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R IO DE J ANEIRO
U NIVERSIDADE DO E STADO DO R IO DE J ANEIRO /UERJ
NEPEC/D EPTO. DE G EOGRAFIA H UMANA /INSTITUTO DE G EOGRAFIA
2009
Reitor Sub-Reitora de Extensão e Cultura
Ricardo Vieiralves de Castro Regina Lúcia Monteiro Henriques
Vice-Reitora Centro de Tecnologia e Ciências
Maria Christina Paixão Maioli Maria Georgina Muniz Washington
Sub-Reitora de Graduação Instituto de Geografia
Lená Medeiros de Menezes Gláucio José Marafon
Sub-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Departamento de Geografia Humana
Monica da Costa Pereira Lavalle Heilbron Zeny Rosendahl
CONSELHO EDITORIAL
ZENY ROSENDAHL – EDITOR-CHEFE
ROBERTO LOBATO CORRÊA
JOÃO RUA
CONSELHO CONSULTIVO
JOSÉ FLÁVIO PESSOA DE BARROS – ANTROPÓLOGO/UERJ
LEONARDO BOFF – TEÓLOGO/UERJ
CREUSA CAPALBO – FILÓSOFA/UERJ
DANIEL W. GADE – GEÓGRAFO/UNIVERSITY OF VERMONT
JOÃO SARMENTO – GEÓGRAFO/UNIVERSIDADE DO MINHO
FERNANDA CRAVIDÃO – GEÓGRAFA/UNIVERSIDADE DE COIMBRA
DENIS COSGROVE = – GEÓGRAFO/UCLA
MARVIN W. MIKESELL – GEÓGRAFO/UNIV. CHICAGO
PAUL CLAVAL – GEÓGRAFO/SORBONNE, PARIS
PEDRO RIBEIRO DE OLIVEIRA – SOCIÓLOGO/UFJF
MILTON SANTOS = – GEÓGRAFO/USP
JEAN RENNÉ BERTRAND – GEÓGRAFO/UNIVERSTÉ DU MAINE
ESPAÇO E CULTURA. – N. 3 – (DEZ. 1996) – RIO DE JANEIRO: UERJ, NEPEC, DEZ. 1996 –
79 PÁG.
SEMESTRAL
ISSN 1413-3342
1. GEOGRAFIA HUMANA - PERIÓDICOS. I. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
– NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE ESPAÇO E CULTURA.
Projeto Gráfico: Quartet Editora & Comunicação Ltda; Capa: Carlota Rios/Imagem: Panorama da Primeira Missa no Brasil, Vitor Meirelles (1860). Acervo do Museu Nacional de Belas Artes, RJ
EDITORIAL ........................................................................... 5
O presente número da revista Espaço e Cultura reúne textos apresentados no 5.º Sim-
pósio Nacional e 1.º Internacional sobre Espaço e Cultura, realizado na UERJ, na
cidade do Rio de Janeiro, entre 26 e 29 de setembro de 2006.
Os trabalhos que compõem este volume referem-se aos textos completos relativos às comu-
nicações apresentadas durante a realização do Simpósio. Este volume, de número 25, é dedi-
cado à análise de textos que abordam temas como literatura, música, pintura, cinema e que
também analisam a paisagem como cenário.
Os Editores.
RESUMO
CONSIDERANDO A INTERAÇÃO GEOGRAFIA-LITERATURA, O ARTIGO ABORDA A REPRESENTAÇÃO ESPACIAL PRESENTE NO
ROMANCE CLARA DOS ANJOS, DE LIMA BARRETO.
EM SEU PRIMEIRO ROMANCE ESBOÇADO, O ESCRITOR NOS APRESENTA SUA LEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
TRAÇANDO EM CATEGORIAS COMUNS A ESCRITORES E GEÓGRAFOS UM PANORAMA DA CIDADE NA TRANSIÇÃO PARA O
SÉCULO XX.
O TEXTO DE LIMA BARRETO GUARDA A EXPRESSÃO MÁXIMA DE SUA ESPACIALIDADE E TEMPO E OS CONFLITOS QUE
ENVOLVEM SEUS PERSONAGENS ESTÃO NO COTIDIANO URBANO. A CIDADE DO ROMANCE NASCE DA SENSAÇÃO, VIVÊNCIA,
PERCEPÇÃO E CONCEPÇÃO DO AUTOR E CONSTITUI SUA EXPERIÊNCIA COM O LUGAR.
PALAVRAS-CHAVE: REPRESENTAÇÃO, LUGAR, CIDADE.
O romance Clara dos Anjos começa a ser escrito O Rio de Janeiro da primeira versão é o de an-
em 1904 e, embora não passe do roteiro, dois capí- tes da Abolição da escravatura. A ação se desen-
tulos inteiros e o esboço de mais dois ou três nas- volve até o regime republicano, por volta de 1904
ceu da intenção do autor de escrever uma obra no- e 1905. Clara é “deflorada” no ano seguinte à mor-
tável sobre a história da escravidão negra no Brasil. te do pai, no dia 12 ou 13 de maio, a própria data
O livro só foi concluído entre 1920 e 1922 e da Abolição.
Lima Barreto não o viu publicado. O romance já Nessa primeira versão de Clara dos Anjos Lima
não seguia o esboço original. No entanto, o pró- Barreto descreve a formação da cidade, o papel
prio autor afirma: “ Saiu coisa bem diferente, se dos meios de transporte na expansão urbana, des-
bem que o fundo seja o mesmo”1. tacando a segregação espacial reproduzida pelos
Nas duas versões Clara é vítima da sua condi- bondes e trens. As habitações compõem o pano-
ção de mulher, negra e pobre. A história é a mes- rama que abriga os personagens do romance e entre
ma: a jovem mulata que se deixa perder por um os operários e outros cavalheiros citados, pode-
rapaz de condição superior à sua, branco, o qual mos reconhecer o tipo que representaria o anti-
recusa o casamento para consertar o malfeito. herói, o violeiro chamado Cassi Jones na versão
dos, dependurados no corrimão de ferro com BROCA, Brito. A vida literária no Brasil - 1900. Rio de Janeiro:
José Olympio, 2004.
um único pé no estribo do veículo. (Clara CORRÊA, R. L. & ROSENDAHL Z.(org). Geografia Cultural:
Um século(2). Rio de Janeiro: Editora UERJ, 2000.
dos Anjos, p.92).
CORRÊA, R. L. Geografia Cultural: Passado e Futuro- uma
introdução. In: CORRÊA, R. L. & ROSENDAHL, Z. Manifes-
tações da Cultura no Espaço. Rio de Janeiro: Editora UERJ, 1999.
Tratar o subúrbio como o “refúgio dos infelizes”! É HOLZER, Werther. A Geografia Humanista - sua trajetória de
1950 a 1990. Rio de Janeiro: UFRJ, 1992. Dissertação de
um sentimento autobiográfico? Lima Barreto não se sen- Mestrado.
tia totalmente integrado à vida suburbana. A viagem de LEFEBVRE, H. La Presence e L’Absence. Paris: Casterman, 1980.
trem, o principal meio de transporte do subúrbio para a ____________. Lógica Formal, Lógica Dialética. Rio de Janeiro:
Brasiliense, 1979.
cidade, por vezes o distraía em observações que esti- ____________. The Production of Space. Oxford UK &
Cambridge USA: Blackeell,1974.
mulavam suas reflexões e alimentavam a criação do tra-
MELLO, J. B. F. O Rio de Janeiro dos Compositores da Música
balho de escritor e por outras o aborrecia. O modo Popular Brasileira - 1928/1991 - uma introdução à Geografia
Humanística. Rio de Janeiro: PPGG/UFRJ, Dissertação de
como os passageiros da primeira classe muitas vezes o Mestrado.
MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo. O mapa e a
observavam causava desconforto e indignação. Estão trama: ensaios sobre o conteúdo geográfico em obras romanes-
cas. Florianópolis: Editora da UFSC, 2002.
nas páginas de seu Diário Íntimo - organizado por Fran-
MORETTI, Franco. Atlas do romance europeu 1800-1900.
cisco de Assis Barbosa - anotações sobre um subúrbio Tradução Sandra guardini Vasconcelos. São Paulo: Boitempo,
2003.
triste, abandonado nos projetos de política urbana e PECHMAN, Robert Moses(org.). Olhares sobre a cidade. Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 1994
carente de bem feitorias e ao mesmo tempo povoado
POCOCK, D. C. D. Geography and Literature. Progress in
por uma multidão de mal sucedidos. Human Geography. Institute of British Geographers, 1988.
RESENDE, Beatriz & VALENÇA, Rachel. Toda Crônica. Lima
Barreto 1919-1922. Apresentação e notas de Beatriz Resende;
organização de Rachel Valença. Rio de Janeiro: Agir, 2004.
NOTAS __________________________________
1 RESENDE, Beatriz. Lima Barreto e o Rio de Janeiro em fragmentos.
Mestre em geografia pela Universidade Federal Flu- Rio de Janeiro: Editora UFRJ,1993
minense SANTOS, Noronha F. A. As freguesias do Rio Antigo. Rio de
2
Carta a Almáquio Cirne, em 5-1-1921. Correspon- Janeiro: O Cruzeiro,1905.
dências. BARBOSA. Francisco de Assis. A Vida de SEVCENKO, Nicolau. A Revolta da Vacina. São Paulo:
Scipione, 1993 (Coleção História Em Aberto).
Lima Barreto, 2002.
ABSTRACT
CONSIDERING GEOGRAPHY- LITERATURE INTERACTION, THE ESSAY DEALS WITH SPACIAL REPRESEENTATION FOUND ON
THE NOVEL “CLARA DOS ANJOS” BY LIMA BARRETO.
IN HIS FIRST NOVEL, THE WRITE SHOWS US HIS READING ON THE CITY OF RIO DE JANEIRO, DRAWING INTO COMMON
CATEGORIES TO WRITERS AND GEOGRAPHERS ONE OUTLINE OF THE TOWN ENTERING THE 20™ CENTURY.
HIS TEXT EXPLANINS MAXIMUM EXPRESSION OF HIS SPACIALITY AND TIME, AND CONFLICTS WHICH INVOLVE URBAN
EVERY-DAY CHARACTERS. THE NOVEL TOWN IS BORN FROM THE SENSATION, LIVING, PERCEPTION AND INTERPRETATION
OF THE AUTHOR AND FORMS HIS EXPERIENCE WITH THE PLACE.
KEY WORDS: REPRESENTATION, PLACE, TOWN.
RESUMO
ESTE TRABALHO EXPLORA RELAÇÕES ENTRE GEOGRAFIA E IMAGENS A PARTIR DA REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO
NO CINEMA. COM TAL OBJETIVO, SELECIONAMOS A OBRA DE ERIC ROHMER, UM AUTOR E DIRETOR DE CINEMA FRANCÊS
QUE VALORIZA A DIMENSÃO ESPACIAL NO CINEMA. NO PRESENTE ARTIGO ANALISAMOS SEU PRIMEIRO LONGA-METRAGEM,
“O SIGNO DO LEÃO”, FILMADO NAS RUAS, PRAÇAS E CAFÉS DE PARIS. PARA UMA INTERPRETAÇÃO GEOGRÁFICA DO
FILME, UTILIZAMOS COMO FERRAMENTA O CONCEITO DE ESPAÇO PÚBLICO. TRATA-SE DE UMA IMPORTANTE FERRAMENTA
PARA A GEOGRAFIA POLÍTICA E PARA A GEOGRAFIA URBANA QUE, AO POSSUIR UMA DIMENSÃO SIMBÓLICA INERENTE,
TEM MUITO A CONTRIBUIR PARA UMA GEOGRAFIA CULTURAL QUE SE DEBRUÇA SOBRE O UNIVERSO URBANO DE MANEIRA
INTERPRETATIVA. O ESFORÇO AQUI NÃO É ENCONTRAR UMA MENSAGEM PRÉ-EXISTENTE NO FILME, MAS INTERPRETÁ-LO
SOB A PERSPECTIVA DO CINEMA COMO MEIO QUE DIZ RESPEITO NÃO APENAS A UMA MANEIRA DE ENTENDER O MUNDO,
COMO A UMA CONCEPÇÃO SOBRE A DIMENSÃO ESPACIAL DA VIDA URBANA.
PALAVRAS-CHAVE: CINEMA, ESPAÇO PÚBLICO, IMAGEM, SIGNO, INTERPRETAÇÃO.
ABSTRACT
THE PURPOSE OF THIS ARTICLE IS TO EXPLORE THE POSSIBLE RELATIONSHIPS BETWEEN GEOGRAPHY AND CINEMA
IMAGES. WITH A SPECIAL FOCUS ON THE REPRESENTATION OF THE CITY, THIS STUDY AIMS TO ANALYZE THE ROLE OF
PUBLIC SPACES ON THE FILM “LE SIGNE DU LION”, BY ERIC ROHMER. AS THIS FRENCH DIRECTOR CHOOSES TO FILM
THE EVERY-DAY-LIFE OF THE PARISIAN STREETS, PLACES AND CAFÉS IN 1959, HE DEPICTS A VIEW OF THE CITY THAT
ALLOWS US TO EXPLORE SOME ASPECTS OF URBAN LIFE. ALTHOUGH PUBLIC SPACE CONCEPT IS FREQUENTLY USED BY
URBAN AND POLITICAL GEOGRAPHY, IT CAN BE CONSIDERED IN ITS SYMBOLICAL DIMENSION AS WELL, WICH IS USEFUL
TO CULTURAL GEOGRAPHY INTERESTED ON THE INTERPRETATION OF URBAN UNIVERSE. THE INTENTION HERE, INSTEAD
OF REVEALING THE ORIGINAL DIRECTOR’S PURPOSE, IS TO BRING A SPECIFIC PERSPECTIVE OF THE FILM, CONSIDERING
CINEMA NOT ONLY AS A WAY OF SEEING THE WORLD, BUT AS A PARTICULAR VIEW OF URBAN LIFE SPATIALITY.
KEY WORDS: CINEMA, PUBLIC SPACE, IMAGE, SIGN, INTERPRETATION.
RESUMO
ESTE TRABALHO OBJETIVA REALIZAR UMA ANÁLISE DAS CANÇÕES DO COMPOSITOR ITAMAR ASSUMPÇÃO E SUA RELAÇÃO
COM A GEOGRAFIA E EM ESPECIAL COM A GEOGRAFIA URBANA DA CIDADE DE SÃO PAULO. ITAMAR FOI UM DOS
EXPOENTES DO MOMENTO DA PRODUÇÃO CULTURAL PAULISTANA DO INÍCIO DOS ANOS DE 1980, CUJAS CARACTERÍSTICAS
DE BUSCA DE NOVAS LINGUAGENS E ALTERNATIVA AOS CIRCUITOS DA INDÚSTRIA CULTURAL LEVOU A CRÍTICA A LANÇAR
A EXPRESSÃO “VANGUARDA PAULISTA” PARA O CONJUNTO DE MÚSICOS, COMPOSITORES E INSTRUMENTISTAS QUE SE
LANÇAVAM NAQUELE MOMENTO. SUA MÚSICA ATRAVESSA OS ANOS 90 E INÍCIO DOS ANOS 2000, COM UMA VASTA
PRODUÇÃO ATÉ SUA MORTE EM 2003. DE SUA OBRA, O PRESENTE TRABALHO PRETENDE DESTACAR AS RELAÇÕES ENTRE
ALGUMAS CANÇÕES DE ITAMAR ASSUMPÇÃO E AS POSSÍVEIS LEITURAS GEOGRÁFICAS DA CIDADE DE SÃO PAULO, OS
LOCAIS DA CIDADE VINCULADOS À SUA PRODUÇÃO, BEM COMO REFLETIR SOBRE AS INTERFACES ENTRE A MÚSICA E A
GEOGRAFIA.
PALAVRAS CHAVES: GEOGRAFIA URBANA, MÚSICA, GEO-INDICADORES, ITAMAR ASSUMPÇÃO
MUSSOLINI, Gioconda. Os Pasquins do Litoral Norte de Desapareça Eunice (1986) de Itamar Assumpção.
São Paulo e suas Peculiaridades na Ilha de São Sebastião. In: Cadê Inês (1986) de Itamar Assumpção.
Revista do Arquivo Municipal, São Paulo: ano XVII, v. CXX-
XIV, julho/agosto, 1950. Sampa Midnight (1986) de Itamar Assumpção.
OLIVEIRA, Laerte Fernandes. Em Um Porão de São Paulo – O Isso não vai ficar assim (1986) de Itamar Assumpção.
Lira Paulistana e a Produção Alternativa. São Paulo: Annablu- Movido a água (1986) de Itamar Assumpção e Galvão.
me/Fapesp, 120p, 2002.
Pesquisa de Mercado II (1988) de Itamar Assumpção.
ROMAGNAN, Jean-Marie. La Musique: um Nouveau
Terrain Pour lês Géographes. In: Géographie et Cultures, Paris: Pesquisa de Mercado III (1988) de Itamar Assumpção.
Association Géographie et Cultures/Éditions L’Harmattan, n.
Adeus Pantanal (1988) de Itamar Assumpção.
36, p.107-126, 2000.
Não há saídas (1988) de Itamar Assumpção e Regis Bonvicino.
SANCHES, Pedro Alexandre. Itamar Assumpção morreu com
a cara de SP. Folha de São Paulo, 14/06/2003, p. E-3, 2003. Venha até São Paulo (1993) de Itamar Assumpção.
SANTOS, Luiz Geraldo. A Faina, a Festa, o Rito: Gentes do Estropício (1994) de Itamar Assumpção.
Mar e Escravidão no Brasil (séc. XVII ao XIX). São Paulo:
USP – FFLCH, Tese – Doutorado, 316 p, 1996. Ai que vontade (1994) de Itamar Assumpção.
SANTOS, Milton. Por Uma Economia Política da Cidade. São É tanta água (1994) de Itamar Assumpção.
Paulo: Educ/Hucitec, 145p, 1994. Cultura Lira Paulistana (1998) de Itamar Assumpção.
SETTI, Kilza. Ubatuba nos Cantos das Praias. São Paulo: Ed. Outras Capitais (1998) de Itamar Assumpção.
Ática, Série Ensaios, n.113, 293p, 1985.
Reengenharia (1998) de Itamar Assumpção e Sérgio Guardado.
Olho no Olho (1998) de Itamar Assumpção e Vange Milliet.
Sampa (1978) de Caetano Veloso.
São São Paulo (2003) de Tom Zé.
ABSTRACT:
THIS STUDY AIMS TO CARRY OUT AN ANALYSIS OF THE MUSIC COMPOSED BY ITAMAR ASSUMPÇÃO AND ITS RELATIONSHIP
WITH GEOGRAPHY, AND ESPECIALLY THE URBAN GEOGRAPHY OF THE CITY OF SÃO PAULO. AT THE BEGINNING OF THE
80S, ITAMAR WAS ONE OF THE EXPONENTS OF CULTURAL PRODUCTION IN THE CITY OF SÃO PAULO. HIS CHARACTERISTIC
SEARCH FOR A NEW KIND OF MUSICAL VERNACULAR AS AN ALTERNATIVE TO THE SPHERES OF THE INDUSTRY OF CULTURE
PREVALENT AT THE TIME LED CRITICS TO COIN THE EXPRESSION “SÃO PAULO VANGUARD” TO DEFINE THE GROUP OF
MUSICIANS, COMPOSERS AND INSTRUMENTALISTS THAT WERE DEBUTING AT THAT MOMENT. HIS MUSIC CROSSES THE 90S
AND THE BEGINNINGS OF THE 21 ST CENTURY AND HE WAS RESPONSIBLE FOR THE PRODUCTION A VAST ARCHIVE UP
TO HIS DEATH IN 2003. FROM HIS WORK, THIS STUDY INTENDS TO EMPHASIZE THE RELATIONSHIP BETWEEN SOME OF
ITAMAR ASSUMPÇÃO’S MUSIC AND THE POSSIBLE GEOGRAPHIC INTERPRETATIONS OF THE CITY OF SÃO PAULO, THE
LOCATIONS IN THE CITY CONNECTED TO ITS PRODUCTION, AS WELL AS REFLECTING ON THE INTERFACE BETWEEN MUSIC
AND GEOGRAPHY.
KEY WORDS: URBAN GEOGRAPHY, MUSIC, GEO-INDICATORS, ITAMAR ASSUMPÇÃO
RESUMO
OS ESTUDOS GEOGRÁFICOS REALIZADOS A PARTIR DA ANÁLISE DE TEXTOS LITERÁRIOS JÁ CONSTITUEM UMA LINHA DE
PESQUISA CONSOLIDADA NA GEOGRAFIA INTERNACIONAL. NO ENTANTO, TAL TEMA É POUCO PRIVILEGIADO NA GEOGRAFIA
BRASILEIRA, A DESPEITO DA RIQUEZA ESPACIAL QUE APRESENTA A PRODUÇÃO LITERÁRIA. NA RELAÇÃO ENTRE GEOGRAFIA
E LITERATURA, OS TEXTOS LITERÁRIOS APRESENTAM-SE COMO UM RICO MATERIAL A SER APRECIADO POR NÓS GEÓGRAFOS,
POIS ELES EVOCAM A ALMA DOS LUGARES E O COTIDIANO DAS PESSOAS. É NESSE SENTIDO QUE NOSSA PESQUISA
CONSISTE EM ANALISAR E INTERPRETAR A REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
DO FINAL DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX NO DISCURSO ROMANESCO MACHADIANO. DESSA MANEIRA,
RESGATAMOS ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES ÀS REFLEXÕES SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE GEOGRAFIA E LITERATURA.
ARGUMENTAMOS QUE OS TEXTOS DE MACHADO DE ASSIS POSSUEM UM AMPLO MOVIMENTO DE TRANSFORMAÇÕES NO
ESPAÇO URBANO CARIOCA, DEIXANDO PARA TRÁS SUA PAISAGEM COLONIAL. A CIDADE DE FEIÇÕES COLONIAIS TORNAVA-
SE AGITADA E MODERNA E VIA SEUS ESPAÇOS PÚBLICOS SEREM TOMADOS PELA MULTIDÃO, POR NOVOS RITMOS E
PERSONAGENS. AO RECORRERMOS AO TEXTO LITERÁRIO PODEMOS PERCEBER QUE O ESPAÇO NA OBRA MACHADIANA SE
APRESENTA MÚLTIPLO, ORA COMO ESPAÇO, ORA COMO LUGAR, POIS O ESCRITOR SE FIXAVA PRINCIPALMENTE NUM TRECHO
DE RUA, NUMA PRAÇA, NUM CAMINHO, NA PRAIA OU NA CHÁCARA. DESSA FORMA ELE RETRATAVA EM SUA PRODUÇÃO
LITERÁRIA FRAGMENTOS DE UMA CIDADE EM TRANSFORMAÇÃO. AS RUAS, PRAÇAS E MORROS APARECEM COMO ESPAÇOS
DOTADOS DE VALOR E SENTIMENTOS, ONDE SÃO ARTICULADAS VIVÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS CARACTERIZANDO-OS COMO
LUGAR, ENQUANTO A ÁREA LITORÂNEA PODE SER CARACTERIZADA COMO SENDO UM ESPAÇO O QUE PASSOU POR UMA
VALORIZAÇÃO SIMBÓLICA E ECONÔMICA, PRINCIPALMENTE, ATRAVÉS DO DISCURSO MÉDICO.
PALAVRAS-CHAVE: ESPAÇO, LUGAR, CULTURA, LITERATURA, RIO DE JANEIRO.
início do século XX. ASSIS, Joaquim M. Machado de. Dom Casmurro. São Paulo:
Abril Cultural, 1981.
É importante ressaltar que Machado de Assis, BASTOS, A R. V. R. Espaço e Literatura: Algumas Reflexões
Teóricas. Espaço e Cultura, UERJ, Rio de Janeiro, nº 5, p. 55 –
assim como qualquer outro escritor, não tem a pre- 66, 1998.
ocupação em retratar fielmente aspectos da reali- BROSSEAU, M. Des Romains - géographes – Essai. Paris:
L’Harmattan, 1996.
dade. Porém quando lemos os textos machadia- CLAVAL, P. Reflexões sobre a Geografia Cultural no Brasil.
Espaço e Cultura, UERJ, Rio de Janeiro, nº 8, pp. 7 – 29, 1999.
nos temos a nítida impressão que o escritor não
COSGROVE, D. Mundo de Significados: Geografia Cultural
deixa de representar características importantes do e Imaginação. In: CORRÊA, R. L & ROSENDAHL, Z. (orgs).
Geografia Cultural: Um Século (2). Rio de Janeiro: EdUERJ,
espaço urbano de sua cidade natal. Surge dessa 2000.
forma o Passeio Público, o morro do Livramento, DIMAS, A. Espaço e Romance. São Paulo: Editora Ática, 1994.
FERREIRA, L. F. Acepções Recentes do Conceito de Lugar e
as ruas do centro da cidade, com destaque para a sua Importância para o Mundo Contemporâneo. Revista
Território, Rio de Janeiro, ano V, nº 9, Jul/Dez de 2000.
rua do Ouvidor, a área litorânea, sendo as praias
FERREIRA e SILVA, M. G. A Praia e o Imaginário Social:
da Glória e do Flamengo e a enseada de Botafogo Discurso Medico e Mudança de Significados na Cidade do
Rio de Janeiro. In: ROSENDAHL, Z. & CORRÊA, R. L.
as mais representadas nos textos machadianos. (orgs). Paisagens. Imaginário e Espaço. Rio de Janeiro: EdUERJ,
2001.
A Geografia não aborda apenas a paisagem. HAESBAERT, R. Território, Poesia e Identidade. Espaço e
Há outras abordagens, por exemplo, aquela que Cultura, UERJ, Rio de Janeiro, nº 3, p. 20 – 32, 1997.
HENRIQUES, E. B. A Problemática da Representação no
enfatiza o espaço e os lugares. Na perspectiva Pensamento Geográfico Contemporâneo. Culturas, Identidade e
Território, Inforgeo/Associação Portuguesa de Geógrafos, nº
machadiana as praças, ruas, morros assumem, em 11, 1996.
alguns casos as características de lugares, que man- KNEALE, J. Secondary Wordls – readings novels as geogra-
phical research. In: Cultural Geography in Practice. London:
têm relações com a trama, não se constituindo em Arnold, 2003.
MONTEIRO, C. A de F. O mapa e a trama: Ensaios sobre o
meros palcos. conteúdo geográfico em criações romanescas. Florianópolis: Editora
da UFSC, 2002.
Finalizamos o presente texto enfatizando que
MORETTI, F. Atlas do Romance Europeu 1800 – 1900. São Paulo:
os textos literários não só podem como devem ser Boitempo Editoral, 2003.
ABSTRACT
THE GEOGRAPHIC STUDIES MADE FROM THE ANALYSIS OF LITERARY TEXTS ALREADY ESTABLISH AN INVESTIGATION LINE
CONSOLIDATED IN INTERNATIONAL GEOGRAPHY. HOWEVER, THIS THEME IS LITTLE PRIVILEGED IN BRAZILIAN GEOGRAPHY,
DESPITE THE AMAZING RICHNESS THAT THE LITERARY PRODUCTION PRESENTS. IN THE RELATIONSHIP BETWEEN GEOGRAPHY
AND LITERARY, THE LITERARY TEXTS SHOW THEMSELVES AS A RICH MATERIAL TO BE APPRECIATED BY US GEOGRAPHERS,
AS THEY EVOKE THE PLACES, SOUL AND PEOPLE DAILY LIVES. IN THIS DIRECTION, OUR RESEARCH CONSISTS IN THE
ANALYSIS AND INTERPRETATION OF RIO DE JANEIRO CITY GEOGRAPHIC SPACE REPRESENTATION AT THE END OF THE 19ª
CENTURY AND THE BEGINNING OF 20ª CENTURY IN THE ROMANTIC MACHADIAN DISCOURSE. THUS, WE RESTORED SOME
CONTRIBUTIONS TO THE REFLECTIONS ON THE RELATIONS BETWEEN GEOGRAPHY AND LITERATURE. WE INFERRED THAT
MACHADO DE ASSIS TEXTS HAVE A GREAT MOVEMENT OF TRANSFORMATIONS IN THE CARIOCA URBAN AREA, LEAVING
BEHIND ITS COLONIAL LANDSCAPE. THE CITY OF COLONIAL FEATURES STARTED TO BECOME EXCITING AND MODERN AND
SAW ITS PUBLIC AREAS BEING TAKEN BY THE PEOPLE, NEW RHYTMS AND CHARACTERS. WHEN WE GO THROUGH THE
LITERARY TEXT WE CAN OBSERVE THAT THE SPACE IS PRESENTED IN SEVERAL WAYS IN THE MACHADIAN WRITING,
SOMETIMES AS AREA AND OTHERS AS PLACE, AS THE WRITER USED TO BASE IT ON A STREET, A PARK, A WAY, A BEACH
OR A SMALL FARM. THEREFORE HE DESCRIBED IN HIS LITERARY WORK, PIECES OF AN EVOLVING CITY. THE STREETS,
PARKS AND HILLS APPEAR AS VALUED AND SENTIMENTAL AREAS, WHERE THE EXPERIENCES THAT HAPPEN CHARACTERIZE
THEM AS PLACES, WHILE THE COASTAL AREA CAN BE CHARACTERIZED AS A SPACE WICH WENT THROUGH A GREAT
ECONOMIC WORTH, MOSTLY THROUGH THE MEDICAL SPEECH.
KEY WORDS: SPACE, PLACE, CULTURE, LITERATURE, RIO DE JANEIRO.
RESUMO:
AS PAISAGENS POLIMORFAS DA CIDADE DE SÃO PAULO, A MAIOR METRÓPOLE DA AMÉRICA LATINA, CUJAS
TRANSFORMAÇÕES, COM CARACTERÍSTICAS MARCADAMENTE CONTRASTANTES, SÃO EXAMINADAS A PARTIR DAS
REPRODUÇÕES DE DEZ QUADROS DE PAISAGENS PINTADOS POR ARTISTAS BRASILEIROS, ENTRE 1893 E 2001, CONSTITUEM
O OBJETO DE ANÁLISE DESTE TRABALHO. A ANÁLISE E LEITURA DESTES QUADROS PINTADOS POR ANTÔNIO PARREIRAS,
TARSILA DO AMARAL, FRANCISCO REBOLO, MÁRIO ZANINI, AGOSTINHO BATISTA DE FREITAS E GREGÓRIO GRUBER,
PERMITE USUFRUIR DO ASPECTO COGNOSCITIVO DA ARTE EM FAVOR DA ANÁLISE DA PAISAGEM EM GEOGRAFIA. ESTA
ABORDAGEM BUSCA SOMAR AOS MÉTODOS DE ANÁLISE E INVESTIGAÇÃO GEOGRÁFICA, A ANÁLISE E REFLEXÃO DE OBRAS
DE ARTE, CONSIDERANDO A PAISAGEM PINTADA COMO UM REGISTRO DE ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS QUE
PODEM REVELAR MUITO DA CULTURA DE UM POVO E SEU TEMPO, SUAS DINÂMICAS DE FORMAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO,
BEM COMO CONDICIONAR NOVOS OLHARES E PERCEPÇÕES SOBRE A PAISAGEM.
PALAVRAS-CHAVE: PINTURA DE PAISAGEM; PAISAGENS DE SÃO PAULO; LEITURA DE PAISAGEM.
São Paulo, a maior metrópole da América Latina, é uma referência em termos de velocidade de transfor-
mações na paisagem nos últimos cem anos. Com características marcadamente contrastantes, números
gigantescos dentre suas estatísticas e o caos e a ordem delineando suas paisagens polimorfas, São Paulo
é o cenário sobre o qual este trabalho se debruça.
Este trabalho propõe a análise de pinturas de paisagens como parte de uma abordagem para a compreensão
dos símbolos e signos da paisagem geográfica, entendendo que a arte é também uma forma de apreensão do
mundo, permitindo-nos desvendar a dinâmica de formação e transformação dessa paisagem e também
construir um novo olhar e percepção sobre a mesma (Myanaki, 2003, p.34).
cidade, o edifício Altino Arantes, representado São Paulo ainda guarda na toponímia um pou-
bem no centro do quadro, é um forte símbolo do co da história de suas diversas chácaras que foram
capital financeiro e da verticalização. Também re- loteadas no século XX e deram lugar às extensas e
presentada de forma solitária, a arquitetura é o gran- movimentadas avenidas da cidade. A Chácara da
ABSTRACT:
THE POLYMORPHOUS LANDSCAPES PRESENT WITHIN THE CITY OF SÃO PAULO, THE LARGEST METROPOLIS OF LATIN
AMERICA, ARE THE OBJECT OF ANALYSIS FOR THIS STUDY. THE TRANSFORMATIONS OF THESE LANDSCAPES, WHICH HAVE
STRIKINGLY CONTRASTING CHARACTERISTICS, ARE EXAMINED BY MEANS OF THE REPRODUCTIONS OF TEN PAINTINGS
PRODUCED BY CERTAIN BRAZILIAN ARTISTS BETWEEN 1893 AND 2001. THE ANALYSIS AND INTERPRETATION OF THESE
PAINTINGS, PRODUCED BY ANTÔNIO PARREIRAS, TARSILA DO AMARAL, FRANCISCO REBOLO, MÁRIO ZANINI, AGOSTINHO
BATISTA DE FREITAS AND GREGÓRIO GRUBER, PERMIT US TO TAKE ADVANTAGE OF THE COGNOSCITIVE ASPECT OF ART
FOR THE ANALYSIS OF LANDSCAPES IN GEOGRAPHY. THIS APPROACH AIMS TO ADD THE ANALYSIS AND REFLECTION ON
WORKS OF ART TO THE SUM OF ANALYTICAL METHODS AND INVESTIGATION IN GEOGRAPHY, BY CONSIDERING THE
PAINTED LANDSCAPE AS A RECORD OF OBJECTIVE AND SUBJECTIVE ELEMENTS THAT CAN REVEAL A LOT ABOUT THE
CULTURE OF A PEOPLE, THEIR TIME, AND THEIR DYNAMICS OF FORMATION AND TRANSFORMATION, AS WELL AS
CONDITIONING NEW WAYS OF EXAMINING AND PERCEIVING LANDSCAPES.
KEY WORDS: LANDSCAPE PAINTING; LANDSCAPES OF SÃO PAULO; READING OF LANDSCAPES.
RESUMO
NITERÓI É UMA CIDADE LOCALIZADA ÀS MARGENS ORIENTAIS DA BAÍA DE GUANABARA, NA REGIÃO METROPOLITANA DO
RIO DE JANEIRO, COM UMA POPULAÇÃO, NO ANO 2000, DE 459.461 HABITANTES, DISTRIBUÍDOS POR CINCO REGIÕES
DE PLANEJAMENTO E QUARENTA E OITO BAIRROS. SEU TERRITÓRIO MEDE 131 KM² E APRESENTA UMA GRANDE
HETEROGENEIDADE INTERNA. A ÁREA CENTRAL DA CIDADE, DE OCUPAÇÃO ANTIGA, CONSERVA AINDA ALGUMAS EDIFICAÇÕES
DE INÍCIOS DO SÉCULO XX, GRANDE PARTE DEGRADADA, E É FORTEMENTE INFLUENCIADA PELA PROXIMIDADE COM A
CIDADE DO RIO DE JANEIRO.
A CIDADE CONSTRUIU A SUA VIDA VINCULADA A ELEMENTOS DO PASSADO QUE IRÃO INFLUENCIAR DURANTE LONGO
TEMPO A SUA IDENTIDADE E A SIMBOLOGIA QUE LHE DÁ SIGNIFICADO.
O PRESENTE TRABALHO BUSCA ANALISAR AS RELAÇÕES TECIDAS NO MOVIMENTO DE CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA, A PARTIR
DA AÇÃO DO PODER POLÍTICO LOCAL, SOB A PERSPECTIVA GEOCULTURAL. IREMOS DESENVOLVER NOSSA ANÁLISE
ATRAVÉS DOS SIGNOS, SEUS SIGNIFICADOS E SIGNIFICANTES, QUE MARCAM NA PAISAGEM DA CIDADE A SUA HISTÓRIA,
MANTENDO VIVA A SUA HISTORICIDADE, LADO A LADO AOS NOVOS SIGNOS DO PRESENTE QUE CONECTAM A CIDADE
À ESCALA GLOBAL E RE-SIGNIFICAM SUAS REPRESENTAÇÕES, PRODUZINDO UMA NOVA IDENTIDADE.
PARTIMOS DA HIPÓTESE DE QUE NITERÓI, REMONTANDO À SUA FUNDAÇÃO, EM 1573, FOI REFÉM DE UMA REPRESENTAÇÃO
DOMINANTE COM ELEMENTOS VINCULADOS À SUA ORIGEM INDÍGENA, HERANÇA DO PERÍODO COLONIAL, QUE
POSTERIORMENTE SERIA SOBREPOSTA A OUTROS ASSOCIADOS À CONDIÇÃO DE CAPITAL PROVINCIAL, A PARTIR DE 1835,
E CAPITAL REPUBLICANA (1889). ESSA CONDIÇÃO PERDUROU ATÉ 1975, QUANDO DA FUSÃO DOS ANTIGOS ESTADOS
DA GUANABARA (EX-DISTRITO FEDERAL) E ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
MARCAS DE UMA CIDADE E “VAZIO” IDENTITÁRIO ______ go tempo a sua identidade e a simbologia que a sig-
Niterói é uma cidade localizada às margens nifica. O elemento mais marcante dessa área central,
orientais da Baía de Guanabara, com uma popula- como referência simbólica, é a Estação das Barcas
ção, no ano 2000, de 459.461 habitantes (IBGE), que liga Niterói ao coração da Região Metropolita-
distribuídos por cinco Regiões de Planejamento e na, o município do Rio de Janeiro. Junto a essa esta-
quarenta e oito bairros. Seu território mede 131 ção, localiza-se, na praça de igual denominação, a
km² e apresenta uma grande heterogeneidade in- estátua do índio Araribóia a quem é atribuída a fun-
terna. A área central da cidade, de ocupação anti- dação da cidade, em 1573. Nessa estátua, o cacique
ga, conserva ainda algumas edificações do início está representado de braços cruzados, postura ereta,
do século XX. A maior parte dessas edificações está garboso e forte. O detalhe é que, na principal entra-
degradada e essa área central sempre foi e conti- da da cidade, a estátua foi construída de frente para a
nua a ser fortemente influenciada pela proximida- cidade do Rio e de costas para Niterói. Essa estátua,
de com a cidade do Rio de Janeiro. que é um dos monumentos importantes da cidade,
A cidade construiu a sua vida vinculada a ele- parece simbolizar o grau de dependência com que
mentos do passado que irão influenciar durante lon- Niterói foi construída ao longo de sua existência.
O presente trabalho busca analisar as relações representação dominante4 com elementos vincu-
tecidas no movimento de construção identitária3, lados à sua origem indígena, herança do período
sob a perspectiva geocultural, sendo que iremos colonial, que posteriormente seria sobreposta a
desenvolver a análise através dos signos, seus sig- outros, associados à condição de capital provincial, a
nificados e significantes, que marcam, na paisagem partir de 1835, e capital republicana (1989). Essa con-
da cidade, a sua história, mantendo viva a sua his- dição perdurou até 1975, quando da fusão dos
toricidade, lado a lado dos novos signos do pre- antigos Estado da Guanabara e Estado do Rio de
sente que conectam a cidade à escala global e re- Janeiro.
significam suas representações. Com a perda do status de capital, e a conse-
Do busto de D. Pedro II na Praça de São Domin- qüente mudança desta para o Rio de Janeiro, es-
gos, que teria o poder de anunciar mortes, à estátua maece paulatinamente a sua importância no cená-
do cacique Araribóia, que dá as costas à cidade que rio político e econômico do Estado, assim como a
fundou, ao Museu de Arte Contemporânea, o de- identidade do niteroiense, vinculada a essa con-
cantado MAC, de projeção internacional, Niterói é dição, instaurando-se um “vazio” identitário, um
um misto de cidade que associa o novo com o anti- limbo que perduraria até meados dos anos 90,
go, a planície com as “serras”, o centro com as perife- quando da inauguração do MAC, considerado uma
rias e favelas, com diferentes culturas, valores, tradi- das pérolas da arquitetura mundial, criação do gê-
ções, paisagens e representações. nio de Oscar Niemeyer.
Para tanto, partimos da hipótese de que Nite- Este fato foi transformado, pelo grupo no poder5,
rói, remontando à sua fundação, foi refém de uma em mote para o marketing político, rapidamente ab-
Desde então, Niterói passou a funcionar como como placas de casas comerciais, laterais de coleti-
importante pólo de atração para determinados in- vos, empenas de edifícios, fachadas de hotéis. Nes-
vestimentos ligados ao capital imobiliário e aos te caso, parece que o processo de divulgação en-
setores cultural e turístico6, bem como um atrati- controu terreno fértil por parte de quantos deseja-
vo para a população de outros municípios e cida- vam se apropriar do mesmo ícone, representação
des da Região Metropolitana, sobretudo para seg- maior de sua auto-satisfação e auto-afirmação.
mentos de classe média.
No dizer de Paul Claval (2002, p.104), “a cultu- ALGUMAS POLÍTICAS PÚBLICAS RECENTES E MUDANÇAS NA
ra é concebida como o conjunto daquilo que os PAISAGEM _________________________________
homens recebem de herança ou do que inventam; O marco histórico da retomada de Niterói em
(...) ela é feita de tudo aquilo que é transmissível”. busca de uma nova identidade pode ser localiza-
No caso em exame, a silhueta do MAC, ícone mai- do, entre outras iniciativas públicas, no programa
or da cidade desde sua edificação, passou a estam- denominado VIDA NOVA NO MORRO. Con-
par cabeçalhos de papéis oficiais do governo, bem cebido no decorrer do ano de 19897, o programa
Uma casa é um edifício relativamente simples. “A paisagem é uma marca, porque exprime uma
No entanto, por muitas razões, é um lugar. civilização, mas também é uma matriz, porque
Proporciona abrigo; a sua hierarquia de es- participa de sistemas de percepção, concepção
paços corresponde às necessidades sociais; é e ação – isto é, da cultura – que canalizam, em
uma área onde uns se preocupam com os ou- um certo sentido, a relação de uma sociedade
tros, um reservatório de lembranças e sonhos. com o espaço e com a natureza” (BERQUE 10
(TUAN, 1983, p. 184) apud BARBOSA, 1996, p.44).
Desse modo, é nesse jogo político de relações mas, principalmente, pelo sentido ali representa-
que pequenas mudanças foram se operando em al- do: o da resolução dos problemas de saúde, com
gumas favelas de Niterói, o que tornaria esse pro- agilidade, com personalização do atendimento e
grama um precursor do Favela Bairro na cidade do com elevado grau de resolutividade. Os morado-
Rio de Janeiro, alguns anos mais tarde. res da localidade, usuários deste novo equipamen-
De forma semelhante, na área da saúde públi- to social, o recebiam com um misto de surpresa e
ca, houve a implementação do PROGRAMA MÉ- esperança, vislumbrando um futuro-presente me-
DICO DE FAMÍLIA (PMF)11. Seu alcance socio- lhor para a saúde coletiva.
espacial foi, talvez, o de maior alcance populacio- O PMF foi “importado” da experiência cubana
nal entre os implementados ao longo dos gover- e com supervisão prolongada do Ministério da
nos de 1989-2002 em Niterói, período marcado Saúde daquele país. Além disso, o programa reve-
por uma continuidade administrativa, o que pro- lou-se muito cedo com capacidade efetiva de re-
piciou o amadurecimento de diferentes iniciativas solução das necessidades primárias dos morado-
governamentais. res. Instituiu-se a metodologia da guia de referên-
Para a sua viabilização foram construídas inú- cia-contra-referência, pela qual o usuário passava
meras edificações de porte médio, especialmente a realizar movimentos horizontais e verticais, em
para este fim, os quais foram denominados de busca de procedimentos ampliados e mais com-
Módulos do Médico de Família. A arquitetura era plexos, até chegar ao topo da pirâmide, que eram
simples e os locais foram estrategicamente esco- os hospitais com capacidade de internações e pro-
lhidos: bairros ou comunidades pobres, sendo boa tocolos de ultimação do tratamento.
parte deles na periferia. Tais edificações, via de Novamente a paisagem geográfica passou por
regra, se destacavam na paisagem pelo tamanho, mudanças, não por transformações de arquiteturas
pela cor (branca), pelo movimento de entra-e-sai, anteriores, mas pela introdução de novos elemen-
COSTA, Benhur Pinos da. As relações entre os Conceitos de TUAN, Y-Fu. Espaço E Lugar: a perspectiva da experiência.
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RESUMO:
A LITERATURA, ENQUANTO LINGUAGEM QUE MANIFESTA AS REPRESENTAÇÕES MENTAIS DE UMA DADA CULTURA, É UM
INTERESSANTE CAMINHO DE ESTUDO GEOGRÁFICO DA DIMENSÃO SIMBÓLICA DO ESPAÇO URBANO. O PRESENTE ARTIGO
APRESENTA DUAS CONTRIBUIÇÕES AO TEMA. A PRIMEIRA, ORIUNDA DO GEÓGRAFO MARC BROSSEAU, NOS MOSTRA A
REPRESENTAÇÃO DA CIDADE DE NOVA IORQUE FEITA POR JOHN DOS PASSOS EM SEU ROMANCE MANHATTAN TRANSFER.
A SEGUNDA PROVÉM DA ANÁLISE FEITA PELA ADVOGADA GABRIELA RODRÍGUEZ FERNÁNDEZ DA REPRESENTAÇÃO DA
CIDADE DE LONDRES CONTIDA NOS ROMANCES DISTÓPICOS 1984, DE GEORGE ORWELL, E ADMIRÁVEL MUNDO NOVO,
DE ALDOUS HUXLEY. UTILIZAMOS A CONTRIBUIÇÃO DE STUART HALL SOBRE OS CONCEITOS DE REPRESENTAÇÃO E
SIGNIFICADO COMO EMBASAMENTO TEÓRICO À NOSSA ARGUMENTAÇÃO.
PALAVRAS-CHAVE: ESPAÇO URBANO, LITERATURA, REPRESENTAÇÃO, SIMBOLISMO E DISTOPIA.
Toda atividade humana é, ao mesmo tempo, para a compreensão dos processos de produção
material e simbólica, não sendo possível compre- de significados sobre o espaço urbano. Tais estu-
ender plenamente a dimensão objetiva da ação dos são contribuições à análise espacial por meio
humana sem considerar a dimensão subjetiva ine- de textos literários oriundas do geógrafo Marc
rente a essa mesma existência (COSGROVE, Brosseau, sobre a Nova Iorque representada no
1998). O espaço urbano, enquanto conjunto de romance Manhattan Transfer, de John dos Passos, e
formas produzidas pelo homem é, portanto, de- da advogada Gabriela Rodríguez Fernández, so-
tentor e transmissor de significados múltiplos, os bre a Londres representada por Aldous Huxley e
quais são igualmente alvo de múltiplas interpreta- George Orwell em suas respectivas obras Admirável
ções que, por sua vez, são passíveis de inúmeras Mundo Novo e 1984.
representações. Antes, porém, mostraremos como as noções de
O presente trabalho visa a contribuir para a representação e significado podem contribuir para
melhor apreensão do simbolismo contido no es- um melhor entendimento sobre o espaço urbano,
paço urbano, chamando atenção especial para o e neste estudo, sobre o espaço metropolitano.
espaço metropolitano. Para tal, apresentamos dois Defendemos que a representação apresenta cabal
estudos que contêm elementos que contribuirão importância na relação dos indivíduos com o mun-
ABSTRACT:
LITERATURE, AS A LANGUAGE THAT EXPRESSES THE MENTAL REPRESENTATIONS OF A CERTAIN CULTURE, IS AN INTERESTING
WAY TO GEOGRAPHICAL STUDIES ABOUT THE SYMBOLISM OF URBAN SPACE. THIS ARTICLE PRESENTS TWO CONTRIBUTIONS
TO THIS THEME. THE FIRST ONE COMES FROM THE GEOGRAPHER MARC BROSSEAU, ABOUT NEW YORK CITY’S
REPRESENTATION OF JOHN DOS PASSOS’S NOVEL MANHATTAN TRANSFER. THE SECOND ONE COMES FROM THE ANALYSIS
MADE FOR THE LAWYER GABRIELA RODRÍGUES FERNÁNDEZ ABOUT THE DYSTOPIC NOVELS 1984, FROM GEORGE ORWELL,
AND BRAVE NEW WORLD, FROM ALDOUS HUXLEY. THE THEORETICAL BASIS TO OUR ARGUMENTATION IS ON STUART
HALL’S DISCUSSION ABOUT THE CONCEPTS OF REPRESENTATION AND SYMBOLISM.
KEY WORDS: URBAN SPACE, LITERATURE, REPRESENTATION, SYMBOLISM AND DYSTOPIA.
RESUMO
ESTE TRABALHO TRATA DA INTENCIONALIDADE NA APROPRIAÇÃO DE SIGNIFICADOS PRESENTES NAS PAISAGENS URBANAS.
ASSUMINDO O CONCEITO SEMIÓTICO DE CULTURA DESENVOLVIDO POR GEERTZ, CONSIDERAMOS A DIMENSÃO DOS
SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELA CULTURA NO ESPAÇO. MAIS ESPECIFICAMENTE, BUSCAMOS COMPREENDER AS
MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS COMO MOVIMENTOS QUE PODEM SE ASSOCIAR AOS SIGNIFICADOS PRESENTES NAS PAISAGENS
PARA CONSTRUÍREM OS SEUS DISCURSOS, TOMANDO ESSAS PAISAGENS, EM UMA METÁFORA TEATRAL, COMO UM
CENÁRIO.
PALAVRAS-CHAVE: MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS; PAISAGEM; CENÁRIOS; DISCURSO.
Em primeiro lugar, Santos (1996) já nos adver- Conforme já nos ensinou Roubine (1998, p. 23):
tiu sobre a necessidade da cautela no uso de metá-
foras. Para ele, a metáfora é um elemento de dis- Existe uma relação de interdependênia entre o
curso que não deve substituir a teoria, o conceito, espaço cênico e aquilo que ele contém: e a peça
a explicação. Entretanto, a metáfora poderia cons- fala de um espaço, o delimita e o situa, por sua
tituir um recurso de estilo que facilitaria a com- vez esse espaço não é um estojo neutro. Uma vez
preensão de determinadas explicações. materializado, o espaço fala da peça (...). A
Por sua vez, Berdoulay (1989) nos ensina que partir do momento em que não se leva em conta
a metáfora pode ser um procedimento discursivo essa interdependência tudo fica confuso.
chave no discurso do geógrafo e é capaz de pro-
mover abordagens novas. Mais do que uma sim- A análise do espaço cênico pode ser dividida
ples comparação ou uma analogia, a metáfora se em dois campos maiores, a arquitetura cênica, que
direciona à emoção através de uma convocação se ocupa da ordem espacial do lugar teatral e seus
da imaginação. Seu objetivo não é explicativo, mas efeitos na relação entre o público e o espetáculo e
uma maneira de sugerir uma nova organização do a cenografia, que vai dar conta da análise do espa-
pensamento ou da informação. É um primeiro pas- ço da própria representação, do cenário. Em vir-
so intuitivo na direção da reconceituação, um pro- tude do objetivo deste trabalho, nos deteremos
cesso mental poderoso que leva à inovação. no campo da cenografia, de forma a compreen-
As reflexões destes dois autores nos instigam a dermos mais precisamente de que maneira relaci-
buscar o que uma metáfora para a paisagem através onar cenário e paisagem de uma forma condizen-
do cenário pode nos proporcionar de novo na te com os dois conceitos.
abordagem deste conceito, caminhando para além A palavra cenografia tem sua origem no grego
de uma alegoria ilustrativa que não acrescenta nada skenographein (skènè – grapheins), o que numa tradução
à teoria. Assim, o primeiro passo nessa direção se literal nos levaria a uma idéia de desenho da cena. A
dos quais desenrola-se a ação de maneira indepen- MONIZ BANDEIRA, A. O Governo João Goulart: as lutas
sociais no Brasil 1961-1964. Rio de Janeiro: Civilização Brasilei-
dente. Os símbolos espaciais, a paisagem plena de ra, 1977.
NELMS, H. Como fazer teatro. Rio de Janeiro: Editora Letras e
significados, como o cenário, é também parte da Artes, 1964.
própria ação, do próprio discurso. ROUBINE, J.J. A linguagem da encenação teatral. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1998.
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Em março de 2008 o professor Denis E. Cos- tion and Symbolic Landscape, publicado em 1984
grove faleceu, após 40 anos de fértil e produtiva e re-editado em 1992, o consagrou, The Palladi-
carreira acadêmica, tendo se consagrado, como um an Landscape, de 1993, é outro livro sobre a pai-
dos mais importantes geógrafos culturais da deno- sagem cultural, enquanto Mapping, publicado em
minada “Nova Geografia Cultural”. Sua formação 1999 e Apollo Eye, de 2001, representam seus
inicial no colégio dos jesuítas em Liverpool, e sua interesses pelas representações cartográficas.
graduação em geografia em Oxford, assim como Denis E. Cosgrove participou do 1º Simpósio
seu doutoramento. Lecionou em Oxford, na Lou- Nacional sobre Espaço e Cultura, organizado pelo
ghborough University, no Royal Holloway Col- NEPEC em outubro de 1998, tendo proferido a
lege da University of London onde se consagrou. conferência “Geografia do Milênio”. Foi membro
Em 1999 deixou a Inglaterra, indo lecionar na do Conselho Consultivo da revista do NEPEC,
University of California at Los Angeles (UCLA), Espaço e Cultura, onde alguns de seus textos fo-
onde permaneceu até o seu falecimento. ram traduzidos e publicados. Possui também arti-
Cosgrove foi um dos expoentes da Geografia gos em livros da coleção Geografia Cultural, or-
Cultural, sendo um daqueles que transformaram- ganizada pelo NEPEC.
na na perspectiva que hoje vigora. Em 1993 funda Denis E. Cosgrove partiu, mas deixou enorme
o periódico ECUMENE, redenominado CULTU- legado para as gerações futuras, inclusive para os
RAL GEOGRAPHIES, um periódico voltado ex- geógrafos brasileiros. A bibliografia que se apre-
clusivamente para esse sub-campo. senta constitui-se em parte de sua produção.
Sua vasta obra tem como foco principal o estu- Principais Publicações:
do da paisagem, que ele resgatou, renovando-a, • John Ruskin and the Geographical Imagi-
tornando-o distante da perspectiva saueriana que nation. The Geographical Review, 69, p.
o caracterizava. Mas as suas preocupações iam além 43-62, 1979.
do estudo da paisagem, incluindo outras temáticas • Towards a Radical Cultural Geography: Pro-
da geografia cultural, como as representações car- blems of Theory. Antipode, 15 (1), p.1-11,
tográficas e as imagens em geral. Se Social Forma- 1983. Traduzido e publicado em: CORREA,