé e também cultural da cidade de Tefé, criado em 1910, [...]. O
ano de 1890, marca a chegada dos missionários do Espírito Santo com a
missão de trabalhar com os índios do rio Solimões, Juruá e Japurá. Em 1897
os missionários ganharam um terreno, atualmente comunidade da missão na
boca do rio Tefé, que para ser administrada precisamente de um bispo e que
na época foi nomeado o padre Michael Alfred Barrat. Sua chegada em Tefé
foi, no ano de 1910, tendo então sido elevado a Monsenhor Apostólico.
Antes do Palácio Apostólico e Seminário havia uma casa pertencente ao
cônego Casimiro Nalbert Dupuy, vigário de Tefé, que trabalhou vinte cinco
anos na região. O vigário Dupuy tinha que voltar à Europa e doou o terreno e
a casa dos Espiritanos ao MonsehorBarrat onde ficou morando nos primeiros
meses quando chegou em Tefé. Com a posição de Bispo, MosenhorBarrat
passou a construir uma casa mais adequada. Vieram então arquitetos da
França que foram: mestres carpiteiros irmão Tito; mestres pedreiros Haag e
irmão Rafael; pedreiros Horácio Rocha Guimarães; Horácio Guimarães;
Paulo Pantoja e outros que começaram elaborar o projeto do Palácio
apostólico. A obra iniciou em 1913 e foi inaugurada em 1919, sendo que era
possível somente a utilização do primeiro andar do prédio (SILVA, JANSEN,
2001 apud Portela, 2001).

Percebe-se através deste argumento que para a construção do Seminário vieram


pessoas totalmente qualificadas, sendo que essas pessoas vieram de outros países.
Também nota-se que o texto não revela outros agentes a não ser os que vieram da
35

França, talvez seja pelo não-registros dos missionários do Espírito Santo, ou por uma
característica da história positivista, onde na história só há espaço para a classe
dominante, e como se sabe a igreja faz dessa classe na história do Brasil. Segundo Silva:

O prédio tem característica colonial e é importante exemplar da arquitetura


barroca e francesa. É um ponto turístico da cidade tanto por sua beleza,
quanto pela do lago de Tefé. Atualmente está ocupado com entidades ligadas
a Prelazia de Tefé, organizações não governamentais sem fins lucrativos que
realizam trabalhos em funções da falta de ações do poder público nas áreas
social, ambiental e de saúde” ( 2006. p.21).

Essas características que foram citadas acima, atualmente ainda são bastante
nítidas, mesmo em decorrências da falta de preservação específica, principalmente em
se tratando dos trabalhos de manutenção e reparos devidos às deteriorações, observa-se
através das fotografias de Wandresson Rodrigo Martins de Castro (repórter da Rede
Amazônica), que mesmo devido à falta de preservação específica dos órgãos
municipais, ainda há muito a se fazer por esse monumento. Atualmente vem ocorrendo
no Seminário São José a troca do seu telhado, como se pode ver nas fotografias abaixo,
observa-se também que não há nenhuma placa indicando o valor da obra, os técnicos
responsáveis pela obra, prazo de entrega, etc.
IMAGEM 1

Essas
Fonte: imagensRodrigo
Wandresson tornam-se nítidas
Martins para
de Castro que se
– Fotos possa no
efetuadas refletir
domingosobre essas situações,
de 13/10/2013.

o problema não está porque estão trocando o telhado, mas aos riscos de
descaracterização desse edifício. A sociedade tefeense entre todas as suas esferas sócias
36

e políticas, precisam tomar posse desse patrimônio cultural, para que assim sejam
tomadas ações que possam gerir o rumo mais especifico para inventariar e o tombar este
edifício significativo para a história da região, sendo que essas atitudes devem ser
realizadas antes que a natureza venha a colocar literalmente o seminário por água a
baixo, pois a cada cheia dos rios, às águas dos rios vem comprometendo toda a estrutura

IMAGEM 2

física desse edifício, no qual como se pode ver na fotografia abaixo que o muro deste
edifício já se encontra totalmente comprometido, assim colocando no grau maior de
risco toda a estrutura deste edifício.
Entretanto, o que se deve fazer de forma emergência para preservação deste
edifício é a construção de um muro no qual possa diminuir os riscos que o mesmo se
encontra exposto, além disso, a sociedade como o todo deve buscar ações que possam
Fonte: Wandresson Rodrigues Martins de Castro – Fotos efetuadas no domingo de 13/10/2013.
reconhecer oficialmente este edifício como patrimônio histórico do município de Tefé.

2.3. A Feira Municipal de Tefé sobre um olhar sistematizado

A feira municipal de Tefé está localizada no centro de Tefé/AM, próximo ao


Seminário São José e ao Mercado Municipal. Sua importância para este município é
fundamental, pois é neste local que os produtores de várias comunidades locais e
próximas do município de Tefé comercializam em maior potencial suas mercadorias, ou
seja, esse local reúne pessoas de variados hábitos e costumes. A feira municipal de Tefé
em toda a sua complexidade nos expõe “elementos para um novo olhar sobre a
sociedade tefeense: sua história cultural, econômica e política” (CASTRO, 2006, p.9),
não só devido esse espaço ser mais um dos meios da movimentação econômica desta
cidade, mas devido à feira municipal de Tefé ser mais que:

um espaço de comércio, percebemos nesse lugar um espaço cultural, pois a


diversidade de produtos encontrados é grande, tanto regional como de outros
lugares do país. É no espaço da feira que ocorre também as relações sociais,
pois consumidor e vendedor no momento da negociação dos produtos
mantêm relações sociais, independentes de crença, religião ou cultura, com
isto verifica-se a importância das feiras em um contexto social, cultural e
econômica de um município (SILVA, 2007, p.7).
37

É notória a importância que a feira significa para o município de Tefé,


principalmente devido a dinâmica do dia-a-dia, principalmente porque esse ambiente é
uns dos espaços onde também ocorrem as relações sócio/multicultural, acarretando
assim para que a dinamização dos nossos hábitos e costumes se perpetue, sendo que
devemos ressaltar que:

Apesar de não ter uma área adequada, ampla e nem organizada, tem muito a
dizer sobre essa região e seus habitantes. A feira municipal de Tefé é
carregada de significados e memórias coletivas para além das relações
econômicas capitalistas. Ali se entrelaçam a cultura do campo e da cidade,
modos de vidas diferentes, consumidores da região, de diversas partes do
Brasil e às vezes do mundo, construindo, na apropriação daquele espaço,
territórios complexos de relações, sobretudo dos trabalhadores. Cada
trabalhador que por ali vende os seus produtos troca bens simbólicos entre o
comprador e vendedor (CUNHA, 2011. p.31).

Ou seja, esse espaço é muito mais que um local de comercialização dos produtos
agrícolas e outros derivados. Todavia, é importante buscarmos entender o contexto
histórico de como se originou esse espaço, em que devido a crescimento populacional
da cidade, tornava-se necessário que fosse construído um local fixo para
comercialização e armazenamento dos produtos agrícolas para suprir uma das
necessidades básica dos seres humanos, a alimentação.
Antes da construção da primeira feira no município de Tefé, os feirantes
colocavam seus produtos dentro de tabuleiros e bacias, e saiam caminhados pela cidade
para comercializarem os produtos, enquanto outros vendiam pelas esquinas e calçadas,
pois não havia um lugar próprio para a comercialização dos produtos. No decorrer da
década de 1970-80,

as hortaliças produzidas na região, não tinham um local apropriado para a sua


comercialização. Somente no final dos anos 80, foi que o comércio de frutas
nativas da região começou a se desenvolver, porém a agricultura, não era o
carro chefe, pois a população priorizava o extrativismo. A partir do início dos
anos 90 a agricultura passou a ser reconhecida, e neste período foi construído
a primeira feira em Tefé, em frente a Praça Remanso do Boto ( GAMA apud
CASTRO, 2006. p, 9 ).

O espaço onde está localizada atualmente a feira foi inaugurado, em 1996, sob
mínimas condições em sua estrutura física, onde os feirantes eram submetidos a colocar
os seus produtos sob as lonas que ficavam sobre o chão. Assim, o que se percebe é que
através desses atos “inconscientes” dos agricultores e feirantes, esses produtos
colocavam em risco a saúde dos consumidores, pois o único local que se tinha era esse
38

com mínimas condições de infraestrutura. Atualmente a feira mede 120m², dividido


entre 146 boxes:
45 são destinados para a venda de alimentação, pois são vendidos no
ambiente da feira, café regional e almoço, além da sopa que pode ser
encontrada a qualquer hora do dia, 25 boxes são destinados à comercialização
de bananas, 09 para a venda de açaí, ..., 15 boxes são para a
comercialização de farinha, 22 destinados a outros serviços dentre os quais
podem ser destacados, os armarinhos, os que comercializam estivas,
vendedores de sacolas, artesanatos e vendedores de carvão. E 30 dos boxes
funcionando na feira correspondem a comercialização de verduras, legumes e
frutas.
... A feira não se restringe somente à venda de produtos agrícolas, nesses
ambiente também pode ser encontrado artesanato confeccionado a partir da
matéria prima própria da região, são colares, brincos além de artefatos da
cultura local em miniatura como canoas, remos, tapetes, paneiros e peneiras (
SILVA, 2007. p.12).

É importante ressaltar na distribuição desse espaço em que os produtos são


comercializados, vão muito além dos que foram citados pela Silva, pois os produtos que
são comercializados na feira de Tefé não se restringem apenas no que é produzido na
cidade de Tefé. Segundo Suzi de Castro (2006, p.9), os “produtos que são
comercializados na feira de Tefé são oriundos de comunidades rurais localizados nos
municípios de Tefé, Alvarães, Uarini, Maraã, Coari e Fonte Boa”. Hilkia Alves da Silva,
além de confirmar os dados de Suzi de Castro sobre os principais municípios que
abastecem a feira de Tefé, ainda acrescenta o município de Jutaí e a capital Manaus.
Segundo a pesquisa de Silva (2007, p.23), além desses municípios “foram identificados
67 comunidades, destas 50 pertencem ao município de Tefé, 09 do município de Maraã,
04 do município de Alvarães, 3 do município de Juruá e 1 do município de Fonte Boa”.
Como se pode observar são de vários municípios que os produtos chegam para
serem comercializados na feira de Tefé, sendo que cada município sempre tem suas
especialidades em determinados produtos, ou seja, é uma dessas características que faz
com que à dinamização desses produtos sejam comercializados.
Os meios de transportes que são utilizados para que esses produtos cheguem ao
município de Tefé, constitui-se em canoas movidas a pequenos motores ou as pequenas
embarcações, que muitas das vezes contribuem para que os produtos agrícolas tenham
um preço elevado. Os agentes sociais que dinamizam a feira (exceto os consumidores)
constituem-se entre feirantes, atravessadores, produtores e instituições públicas, em que:

Os feirantes são aquelas pessoas que possuem seus boxes e que todos os dias
estão comercializando seus produtos que podem ser frutas, legumes,
verduras, vendedores de farinha, alimentação, banana, artesanatos e estivas.
39

Estão organizados em associações e não foram identificados grandes


conflitos entre eles.
Os produtores são em maior numero, entretanto, não existe uma regularidade
na ocupação do espaço da feira é em certos momentos conflituosa, existe
uma certa “concorrência”, não apenas pelo consumidor,mas também pelo
espaço na feira, pois alguns atravessadores (aqueles que compram para a
revenda) “apossam-se” do espaço dos produtores para a comercialização de
seus produtos causando certos conflitos entre eles.
Um outro ator social identificado na feira foram duas instituições públicas,
ligadas ao estado e município, o IDAM e a SEMPA (CASTRO, 2007. p.12).

A dinâmica de comercialização dos produtos na feira ocorrem diariamente, como


se observa nos argumentos de Cunha,

segunda a domingo, sendo que de segunda a sábado o movimento começa às


4:00 h da manhã já com os feirantes e camponeses organizando seus produtos
nas bancas para a venda, já por volta das 5h:30min às 6h:00 da manhã a feira
começa receber os clientes. Aos domingos a feira funciona somente até às
12h30min. Não há lugar nenhum que reúne tanta variedade de produtos, na
cidade, lá passam em média 20.000 pessoas, entre clientes no varejo e
comerciantes de outras cidades que chegam a Tefé para comprar produtos
para revender (2011, p.31).

As fotografias a seguir representam de forma nítida acerca do que foi


argumentado em relação aos produtos que são comercializados, além disso, através
desses registros é possível observar como ocorrem as relações entre os agricultores,
feirantes e as pessoas que a principio buscam fazer compras, assim contribuindo para
um melhor entendimento, principalmente devido ao registro das práticas das atividades
que são desenvolvidas, no qual não podem ser materializadas, mas podem ser
registradas. Observe que divisão do espaço da feira é demarcada através das placas que
definem onde é a área do produto e do atravessador, sendo que em volta é onde estão
distribuídos os locais onde as pessoas tomam o café regional, trocam saberem populares
e reproduzem práticas cultuais coletivas.

IMAGEM 3
Fonte: Wandresson Rodrigo Martins de Castro - Fotos efetuadas no domingo de 13/10/2013
40

A feira do município de Tefé, além do que foi argumentado, possuem problemas


relacionados com suas estruturas físicas, principalmente por não proporcionar lugar
apropriado para que os produtores armazenarem seus produtos em grande escala, além
de correrem o risco dos produtos serem subtraídos, por não possuir uma segurança
qualificada e iluminada na feira. Nos horários da comercialização esse espaço se torna
mínimo devido à grande proporção de consumidores, e isso se torna mais critico quando
está chovendo, porque todos ficam enclausurados nesse ambiente, que molha mais
dentro do que fora, devido o local ser aberto. Com a grande escala de produtos
agrícolas, esse local gera bastante lixo, sendo que não há lixeiras para suprir todas as
demandas, assim tornando próximo da feira locais propícios para proliferação de ratos,
urubus e cachorros. Quando os feirantes precisam fazer suas necessidades fisiológicas,
isso se torna mais um problema, pois existe o local, mas não há mínimas condições de
higiene, como também não existe o bebedouro público, “o que faz com que os feirantes
levem água de suas casas para beber ou que os consumidores cheguem a comprar”
(CASTRO, 2006. P.26).
É importante frisar que mesmo devidos a todos os problemas que foram citados,
isso não reduz em essência a importância de inventariarmos a Feira de Tefé, para que a
mesma possa se torna oficialmente em um patrimônio imaterial do município de Tefé,
pois o seu reconhecimento como patrimônio imaterial não está em seu material, mas na
sua essência que é a de reproduz práticas culturais coletivas.
A feira de Tefé nos oculta uma variedade de detalhes que são importantes para
entendermos toda a dinamização que transcorrem no espaço da feira, sendo que este é
um dos lugares que há a maior troca de conhecimentos entre os produtores agrícolas,
feirantes, consumidores e a sociedade no geral. É de importância que tenhamos o
conhecimento que nesse espaço as pessoas não vão apenas para fazer comprar, esse
ambiente proporciona as pessoas uma interação social em que é possível conhecer
através dos diálogos com os feirantes e agricultores os modos de fazer as principais
comidas típicas dessa região como, por exemplo, a tapioca, pé-de-moleque, farinha,
pamonha, bolo de macaxeira, mingau de banana, mingau de milho, etc. Além disso, as
pessoas ainda buscam nesse espaço por ervas terapêuticas para o tratamento de diversas
enfermidades, a feira enquanto ambiente sócio/cultural é muito diferente ao
compararmos quando se vai aos supermercados onde a dinamização do dia-a-dia torna-
nos limitados a termos uma relação social em que as pessoas possam saber sobre as
origens e as práticas de produção dos produtos comercializados, um funcionário do
41

supermercado dificilmente saberia em responder como se faz a farinha, alimento esse


que está na maioria das casas dos tefeenses, mas um feirante ou o próprio produto
agrícola responderia com uma riqueza de detalhes. Esses são apenas alguns dos
exemplos porque a feira de Tefé, dever ser conhecida por direito legal como patrimônio
cultural imaterial.
A feira de Tefé tem características suficientes para que se torne um patrimônio
cultural imaterial, sendo que esse processo de inventariação cabe somente à sociedade
tefeense, que deve está em conjunto com órgãos públicos para buscarem subsídios, e
assim, fazer todos os processos burocráticos e o encaminhamento para que esses
documentos cheguem ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, no qual
é a autarquia maior, e a qual analisa todas as documentações, ou seja, se for aprovado à
solicitação de reconhecimento a Feira é registrada no Livro dos Lugares, onde já está
registrado a Feira de Caruaru-PE.

CAPÍTULO 3: OS BENS MATERIAIS E IMATERIAIS DE TEFÉ NUMA


PERSPECTIVA PEGADAGOGICA: SEMINÁRIO SÃO JOSÉ E A FEIRA
MUNICIPAL DE TEFÉ NUMA

As propostas que foram elaboradas possuem em seus cerce subsídios necessários


para que os docentes da cidade de Tefé possam elaborar atividades de educação
patrimonial, em que o Seminário São José e a Feira de Tefé, sejam utilizados como
fonte primárias de conhecimentos, pois devido às analises feitas em torne dessa
possibilidade, apresento-lhes 3 (três) atividades. Todas essas atividades têm como fonte
de orientação os ideais teóricos e metodológicos do Guia Básico de Educação
Patrimonial (IPHAN), Manual- Diretrizes para a Educação Patrimonial (IEPHA),
Educação Patrimonial – Rememorar para preservar, um direito do Cidadão (SECMG), e
o Manual de atividades práticas de educação patrimonial (IPHAN).
É importante lembrar que devido a todas as complexidades do processo de
aprendizagem e principalmente dos relacionados aos processos cognitivos, é preciso que
os professores tenham o conhecimento prévio dos conceitos e termos relacionados a
educação patrimonial (bens culturais, patrimônio material e imaterial, etc.), para que
assim os mesmos saibam como utilizar essas atividades em que todos os discentes,
42

independente de idade ou séries, possam não apenas usufruir desses ambientes, mas que
os discentes assimilem todas as complexidades que dinamizam e que fazem com que
estes bens culturais sejam reconhecidos como patrimônios culturais. Entretanto, essas
propostas devem ser analisadas minuciosamente pelos os docentes, para que assim os
mesmo possam a adapta-las de utiliza-las da melhor forma possível.

3.1 – A visita guiada ao Seminário São José.

Observação
 Observar o que se vê e pensar a respeito. Usar jogos de comparação com fotos
antigas e recentes, visita ao prédio, etc.

Objetivos: Identificar o objeto e sua função.


 Exemplo de trabalho a ser realizado:
 O que é?
 Por que foi construído?
 Quem construiu?
 De onde vieram os materiais para construção?
 Quando foi inaugurado?
 Qual a sua importância para sociedade tefeense?
 Como está sendo utilizado atualmente?

Registro (O que achei do que vi?)

 Expressar por meio de redação, desenho, poesia, fotografia, maquetes, mapas,


etc.

Objetivo
 Fixar o conhecimento percebido.
 Desenvolver a memória.

Exemplo de trabalho a ser realizado


 Descrever o objeto.
 Fotografe o objeto.

Pesquisa / Exploração
 Discutir com os alunos ou grupo sobre conceitos e dúvidas. Desenvolver
trabalhos sobre o tema com entrevistas, pesquisas em livros, jornais, etc.

Objetivos
 Desenvolver a capacidade de análise e de critica.
 Aprender a interpretar os fatos e acontecimentos.
 Exemplo de trabalho a ser realizado:
 Quais as mudanças que ocorrem no prédio desde a sua construção?
43

 Por quais motivos ocorrem às mudanças?


 De onde vem os recursos para as manutenções do prédio?
 A sociedade tefeense usufruir do Prédio? De que maneira?
Apropriação
 O que cada um aprendeu com os trabalhos desenvolvidos? O que assimilou?
Este é o momento que o grupo tem para expressar, da maneira que for mais
conveniente e informal, o significado que ficou para cada um.

Objetivos
 Apropriação do bem como patrimônio cultural.
 Valorização da cultura local.

Exemplos de trabalho a ser realizado


 Construção de uma maquete do prédio.
 Debater sobre a importância do patrimônio cultural material para a sociedade
tefeense.

3.2 – Passeio turístico (FEIRA DE TEFÉ)

Objetivo: ()

Observação – É a primeira fase de contato e de observação do ambiente, no qual os


alunos devem observar de que formar ocorre à dinamização da feira, quais os agentes
que compõem para o funcionamento, como é a estrutura física, quais os produtos
comercializados, etc.

Registro - A segunda etapa é o momento de registro das atividades do primeiro


momento. Ex: fotografar, desenhar, etc.

Pesquisa/Exploração - A terceira etapa torna-se momento da consulta em livros,


internet, e entre outros meios de informação sobre a origem do objeto.

Apropriação – A quarta etapa é composta de duas partes: A primeira na divulgação


dos resultados obtidos, e a segunda em oportunizar para que ocorram os
questionamentos, as criticas, sugestões, e as reflexões criticas sobre a feira como um dos
bens imateriais e a sua importância cultural, política e econômica, para a sociedade
tefeense.Entretanto, a quarta etapa é o momento sistematização das junções das três
etapas e da divulgação dos resultados obtidos. A divulgação dos resultados pode ser
realizada através de seminários, debates, exposição, entre outras.
44

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os caminhos trilhados na elaboração das propostas pedagógicas de


potencialização para a aquisição de conhecimentos históricos reuniu diversos conceitos
que para a melhor compreensão tornou-se necessário fazer as analises sistematizas
acerca sua utilização do decorrer do tempo espaço. Como foi constatado o termo
patrimônio não é uma palavra que surgiu na modernidade, esse termo já era utilizado no
45

mundo clássico e no mundo medieval, entretanto o uso deste termo a partir do final do
século XVIII durante a Revolução Francesa, ou seja, na noite de 14 de junho de 1789,
quando o povo tomou conta das ruas em marcha, começou a receber o novo estereotipo
diferente que era usada na sociedade antiga e medieval, em que o termo patrimônio
referenciava aos legados deixados pelos aristocratas, no qual se constituíam entre
objetos e obras de arte.
Assim, em decorrência dos motins e da destruição dos monumentos e obras de
artes que vinham acontecendo nesse período, (no qual temos como exemplo clássico a
queda da Bastilha), foram criadas as comissões que tinham como atribuições criar ações
para a preservação dos monumentos e obras de arte que representam o estado nacional
francês. No decorrer das duas guerras mundiais também foram tomadas atitudes para a
preservação dos monumentos e obras de arte, a ONU no qual criou a UNESCO, em que
veio fazendo subsídios para a preservação dos patrimônios, tornou-se como ponto de
referências para as ações em diversos países.
No Brasil essas preocupações aos bens patrimoniais também teve em principio
ligações referente à identidade nacional brasileira, principalmente com o Estado Novo
durante o período do governo de Getúlio Vargas. As primeiras ações que foram tomadas
foi através do ministro da educação Gustavo Capanema, que solicitou a Mário de
Andrade que elaborasse um anteprojeto para a criação do Instituto Preservacionista,
logo veio à criação do Decreto-Lei n°25, de 30 de novembro de 1937, mais conhecida
como a Lei do Tombamento e do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico – SPHAN,
no qual esse órgão tinha como atribuições fazer o tombamento dos patrimônios
históricos e artísticos brasileiro, ou seja, durante muitos anos tudo o que era
tombamento era o que representava a elite da sociedade brasileira. Esse quadro só
começou mudar através da Constituição Federal de 1789, que modifica tanto a
nomenclatura, quanto a determinação do que são considerados como bens culturais do
Brasil, em seu artigo 16, que constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de
natureza material e imaterial. A partir de 1983, no museu Imperial foram realizadas as
propostas que em os monumentos históricos fossem utilizados como fonte primária de
conhecimento, sendo que essas ações foram direcionadas especificamente para os
museus, em decorrências do Guia Básico de Educação Patrimonial e de outras obras,
esses trabalhos têm a cada dia sendo elaborados por diversas partes do Brasil.
Diante de tudo o que foi abordado chegou a tal reflexão que tanto o Seminário
de Tefé, quanto a Feira Municipal de Tefé, possa ainda mais, devem ser explorados
46

pedagogicamente, porque através de seus usos como fonte primária de conhecimento os


docentes e discentes em contato direto vão conhecer sobre a importância desses dos
bens culturais para toda uma complexidade que gerir está cidade. Assim, esses espaços
certamente receberão mais atenção tanto da sociedade, quanto dos órgãos públicos,
principalmente na criação de projetos de leis de preservação, manutenção e restauros,
como na valorização das tradições que vem se constituindo nesses espaços.
Entretanto, o primeiro passo que se deve fazer é a alfabetização da sociedade
tefeense, através da Educação Patrimonial nas escolas, para que a sociedade tenha
conhecimento teórico, e assim possam tomas as principais medidas são a de identificar,
conceituar, inventariar e registrar os patrimônios culturais materiais e imateriais do
município de Tefé (Seminário São José e Feira Municipal de Tefé). A sociedade deve
tomar posse desses legados, ser a principal guardiã desses bens culturais, e de outros
também. As propostas apresentada mostram de maneira objetiva os meios para que se
busquem executar a educação patrimonial nas escolas do ensino fundamental e ensino
médio, tornando-se mais um dos meios para subsidiar os educadores que se
comprometem por uma educação galgada em formar cidadãos capazes de serem os
verdadeiros guardiões dos patrimônios culturais da sociedade tefeense.

REFERÊNCIAS

BISPO, Mariana Nascimento. Políticas públicas e o patrimônio histórico: das


primeiras ações a economia da cultura. Contemporânea, Ed.17 | Vol.9 | N1 | 2011

CANANI, Aline SapiezinshasKrásBorge. Herança, Sacralidade e Poder: sobre as


diferentes categorias do patrimônio histórico e cultural no Brasil. Horizontes
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ANEXOS
50

Bens registrados e processos de registro em andamento pelo IPHAN


BENS REGISTRADOS
• Ofício das Paneleiras de Goiabeiras
• Kusiwa – Linguagem e Arte Gráfica Wajãpi
• Círio de Nossa Senhora de Nazaré
• Samba de Roda do Recôncavo Baiano
• Modo de Fazer Viola-de-Cocho
• Ofício das Baianas de Acarajé
• Jongo no Sudeste
• Cachoeira de Iauaretê – Lugar sagrado dos povos indígenas dos Rios Uaupés e Papuri
• Feira de Caruaru
• Frevo
• Tambor de Crioula do Maranhão
• Samba do Rio de Janeiro
• Modo artesanal de fazer queijo de Minas
• Capoeira
PROCESSOS DE REGISTRO EM ANDAMENTO
• Complexo Cultural do Bumba-Meu-Boi do Maranhão
• Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis
51

• Registro da Localidade de Porongos


• Festa de São Sebastião, do Município Cachoeira do Arari, da Ilha de Marajó
• Registro das Festas do Rosário
• Ritual Yãkwa do Povo Indígena EnawenêNawê
• Artesanato Tikuna /AM
• Farmacopéia Popular do Cerrado
• Circo de Tradição Familiar
• Modo de Fazer Renda Irlandesa
• Lugares Sagrados dos Povos Indígenas Xinguanos / MT
• Linguagem dos Sinos nas Cidades Históricas Mineiras São João Del Rei, Mariana,
Ouro
Preto, Catas Altas, Serro, Sabará, Congonhas e Diamantina
• Registro do Mamulengo
• Feira de São Joaquim, Salvador / BA.
Fonte: http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=10852&retorno=paginaIphan, em 28/07/2008

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