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Note Bem: leia atentamente todo o enunciado da prova. As respostas devem ser convenientemente justificadas, indicando o
respetivo fundamento legal sempre que for caso disso. Seja preciso(a) e rigoroso(a) no seu discurso. A legislação consultada não
deve conter anotações, impressas ou manuscritas, exceto remissões. Tempo útil de duração da prova: 2h Boa sorte!
I (6 valores)
Distinga (e dê exemplos):
1. Boa fé em sentido subjetivo de boa fé em sentido objetivo;
2. Responsabilidade subjetiva de responsabilidade objetiva;
3. Direitos absolutos de direitos relativos;
4. Fundações de corporações.
II (6 valores)
Comente as seguintes afirmações:
A) “O Código Civil português consagrou expressamente o chamado Direito Geral
de Personalidade e a responsabilidade civil é o único meio de tutela.”
Tópicos básicos:
Explicar o art. 70.º, n.º1. A tutela geral da personalidade; o conceito de Direito Geral
de Personalidade (defendido pela Escola de Coimbra); as fontes de direitos especiais
de personalidade (Código Civil, Constituição, leis avulsas, Convenções
internacionais, jurisprudência, etc.); a dimensão aberta dessa tutela: personalidade
física e personalidade moral.
Seguidamente, explicar os meios de proteção dos direitos de personalidade: a
responsabilidade civil (extracontratual) e a indemnização por danos patrimoniais e
não patrimoniais e a importância das “providências adequadas” quer preventivas,
quer reparatórias. Referência à responsabilidade criminal.
III (8 valores)
Rita abusa de bebidas alcoólicas e tem vindo a delapidar o seu património
jogando “raspadinhas” e outros jogos de azar, nos últimos seis anos. Em janeiro de 2015
foi sujeita a uma ação com vista à sua incapacitação, que viria a ser publicitada a 20 de
fevereiro do mesmo ano. A sentença que a incapacitou – de 30 de setembro de 2017 –
foi registada dia 15 de dezembro passado.
Rita praticou os seguintes negócios:
a. No dia 30 de janeiro de 2015, Rita vendeu o seu automóvel (um Renault
Mégane de 2014) por €1000 (mil euros) a João, vendedor de cautelas da
lotaria;
b. No dia 16 de outubro de 2016 doou um colar de ouro a Sara, sua amiga de
longa data;
c. No dia 6 de janeiro de 2018, falsificando uma certidão do registo civil e
fazendo-se passar por plenamente capaz, vendeu um quadro da famosa
pintora Vieira da Silva por €5000 (cinco mil euros).
d. No dia 7 de janeiro casou-se com Xavier, seu primo direito.
Aplica-se o art. 150.º (por remissão do art. 156.º), pois a ação ainda não foi
publicitada (apesar de já ter sido intentada). O artigo remete para o art. 257.º - 2
requisitos: (1) haver incapacidade de entender o sentido da declaração ou não
tinha o livre exercício da vontade – parece ser o caso... pois o preço é
absolutamente irrisório (carro novo custa muito mais de €1000) + ser notório ou do
conhecimento do declaratário – também se verifica, pois o vendedor de cautelas de
lotaria seguramente sabia que a incapaz ia vender o carro ao desbarato para
jogar... logo é anulável.
(PARA VALORIZAR: Qual o Prazo para intentar a ação de anulação? Aplica-se o
art. 125.º, por remissão do art. 156.º e 139.º, mas o prazo (de 1 ano após o
conhecimento do negócio para o curador) só deve começar a correr depois de
15/12/2017 (aplicação analógica do art. 149.º/ 2)
Art. 148.º regra da anulabilidade – que reconduz ao art. 125, por pfrça do art.
156.º e 139.º
Ato de disposição carece de autorização do curador – art 153.º
Mas, é um caso de dolo do inabilitado - Art. 126.º, por remissão do artigo 156.º e
art. 139. Explicar as duas teses em confronto, sobre a legitimidade de o curador
poder requerer a anulação do negócio. Seguindo a tese de CARLOS ALBERTO
DA MOTA PINTO (PINTO MONTEIRO e P MOTA PINTO) não podem
requerer – argumento teleológico (confiança do tráfego jurídico). Seguindo a tese
de OLIVEIRA ASCENSÃO e ORLANDO DE CARVALHO, sim PODEM.
Argumento literal e teleologia de proteção dos incapazes.