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Sumário
1. Introdução
O presente estudo pretende analisar as formas pelas quais as praticas corruptivas, as quais, lamentavelmente, são bastante
comuns em nosso país, prejudica a aplicação das leis e a plenitude das instituições democráticas, reduzindo demasiado o
desenvolvimento econômico e a implementação de Direitos Sociais.
Assim, o texto visa esclarecer alguns aspectos pontuais do desenvolvimento econômico e da democracia, bem como as
fragilidades do Estado Brasileiro neste sentido.
Para tanto, serão abordados conceitos da ciência política, sociologia, economia e direito, de forma a tentar demonstrar que
nos Estados em que a corrupção é presente, as instituições democráticas são frágeis e não operam em favor da população
melhorando a qualidade de vida e os índices de desenvolvimento humano. Ao final, serão apresentadas algumas sugestões de
mitigação do problema.
Tomando como base um dos autores mais respeitados sobre o tema, pode-se afirmar que desenvolvimento econômico é um
conceito de cunho histórico, o qual se desenvolve naqueles países que realizaram no momento adequado uma revolução capitalista,
a qual se caracteriza pelo incremento sustentado e sustentável da produtividade e da renda por habitante, em conjunto com uma
constante acumulação de capital, quando acompanhada pela incorporação do progresso técnico às instituições econômicas e
produtivas, tais como indústria, comércio e mercado de trabalho. Tal contexto social e econômico, uma vez iniciado, tende a ser
razoavelmente autossustentável, uma vez que no sistema capitalista os mecanismos de sustentação dos mercados costumam
depender de incentivos para o aumento do estoque de capital e de conhecimentos técnicos[1] (#_ftn1) .
Todavia, não há que se pensar que as taxas de crescimento de todos os países serão necessariamente semelhantes: como se
percebe na simples observação do crescimento das economias capitalistas globalizadas, elas costumam variar sensivelmente
conforme a capacidade dos governos de ajustarem sua primordial instituição econômica, o mercado, para a promoção do
desenvolvimento. É perceptível, contudo, que no longo prazo, os avanços sociais e econômicos conquistados, dentro de flutuações
razoáveis, dificilmente são perdidos completamente, já que a acumulação de capital em uma economia avançada e dinâmica, sob os
aspectos tecnológico e produtivo, passa a ser condição de sobrevivência das empresas. As taxas de crescimento reais, porém, podem
ser extremamente díspares, o que pode indicar que o progresso econômico nunca está completamente assegurado, como pode ser
percebido atualmente no Brasil, por exemplo.
Portanto, dois elementos servem de indicativos básicos para a percepção do nível de desenvolvimento econômico de uma
economia: a taxa de acumulação de capital em relação ao produto nacional, e a capacidade de incorporação dos progressos técnicos
à produção. Em suma, a aceleração ou declínio do desenvolvimento econômico está intimamente relacionada à existência, ou não,
de uma estratégia econômica adequada de âmbito nacional, e porque não dizer, internacional, de crescimento. Assim, ao passo que
um Estado esteja suficientemente coeso para competir internacionalmente, melhor aproveitará os recursos e instituições de que
dispõe internamente.
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Admitindo-se, então, que o crescimento econômico e social de um país depende da acumulação de capital e da incorporação
do progresso técnico à produção, não se faz necessária uma exegese por demais aprofundada para que se perceba que estas
condições estão atreladas inexoravelmente à confiabilidade e à qualidade das instituições democráticas políticas formais, tais como
a Lei, o Poder Judiciário, e informais, como as práticas sociais, usos e costumes.
Desta maneira, se um governo consegue gerir estas instituições econômicas e sociais de forma adequada, criando uma
estratégia de nacional de competição internacional, aumentará a probabilidade de que suas taxas de crescimentos sejam elevadas,
proporcionando crescimento econômico, aumento das taxas de emprego e dos indicadores de qualidade da vida da população.
Assim, se uma economia está em processo de crescimento, suas instituições políticas, sociais e econômicas estão funcionando em
uníssono, sinal de que existe uma estratégia de crescimento implementada pelo governo considerando as variáveis internas e
internacionais. Em contrapartida, se o crescimento econômico é lento, ou mesmo negativo, pode-se afirmar com poucas chances de
errar, que há uma crise de solidariedade institucional interna, e que este país já não conta com uma estratégia adequada de
crescimento. Neste contexto, mesmo que existam razões externas para a estagnação da economia, há certamente, uma crise
institucional interna à vista.
Está se pretendendo afirmar, em apertada síntese, que para que haja desenvolvimento econômico é primordial que as
instituições assegurem a ordem pública e a estabilidade política em um primeiro plano. Asseguradas estas, é preciso calibrar o bom
funcionamento do mercado, e por fim, estimular o empresariado a investir e inovar na economia. Assim afirmou Bresser Pereira em
texto ainda bastante atual, que merece ser transcrito:
A Constituição Federal possui vários dispositivos que versam de forma expressa sobre a atividade econômica, afirmado que
esta é fundada “na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social”, e deve obedecer a uma série de princípios, o que mostra de forma cabal frágil equilíbrio
inerente a matéria:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
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Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital
estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros.
De tudo que foi afirmado nas linhas acima, é possível extrair que o desenvolvimento social e econômico depende de um
equilíbrio delicado entre as instituições públicas e privadas, tais como forças produtivas, os Poderes da República e a Sociedade Civil
Organizada, conceito este que com o advento das redes sociais, deve ser objeto de ampla revisão. E este equilíbrio dinâmico pode ser
quebrado por várias circunstâncias, dentre elas, a disseminação da corrupção, conforme será demonstrado nas linhas abaixo.
3. Conceito de corrupção
A compreensão do papel desempenhado pela corrupção nas instituições politicas, econômicas e sociais deve ser antecedida da
compreensão do que se entende por corrupção, mas a despeito do que possa parecer em um primeiro momento, não se trata de
tarefa fácil sua adequada percepção.
A corrupção se manifesta por meio de condutas que não estão ligadas, necessariamente, ao descumprimento da lei, mas,
também, na agressão a preceitos morais e sociais. Envolve, por exemplo, a prática de condutas como suborno, nepotismo e tráfico
de influência, condutas estas que na maioria das vezes possuem relação com o desvio de função da posição pública para a obtenção
de benefícios e favorecimentos privados.
Portanto, é possível afirmar que o conceito de corrupção pode ser encontrado com a análise do desempenho das funções
estatais e das noções de interesse público e de bens público. Na ciência política, já se debruçaram doutrinadores consagrados sobre
este tema, sendo interessante recordar o que afirmou Norberto Bobbio[3] (#_ftn3) :
“Fenômeno pelo qual um funcionário público é levado a agir de modo diverso dos
padrões normativos do sistema, favorecendo interesses particulares em troca de
recompensa. Corrupto é, portanto, o comportamento ilegal de quem desempenha um
papel na estrutura estatal”.
Compreendido em apertada síntese o que se entende por corrupção, mostra-se interessante estudar as formas pelas quais a
corrupção pode dificultar o desenvolvimento econômico e social de um país.
Como pode ser depreendido da leitura das linhas acima, a corrupção é um fenômeno multidisciplinar e multicultural o que
impede, por óbvio, que se afirme que sua prática disseminada cause prejuízos de uma única espécie. De uma forma bastante ampla,
pode-se afirmar que a corrupção enfraquece as instituições democráticas, sejam elas públicas ou privadas, reduzindo o
desenvolvimento econômico, e contribuindo para a alta da inflação e para o aumento das taxas de desemprego.
A desordem financeira e econômica deságua também, conforme pode ser visto nas manifestações politicas populares de
junho de 2013 e de março de 2015, no aumento da instabilidade política, prejudicando o exercício do poder, distorcendo os
processos eleitorais por meio da deslegitimação do Estado Democrático de Direito.
Tais eventos afastam os investimentos estrangeiros e nacionais na economia, dificultando o desenvolvimento da atividade
empresarial, causando grandes prejuízos a população.
Assim, uma das consequências mais danosas da corrupção é a redução do recolhimento de impostos e o aumento do
desemprego em razão da diminuição dos postos de trabalho, em razão de uma economia deficiente.
A retomada do desenvolvimento econômico não passa somente pelo combate a corrupção, isso é certo. Todavia, o resgate da
credibilidade nas instituições politicas, sociais e econômicas é uma das condições essenciais para o retorno a um estado de
estabilidade politica que proporcione as condições ideais para a retomada do crescimento da economia e o incremento na melhoria
nos indicadores de qualidade de vida.
Desta maneira, o combate a corrupção passa por ações multidisciplinares, tais como reformas políticas e institucionais, tanto
por meio da criação de novas regras de conduta, como pelo aperfeiçoamento das já existentes. É preciso considerar, também,
mudanças de estrutura e a definição de incentivos que tornem as boas condutas mais atrativas do que as corruptivas e oportunistas.
Devem ser adotadas, portanto, regras de boa governança com o estabelecimento de padrões de conduta transparentes, tanto
no setor público quanto no privado, que desprestigiem ao máximo os envolvidos em atos de corrupção. Tais regras devem assegurar
a punição rigorosa e exemplar dos envolvidos em irregularidades, estimulando não só a obediência aos padrões corretos, mas
incentivando, também, a delação daqueles que insistam em delinquir.
É preciso, em suma, resgatar a credibilidade e a confiança nas instituições democráticas responsáveis pela manutenção da
ordem e pelo desenvolvimento econômico.
5.Conclusão
O fortalecimento da democracia brasileira e o desenvolvimento econômico são intensamente prejudicados pela ampla
disseminação de práticas corruptas nos contratos públicos e na dinâmica dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
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O enfraquecimento das instituições democráticas reduz o crescimento econômico e prejudica a população, uma vez que as
taxas de desemprego tendem a aumentar junto com a inflação, reduzindo os indicadores de qualidade de vida e de desenvolvimento
humano.
Assim, o combate a corrupção é medida que fortalecerá a economia e as instituições politicas, trazendo benefícios para todo o
país.
6. Referências
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Brasília: IPEA, n. 14, dez. 1996.
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CADEMARTORI, Sérgio. Estado de direito e legitimidade: uma abordagem garantista. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999.
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FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 3ª edição revisada. São Paulo: Globo, 2001.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. A Corrupção Como Fenômeno Social e Político. In Revista de Direito Administrativo, n.
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TIETENBERG, T. Environmental and Natural Resources Economics. New York: Harper Collins College Publishers. 4th edition,
1996.
[1] (#_ftnref1) Bresser-Pereira, Luiz Carlos. O conceito histórico de desenvolvimento econômico. Disponível na internet em
<http://www.bresserpereira.org.br/papers/2006/06.7-conceitohistoricodesenvolvimento.pdf
(http://www.bresserpereira.org.br/papers/2006/06.7-conceitohistoricodesenvolvimento.pdf) >, acessado em 29 de março de 2015.
[2] (#_ftnref2) Bresser-Pereira, Luiz Carlos. O conceito histórico de desenvolvimento econômico. Disponível na internet em
<http://www.bresserpereira.org.br/papers/2006/06.7-conceitohistoricodesenvolvimento.pdf
(http://www.bresserpereira.org.br/papers/2006/06.7-conceitohistoricodesenvolvimento.pdf) >, acessado em 29 de março de 2015. Pág. 6.
[3] (#_ftnref3) BOBBIO, Noberto. MATTEUCCI, Nicola. PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política trad. Carmen C, Varriale
et ai.; coord. trad. João Ferreira; rev. geral João Ferreira e Luis Guerreiro Pinto Cacais. - Brasília : Editora Universidade de Brasília,
1ª ed., 1998
Autor
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