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ANÁLISE DO DISCURSO: LUGAR DE ENFRENTAMENTOS TEÓRICOS In: FERNANDES, C.

; SANTOS,
J.B. (org.). Teorias lingüísticas:
problemáticas contemporâneas.
Uberlândia: UFU, 2003.
1. Da lingüística do enunciado à lingüística da enunciação
Em seu livro História e Lingüística, Régine Robin(1) analisa as mudanças
ocorridas no campo dos estudos da linguagem, no final da década de 1960, com a
passagem de uma “lingüística da frase” para uma “lingüística do discurso”. Segundo a
autora, a lingüística do discurso pretendeu ultrapassar a análise do enunciado e fazer
estourar o espartilho que apertava o objeto da Lingüística (p. 88), levando-a a
interessar-se por novos objetos - o universo conotativo da linguagem, o jogo das
implicações e das pressuposições, o campo retórico-estilístico, as estratégias dos
argumentos do discurso, etc. – e, conseqüentemente, desenvolvendo novas formas de
encarar a configuração dos saberes. Essa mudança no olhar o seu objeto, fez que a
Lingüística vivesse a hora das revisões fundamentais (p.88), que ela revisitasse a
oposição entre a langue e a parole e que retomasse a discussão sobre as exclusões da
Lingüística saussureana. Essas mudanças tornaram possível o desenvolvimento de uma
teoria da enunciação e provocaram o aparecimento de uma Lingüística que se ocupará
do discurso. No entanto, isso não se deu de forma abrupta, nem, muito menos, tranqüila:
a enunciação ora foi pensada em termos de processo, ora em termos de marcas em uma
enunciação enunciada – e, assim, os pesquisadores hesitaram entre uma concepção
muito ampla e uma concepção muito restritiva dos elementos que haviam sido deixados
em suspenso a partir das propostas de Saussure (o sujeito, a História, o discurso). A
importância e a centralidade que a enunciação assume no interior da “lingüística do
discurso” evidencia que ela não é um conceito já absolutamente consolidado, mas o
signo de um problema.

2. A lingüística do discurso
Vários autores, como Maingueneau (1976)(2), propõem que os formalistas russos
foram precursores da lingüística do discurso, ressaltando, entretanto, que a perspectiva
imanentista impediu que suas pesquisas fizessem avançar a discussão sobre a
enunciação. Nos anos 1960, duas direções estavam desenhadas e delinearam o futuro
dos trabalhos sobre o discurso: de um lado, o estruturalismo americano possibilitou a
ampliação do escopo das abordagens e permitiu a análise das relações transfrásticas; de
outro lado, os trabalhos de Benveniste e de Jakobson trouxeram as questões ligadas à

(1)
Robin, Regine. História e Lingüística. São Paulo: Cultrix, 1977.
(2)
Maingueneau, Dominique. Iniciação aos métodos de análise do discurso. Paris: Hachette, 1976.
comunicação para o interior das análises lingüísticas. A preocupação com a enunciação
separa, portanto, uma análise do discurso européia de uma linha americana e, segundo
Orlandi (1986, p. 16)(3),
essas duas direções vão marcar duas maneiras diferentes de pensar a
teoria do discurso: uma que a entende como a extensão da Lingüística
(que corresponderia à perspectiva americana) e outra que considera o
enveredar para a vertente do discurso o sintoma de uma crise interna
da Lingüística, principalmente na área da semântica. Assim, a
tendência européia , partindo de ‘uma relação necessária entre o dizer
e as condições de produção desse dizer’ coloca a exterioridade como
marca fundamental e exige um deslocamento teórico, de caráter
conflituoso, que vai recorrer a conceitos exteriores ao domínio de uma
lingüística imanente para dar conta da análise de unidades mais
complexas da linguagem.

A história da lingüística do discurso pode, então, ser visualizada, a partir dos


anos 1960, por meio da relação que se vai estabelecer entre a Lingüística e outras
disciplinas, na busca da interdisciplinaridade para a análise de um objeto “além da
frase”, que exige a abordagem da articulação entre o lingüístico e o seu “exterior”:
a) Esse é o objetivo da sociolingüística. No entanto, ela não problematiza o
estatuto da relação entre a ordem do discurso e a ordem sócio-histórica.
Por isso, ela não consegue solucionar a relação entre a análise “interna” e
a análise “externa”, e passa da análise lingüística à busca de uma
covariância com o nível social. Desde cedo evidenciou-se essa
fragilidade das análises, já que, para explicar o “discurso”, é necessário
construir um objeto descritível por processos lingüísticos, mas que se
integre a uma teoria geral das sociedades (Robin, 1977, p.92);
b) Algumas propostas, apesar de terem passado ao nível além da frase,
permaneceram apenas “internas” (Lingüística Textual; gramáticas de
texto), ou tomaram a “enunciação” em sentido lógico (pragmática, atos
de fala, etc.);
c) Outras propostas são apenas conteudísticas e deixam de fora da análise
os aspectos lingüísticos. É o caso de trabalhos realizados no campo da
pedagogia, da sociologia, da história, da antropologia, etc. que aplicam
conceitos de correntes da “lingüística do discurso”. O problema desses
estudos é a opção pela abordagem temática, negligenciando-se aspectos
lingüísticos (por exemplo, a estrutura sintática dos textos, o léxico

(3)
Orlandi, E. A análise do discurso: algumas observações. Em: DELTA, vol. 2, nº 1, 1986.
específico e as redes semânticas que se estabelecem entre os vocábulos).
Da mesma maneira, não se trata do nível propriamente discursivo, sua
estrutura, sua retórica, os mecanismos de enunciação4.

3. A fundação da Análise do Discurso na França


Para Maldidier (1990, traduzido em 1997)(5), a história da Análise do Discurso
na França pode ser lida através de uma dupla fundação, no final dos anos 60, nas figuras
de Jean Dubois e de Michel Pêcheux. Apesar das diferenças, os dois fundadores tinham
como pano de fundo o panorama da França da época.
Dubois e Pêcheux eram ligados ao marxismo e à política. Nesse final dos anos
60, Jean Dubois escreveu o texto que é considerado como “manifesto” da AD6 e Michel
Pêcheux publicou Analyse Automatique du Discours, livro que inaugura uma
abordagem transdisciplinar convocando uma teoria lingüística, uma teoria da história e
uma teoria do sujeito.
Nos dois autores, problematiza-se a relação entre o objeto (discurso) e o
dispositivo de análise, no entanto as diferenças entre as propostas desses dois
fundadores explicam os rumos que a Análise do Discurso vai tomar posteriormente.
Dubois era já um lexicólogo famoso, um lingüista ligado à universidade, criador da
revista Langages. Pêcheux era filósofo, ligado a Althusser, preocupado em discutir a
epistemologia das ciências naquele momento em que a Lingüística vivia sua “crise
epistemológica” ao mesmo tempo em que o estruturalismo triunfante pregava o sonho
da “ciência piloto”. Pêcheux já via, nesse discurso triunfante da Lingüística estrutural,
as transferências metafóricas para outros campos, sua apropriação e banalização. É por
isso que, já no livro de 1969, Pêcheux questiona a “ciência piloto” por meio da crítica
ao “corte saussureano” que operou a separação entre langue e parole e levou à eleição
da primeira como objeto de estudos da Lingüística. Assim, a Análise do Discurso
fundada por Pêcheux foi pensada como uma ‘negação’ e uma ‘superação’ do gesto
separador de Saussure (Chevalier, 1974, p. 132).

4
Segundo Robin, há, evidentemente, exceções. Alguns historiadores não trabalharam com séries temáticas, mas com uma tipologia de texto; neles a
estrutura lingüística do texto é levada em consideração: é pela mudança do tipo de discurso que o pesquisador vai inferir as grandes rupturas da sensibilidade de
uma certa época. Vovelle, por exemplo, analisou testamentos e verificou que na época barroca eles eram pomposos, o sujeito fazia súplicas aos santos de devoção.
A partir de 1760 houve uma laicização (“despovoou-se o panteão dos intercessores”) e uma individualização do discurso que apontam para uma
“descristianização” da idéia da morte expressa discursivamente nos testamentos.
(5)
MALDIDIER, D. Elementos para uma história da AD na França. Em: Orlandi, E. (org.). Gestos de
Leitura. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.
6
Trata-se do artigo “Lexicologia e análise de enunciado”, traduzido em Orlandi, E. (org). Gestos de
Leitura. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.
Esse pano de fundo evidencia que Marxismo e Lingüística presidiram o
nascimento da Análise do Discurso, na França do final dos anos sessenta. No entanto, os
dois fundadores enxergavam de maneira distinta essa relação. Para Dubois, a AD seria
uma continuação natural da Lingüística; tratava-se de colocar um modelo sociológico
para estender a análise lingüística à enunciação e o dispositivo de análise tinha como
objetivo o controle das variantes de um corpus contrastivo. Para Pêcheux, tratava-se de
criar um novo campo de investigação e suas preocupações eram a epistemologia, o
“corte saussureano”, a reformulação da parole. Ao propor esse novo campo do saber,
ele interroga a metodologia, propõe um dispositivo analítico a fim de integrar a análise
das condições de possibilidades do discurso, dos processos discursivos. O novo campo
toma um novo objeto (que não é o dado empírico, que é diferente de “enunciado”,
diferente de “texto”): o discurso, cuja espessura opera a articulação entre o lingüístico e
o histórico.
Uma outra grande diferença entre as duas propostas diz respeito ao conceito de
enunciação. Em Dubois há a assunção explícita da categoria da enunciação, a partir dos
trabalhos de Benveniste e de Jakobson, o que determinava a incorporação do conceito
de “sujeito do discurso” por uma via idealista, sem problematização. Já Pêcheux,
adotando a base marxista, pela perspectiva de Althusser, propõe uma teoria não
subjetiva do discurso7.
No panorama histórico posterior à fundação, mudanças políticas e
epistemológicas8 levaram a “AD francesa” a uma incessante reconstrução e retificação.
Inquieto, Pêcheux re-elaborou suas propostas, tendo como base uma reflexão sobre os
contextos epistemológicos e as “filosofias espontâneas” subjacentes à Lingüística9.

4. Referências fundadoras da Análise do Discurso

Os trabalhos de Michel Pêcheux são fonte para inúmeras pesquisas em Análise


do Discurso. O que caracteriza essas abordagens é, principalmente, o fato de os

7
A partir da clássica discussão althusseriana sobre os aparelhos ideológicos do Estado, Pêcheux
desenvolve uma teoria do sujeito e da sua interpelação pela ideologia. Não há sujeitos individuais, no
discurso, há “formas-sujeito” produzidas pelo assujeitamento à ideologia.
8
Principalmente a problematização do conceito de “história”, “memória”, “interpretação” (com Courtine,
principalmente) e a aproximação com J. Authier-Revuz (cujo trabalho permite pensar as relações entre o
intradiscurso e o interdiscurso).
9
Há vários textos de Michel Pêcheux nos quais ele discute as filiações, as vizinhanças, os contextos
epistemológicos da Análise do Discurso. Traduzidos para o português há, por exemplo, os seguintes
textos: “Os contextos epistemológicos da Análise do Discurso”; “Há uma via para a Lingüística fora do
logicismo e do sociologismo?”; “A desconstrução das teorias lingüísticas”.
pesquisadores colocarem-se como tarefa a problematização permanente das suas bases
epistemológicas10. Dessa problematização permanente decorre que o objeto da AD – o
discurso – seja um lugar de enfrentamentos teórico - metodológicos.
Quatro nomes, fundamentalmente, estão no horizonte da AD derivada de
Pêcheux e vão influenciar suas propostas: Althusser com sua releitura das teses
marxistas; Foucault com a noção de formação discursiva, da qual derivam vários
outros conceitos (interdiscurso; memória discursiva; práticas discursivas; etc.); Lacan e
sua leitura das teses de Freud sobre o inconsciente, com a formulação de que ele é
estruturado por uma linguagem; Bakhtin e o fundamento dialógico da linguagem, que
leva a AD a tratar da heterogeneidade constitutiva do discurso.
A natureza complexa do objeto discurso – no qual confluem a língua, o sujeito, a
história – exigiu que Michel Pêcheux propusesse a constituição da AD como um campo
de articulação entre diferentes teorias, um campo transdisciplinar. No artigo escrito em
conjunto com C. Fuchs, publicado em 197511, Pêcheux apresenta o quadro
epistemológico geral da AD que, segundo ele,

reside na articulação de três regiões de conhecimentos científicos: (a)


o materialismo histórico como teoria das formações sociais e de suas
transformações, aí compreendida a teoria das ideologias; b) a
lingüística como teoria, ao mesmo tempo, dos mecanismos sintáticos e
dos processos de enunciação; c) a teoria do discurso como teoria da
determinação histórica dos processos semânticos. (...) Essas três
regiões são, de uma certa maneira, atravessadas e articuladas por uma
teoria da subjetividade, de natureza psicanalítica. (1975, p. 8).

As contribuições de Althusser, Foucault, Lacan e Bakhtin vão operar essa


articulação entre regiões do conhecimento no alicerce da AD. Levando esses pilares
para a reflexão sobre a articulação entre língua, sujeito, discurso e história, Michel
Pêcheux constituiu o edifício da Análise do Discurso em movimentos teórico-analíticos
nos quais o seu pensamento se aproximou desses outros três pensadores. Essas
aproximações não devem ser vistas de forma estanque pois, como é próprio da natureza
do fazer científico, cada um desses pensadores dedicou-se à construção de saberes
dentro das ciências humanas e, por isso, movimentaram-se, alargando e retificando

10
Um balanço dessa construção pode ser lida no texto escrito por Pêcheux em 1983 e traduzido para o
português: PÊCHEUX, M. AAD: três épocas. In: GADET, F. e HAK, F. (org.). Por uma análise
automática do discurso. Uma introdução à obra de M. Pêcheux. Campinas: Pontes, 1990.
11
PÊCHEUX, M. & FUCHS, C. Mises aux points et perspectives à propos de l’AAD. In: Langages 37.
Paris: Larousse, março de 1975.
conceitos, fazendo e refazendo rumos12. Do mesmo modo, ao levar para a Análise do
Discurso idéias elaboradas por esses pensadores, Michel Pêcheux não operou apenas
uma transferência de conceitos fabricados em outros lugares; ao contrário, ele os
interpretou e re-elaborou, criando diferenças13.

4.1. O primeiro pilar: Louis Althusser


Segundo as teses marxistas, o modo de produção da vida material domina o
desenvolvimento da vida social, política, intelectual de uma sociedade. Assim, a
economia determina em última instância uma formação social. Dessa base econômica
surgem as classes de uma sociedade, no interior das quais há sempre relações de
dominância e de dominação. Por isso, do ponto de vista da concepção materialista da
História, o fator determinante na História é, em última instância, a produção e a
reprodução da vida material. Para Althusser, uma ideologia não é uma “falsa
consciência” (sentido que Marx lhe atribuíra), mas a maneira pela qual os homens
vivem as relações com suas condições materiais de existência. Quatro são os traços que
parecem caracterizar a ideologia: elas não são arbitrárias, mas orgânicas e
historicamente necessárias (Gramsci); elas têm uma função específica numa formação
social - ocultam e deslocam as contradições reais de uma sociedade; elas são
inconscientes de suas próprias determinações, de seu lugar no campo das lutas de
classes; elas têm uma existência material em instituições (“aparelhos ideológicos”).
Cada formação ideológica constitui um complexo conjunto de atitudes e de
representações que não são nem “individuais” nem “universais”, mas que se reportam
mais ou menos diretamente a posições de classes em conflito, umas em relação com as
outras. As formações ideológicas comportam uma ou mais formações discursivas, isto
é, o que pode e deve ser dito a partir de uma dada posição em uma dada conjuntura. As
palavras mudam de sentido ao passar de uma formação discursiva para outra e não
podem ser apreendidas senão em função das condições de produção, das instituições
que as implicam e das regras constitutivas do discurso. Por isso, não se diz uma coisa
qualquer, num lugar qualquer, num momento qualquer.

12
Analisando as relações entre o fazer da ciência e os movimentos históricos, afirma de Certeau (1975, p.
72): aqueles que acreditam que a ciência é ‘autônoma’ (...) consideram como não pertinente a análise
das determinações sociais, e como estranhas ou acessórias as imposições que ela desvela. Essas
imposições não são acidentais. Elas fazem parte da pesquisa. Bem longe de representarem a intromissão
de um estranho no Santo dos Santos da vida intelectual, formam a textura dos procedimentos científicos.
13
Uma discussão mais extendida dessas aproximações, distanciamentos e re-elaborações operadas por
Pêcheux pode ser lida em GREGOLIN, M. R. O sentido e suas movências. In:___ (org). Análise do
Discurso: entornos do sentido. São Paulo, Araraquara: Acadêmica/FCL-UNESP, 2001.
A partir dessas idéias althusserianas, Pêcheux elaborou um conceito de
condições de produção do discurso a partir das relações entre língua e ideologia. Para
ele, há um pré-asserido que se impõe ao sujeito e vai permitir o processo de produção
do discurso. É a tomada de posição do sujeito falante em relação às representações de
que é suporte. O sujeito não é considerado como um ser individual, que produz
discursos com liberdade: ele tem a ilusão de ser o dono do seu discurso, mas é apenas
um efeito do assujeitamento ideológico. O discurso é construído sobre um inasserido,
um pré-construído (um já-lá), que remete ao que todos sabem, aos conteúdos já
colocados para o sujeito universal, aos conteúdos estabelecidos para a memória
discursiva.

4.2 O segundo pilar: Michel Foucault

As idéias expressas por Foucault em A Arqueologia do Saber, livro publicado


em 1969, são determinantes para a construção da Análise do Discurso. Nesse livro, de
caráter teórico-metodológico, Foucault reflete sobre os seus trabalhos anteriores e
sistematiza uma série de conceitos determinantes para a abordagem do discurso. Por ter
esse caráter de revisão teórico-analítica, nesse livro Foucault desenha um vasto campo
de questões no interior das quais pode-se pensar uma teoria do discurso, e que pode ser
resumido nos seguintes pontos:
a) o discurso é uma prática que provém da formação dos saberes e que se articula com
outras práticas não discursivas;
b) os dizeres e fazeres inserem-se em formações discursivas, cujos elementos são
regidos por determinadas regras de formação;
c) como uma dessas regras, há a distinção entre enunciação (jogos enunciativos que
singularizam o discurso) e enunciado (unidade lingüística básica);
d) o discurso é um jogo estratégico e polêmico, por meio dos quais constituem-se os
saberes de um momento histórico;
e) o discurso é o espaço em que saber e poder se articulam (quem fala, fala de algum
lugar, a partir de um direito reconhecido institucionalmente);
f) a produção do discurso gerador de poder é controlada, selecionada, organizada e
redistribuída por procedimentos que visam a eliminar toda e qualquer ameaça a esse
poder.
A partir dessas propostas, pode-se perceber que Foucault está interessado, ao
propor uma arqueologia do saber, em analisar as condições de possibilidade dos
discursos, o campo problemático que lhes assinala um certo modo de existência e que
faz com que , em determinada época, em determinado lugar, não se diga, não se diga
absolutamente qualquer coisa. Essas condições de possibilidade estão inscritas no
discurso – elas delineiam a inscrição dos discursos em formações discursivas. Foucault
já havia analisado, nos trabalhos anteriores a maneira pela qual se tinham modificado,
no fim do século XVIII e começo do XIX, as formas de enunciação do discurso, o
conjunto dos enunciados no âmbito da formação discursiva que sustentava os saberes
nessa época14. Por meio dessa análise, Foucault estabelece explicitamente as relações
entre os dizeres e os fazeres (as práticas discursivas e as ações dos sujeitos na história
dos saberes) apontando a não-autonomia das práticas discursivas15.
Em A ordem do discurso (aula inaugural proferida no College de France em
1970)16, Foucault propõe analisar conjuntos de discursos (literários, religiosos, éticos,
médicos, jurídicos) para neles investigar os dispositivos de interdições e controles que
vigiam o aparecimento e a circulação dos sentidos na sociedade - daí a idéia de
descontinuidade, de pluralidade de séries, de dispersão dos sujeitos. Foucault assinala
várias questões que serão incorporadas à Análise do Discurso, principalmente a
necessidade de pensar as relações entre prática discursiva e práticas não-discursivas por
meio da análise do entrelaçamento de séries discursivas e da interdiscursividade. Um
conceito foucaultiano que será capital para a AD é o de acontecimento discursivo: o
método arqueológico propõe a análise da irrupção histórica dos conjuntos de enunciados
na descontinuidade da história. O que se pretende analisar é essa emergência de
enunciados como acontecimentos que nem a língua nem o sentido podem esgotar

14
Foucault já analisara a constituição do saber sobre a medicina e a loucura (A História da Loucura e O
Nascimento da Clínica) e em As Palavras e as Coisas ele analisara a mudança dos saberes da episteme
clássica para a episteme moderna (passagem do século XVIII ao século XIX) com relação aos temas da
vida, da linguagem e do trabalho.
15
Essas propostas de Foucault foram criticadas pelos marxistas althusserianos e motivou a recusa inicial
de Pêcheux em tomar os conceitos foucaultianos. Para os marxistas, a análise de Foucault é feita em
termos de justaposição: ele justapõe elementos da infra-estrutura (processo econômico, trabalho
industrial), que colocam em jogo elementos de classe (processos sociais), elementos da superestrutura
jurídica (regras da jurisprudência), elementos da superestrutura ideológica (sistemas de normas, formas
de comportamento). Como se hierarquizam esses diversos níveis para funcionarem na prática discursiva?
Perguntavam os althusserianos. Evidentemente, Foucault não ficará indiferente a essas críticas, e sua obra
posterior irá voltar-se para a discussão dessa problemática apontada pelos althusserianos e a muitas
outras.
16
Foucault, M. A ordem do discurso. Trad. Laura Fraga de A Sampaio. São Paulo: Ed. Loyola, 1996.
inteiramente (Foucault, 1986, p.32). Foucault propõe buscar as regularidades para
descrever jogos de relações entre enunciados, entre grupos de enunciados, entre
acontecimentos, pois o enunciado, de um lado é um gesto; de outro liga-se a uma
memória, tem uma materialidade; é único mas está aberto à repetição e se liga ao
passado e ao futuro. (1986, p.32)
Apesar de as idéias da Arqueologia do Saber estarem presentes na obra inicial de
Pêcheux17, as diferenças teóricas e ideológicas farão com que ele seja “recusado” por
algum tempo. Serão os trabalhos de J.J. Courtine, no início dos anos 80, que levarão
Foucault definitivamente para o grupo em torno de M. Pêcheux18. Em artigo no qual faz
um balanço dessa construção da análise do discurso fundada por Michel Pêcheux,
Courtine19 analisa as mudanças epistemológicas e sociais ocorridas a partir dos anos 80,
que levaram a AD à necessidade de profundas retificações. Para esse teórico, que foi um
integrante do grupo de estudos de Michel Pêcheux, as idéias de Foucault continuam
sendo fundamentais para os rumos da AD a ser feita atualmente. Segundo Courtine, as
pesquisas devem devolver à discursividade sua espessura histórica e isso só é possível
se elas descreverem a maneira como se entrecruzam historicamente regimes de práticas
e séries de enunciados, rearticulando o lingüístico e o histórico na direção apontada por
Michel Foucault.

4.3 O terceiro pilar: Mikahil Bakhtin


Para Brait (2001)20, a obra de Bakhtin ainda se dá a conhecer no ocidente. Tendo
sido produzida na Rússia nas décadas de 1930 a 1970, além de textos dessa obra ainda
não terem sido traduzidos, aqueles que foram publicados no ocidente não seguiram a
cronologia do seu pensamento. A essa problemática acrescenta-se, ainda, a forma como
foi realizada a recepção da obra de Bakhtin em diferentes momentos.
Nas décadas de 1960-1970, momento da primeira recepção de Bakhtin na
Europa, as obras traduzidas incidem sobre problemas da literatura, razão pela qual ele
vai ser uma referência fundamental para os estudiosos da teoria da literatura. Uma obra
de grande interesse para os estudos lingüísticos que é Marxismo e filosofia da
17
E, explicitamente, Pêcheux irá referir-se ao empréstimo do conceito de “formação discursiva” em
vários de seus textos.
18
Principalmente o trabalho desenvolvido em Courtine, J.J. Le discours communiste adreséé aux
chrétiens. In: Langages,
19
COURTINE, J.J. O discurso intangível: marxismo e lingüística (1965-1975). Trad. rás. De Heloisa
M. Rosário. In: Cadernos de Tradução 6. Porto Alegre: UFRGS, 1999.
20
Brait, B. O discurso sob o olhar de Bakhtin. In: Gregolin, M.R. (org.). Análise do discurso: as
materialidades do sentido. São Carlos: Claraluz, 2001.
linguagem21, datada de 1929 e traduzida no final da década de 60, na verdade terá
realmente repercussão na década de 80, quando aparece como uma forma de incorporar
aos estudos lingüísticos uma concepção de linguagem diferente da lingüística da
imanência, na medida em que incluía a história e o sujeito22. Assim, Bakhtin, nesse
primeiro momento de sua recepção e repercussão, nos anos sessenta e setenta, tem um
impacto muito mais forte sobre os estudos literários do que sobre os estudos
lingüísticos. Hoje, livros de Bakhtin como Problemas da poética de Dostoiévski e A
obra de François Rabelais e a Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento,
mesmo tendo a literatura como objeto principal, é tomado por lingüistas como fonte
para a reflexão sobre gênero, polifonia, cronotopo, carnavalização, formas de
incorporação do outro à linguagem, definição do "outro" bakhtiniano, vozes, etc.23
Segundo Brait (2001), Marxismo e filosofia da linguagem é a obra que chama a
atenção dos lingüistas e que realmente representa um marco, uma mudança de
paradigma. A partir da concepção de signo como arena de luta de classes – que
recupera para os lingüistas a dimensão histórica, social e cultural da linguagem – nesse
livro há capítulos sobre a sintaxe enunciativa das formas de citação, das formas de
incorporação do outro, da alteridade constitutiva da linguagem, bem como os germens
do conceito de gênero, aspecto que bem mais tarde chamará a atenção desses mesmos
lingüistas.
No interior do grupo de Michel Pêcheux, as discussões sobre as propostas de
Bakhtin ocorreram no final dos anos 70, e ele foi visto, pela maioria dos integrantes,
como um pensador que trazia uma grande contribuição aos estudos de análise do
discurso. Michel Pêcheux, no entanto, não concordava com a crítica que Bakhtin faz a
Saussure, por meio da idéia de “objetivismo-abstrato”. Para Pêcheux, Bakhtin tende a

21
BAKHTIN,M. (VOLOCHINOV) (1929/1997) Marxismo e filosofia da linguagem Trad. M. Lahud e
Yara F. Vieira. 8 ed. São Paulo, Hucitec.
22
Segundo Maldidier (1990), foi em 1968, em um artigo intitulado “Le mot, le dialogue, le roman”, que
Julia Kristeva introduziu Bakhtin na França. Essa primeira recepção concerne essencialmente a
literatura, o terreno da semiótica literária e das práticas significantes múltiplas. Os lingüistas puderam
ler, no nº 12 de Langages (preparado por Roland Barthes, 1968) um artigo de Bakhtin chamado “ O
enunciado no romance”. Nos anos 1980 começa um segundo período de descoberta de Bakhtin, marcada
pela multiplicação das traduções e dos estudos e a generalização das referências em todos os campos,
notadamente na lingüística. Um pandialogismo parece, então, se instalar, no qual as correntes as mais
diversas se apropriam dele. Remeto, para aprofundamento dessa questão, à leitura que Jacqueline
Authier propôs em DRLAV, 26 em 1982.
23
Se há um “descompasso” entre a produção bakhtiniana em russo e sua tradução na Europa dos anos 60,
no Brasil esse descompasso será ainda mais marcante. A ditadura militar não permitiu que sua obra aqui
circulasse antes da “abertura política” e ela só vai ser traduzida nos final dos setenta e início dos anos 80.
Como na Europa, num primeiro momento, Bakhtin será referência para os estudos literários. A
descoberta de Bakhtin pela lingüística brasileira ocorrerá a partir dos anos 90.
anular a dimensão própria da língua: opondo ao ‘sistema abstrato de formas
lingüísticas’ o ‘fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação e
dos enunciadores’, ele conduz à fusão da lingüística em uma vasta semiologia
(Maldidier, 1990). Pêcheux entendia que Saussure deveria ser considerado como o
inaugurador da ciência da linguagem e, por isso, em torno das propostas saussureanas
deveriam continuar a serem gestadas as grandes questões do formalismo e do sujeito, a
possibilidade de pensar a singularidade do sujeito na língua, assim como a articulação
entre a língua e o inconsciente. O ponto teórico fundamental, em torno do qual se
assentam as críticas de Pêcheux a Bakhtin, é o modelo bakhtiniano da
interindividualidade, que tem na sua base a idéia de interação sócio-comunicativa. Para
Pêcheux, a produção do sentido não pode ser pensada na esfera das relações
interindividuais; do mesmo modo, ela não pode ser tomada em relações sociais
pensadas como interação entre grupos humanos.
Apesar das ressalvas de Pêcheux, a partir dos anos 80, as propostas bakhtinianas
serão incorporadas pelo grupo. Essa incorporação virá através dos trabalhos de J.
Authier-Revuz e trará para a AD a idéia de heterogeneidade do discurso, indicando uma
via para a análise das relações entre o fio do discurso (intradiscurso) e o interdiscurso,
na análise das não-coincidências do dizer.

4.4. Um atravessamento constitutivo: Lacan


Além desses três pilares (Althusser, Foucault, Bakhtin) que, a seu tempo e de
maneiras diversas contribuíram para o desenvolvimento da AD, desde o início, a obra
de M. Pêcheux é atravessada constitutivamente pelas formulações da psicanálise, pela
releitura que Lacan faz da obra de Freud. Encontramos, desde o livro de 1969, os
conceitos de “formações imaginárias”, de “simbólico”, de “inconsciente”. A presença
da psicanálise é especialmente visível no livro escrito por Pêcheux juntamente com F.
Gadet (La langue introuvable)24, no qual há a referência fundamental a J.C. Milner e a
seu livro O amor da língua.25

5. A Análise do Discurso no Brasil


O que se entende, hoje, por “análise do discurso”, no Brasil, é bastante amplo.
No que respeita aos trabalhos filiados à “AD francesa” – ou, como é preferível, “AD
24
GADET, F. e PÊCHEUX, M. La lengua de nunca acabar. México: Fondo de Cultura Económica,
1986.
25
MILNER, J.C. O amor da língua. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
derivada de Michel Pêcheux”26 – eles vêm-se desenvolvendo desde o final dos anos 70.
Eni Orlandi é uma referência obrigatória, responsável pela introdução dessa linha no
Brasil, pela formação de inúmeros pesquisadores, pela divulgação de trabalhos filiados
à tradição de Pêcheux. Evidentemente, os trabalhos brasileiros têm aproximações e
distanciamentos em relação àqueles produzidos pelo grupo de M. Pêcheux, pelo motivo
– nada simples – de que as movimentações teóricas são determinadas pela História. O
Brasil tem outra História e, por isso, outra Análise do Discurso Uma razão para essa
diferença é temporal: trazida para o Brasil nos anos 80, quando na França a AD já
superara muitos dos seus conceitos iniciais e já atravessara as “três épocas”, os trabalhos
brasileiros têm aportes dos vários momentos da constituição da AD. Outra característica
da Análise do Discurso brasileira é derivada da forma como ela, historicamente, se
relacionou com a Lingüística brasileira: tendo crescido e germinado em um solo em que
a Lingüística era dominada pelas tendências que Pêcheux chamou de “logicistas”, a AD
brasileira criou um campo de resistências e de confrontos27. A partir dos anos 90, com a
superação do paradigma “logicista”, muitos estudos, dentro da Lingüística, tomaram
objetos diferenciados, que passaram a ter em comum a denominação de “discurso” (o
texto oral ou escrito, a conversação, a interação sociolingüística, etc.). Essa
denominação comum fez que as abordagens do “discurso” se tornassem dominantes e
quase tudo passou a ser rotulado de “análise do discurso”. A indicar o campo polêmico
que sempre caracterizou a AD derivada de Pêcheux, essa mudança de paradigma, no
entanto, não ajudou na compreensão nem da história nem da epistemologia dos
trabalhos filiados a essa tradição. Pelo contrário, entre os “lingüistas” que afirmam fazer
“análise do discurso”, acirrou-se a luta pelas demarcações territoriais. Enquanto isso, os
“lingüistas” que afirmam não trabalhar com “análise do discurso” entendem-na como
“moda passageira”. Essa hegemonia dos trabalhos de “análise do discurso” na
Lingüística traz conseqüências muito interessantes às representações atuais sobre o
campo dos estudos da linguagem que sempre se recobriu pela Lingüística. Uma delas é
o fato de persistir a idéia de que “AD não é lingüística” num momento em que a maioria
26
Chamar os trabalhos derivados do grupo em torno de Pêcheux de “AD francesa” é aplicar um rótulo
que apaga a heterogeneidade dos estudos realizados na França entre os anos 60 e 80. Emprega-se, na
expressão “AD francesa”, uma metonímia pois, na França, nessa época, havia outros pesquisadores que
pensavam em analisar o discurso. Entre eles, pode-se citar Barthes, Todorov, Greimas, Kristeva e outros.
Cada um pensou essa “análise do discurso” de maneira diferente.
27
A AD é Lingüística? Essa pergunta, no Brasil, não é uma tautologia. Ela deriva da história da
Lingüística no Brasil, de sua institucionalização como disciplina. Ela sempre colocou em causa a
legitimidade da Análise do Discurso, sua inserção no campo dos estudos da linguagem dominado pela
idéia de “autonomia da Lingüística”. Tomando a autonomia como critério de cientificidade, essa pergunta
indagou, sempre, as vizinhanças e as filiações da AD brasileira.
dos pesquisadores, afirma, ao mesmo tempo, seu pertencimento ao campo da
Lingüística e rotula seus trabalhos de “análise do discurso”. E isso, surpreendentemente,
convive com a idéia de que “AD é moda”.
Esses discursos evidenciam, no mínimo, que a escrita da história da AD no
Brasil é um fascinante campo de confrontos teórico-metodológicos. Um trabalho de
investigação sobre a AD feita no Brasil, que se debruce sobre esse campo e tente
enxergar a sua textura histórica, é um desafio permanente, que ainda está por ser feito.
Por ora, é prudente fugir dos lugares comuns.

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