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Metodologia de Projetos em Design, Design Thinking e Metodologia Ergonômica:


convergência metodológica no desenvolvimento de soluções em Design ISSN
1809-9475
Project Methodology for Design, Ergonomic Methodology and Design Thinking:
methodological convergence in developing solutions in Design
Artigo
Original
Otavio Augusto Guerra Siqueira¹
Lauriene de Sousa Cunha¹ Original
Rodrigo de Sá Freitas Pena2 Paper
Bruno de Souza Corrêa3
Moacyr Ennes Amorim3

Palavras-chave: Resumo
Este trabalho apresenta uma análise e revisão de alguns dos mais con-
Design sagrados modelos de metodologia de projeto e metodologia ergonômi-
ca com o objetivo de identificar pontos de convergência e divergência
Metodologia entre eles e, a partir dessas informações, propor um novo modelo de
abordagem metodológica, mais abrangente, que consiga unir os aspec-
Projeto tos projetuais tradicionais e o Design Thinking às necessidades de se
incluir fases dedicadas aos fatores humanos e ergonômicos no núcleo
Ergonomia do processo de design e não mais como tópicos acessórios e pontuais.

Abstract Keywords
This paper presents an analysis and review of some of the most famous
models of design methodology and ergonomics methodology in order Design
to identify points of convergence and divergence between them, and
from this information, propose a new methodological approach, more Methodology
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comprehensive, who can unite the traditional project aspects and
Design Thinking needs to include phases devoted to human factors and Project
ergonomics in the core of the design process and not as punctual and
accessories topics. Ergonomics
Edição Especial Design

1. Discente do curso de Design do Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA.


2. Designer pelo Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA.
3. Docente do curso de Design do Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA.
1. INTRODUÇÃO dizer que, nesta linha de pensamento, a
50 síntese é a materialização dos requisitos
Segundo o novo Dicionário Aurélio, de projeto, obtidos durante a fase inicial
“método é o caminho pelo qual se chega a da análise e levantamento das deman-
um determinado resultado, ainda que esse ca- das do produto.”
minho não tenha sido fixado de antemão de
modo deliberado e refletido.” A sistematização do processo de projeto
Desde os anos 60 busca-se a tradução dos em design torna-se imperativa na medida em
processos de design através do estudo e da pro- que as variáveis projetuais ganham complexi-
posição de métodos aplicáveis às diversas fren- dade. Assim, é natural que o método se aplique
tes e naturezas de projeto. BAXTER (2011) faz para organizar o planejamento, auferir capaci-
uma analogia entre o processo de projeto em dade de controle, minimizar desvios e resulta-
design e o ato de dirigir um veículo: dos despropositados e guiar o processo criativo,
gerando resultados tão próximos quanto possí-
“O desenvolvimento completo de um vel do desejado. Via de regra, quanto maior o
produto de design, por si só não garante número de considerações necessárias para a
o seu sucesso. Deve-se escolher bem o viabilização de um projeto, mais tarefas serão
destino, percorrer uma boa estrada, mu- atreladas ao processo e, consequentemente,
dar o curso quando necessário, driblar mais controle sobre o planejamento, idealiza-
obstáculos, evitar acidentes, além de ção e execução deverá ser considerado.
manter uma boa velocidade média para Segundo Bürdek (2010), a motivação
não ser ultrapassado pelo concorrentes. para a intensificação dos estudos sobre méto-
dos em design, especialmente pela HfG Ulm,
Segundo MUNARI (2008), nos anos 60, era o aumento das tarefas destina-
das aos designers da indústria da época.
“O método para o designer não é nada Os fatores que determinaram o incre-
absoluto nem definitivo. É, portanto, mento nas demandas projetuais aos designers
algo que se pode modificar, caso se passam por questões técnicas, tecnológicas,
encontre outros valores objetivos que sociais, econômicas e culturais, bem como
melhorem o processo. E isto se liga à pela própria ampliação do número de moda-
criatividade do projetista que, ao apli- lidades de projeto demandadas aos profissio-
car o método, pode descobrir algo para nais. Assim, as discussões e pesquisas foram
melhorá-lo. Portanto, as regras do mé- ampliadas visando: a adequação à evolução
todo estimulam o projetista a descobrir tecnológica, a diversificação das frentes de
coisas que, eventualmente, poderão ser atuação profissional, a crescente preocupação
com os aspectos humanos que envolvem os
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úteis também aos outros.”


projetos de design, as mudanças nos hábitos
FRISONI (2000) explica que “partindo- dos usuários, alterações nos esquemas ope-
-se do princípio de que a cada projeto tem-se ratórios das atividades profissionais e as mu-
uma série de novas considerações relaciona- danças culturais impostas pelo surgimento de
das com os objetivos do produto, com as ne- novos produtos que, por sua vez, impõe novos
cessidades do usuário e com as limitações do meios de comunicação das pessoas com os as-
projetista/fabricante, multiplicam-se as ma- pectos que compõem o seu ambiente.
neiras de se desenvolver um projeto.” Ainda FRISONI (2000) esclarece que o proje-
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segundo Frisoni, tista pode contar muito com a colaboração da


ergonomia que “tem como ideal a integração
“Um projeto, então, se constitui de uma da tecnologia e dos seres humanos. Este ideal
sequência progressiva de passos e pro- só pode ser alcançado pelo designer que atua
cedimentos, sendo possível retornar ou como mediador em cada passo da produção,
recorrer às informações das etapas an- desde o estágio inicial do hardware até o final
teriores. Só para exemplificar, pode-se – o ‘humanware’”.
A busca constante pelo aperfeiçoamento 2. PROGRAMA DE TRABALHO
de técnicas e métodos levou ao surgimento de 51
interpretações diversas e, de alguma forma, 2.1. Objetivos da pesquisa
paralelas, que podem ser aplicadas individual-
mente ou, conforme o repertório do próprio 2.1.1. Geral
designer, em conjunto com outros métodos.
Esse tipo de abordagem, embora eficaz na Contribuir para a otimização dos proces-
maior parte dos casos, depende da interpreta- sos de desenvolvimento de soluções em de-
ção individual do designer e das necessidades sign através de uma análise das metodologias
metodológicas do projeto. Portanto, é funda- de projeto e ergonômicas que resulte em uma
mental que se observe o momento correto, proposta metodológica convergente que faci-
dentro do cronograma de projeto, de fazer a lite a sua própria adoção e aplicação, levando
interseção entre as diferentes abordagens me- em conta fatores técnicos, logísticos, huma-
todológicas em benefício do resultado final. nos, sociais e culturais, bem como as parti-
Entre as evidências que determinaram o cularidades e exigências das próprias tarefas
incremento na complexidade dos projetos de envolvidas no projeto.
design está o crescimento da relevância dos
fatores humanos, o que fez surgir linhas de 2.1.2. Operacionais
estudo específicas relacionadas à ergonomia
e à usabilidade, com desdobramentos para as • Revisão bibliográfica sobre metodologias
áreas de Design de Produtos, Design Gráfico, de projeto em design;
Design de Interfaces Digitais e Design de • Revisão bibliográfica sobre métodos e
Ambientes Construídos. técnicas de ergonomia;
Segundo MORAES & MONT`ALVÃO • Análise das árvores e fluxogramas meto-
(2009), “a partir dos anos 80, a ergono- dológicos identificados durante a revisão
mia participa da renovação produzida pela bibliográfica;
Informática, já que, mais uma vez, a preocupa- • Identificação dos pontos convergentes e di-
ção com os fatores humanos não acompanhou vergentes entre as metodologias analisadas;
pari passu o progresso tecnológico.” • Geração de proposta de fluxograma de
Some-se a isso a percepção de que os etapas metodológicas;
aspectos ergonômicos e de usabilidade não • Aplicação do novo método para posterior
se restringem ao ambiente de trabalho, mas análise das melhorias alcançadas.
abrangem a utilização de artefatos do cotidia-
no como computadores, telefones celulares, 2.2. Justificativa
automóveis, aparelhos de som e TV, eletro-
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domésticos, etc. em atividades que vão do McCLELLAND (1990) apud MORAES
simples lazer até a busca por soluções para (1993) acredita que é necessário ter em men-
situações domésticas, e teremos um ponto ine- te que o ergonomista faz parte do processo de
vitável de convergência de métodos projetuais projetação e ele pode contribuir muito para a
sobre o qual pesquisar, a fim de sugerir-se, própria gerência do design.
com mais exatidão, quando e como proceder Sendo a ergonomia uma disciplina tradi-
a interseção entre as diversas linhas metodo- cionalmente inserida nos currículos dos cursos
lógicas já descritas. Mais ainda, pretende-se de design, faz-se necessário estimular a inte-
com essa pesquisa reiterar a necessidade da gração entre ela e os demais procedimentos de
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aplicação de métodos e técnicas de pesquisa projeto ensinados por estes cursos, a fim de se
e projetação que facilitem o desenvolvimento garantir uma abordagem mais completa, pelos
de soluções em design, integrando os proces- designers, dos parâmetros que estão envolvi-
sos e conhecimentos do design com a ergono- dos no ato de projetar. Para que isso seja pos-
mia e os estudos dos fatores humanos. sível, deve-se buscar constantemente novas
formas de enxergar o processo projetual, de 3. METODOLOGIA DE
52 maneira dinâmica e atenta às velhas e novas PROJETOS DE DESIGN
necessidades e problemáticas que pedem a
atenção e atuação dos profissionais de design, 3.1. Visão geral
notadamente os aspectos humanos e de usabi-
lidade, como preconiza FRISONI (2000): Existem diversas formas distintas de se ver,
entender e utilizar a metodologia de projeto. Na
“Logicamente, existe uma escala de im- realidade, a diversidade de abordagens sobre
portância para as disciplinas auxiliares esse campo de estudos leva a interpretações e
da atividade projetual. E, sem sombra definições que resultam em diferenças tanto na
de dúvida, pelo seu objeto de estudo e composição cronológica e hierárquica das etapas
finalidade, a Ergonomia se destaca, por metodológicas como no conteúdo a ser explora-
ter como objetivo a comunicação entre do. Entretanto, há uma certa unanimidade em
homens/ máquina/ produtos/ ambiente.” relação ao entendimento de que a metodologia
de projeto sempre terá como base um conjun-
Além da compreensão de que métodos e to organizado e pré-determinado de métodos e
técnicas favorecem o resultado final do pro- técnicas distribuídos dentro de um esquema de
jeto, é preciso entendê-los como instrumentos macro-fases que vão desde a exploração e com-
de auxílio ao designer, como explica BONFIM preensão da situação problemática até o detalha-
(1995): “No desenvolvimento de um projeto, mento das especificações de produção do produ-
há também procedimentos que podem auxiliar to final, passando por alguma etapa de geração
o projetista na execução de suas tarefas.” Por de alternativas de solução. Contextualizando o
exemplo, ao organizar o projeto em passos design dentro do processo projetual, BÜRDEK
progressivos, o designer monta a sua própria (2010) define o design como um objeto das artes
fonte de consultas sobre informações do pro- aplicadas, ou seja, útil para a construção de ou-
jeto e vai, na medida das suas necessidades, tras obras. Ainda segundo o autor,
utilizando as informações acumuladas em re-
ferências para os passos seguintes. “o design é um processo criativo, po-
rém a configuração de um produto não
2.3. Hipótese ocorre num ambiente vazio. Cada resul-
tado advém de um processo de desen-
A evolução dos processos de projeto em volvimento e seu andamento é determi-
design se dá na medida em que novas conside- nado por condições e decisões. Teoria
rações são feitas, testadas e validadas dentro e metodologia do design são reflexos
do universo de métodos e técnicas que visam objetivos de seus esforços que se des-
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a solução de problemas. A integração desses tinam a otimizar métodos, regras, crité-


métodos e técnicas pode aumentar a profundi- rios e, com sua ajuda, o design poderá
dade de conhecimento da situação problemá- ser pesquisado, avaliado e melhorado.”
tica, qualitativa e quantitativamente, levando,
assim, ao desenvolvimento de melhores alter- LÖBACH (2001) diz que o design é uma
nativas de solução. idéia, projeto ou plano para a solução de um
Quando se considera, especificamente, problema, e o ato de design, então, é dar corpo
a relação entre a metodologia de projeto e a à idéia e transmiti-la ao outros.
metodologia ergonômica, pode-se dizer que Segundo VASCONCELOS (2009),
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nenhuma solução de design é completa se não


agregar aspectos de usabilidade que atendam, “Através de uma análise comum de de-
de forma eficiente, aos requisitos cognitivos e finições de diversos autores, é possível
aos limites de conforto físico dos usuários. estabelecer uma definição geral e mais
abrangente de Metodologia de Design. A
Metodologia de Design poderia ser en- 53
tendida então como um processo esque-
matizado e apoiado em etapas distintas,
com o objetivo de aperfeiçoar e auxiliar
o Designer (ou a equipe de Design) no
desenvolvimento ou concepção de so-
luções para um determinado problema
através de um artefato (seja um produto
ou um serviço), oferecendo um suporte
de métodos, técnicas ou ferramentas.”

3.2. Modelos de metodologias de projeto

Para verificar as maneiras como dife-


rentes designers interpretam a metodologia
de projeto, esta seção apresenta, a partir de 3.2.1.2. Modelo de Bruce Archer
consulta à literatura, cinco diferentes modelos
publicados por autores de metodologias larga- Bruce Archer promoveu o uso de análises
mente utilizadas como base para o desenvol- de níveis de sistema, também em seqüência
vimento de projetos de design. Em seguida, linear, através de estudos e experimentos no
será apresentado um modelo de metodologia campo industrial. Archer acreditava na tese de
ergonômica. Todos serão analisados indivi- que deve existir um propósito na busca ante-
dualmente para que seja possível identificar e cipada por soluções em design, e não apenas
destacar suas características principais e, pos- a exploração formal. No campo do projeto,
teriormente, seus pontos divergentes e conver- recorrer a ações aleatórias não é suficiente.
gentes entre si. Archer preconizava que não há design sem
um problema a ser resolvido, assim como não
3.2.1. Modelos lineares há problema sem restrições, bem como não
há restrições sem requisitos. Dessa forma,
3.2.1.1. Modelo de Horst Rittel um projeto começa com uma necessidade a
ser resolvida. Se essa necessidade puder ser
Segundo BÜRDEK (2010), foram desen- prontamente atendida, significa que não há um
volvidos os primeiros trabalhos sobre metodolo- problema, mas se a necessidade não puder ser
gia nos anos 60, primeiramente no âmbito anglo- imediatamente atendida é por que existem cer-
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-saxônico. Eles foram fortemente influenciados tos obstáculos a serem resolvidos.
pela pesquisa aeroespacial, onde havia proble- Encontrar meios para resolver esses obs-
mas complexos a resolver. Horst Rittle designou táculos é o que constitui o problema, e se, para
esta fase inicial “A Pesquisas de Sistemas de a resolução é necessária a formulação de uma
Primeira Geração”, cujo fundamento era de que instrução ou modelo para a realização de um
seria possível dividir o processo de projeto em objeto, e isso inclui a criatividade, então há
fases discretas e bem definidas. um problema de projetação. As habilidades re-
Dessa forma, Rittel descreveu uma se- queridas para a solução de problemas de pro-
qüência linear de ações a partir da qual cada jetação dependem da natureza e das restrições
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etapa dependerá sempre do resultado da etapa predominantes. Portanto, a partir da detecção


anterior, podendo haver realimentações pon- e entendimento do problema, passa-se à fase
tuais no interior de cada etapa. de levantamento detalhado de dados e especi-
Assim, Rittel nos mostra a seguinte orga- ficações, para que essas informações possam
nização metodológica: embasar a fase criativa.
As etapas do modelo de Bruce Archer podem ser iniciadas depois que as anteriores
54 são ramificadas, apresentando tanto ações in- são cumpridas.
dependentes que podem ser realizadas para- Assim, a organização esquemática do
lelamente, quanto em etapas lineares, que só modelo de Archer é a seguinte:

Separando-se o fluxograma metodológico em macro-fases, temos:


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3.2.1.3. Modelo de Gui Bonsiepe A estrutura metodológica de Bonsiepe é


dividida em três fases, cada qual composta de
Gui Bonsiepe propõe uma metodologia subfases que dividem o processo, buscando
linear descritiva, ou seja, cada etapa depende um acerto preciso de todas as partes do proje-
do resultado da anterior, e acredita que existe to, mesmo que isso implique em redundâncias
uma estrutura comum ao processo de solução no decorrer das ações. Organização metodoló-
de um problema independentemente da quan- gica de Gui Bonsiepe:
tidade de situações problemáticas.
1 - Estruturação do problema projetual tista a descobrir coisas que, sem a aplicação do
método, dificilmente seriam percebidas. 55
1.1 - Localização da necessidade de se alcan- Munari também enfatiza que o método fun-
çar uma missão ou, no caso de projetos exis- ciona como um guia e um delimitador que ajuda
tentes, metas não cumpridas. o projetista a manter-se dentro de uma linha de
1.2 - Avaliação de necessidade. Comparar a viabilidade projetual, evitando imprecisões cau-
necessidade com outras a respeito da sua com- sadas pelo pensamento puramente informal.
patibilidade e prioridade. A abordagem metodológica de Bruno
1.3 - Análise do problema de projeto quanto à Munari é linear, composta de passos distintos
sua justificativa. em que o anterior é requisito para o seguinte.
1.4 – Definição do problema geral do projeto. Entretanto, há um caráter flexível tanto na de-
1.5 - Exatidão do problema projetual. finição quanto na localização da cada passo do
1.6 - A subdivisão em subproblemas. processo dentro do fluxograma metodológico,
1.7 - Priorização dos problemas. permitindo ajustes, inclusões e exclusões de
1.8 - Análise das soluções existentes. conceitos sempre que necessário.
Outro aspecto marcante do modelo de
Munari é a sua defesa de uma metodologia co-
2 - Projetação
mum a todas as naturezas de projeto. Segundo
o próprio autor,
2.1 - Desenvolvimento de alternativas ou
idéias básicas.
“O processo parte do principio carte-
2.2 - Análise das alternativas.
siano de decomposição dos problemas
2.3 - A seleção de melhores alternativas.
e análise das partes, o que se assemelha
2.4 – Desenvolvimento da alternativa selecionada.
ao modelo proposto por Alexander na
2.5 - Confecção do protótipo.
década de sessenta, para em um proces-
2.6 - Avaliação do protótipo.
so criativo reconstruir o produto sinte-
2.7 – Implementação deventuais alterações.
tizando as soluções possíveis, e por fim
2.8 - Construção do protótipo alterado.
chegar a uma solução através da expe-
2.9 - Validação de protótipo alterado.
rimentação e verificação dos modelos.
2,10 - Elaboração de desenhos técnicos defini-
(MUNARI 2008)”
tivos para a fabricação.

A esquematização metodológica de
3 - Realização do projeto
Munari se subdivide em 11 etapas, descritas
a seguir:
3.1 - Fabricação do modelo pré-série.
3.2 - Preparação de estudos de custos.
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3.3 - Adaptação do design às condições espe- 1 - Definição do Problema [briefing].
cíficas do produtor. 2 - Componentes do Problema [decomposição
3.4 – Produção em série. do problema em partes].
3.5 - Avaliação do produto depois de um tem- 3 - Coleta de dados [pesquisa de similares].
po determinado de utilização. 4 - Análise dos dados [análise das partes e
3.6 – Introdução dos ajustes possíveis com qualidades funcionais dos similares | com-
base na avaliação. preensão do que não se deve fazer no projeto].
5 - Criatividade [tradução dos dados analisa-
dos em idéias e alternativas de solução].
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3.2.1.4. Modelo de Bruno Munari


6 - Materiais e Tecnologia [coleta de dados so-
Bruno Munari, seguindo a sua interpreta- bre materiais e tecnologias disponíveis para o
ção funcionalista do design, vê a metodologia projeto em questão].
como uma ferramenta de ajuda ao projetista 7 - Experimentação [dos materiais e das técni-
no esforço de se resolver um problema. Tal cas para novas aplicações]
ferramenta deve ser, segundo o autor, um fator
de estímulo à criatividade, já que leva o proje-
8 - Modelo [esboços e desenhos | modelos fí- 1 - Primeiramente, precisam ser defini-
56 sicos parciais ou totais, em escala ou não, para dos o problema do projeto e o público-alvo.
a verificação de materiais, usabilidade, etc.]. Um entendimento preciso do problema e suas
9 - Verificação [apuração dos resultados da restrições permitem soluções mais precisas a
avaliação dos modelos; detecção de falhas no serem desenvolvidas. Esta etapa determina o
projeto] que é necessário para que o projeto seja bem-
10 - Desenho de Construção [comunica todas -sucedido;
as informações técnicas para a construção de 2 - A fase de pesquisa coleta opiniões
um protótipo | construção de um modelo em sobre o problema do projeto. São pesquisas
tamanho natural] com o usuário final e entrevistas com líderes
11 - Solução [apresentação do relatório de pro- de opinião, as quais geram a identificação de
jeto, desenhos e protótipo]. potenciais obstáculos;
3 - Idealizar é a etapa em que as moti-
3.2.1.5. Modelo de Gavin Ambrose vações e as necessidades do usuário final são
e Paul Harris identificadas e as idéias, que geralmente po-
dem ser definidas por meio de um brainstor-
Gavin Ambrose e Paul Harris concen- ming, são geradas para atendê-lo;
tram seus estudos em métodos de projeto 4 - A prototipagem tenta resolver ou
gráfico, utilizando o conceito metodológico trabalhar essas ideias, que são apresentadas
batizado de Design Thinking que, segundo os para a análise de um grupo de usuários e das
próprios autores, “visa encontrar uma solução partes interessadas, antes de serem apresen-
adequada para um problema, um processo tas para o cliente;
que em geral começa com o trabalho de achar 5 - A seleção revê as soluções propostas
qual é realmente o problema.” (AMBROSE & contra o objetivo do projeto. Algumas solu-
HARRIS 2011). ções podem ser práticas. Ideias poderosas pa-
AMBROSE & HARRIS (2011) comple- recem mais arriscadas, mas podem ser as mais
mentam explicando que bem-sucedidas;
6 - A implementação é o desenvolvimento
“projetar é controlar tipos, ser preciso e do projeto e a sua entrega final para o cliente;
intencional com cores e imagens. trata- 7 - A aprendizagem ajuda os designers
-se de ser capaz de selecionar trabalhos a melhorarem seus desempenhos, e, então, a
e estilos e, finalmente, ser capaz de en- empresa deve procurar os clientes para obter
tregar algo, seja um cartão de visitas ou o feedback do público-alvo e determinar se a
um site. é sobre o que você está fazen- solução atingiu as metas. Isso pode identificar
do. o Design Thinking, em contraste, é melhorias que precisam ser aplicadas no futuro.
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sobre o porquê de você estar fazendo.


Muitas vezes, o cliente dirá: “preciso de 3.3. Identificação das divergências e
um novo site”, mas seria mesmo esse o convergências entre as metodolo-
caso? Nem sempre. Às vezes, o que ele gias de projeto
realmente precisa é repensar o que está
fazendo, em vez de refazer coisas repe- De uma forma geral, o processo de proje-
tidamente, tentando manter o design. tação é visto como uma seqüência de ações por
Hoje, isso é particularmente interessan- todos os autores. É também unânime a idéia de
te devido às mudanças na tecnologia.” que todo projeto deve começar a partir de uma
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determinação detalhada da situação problemá-


AMBROSE & HARRIS (2011) subdivi- tica que o inspira. Há, entretanto, claras dife-
dem o processo do Design Thinking em sete renças de abordagem, principalmente em rela-
etapas, descritas a seguir: ção à distribuição das etapas metodológicas na
linha de tempo do projeto. A maior parte das abordagens, uma tabela organiza as metodo-
abordagens é linear, ou seja, a etapa seguinte logias de acordo com o seu autor. Em seguida 57
só tem início quando finalizada a anterior, em- são destacados os pontos comuns a todas as
bora essa linearidade não seja absoluta e per- propostas. Primeiramente, são apresentados
mita que etapas já cumpridas sejam revisitadas processos divididos em macro-fases. Depois
e até ajustadas quando necessário. disso, as etapas pertencentes a cada macro-fa-
Para tornar mais clara a identificação das se são incluídas. Na tabela abaixo é apresen-
convergências e divergências entre as diversas tada a divisão dos métodos em macro-fases:

Horst Rittel Bruce Archer Gui Bonsiepe Bruno Munari Ambrose & Harris
Fase de problemati- Fase de problema-
Situação problemática Fase de estruturação
Fase analítica zação tização
do problema
Fase de pesquisa Fase de análise Fase de pesquisa
Fase de elaboração Fase criativa Projetação Fase criativa Fase criativa
Detalhamento e
Fase de especificação Detalhamento técnico
implementação
Fase de comunicação Realização
Fase de implemen- Modelagem, avalia-
Feedback
tação ção e implementação

As cores indicam as semelhanças entre as lização. Ambrose & Harris incluem uma última
macro-fases de cada abordagem metodológi- fase de feedback entre designers e clientes.
ca. Pode-se perceber, então, que as metodolo- Com base na análise das macro-fases
gias de Rittel, Bonsiepe, Munari e Ambrose identificadas nas metodologias dos autores,
& Harris dedicam fases específicas para pode-se sugerir uma reorganização do proces-
as definições das situações problemáticas. so estabelecendo-se, assim, um esquema me-
Entretanto, o modelo de Bonsiepe não prevê todológico convergente.
claramente uma fase dedicada à pesquisa e
análise de dados, presente nas demais abor- Convergência das macro-fases
dagens. Bruce Archer não menciona o termo Identificação e análise do problema
problema na sua proposta, dando lugar a um Fase de pesquisa
levantamento e análise de dados. Fase criativa ou de elaboração
Todos os autores dedicam uma fase ex- Fase de especificação técnica
clusiva à criatividade e elaboração de idéias. Fase de modelagem e avaliação
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Bonsiepe, no entanto, inclui aspectos de deta- Fase de implementação
lhamento e especificação nesta fase, diferente- Fase de feedback
mente dos demais autores, que determinam que
estes aspectos devem ser posteriores à fase cria- Estabelecida a convergência entre as
tiva. Ambrose & Harris propõem a fusão en- macro-fases dos modelos metodológicos ana-
tre as fases de detalhamento e implementação. lisados, pode-se determinar a distribuição das
Bruce Archer finaliza o seu processo com o de- sub-etapas metodológicas propostas por cada
talhamento técnico, denominado por ele como autor para que, em seguida, seja feita a identi-
“comunicação”. Rittel, Bonsiepe e Munari ficação dos aspectos convergentes existentes,
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dedicam fases exclusivas à modelagem e rea- bem como dos aspectos divergentes.
O estudo de convergência das etapas dos Outro aspecto curioso em relação ao mode-
modelos metodológicos identifica, através do lo de Bonsiepe é o fato de haver uma complexa 59
uso de cores, as semelhanças entre as aborda- etapa de prototipação entre o fim da fase criativa
gens de cada autor. As células marcadas com o X e a etapa de elaboração de desenhos técnicos,
identificam as divergências. Nota-se que o único enquanto os modelos de Munari e Ambrose &
modelo que teve todas as macro-fases preen- Harris prevêem a confecção de protótipos ape-
chidas por suas etapas foi o de Gui Bonsiepe. nas na fase de modelagem. Nesta fase, Bonsiepe
Entretanto, ainda é possível determinar a tabela determina a confecção de modelo pré-série, en-
de convergências, uma vez que algumas etapas quanto Rittel e Archer não prevêem qualquer
de alguns modelos apresentam conteúdos com- tipo de modelagem. Traduzindo a análise das
plementares em relação aos demais. convergências numa única tabela, temos:

Convergência das macro-fases Convergência das etapas

Localização da necessidade de se alcançar uma missão ou metas não cumpridas


Avaliação de necessidade. Comparar a necessidade com outras a respeito da
sua compatibilidade e prioridade.
Análise do problema de projeto quanto à sua justificativa.
Definindo o problema geral do projeto.
Identificação e análise do problema Exatidão do problema projetual.
A subdivisão em sub-problemas
Priorização dos problemas
Definição do público-alvo
Estabelecimento de um programa
Analise das soluções existentes
Pesquisa com usuários finais
Fase de pesquisa
Coleta de dados
Análise de dados
Síntese
Desenvolvimento de conceitos de soluções alternativas
Fase criativa ou de elaboração Desenvolvimento de alternativas ou idéias básicas
Análise das alternativas
Seleção das melhores alternativas
Desenvolver alternativa selecionada
Materiais e tecnologia
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Confecção do protótipo
Avaliação do protótipo
Fase de especificação técnica
Implementar eventuais alterações
Construção do protótipo alterado
Validação do protótipo alterado
Elaboração de desenhos técnicos definitivos para a fabricação
Revisão da solução em relação aos objetivos do projeto
Fabricação do modelo pré-série
Fase de modelagem e avaliação
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Verificação
Preparação de estudo de custos
Adaptação do design às condições específicas do produtor
Desenho de construção
Fase de implementação
Apresentação ao cliente
Produtos em série
Avaliação do produto depois de um tempo determinado de produção
Fase de feedback
Introdução dos ajustes com base na avaliação
Uma vez estabelecida a convergência “os métodos da engenharia merecem
60 entre as macro-fases e as etapas das metodo- uma atenção especial, porque os es-
logias de projeto em design, é hora de iniciar pecialistas envolvidos no desenvolvi-
o estudo das metodologias ergonômicas e seu mento do sistema não podem contar so-
papel como ferramenta projetual. Espera-se, mente com recomendações, guidelines,
assim, identificar o ponto convergente entre checklists ou padrões para fazerem o
as metodologias de projeto e a metodologia seu trabalho. As guidelines não anali-
ergonômica. sam sistemas, nem os projetam, testam
ou avaliam. Pelo contrário, o especia-
lista em ergonomia tem que depender
4. METODOLOGIA dos métodos que auxiliam as três ativi-
ERGONÔMICA dades básicas do desenvolvimento de
projetos - análise, design e teste.”
A ergonomia, segundo MONTMOLLIN
(1971), é definida como a tecnologia das comu- Revelam-se, então, as metodologias de in-
nicações nos sistemas humano-máquina. Tais tervenção de ergonomia como metodologias vá-
comunicações, definem, por sua vez, o trabalho. lidas de projetação, tendo, assim, a sua aplicação
Primordialmente, todo projeto basea- viabilizada para o desenvolvimento de projetos.
do na abordagem ergonômica leva em conta
a trinca formada pelo ser humano, a máqui- 4.1. Modelo de projeto ergonômico por
na ou ferramenta e o trabalho propriamente intervenção ergonomizadora
dito. Desta forma, aspectos incomuns àqueles
verificados nas metodologias de projeto ante- A intervenção ergonomizadora é um mo-
riormente analisadas têm destaque no uso de delo de desenvolvimento de projetos proposto
métodos ergonômicos de projetação. Aqui são pela ergonomista Anamaria de Moraes que
estudados aspectos como capacidades física e tem por linha de ação a observação dos aspec-
cognitiva do usuário, conforto, facilidade de tos ergonômicos na solução de problemas que
visualização, percepção e processamento de mereçam a realização de um projeto. Este tipo
mensagens, campos visuais, entre outros. de intervenção, assim como outros métodos
MORAES & MONT`ALVÃO (2009) de projetação, tem aplicação ampla dentro do
definem a ergonomia como: espectro de trabalho dos profissionais de áreas
projetivas, como o design e as engenharias.
“Teoria tecnológica operativa, que A intervenção ergonomizadora contempla
objetiva, através da ação, resolver os segmentos de design da informação, - onde
problemas da relação entre homem, trabalha sob a nomenclatura de ergonomia in-
formacional – ambientes virtuais, projetos de
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máquina, equipamentos, ferramentas,


programação do trabalho, instruções e produtos, postos de trabalho, ambiente cons-
informações, solucionando os conflitos truído e ambiente urbano.
entre o humano e o tecnológico, entre a Tradicionalmente, qualquer nível de inter-
inteligência natural e a inteligência ar- venção ergonomizadora tem peso apenas com-
tificial nos sistemas homem-máquina.” plementar em grandes projetos de design, quase
sempre limitado a análises pontuais de aspectos
MORAES & MONT`ALVÃO (2009) tam- muito específicos do processo projetual, como
bém explicam que “a ergonomia, ao realizar suas por exemplo, a análise de campos de visão em
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pesquisas e intervenções, lança mão dos méto- projetos de sinalização de ambientes. Assim,
dos em uso pelas ciências sociais e das técnicas não há claramente uma convergência real entre
propostas pela engenharia de métodos.” os métodos projetuais tradicionais e o método
CHAPANIS (1996) apud MORAES & de intervenção ergonomizadora.
MONT`ALVÃO (2009) afirma que: MORAES & MONT`ALVÃO (2009)
descrevem a intervenção ergonomizadora
dentro das seguintes etapas:
1. Apreciação ergonômica: de ambiente, arranjo e conformação de
“é uma fase exploratória que compre- postos de trabalho, programação da tarefa 61
ende o mapeamento dos problemas er- - enriquecimento, pausas, etc.”
gonômicos - posturais, informacionais,
acionais, cognitivos, comunicacionais, 3. Projetação ergonômica:
interacionais, deslocacionais, movi- “Trata de adaptar as estações de traba-
mentacionais, operacionais, espaciais, lho, equipamentos e ferramentas às ca-
físico-ambientais, gerenciais, naturais, racterísticas físicas, psíquicas e cogni-
interfaciais, biológicos. São feitas obser- tivas do trabalhador/ operador/ usuário/
vações no local de trabalho e entrevistas consumidor. Compreende o detalhamen-
com supervisores e trabalhadores, verifi- to do arranjo e da conformação das in-
cando o sistema humano-tarefa-máquina terfaces, dos subsistemas e componentes
(SHTM). Realizam-se registros fotográ- instrumentais, informacionais, acionais,
ficos e em vídeo. Esta etapa termina com comunicacionais, interacionais, instru-
o parecer ergonômico, que compreende cionais, movimentacionais, espaciais e
a apresentação ilustrada dos problemas, físico ambientais. Termina com o pro-
a modelagem e as disfunções do sistema jeto ergonômico: conceito do projeto,
humano-tarefa-máquina. Conclui-se com sua configuração, conformação, perfil e
a hierarquização dos problemas, a partir dimensionamento, considerando espa-
dos custos humanos do trabalho, segundo ços, estações de trabalho, subsistemas
a gravidade, a urgência e a tendência; a de transporte e de manipulação, telas e
priorização dos pontos a serem diagnos- ambientes. A organização do trabalho e a
ticados e modificados; sugestões prelimi- operacionalização da tarefa também são
nares de melhoria e predições que se re- objetos de propostas de mudanças.”
lacionam à provável causa do problema.”
4. Avaliação, validação e testes ergonômicos:
2. Diagnose Ergonômica: “Tratam de retornar aos usuário/operado-
“Permite aprofundar os problemas priori- res os argumentos, as propostas e alterna-
zados e testar predições. De acordo com o tivas projetuais. Compreende simulações
recorte da pesquisa ou conforme a expli- e avaliações através de modelos de testes.
citação da demanda pelo decisor, fazem- As técnicas de conclave objetivam con-
-se a análise macro ergonômica e/ou a seguir a participação dos usuários/opera-
análise da tarefa dos sistemas homem-ta- dores nas decisões relativas às soluções
refa-máquina. É o momento das observa- a serem implementadas, detalhadas e
ções sistemáticas das atividades da tarefa, implantadas. Para fundamentar escolhas,
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dos registros de comportamento, em situ- realizam-se, também, testes e experimen-
ação real de trabalho. Realizam-se grava- tos com variáveis controladas.”
ções em vídeo, entrevistas estruturadas,
verbalizações e aplicam-se questionários 5. Detalhamento e otimização ergonômica:
e escalas de avaliação. Registram-se “Compreendem a revisão do projeto, após
freqüências, seqüências e/ou duração de sua avaliação pelo contratante e validação
posturas assumidas, tomada de informa- pelos operadores, conforme as opções do
ções, comunicações e/ou deslocamentos. decisor, segundo as restrições de custo,
Os níveis, amplitude e profundidade dos as prioridades tecnológicas da empresa
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levantamentos de dados e das análises solicitante, a capacidade instalada do im-


dependem das prioridades definidas, dos plementador e as soluções técnicas dis-
prazos disponíveis e dos recursos orça- poníveis. Termina com as especificações
mentários. Esta etapa se encerra com o ergonômicas para os subsistemas e com-
diagnóstico ergonômico que compreende ponentes interfaciais, instrumentais, in-
a confirmação ou a refutação de predi- formacionais, acionais, comunicacionais,
ções e/ou hipóteses. Conclui-se com as interacionais, instrucionais, movimenta-
recomendações ergonômicas em termos cionais, espaciais e físico ambientais.”
5. CONVERGÊNCIA ENTRE AS METODOLOGIAS DE PROJETO E
62 ERGONÔMICA

5.1. Integração das etapas ergonômicas com as macro-fases da metodologia de projetos

Antes de definir o fluxograma final que indicará a integração entre as naturezas metodológicas
estudadas neste trabalho, convêm estabelecer a identidade entre as macro-fases da metodologia de
projetos e a metodologia ergonômica de Anamaria de Moraes. Assim, temos:

Macro-fases da metodologia de projetos Etapas da metodologia de intervenção ergonomizadora

Identificação e análise do problema Delimitação do sistema-alvo

Sistematização do sistema-alvo

Problematização

Referencial teórico
Fase de pesquisa
Parecer ergonômico

Análise da tarefa

Dignóstico ergonômico

Conceituação do projeto ergonômico

Fase criativa ou de elaboração Elaboração de alternativas de configuração

Seleção da melhor alternativa de configuração

Fase de especificação técnica Refinamento da alternativa selecionada (estudo antropométrico)

Elaboração de modelo volumétrico

Avaliação do modelo através de testes com os usuários


Fase de modelagem e avaliação
Verificação e ajustes

Validação final

Detalhamento e otimização
Fase de implementação
Produção

Avaliação do produto depois de um tempo determinado de produção


Fase de feedback
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Introdução dos ajustes com base na avaliação


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5.2. Tabela comparativa final
63
Macro-fases da metodologia de Etapas metodológicas de projeto Etapas ergonomizadoras
projetos
Localização da necessidade de se alcançar
uma missão ou metas não cumpridas
Avaliação de oportunidade. Comparar a
necessidade com outras a respeito da sua
compatibilidade e prioridade.
Análise do problema de projeto quanto à
sua justificativa.
Identificação e análise do
Definindo o problema geral do projeto. Delimitação do sistema-alvo
problema
Exatidão do problema projetual.
A subdivisão em sub-problemas
Priorização dos problemas
Definição do público-alvo
Estabelecimento de um programa
Sistematização do sistema-alvo
Analise das soluções existentes Problematização
Referencial teórico
Fase de pesquisa
Pesquisa com usuários finais Parecer ergonômico
Coleta de dados Análise da tarefa
Análise de dados Dignóstico ergonômico
Síntese
Desenvolvimento de conceitos de soluções Conceituação do projeto ergonômico
alternativas
Fase criativa ou de elaboração Desenvolvimento de alternativas ou idéias Elaboração de alternativas de confi-
básicas guração
Análise das alternativas Seleção da melhor alternativa de
Seleção das melhores alternativas configuração

Desenvolver alternativa selecionada


Materiais e tecnologia
Confecção do protótipo
Avaliação do protótipo
Fase de especificação técnica Implementar eventuais alterações Refinamento da alternativa selecionada

Construção do protótipo alterado


Validação do protótipo alterado
Elaboração de desenhos técnicos definiti-
vos para a fabricação
Desenvolver alternativa selecionada Elaboração de modelo volumétrico
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Avaliação do modelo através de testes
Materiais e tecnologia
Fase de modelagem e avaliação com os usuários
Confecção do protótipo Verificação e ajustes
Avaliação do protótipo Validação final
Adaptação do design às condições especí-
ficas do produtor Detalhamento e otimização

Fase de implementação Desenho de construção


Apresentação ao cliente Produção
Produtos em série
Avaliação do produto depois de um tempo Avaliação do produto depois de um
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determinado de produção tempo determinado de produção


Fase de feedback
Introdução dos ajustes com base na Introdução dos ajustes com base na
avaliação avaliação
5.3. Proposta de metodologia de projeto integrada à ergonomia
64
Eliminando-se as redundâncias existentes entre as metodologias de projeto e ergonômica, pode-
-se, por fim, estabelecer a proposta de metodologia convergente, que pode permitir uma abordagem
mais aprofundada dos aspectos projetuais, incluindo os fatores humanos, desta vez não mais como uma
linha de estudos acessória e sim totalmente integrada à rotina de desenvolvimento do projeto.

Macro-fases da meto- Etapas metodológicas integradas


dologia de projetos
Localização da necessidade de se alcançar uma missão ou metas não cumpridas
Avaliação de necessidade. Comparar a necessidade com outras a respeito da sua compatibilida-
de e prioridade.
Análise do problema de projeto quanto à sua justificativa.
Definição do problema geral do projeto.
Identificação e análise Exatidão do problema projetual.
do problema
A subdivisão em sub-problemas
Priorização dos problemas
Delimitação do sistema-alvo
Definição do público-alvo
Estabelecimento de um programa
Sistematização do sistema-alvo
Analise das soluções existentes
Problematização
Fase de pesquisa Análise da tarefa
Pesquisa com usuários finais
Coleta de dados
Análise de dados
Síntese
Desenvolvimento de conceitos de soluções alternativas
Fase criativa ou de
elaboração Desenvolvimento de alternativas ou idéias básicas
Análise das alternativas
Seleção da melhor alternativa de configuração
Desenvolvimento da alternativa selecionada
Especificação de materiais e tecnologia
Confecção do protótipo

Fase de especificação Avaliação do protótipo


técnica Implementação de eventuais alterações
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Construção do protótipo alterado


Validação do protótipo alterado
Elaboração de desenhos técnicos definitivos para a fabricação
Desenvolvimento alternativa selecionada
Elaboração de modelo volumétrico
Avaliação do modelo através de testes com os usuários

Fase de modelagem e Verificação e ajustes


avaliação Detalhamento de materiais e tecnologia
Confecção do protótipo
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Avaliação do protótipo
Validação final
Adaptação do design às condições específicas do produtor

Fase de implemen- Desenho de construção


tação Apresentação ao cliente
Produção
Avaliação do produto depois de um tempo determinado de produção
Fase de feedback
Introdução dos ajustes com base na avaliação
O modelo de metodologia proposto segue de se estudar e compreender os processos de
ainda uma ordenação linear, porém é flexível design, promovendo, entre os envolvidos, uma 65
em relação a retornos e ajustes feitos em eta- imersão mais intensa no universo metodológi-
pas já cumpridas. Isso é importante para mi- co, abrindo espaço para reflexões, desenvol-
nimizar as possibilidades de erros de projeto vimento e atualização contínua dos métodos
que, se descobertos precocemente, permitem de projeto.
a sua correção com o menor impacto possível Os próximos passos desta pesquisa in-
nos custos finais. cluem testes de aplicação em ambiente acadê-
mico a fim de se detectar pontos de melhorias.
Assim, os estudos futuros serão concentrados
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E em cases de aplicação da proposta em traba-
ESTUDOS FUTUROS lhos desenvolvidos dentro das disciplinas de
projeto do curso de Design do UniFOA. Além
Esta pesquisa foi desenvolvida a partir disso, há margem para ampliação do número
de uma revisão bibliográfica e análise compa- de modelos metodológicos analisados, tan-
rativa das informações coletadas. Portanto, o to no campo do projeto de design, quanto no
resultado ainda precisa ser avaliado e ajustado campo da ergonomia, permitindo assim, reno-
de maneira a alcançar de forma plena o obje- vação contínua dos dados e evolução constan-
tivo do trabalho. Entretanto, a fusão metodo- te dos resultados.
lógica aqui proposta ofereceu a possibilidade

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7. REFERÊNCIAS LÖBACH, Bernd. Design Industrial: Bases
66 BIBLIOGRÁFICAS para configuração dos produtos industriais.
Tradução Freddy Van Camp. Rio de Janeiro:
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em: http://en.wikipedia.org/wiki/L._Bruce_ Design considerando sua importância
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Ltda, 2011. MORAES, Anamaria de; MONT ALVAO,
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BÜRDEK, B. E. História, Teoria e Prática MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas.
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Van Camp. São Paulo: Edgard Blücher, 2010.
VASCONCELOS, L. A. L. Uma Investigação
FRISONI, Bianca Cappucci. Ergonomia, em Metodologias de Design. Trabalho de
metodologia ergonômica, “designing” para conclusão de Curso (Bacharelado em Design)
o uso humano. Dissertação de Mestrado - – Universidade Federal de Pernambuco,
PUC-Rio, Rio de Janeiro. 2000. Recife, 2009.
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