Sie sind auf Seite 1von 79

Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil 87

L. A. Bizzi, C. Schobbenhaus, R. M. Vidotti e J. H. Gonçalves (eds.) CPRM, Brasília, 2003.

Capítulo III

Bacias Sedimentares da
Margem Continental Brasileira
Sedimentary Basins of the Brazilian Continental Margin

Webster Ueipass Mohriak

Petrobras

Summary
The Brazilian continental margin has been the object of study of several basin analysis projects in the
last few decades. Technological advances in the acquisition, processing and interpretation of the
large geological and geophysical datasets obtained by the petroleum industry resulted in outstanding
advances in the geological interpretation and substantial development of new concepts related to the
tectono-sedimentary evolution of the continental margin, with direct implications in the evaluation
of the exploratory potential. This work presents an integrated review of the tectono-sedimentary
evolution of the basins along the Brazilian continental margin, from the transform-related domains
in the equatorial margin towards the divergent domains of the South American plate. This review
focus on the sedimentary basins along the equatorial margin (Foz do Amazonas, Pará–Maranhão,
Barreirinhas, Ceará, and Potiguar) and along the transversal and divergent domains of the plate,
from the northeastern and eastern region (Pernambuco–Paraíba, Sergipe–Alagoas, Jacuípe, Camamu,
Almada, Jequitinhonha, Cumuruxatiba), and extending to the southeastern and southern regions
(Espírito Santo, Campos, Santos and Pelotas). A number of aborted rifs (example, Tacutu and
Tucano) developed during the Gondwana breakup and during the continental drift phase are also
discussed.
The syn-rift phase of the sedimentary basins along the continental margin is associated with
extensional processes, which are responsible for synthetic and antithetic normal faults that formed
half-grabens and grabens. These were filled with siliciclastic and carbonate lacustrine continental
sediments deposited during the Neocomian and Barremian. The southeastern and southern segments
of the margin are characterized by a large igneous province dated as Upper Jurassic to Early Cretaceous,
with tholeiitic basalts underlying the syn-rift sediments, whereas in the northeastern Brazilian margin
the syn-rift sediments are underlain by Paleozoic to Mesozoic pre-rift sediments.
The transitional phase (Aptian age) is associated with siliclastic and carbonate sediments deposited
above a regional unconformity (breakup unconformity) that heralds the continental drift phase,
which is associated with evaporite sedimentation between the Sergipe–Alagoas and Santos basins,
suggesting the occurrence of an elongated and shallow gulf, which was subsequently invaded by
88 Parte I – Geologia

marine waters during the first marine ingressions of the nascent Atlantic Ocean. The presence of salt (halite) in the evaporites
resulted in the development of a characteristic tectonic style marked by diapirs and extensional and compressional structures. The
marine megasequence may be divided into a transgressive marine supersequence, with the establishment of a carbonate platform
that grades into marls and shales (Albian to Turonian), and a regressive marine supersequence (Santonian to Tertiary), with
carbonate and siliciclastic facies extending from the platform toward the deep water region.
The equatorial margin is characterized by a few aborted rifts along the continental platform and in the onshore region (for
example, the Caciporé, Tacutu and S. Luís rifts), and by some sedimentary basins that are characterized by an extensional phase
followed by transcurrent movements associated with wrench tectonics and transform faults, forming compressional structures (e.g.,
along the western part of the Ceará Basin). Following the inception of oceanic crust (whose limit with the continental crust´s
characterized by an abrupt segmentation by transform faults), the thermal subsidence sedimentation is affected by relatively few
fault zones, the exception being gravitational collapse faults that occur in the depocenters near the shelf edge. This process resulted
in extensional and compressional features in the slope and in the deep water region of several basins (for example, Foz do
Amazonas, Pará–Maranhão, Barreirinhas).
Post-rift magmatic episodes are characterized notably in the Abrolhos Volcanic Complex (northern part of the Espírito Santo
Basin), and in the southern part of the Campos Basin (Cabo Frio region, near the limit with the northern Santos Basin), as well as
along transform faults in the equatorial margin, forming linear chains of volcanic plugs and igneous intrusions. Reactivation of
basement-involved faults are recorded in several intervals, notably in the Early Tertiary, with a marked association with alkaline
magmatism and formation of aborted rifts along the border of the continental margin, as for example, the taphrogenic basins in
the southeastern Brazilian region (e.g. the Taubaté Basin).

Introdução exploratório (e.g., Asmus e Pontes, 1973; Ponte et al. 1980;


Ojeda, 1982; Asmus, 1984; Guardado et al. 1989; Mohriak et
O estudo das bacias sedimentares da margem passiva da placa al. 1990 a; Mohriak et al. 1990 b; Chang et al. 1992; Matos,
sul-americana, relacionando sua evolução tectônica com 1992). O principal objetivo deste trabalho é o de analisar e
estágios de subsidência rifte e subsidência termal, cada qual discutir algumas dessas feições à luz de novos conceitos
com diferentes seqüências estratigráficas, é de importância geológicos advindos da interpretação da região de águas
fundamental para a avaliação do potencial exploratório na profundas e ultra-profundas (Cainelli e Mohriak, 1998; Mohriak
pesquisa de hidrocarbonetos. À medida que a busca de novas et al. 2000).
reservas petrolíferas avança para a região de águas profundas,
novos conceitos geológicos são incorporados ao acervo de
dados geológicos e geofísicos, interpretados por explora-
cionistas e geocientistas de diversas instituições. Base de Dados
Neste capítulo, são revistos alguns conceitos relacionados
à evolução tectono-sedimentar das bacias da margem Com a criação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o banco
continental brasileira, incluindo desde riftes abortados na borda de dados geológicos e geofísicos das bacias sedimentares da
da plataforma e mesmo na região continental até a região de margem continental brasileira, anteriormente levantado
águas profundas e ultra-profundas, próximo do limite entre primordialmente pela PETROBRAS durante os trabalhos de
crosta continental e crosta oceânica. Discute-se o contexto investigação do potencial de hidrocarbonetos, passou a ter
geodinâmico do Atlântico Sul, destacando-se as principais acréscimos substanciais com dados de levantamentos não-
feições tectônicas, e também é apresentada análise sucinta proprietários (spec surveys) adquiridos por diversas companhias
das características estruturais e estratigráficas dos diversos ligadas à indústria de petróleo e também por instituições de
segmentos da margem, analisando-se as principais bacias pesquisa. Nesse contexto de base de dados multidisciplinar,
sedimentares entre o limite com a Guiana na margem equatorial são utilizados neste trabalho dados geológicos (principalmente
e o limite com as águas territoriais do Uruguai, na margem resultados estratigráficos de poços exploratórios perfurados
sul brasileira. pela PETROBRAS) e dados geofísicos (principalmente métodos
O Brasil é um país com uma das maiores extensões de sísmicos e potenciais) que subsidiam a interpretação da
margem continental do mundo, englobando diversos segmentos evolução tectono-sedimentar dos diversos segmentos da
com bacias sedimentares com características geológicas margem, incluindo análise de levantamentos de sísmica
distintas e diferentes graus de conhecimento do potencial profunda executados pela PETROBRAS (e.g., Mohriak e Latgé,
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 89

1991; Mohriak et al. 1993), e também levantamentos regionais A Fig. III.2 apresenta uma composição de figuras
da margem continental, ou efetuados por instituições reconstituindo a fisiografia do Atlântico Sul atual com os riftes
governamentais (e.g., Projeto Leplac) ou por instituições ligadas das bacias marginais na época pré-deriva continental. A Fig.
à indústria de petróleo em levantamentos especulativos (e.g., III.2a mostra um mapa fisiográfico com as principais feições
Fainstein, 1999; Fainstein et al. 2001). Utilizam-se também do Oceano Atlântico, destacando-se o centro de espalhamento
mapas regionais de batimetria, gravimetria (free-air e Bouguer) atual entre o continente sul-americano e africano. A Fig. III.2b
e magnetometria (Munis, 1997), resultado de compilações de apresenta uma reconstituição palinspástica com as principais
dados de métodos potenciais da PETROBRAS e da CPRM bacias sedimentares formadas com a separação das placas
integrados com dados do Geosat, de domínio público (Sandwell sul-americana e africana (Mohriak et al. 1998a). O sistema de
e Smith, 1997). riftes da margem continental brasileira (principalmente no
segmento entre Sergipe–Alagoas e Santos) formou-se como
conseqüência de processos extensionais datados de Jurássico

Evolução Tectono-Sedimentar da
Superior ao Cretáceo Inferior (Asmus e Porto, 1980; Asmus e
Baisch, 1983; Szatmari et al. 1985; Chang et al. 1992). Há
Margem Atlântica evidências de esforços extensionais polifásicos nas regiões
extremas da placa sul-americana, com idades de sedimentos
preenchendo grábens que atingem até o Triássico, corroboradas
Principais feições morfoestruturais por datação geocronológica de rochas intrusivas e extrusivas
do Atlântico Sul precedendo a fase principal de rifteamento (Conceição et al.
1988; Mizusaki et al. 2002).
O supercontinente Gondwana (vide Cap. I deste volume) As principais bacias da margem continental brasileira e
formou-se no Proterozóico Superior como resultado da suas principais feições tectônicas estão mostradas na Fig.
assembléia de terrenos acrescidos aos crátons Amazonas e III.3. A Fig. III.3a mostra as principais estruturas da margem
São Francisco durante a orogenia Brasiliana ou Pan-Africana equatorial, e a Fig. III.3b as estruturas da margem nordeste,
(Almeida et al. 1976; Almeida et al. 2000, Heilbron et al. leste e sudeste–sul do Brasil. Na margem sul destacam-se as
2000). Os cinturões de dobramento separando massas cratô- estruturas e bacias da margem continental argentina, que
nicas pré-cambrianas (Fig. III.1 e Cap. V) são caracterizados apresentam um padrão de rifteamento distinto do observado
por estruturas de direção NE–SW na margem leste e sudeste na margem brasileira (Milani e Thomaz Filho, 2000).
brasileira, principalmente ao longo do segmento entre as bacias A ruptura do Gondwana é caracterizada por alguns riftes
de Espírito Santo e Santos, estando associados à transpressão abortados na região emersa intracontinental (e.g., no norte
dextral ao longo da zona de cisalhamento Além-Paraíba do Brasil, destacam-se os riftes de Tacutu e Marajó; na mar-
(Radambrasil, 1983; Szatmari et al. 1984; Cobbold et al. 2001). gem equatorial, ocorrem também pequenos riftes na plataforma
No nordeste brasileiro, destaca-se o alinhamento leste–oeste continental do Ceará, e.g., Jacaúna); no nordeste, destaca-
de Pernambuco–Paraíba, que exerce papel fundamental no se o sistema de riftes Recôncavo–Tucano–Jatobá; e na região
controle tectônico das bacias formadas no Mesozóico (Cordani sudeste, registram-se vários pequenos grábens localizados
et al. 1984; Chang et al. 1992). Na margem norte brasileira entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os riftes ao
destaca-se o lineamento Transbrasiliano, de direção NE–SW, longo da margem continental, que evoluíram até formar as
que atravessa a Bacia do Parnaíba e separa o segmento bacias sedimentares da margem passiva, formam um conjunto
extensional da bacia do Ceará (Bacia de Mundaú, a leste) dos de bacias sedimentares que se estende desde o limite com a
segmentos transpressionais da bacia de Piauí–Camocim Guiana até o limite com as águas territoriais do Uruguai.
(Cordani et al. 1984; Cordani et al. 2000). Baseando-se principalmente em dados do Leplac (Russo,
A orogenia do Pré-Cambriano Superior a Paleozóico Inferior 1999), observa-se que os depocentros das bacias sedimentares
é seguida por uma fase de sedimentação intracratônica nas da margem continental apresentam uma espessura total de
bacias sedimentares paleozóicas (Paraná, Parnaíba, sedimentos (entre o fundo do mar e o embasamento pré-
Amazonas), com diversos ciclos deposicionais (Milani e Zalán, cambriano ou vulcânico) bastante variável. As maiores
1999; Milani e Thomaz Filho, 2000). No Mesozóico essas bacias espessuras sedimentares da margem são observadas nos
foram afetadas pela ruptura continental (quebra do depocentros do Cone do Rio Amazonas, na Bacia de
Gondwana), resultando em feições extensionais de riftes Barreirinhas, no segmento das bacias de Espírito Santo a
superpostos aos sedimentos anteriormente depositados (e.g., Santos e no Cone do Rio Grande, na Bacia de Pelotas.
Bacia de São Luís e Bacia Sergipe–Alagoas), e também A Tab. III.1 mostra as principais características das bacias
cobertas por derrames basálticos associados à abertura do sedimentares da margem continental (Tab. III.1a) e dos riftes
Atlântico Sul (Misuzaki et al. 2002). abortados (Tab. III.1b) no interior do continente brasileiro.
90 Parte I – Geologia

Figura III.1 – Principais elementos tectônicos da América do Sul Figure III.1 – Main tectonic elements of the South American continent
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 91

(a)

(b)

Figura III.2 – Mapa de localização do Atlântico Sul. (a)


Mapa geomorfológico do Oceano Atlântico, ilustrando
principais feições tectônicas. (b) Reconstrução tectônica
das bacias sedimentares na configuração pré-deriva
continental

Figure III.2 – Location map of the South Atlantic. (a)


Geormorphologic map of the Atlantic Ocean, illustrating the
main tectonic elements. (b) Tectonic reconstruction of the
sedimentary basins in the pre-drift configuration
92 Parte I – Geologia

Figura III.3 – (a) Mapa geológico esquemático da região


norte brasileira, mostrando as bacias sedimentares da
margem equatorial transformante; e (b) Mapa geológico
esquemático da região nordeste, leste, sudeste e sul do
Brasil, mostrando as bacias sedimentares da margem
continental divergente

Figure III.3 – (a) Schematic geological map of the northern


Brazilian region, showing the sedimentary basins along the
equatorial transform margin; and (b) Schematic geological
map of the northeastern, eastern, southeastern and southern
Brazilian regions, showing the sedimentary basins along
the divergent margin
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 93
94 Parte I – Geologia
de anomalias Bouguer. Esses mapas caracterizam as principais
interação de dados aéreos, terrestres, marinhos e de satélite

apresenta o mapa de anomalias free-air e a Fig. III.4c o mapa


(batimetria e gravimetria). A Fig. III.4a apresenta o mapa
batimétrico da margem continental brasileira, a Fig. III.4b
A Fig. III.4 mostra um conjunto de mapas derivados da

feições fisiográficas da margem, em particular, (i) o centro

Figura III.4 – (a) Mapa batimétrico da plataforma continental brasileira; (b) Mapa de anomalias Bouguer (região emersa) e free-air da plataforma continental
brasileira; e (c) Mapa de anomalias Bouguer da plataforma continental brasileira. Sistema de projeção policônica com MC = 54 W, datum WGS 84. Nos mapas
gravimétricos as cores quentes (vermelho e laranja) indicam anomalias positivas, e as cores frias (azul e verde) indicam anomalias negativas

Figure III.4 – (a) Bathymetric map of the Brazilian continental platform; (b) Bouguer gravity anomaly (onshore region) and free-air gravity anomaly map of the Brazilian
continental platform; and (c) Bouguer anomaly map of the Brazilian continental platform. Polyconic projection with Central Meridian = 54oW, datum WGS 84. In the
gravity maps, the hot colors (red and orange) indicate positive anomalies, and the cold colors (blue and green) indicate negative anomalies
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira

de espalhamento atual entre a placa sul-americana e a placa

aproximadamente leste–oeste ao longo da margem equatorial,


margem equatorial do que na margem sudeste; (ii) a direção
africana, localizado muito mais próximo da linha de costa na

direção aproximada N–S, aproximadamente ortogonais à


riftes da margem leste brasileira, com eixos longitudinais de
associada a falhamentos transformantes; e (iii) o sistema de
95
96 Parte I – Geologia

direção do eixo de espalhamento meso-atlântico. Outras 1981), e a Zona de Fratura de Rio Grande – Lineamento de
importantes feições geomorfológicas mencionadas por Jinno Florianópolis, que separa as bacias de Santos e Pelotas.
e Souza (1999) correspondem à Cadeia Vitória–Trindade, o As bacias de Santos e Campos estão localizadas no Platô
Lineamento de Florianópolis, o Alto do Rio Grande e o Platô de São Paulo, a mais importante feição fisiográfica da margem
de São Paulo, que é caracterizado por uma larga província de sudeste brasileira (Ponte et al. 1977; Ponte e Asmus, 1978;
diápiros de sal na região sudeste e com estreitamento na Ponte et al. 1980; Asmus, 1982; Kowsmann et al. 1982; Palma
direção norte. Os mapas de métodos potenciais permitem 1984). A Fig. III.5 mostra um mapa de detalhe da batimetria
caracterizar importantes altos vulcânicos, montes submarinos e da topografia continental da região leste–sudeste do Brasil,
e diversos lineamentos estruturais que serão discutidos destacando algumas das principais feições morfológicas e
posteriormente. O mapa de anomalia Bouguer também tectônicas já referidas, particularmente os lineamentos
identifica os depocentros da fase rifte (em cores frias, vulcânicos que adentram a região de crosta oceânica, como o
azuladas), a crosta transicional (em tons de verde) e a crosta Alto do Rio Grande e a cadeia Vitória–Trindade.
oceânica (em cores quentes, de vermelho a violeta). Uma das principais feições observadas no Atlântico Sul
Alves et al. (1997) identificam três principais zonas de corresponde ao alinhamento NW que se estende desde a região
fraturas na margem leste brasileira: a Zona de Fratura de continental (como Alto do Paranaíba, separando as Bacias do
Martin Vaz, cujo prolongamento para leste vai coincidir com o Paraná e São Francisco, Cordani et al. 1984), e atinge a região
Monte Almirande Saldanha, a Zona de Fratura do Rio de Janeiro, da plataforma continental nas proximidades do Alto de Cabo
cujo prolongamento para oeste vai coincidir com o lineamento Frio, entre as bacias de Santos e Campos (Fig. III.6). Esse
de alcalinas na região de Cabo Frio (Sadowski e Dias Neto, lineamento (designado como Cruzeiro do Sul, Souza et al.

Figura III.5 – Mapa topográ-


fico-batimétrico com princi-
pais feições geomorfológicas
da região sudeste brasileira

Figure III.5 – Topographic-


bathymetric map with main
geomorphological features of
the southeastern Brazilian
region
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 97

Figura III.6 – Mapa tectônico


simplificado da região sudeste
brasileira

Figure III.6 – Simplified tectonic


map of the Brazilian southeastern
region

1993) continua para SE através de várias intrusões ígneas e, Na região adjacente ao Complexo Vulcânico dos Abrolhos
em crosta oceânica, é caracterizado por feições tectônicas ocorrem vários montes submarinos, principalmente na planície
extensionais interpretadas como riftes intra-oceânicos. Szatmari abissal, como, por exemplo, o Monte Submarino Besnard na
e Mohriak (1995) caracterizam feições extensionais e Bacia do Espírito Santo. Alguns altos vulcânicos atingem o
compressionais como associadas à movimentação da placa nível de mar constituindo ilhas (e.g., Santa Bárbara, Martin
sul-americana durante a deriva continental, com uma rotação Vaz e Trindade). Na plataforma continental da Bacia do Espírito
no sentido anti-horário entre a cadeia de Vitória–Trindade e a Santo destaca-se a ocorrência de pequenas ilhas na região
região do Alto do Rio Grande. norte de Abrolhos, em particular a Ilha de Santa Bárbara,
A maior inflexão leste–oeste ao longo da margem onde afloram arenitos cretácicos a terciários cobertos por
continental leste brasileira localiza-se ao longo do Estado do rochas ígneas e vulcânicas (Cordani, 1970).
Rio de Janeiro, entre as bacias de Campos e Santos. A deflexão O Complexo Vulcânico de Royal Charlotte constitui o limite
do limite pré-aptiano dessas bacias, que em geral tem direção entre a Bacia de Cumuruxatiba e a Bacia de Jequitinhonha.
NE, é marcada, na província de Cabo Frio, por ampla atividade Na região nordeste brasileira também destacam-se vários
magmática com vulcanismo e intrusões alcalinas datadas do lineamentos E–W e NW–SE ao largo das bacias da Bahia,
Cretáceo Superior até o Terciário Inferior (Mohriak et al. 1990c; Sergipe, Alagoas e Pernambuco–Paraíba. Essas feições estão
Misuzaki e Mohriak, 1992). Mais ao norte, a cadeia de Vitória– associadas a montes submarinos e cones vulcânicos cuja
Trindade (Figs. III.5 e III.6), de direção leste–oeste, constitui datação radiométrica apresenta idades de Cretáceo Superior
importante feição vulcânica cuja origem provavelmente está (Cherkis et al. 1989).
associada a plumas ou pontos quentes do manto (Gibson et Nesta mesma área destacam-se a ocorrência das zonas
al. 1994). de fraturas e os lineamentos de Bode Verde e Ascensão (Mello
98 Parte I – Geologia

e Palma, 2001). Na margem equatorial também ocorrem Modelos Evolutivos


lineamentos de intrusões vulcânicas relacionados à Cadeia
Fernando de Noronha e às zonas de falhas transformantes de O estudo da evolução tectono-sedimentar das bacias
Romanche e São Paulo. Nesses lineamentos ocorrem vários sedimentares do Atlântico Sul tem recebido importante
montes submarinos ou afloramentos na forma de ilhas contribuição de modelos conceituais derivados de observações
vulcânicas (Sichel et al. 2001). geológicas e geofísicas de outras bacias sedimentares. As
Na margem leste–sudeste (Platô de São Paulo) a tectônica bacias de margem divergente e transformante brasileira são
de sal foi responsável pela formação de mini-bacias e grábens caracterizadas por uma seqüência evolutiva que apresenta
de evacuação de sal, expressos na batimetria como algumas semelhanças e diferenças quando são comparadas
irregularidades deprimidas no fundo do mar, enquanto intrusões com bacias análogas em diferentes províncias do Oceano
ígneas e massas vulcânicas (e.g., Monte Submarino Almirante Atlântico (Cainelli e Mohriak, 1999a). Entretanto, em linhas
Saldanha na Bacia de Campos e Monte Submarino Jean Charcot gerais, a evolução das bacias de margem continental segue
na Bacia de Santos) produzem contornos circulares positivos uma seqüência de eventos que permite a proposição de modelos
na batimetria (Fig. III.5 e Fig. III.6). geodinâmicos no contexto da tectônica de placas que pode
ser útil na avaliação de seu potencial exploratório.

Evolução geodinâmica da Modelos evolutivos da margem divergente


margem continental
A evolução seqüencial do Atlântico Sul, em sua margem
O modelo geral adotado para a formação das bacias da margem divergente, é marcada por cinco principais fases com diferentes
continental e do Oceano Atlântico baseia-se em conceitos padrões de tectônica e sedimentação (Cainelli e Mohriak, 1998;
tectonofísicos propostos por McKenzie (1978), que admite um Cainelli e Mohriak, 1999b). A primeira fase é marcada pelo
estiramento litosférico e afinamento da crosta e litosfera, início de processos extensionais, que subseqüentemente
durante a fase rifte, e, posteriormente, uma fase de levaram à separação entre os continentes sul-americano e
subsidência termal associada ao resfriamento da anomalia africano. O modelo conceitual para esta fase admite um
térmica da astenosfera. O estiramento litosférico que resultou pequeno soerguimento astenosférico e um afinamento
no afinamento crustal e subida do manto é caracterizado por litosférico regionalmente distribuído, com falhas incipientes
refletores profundos imageados na base da crosta, como, por na crosta superior controlando depocentros locais associados
exemplo, na região oeste da Bacia de Campos (Mohriak et al. a uma deposição sedimentar ampla e pouca espessa (Fig.
1990b). III.7a).
O afinamento crustal é bem calibrado por dados sísmicos O início da fase seguinte, que é caracterizada por um
e de métodos potenciais. Os dados de anomalia free-air aumento do estiramento litosférico, coincide com extrusão de
mostram uma faixa de anomalias gravimétricas positivas (até lavas basálticas, logo seguida por grandes falhas afetando a
80 mGal) na região da plataforma continental da margem crosta continental e resultando na formação de semi-grábens
sudeste, próximo ao limite pré-Aptiano das bacias de Santos (Fig. III.7b), que são preenchidos por sedimentos continentais
e Campos (Mohriak et al. 1990b). Essa feição coincide com a lacustrinos (Neocomiano–Barremiano). Ao final do episódio
ocorrência de feições antiformais na base da crosta, de rifteamento, há um novo aumento da extensão litosférica,
interpretadas como associadas a afinamento litosférico e subida que é marcado por grandes falhas que rotacionam os blocos
do manto ou aprisionamento de material ultrabásico na base de rifte anteriormente formados (Fig. III.7c), sendo então
da crosta (underplating). Localmente, o soerguimento inicial cobertos por sedimentos menos rotacionados. O centro de
da descontinuidade de Mohovicic - Moho coincide com a falha espalhamento meso-Atlântico, responsável pela incepção de
de borda dos riftes marginais (Mohriak et al. 1990b, Meisling crosta oceânica, provavelmente intrude a crosta ao final dos
et al. 2001), enquanto em outras regiões o soerguimento da episódios de rifteamento, e, em algumas bacias, as primeiras
Moho ocorre em águas profundas (e.g., Sergipe–Alagoas, manifestações de espalhamento oceânico estão associadas a
Mohriak et al. 1995a). Exemplos de linhas sísmicas profundas vulcanismo sub-aéreo, responsável pela formação de espessas
mostrando estruturas crustais que marcam a transição para o cunhas de refletores mergulhantes para o mar (seaward-dipping
manto superior podem ser analisadas em Mohriak et al. reflectors – SDR), conforme observado em linhas sísmicas
(1990b), Mohriak et al. (1998b), Mohriak et al. (2000), Bassetto regionais (Hinz, 1981; Mutter et al. 1982; Mutter, 1985; Mohriak
et al. (2000) e Gomes et al. (2000). et al. 1995a).
O possível mecanismo para este episódio envolve a
focalização do estiramento litosférico, anteriormente distribuído
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 99

Figura III.7 – Modelo geodinâmico esquemático da margem Figure III.7 – Schematic geodynamic model of the divergent continental
continental divergente margin
100 Parte I – Geologia

em ampla área na região do rifte, para um centro de a deposição carbonática e resultando na acumulação de
espalhamento localizado na cordilheira meso-atlântica (Harry sedimentos marinhos de águas profundas (Fig. 7e). Ao final
e Sawyer, 1992). Esta fase é também associada com episódios do Cretáceo a margem sudeste é afetada por maciço aporte
de magmatismo continental e oceânico, reativação de grandes sedimentar relacionado ao soerguimento da Serra do Mar e
falhas e erosão de blocos de rifte por uma discordância regional da Serra da Mantiqueira, resultando em notável progradação
que arrasa a topografia anterior e separa ambientes de de siliciclásticos, formando grandes cunhas sedimentares que
deposição tipicamente continental (lacustrino e fluvial) de avançam na direção da quebra de plataforma e forçando uma
ambientes transicionais e marinhos (Fig. 7d). regressão marinha. Esses episódios são também associados a
Sobre essa discordância angular e abaixo de sedimentos reativações de falhas do embasamento e a episódios
da seqüência transicional evaporítica, algumas bacias registram magmáticos (Cainelli e Mohriak, 1998).
uma espessura significativa de sedimentos aptianos, pouco
afetados por falhas, que constituem uma seqüência sedimentar Modelos evolutivos da margem transformante
do estágio final de rifte (sag basin) e que localmente podem
dar origem a rochas geradoras de hidrocarbonetos (Henry e Três principais estágios podem ser caracterizados na margem
Brumbaugh, 1995). Essa seqüência é coberta por sedimentos equatorial do Atlântico Sul: pré-transformante, sin-
evaporíticos no Aptiano Superior, e subseqüentemente, a transformante e pós-transformante (Mascle e Blarez, 1987;
sedimentação torna-se predominantemente carbonática, com Mascle et al. 1997; Matos, 2000; Bird, 2001).
o período Albiano dominado por plataformas de águas rasas. A Fig. III.8 mostra esquematicamente a separação da
Ao fim desse intervalo, adentrando no Cenomaniano e placa sul-americana da placa africana por meio de falhas
Turoniano, ocorre um aumento de paleobatimetria, terminando transformantes, condicionando diferentes estágios evolutivos

Figura III.8 – Modelo


geodinâmico esquemá-
tico da margem conti-
nental transformante

Figure III.8 – Schematic


geodynamic model of the
transform continental
margin
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 101

das bacias sedimentares. O primeiro estágio inclui a fase de Feições tectônicas crustais e evolução geodinâmica
sedimentação pré-transtensão (pré-Barremiano) e a fase sin-
transtensão (Barremiano a Aptiano), quando esforços Neste item serão discutidas algumas feições tectônicas crustais,
transtensionais criaram uma série de depocentros com direção como a caracterização da descontinuidade de Mohorovicic,
NW–SE, dispostos en-echelon (Matos, 1999a). falhas crustais, cunhas de refletores mergulhantes para o
O estágio sin-transformante (Albiano a Cenomaniano) inclui mar (SDR) e transição de crosta continental para crosta
segmentos dominados por transtensão com cisalhamento puro oceânica. Será também discutida a evolução cronológica do
(falhamentos extensionais normais), limitados por zonas rifteamento continental e sua evolução para a formação de
cisalhantes discretas, como em Barreirinhas, e regiões crosta oceânica.
dominadas por cisalhamento do tipo wrench, com transtensão A Fig. III.9 mostra uma seção sísmica na porção noroeste
e transpressão. No segmento entre Piauí e Ceará–Acaraú da Bacia de Campos, com proeminentes refletores sísmicos
observam-se grandes feições compressionais, como falhas de profundos observados na parte inferior da seção. Esses
empurrão, resultados do encurtamento crustal e do refletores profundos aparentemente marcam a transição de
soerguimento dos sedimentos dos depocentros anteriormente uma crosta média a inferior, composta por rochas granulíticas
formados. A fase sin-transformante também apresenta uma do embasamento pré-cambriano, com assinatura sísmica mais
fase de margem transformante passiva, quando ocorre contato transparente, para uma crosta inferior mais refletiva, com
entre crosta continental e crosta oceânica por meio de uma topo entre 7 e 8 s (tempo de trânsito duplo). Esses fortes
falha transformante ativa. refletores sísmicos provavelmente estão associados a
O estágio pós-transformante é caracterizado principalmente contrastes de impedância entre tipos litológicos distintos, com
pela fase de margem passiva transformante, quando ocorre uma transição para rochas ultrabásicas (material de
contato contínuo entre segmentos de crosta oceânica ao longo underplating) ou para peridotitos do manto superior (Meissner,
da falha transformante ativa (Fig. III.8). Essa fase é marcada 2000). Esse sistema de refletores sísmicos estende-se para
por uma contínua subsidência e sedimentação na margem 9s a 10s (tempo de trânsito duplo) na região de águas
continental, como resultado do resfriamento e contração profundas, quando ocorre amalgamento com refletores da
térmica da litosfera (Matos, 1999b). descontinuidade de Mohovicic em crosta oceânica, conforme

Figura III.9 – Seção geológica esquemática ao longo da Bacia de Figure III.9 – Schematic geological section along the Campos Basin,
Campos, com modelo de arquitetura crustal with crustal architecture model
102 Parte I – Geologia

sugerido para a Bacia Sergipe–Alagoas (Mohriak et al. 1998b). 220 e 160 Ma, aproximadamente), formando bacias sedimen-
Linhas sísmicas com resolução profunda adquiridas nas tares abortadas, relacionadas ao rifteamento do Atlântico
bacias de Campos, Santos e Espírito Santo, particularmente Norte, cujas idades de vulcânicas também precedem o
na região da plataforma continental, imageiam estruturas vulcanismo do Cretáceo Inferior comumente observado na
antiformais na base da crosta, as quais são interpretadas margem leste brasileira (Conceição et al. 1988; Milani e Thomaz
como soerguimento do Moho devido ao estiramento litosférico Filho, 2000). O processo de rifteamento foi novamente
e ao afinamento crustal (McKenzie, 1978; Mohriak et al. 1990b; retomado com a abertura da margem equatorial, no Cretáceo
Meisling et al. 2001) ou à acumulação de material de Inferior (entre 140 e 130 Ma), com idades mais jovens de
underplating (Furlong e Fountain, 1986; Mohriak et al. 1990b). rifteamento à medida que se avança para leste na direção da
Em algumas bacias (e.g., Sergipe–Alagoas e Espírito Santo) Bacia de Pernambuco–Paraíba, atingindo idades entre 135 e
esse refletor é imageado na base da crosta inferior ou na 115 Ma (Conceição et al. 1988).
interface entre crosta média e crosta inferior, marcando um O limite cronológico superior dos falhamentos da fase
forte contraste de impedância que parece coincidir com uma rifte é marcado pela discordância da ruptura continental do
região ou superfície de descolamento para as grandes falhas Gondwana. Essa discordância é freqüentemente designada
do rifte, que provavelmente está associada a mudanças de como break-up unconformity (Falvey, 1974; Falvey e Middleton,
comportamento geológico, com transição de crosta rúptil para 1981) e marca o início de uma fase de quiescência tectônica,
crosta dúctil (Meissner, 2000). baseada na ausência de atividade expressiva em falhas
O estiramento litosférico que levou à ruptura do Gondwana envolvendo o embasamento e na reduzida atividade sintectônica
e à formação do Atlântico Sul iniciou-se no Mesozóico e controlando deposição de sedimentos pré-sal. O término da
culminou com a formação de crosta oceânica no Cretáceo fase rifte é diácrona ao longo da margem continental,
Inferior (Rabinowitz e LaBrecque, 1979; Müller et al. 1997), terminando no Aptiano Inferior a Aptiano Médio na margem
embora haja algumas evidências de rifteamento no Triássico– sudeste e atingindo o Albiano e até mesmo Cretáceo Superior
Jurássico, tanto na extremidade norte da margem divergente na margem nordeste (Matos, 1992).
da placa sul-americana (reflexo da separação entre as placas Os derrames basálticos da Formação Serra Geral
do noroeste da África e da região leste da placa norte- (equivalente às lavas Etendeka na Namíbia) são interpretados
americana) quanto na extremidade sul da placa sul-americana como resultado da passagem da pluma termal ou ponto quente
(na região da Argentina). O clímax do rifteamento deu-se no de Tristão da Cunha, durante os estágios precursores ou iniciais
intervalo Jurássico Superior–Cretáceo Inferior, coincidente ou do rifteamento (Turner et al. 1996; White e McKenzie, 1989;
logo após a formação de lavas basálticas (Rabinowitz e Jackson et al. 2000). O enxame de diques da Bacia do Paraná
LaBrecque, 1979; Conceição et al. 1988; Chang et al. 1992, é bem evidente em mapas de anomalias magnéticas e forma
Davison, 1999; Karner, 2000). os canais alimentadores dos derrames basálticos.
Embora a idade dos sedimentos sinrifte mais antigos ainda Particularmente ao longo dos estados de Santa Catarina e
não seja bem caracterizada em várias bacias, por estarem Paraná, os diques apresentam direção NW–SE e estão
muito profundos (e.g., Bacia de Santos ou Tucano Central), associados a arcos regionais, como o de Ponta Grossa, e
os modelos geodinâmicos indicam que o rifteamento do provavelmente exerceram importante papel na acomodação
Atlântico Sul foi iniciado ao sul (Argentina) e propagou-se dos esforços extensionais entre a região a sul da Bacia de
para o norte como na abertura de um zíper (Rabinowitz e Santos, com crosta oceânica formada, e o segmento de crosta
LaBrecque, 1979; Figueiredo, 1985; Szatmari et al. 1985; continental ainda em rifteamento, mais ao norte (Conceição
Conceição et al. 1988; Davison, 1999; Jackson et al. 2000). et al. 1988; Macedo, 1989). Outros diques, com direções NE–
A ruptura da massa continental na margem nordeste SW, formam um sistema quase que perpendicular ao enxame
brasileira é caracterizada por uma fase inicial de incipiente anterior. Esses diques ocorrem ao longo da borda continental
subsidência com sedimentos continentais lacustrinos e fluviais das bacias de Santos e Campos, particularmente ao longo dos
depositados durante o Jurássico Superior–Cretáceo Inferior Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os diques têm sido
(aproximadamente 140–130 Ma), associados a bacias de datados no intervalo 133–129 Ma pelo método Ar-Ar e são
subsidência interior (sag basins) que constituem a megasse- aproximadamente contemporâneos com os derrames de
qüência pré-rifte (Garcia, 1991). Na margem sudeste–sul, entre basaltos tholeiíticos da Bacia do Paraná (Formação Serra Geral)
as bacias de Santos e Pelotas, as fases iniciais de subsidência e da margem continental (Renne et al. 1992; Turner et al.
estão associadas a derrames de basaltos tholeiíticos 1994; Misuzaki et al. 2002).
equivalentes aos basaltos da Formação Serra Geral da Bacia Mapas tectônicos com as principais feições da Bacia de
do Paraná (Cainelli e Mohriak, 1998). Santos (e.g., Fig. III.6) caracterizam a linha de charneira
Na margem equatorial, na região limítrofe com as Guianas, sub-paralela à linha de costa, com uma notável inflexão leste–
há evidências de magmatismo e rifteamento no Jurássico (entre oeste na parte norte, zonas de fraturas oceânicas de direção
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 103

leste–oeste, alinhamentos de vulcânicas em crosta oceânica Lineamento de Florianópolis (e.g., Kowsmann et al. 1982;
e em crosta continental, e zonas de transferência de direção Macedo, 1989; Dias, 1993). Entretanto, em trabalhos recentes
NW. Na região de Cabo Frio observa-se um expressivo (Gladczenko et al. 1997; Bassetto et al. 2000; Mohriak, 2001),
lineamento de direção NW–SE, estendendo-se para crosta a análise de linhas sísmicas regionais indica que o limite do
oceânica, caracterizando uma zona de cisalhamento designada sal e limite crustal podem ser caracterizados por um complexo
Cruzeiro do Sul (Souza et al. 1993; Cainelli e Mohriak, 1998). extrusivo pós-rifte, relacionado à implantação de crosta proto-
Ao sul da Bacia de Santos caracterizam-se cadeias vulcânicas oceânica.
provavelmente relacionadas a altos vulcânicos pós-rifte, Duas interpretações opcionais podem ser consideradas
interpretados em crosta continental (e.g., cadeia Avedis, como modelos conceituais para a extensão do rifte na região
Demercian e Szatmari, 1999) ou a propagadores oceânicos de águas profundas da Bacia de Santos (Fig. III.10). Macedo
(e.g., cadeia Abimael, Mohriak 2001), interpretados como (1989) sugere que a margem sudeste brasileira teria sido
centros de espalhamento ativos durante a formação de crosta afetada por uma pluma do manto que geraria uma anomalia
proto-oceânica e posteriormente abortados (Kumar e Gamboa, térmica precedendo o rifteamento e, portanto, teria um
1979; Mohriak, 2001, Meisling et al. 2001). comportamento mais dúctil durante o estiramento litosférico.
O Platô de São Paulo apresenta em sua maior parte um A Zona de Transferência de Florianópolis (Fig. III.6 e Fig.
substrato de crosta continental (Kowsmann et al. 1982; III.10) ter-se-ia comportado como uma descontinuidade crustal
Guimarães et al. 1982; Macedo, 1989; Severino e Gomes, 1991; que separaria regiões com taxas de extensão diferentes (maior
Gomes et al. 1993, Souza et al. 1993). Entretanto, a extensão no sul e menor no norte, próximo do pólo de rotação que
das estruturas do rifte na região da província de diápiros e estaria localizado na região nordeste). Nesse modelo, o
muralhas de sal em águas profundas não é calibrada por rompimento da crosta se daria com implantação de centros
poços exploratórios. Alguns estudos tectônicos na bacia têm de espalhamento inicialmente na Bacia de Pelotas, enquanto
questionado interpretações anteriores que prolongavam o rifte na Bacia de Santos haveria a continuidade do regime distensivo.
além do limite do sal, até a Zona de Fratura de Rio Grande ou Cande e Rabinowitz (1979) apresentaram mapas regionais

Figura III.10 – Modelos opcionais para o rifte da Bacia de Santos em Figure III.10 – Alternative models for the Santos Basin rift in the deep
águas profundas. (a) ocorrência de sedimentação do rifte desde a water region. (a) presence of syn-rift sediments in the region extending
região de diápiros de sal até a região da Zona de Fratura de from the salt diapir province towards the Florianópolis Fracture Zone;
Florianópolis; e (b) ocorrência de complexo vulcânico extrusivo and (b) presence of extrusive volcanic complex associated with the
associado à formação de crosta oceânica entre a província de diápiros formation of oceanic crust between the salt diapir province and the
de sal e a Zona de Fratura de Florianópolis Florianópolis Fracture Zone
104 Parte I – Geologia

magnéticos da margem sudeste brasileira e aventaram a podem ser associadas com intrusões ígneas puntiformes
possibilidade de um centro de espalhamento abortado (Bonatti, 1985) que se estendem desde a Bacia de Pelotas
localizado na zona axial do Platô de São Paulo, com direção até a parte sul da Bacia de Santos, formando vários centros
NNE. Macedo (1989), Gomes (1992) e Dias (1993), entretanto, vulcânicos associados ao propagador oceânico da cadeia
interpretam que todo o Platô seria de natureza continental. Abimael, ativo na Bacia de Pelotas, enquanto na Bacia de
Trabalhos recentes de Karner (2000), Meisling et al. (2001) e Santos a fase sinrifte ainda estava em desenvolvimento
Mohriak (2001) contribuem com dados e interpretações que (Mohriak, 2001). Subseqüentemente, os centros de
enfatizam a ocorrência de feições oceânicas na região espalhamento foram abortados e os propagadores avançaram
anteriormente interpretada como crosta continental. em direção norte, com deslocamentos dextrais en-echelon
Observa-se na região sudeste brasileira uma grande (Mohriak, 2001). A leste dos centros de espalhamento oceânico,
anomalia gravimétrica triangular na porção sul da Bacia de as anomalias gravimétricas e os dados sísmicos indicam uma
Santos, caracterizada por ausência de camadas de sal e região de crosta proto-oceânica, com difrações hiperbólicas
aumento de batimetria, e na porção norte, por altos vulcânicos no topo da camada 2 (abaixo dos sedimentos), sugerindo
alinhados na direção NE–SW, formando cadeias vulcânicas tratar-se de derrames de basaltos.
(Demercian, 1996, Demercian e Szatmari, 1999) ou Na porção centro-sul da Bacia de Santos destaca-se
propagadores oceânicos (Mohriak, 2001). também uma grande anomalia batimétrica e gravimétrica (Fig.
O modelo de implantação de centros de espalhamento III.5), com uma geometria romboédrica, que também tem
por propagadores oceânicos (Manighetti et al. 1998) caracteriza expressão regional nos mapas de anomalias magnéticas
uma evolução tectônica bem mais complexa que modelos (Mohriak, 2001). Essa feição está associada a um alto de
baseados em estiramentos litosféricos diferenciais (Leyden, embasamento onde sedimentos sinrifte diminuem de espessura
1976) e afinamento da crosta com sedimentos sinrifte limitados ou estão aparentemente ausentes (por não-deposição ou por
pelas zonas de fraturas oceânicas (Macedo, 1989). Nessa erosão), e mesmo as seqüências pós-sal apresentam
interpretação, várias anomalias gravimétricas e batimétricas afinamento na direção do ápice estrutural, indicando repetidas

Figura III.11 – Alto externo na parte centro-sul da Bacia de Santos, Figure III.11 – Outer high in the central-southern region of the Santos
com refletores divergentes no ápice de estrutura antiformal dômica Basin, with divergent reflectors in the apex of an antiformal domic
structure
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 105

reativações tectônicas afetando seqüências estratigráficas sudeste–sul brasileira, mostrando assinatura das feições
desde o Aptiano até o Cretáceo Superior (Fig. III.11). vulcânicas associadas à transição entre crosta continental para
Na direção da plataforma de Florianópolis, estratos pré- crosta oceânica.
sal ficam com assinatura sísmica distinta da assinatura
observada em depocentros como na região norte da Bacia de Formação de crosta proto-oceânica e estruturas em
Santos ou na parte central da Bacia de Campos. Williams e crosta oceânica
Hubbard (1984) interpretaram que os estratos sub-sal seriam O vulcanismo Serra Geral precede o vulcanismo associado às
predominantemente vulcânicos devido à proximidade da pluma cunhas de refletores mergulhantes para o mar, que estão
de Tristão da Cunha. associadas à incepção de crosta proto-oceânica e
A caracterização de uma transição de crosta continental desenvolveram-se no intervalo 120–110 Ma, englobando o
para crosta oceânica a sul da zona de fratura de Florianópolis intervalo anterior e subseqüente à deposição dos evaporitos
está relacionada a um importante baixo estrutural tanto a aptianos (Cainelli e Mohriak, 1998). Essas cunhas de refletores
nível de batimetria atual quanto a nível de embasamento e mergulhantes para o mar (SDR) são associados aos complexos
também corresponde ao término da bacia evaporítica vulcânicos relacionados à ruptura do Gondwana e formação
(Kowsmann et al. 1982; Severino et al. 1991). A Fig. III.12 do centro de espalhamento meso-atlântico e são imageados
apresenta um segmento de uma linha sísmica na margem por levantamentos sísmicos tanto na margem continental

Figura III.12 – Seção sísmica (não-interpretada e com interpretação Figure III.12 – Seismic section (not interpreted and with a schematic
esquemática) na parte sul da Bacia de Santos – norte de Pelotas, interpretation) in the southern part of the Santos Basin – northern
mostrando últimos blocos de rifte rotacionados por falhas de baixo part of the Pelotas Basin, showing the outermost rift blocks rotated by
ângulo e transição para crosta oceânica por cunhas de refletores low-angle faults, and the transition to oceanic crust by wedges of
mergulhantes para o mar (SDR) seaward-dipping reflectors (SDR)
106 Parte I – Geologia

brasileira quanto na margem africana (Hinz, 1981; Mutter, A formação de crosta oceânica está relacionada à ocorrência
1985; Gladczenko et al. 1997; Mohriak et al. 1998b; Talwani e de cunhas de refletores mergulhantes para o mar, que marcam
Abreu, 2000; Mohriak, 2001). Dessa forma, esses dois eventos um estágio inicial da abertura do Atlântico, e a fraturas e
magmáticos relacionados à ruptura do Gondwana formaram zonas de falhas transformantes, que separam segmentos do
rochas vulcânicas com diferentes expressões sísmicas e centro de espalhamento, notadamente na margem equatorial
significados tectônicos distintos (Mohriak et al. 1995b; Cainelli brasileira. A Fig. III.12 mostra a expressão dessas feições
e Mohriak, 1998; Bassetto et al. 2000). interpretadas como cunhas de refletores mergulhantes para o
O rompimento da crosta continental e formação de crosta mar (SDR), caracterizando crosta proto-oceânica ao sul da
oceânica foi um processo com notáveis assimetrias no Atlântico zona de Fratura de Florianópolis. A transição da região de
Sul. A inserção do centro de espalhamento meso-atlântico, SDRs para uma crosta oceânica pura é ilustrada na Fig. III.13,
na região sudeste, foi bem mais próxima do limite do rifte na na Bacia do Espírito Santo, caracterizando a típica assinatura
margem africana do que na margem brasileira, resultando sísmica de feições intra-embasamento oceânico, em que se
ampla extensão do rifte e da bacia evaporítica no lado observa o forte contraste de impedância na Moho, marcando
brasileiro, particularmente no Platô de São Paulo, onde a a transição da base da crosta para o manto superior.
Bacia de Santos comporta a maior parte do sal aptiano, em
detrimento da margem conjugada africana (Leyden, 1976; Zonas de transferência nos riftes da margem continental
Szatmari et al. 1985; Macedo, 1989; Chang et al. 1992; Zonas de transferência separando depocentros de riftes são
Szatmari, 2000). reconhecidas em várias bacias sedimentares, e, baseando-se

Figura III.13 – Seção sísmica na região sudeste brasileira, mostrando Figure III.13 – Seismic section in the southeastern Brazilian region,
língua de sal e transição para crosta oceânica na qual claramente se showing salt tongue and the transition to oceanic crust where the
caracteriza a descontinuidade de Mohorovicic, limite entre a crosta Mohorovicic discontinuity is clearly recognized at the upper mantle-
e o manto superior crust boundary
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 107

no estudo do sistema de riftes do leste africano, Rosendahl Janeiro) e adentra a região oceânica (Cainelli e Mohriak, 1998).
(1987) propõe que essas zonas são aproximadamente paralelas Destaca-se também a zona de falha de Vaza-Barris/Itaporanga,
ao vetor principal da extensão horizontal, modelo também que se estende desde a Bacia de Tucano (Alto de Vaza-Barris)
proposto por Gibbs (1984) para os riftes do Mar do Norte. até a Bacia Sergipe–Alagoas (Milani, 1989). Esta zona de
Falhas de transferência envolvendo o embasamento são falha separa o Cráton São Francisco da faixa de dobramentos
geralmente associadas a processos de rifteamento ortogonal sergipana e se estende até a Bacia Sergipe–Alagoas formando
ou oblíquo. No caso da margem continental brasileira, essas a falha principal do Baixo de Mosqueiro e depois inflete na
feições podem resultar em altos síncronos de focalização para direção leste–oeste alinhando-se com a zona de fratura de
a migração de hidrocarbonetos gerados na seqüência pré-sal Sergipe (Mohriak et al. 2000).
(Cobbold et al. 2001; Meisling et al. 2001). Na região da margem equatorial destaca-se a ocorrência
As zonas de transferência podem-se estender na direção do Lineamento Transbrasiliano, que atravessa a Bacia do
de crosta oceânica formando alinhamentos com zonas de Parnaíba e se estende até a Bacia do Ceará, onde separa
fraturas e falhas transformantes. Meisling et al. (2001) propõem segmentos extensionais e compressionais na margem
que a mudança de depocentros dos riftes de Campos e Santos continental (Fig. III.1). Também é notável o alinhamento das
podem ser interpretados como um escalonamento dextral de falhas que controlam os riftes continentais abortados (como
falhas extensionais en-echelon, ao longo do lineamento do os grábens de São Luís e Bragança–Viseu) com o
Rio de Janeiro, que foram afetadas pelo Alto de Cabo Frio, prolongamento de zonas de fraturas oceânicas (Fig. III.3).
este de direção NW e se propagando na direção de crosta
oceânica através do Lineamento Cruzeiro do Sul (Souza et al.
1993; Cainelli e Mohriak, 1998). Evolução estrutural e estratigráfica
Várias zonas de transferência são interpretadas na região, da margem continental
a nordeste e a sudoeste da saliência de Campos, sendo
marcadas por traços sigmoidais das falhas extensionais quando O conhecimento do arcabouço estratigráfico da margem
cruzadas pelas zonas de transferência (Meisling et al. 2001). continental brasileira tem evoluído significativamente desde
Essas zonas também podem controlar a inversão de polaridade o início da década de 70, com o advento da Tectônica de
das falhas, afetando e rotacionando as camadas sinrifte Placas, que relaciona a formação das bacias sedimentares da
(mecanismo flip-flop de Rosendahl, 1987). A expressão sísmica margem atlântica à separação da placa sul-americana da placa
das zonas de transferência corresponde a falhas normais de africana. Utilizando paradigmas desse modelo, as
alto ângulo ou estruturas em flor, algumas das quais mostrando megasseqüências sedimentares, normalmente separadas por
separação reversa (flores positivas) como evidenciado na região discordâncias angulares e erosivas, são intrinsecamente
de Cabo Frio (Mohriak et al. 1995b; Meisling et al. 2001). relacionadas às fases evolutivas pré-rifte, sinrifte, transicional,
Também na Bacia de Santos são caracterizadas zonas de e margem continental passiva.
transferência, freqüentemente com direção NW, que também O arcabouço estratigráfico adotado para as bacias da
controlam a tectônica de sal (Demercian e Szatmari, 1999), margem continental acomoda fases tectônicas com princípios
destacando-se a zona de transferência de Tubarão, que separa estratigráficos hierarquicamente agrupados em megasse-
a parte sudoeste da Bacia de Santos da plataforma de qüências deposicionais, super-seqüências e seqüências (Cainelli
Florianópolis, a zona de transferência de Merluza, que separa e Mohriak, 1998). São definidas 4 megasseqüências: a pré-
a província SW da província central, e a zona de transferência rifte, a sinrifte, a transicional e a pós-rifte (Asmus e Ponte,
de Cabo Frio, que separa a parte norte da bacia de Santos da 1973; Asmus, 1982).
parte sul da Bacia de Campos (Cainelli e Mohriak, 1998;
Demercian e Szatmari, 1999). Megasseqüência Pré-Rifte
Algumas das falhas transformantes ao longo da margem
são associadas a zonas de fraturas e lineamentos que penetram Esta megasseqüência representa a fase intracratônica do
em crosta continental como falhas ou descontinuidades, Supercontinente Gondwana, precedendo o rifte do Atlântico
sugerindo uma continuação de fraquezas anteriores na crosta Sul e formando amplas e suaves depressões que foram
continental, que foram reativadas durante a formação de zonas preenchidas por sedimentos de águas rasas. A super-seqüência
de fraturas oceânicas (Asmus e Ferrari, 1978; Milani, 1989; paleozóica é notavelmente desenvolvida nas bacias intracra-
Mohriak et al. 1995b). Como exemplo dessas estruturas tônicas do Solimões, Amazonas, Parnaíba e Paraná (e.g., Zalán
pretéritas utilizadas durante a fase rifte e aproveitadas durante et al. 1990; Milani e Zalán, 1999; e Cap. II deste volume).
a deriva continental pode-se sugerir que o limite pré-aptiano A espessura de sedimentos paleozóicos pode atingir alguns
que limita a borda do rifte da Bacia de Santos continua como milhares de metros nessas bacias intracratônicas, mas na
um lineamento na direção leste-oeste (Lineamento do Rio de margem nordeste brasileira a seqüência expressa-se apenas
108 Parte I – Geologia

por remanescentes de rochas do Permiano e Carbonífero, que limite oeste do rifte encontra-se na plataforma continental,
ocorrem nas bacias Sergipe–Alagoas, nos riftes de Recôncavo– exceto nas proximidades do Cabo de São Tomé na Bacia de
Tucano–Jatobá e nas bacias da margem continental da Bahia, Campos, onde o limite pré-aptiano aproxima-se da linha de
onde podem atingir algumas centenas de metros (Cainelli e costa (Fig. III.6). Nessa região, ocorre também uma conspícua
Mohriak, 1998). Também ocorrem sedimentos paleozóicos nas subida do manto litosférico, marcando-se um alto da Moho
bacias da margem equatorial, notadamente em Barreirinhas em linhas sísmicas de resolução profunda (Mohriak, 1989;
e em alguns grábens abortados (e.g., Marajó e São Luís). Mohriak et al. 1990b), que coincide com o início dos
A Super-seqüência do Jurássico é separada da seqüência falhamentos que controlaram a sedimentação do rifte (Fig.
do Paleozóico por um hiato que envolve todo o Triássico. Um III.9). Feições crustais semelhantes também ocorrem na região
novo pulso de subsidência resultou no desenvolvimento de do Alto de Vitória e na Bacia Sergipe–Alagoas, onde linhas
depressões regionais relacionadas ao estiramento litosférico regionais também mostram a subida da Moho, bastante abrupta
inicial que precedeu a fase principal de rifteamento e formou na plataforma, e uma suavização da topografia do manto
uma grande bacia que é designada como “depressão afro- superior na região de águas profundas (Mohriak et al. 1990b;
brasileira” (Garcia, 1991). Essa área de sedimentação pode Chang et al. 1992; Mohriak et al. 1995b).
atingir 100 a 300 m de espessura na Bacia Sergipe–Alagoas, O limite leste da megasseqüência sinrifte é de extrema
cobrindo remanescentes de rochas paleozóicas ou pré- importância por condicionar a área de ocorrência de rochas
cambrianas (Feijó, 1994c), e atinge espessuras ainda maiores lacustrinas potencialmente geradoras de hidrocarbonetos. Essa
na Bacia do Recôncavo. Na margem sudeste e sul as interpretação é baseada na integração de métodos sísmicos e
seqüências paleozóicas ocorrem com grande espessura na potenciais (Mohriak et al. 1995b). A delimitação da ocorrência
Bacia do Paraná, atingindo a margem continental na região de rochas do rifte na direção de águas profundas é prejudicada
do sinclinal de Torres (Dias et al. 1994b). pela degradação do sinal sísmico na província de muralhas de
As rochas pré-rifte na margem continental sudeste podem sal e junto ao limite transicional entre crosta continental e
ser associadas ao derrame de lavas do Jurássico Superior– crosta oceânica. A identificação deste limite, cuja análise é
Cretáceo Inferior da Formação Serra Geral, que se estende da baseada na integração de dados gravimétricos e magneto-
Bacia do Paraná até a região da plataforma continental, métricos, apresenta importantes implicações para exploração
constituindo o embasamento econômico das bacias de Pelotas de petróleo em águas profundas (Mohriak et al. 1990b; Mohriak
até Espírito Santo (Cainelli e Mohriak, 1998). et al. 1995b; Bassetto et al. 1996; Mohriak et al. 1998b;
Bassetto et al. 2000; Rodarte, 2001).
Megasseqüência Sinrifte A Fig. III.14 mostra a imagem da fácies lacustrina sinrifte
(Neocomiano a Barremiano) na parte central da Bacia de
Esta megasseqüência foi depositada em ambiente continental Campos, que é caracterizada por refletores fortes, contínuos
(fluvial e lacustrino), durante o rifteamento crustal associado e sub-paralelos, que correspondem a intercalações de folhelhos
à movimentação divergente entre as placas sul-americana e pretos e carbonáticos com coquinas da Formação Lagoa Feia
africana, principalmente no Jurássico Superior a Cretáceo (Guardado et al. 1989; Mohriak et al. 1990a; Abrahão e Warme,
Inferior (Cainelli e Mohriak, 1998). O rifte da margem leste 1990; Mello et al. 1988). Essa fácies pode ser identificada,
brasileira estende-se por cerca de 3.500 km, sendo em geral com algumas variações, na região de águas profundas da
limitado a oeste por falhas normais sintéticas com rejeitos Bacia de Campos (Fig. III.15) e também nas bacias de Santos
variáveis (chegando a 2.000 m nas bacias de Campos e Sergipe– e Espírito Santo. Na parte sul da Bacia de Santos as fácies
Alagoas), ou por linhas de charneira que apresentam pequenos lacustrinas pré-sal são menos contínuas, provavelmente devido
rejeitos nas bacias de Santos e Pelotas (Dias, 1993). ao preenchimento sinrifte fortemente influenciado por material
Na margem divergente brasileira o limite oeste da vulcânico (Williams e Hubbard, 1984). Na Bacia do Espírito
megasseqüência sinrifte (também designada de megasse- Santo, uma grande espessura de sedimentos pré-sal,
qüência continental) em geral é controlado por um flexura no correspondendo ao estágio denominado sag basin (Henry e
embasamento ou por um sistema de falhas normais com Brumbaugh, 1995), cobre os blocos de rifte rotacionados.
mergulho predominante para leste (falhas sintéticas, como Esses blocos basculados são separados da bacia de subsidência
na Bacia do Espírito Santo ou Campos) ou para oeste (falhas termal por uma discordância angular (break-up unconformity)
antitéticas, como na Bacia de Pelotas). Na margem divergente que aplainou a topografia residual do rifte (Cainelli e Mohriak,
esse limite apresenta uma direção geral N–S a NNE–SSW, 1998).
exceto na região entre Cabo Frio e Ilha de São Sebastião, A megasseqüência sinrifte é normalmente coberta por
onde ocorre uma inflexão leste–oeste. rochas do Cretáceo e do Terciário, aflorando apenas na região
Nas bacias de Pelotas, Santos e Campos, sedimentos nordeste do Brasil (Bahia e Sergipe–Alagoas). Ao norte do
sinrifte estão ausentes na região emersa, uma vez que o Alto de Vitória, o trend NNE deflete para uma direção quase
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 109

Figura III.14 – Seção sísmica na Bacia de Campos, mostrando a Figure III.14 – Seismic section in the Campos Basin, showing the
assinatura sísmica da megasseqüência sinrifte (Neocomiano– seismic signature of the syn-rift megasequence (Neocomian–Barremian),
Barremiano), da megasseqüência transicional (Aptiano) e da the transitional megasequence (Aptian) and the post-rift or marine
megasseqüência pós-rifte ou marinha (Albiano–Recente) megasequence (Albian–Recent)

Figura III.15 – Perfil geosísmico (A) e seção geológica (B) na Bacia Figure III.15 – Geoseismic profile (A) and geological section (B) in the
de Campos, mostrando as principais seqüências estratigráficas das Campos Basin, showing the main stratigraphic sequences of the syn-
megasseqüências sinrifte, transicional e pós-rifte ou marinha rift, transitional and post-rift or marine megasequences
110 Parte I – Geologia

N–S, enquanto a linha de costa continua com a direção anterior. Megasseqüência Transicional
Tal situação resulta na ocorrência de rochas sinrifte na região
continental da Bacia do Espírito Santo, formando um corredor Esta megasseqüência marca a transição da megasseqüência
estreito que marca a única província petrolífera no continente sinrifte (continental) para a megasseqüência pós-rifte ou drifte
na região sudeste do Brasil (Cainelli e Mohriak, 1998). (fase de deriva continental, marinha). A sucessão litológica
A sedimentação inicial dessa megasseqüência deu-se em inicia-se com siliciclásticos do Aptiano Inferior e termina com
depocentros alongados, controlados por falhas, com sedimentos evaporíticos (predominantemente halita, com
preenchimento por espesso pacote de rochas siliciclásticas anidrita subordinada, e, localmente, com deposição de sais
nas bacias entre Sergipe–Alagoas e Espírito Santo, enquanto de potássio em Sergipe), depositados no Aptiano Superior a
nas Bacias de Santos e Pelotas a seqüência mais antiga do Albiano Inferior. Esta megasseqüência desempenha importante
rifte poderia incluir rochas vulcânicas (derrames de lavas papel como a principal camada selante para a movimentação
tholeiíticas). Esse evento vulcânico, datado entre 130 e 120 de fluídos gerados na megasseqüência sinrifte. Além disso, a
Ma, é equivalente à grande extrusão de basaltos da Formação tectônica salífera controla a migração e distribuição de
Serra Geral na Bacia do Paraná (Mizusaki et al. 1988; Zalán et hidrocarbonetos para os reservatórios superiores por meio de
al. 1990). falhas lístricas, as fácies sedimentares dos carbonatos albianos
A megasseqüência sinrifte é composta por três principais e eventualmente dos siliciclásticos do Cretáceo Superior
associações de fácies sedimentares e litológicas (Figueiredo (Figueiredo e Mohriak, 1984). Esses reservatórios estão
1985; Dias et al. 1988; Cainelli e Mohriak, 1998): (i) leque estruturados pela movimentação do sal subjacente (almofadas
aluvial/leque deltaico e depósitos transicionais; (ii) folhelhos de sal, diápiros penetrantes, grábens de evacuação, mini-
e margas lacustrinos; e (iii) carbonatos com pelecípodas bacias, etc.), resultando numa série de trapas combinadas,
lacustrinos (coquinas). estratigráficas e estruturais, onde estão localizados vários
As fácies proximais das bordas dos riftes nas bacias da campos de hidrocarbonetos (Figueiredo e Mohriak, 1984).
margem sudeste são dominadas por conglomerados e arenitos, A megasseqüência transicional é marcada pelo término
comumente com fragmentos de vulcânicas. Litologias de fácies da fase de estiramento litosférico e rifteamento da crosta
mais distais, com granulometrias mais finas, foram continental, cessando a atividade de grande parte das falhas
depositadas nos depocentros dos lagos, onde condições envolvendo o embasamento. Um período de peneplanização
anóxicas extremas permitiram a deposição e a conservação das cristas dos blocos rifte rotacionados prevaleceu, até que
de folhelhos pretos, carbonáticos, ricos em matéria orgânica, as primeiras ingressões marinhas cobrissem os sedimentos
que constituem a principal rocha mãe para os hidrocarbonetos depositados no Neocomiano, deixando apenas uma suave
da bacia de Campos (Guardado et al. 1989; Mohriak et al. topografia residual (Fig. III.15). Esse evento erosivo resultou
1990a; Mello et al. 1994). na formação de clásticos grosseiros (arenitos e conglomerados)
Acumulações de coquinas (conchas de pelecípodes) depositados sobre a discordância angular (break-up
desenvolveram-se em flancos e cristas ao longo dos altos unconformity), nas regiões proximais, e de carbonatos e
internos do rifte, longe das áreas fontes de sedimentos siliciclásticos finos nas regiões mais distais.
terrígenos (Bertani e Carozzi, 1984; Bertaini e Carozzi, 1985; Ainda no Aptiano, as primeiras ingressões marinhas do
Abrahão e Warme, 1990). Essas coquinas, além de basaltos Oceano Atlântico (em fase inicial de formação por meio de
fraturados, constituem os únicos reservatórios produtores de um golfo alongado que separava a placa sul-americana da
hidrocarbonetos na seção rifte da Bacia de Campos (Guardado placa africana, Asmus, 1984) culminaram com a deposição da
et al. 1989; Mohriak et al. 1990b). seqüência de evaporitos, notadamente na região entre as
Nas bacias do nordeste (e.g., Sergipe–Alagoas e Potiguar) bacias de Santos e Sergipe–Alagoas. O limite sul da bacia
a produção de hidrocarbonetos concentra-se nos reservatórios evaporítica corresponde à Zona de Fratura do Rio Grande
siliciclásticos (arenitos e conglomerados). Na Bacia de Santos, (Lineamento de Florianópolis) e o limite norte, ao lineamento
a megasseqüência sinrifte aprofunda-se rapidamente na direção de Pernambuco (Cainelli e Mohriak, 1998).
da plataforma continental, onde atinge profundidades maiores A movimentação do sal iniciou-se no Aptiano Superior–
que 5.000 m em grande parte da área e, conseqüentemente, Albiano Inferior, criando uma série de falhas lístricas que se
não tem sido penetrada por poços exploratórios na região propagam para a seção sedimentar mais nova, criando uma
além do talude. estruturação complexa associada à tectônica salífera, com
O limite do rifte ainda não é bem conhecido na região do almofadas de sal, casco de tartaruga, diápiros de sal, muralhas
Complexo Vulcânico de Abrolhos, assim como na plataforma de sal, falhas extensionais e compressionais, também
de Florianópolis, regiões afetadas por intenso vulcanismo pós- controlando a deposição sedimentar em calhas associadas à
rifte. evacuação do sal (Figueiredo e Mohriak, 1984). A bacia
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 111

evaporítica é caracterizada por vários domínios tectônicos: os que se movem para a bacia profunda como jangadas, à
compartimentos extensionais com almofadas de sal, o semelhança do que ocorre na África (Duval et al. 1992). A
compartimento com diápiros de sal e a região de muralhas de Fig. III.16 mostra a formação de cascos de tartaruga e grandes
sal com grandes empurrões e dobramentos, localmente inver- anticlinais associados à tectônica de sal na plataforma e
tendo as mini-bacias (Szatmari e Demercian, 1993; Cobbold talude, e a Fig. III.17 mostra a tectônica de sal característica
et al. 1995; Mohriak e Nascimento, 2000; Meisling et al. 2001). da região de águas profundas de alguns segmentos da bacia
Dois tipos principais de falhamentos associados à evaporítica, com deformações compressionais da cobertura
halocinese são reconhecidos no Atlântico Sul: falhas normais sedimentar pós-sal.
de crescimento com cisalhamento basal sintético e antitético Um excepcional exemplo de falhamento com cisalhamento
(Mohriak, 1995a; Mohriak et al. 1995b; Mohriak e Szatmari, basal antitético (Mohriak et al. 1995b) pode ser identificado
2001). Na Bacia de Campos, a maior parte das falhas normais na região de Cabo Frio, entre a porção sul da Bacia de Campos
relacionadas à tectônica de sal apresenta rejeito sintético, e as porções norte e central da Bacia de Santos (Fig. III.18).
com mergulho do plano de falha na direção da bacia e rotação Nessa região caracteriza-se notável sistema de falhas normais
dos blocos na direção do continente, com a criação de cunhas antitéticas, associadas à tectônica de sal, resultado do colapso
de sedimentos que espessam para oeste. Também é comum o de estratos sedimentares junto da quebra da plataforma
fenômeno de descolamento de blocos da plataforma albiana, continental (Mohriak et al. 1995b; Mohriak e Szatmari, 2001).

Figura III.16 – Seção convertida em profundidade na Bacia de Campos, Figure III.16 – Depth-converted seismic section in the Campos Basin,
com interpretação geológica das principais seqüências tectonos- with geological interpretation of the main tectono-sedimentary
sedimentares, ilustrando feições halocinéticas em águas profundas sequences, illustrating halokinetic features in the deep water region
112 Parte I – Geologia

A Fig. III.19 (localizada na porção norte da Bacia de Santos) embasamento), formando leques submarinos em águas
mostra um notável estilo de tectônica de sal associada a profundas que estão altamente rotacionados devido à expulsão
falhamento antitético, caracterizado por cunhas de refletores do sal subjacente. As sucessivas progradações resultaram na
que correspondem a uma espessa seqüência sedimentar movimentação do sal na direção de águas profundas (Fig.
progradante de idade Cretáceo Superior a Terciário, com III.19), criando um imenso vazio de estratos sedimentares
depocentros espessando e ficando mais jovens para leste, albianos (Albian gap, Mohriak et al. 1995b). Modelagem física
controlados por falhas que descolam na base do sal e dessa feição (Szatmari et al. 1996) sugere que grandes
apresentam mergulho para o continente e que localmente se extensões poderiam estar associadas ao fluxo de sal
tornam falhas de baixo ângulo devido à expulsão do sal e ao (localmente excedendo 50 km), embora também haja
avanço da cunha sedimentar (Mohriak et al. 1995b; Mohriak e interpretações de que as progradações sejam devidas ao fluxo
Szatmari, 2001). A compressão observada na região de de sal controlado pela sobrecarga sedimentar, sem extensão
muralhas de sal, em águas profundas, aparentemente é dos estratos (Ge et al. 1997). Feições semelhantes, em menor
balanceada pela extensão sedimentar nas zonas de falhas da escala, também ocorrem em outras bacias sedimentares (e.g.,
plataforma continental (Cobbold et al. 1995). Bacia de Jequitinhonha, na Bahia).
A falha antitética de Cabo Frio resultou de progradação Segmentos da margem continental caracterizados por
clástica maciça de sedimentos siliciclásticos do Albiano Médio reentrâncias ou concavidades na bacia evaporítica (e.g., Santos
a Terciário Inferior, associados a soerguimento da Serra do e Cumuruxatiba) resultam em fluxo convergente de sal, na
Mar e Serra da Mantiqueira (Mohriak et al. 1995b). A sobrecarga direção do centro do arco, no qual são comuns estruturas
sedimentar resultou em mobilização da massa de sal, cujo compressionais, como empurrões e gotas de sal (Szatmari e
fluxo foi controlado por grande falha de rejeito antitético Demercian, 1993; Cobbold et al. 1995). Já os segmentos da
(provavelmente associada a reativações de falhas de margem caracterizados por convexidades ou saliências na bacia

Figura III.17 – Seção sísmica na Bacia de Campos, ilustrando feições Figure III.17 – Seismic section in the Campos Basin, illustrating exten-
halocinéticas extensionais e compressionais em águas profundas sional and compressional halokinetic features in the deep water region
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 113

Figura III.18 – Mapa geológico esquemático da região sudeste Figure III.18 – Schematic geological map of the southeastern Brazilian
brasileira, mostrando as bacias tafrogênicas do continente, a região region, showing the onshore taphrogenic sedimentary basins, the Tertiary
de vulcanismo terciário ao longo do Alto de Cabo Frio e a região do volcanic region along the Cabo Frio High and the Albian gap associated
vazio albiano associado à zona de falha antitética de Cabo Frio with the antithetic Cabo Frio fault zone

Figura III.19 – Seção sísmica na Bacia de Santos, ilustrando feições Figure III.19 – Seismic section in the Santos Basin, illustrating
halocinéticas relacionadas à progradação clástica maciça no Cretáceo, halokinetic features associated with Cretaceous massive clastic
formando diápiros de sal em águas profundas progradation, forming salt diapirs in the deep water region
114 Parte I – Geologia

evaporítica (e.g., Bacia de Campos) apresentam fluxo condições de maior restrição à circulação oceânica, com
divergente de sal, onde são mais comuns as falhas ambiente deposicional caracterizado por hipersalinidade e
extensionais, seja na direção da bacia seja na direção paralela anoxia (Dias-Brito, 1987), definindo-se uma seqüência marinha
à linha de costa. restrita. Nesta seqüência podem ser reconhecidas as seguintes
Nas bacias da margem leste, particularmente em fácies, em função das características de ambiente deposicional
Cumuruxatiba e Jequitinhonha, destacam-se notáveis feições e de litologia: nerítica, hemipelágica e de águas profundas. A
compressionais, com grandes falhas de empurrão com fácies nerítica, que abrange idades do Albiano Inferior a Médio,
vergência para o mar (Mohriak e Nascimento, 2000). pode atingir mais de 1.000 m de espessura e é marcada por
Na Bacia Sergipe–Alagoas, feições diapíricas em águas uma sedimentação carbonática (calcarenitos e dolomitos) em
profundas têm interpretações opcionais de intrusões ígneas e água rasa, intercalados com folhelhos, com os estratos
diápiros de sal (Mohriak, 1995b). sedimentares depositados em domínios de rampa a plataforma
Registra-se também a ocorrência de sedimentos da de alta energia, com águas hiper-salinas e fundo oxigenado
megasseqüência transicional, localmente incluindo evaporitos, (Dias-Brito, 1982; Dias-Brito e Azevedo 1986; Koutsoukos e
nas bacias da margem equatorial, em particular, na Bacia do Dias-Brito, 1987; Azevedo et al. 1987). A coincidência geral
Ceará. Ocorrências esparsas de evaporitos aptianos são entre almofadas de sal e bancos carbonáticos de alta energia
também registradas nos riftes intracontinentais do norte– alongados segundo a direção NE–SE sugere um possível
nordeste, em particular nas bacias de São Luís, Bragança– controle dessas fácies por feições positivas (almofadas de
Viseu e Araripe, além das bacias intracratônicas (e.g., sal), enquanto os carbonatos de granulometria mais fina
Parnaíba). ocupavam as depressões entre os bancos (Guardado e Spadini,
1987).
Megasseqüência Pós-rifte As fácies hemipelágicas e de águas profundas representam
o afogamento da plataforma albiana. As litologias
A passagem da Megasseqüência Transicional (evaporítica) para predominantes são margas e calcilutitos de idade
a Megasseqüência pós-rifte ou marinha (carbonática a Cenomaniano–Turoniano, registrando-se também folhelhos
siliciclástica) é gradacional, pontuada por várias pequenas pretos, ricos em matéria orgânica, relacionados ao evento
discordâncias (Cainelli e Mohriak, 1998). O decaimento temporal anóxico mundial do Turoniano (Jenkyns, 1980). Em resposta
da anomalia térmica gerada durante a fase de estiramento ao afastamento das placas oceânicas, o Atlântico Sul tornou-
litosférico (McKenzie, 1978) e o progressivo movimento da se conectado ao Atlântico Norte e ao Oceano Índico apenas
placas sul-americana e africana, afastando-se do centro de no Turoniano Superior (Emery e Uchupi, 1984).
espalhamento ativo na cordilheira meso-oceânica, resultou Arenitos turbidíticos estão distribuídos nessas fácies e
no resfriamento e contração da litosfera e, como conseqüência, indicam quedas do nível do mar de terceira e quarta ordens
isostática, no aumento da subsidência termal na direção da durante a subida do nível do mar que prevalecia como variação
bacia profunda. A subsidência contínua resultou na dissipação relativa de segunda ordem (Guardado e Spadini, 1987; Cainelli
das barreiras de restrição no proto-oceano, com o ambiente e Mohriak, 1998, Guardado et al. 2000). No caso da Bacia de
tornando-se marinho aberto. Campos, os turbiditos albo-cenomanianos da super-seqüência
Essas mudanças permitem dividir a megasseqüência pós- marinha transgressiva formam extensos lençóis arenosos,
rifte ou marinha em duas super-seqüências, uma transgressiva enquanto os turbiditos do Cenomaniano–Turoniano estão
e outra regressiva (Cainelli e Mohriak, 1998). A super-seqüência confinados em calhas mais estreitas, controladas por falhas
marinha transgressiva compreende uma espessa seção durante uma fase de intensa halocinese (Bacoccoli et al. 1980;
sedimentar mais restrita, carbonática (ambiente marinho raso Guardado et al. 1989).
na plataforma e marinho profundo na bacia). A super-seqüência Condições de mar cada vez mais franco começaram a
marinha regressiva inclui espessa seção sedimentar predominar apenas no Turoniano Superior (Cainelli e Mohriak,
siliciclástica, em ambiente marinho aberto, com paleoba- 1998), sendo marcante a ocorrência de uma discordância
timetrias que atingem níveis batiais a abissais, na plataforma regional (e.g., discordância da base da Formação Calumbi na
e na região das muralhas de sal (Koutsoukos, 1984). Bacia Sergipe–Alagoas), separando os estratos pré-turonianos
A Super-seqüência Marinha Transgressiva é marcada por dessa seqüência inferior, de características mais anóxicas,
sedimentação francamente oceânica, sendo caracterizada por dos estratos superiores, depositados em ambientes mais
uma relativa estabilidade ambiental, por paleobatimetrias oxidados. Caracteriza-se uma típica transgressão até o
atingindo valores entre 1.000 e 2.000 m e por grande Santoniano–Campaniano, quando começa a ocorrer um
diversidade biológica (Koutsoukos, 1984; Koutsoukos, 1987). aumento do aporte sedimentar, formando uma típica regressão
Parte da megasseqüência marinha, englobando idades de marinha. A Super-seqüência Marinha Regressiva instala-se no
Albiano Inferior a Cenomaniano Superior, é marcada por Cretáceo Superior na Bacia de Santos (Pereira e Feijó, 1994)
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 115

e no Terciário Inferior em grande parte das bacias da margem Vulcanismo pós-rifte


divergente, registrando-se notável discordância separando as Durante o Cretáceo Superior e Terciário Inferior, a região entre
duas super-seqüências (e.g., discordância da base do Terciário, a Bacia de Santos e a Bacia do Espírito Santo foi intrudida
na Bacia de Campos, Cainelli e Mohriak, 1998). por vários focos magmáticos alcalinos, tanto na região de
O preenchimento das bacias sedimentares da margem crosta oceânica como na região de crosta continental, atingindo
divergente é bastante semelhante entre si e caracteriza-se principalmente a região de Cabo Frio (Fig. III.20) e Abrolhos
por um estilo retrogradacional no Cretáceo Superior, com (Cainelli e Mohriak, 1998), notadamente ao longo de zonas
ambiente de deposição marinho profundo, seguido por uma de fraturas e lineamentos oceânicos e continentais, como,
progradação geral no Terciário, com feições offlap nas por exemplo, o lineamento Cruzeiro do Sul, que se estende
seqüências sismo-estratigráficas e vários cortes de cânions numa direção NW desde o Alto do Rio Grande até a borda
(Ricci e Becker, 1991). oeste da Bacia de Campos, no alto de Cabo Frio (Souza et al.
Na Bacia de Santos, ao contrário, grandes quantidades 1993).
de sedimentos associados ao soerguimento e à erosão da Os montes submarinos Jean Charcot (Fig. III.21) ocorrem
Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira excederam o espaço além do limite distal do sal, na transição de crosta continental
de acomodação criado pela subida do mar e desenvolveram para crosta oceânica, e ilustram a geometria dessas feições
cunhas clásticas progradantes, depositadas principalmente que ocorrem em vários segmentos da margem. Intrusões ígneas
entre o Campaniano e Maastrichtiano (Pereira et al. 1986; são também caracterizadas em zonas de fraturas, como, por
Pereira e Feijó, 1994). A seção progradante avançou dezenas exemplo, ao longo da Zona de Fratura do Rio Grande, que se
de quilômetros além da quebra da plataforma (Fig. III.19), estende com uma direção leste–oeste da crosta oceânica até
formando uma sobrecarga sedimentar que expulsou o sal a plataforma de Florianópolis, no limite entre as bacias de
subjacente (Mohriak et al. 1995b). Mais ao norte, na Bacia de Santos e Pelotas (Severino e Gomes, 1991).
Campos, uma menor influência do soerguimento da Serra do
Mar permitiu a deposição de folhelhos transgressivos que Turbiditos da Seqüência pós-rifte (marinha regressiva)
avançaram dezenas de quilômetros além da quebra de Durante o Terciário, maior aporte sedimentar numa área com
plataforma, na direção do continente (Guardado et al. 1989). cada vez menor espaço de acomodação resultou numa cunha
Na parte oeste da margem equatorial, mais especifica- progradante bem definida entre a plataforma e o talude,
mente na região da Foz do Amazonas, ocorreu um intenso alcançando espessuras de mais de 4.000 m na margem leste
aporte sedimentar no Mioceno, interrompendo a deposição brasileira (Cainelli e Mohriak, 1998). Estabeleceu-se na margem
da plataforma carbonática que se estendia ao longo da margem uma plataforma mista clástica-carbonática, com arenitos
norte da América do Sul. Essa plataforma carbonática atinge costeiros e plataformais gradando para carbonatos na direção
grandes espessuras nas bacias do Pará–Maranhão e do talude. Depósitos turbidíticos ocorrem extensivamente no
Barreirinhas (Caldeira et al. 1991). Terciário Inferior a Médio, particularmente acima de uma

Figura III.20 – Seção sísmica na Bacia de Campos (Alto de Cabo Figure III.20 – Seismic section in the Campos Basin (Cabo Frio High),
Frio), mostrando cones vulcânicos do Terciário (em detalhe) showing Tertiary volcanic plugs (inset with zoom)
116 Parte I – Geologia

Figura III.21 – Seção sísmica (com interpretação geológica) na região Figure III.21 – Seismic section (with geological interpretation) in the
de águas profundas da Bacia de Santos, mostrando altos vulcânicos deep water region of the Santos Basin, showing volcanic highs of the
dos Montes Jean Charcot Jean Charcot seamounts

discordância regional do Eoceno Médio que é bem caracteri- coalesceram lateralmente, formando uma relativamente
zada, particularmente na bacia de Campos (Rangel et al. 1994). espessa e extensa acumulação de areias sob forma de lençóis
Um amplo complexo turbidítico estabeleceu-se entre o e cunhas clásticas, limitadas por superfícies de erosão, as
Eoceno Médio e o Oligoceno nas bacias de Campos, Santos, quais estão provavelmente associadas a mudanças climáticas
Espírito Santo e Sergipe–Alagoas. Como a Bacia de Campos é e ao padrão de circulação oceânica (Souza Cruz, 1998).
marcada pela ocorrência dos únicos campos gigantes de A tectônica salífera, particularmente na região de diápiros
petróleo do Brasil, a análise dos parâmetros que controlaram e muralhas de sal, resultou em depressões acentuadas,
a formação dos reservatórios em águas profundas é de grande formando calhas de subsidência, grábens de evacuação e mini-
importância econômica e para a geologia do petróleo. bacias, nas quais empilharam-se sucessivamente diversos
A formação dos depósitos turbidíticos da Bacia de Campos sistemas turbidíticos que se amalgamaram verticalmente e
pode ser atribuída ao fato de que no intervalo Cretáceo coalesceram lateralmente, formando cunhas espessas que
Superior–Terciário Médio grandes áreas da parte externa da algumas vezes apresentam inversão de depocentros (chamado
plataforma e do talude tornaram-se instáveis, e o colapso efeito gangorra, causado por movimentação halocinética entre
gravitacional dos depósitos arenosos, movimentados por diápiros adjacentes).
tectônica de sal e eventos magmáticos, resultou numa maciça Registram-se espessas seqüências de turbiditos no
transferência de sedimentos como fluxos de massa na direção Maastrichtiano, no Eoceno Médio e no Oligoceno, várias delas
da bacia profunda, formando lençóis de turbiditos e de fluxos com acumulações gigantes de hidrocarbonetos (Rosa, 1987;
de detritos (Peres, 1993; Cainelli e Mohriak, 1998). A porção Guardado et al. 1989; Mohriak et al. 1990a; Candido e Costa,
erosional de cada limite de seqüência é expressa sismicamente 1990; Rangel et al. 1998). Subseqüentemente, mais de 1.000 m
por vales incisos, cânions, cicatrizes e colapso de talude de sedimentos pelíticos do Mioceno cobriram o complexo
(Carminatti e Scarton, 1991). turbidítico do Oligoceno, resultando em nova sobrecarga
Na direção do talude, os mais espessos depósitos sedimentar sobre a camada de sal e desenvolvimento de
turbidíticos acumularam-se onde a remobilização de sal, grandes falhas lístricas que estruturaram os turbiditos do
associada à sobrecarga sedimentar diferencial, ocorreu Oligoceno e criaram caminhos de migração para a acumulação
contemporaneamente com a deposição dos siliciclásticos nos de óleo nos reservatórios superiores (Guardado et al. 1989;
baixos contemporâneos (Figueiredo e Mohriak, 1984). Esse Pessoa et al. 1999).
processo resultou numa larga e relativamente rasa depressão Dados de litofácies para o sistema turbidítico do Oligoceno
no fundo do mar, para onde foram canalizados os cânions na região dos campos gigantes de Marlim e Albacora (Guardado
submarinos, que focalizaram a deposição de sucessivos et al. 1989; Dias et al. 1990; Candido e Costa, 1990; Carminatti
depósitos turbidíticos que se amalgamaram verticalmente e e Scarton, 1991; Peres, 1993; Cainelli e Mohriak, 1998) revelam
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 117

três fácies arenosos, geneticamente relacionados a limites margem equatorial para a margem nordeste) e os segmentos
de seqüências: (1) a fácies proximal, caracterizada por divergentes das margens nordeste, leste, sudeste e sul, cada
conglomerados maciços, com matriz argilosa, e por arenitos qual com características estratigráficas e estruturais distintas
conglomeráticos, formando depósitos residuais nos canais e (Cainelli e Mohriak, 1998).
preenchendo superfícies erosionais irregulares; (2) a fácies Além das bacias oceânicas, ocorrem também alguns riftes
arenosa, consistindo de arenitos de granulação fina, sem abortados que são parte integrante da evolução tectono-
estruturas evidentes, com corpos variando em espessura entre sedimentar da margem continental, estando relacionados à
30 e 150 m; e (3) a fácies arena-argilosa, caracterizada por ruptura do Gondwana, tendo sua gênese associada a
intercalações de arenitos laminados bem selecionados, produto semelhantes processos formadores de bacias. Entre esses riftes
de retrabalhamento de depósitos anteriores por correntes de destacam-se os seguintes: Tacutu; Bragança–Viseu; São Luís–
fundo, com folhelhos hemipelágicos. Estas duas últimas fácies Ilha Nova; Jacaúnas; Potiguar (terrestre); Recôncavo–Tucano–
compreendem mais de 95% dos reservatórios do Oligoceno Jatobá; São Paulo–Taubaté–Resende–Volta Redonda–Itaboraí–
dos campos gigantes de Marlim e Albacora (Carminatti e Barra de São João.
Scarton, 1991). Sismicamente, o corpo arenoso aparece como A Fig. III.22 mostra a localização das principais bacias
uma feição tabular, mas em escala de reservatório. As análises oceânicas e continentais a serem discutidas a seguir. Da Fig.
de testemunhos e de dados sísmicos 3-D indicam que os III.23 até a Fig. III.26 apresenta-se uma sucessão de colunas
turbiditos são formados por (i) complexos de canais; (ii) lobos tectono-estratigráficas dos principais riftes abortados e das
amalgamados, relativamente espessos; e (iii) delgados lobos bacias sedimentares ao longo da margem continental.
amalgamados, com granulometria mais fina, e bastante
dissecados por canais (Bruhn et al. 1998; Bruhn, 1999).
Na Bacia de Santos, grandes depósitos turbidíticos podem Riftes abortados da margem continental
ser identificados na plataforma continental, estendendo-se
na direção do talude e da região de águas profundas (Pereira Vários riftes abortados (com reduzido desenvolvimento de
et al. 1986; Peres, 1993). Notadamente na parte centro-norte subsidência da fase termal e sedimentação marinha) são
da bacia, progradações do Eoceno são bastante características encontrados ao longo da margem continental e também no
nos dados sísmicos (Cainelli e Mohriak, 1998). interior do continente. São bacias relativamente pequenas,
Na Bacia do Espírito Santo, depósitos arenosos com grande mas que podem alcançar grandes espessuras, como é o caso
espessura concentram-se numa calha alongada segundo a da Bacia do Tucano. Alguns desses riftes (e.g., Tacutu e Marajó)
direção NW, aparentemente controlados por grandes estão associados à fase inicial de ruptura do Gondwana, com
descontinuidades no embasamento, notadamente o lineamento evolução tectono-sedimentar estendendo-se até o Triássico–
de Colatina, que atravessa a região continental na região do Jurássico, enquanto outros estão diretamente ligados à
Alto de Vitória e estende-se para o sul na direção da Bacia de formação dos riftes das bacias da margem continental, no
Campos (Cordani et al. 1984). Cretáceo Inferior (e.g., Recôncavo–Tucano–Jatobá). Outros
Na Bacia Sergipe–Alagoas, os turbiditos arenosos do ocorrem na plataforma continental rasa e são cobertos por
Cretáceo Superior a Terciário Inferior são eventos relativamente sedimentos da fase de subsidência termal das bacias marginais
comuns mas descontínuos e com pequena espessura, sendo (e.g., Cassiporé). Outros estão associados a reativações
ocasionalmente encontrados na perfuração de objetivos mais tectônicas tardias, durante a fase de deriva continental,
profundos. Normalmente as camadas arenosas atingem notadamente na região sudeste, onde ocorrem pequenas bacias
espessuras de poucos metros, e os sedimentos de granulometria com preenchimento sedimentar com idade terciária a
mais grosseira são interpretados como depósitos residuais de quaternária (e.g., bacia de Taubaté e outras bacias da região
fundo de canal, formando corpos isolados ou amalgamados, entre São Paulo e Rio de Janeiro).
com canais e levees migrando ao longo do talude (Cainelli e Os principais riftes abortados a serem discutidos são os
Mohriak, 1998). seguintes: Tacutu; Cassiporé; Bragança–Viseu; São Luís–Ilha
Nova; Jacaúnas; Potiguar (terrestre); Recôncavo–Tucano–
Jatobá; São Paulo–Taubaté–Resende–Volta Redonda–Itaboraí–

Características Estratigráficas
Barra de São João.
A Fig. III.23 apresenta uma sucessão de colunas
e Estruturais estratigráficas simplificadas dos principais riftes abortados
da margem continental.
A margem continental brasileira pode ser dividida em diversos A Bacia de Tacutu (Fig. III.22), situada na região de
domínios tectônicos, englobando o segmento transformante fronteira entre o Estado de Roraima e o distrito guianense de
da margem equatorial, o segmento transversal (passagem da Rupunini, estende-se por cerca de 300 km na direção NE e
118 Parte I – Geologia

Figura III.22 – Mapa simplificado com a


localização das bacias sedimentares brasileiras

Figure III.22 – Simplified map with location of


Brazilian sedimentary basins

Figura III.23 – Colunas estratigráficas das bacias sedimentares Figure III.23 – Stratigraphic columns of the Brazilian sedimentary
brasileiras associadas a riftes abortados basins associated with aborted rifts
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 119

Figura III.24 – Colunas estratigráficas das bacias sedimentares da Figure III.24 – Stratigraphic columns of the sedimentary basins along
margem norte brasileira the northern Brazilian margin

apresenta largura entre 30 e 50 km, com área total de cerca e prosseguiu com a sedimentação sinrifte, que engloba desde
de 12.500 km2. folhelhos e siltitos lacustres da Formação Manari, depositados
Constitui-se num sistema de meio-grábens implantados logo acima das vulcânicas, a siliciclásticos finos e grosseiros,
sobre rochas pré-cambrianas do Escudo das Guianas e datados entre Jurássico Superior e Cretáceo Inferior. Ainda
apresenta espessura maior que 7.000 m nos principais na seqüência sinrifte registram-se sedimentos da Formação
depocentros (Eiras e Kinoshita, 1990). A bacia é caracterizada Pirara, que inclui evaporitos (carbonatos, sulfatos, halita), e
por dois semi-grábens separados por uma zona de acomodação a Formação Tacutu, de idade neocomiana, cuja base é
associada ao Alto de Savanas do Norte, que separa a porção representada por camadas avermelhadas de siltito e folhelho.
meridional da bacia, cujo depocentro é controlado pela falha Em baixos preservados da erosão ocorrem remanescentes da
mestre de Lethem, com mergulho para norte, da porção Formação Tucano, que atinge idade aptiana–albiana.
setentrional, que é controlada por uma falha de menor rejeito, Recobrindo a estratigrafia anterior tem-se a Formação Boa
que apresenta mergulho para sul (Falha de Maú). A Fig. III.27 Vista, composta por siliciclásticos cenozóicos responsáveis pelo
apresenta uma seção sísmica característica do estilo estrutural relevo plano da bacia.
e estratigráfico da bacia. A Fig. III.28 mostra seções geológicas Eiras e Kinoshita (1988) caracterizam evidências sísmicas
na parte central da bacia (no topo) e na parte norte da bacia de transcorrência no Gráben de Tacutu e apontam uma possível
(na base). idade de Terciário Superior. Estas feições estão possivelmente
A sedimentação no gráben de Tacutu iniciou-se com uma relacionadas com a interação entre as placas de Nazca e
seqüência de rochas vulcânicas de idade jurássica (Formação Caribe, em subducção sob a placa da América do Sul.
Apoteri), depositada como derrames sub-aquosos de lavas A Bacia de Caciporé está localizada na plataforma
basálticas tholeiíticas, muito amigdaloidais (Eiras et al. 1994), continental do Estado do Amapá e ocorre no prolongamento
120 Parte I – Geologia

Figura III.25 – Colunas estratigráficas das bacias sedimentares da Figure III.25 – Stratigraphic columns of the sedimentary basins along
margem nordeste e leste brasileira the northeastern and eastern Brazilian margin

na direção NW de um sistema de riftes que ocorrem desde o Uma segunda fase rifte, de idade valanginiano a albiano médio,
Pará, incluindo também os grábens da Bacia de Marajó. A inclui folhelhos e arenitos alcançando uma espessura total de
Fig. III.29 mostra um mapa tectônico simplificado da margem até 7.000 m nos depocentros. A sedimentação da fase pós-
equatorial brasileira, caracterizando o gráben de Caciporé no rifte inclui siliciclásticos e carbonatos da Formação Limoeiro
extremo setentrional da margem continental, na divisa com a (Albiano–Paleoceno), seguindo-se rochas terciárias da
Guiana Francesa. A Bacia de Caciporé (Fig. III.30) corresponde Formação Marajó. A parte superior da estratigrafia relaciona-
a um semi-gráben controlado por falha normal de alto ângulo, se com carbonatos da Formação Amapá e folhelhos da
que controla espessa seção sedimentar da fase rifte, datada Formação Travosas, à semelhança da bacia da Foz do Amazonas
de Aptiano–Albiano. Essa seqüência rotacionada e erodida é (Milani e Thomaz Filho, 2000).
coberta por sedimentos arenosos do Cretáceo Superior e Ainda na margem equatorial, destacam-se os riftes
Terciário, depositados durante uma fase de subsidência termal abortados de Marajó e São Luís–Bragança–Viseu, que ocorrem
da Bacia da Foz do Amazonas. Na região continental emersa na região continental e se estendem para a plataforma rasa.
observam-se diques de diabásio de idade triássica, com direção A Fig. III.31 mostra duas seções geológicas esquemáticas
NNW–SSE, provavelmente relacionados aos esforços que ilustrando o estilo estrutural desses riftes. A Bacia de Marajó
originaram as bacias do Atlântico Norte (Conceição et al. 1988). estende-se da região a leste da Bacia Amazonas e adentra a
A fase pré-rifte e a rifte inicial, com espessura de até 1.000 m, região da Foz do Amazonas na Ilha de Marajó, onde se bifurca
inclui rochas vulcânicas e sedimentos datados entre 222 e em dois ramos de rifte, constituindo o gráben de Mexiana a
186 Ma (Brandão e Feijó, 1994a; Milani e Thomaz Filho, 2000). norte e o gráben de Limoeiro a leste da Ilha de Marajó. Uma
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 121

Figura III.26 – Colunas estratigráficas das bacias sedimentares da Figure III.26 – Stratigraphic columns of the sedimentary basins along
margem sudeste e sul brasileira the southeastern and southern Brazilian margin

Figura III.27 – Seção sísmica na Bacia do Tacutu mostrando espessa- Figure III.27 – Seismic section in the Tacutu Basin showing stratigra-
mento estratigráfico no depocentro controlado pela falha de Lethem phic thickening in the depocenter controlled by the Lethem fault
122 Parte I – Geologia

Figura III.28 – Seções geológicas esquemáticas na Bacia de Tacutu Figure III.28 – Schematic geological sections in the Tacutu Basin
mostrando a sucessão estratigráfica e os altos internos regionais showing the stratigraphic succession and the internal regional highs

das principais características da bacia é a ocorrência de notável A Bacia Potiguar, em sua porção terrestre, consiste em
anomalia gravimétrica positiva no eixo central da bacia, semi-gráben de direção NE, com um alto estrutural interno
interpretada como intrusão de material mais denso na crosta (Alto de Quixabá) que separa o baixo de Boa Vista a norte e
(Milani, 1991). A espessura total da bacia atinge mais de o gráben de Umbuzeiro a sul (Bertani et al. 1990). O rifte da
11.000 m, sendo constituída pelas megasseqüências pré-rifte, Bacia Potiguar é controlado por falhas profundas (Matos, 1989),
sinrifte e pós-rifte. que continuam na direção da plataforma continental, onde se
As bacias de Bragança–Viseu e São Luís–Ilha Nova desenvolve uma sedimentação de margem passiva. Uma das
constituem um sistema de riftes (semi-grábens e grábens) principais características do rifte terrestre é a ocorrência de
localizados na margem equatorial brasileira, próximo do litoral notável anomalia gravimétrica positiva na parte leste,
dos estados de Pará e Maranhão. Esses grábens estão interpretada como intrusão de material mais denso na crosta
encaixados entre terrenos do cinturão de dobramentos do (Milani, 1991).
Gurupi, o Arco Ferrer e a plataforma de Sobradinho, a sul, e A sedimentação na Bacia Potiguar terrestre é caracterizada
pela plataforma da Ilha de Santana, a norte. Os diferentes por três megasseqüências: sinrifte, transicional e pós-rifte
depocentros são separados pelos altos de Gurupi e Curupu (Matos, 1993). A megasseqüência sinrifte, representada pela
(Lima et al. 1994). A seqüência pré-rifte inclui sedimentos de Formação Pendência, de idade Neocomiano–Barremiano, é
idade paleozóica (Formação Bequimão do Cambriano) e constituída por siltitos, folhelhos e arenitos. Esses sedimentos
sedimentos ordovicianos a triássicos relacionados à Bacia do estão associados a intrusões ígneas (diabásios) na parte sul
Parnaíba (Aranha et al. 1990; Lima et al. 1994). A seqüência da bacia, que correspondem ao enxame de diques de direção
rifte, de idade aptiana a albiana, é caracterizada por leste–oeste da Formação Rio Ceará Mirim, com datação de
sedimentos arenosos a conglomeráticos da Formação Bragança, 140–120 Ma (Araripe e Feijó, 1994). A megasseqüência
seguindo-se sedimentos da Formação Grajaú, Codó e Itapecuru. transicional, depositada sobre a discordância break-up, é
Ocorrem também remanescentes de sedimentos siliciclásticos representada pela Formação Alagamar, constituída por
da Formação Periá (Cenomaniano), correspondente à fácies sedimentos siliciclásticos aptianos. A megasseqüência pós-
arenosa da Formação Caju e Formação Humberto de Campos, rifte ou marinha é representada pela Formação Açu, de idade
na Bacia de Pará–Maranhão e Barreirinhas. Recobrindo a bacia albiano–turoniano, constituída por uma seqüência siliciclástica
ocorrem sedimentos cenozóicos da Formação Pirabas. que grada para pelitos finos no topo, e pela Formação Jandaíra,
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 123

Figura III.29 – Mapa geológico regional da margem equatorial entre Figure III.29 – Regional geologic map of the equatorial margin between
o gráben de Cassiporé e a região oeste da Bacia do Ceará, mostrando the Cassiporé graben and the western region of the Ceará Basin, showing
as zonas de fraturas transformantes the transform fracture zones
124 Parte I – Geologia

Figura III.30 – Seção sísmica no Gráben de Caciporé, mostrando Figure III.30 – Seismic section in the Caciporé Graben, showing
espessamento estratigráfico no depocentro controlado por falha de stratigraphic thickening in the depocenter controlled by high-angle,
alto ângulo com mergulho para leste eastward-dipping faults

constituída por sedimentos carbonáticos de alta energia, de qüência pré-rifte e pequena cobertura por sedimentos da
idade Cretáceo Superior. Essas megasseqüências são recobertas megasseqüência transicional, além da cobertura cenozóica
por sedimentos continentais arenosos da Formação Barreiras, da Formação Barreiras.
de idade cenozóica. A Fig. III.32 apresenta uma seção geológica A megasseqüência pré-rifte é representada por sedimentos
esquemática com as principais feições estruturais e paleozóicos e permianos, incluindo a Formação Afligidos, com
estratigráficas da Bacia Potiguar em sua porção terrestre. níveis evaporíticos, e também por sedimentos continentais
As bacias Recôncavo–Tucano-Jatobá (Fig. III.33) constituem siliciclásticos de idade jurássica da Formação Aliança e da
um sistema de riftes que cobrem uma área de cerca de Formação Sergi. A megasseqüência sinrifte, de idade
45.000 km2, alongando-se na direção N–S entre a cidade de Neocomiano–Barremiano, é representada pela Formação
Salvador até próximo ao lineamento de Pernambuco, quando Candeias (folhelhos) e por uma seqüência de colmatação do
as falhas da borda norte da bacia de Jatobá infletem para a lago que culmina com a deposição dos arenitos da Formação
direção NE (Milani, 1987; Magnavita e Cupertino, 1987; São Sebastião em ambiente fluvial (Caixeta et al. 1994). Junto
Magnavita e Cupertino, 1988; Milani e Davison, 1988; Santos à falha de Salvador, ocorrem conglomerados da Formação
e Braga, 1990; Santos et al. 1990). O limite norte da Bacia de Salvador. Toda a seqüência do rifte é coberta por sedimentos
Jatobá é condicionado pela falha de Ibimirim e pelo Lineamento siliclásticos da Formação Marizal (Aptiano). Recobrindo as
de Pernambuco. A oeste o sistema de riftes Recôncavo–Tucano megasseqüências anteriores registra-se a ocorrência de
é limitado na porção sul pelo Cinturão Granulítico Atlântico, sedimentos pouco consolidados da Formação Barreiras.
na porção central pelo Cráton São Francisco (Bloco Serrinha) O sistema de riftes Recôncavo–Tucano–Jatobá está
e em Tucano norte por sedimentos do Proterozóico Superior. associado à tectônica extensional da abertura do Atlântico
O limite leste dos riftes de Tucano norte e Jatobá corresponde Sul (Milani et al. 1988; Figueiredo et al. 1994). Peraro (1995)
ao maciço de Pernambuco–Paraíba; o limite leste de Tucano sugere que movimentos transcorrrentes são responsáveis por
central corresponde aos sedimentos do Proterozóico Superior feições compressionais na Bacia de Jatobá.
e na porção sul das bacias de Tucano e Recôncavo o limite A Fig. III.34 mostra o mapa de anomalia Bouguer do
leste corresponde ao cinturão granulítico e ao Alto de Jacuípe. sistema de riftes Recôncavo–Tucano–Jatobá e adjacências,
Esses riftes foram preenchidos com sedimentos da no qual está localizado um perfil regional que atravessa a
megasseqüência sinrifte, com alguns resíduos da megasse- sub-Bacia de Tucano Central e alcança a região de águas
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 125

Figura III.31 – Seções geológicas esquemáticas na Bacia de Marajó e Figure III.31 – Schematic geological sections in the Marajó and São
de São Luís, mostrando o arcabouço estrutural e estratigráfico das Luís basins, showing the structural and stratigraphic framework for the
seqüências sinrifte e pós-rifte syn-rift and post-rift successions

Figura III.32 – Seção geológica esquemática na Bacia Potiguar (parte Figure III.32 – Schematic geological section in the Potiguar Basin
terrestre), mostrando o arcabouço estrutural e estratigráfico das (onshore), showing the structural and stratigraphic framework for the
seqüências sinrifte e pós-rifte syn-rift and post-rift successions
126 Parte I – Geologia

Figura III.33 – Mapa geológico esquemático do segmento nordeste Figure III.33 – Schematic geological map in the northeastern segment
da margem continental divergente brasileira of the divergent Brazilian continental margin

profundas da Bacia Sergipe–Alagoas (Mohriak et al. 1998b). Campos, estando associado a um sistema de falhas terciárias
A Fig. III.35 mostra a linha sísmica profunda do segmento do de direção NE que se estendem desde a região da Lagoa Feia
perfil AA’ correspondente ao gráben de Tucano Central, e a e Cabo de São Tomé até a região de Búzios. Aparentemente o
Fig. III.36 apresenta o perfil gravimétrico e o modelo crustal gráben está associado a outros riftes cenozóicos da região
do perfil AA’ (Fig. III.34), baseado em dados de sísmica sudeste, que se desenvolvem entre a porção emersa da Bacia
profunda e métodos potenciais da bacia de Tucano e Sergipe– de Campos (próximo ao Cabo de São Tomé), constituindo
Alagoas (Mohriak et al. 1998b). Observa-se que o depocentro diversas bacias alongadas e com reduzida espessura
da bacia de Tucano Central é caracterizado por uma espessa sedimentar, destacando-se as bacias de Itaboraí, Volta Redonda,
seqüência sedimentar controlada por falhas com mergulho Resende, Taubaté e São Paulo (Almeida, 1976; Melo et al.
para oeste e não há significativo soerguimento da 1985; Mohriak e Barros, 1990). O evento tectônico responsável
descontinuidade do Moho nesse depocentro, sugerindo modelos pela formação dessas bacias também formou intrusões
de cisalhamento simples para a formação dessa bacia (Ussami alcalinas que se estendem desde Poços de Caldas até o Morro
et al. 1986) ou múltiplos descolamentos litosféricos (Castro de São João, próximo de Rio das Ostras (Almeida, 1983;
Jr., 1987). Sadowski e Neto, 1981).
O gráben de Barra de São João (Mohriak e Barros, 1990) A Bacia de Taubaté é a maior bacia desse sistema de
é um pequeno rifte localizado na parte oeste da bacia de riftes terciários da região sudeste (Fig. III.37a), sendo
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 127

Figura III.34 – Mapa de anomalia Bouguer do segmento nordeste Figure III.34 – Bouguer anomaly map of the northeastern Brazil segment
brasileiro e da margem continental entre as bacias de Sergipe–Alagoas and the continental margin between the Sergipe–Alagoas and Jacuípe
e Jacuípe basins

Figura III.35 – Seção sísmica na Bacia de Tucano Central, mostrando Figure III.35 – Seismic section in the Central Tucano Basin, showing
espessamento estratigráfico no depocentro controlado por falha de stratigraphic thickening in the depocenter controlled by high-angle,
alto ângulo com mergulho para oeste westward-dipping faults
128 Parte I – Geologia

Figura III.36 – Modelo de arquitetura crustal ao longo do perfil AA’ Figure III.36 – Crustal architecture model along the Tucano–Sergipe–
entre Tucano e Sergipe–Alagoas mostrando abrupto afinamento Alagoas transect, showing abrupt crustal thinning in the continental
crustal na região da margem continental margin region

controlada por grandes falhas de direção NE no embasamento (e.g., Gráben de Jacaúnas no Ceará, preenchido com
pré-cambriano, que foram reativadas como falhas extensionais sedimentos aptianos) até os grábens de Sete Barras e Cananéia
normais e direcionais (Radambrasil, 1983). A Fig. 37b mostra na região oeste da Bacia de Santos (Almeida, 1976; Machado
uma imagem de satélite (Landsat) com as feições Jr., 2001), desenvolvidos entre o Terciário e o Quaternário.
geomorfológicas da região adjacente ao rifte. O preenchimento
sedimentar dessa bacia é associado a ambientes continentais
lacustrinos e fluviais, que preenchem diversos compartimentos Bacias sedimentares da
controlados por falhas normais que apresentam alternâncias margem continental
de polaridade (Marques, 1990). A idade da sedimentação é
atribuída a eventos tectônicos iniciados no Eoceno, em função As bacias sedimentares da margem continental são analisadas
da ocorrência de lavas ankaramíticas datadas de 50 Ma na nos seguintes segmentos:
bacia de Volta Redonda (Riccomini et al. 1992) e estende-se
até o Quaternário. A Fig. III.38 mostra uma linha sísmica na Margem Equatorial (segmento transformante)
parte centro-sul da Bacia de Taubaté, caracterizando a falha Bacia da Foz do Amazonas
mestre na borda sul do gráben, ao contrário de outros Bacia Pará–Maranhão
segmentos do rifte, que apresentam controle por falha mestre Bacia de Barreirinhas
na borda norte (Marques, 1990). Bacia de Piauí–Camocim
Vários outros pequenos grábens ocorrem ao longo da Bacia do Ceará–Mundaú
margem continental brasileira, desde a margem equatorial Bacia Potiguar
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 129

(a)

(b)

Figura III.37 – (a) Mapa geológico esquemático da região continental Figure III.37 – (a) Schematic geological map of the onshore continental
emersa adjacente ao segmento sudeste da margem divergente region adjacent to the southeastern segment of the divergent Brazilian
brasileira; e (b) Imagem Landsat de detalhe da Bacia de Taubaté margin; and (b) Detailed Landsat image of the Taubaté Basin
130 Parte I – Geologia

Figura III.38 – Seção sísmica na Bacia de Taubaté, mostrando Figure III.38 – Seismic section in the Taubaté Basin, showing
espessamento estratigráfico no depocentro controlado por falha de stratigraphic thickening in the depocenter controlled by high-angle,
alto ângulo com mergulho para oeste westward-dipping fault

Margem Nordeste (segmento transversal) echelon característico de bacias associadas a movimentações


Bacia de Pernambuco–Paraíba transcorrentes ou margens transformantes (Gorini, 1993).
Bacia Sergipe–Alagoas A Fig. III.24 apresenta a sucessão de colunas para a
Bacia de Jacuípe margem equatorial. Observa-se notável variação litológica entre
a Bacia da Foz do Amazonas e a Bacia Pará–Maranhão no
Margem Leste, Sudeste e Sul (segmento divergente) Terciário. Enquanto na Foz ocorreu interrupção da sedimentação
Bacia de Camamu carbonática durante o Mioceno Superior, devido ao grande
Bacia de Almada aporte de siliciclásticos provenientes do Rio Amazonas, na
Bacia de Jequitinhonha Bacia Pará–Maranhão a estabilidade tectônica e o baixo aporte
Bacia de Cumuruxatiba de siliciclásticos permitiram a deposição de carbonatos até o
Bacia de Mucuri Recente (Silva e Rodarte, 1989).
Bacia do Espírito Santo Algumas bacias da margem equatorial são caracterizadas
Bacia de Campos por grandes espessuras sedimentares, notadamente na região
Bacia de Santos da Foz do Amazonas, onde a profundidade do embasamento
Bacia de Pelotas localmente atinge mais de 18 km (Russo, 1999). Linhas
regionais de resolução profunda, notadamente em Barreirinhas
e Pará–Maranhão, indicam que a espessura sedimentar pode
Margem Equatorial atingir mais de uma dezena de quilômetros na direção da
(segmento transformante) quebra da plataforma (Azevedo, 1991).
No aspecto tectônico a margem equatorial é bastante
A margem equatorial é caracterizada pela ocorrência de falhas variada, apresentando diversos estilos, desde falhas normais
da borda do rifte sub-paralelas às falhas transformantes de de rifte até falhas inversas na porção oeste da Bacia do Ceará,
direção E–W (e.g., falha de Sobradinho, em Barreirinhas). com cinturões de dobramentos associados às falhas de
Alguns grábens (em particular os riftes de Cassiporé, Marajó transcorrência envolvendo o embasamento. Destaca-se também
e Potiguar) apresentam falhas de borda com direções distintas notável cinturão de dobramentos associado à tectônica
das observadas nas bacias pull-apart da margem continental. gravitacional, como observado na região além da quebra do
Os mapas de métodos potenciais indicam que a margem talude nas bacias da Foz do Amazonas, Pará–Maranhão e
transformante é caracterizada por segmentos de direção E–W Barreirinhas (Guimarães et al. 1989; Zalán, 1999; Koyi, 2000;
e segmentos de direção NW–SE, formando um padrão en- Zalán, 2001). É possível que essas feições estejam relacionadas
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 131

à movimentação de falhas transformantes e também a depositados do Campaniano ao Mioceno Médio, que formam
intrusões vulcânicas, bastante comuns no segmento entre uma espessa plataforma carbonática proximal (Formação
Ceará e Potiguar. Amapá), ladeada por areias proximais (Formação Marajó), e
em direção ao eixo da bacia, em sedimentação regressiva,
Bacia da Foz do Amazonas ocorrem sedimentos pelágicos distais (Formação Travosas). O
terceiro intervalo inclui sedimentos depositados do Mioceno
A Bacia da Foz do Amazonas situa-se na porção oeste da ao Recente e é representado por uma expressiva cunha
margem equatorial brasileira. Limita-se a noroeste com o platô sedimentar clástica progradante (Grupo Pará), que forma uma
de Demerara e a sudeste com a Bacia Pará–Maranhão, na grande espessura sedimentar na Foz do Amazonas. Na parte
parte oeste da Ilha de Santana (Fig. III.3a e Fig. III.22). central da bacia, na região do talude conhecida como Cone
Abrange uma área de aproximadamente 350.000 km2, incluindo do Amazonas, observa-se uma intensa tectônica gravitacional
a plataforma continental, talude e região de águas profundas, que estrutura toda a seção cenozóica por meio de falhas
até o limite entre as crostas continental e oceânica (Tab. extensionais e falhas de empurrão na direção da bacia profunda
III.1a). (Silva e Rodarte, 1989; Silva et al. 1999; Mello et al. 2001).
Os primeiros registros sedimentares desta bacia A Fig. III.39 apresenta o arcabouço estratigráfico e
compreendem clásticos da megasseqüência pré-rifte, estrutural com base em seção sísmica regional na região da
representados pela Formação Calçoene, de idade triássica, Foz do Amazonas (Silva e Maciel, 1998). A Fig. III.40 apresenta
inferida a partir da datação radiométrica (entre 186 e 222 uma seção geológica baseada em dados sísmicos e de poços,
Ma) de basaltos intercalados com sedimentos arenosos mostrando vários compartimentos tectônicos, desde o domínio
(Brandão e Feijó, 1994a). Esses sedimentos são recobertos extensional na plataforma até o domínio de empurrões além
pelas megasseqüências sinrifte e pós-rifte. A megasseqüência da quebra da plataforma. A seção sísmica e a seção geológica
sinrifte relaciona-se à abertura final do Atlântico e na região sugerem que a movimentação do embasamento e dos
equatorial desenvolveu-se entre o Cretáceo Inferior e o Albo- sedimentos terciários pode estar relacionada à presença da
aptiano, correspondendo a sedimentos siliciclásticos da zona de fratura de São Paulo. Algumas linhas sísmicas
Formação Caciporé. A megasseqüência pós-rifte (ou marinha) adquiridas na região de águas profundas da margem equatorial
pode ser subdividida em três intervalos estratigráficos brasileira indicam que as zonas de fratura associadas às falhas
principais: o primeiro inclui sedimentos depositados entre o transformantes estão tectonicamente ativas até o presente,
Albiano Superior–Cenomaniano e o Santoniano (Formação afetando a cobertura sedimentar do Terciário e perturbando o
Limoeiro), sendo caracterizado por uma sedimentação clástica fundo do mar, com movimentos compressionais e extensionais
marinha transgressiva. O segundo intervalo inclui sedimentos (Silveira, 1993).

Figura III.39 – Seção sísmica na Foz do Amazonas, mostrando grande Figure III.39 – Seismic section in the Amazon Cone Basin, showing
espessamento estratigráfico na plataforma continental e falhas stratigraphic thickening in the continental platform and extensional
extensionais e compressionais na região de águas profundas and compressional faults in the deep water region
132 Parte I – Geologia

Figura III.40 – Seção geosísmica na Foz do Amazonas, mostrando Figure III.40 – Geoseismic section in the Amazon Cone Basin, showing
seqüências estratigráficas e domínios tectônicos na plataforma stratigraphic sequences and tectonic domains in the continental
continental e na região de águas profundas platform and in the deep water region

Bacia Pará–Maranhão A região além do talude é caracterizada por uma espessa


seqüência sedimentar e por feições vulcânicas, que
A Bacia Pará–Maranhão está localizada na porção norte da freqüentemente coincidem com o prolongamento de zonas de
Plataforma Continental Brasileira, na costa dos Estados do fraturas. A Fig. III.41 mostra o estilo estrutural ao longo de
Pará e Maranhão (Fig. III.22), limitada a oeste e sul pela uma seção sísmica da plataforma até a região do sopé do
plataforma da Ilha de Santana, que é caracterizada por talude e bacia oceânica, mostrando a assinatura sísmica de
embasamento raso. Recobre uma área total de cerca de alto vulcânico associado a zonas de fratura. A Fig. III.42
50.000 km2 , sendo 26.000 km2 até a batimetria 400 m, e mostra notável cinturão de dobramentos no sopé do talude,
24.000 km2 entre 400 m e 3.000 m. cujo mecanismo de formação pode estar associado a processos
São caracterizadas duas principais megasseqüências de colapso gravitacional na plataforma e compressão na região
tectonossedimentares, depositadas em diferentes fases da de crosta oceânica, particularmente em regiões afetadas por
evolução da bacia: sinrifte e pós-rifte ou marinha (Cainelli e zonas de fraturas (Guimarães et al. 1989; Zalán, 1999; Koyi,
Moraes Jr., 1986; Guimarães et al. 1989; Brandão e Feijó, 2000).
1994b). A megasseqüência sinrifte (Eo-Albiano) caracteriza-
se por uma sedimentação flúvio/deltaico/lacustrina do Grupo Bacia de Barreirinhas
Canárias, confinada a semi-grábens. A megasseqüência pós-
rifte ou marinha pode ser subdividida em dois intervalos A Bacia de Barreirinhas localiza-se na margem equatorial
estratigráficos: o primeiro, do Albiano Superior ao Santoniano, brasileira, cobrindo parte da costa do Estado do Maranhão e
corresponde ao Grupo Caju, caracterizado por uma a plataforma continental adjacente (Fig. III.22). Trata-se de
sedimentação transgressiva, quando inicialmente foram uma depressão limitada, a noroeste, pela Plataforma de Ilha
depositados os carbonatos da Formação Bonfim, ladeados pelos de Santana, e a leste pelo Alto de Tutóia. Sua área total é de
arenitos Periá, em direção à borda da bacia, e pelos folhelhos aproximadamente 40.000 km2, sendo 10.000 km2 de área
da Formação Preguiças, em direção ao eixo da bacia, com os terrestre e 30.000 km2 de área marítima.
pelitos da Formação Travosas (Grupo Humberto de Campos) Três megasseqüências sedimentares são reconhecidas na
recobrindo essas rochas. O segundo intervalo, do Campaniano bacia: pré-rifte, sinrifte e pós-rifte. A primeira engloba rochas
ao Recente, caracteriza-se por uma sedimentação regressiva, sedimentares e ígneas da subjacente Bacia do Parnaíba
caracterizando-se uma extensa plataforma carbonática (Paleozóico) e inclui também os sedimentos neojurássicos e
(Formação Ilha de Santana) ladeada a sul, na borda da bacia, eocretáceos (Formação Pastos Bons e Formação Corda), além
por areias proximais (Formação Areinhas), e na direção norte, de rochas ígneas da Formação Sardinha (Neocomiano). A
por folhelhos da Formação Travosas. megasseqüência sinrifte, de idade Cretáceo Inferior a Albo-
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 133

Figura III.41 – Seção sísmica na Bacia Pará–Maranhão, mostrando Figure III.41 – Seismic section in the Pará–Maranhão Basin, showing
seqüências estratigráficas e ocorrência de altos vulcânicos associados stratigraphic sequences and occurrence of volcanic ridges associated
a zonas de fraturas transformantes with the transform fracture zones

Figura III.42 – Seção sísmica na Bacia Pará–Maranhão, mostrando Figure III.42 – Seismic section in the Pará–Maranhão Basin, showing
cinturão de dobramento na região da quebra da plataforma, talude fold belt in the shelf-edge, slope and deep basin
e bacia profunda

Aptiano, constitui o pacote geneticamente relacionado com a Maranhão, também pode ser subdividida em dois intervalos,
Bacia de Barreirinhas propriamente dita (Feijó, 1994a). Teve conforme discutido anteriormente, englobados no Grupo Caju,
início com a tectônica extensional que atingiu o clímax no representado por clásticos e carbonatos de alta e baixa energia
Aptiano (Azevedo, 1986), sendo representada pelos sedimentos albo-cenomanianos. O Grupo Humberto de Campos,
clásticos de um complexo flúvio-deltaico (Grupo Canárias). A representado por uma seção progradante nerítica e batial
megasseqüência pós-rifte ou marinha, como na Bacia Pará– (Turoniano–Oligoceno) é coberto por carbonatos de alta energia
134 Parte I – Geologia

da Formação Pirabas (Mioceno–Recente) e finalmente ocorre À semelhança de outras bacias da margem continental,
a cobertura de clásticos plio-pleistocênicos da Formação podem ser reconhecidas três megasseqüências tectonossedi-
Barreiras (Feijó, 1994a). mentares: a primeira (megasseqüência sinrifte) reúne rochas
A Fig. III.43 mostra uma seção geológica esquemática na de natureza continental, correspondendo clásticos continentais
Bacia de Barreirinhas, caracterizando notável cinturão de meso-aptianos da Formação Mundaú. A megasseqüência transi-
dobramentos na região além do talude, associado à tectônica cional, acima da discordância break-up, é representada pela
gravitacional (Caldeira et al. 1991). A bacia é caracterizada Formação Paracuri, que inclui carbonatos e evaporitos localiza-
por grande espessura sedimentar e presença de feições dos de idade neoaptiana/eoalbiana, marcando a transição do
vulcânicas além da quebra do talude (Guimarães et al. 1989). ambiente continental para o marinho restrito. A megasse-
qüência pós-rifte ou marinha, tipicamente de margem passiva,
Bacia do Ceará – parte oeste é associada aos sedimentos siliciclásticos da Formação Ubarana
(Sub-Bacias de Piauí–Camocim, Acaraú, Icaraí) (Cretáceo Superior a Terciário), depositados em ambiente
essencialmente marinho (Beltrami et al. 1994). O Terciário
As sub-Bacias de Piauí–Camocim, Acaraú e Icaraí constituem Superior é marcado pela deposição dos carbonatos progradantes
a parte oeste da Bacia do Ceará, que engloba ainda a sub- e rochas siliciclásticas das formações Guamaré e Tibau.
Bacia de Mundaú, que será discutida posteriormente. Estas Destaca-se nas bacias de Piauí–Camocim o hiato entre o
sub-Bacias localizam-se na margem equatorial brasileira, em Cenomaniano e o Eoceno, devido à inversão de bacia,
frente ao litoral dos estados do Piauí e do Ceará (Fig. III.22) caracterizando-se um hiato com mais de 50 milhões de anos
e são limitadas, a oeste, pelo Alto de Tutóia, que as separa de duração (Beltrami et al. 1994). A notável transpressão
da Bacia de Barreirinhas, e a leste a separação entre as sub- observada em linhas sísmicas (Beltrami et al. 1989; Costa et
Bacias de Icaraí e Mundaú se dá na plataforma de Aracati al. 1990) é responsável pela inversão estrutural de baixos do
(Beltrami et al. 1994). O limite entre a sub-Bacia de Mundaú rifte, soerguendo os sedimentos anteriormente depositados e
e a Bacia Potiguar se dá no Alto de Fortaleza. A área total resultando em estruturas anticlinais e falhas de empurrão.
das sub-Bacias é de aproximadamente 30.100 km2, sendo Em termos estruturais, a principal feição da bacia corresponde
1.000 km2 na região emersa. ao Alto Atlântico, uma feição positiva de direção E–W
As sub-Bacias mais a oeste (Piauí–Camocim, Acaraú, Icaraí) relacionada a grandes falhas transpressionais (wrench)
são caracterizadas por feições associadas a transcorrência e envolvendo o embasamento (Zalán e Warme, 1985). É possível
compressão, que invertem depocentros anteriormente formados que ocorram sedimentos paleozóicos na seqüência pré-rifte,
(Zalán e Warme, 1985; Costa et al. 1990), enquanto a sub- ainda não-atingida por perfurações na plataforma continental
Bacia de Mundaú, no extremo leste da bacia do Ceará, é (Beltrami et al. 1994).
menos influenciada pelos esforços ligados à movimentação A Fig. III.44 mostra uma seção sísmica ilustrando o estilo
dextral entre as placas africana e sul-americana (Matos e estrutural desse segmento da margem equatorial,
Waick, 1998; Matos, 2000). caracterizando a parte leste da estrutura em flor positiva do

Figura III.43 – Seção geosísmica na Bacia de Barreirinhas, mostrando Figure III.43 – Geoseismic section in the Barreirinhas Basin, showing
falhas extensionais e compressionais na borda da plataforma, extensional and compressional faults near the shelf break, forming
formando cinturão de dobramento em águas profundas deep water fold belts
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 135

Figura III.44 – Seção sísmica na Bacia de Piauí–Camocim, mostrando Figure III.44 – Seismic section in the Piauí–Camocim, showing inversion
inversão de depocentros associado a movimentos transcorrentes e of depocenters associated with transcurrent movements and wrench
tectônica cisalhante tectonics

MAS-23 e na parte central da figura as estruturas do PIS-1 e 1994). Mapas de métodos potenciais e mapas estruturais
a leste, na direção do Alto Atlântico (além do extremo NE da sísmicos indicam a ocorrência de falhas de direção NW
linha sísmica), estruturas compressionais e o soerguimento separadas pelas direções transformantes E–W.
dos estratos (Costa et al. 1990). A evolução tectono-sedimentar da sub-Bacia de Mundaú
compreende três principais megasseqüências (Beltrami et al.
Bacia do Ceará – parte leste 1994): sinrifte, transicional e pós-rifte. A megasseqüência
(sub-Bacia de Mundaú) sinrifte (Neocomiano–Aptiano), caracterizada por espessa seção
sedimentar, evoluiu a partir de um processo de estiramento e
A sub-Bacia de Mundaú está localizada na parte leste da afinamento crustal, cujo clímax deu-se no Eoaptiano, a partir
Bacia do Ceará, plataforma continental da Margem Equatorial de esforços transtensivos. Esta fase é responsável pelo
Brasileira, no Estado do Ceará. Limita-se a oeste com a sub- desenvolvimento de falhas normais de direção NW–SE, formando
Bacia de Icaraí, pela plataforma de Aracati, e a leste com a semi-grábens assimétricos, e por uma sedimentação
Bacia Potiguar, pelo Alto de Fortaleza. A norte, a bacia está continental, marcada pelos arenitos flúvio-deltaicos e folhelhos
limitada pela falha transformante do Ceará, associada à zona lacustres da Formação Mundaú. A megasseqüência transicional
de fratura Romanche. A sul, limita-se pelo embasamento cris- (Neoaptiano ao Albiano Inferior) é marcada pelas primeiras
talino aflorante próximo à linha de costa. Abrange uma área incursões marinhas na bacia, sendo responsável pela deposição
de cerca de 12.000 km², sendo que cerca de 50% ocorrem em de arenitos fluviais, deltaicos e lacustres, além de calcários e
águas com profundidades superiores a 100 m (Tab. III.1a). evaporitos subordinados, rochas que compõem a Formação
Assim como os outros segmentos da Bacia do Ceará, a Paracuru. Esta fase culmina com a discordância break-up, que
sub-Bacia de Mundaú tem sua gênese relacionada à abertura é seguida por deposição de sedimentos marinhos. A
do Atlântico Equatorial durante o Cretáceo Inferior. Embora a megasseqüência pós-rifte ou marinha (Albiano ao Recente)
margem equatorial seja uma margem transformante- desenvolveu-se a partir da deriva continental e subsidência
divergente, caracterizada por rifteamento oblíquo e termal da bacia, com sedimentos depositados em duas
cisalhamento crustal, a sub-Bacia de Mundaú mostra uma principais seqüências estratigráficas. A primeira corresponde
evolução tectônica menos complexa quando comparada com a uma fase de transgressão marinha, do Albiano ao Santoniano,
as sub-Bacias adjacentes a oeste, sendo mais apropriadamente com deposição dos carbonatos da Formação Ponta do Mel e
considerada uma bacia do tipo rifte, desenvolvida entre folhelhos da Formação Ubarana. A fase marinha regressiva,
segmentos divergentes na margem equatorial (Beltrami et al. iniciada no Campaniano, é caracterizada por folhelhos e arenitos
136 Parte I – Geologia

turbidíticos da Formação Ubarana. Essa seqüência está Inferior, depositados nos depocentros da Falha de Pescada
lateralmente associada com os carbonatos de plataforma da (Araripe e Feijó, 1994), concomitantemente às manifestações
Formação Guamaré e os arenitos proximais da Formação Tibau. magmáticas na bacia (Milani e Thomaz Filho, 2000).
Os sedimentos continentais clásticos da Formação Barreiras A megasseqüência transicional iniciou-se com a deposição
(Mioceno–Recente) finalizam a deposição na bacia. de seqüência transicional a marinha (Formação Alagamar),
Destaca-se na Bacia do Ceará a ocorrência de intrusões de idade Alagoas, acima da qual ocorre a discordância break-
ígneas (diabásio) e extrusões (basaltos) de idade Terciário na up que a separa da megasseqüência marinha.
porção terrestre, representadas pela Formação Macau. Feições A megasseqüência pós-rifte (fase termal de subsidência)
ígneas estão presentes na plataforma continental e além do é caracterizada por sedimentos flúvio-marinhos numa fase
talude, na bacia oceânica, formando altos vulcânicos ao longo transgressiva (Formação Açu, com sedimentos proximais, e
de zonas de fraturas, montes submarinos e guyots cortando sedimentos siliciclásticos a carbonáticos das formações Ponta
toda a seqüência sedimentar, do Aptiano ao Recente (Szatmari do Mel, Quebradas, Jandaíra e Ubarana, esta última
et al. 1987; Matos, 2000). A região entre a plataforma e o representando a fácies distal). A partir do Campaniano
sopé continental é também caracterizada por feições compres- caracteriza-se na bacia uma fase regressiva, com o sistema
sionais associadas ao colapso gravitacional dos sedimentos. típico de margem continental passiva, abrangendo sedimentos
de leques costeiros, plataforma continental, talude e bacia
Bacia Potiguar profunda. A seqüência do Cretáceo Superior é recoberta por
uma seqüência terciária clástica e carbonática (Formação Tibau,
A Bacia Potiguar localiza-se no extremo leste da Margem Guamaré e Ubarana). Também são caracterizadas rochas
Equatorial Brasileira, compreendendo um segmento emerso e vulcânicas associadas à Formação Macau, depositadas entre
outro submerso. Distribui-se em sua maior parte no Estado o Eoceno e o Oligoceno (Mizusaki, 1989; Bertani et al. 1990),
do Rio Grande do Norte e parcialmente no Estado do Ceará e feições ígneas em águas profundas.
(Fig. III.22). Geologicamente é limitada a sul, leste e oeste A Fig. III.45 apresenta uma seção geológica esquemática
pelo embasamento cristalino, estendendo-se a bacia para norte da Bacia Potiguar na região da plataforma continental.
até a isóbata de 2.000 m. O alto de Fortaleza define seu
limite oeste com a Bacia do Ceará (sub-Bacia de Mundaú),
enquanto o alto de Touros define seu limite leste com a Bacia Margem nordeste (segmento transversal)
Pernambuco–Paraíba. A bacia abrange uma área de
aproximadamente 60.000 km 2 , sendo que 24.000 km 2 Na margem transversal (entre Potiguar e Alagoas), a Bacia
encontram-se emersos e 36.000 km2 submersos. Pernambuco–Paraíba apresenta em sua porção terrestre e na
A Bacia Potiguar foi formada por esforços extensionais plataforma continental um gráben formado por sedimentos
durante o Cretáceo Inferior (Neocomiano), associados ao da fase rifte (Neocomiano–Aptiano) e sedimentos carbonáticos
rifteamento que culminou com a separação das placas sul- do Albiano–Cretáceo Superior, que gradam para siliciclásticos
americana e africana. O arcabouço estrutural da bacia, na do Terciário. O talude continental da região entre o Alto de
parte terrestre, inclui dois grábens assimétricos principais, Touros e o Alto de Maragoji é bastante estreito, caindo-se de
de direção NE–SW, separados por altos internos alongados e batimetrias de 1.000 m para mais de 4.000 m em menos do
bordejados por duas plataformas de embasamento raso que 50 km. A parte superior do Platô de Pernambuco é
(plataformas de Touros e Aracati). Na porção submersa da caracterizado por crosta continental, e a parte inferior, na
bacia, uma segunda fase rifte (Barremiano ao Eoaptiano) direção da Bacia Oceânica do Brasil, é caracterizada por crosta
implantou-se sobre a fase rifte anterior. Uma importante oceânica (Costa e Maia, 1986).
reativação tectônica ocorreu durante o Campaniano, associada A região nordeste brasileira é caracterizada pelo sistema
a movimentos transcorrentes, e outra no Terciário, quando de riftes abortados Recôncavo–Tucano–Jatobá que não
foram reativados antigos falhamentos normais e gerados evoluíram a uma fase de subsidência termal (Figueiredo et al.
dobramentos, notadamente na parte oeste da bacia. 1994), enquanto o sistema de riftes alongados entre Jacuípe
O registro estratigráfico inclui três megasseqüências: e Sergipe–Alagoas evoluíram para bacias de margem passiva
sinrifte, depositada no Cretáceo Inferior, transicional, de idade divergente (Castro Jr., 1987). Feições associadas à
aptiano (Formação Alagamar), e outra pós-rifte, depositada transcorrência são observadas na sub-Bacia de Alagoas,
entre o Albiano e o Recente. A megasseqüência sinrifte é provavelmente relacionadas à movimentação sinistral e à
representada pelos depósitos flúvio-deltaicos e lacustres da rotação de microplacas (Szatmari e Milani, 1999).
Formação Pendência (Berriasiano/Barremiano). Uma segunda A Fig. III.25 apresenta a sucessão e colunas estratigráficas
fase sinrifte, ou um rifte tardio, é representada pela Formação para o segmento transversal e parte da margem leste brasileira.
Pescada, com sedimentos de idade Barremiano–Aptiano
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 137

Figura III.45 – Seção geológica esquemática na Bacia Potiguar (parte Figure III.45 – Schematic geological section in the Potiguar Basin
marinha), mostrando o arcabouço estrutural e estratigráfico das (offshore), showing the structural and stratigraphic framework for the
seqüências sinrifte e pós-rifte syn-rift and post-rift successions

Bacia Pernambuco–Paraíba sedimentar é sobreposta por calcilutitos e margas maastri-


chtianos da Formação Gramame, seguidos por calcários e
A bacia de Pernambuco–Paraíba é a mais setentrional da costa margas do Paleoceno da Formação Maria Farinha. Na porção
leste do Brasil, ocupando uma estreita faixa na porção costeira marinha, supõe-se que ocorram argilas e folhelhos intercalados
dos Estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte com níveis turbidíticos da Formação Calumbi. Em ambas as
(Fig. III.46). Com área emersa aproximada de 9.000 km², no sub-Bacias ocorrem coberturas detríticas neocenozóicas da
gráben do Cupe, a bacia estende-se para a plataforma Formação Barreiras cobrindo as seqüências mais antigas. A
continental, ocupando cerca de 30.000 km² na sua porção Fig. III.47 apresenta uma seção geológica esquemática entre
submersa (Fig. III.47), estendendo-se até o Platô de a plataforma continental (a leste de Recife) e a região do
Pernambuco. Limita-se a norte com a Bacia Potiguar, pelo talude e bacia profunda.
Alto de Touros, e a sul, com a Bacia Sergipe–Alagoas, pelo A parte sul da Bacia de Pernambuco–Paraíba (sub-Bacia
Alto de Maragoji. do Cabo) e a parte norte da Bacia de Alagoas apresentam
A Bacia de Pernambuco–Paraíba é constituída por duas características que indicam um desenvolvimento semelhante,
sub-Bacias distintas, separadas pelo Lineamento de sendo separadas pelo Alto de Maragoji, que comporta-se como
Pernambuco, que passa na altura da cidade de Recife e limita zona de transferência na evolução do rifte, dificultando a
a parte norte (sub-Bacia de Recife–João Pessoa) como uma propagação de falhas de direção NE e compensando as
região de embasamento mais raso, apresentando, ao menos diferentes taxas de extensão entre os compartimentos
na região emersa, uma espessura sedimentar muito reduzida, interbacinais.
de cerca de 400 m. A sub-Bacia do Cabo (ao sul) destaca-se A sub-Bacia do Cabo apresenta espessuras sedimentares
como uma bacia mais profunda, sendo que um poço perfurado superiores a 3.000 m, segundo informações de poço. Nesta
em 1982 na região de Cupe constatou cerca de 3.000 m de região ocorre a Formação Cabo, composta por arcósios e
sedimentos clásticos com fragmentos de vulcânicas no fundo, conglomerados associados a vulcânicas alcalinas da Formação
sem ter atingido o embasamento (Feijó, 1994b). Ipojuca, de idade neoalbiana. Os traquitos perfurados no poço
A estratigrafia e a evolução estrutural das sub-Bacias são Cupe apresentaram datação pelo método K-Ar em torno de
bastante distintas. A sub-Bacia de Recife–João Pessoa é 102 Ma (Feijó, 1994b). Na porção superior ocorrem calcários
constituída na base por uma seqüência de clásticos grosseiros dolomitizados albianos da Formação Estiva. Estes carbonatos
da Formação Beberibe, passando lateralmente aos clásticos foram subseqüentemente recobertos por leques siliciclásticos
grosseiros a finos da Formação Itamaracá. Esta seqüência costeiros, do Turoniano ao Campaniano (Formação Beberibe e
138 Parte I – Geologia

Figura III.46 – Mapa geológico


esquemático do segmento trans-
versal da margem continental
brasileira, mostrando zonas de
fraturas transformantes

Figure III.46 – Schematic geolo-


gical map in the transversal seg-
ment of the Brazilian continental
margin, showing transform frac-
ture zones

Figura III.47 – Seção geológica esquemática na Bacia Pernambuco– Figure III.47 – Schematic geological section in the Pernambuco–Paraíba
Paraíba (parte marinha), mostrando o arcabouço estrutural e Basin (offshore), showing the structural and stratigraphic framework
estratigráfico das seqüências sinrifte e pós-rifte for the syn-rift and post-rift successions
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 139

Formação Itamaracá) e, posteriormente, do Neocretáceo ao batimétrica de 2.000 m. A Fig. III.49 apresenta um mapa
Recente, por uma seqüência carbonática progradante (Formação regional simplificado com as principais feições tectônicas da
Maria Farinha) e por uma seqüência siliciclástica progradante região entre as bacias Sergipe–Alagoas e Camamu, mostrando
de águas profundas (Formação Calumbi). também as principais anomalias magnéticas.
Na região de águas profundas, a bacia é caracterizada A bacia é representada por um rifte assimétrico, alongado
por uma reduzida espessura sedimentar e profundos cortes na direção NNE/SSW e limitado a norte com a Bacia
de cânions (Costa et al. 1991; Alves e Costa, 1993). O rifte é Pernambuco–Paraíba, pelo Alto de Maragoji, e a sul com a
caracterizado por falhas de baixo ângulo, que aparentam Bacia do Jacuípe, pelo sistema de falhas de Vaza-Barris. Divide-
descolar em horizontes crustais profundos (Gomes et al. 2000). se em duas sub-Bacias, Alagoas e Sergipe, separadas pelo
Também ocorrem feições interpretadas por métodos geofísicos alto de Jaboatã–Penedo, nas imediações do Rio São Francisco
(sísmica e métodos potenciais) como intrusões ígneas e (Aquino e Lana, 1990).
extrusões vulcânicas. A Fig. III.48 apresenta um transect sísmico Das bacias da margem continental brasileira, esta bacia é
e gravimétrico atravessando a região de águas profundas da a que apresenta a mais completa sucessão estratigráfica,
Bacia Pernambuco–Paraíba e adentrando a região de crosta sendo reconhecidas quatro megasseqüências (pré-rifte, sinrifte,
oceânica. transicional e pós-rifte) com diferentes fases de desenvol-
vimento tectono-sedimentar (Cainelli e Mohriak, 1998). A
Bacia Sergipe–Alagoas megasseqüência pré-rifte (Paleozóico e Mesozóico), inclui
rochas cambrianas (Formação Estância), depósitos glaciais do
A Bacia Sergipe–Alagoas situa-se na margem continental Carbonífero (Formação Batinga), depósitos de sabkha costeira
nordeste do Brasil (Fig. III.22). Em sua porção terrestre abrange do Permiano (Formação Aracaré) e os sedimentos flúvio-
uma área de aproximadamente 13.000 km² e sua porção lacustrinos do Neo-Jurássico/Eo-Cretáceo (formações
submersa uma área de cerca de 40.000 km², até a cota Candeeiros, Bananeiras, Serraria e Barra de Itiúba).

Figura III.48 – Seção sísmica na Bacia de Pernambuco–Paraíba, Figure III.48 – Seismic section in the Pernambuco–Paraíba Basin,
mostrando transição de crosta continental estirada para crosta showing the transition from stretched continental crust to oceanic
oceânica com intrusões ígneas crust with igneous intrusions
140 Parte I – Geologia

Figura III.49 – Mapa tectônico


esquemático do segmento nor-
deste da margem continental
divergente brasileira, mostrando
anomalias magnéticas e alinha-
mentos de zonas de fraturas
oceânicas. O mapa mostra a
localização aproximada das
linhas sísmicas de Alagoas,
Sergipe e Jacuípe (D1, D2, e D3,
respectivamente)

Figure III.49 – Schematic tecto-


nic map in the northeastern
segment of the Brazilian divergent
continental margin, showing
magnetic anomalies and linea-
ments related to transform
fracture zones. The map shows
the approximate location of the
seismic transects along the
Alagoas, Sergipe and Jacuípe
basins (D1, D2 and D3, respec-
tively)

A fase sinrifte, também denominada sinrifte I, desenvolveu- (Formação Calumbi) passaram a ser recobertas por fácies de
se entre o Neocomiano e o Barremiano, sendo caracterizada maior energia (carbonatos da Formação Mosqueiro e
pelo sistema siliciclástico das formações Rio Pitanga, Penedo siliciclásticos da Formação Marituba), com o estabelecimento
e Barra de Itiúba. A megasseqüência transicional, localmente de um sistema de plataforma/talude/bacia profunda. Na parte
afetada por falhamentos, sendo designada de sinrifte II, terrestre os sedimentos continentais da Formação Barreiras
abrange o Barremiano e Aptiano e inclui a Formação Poção, a recobrem todas as megasseqüências mais antigas.
Formação Coqueiro Seco e a Formação Maceió. Durante a A Bacia de Alagoas é caracterizada por uma espessa seção
fase transicional, no Aptiano, iniciaram-se as primeiras sedimentar da fase rifte na região continental e por feições
incursões marinhas, com deposição de duas seqüências associadas à transpressão na região da plataforma e talude.
evaporíticas na Formação Muribeca (Membro Paripueira e A Fig. III.50 apresenta um seção sísmica entre a região da
Membro Ibura), com destaque para os evaporitos do Membro plataforma continental e a região de águas profundas, onde
Ibura (Feijó, 1994c). ocorrem intrusões ígneas (Pontes et al. 1991).
A megasseqüência pós-rifte ou marinha, caracterizada por Entre as sub-Bacias de Alagoas e Sergipe ocorrem feições
subsidência termal, inicia-se no Albiano, com a instalação de diapíricas em águas profundas que podem estar relacionadas
uma plataforma carbonática (Formação Riachuelo). A fase à tectônica de sal (Mohriak, 1995b). A Bacia de Sergipe é
marinha transgressiva resultou na deposição, entre o Albiano caracterizada por um espesso depocentro na região do Baixo
e o Santoniano, de três faixas diferenciadas de sedimentos de Mosqueiro, a sul de Aracaju, o qual é controlado por falha
englobados na Formação Riachuelo, com arenitos proximais, da fase rifte (Vaza-Barris–Itaporanga) que apresenta
carbonatos de plataforma e folhelhos distais (Membro Taquari reativações até o Cretáceo Superior (Cainelli e Mohriak, 1998).
e Membro Aracaju; Feijó, 1994c). Do Campaniano ao Recente, A interpretação da seqüência rifte na região de águas
após um período ainda dominantemente transgressivo, iniciou- profundas apresenta duas principais hipóteses opcionais
se uma forte regressão onde as fácies de menor energia (Mohriak et al. 2000): a) ocorrência de espessa seqüência
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 141

Figura III.50 – Seção sísmica na sub-bacia de Alagoas, mostrando Figure III.50 – Seismic section in the Alagoas sub-basin, showing
seqüências estratigráficas afetadas por inversão de bacia e ocorrência stratigraphic sequences affected by basin inversion and occurrence of
de altos vulcânicos associados a zonas de fraturas transformantes volcanic intrusions associated with the transform fracture zones

aptiana, neocomiana e sedimentos pré-rifte até a região de transgressiva, predominantemente carbonática, de idade
áltos vulcânicos das zonas de fraturas (Pontes et al. 1991); e albiana-turoniana (Formação Algodões), e predominantemente
b) afinamento do rifte na região do talude e bacia profunda, argilosa da Formação Urucutuca (Cretáceo Superior). A
com presença de seaward-dipping reflectors na transição para seqüência marinha regressiva, caracterizada por seqüência
crosta oceânica (Mohriak et al. 1995a; Mohriak et al. 2000). A progradante, é representada pelas fácies arenosa proximal e
Fig. III.51 apresenta uma linha sísmica na região sul da sub- litorânea da Formação Rio Doce, carbonática de plataforma
Bacia de Sergipe, estendendo-se desde a plataforma até a da Formação Caravelas e folhelhos de talude da Formação
região de águas profundas, e a Fig. III.52 a interpretação da Urucutuca (Terciário–Quaternário).
linha (Mohriak et al. 1998b). O arcabouço estrutural simplificado da bacia consiste em
dois domínios distintos. Adjacente à costa, na região da
Bacia de Jacuípe plataforma continental, ocorre um patamar com embasamento
raso, limitado por uma falha de grande rejeito. Esta falha,
A Bacia de Jacuípe localiza-se na porção marítima do litoral que coincide com a quebra atual da plataforma, separa o
norte do Estado da Bahia (Fig. III.22), entre a cidade de patamar de embasamento raso do domínio de embasamento
Salvador e o limite dos estados da Bahia e Sergipe. Alonga- profundo, onde a seção sedimentar pode atingir 7.000 m de
se por cerca de 210 km na direção SW–NE e tem uma largura espessura (Wanderley Filho e Graddi, 1995).
média de 35 km até a cota batimétrica de 2.000 m. Estende- À semelhança da Bacia Sergipe–Alagoas, duas
se por uma área de aproximadamente 7.500 km2, sendo que interpretações opcionais têm sido propostas para a seqüência
cerca de 4.500 km2 localizam-se sob lâmina d’água de até rifte na região de águas profundas: a) ocorrência de espessa
400 m. Limita-se a norte com a Bacia Sergipe–Alagoas, pela seqüência sinrifte neocomiana a aptiana (possivelmente
falha de Vaza-Barris, e a sul com a Bacia de Camamu, pela recobrindo sedimentos pré-rifte) até a região de altos vulcânicos
zona de transferência de Itapuã, sendo que no continente a das zonas de fraturas (Pontes et al. 1991; Wanderley Filho e
separação com a bacia do Recôncavo se dá pela falha da Graddi, 1995); e b) rotação de blocos de rifte e grande
Barra (Netto et al. 1994). diminuição de espessura desses sedimentos na região do talude
O arcabouço estratigráfico da bacia atualmente conhecido e bacia profunda, com presença de seaward-dipping reflectors
inclui duas megasseqüências, correspondentes às fases sinrifte na transição para crosta oceânica (Mohriak et al. 1995a). A
(continental) e pós-rifte (marinha). A fase sinrifte, pouco Fig. III.53 apresenta uma linha sísmica estendendo-se desde
desenvolvida na plataforma, engloba a Formação Rio de Contas a plataforma até a região de águas profundas da Bacia de
(Cretáceo Inferior), composta de arenitos, conglomerados e Jacuípe.
folhelhos. A fase pós-rifte inclui a seqüência marinha
142 Parte I – Geologia

Figura III.51 – Seção sísmica na sub-Bacia de Sergipe, mostrando Figure III.51 – Seismic section in the Sergipe sub-basin, showing the
seqüências estratigráficas associadas à fase sinrifte e pós-rifte e syn-rift and post-rift stratigraphic sequences and occurrence of expressive
ocorrência de expressivo refletor profundo na região a leste da quebra deep seismic reflector in the region beyond the continental shelf break
do talude continental

Figura III.52 – Interpretação da seção sísmica na sub-Bacia de Figure III.52 – Interpretation of the seismic section in the Sergipe sub-
Sergipe, mostrando afinamento das seqüências estratigráficas da fase basin, showing pinch-out of syn-rift stratigraphic sequences in the
rifte na direção da bacia profunda e possível ocorrência de cunhas deep water region, and possible occurrence of seaward-dipping wedges
de refletores mergulhantes para o mar e intrusões vulcânicas próximo and volcanic intrusions near the continental-oceanic crust boundary
do limite entre crosta continental e crosta oceânica
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 143

Figura III.53 – Interpretação da seção sísmica na Bacia de Jacuípe, Figure III.53 – Interpretation of the seismic section in the Jacuípe
mostrando expressiva erosão afetando os blocos de rifte em águas Basin, showing expressive erosion affecting the syn-rift blocks in the
profundas e ocorrência de refletores mergulhantes para o mar acima deep water region, and occurrence of seaward-dipping reflector wedges
de expressivo refletor profundo above an expressive deep seismic reflector

Margem Leste, Sudeste e Sul cota batimétrica de 2.000 m, é de cerca de 9.000 km2, sendo
(segmento divergente) 2.000 km2 em terra e 7.000 km2 no mar. A bacia limita-se ao
sul com a bacia de Almada, pelo Alto de Itacaré, e ao norte
Na Margem Leste e Sudeste destaca-se a ocorrência de com as bacias de Jacuípe e do Recôncavo, pelas zonas de
evaporitos de idade aptiana, que formam grandes diápiros e transferência de Itapoã e da Barra, esta última com
muralhas de sal na região entre as bacias de Camamu e Santos. características de falha de transferência, com direção E–W
De uma maneira geral, a plataforma continental, assim como (Netto et al. 1994).
a área de ocorrência da megasseqüência sinrifte, é relativa- A bacia apresenta grande espessura sedimentar, que pode
mente estreita na margem nordeste, mas alarga-se na direção atingir 8.000 m nos depocentros (Gonçalves et al. 2000),
sul, até a região das bacias de Campos e Santos. Ao adentrar- podendo ser individualizadas quatro megasseqüências,
se a Bacia de Pelotas, ao sul do lineamento de Florianópolis, correspondentes às fases pré-rifte, sinrifte, transicional e pós-
desaparecem os evaporitos aptianos, e a megasseqüência rifte. A fase pré-rifte caracteriza-se por pequeno estiramento
sinrifte é caracterizada por falhamentos antitéticos. litosférico, gerando uma ampla sinéclise na qual se registram
A Fig. III.26 apresenta a sucessão de colunas estratigráficas sedimentos marinhos da Formação Afligidos (Permiano), com
simplificadas para as principais bacias da Margem Sudeste e uma seção basal areno-evaporítica e uma seção superior pelítica
Sul. e sedimentos siliciclásticos das formações Aliança, Sergi e
Itaípe (Jurássico Superior e Cretáceo Inferior). As formações
Bacia de Camamu Aliança e Sergi são compostas basicamente por arenitos
fluviais, e a Formação Itaípe (Cretáceo Inferior) por folhelhos
A Bacia de Camamu situa-se no litoral do Estado da Bahia, lacustres. A megasseqüência sinrifte caracteriza-se por
abrangendo a planície costeira, plataforma, talude e sopé intensos falhamentos normais e formação de um lago profundo,
continental, com cerca de 125 km de comprimento na direção confinado e preenchido por uma espessa seqüência alúvio-
N–S e 70 km de largura na direção E–W. Sua área total, até a flúvio-deltaica-lacustre, composta basicamente de folhelhos
144 Parte I – Geologia

e arenitos do Cretáceo Inferior, associados às formações Morro pondentes às fases de incipiente afinamento crustal (pré-
do Barro e Rio de Contas. As primeiras incursões marinhas na rifte), de ruptura (sinrifte), transicional e pós-rifte,
bacia, no Aptiano, resultaram numa megasseqüência caracterizada por subsidência térmica durante a fase de deriva
transicional em golfos restritos onde se depositaram os continental. Na megasseqüência pré-rifte foram depositados
evaporitos, carbonatos e siliciclásticos da Formação Taipus arenitos fluviais e folhelhos lacustres das formações Sergi e
Mirim, que engloba o Membro Serinhaém (siliciclásticos) e o Itaípe, de idade Jurássico Superior e Cretáceo Inferior,
Membro Igrapiúna (evaporitos). respectivamente.
A megasseqüência pós-rifte ou marinha é caracterizada A megasseqüência sinrifte desenvolveu-se no Cretáceo
por uma fase transgressiva e uma fase regressiva. Com o Inferior (Andar Rio da Serra ao Alagoas Inferior), sendo
estabelecimento de um mar raso (Albiano), formou-se uma representada pela Formação Morro do Barro, composta
plataforma carbonática, com a deposição dos calcarenitos e predominantemente de folhelhos lacustres, e Formação Rio
calcilutitos da Formação Algodões. A partir do Cretáceo de Contas, associada a uma seqüência alúvio-flúvio-deltaica,
Superior, em mar aberto, depositaram-se os folhelhos de constituída basicamente de arenitos e conglomerados. A
talude da Formação Urucutuca, cuja deposição se estende até megasseqüência transicional, de idade aptiana, é associadas
o Recente. O contato basal da Formação Urucutuca se dá com a seqüências evaporíticas (Membro Igrapiúna) sobrepostas aos
os carbonatos da Formação Algodões por importante carbonatos e siliciclásticos continentais (Membro Serinhaém),
discordância regional de caráter erosivo (Netto et al. 1994). A que compõem a Formação Taipus Mirim. A megasseqüência
partir do Oligoceno, registram-se fácies litorâneas e pós-rifte marca o início da sedimentação marinha na bacia,
plataformais (arenitos da Formação Rio Doce e carbonatos de com uma seqüência transgressiva e oura regressiva. No Albiano
plataforma da Formação Caravelas), que na direção da bacia formou-se uma plataforma carbonática rasa, com deposição
profunda transicionam para os pelitos da Formação Urucutuca. dos calcarenitos e calcilutitos da Formação Algodões, que
A Fig. III.54 apresenta uma seção geológica através da gradam para margas e folhelhos na direção da bacia. A partir
plataforma continental e atingindo a região do talude, sopé do Cretáceo Superior, em ambiente marinho, depositou-se a
continental e bacia profunda. Próximo do limite distal da Formação Urucutuca, composta de folhelhos de talude e raros
província de diápiros de sal caracteriza-se notável anomalia arenitos. A partir do Eoceno, ocorrem fácies litorâneas e
magnética, provavelmente relacionada à formação de crosta plataformais progradantes, que correspondem às areias da
oceânica. Formação Rio Doce e calcários da Formação Caravelas. Na
região emersa da bacia, ocorrem registros esparsos da
Bacia de Almada Formação Barreiras, de origem aluvial e idade terciária a
quaternária.
A Bacia de Almada está localizada no litoral do Estado da Na região de águas profundas, além da quebra do talude,
Bahia, abrangendo parte da planície costeira e avançando poços exploratórios caracterizaram a ocorrência de sedimentos
através da plataforma, talude e sopé continentais. Possui siliciclásticos intercalados com evaporitos, provavelmente
cerca de 80 km de comprimento na direção N–S e equivalentes ao sal aptiano mais antigo encontrado em alguns
aproximadamente 50 km de largura na direção E–W. Sua área segmentos da margem, como, por exemplo, o Membro
total, considerando-se a cota batimétrica máxima de 2.000 Paripueira na Bacia Sergipe–Alagoas (Uessugui, 1987). A Fig.
m, é de 4.000 km2, com pequena ocorrência de sedimentos III.55 apresenta uma seção sísmica na Bacia de Almada,
na parte terrestre. Limita-se ao norte com a Bacia de Camamu, ilustrando o estilo estrutural da tectônica de sal.
pelo Alto de Itacaré, e ao sul com a Bacia de Jequitinhonha,
pelo Alto de Olivença (Netto et al. 1994). Bacia do Jequitinhonha
Seu arcabouço estrutural consiste de um compartimento
de embasamento raso, adjacente à costa, no bloco alto da A Bacia do Jequitinhonha está localizada na porção nordeste
falha de Aritaguá; um compartimento intermediário, no bloco da margem leste brasileira, no litoral do Estado da Bahia, em
baixo desta falha; e a região além da quebra do talude, onde frente à foz do Rio Jequitinhonha. A norte, limita-se com a
a seção sedimentar pode atingir até 8.000 m de espessura Bacia do Almada pelo Alto de Olivença, enquanto o banco
(Netto et al. 1994). No sul da bacia, destaca-se uma expressiva vulcânico de Royal Charlotte a separa da Bacia de Cumuruxatiba
escavação submarina, denominada cânion de Almada, que a sul (Fig. III.22). Ocupa uma área de cerca de 10.000 km2,
atravessa os compartimentos intermediário e de embasamento dos quais apenas 500 km2 ocorrem na parte emersa.
raso, na direção NW–SE, estendendo-se também pelo Do ponto de vista estrutural a porção norte da bacia
continente adentro. distingue-se da porção sul pela presença de um patamar no
À semelhança da Bacia de Camamu, o arcabouço embasamento, na região da plataforma continental rasa. Três
estratigráfico é formado por 4 megasseqüências, corres- megasseqüências principais caracterizam a evolução da bacia
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 145

Figura III.54 – Seção geológica esquemática na Bacia de Camamu Figure III.54 – Schematic geological section in the Camamu Basin
(parte marinha), mostrando o arcabouço estrutural e estratigráfico (offshore), showing the structural and stratigraphic framework for the
das seqüências sinrifte e pós-rifte syn-rift and post-rift successions

Figura III.55 – Seção sísmica na Bacia de Almada (parte marinha), Figure III.55 – Seismic section in the Almada Basin (offshore), showing
mostrando seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e estruturas syn-rift and post-rift stratigraphic sequences, and structures related to
características da tectônica de sal salt tectonics
146 Parte I – Geologia

Figura III.56 – Seção sísmica na


Bacia de Jequitinhonha (parte
marinha), mostrando seqüências
estratigráficas sinrifte e pós-rifte
e estruturas extensionais e
compressionais características da
tectônica de sal

Figure III.56 – Seismic section


in the Jequitinhonha Basin
(offshore), showing syn-rift and
post-rift stratigraphic sequences
and extensional and compres-
sional structures related to salt
tectonics

(Santos et al. 1994): a primeira está associada a uma fase Bacia de Cumuruxatiba
sinrifte iniciada no Eoaptiano, cuja seção é mais espessa na
parte terrestre e na porção marinha sul, sendo caracterizada A Bacia de Cumuruxatiba localiza-se em porções emersas e
por siliciclásticos (Membro Mucuri da Formação Mariricu). A submersas da margem leste brasileira, no extremo sul do
megasseqüência transicional caracteriza-se por evaporitos neo- Estado da Bahia, abrangendo uma área total de 21.000 km2.
aptianos do Membro Itaúnas (Formação Mariricu), marcando Sua porção emersa se estende ao longo do litoral entre as
o início de uma ingressão marinha. A terceira megasseqüência, cidades de Alcobaça e Porto Seguro, compreendendo uma
pós-rifte ou marinha, formou-se durante a fase de deriva área de aproximadamente 7.000 km2 e que apresenta somente
continental e caracteriza-se pela acumulação de sedimentos sedimentos terciários sobre o embasamento pré-cambriano.
marinhos transgressivos, depositados durante uma fase de A parte submersa possui uma área de 9.000 km2, até a lâmina
subsidência termal da bacia, seguindo-se uma fase marinha d’água de 400 m. A parte de águas profundas, com lâmina
regressiva. No início da sedimentação marinha ocorrem d’água entre 400 e 2.500 m, possui área aproximada de 5.000
siliciclásticos e carbonatos neríticos do Grupo Barra Nova km2. A Bacia de Cumuruxatiba encontra-se circundada pelos
(respectivamente, Formação São Mateus e Formação Regência), bancos vulcânicos de Royal Charlotte, ao norte, Abrolhos, ao
depositados do Albiano ao Coniaciano, sendo mais espessos sul e Sulphur Minerva, a leste.
no sul da bacia. No Cretáceo Superior e no Terciário Inferior Ao longo da evolução sedimentar da bacia, distinguem-se
ocorrem depósitos transgressivos de talude e bacia, com os três megasseqüências ou fases principais. A fase sinrifte, de
pelitos e arenitos finos da Formação Urucutuca. A partir do idade neocomiana, inclui rochas siliciclásticas fan-deltaicas
Eoceno instala-se na bacia uma fase marinha regressiva, com da Formação Monte Pascoal, folhelhos lacustres da Formação
um sistema de leques aluviais (Formação Rio Doce) e carbonatos Porto Seguro e rochas siliciclásticas flúvio-lacustres da
de plataforma (Formação Caravelas) que gradam para folhelhos Formação Cricaré. A fase transicional aptiana é caracterizada
batiais (Formação Urucutuca). por siliciclásticas fluviais (Membro Mucuri) e evaporitos de
A região de águas profundas da bacia é caracterizada por ambiente lagunar e marinho restrito (Membro Itaúnas da
notáveis feições compressionais associadas a tectônica Formação Mariricu). A fase pós-rifte ou marinha inclui rochas
gravitacional (Mohriak e Nascimento, 2000). A Fig. III.56 siliciclásticas e carbonáticas da Formação Barra Nova, que
apresenta uma linha sísmica ilustrando a tectônica salífera são recobertadas por siliciclásticas neo-cretáceas a terciárias,
com empurrões com vergência para o mar, característica desse de águas profundas, da Formação Urucutuca. Abriel et al.
segmento da margem continental. (2001) sugerem que os carbonatos de alta velocidade da
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 147

plataforma continental diminuem de espessura em direção ao devido ao fluxo convergente do sal. A Fig. III.57 apresenta
eixo da bacia, em rápida transição para margas e folhelhos. uma seção geológica esquemática na plataforma continental,
O sistema regressivo neoterciário na bacia é caracterizado mostrando a tectônica de sal e a ocorrência de camadas
por fácies progradantes de litoral e plataforma, com os arenitos vulcânicas associadas ao complexo vulcânico de Abrolhos.
da Formação Rio Doce e carbonatos da Formação Caravelas,
que se estendem até a região do Complexo Vulcânico de Bacias de Mucuri e Espírito Santo
Abrolhos, com transição para folhelhos batiais da Formação
Urucutuca. As bacias de Mucuri e Espírito Santo ocupam uma área
O arcabouço estrutural e estratigráfico da bacia é explorável de 18.000 km2 em sua parte terrestre, ao longo
caracterizado por três compartimentos principais, delimitados dos litorais sul do Estado da Bahia e centro-norte do Estado
por falhamento mestre da borda do rifte, com direção SSW– do Espírito Santo, e estendem-se ainda para a plataforma
NNE, e por falhas de transferência com direção NW–SE, continental, onde cerca de 200.000 km2 encontram-se sob
destacando-se a Falha de Porto Seguro, que atuaram como lâmina d´água de até 3.000 m. O limite sul, com a Bacia de
zonas de acomodação diferencial durante a evolução da bacia Campos, é a feição geológica conhecida como Alto de Vitória,
(Gontijo e Santos, 1992). No compartimento proximal ocorrem enquanto o limite norte, com a bacia de Cumuruxatiba,
somente rochas terciárias das formações Rio Doce e Caravelas. corresponde ao limite norte do Complexo Vulcânico de
O compartimento intermediário apresenta uma coluna Abrolhos, que em terra corresponde à região de embasamento
sedimentar mais expressiva, com sedimentos das fases rifte raso do Alto de Alcobaça (Vieira et al. 1994).
e transicional. Não é observada, neste compartimento, a seção A evolução tectono-sedimentar pode ser associada a três
de idade neocretácea/eoterciária da Formação Urucutuca. O megasseqüências ou fases principais (Biassusi et al. 1990;
terceiro compartimento, mais distal, compreende os baixos Vieira et al. 1994). A fase sinrifte (Formação Cricaré), de
regionais onde se desenvolveram as maiores espessuras e a idade Neocomiano/Aptiano, é composta por rochas
coluna sedimentar mais completa da bacia (Santos et al. 1994). sedimentares depositadas em ambiente continental,
Destaca-se na estruturação geral e evolução estratigráfica da registrando-se rochas vulcânicas, representadas pela Formação
bacia a atuação do tectonismo e vulcanismo terciários, bem Cabiúnas, que repousam discordantemente sobre o
como a notável reentrância de batimetria a oeste dos altos embasamento pré-cambriano, na base da coluna sedimentar,
vulcânico Sulphur–Minerva, que provavelmente controlou a ou intercaladas com sedimentos sinrifte. A megasseqüência
tectônica halocinética, marcada por feições compressionais transicional (Formação Mariricu), de idade aptiana, é composta

Figura III.57 – Seção geológica esquemática na Bacia de Figure III.57 – Schematic geological section in the Cumuruxatiba Basin,
Cumuruxatiba, mostrando o arcabouço estrutural e estratigráfico das showing the structural and stratigraphic framework for the syn-rift and
seqüências sinrifte e pós-rifte. Formações: MTP – Monte Pascoal, PSG post-rift successions
– Porto Seguro, CRI – Cricaré, MU – Mucuri, IT – Itaúnas, REG –
Regência, URU – Urucutuca, ABR – Abrolhos, SM – São Mateus, RDO
– Rio Doce, CV – Caravelas
148 Parte I – Geologia

por sedimentos siliciclásticos (Membro Mucuri) e evaporitos método Ar-Ar sugerem uma concentração de idades no
(Membro Itaúnas), que marcam as primeiras incursões intervalo Paleoceno–Eoceno (Szatmari et al. 2000).
marinhas na bacia. Esta seqüência relaciona-se ao estágio Bacoccoli (1982) e Sobreira (1996) propõem modelos
final da fase rifte, durante o processo de separação dos geológicos em que as vulcânicas de Abrolhos são alimentadas
continentes. A megasseqüência pós-rifte ou marinha é por diápiros do manto e intrusões ígneas locais, com focos
caracterizada por uma seqüência marinha de idade albiana, vulcânicos na plataforma continental da Bacia do Espírito Santo,
composta por rochas siliciclásticas e carbonáticas do Grupo enquanto Parsons et al. (2001) interpretam que as rochas
Barra Nova, recoberta por uma seqüência siliciclástica marinha vulcânicas são extrusivas e com fonte distante da área de
transgressiva (Formação Urucutuca) de idade cenomaniana a ocorrência. Diques ígneos e evidências de estruturas afetando
eo-eocena, seguida por uma seqüência marinha regressiva a seção sedimentar do Terciário Superior são reportadas por
(formações Rio Doce e Caravelas), do Meso/Eoceno ao Recente. Sobreira (1997). Na zona de charneira da bacia são notadas
Durante a fase de subsidência termal a evolução da bacia é reativações de falhas associadas à fase sinrifte do Cretáceo
intensamente influenciada pela tectônica salífera. Inferior, algumas das quais apresentam movimentações até o
O Complexo Vulcânico de Abrolhos é caracterizado por Terciário Superior (Sobreira, 1999).
rochas vulcânicas extrusivas e intrusivas recobrindo sedimentos Na região entre as bacias de Mucuri e Espírito Santo,
terciários e cretácicos das bacias de Mucuri e Espírito Santo peculiar estilo de tectônica de sal (Fig. III.58) é condicionado
(Cordani, 1970; Cordani e Blazekovic, 1970). A seqüência pela sobrecarga das vulcânicas de Abrolhos formando frentes
vulcanoclástica inclui tipos litológicos distintos como tufos, de empurrões com vergência na direção do continente (Van
basaltos, hialoclastitos, brechas, diabásio e gabro, com der Ven et al. 1998; Biassusi et al. 1999). Numa primeira fase
datações pelo método K-Ar apresentando idades entre 64 e de halocinese, ocorreu a formação de falhas extensionais
32 Ma (Cordani e Blazekovic, 1970). Idades obtidas pelo normais com mergulho predominante para leste, à semelhança

Figura III.58 – Seção sísmica na Bacia do Espírito Santo (parte Figure III.58 – Seismic section in Espírito Santo Basin (offshore),
marinha), mostrando seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e showing syn-rift and post-rift stratigraphic sequences and extensional
estruturas extensionais e compressionais características da tectônica and compressional structures related to salt tectonics
de sal
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 149

das falhas da Bacia de Campos. Numa segunda fase de A Fig. III.59 apresenta uma seção sísmica através do
halocinese, a barreira formada pela extrusão e intrusão de complexo vulcânico de Abrolhos, desde a plataforma continental
lavas basálticas e rochas ígneas na região de Abrolhos resultou até a região de crosta oceânica. Observam-se espessa seção
num obstáculo para o fluxo de sal na direção da bacia profunda, rifte abaixo das seqüências com evaporitos e perda de
resultando na mobilização de evaporitos e folhelhos em direção qualidade do sinal sísmico na região das vulcânicas, próximo
contrária (oeste), associada a falhas de empurrão com vergência da quebra de plataforma. A leste de Abrolhos ocorrem feições
na direção do continente, e formação de feições compressionais (falhas de empurrão) com vergência para a
compressionais (Fig. III.58). No terceiro estágio, ocorreu a direção leste, na região de transição com crosta oceânica.
formação de diápiros de sal penetrantes nas camadas Destacam-se também na região do talude e bacia profunda,
sedimentares mais jovens, alguns dos quais afetam o Terciário particularmente no embainhamento da parte sul da bacia do
Superior e Quaternário. Experimentos de modelagem física Espírito Santo, a ocorrência de diápiros de sal (Fig. III.60)
reproduzem com bastante fidelidade esse tipo de estruturação que afetam o fundo do mar (Cainelli e Mohriak, 1998).
(Guerra et al. 1992).

Figura III.59 – Seção sísmica na Bacia do Espírito Santo (região de Figure III.59 – Seismic section in the Espírito Santo Basin (Abrolhos
Abrolhos), mostrando seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e region), showing syn-rift and post-rift stratigraphic sequences, and
ocorrência de abrupta quebra de talude a leste do complexo vulcânico abrupt shelf break eastwards of the volcanic complex

Figura III.60 – Seção geológica esquemática na Bacia do Espírito Figure III.60 – Schematic geological section in the Espírito Santo
Santo, mostrando o arcabouço estrutural e estratigráfico das Basin, showing the structural and stratigraphic framework for the syn-
seqüências sinrifte e pós-rifte rift and post-rift successions
150 Parte I – Geologia

Bacia de Campos dante, a unidade II (Eoceno Médio–Oligoceno Inferior) é


tipicamente agradacional, a unidade III (Oligoceno Inferior–
A Bacia de Campos está situada no litoral Sudeste do Brasil, Mioceno Inferior) é novamente progradacional, e a unidade
costa do Estado do Rio de Janeiro (Fig. III.22). Ocupa a área IV (Mioceno Inferior–Recente) é caracterizada por grandes
de cerca de 120.000 km2 até a batimetria de 3.500 m e, sigmoidais.
deste total, apenas 500 km2 localizam-se na parte terrestre. Souza Cruz e Appi (1999) e Souza Cruz (2001) caracterizam
Limita-se a norte com a Bacia do Espírito Santo, pelo Alto de hierarquicamente diversas seqüências estratigráficas e
Vitória, e a sul, com a Bacia de Santos, pelo Alto de Cabo discutem as principais fácies sedimentares observadas nas
Frio. progradações sigmoidais do Terciário Superior na Bacia de
Genericamente, seu arcabouço tectono-sedimentar pode Campos. Johann (1999) caracteriza os diversos fácies de
ser caracterizado por três megasseqüências distintas (Rangel reservatórios turbidíticos das principais acumulações de
et al. 1994). A fase sinrifte é marcada pela ocorrência de hidrocarbonetos da porção central da Bacia de Campos.
basaltos tholeiíticos amigdaloidais (Formação Cabiúnas), na A Fig. III.61 apresenta seção sísmica através da porção
base da coluna sedimentar, com datação radiométrica entre centro-sul da Bacia de Campos, ilustrando a assinatura sísmica
134 e 122 Ma (Mizusaki et al. 1988). Os sedimentos continentais das megasseqüências sinrifte, transicional e pós-rifte. Na parte
da Formação Lagoa Feia correspondem a uma seqüência superior da figura apresentam-se os perfis de anomalia
carbonática-siliciclástica predominantemente lacustre, incluindo gravimétrica e de anomalia magnética, caracterizando notável
em sua parte superior um pacote de coquinas de pelecípodes anomalia magnética na transição de crosta continental para a
(Membro Coqueiros), intercalada com folhelhos pretos crosta proto-oceânica, com interpretação análoga à ECMA (East
carbonosos (Pereira et al. 1984; Dias et al. 1988; Guardado et Coast Magnetic Anomaly) na margem leste norte-americana
al. 1989; Abrahão e Warme, 1990). A megasseqüência (Mohriak et al. 1998b). A Fig. III.62 apresenta a interpretação
transicional é caracterizada por um período de relativa esquemática da arquitetura crustal, com a divisão dos diversos
quiescência tectônica, registrando-se depósitos siliciclásticos domínios ou compartimentos tectônicos da bacia, em função
aptianos acima da discordância break-up, e por depósitos do estilo de tectônica de sal (Jackson et al. 1998; Mohriak et
evaporíticos do Membro Retiro, também incluídos na Formação al. 1999; Mohriak et al. 2000). O domínio I é caracterizado
Lagoa Feia. A megasseqüência pós-rifte ou marinha é por tectônica extensional, com falhas lístricas normais
inicialmente representada pelos carbonatos de água rasa da sintéticas e antitéticas, o domínio II é caracterizado por
Formação Macaé (Albiano–Cenomaniano), com fácies arenosa almofadas de sal, o domínio III por diápiros e muralhas de
(Membro Goitacás) e calcarenítica (Membro Quissamã) que sal, localmente com indicações de incipiente inversão de falhas,
gradam no topo e na direção da bacia para uma seqüência de e o domínio IV por feições compressionais, particularmente
margas e folhelhos (Membro Outeiro). A Formação Tamoios com empurrões junto ao limite crustal e localmente ocorrem
corresponde a pelitos de idade turoniano a cretáceo superior, línguas de sal alóctone.
marcando uma fase marinha transgressiva. A partir do
Cretáceo Superior a Terciário Inferior caracteriza-se uma fase Bacia de Santos
marinha regressiva, com a deposição de siliciclásticos do Grupo
Campos, que inclui uma seqüência proximal (Formação A Bacia de Santos está localizada na porção sudeste da
Emborê), uma plataforma carbonática (Formação Grussaí), uma margem brasileira, em frente ao litoral sul do Rio de Janeiro,
seqüência distal com pelitos de talude (Formação Ubatuba), São Paulo, Paraná e norte de Santa Catarina (Fig. III.22).
além de depósitos arenosos turbidíticos (Formação Caraepebus) Geologicamente, trata-se de uma depressão limitada a norte
intercalados nos folhelhos batiais. pelo alto de Cabo Frio e a sul pela Plataforma ou Alto de
A tectônica de sal é pouco desenvolvida na plataforma Florianópolis. A bacia recobre a área de cerca de 350.000 km2,
continental, mas apresenta grandes diápiros de sal e muralhas dos quais 200.000 km2 encontram-se em lâminas d’água até
na região além da quebra de plataforma, sopé de talude e 400 m e 150.000 km2 entre as cotas de 400 e 3.000 m.
bacia profunda, influenciando fortemente as seqüências mais O desenvolvimento de seu arcabouço tectono-estratigráfico
jovens, formando anticlinais, roll-overs, depocentros localizados compreende três megasseqüências (Pereira e Macedo, 1990;
entre diápiros de sal (mini-bacias), registrando-se também Pereira e Feijó, 1994). A megasseqüência sinrifte ou
feições compressionais próximas do limite crustal (Figueiredo continental, de idade neocomiana/barremiana, foi amostrada
e Martins, 1990; Demercian et al. 1993; Cobbold et al. 1995; em poucos poços proximais, registrando-se siliciclásticos
Mohriak et al. 2000). grosseiros (Formação Guaratiba) assentados discordantemente
Ricci e Becker (1991) dividem a fase marinha regressiva sobre rochas vulcânicas (basaltos tholeiíticos amigdaloidais,
em 4 principais unidades estratigráficas ou seqüências: a de cor verde escuro), de idade aproximada de 130–120 Ma
unidade I (Paleoceno–Eoceno Médio) é tipicamente progra- (Pereira e Feijó, 1994), englobados na Formação Camboriú.
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 151

Figura III.61 – Seção sísmica na Bacia de Campos, mostrando Figure III.61 – Seismic section in the Campos Basin, showing syn-rift
seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e ocorrência de anomalias and post-rift stratigraphic sequences, and occurrence of gravity and
gravimétricas e magnéticas próximo do limite crustal magnetic anomalies near the crustal limit

Figura III.62 – Seção geosísmica na Bacia de Campos, mostrando Figure III.62 – Geoseismic section in the Campos Basin, showing syn-
seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e compartimentos rift and post-rift stratigraphic sequences, and tectonic compartments
tectônicos associados à halocinese associated with halokinesis
152 Parte I – Geologia

A megasseqüência transicional caracteriza-se pela deposição formando cones vulcânicos e diversas fácies vulcanoclásticas
de siliciclásticos e evaporitos aptianos, depositados acima da (Mizusaki e Mohriak, 1992).
discordância break-up, em ambiente marinho restrito, Na parte sul da bacia, próximo à região da Plataforma de
registrando-se carbonatos, anidrita e halita na Formação Ariri. Florianópolis, destaca-se a ocorrência de muralhas de sal com
A terceira fase tectônica corresponde à megasseqüência pós- geometria linear em planta e que em seções sísmicas aparecem
rifte ou marinha, associada a subsidência térmica durante a com forma de agulhas atravessando toda a seqüência
deriva dos continentes. Esta fase inicia-se por depósitos sedimentar cretácica e terciária. Ocorrem também nessa região
siliciclásticos (Formação Florianópolis) e carbonáticos anomalias gravimétricas e magnéticas de direção NNE
(Formação Guarujá) de idade eo/meso-albiana, que associadas a altos vulcânicos na direção da plataforma de
posteriormente foram recobertas por sistemas transgressivos Florianópolis e anomalias E–W que correspondem a zonas de
clástico/carbonáticos (Formação Itanhaém) do Neo-Albiano ao fraturas (Zona de Fratura do Rio Grande).
Eo/Cenomaniano (Pereira et al. 1986). O subseqüente A Fig. III.63 apresenta uma seção geológica esquemática
aprofundamento da bacia resultou na implantação de um na região do campo de Merluza, e a Fig. III.64 (modificada de
ambiente marinho transgressivo até o Meso/Turoniano Cainelli e Mohriak, 1998) apresenta a continuação dessa seção
(Formação Itajaí–Açu), seguido por fortes eventos regressivos ao longo de uma linha sísmica na porção centro-sul da Bacia
a partir do Maastrichtiano (formações Santos e Juréia), de Santos. A Fig. III.65 apresenta a continuação da seção,
resultando num sensível avanço da linha de costa na direção atravessando a porção distal da província de diápiros de sal e
do mar (Pereira e Macedo, 1990). O Terciário da Bacia de atingindo a região de crosta vulcânica com intrusões ígneas
Santos é representado pelo sistema Iguape/Marambaia, com associadas à Zona de Fratura do Rio Grande (Lineamento de
dominância de plataformas carbonáticas na porção centro-sul Florianópolis).
e forte influxo de clásticos grosseiros na porção norte. A
sedimentação culmina com a deposição de areias e folhelhos Bacia de Pelotas
da Formação Sepetiba, de idade pleistocênica (Pereira e
Macedo, 1990; Pereira e Feijó, 1994). A Bacia de Pelotas situa-se no extremo sul da margem
O segmento central do sistema de depocentros da fase continental brasileira, limitando-se a norte com a Bacia de
rifte que se estende entre a Bacia de Santos e o sul da Bacia Santos, pela plataforma de Florianópolis, e a sul com as bacias
de Campos é caracterizado por uma faixa de anomalias da Margem Continental do Uruguai (Fig. III.22). A área da
gravimétricas negativas, com direção NNE, indicativas de grande bacia compreende cerca de 250.000 km2 (até a lâmina d’água
profundidade da base do sal e do embasamento, com um de 3.000 m), 20 % dos quais estão situados em região de
principal depocentro a leste do gráben de Merluza (Karner e embasamento raso na região emersa e na plataforma
Driscoll, 1999; Meisling et al. 2001). continental.
Destaca-se na parte centro-norte da Bacia de Santos, entre O desenvolvimento da bacia pode ser dividido em três
a região de Cabo Frio até a região central da Bacia, ao sul da megasseqüências ou fases principais de evolução tectônica.
Ilha Grande, a ocorrência de uma grande falha lístrica A megasseqüência pré-rifte corresponde a sedimentos e
antitética, associada a tectônica de sal (Mohriak et al. 1995b). vulcânicas do Paleozóico e Mesozóico da Bacia do Paraná.
Esta feição relaciona-se com uma progradação maciça de Esses sedimentos são reconhecidos apenas na área do Sinclinal
sedimentos siliciclásticos no Cretáceo Superior, resultando em de Torres, onde a seção paleozóica da Bacia do Paraná está
expulsão dos evaporitos e criando uma cicatriz de sal que é sotoposta ao pacote cenozóico da Bacia de Pelotas (Dias et
coberta por sedimentos pós-albianos, que ficam cada vez mais al. 1994a). A megasseqüência sinrifte (Neocomiano–
novos à medida que se aproximam do plano da falha de baixo Barremiano) é caracterizada por falhamentos antitéticos que
ângulo. A falha de Cabo Frio controla também uma grande definem meio-grábens na plataforma continental, com
faixa alongada com ausência de sedimentos albianos (Albian interpretação (Dias et al. 1994b) de que a magnitude dos
gap ou vazio albiano), cujo modelo de formação tem sido falhamentos aumenta para leste. Esta megasseqüência foi
discutido em diversos trabalhos (Mohriak et al. 1995b; Cainelli amostrada em poucos poços em situação de gráben proximal,
e Mohriak, 1998). Modelagens físicas desta feição halocinética constituindo-se de conglomerados com fragmentos de basalto
sugerem diferentes hipóteses, algumas com grande extensão (Formação Cassino). A base dessa seqüência assenta-se sobre
da cobertura sedimentar, e outras, alternativamente, com rochas vulcânicas (basaltos tholeiíticos, com datação de 124
pouca extensão (Szatmari et al. 1996; Ge et al. 1997, Mohriak Ma pelo método K-Ar, Dias et al. 1994a), representadas pela
e Szatmari, 2001). Formação Imbituba. A megasseqüência transicional, que nas
Na parte norte da bacia, junto ao Alto de Cabo Frio, ocorrem bacias a norte do lineamento de Florianópolis incluem evaporitos
feições vulcânicas do Cretáceo Superior (notadamente na Bacia com halita (Formação Ariri), é reconhecida apenas na região
de Santos) e do Terciário (na direção da Bacia de Campos), da Plataforma de Florianópolis, onde se constatou anidrita.
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 153

Figura III.63 – Seção geosísmica na Bacia de Santos, mostrando Figure III.63 – Geoseismic section in the Santos Basin, showing syn-
seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e diápiros de sal próximos rift and post-rift stratigraphic sequences, and salt diapirs near the
da quebra da plataforma continental continental shelf break

Figura III.64 – Seção sísmica na Bacia de Santos, mostrando Figure III.64 – Seismic section in the Santos Basin, showing syn-rift
seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e ocorrência de expressiva and post-rift stratigraphic sequences, and occurrence of expressive salt
tectônica de sal na região além da quebra da plataforma tectonics in the region beyond the shelf break

Figura III.65 – Seção sísmica na Bacia de Santos, mostrando transição Figure III.65 – Seismic section in the Santos Basin, showing the
entre província de diápiros de sal adjacente à região com embasamento transition from the salt diapir province adjacent to the region with
vulcânico e presença de intrusões ígneas ao longo de zonas de volcanic basement, and presence of igneous intrusions along oceanic
fraturas oceânicas fracture zones
154 Parte I – Geologia

Localmente, abaixo da Formação Ariri, registra-se a ocorrência coluna sedimentar, em batimetrias de 1.000 a 2.500 m
de traquiandesito cinza esverdeado (Formação Curumim) cuja (Fontana, 1989; Fontana e Mussumeci, 1994; Sad et al. 1997;
datação Ar-Ar apresentou idade de 113 Ma (Dias et al. 1994a). Sad et al. 1998). Também nessa região caracteriza-se uma
A megasseqüência pós-rifte, que representa a faixa de dobramentos dos sedimentos terciários, mobilizados
sedimentação marinha da bacia, pode ser subdividida em por empurrões com vergência para o mar (Fontana, 1989;
algumas seqüências principais (Dias et al. 1994a): 1) seqüência Cainelli e Mohriak, 1998).
do Albiano/Aptiano, com sua porção superior coincidente com A ocorrência de grábens controlados por falhas antitéticas
o topo da seção de calcários do Eo/Meso/Albiano (Formação na região proximal da bacia e na plataforma sugere modelos
Porto Belo); 2) seqüência do Cretáceo Superior, composta por diversos para a formação e evolução geodinâmica do rifte na
sedimentos pelíticos, responsável pela deposição de areias Bacia de Pelotas. Três hipóteses podem ser aventadas (Mohriak
na área do baixo de Mostardas e de margas e folhelhos na et al. 1995b; Cainelli e Mohriak, 1998): (1) ocorrência de
plataforma continental (Formação Atlântida); 3) seqüência do basculamento regional associado à implantação de crosta
Cretáceo Superior–Terciário Inferior, constituída por folhelhos oceânica e posterior ruptura por falhamentos mais novos
e delgadas camadas de arenitos; 4) seqüência do Eoceno/ (Gonçalves et al. 1979); (2), ocorrência de grandes falhas
Oligoceno Inferior, composta por clásticos na área do baixo antitéticas que aumentam de rejeito na direção de águas
de Mostardas e por folhelhos na plataforma (Formação Imbé); profundas (Dias et al. 1994b); e (3) ocorrência de feições
e 5) seqüência do Oligoceno Superior ao Recente, de caráter caracterizadas como seaward-dipping reflectors, relacionadas
progradante e composição pelítica. à implantação de crosta proto-oceânica (Chang et al. 1992;
Na porção sul da Bacia de Pelotas, em frente à Laguna Fontana, 1990; Fontana, 1996; Mohriak et al. 1995b; Cainelli
dos Patos, destaca-se grande espessamento da seqüência e Mohriak, 1998, Talwani e Abreu, 2000).
sedimentar na região do cone do Rio Grande, associada a A Fig. III.66 apresenta uma seção sísmica regional através
altas taxas de sedimentação no Terciário. O rápido soterramento da porção centro-norte da Bacia de Pelotas, com caracterização
propiciou a preservação de matéria orgânica e a formação de de cones vulcânicos e feições interpretadas como seaward-
gás biogênico, registrando-se notável ocorrência de hidratos dipping reflectors (Mohriak et al. 1995b; Fontana, 1996; Talwani
de gás em profundidades que estão entre 100 e 1.000 m na e Abreu, 2000).

Figura III.66 – Seção sísmica na Bacia de Pelotas (parte norte), Figure III.66 – Seismic section in the Pelotas Basin, showing features
mostrando feições interpretadas como cunhas de refletores interpreted as seaward-dipping wedges (SDR) related to the inception
mergulhantes para o mar (SDR) relacionadas à formação de crosta of proto-oceanic crust
proto-oceânica
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 155

Discussão regional que nivela a topografia preexistente (break-up


unconformity). Acima da discordância, algumas bacias são
A evolução tectono-estratigráfica das bacias sedimentares da caracterizadas por espessa seqüência de sedimentos aptianos
margem leste–sudeste (segmento divergente) e da margem pouco controlados por falhas (sag basins). A deposição de
equatorial (segmento transformante) é conseqüência da ruptura evaporitos no Aptiano Superior inicia-se com camadas de
do Gondwana e da abertura e do desenvolvimento do Oceano carbonatos e anidrita, que com o aumento da aridez gradam
Atlântico Sul, iniciadas no Mesozóico. O sistema de riftes para camadas de halita e atingem condições de deposição de
associado à separação entre as placas sul-americana e africana sais de potássio na região nordeste brasileira (Sergipe–
iniciou-se nos extremos norte e sul da América do Sul e Alagoas).
notadamente na margem sul é acompanhado pela extrusão A Megasseqüência Marinha é caracterizada por uma fase
de lavas basálticas na Bacia do Paraná e na região adjacente inicial de deposição de carbonatos em condições ambientais
da margem continental, entre as bacias de Pelotas e Espírito rasas e oxigenadas, que subseqüentemente é afogada pela
Santo. subida do nível do mar. O Terciário, particularmente nas bacias
A fase sinrifte é caracterizada por falhas sintéticas e da margem leste brasileira, é caracterizado por cunhas
antitéticas formando diversos semi-grábens cuja direção é sedimentares com progradações siliciclásticas, que resultaram
aproximadamente paralela à linha de costa atual. Esses na deposição de arenitos turbidíticos em águas profundas.
grábens são preenchidos por siliciclásticos continentais flúvio- Falhamentos relacionados à tectônica de sal constituem-se
deltaicos, localmente com o desenvolvimento de fácies em eficiente caminho de migração para hidrocarbonetos
carbonáticos e de acumulações de conchas de pelecípodes gerados na seqüência pré-sal, que se acumularam em
(coquinas). reservatórios carbonáticos do Albiano e siliciclásticos do Albo-
O rifteamento da margem é diácrono, com idades variando Cenomaniano até Mioceno.
entre Jurássico e Neocomiano nas extremidades meridional e Vários episódios tectono-magmáticos (com clímax no
setentrional da América do Sul e atingindo idades bem mais Cretáceo Superior e Terciário Inferior) são registrados em alguns
novas (Aptiano–Albiano) na extremidade leste da margem segmentos da margem, particularmente na região de Abrolhos
equatorial (entre Pernambuco–Paraíba e Sergipe–Alagoas). e na região de Cabo Frio. Na região continental adjacente,
Após a formação dos riftes continentais, com sedimentos formaram-se bacias tafrogênicas (e.g., Bacia de Taubaté), e
lacustrinos e fluviais, ocorreu a ingressão marinha, que resultou esse período também é caracterizado por várias intrusões
na deposição de espessa seqüência de evaporitos (folhelhos, alcalinas na borda das bacias sedimentares de Campos e
carbonatos, anidrita, halita). A tectônica de sal é caracterizada Santos.
por domínios tectônicos distintos ao longo da margem, com
feições extensionais na plataforma e compressionais em águas
profundas.
Os riftes abortados da margem equatorial e também na Conclusões
margem nordeste não apresentam grandes espessuras de
sedimentos evaporíticos e com exceção de Tacutu são • Os riftes que formam a margem continental brasileira estão
caracterizados por ausência de assoalho vulcânico na base da relacionados à abertura do Atlântico Sul e são subdivididos
seqüência rifte. Entretanto, a extensão na direção de águas em riftes abortados, abrangendo uma série de bacias que
profundas de alguns dos riftes anteriormente interpretados ocorrem particularmente na margem equatorial e na
como não-vulcânicos (e.g., Jacuípe e Sergipe–Alagoas) é margem nordeste; e em riftes que evoluiriam para formar
também caracterizada por cunhas de refletores mergulhantes as bacias de margem passiva, subdivididos em bacias de
para o mar (seaward-dipping reflectors), interpretada como margem transformante e margem divergente.
feições vulcânicas geneticamente relacionadas à incepção de • O rifteamento da margem leste–sudeste–sul brasileira
crosta proto-oceânica. iniciou-se no extremo sul da placa sul-americana
Feições vulcânicas pós-rifte no extremo sul da Bacia de (Argentina), com uma série de riftes de direção NW–SE,
Santos podem corresponder a intrusões ígneas em crosta com preenchimento vulcano-sedimentar datado de Jurássico
continental (Demerican e Szatmari, 1999), ou a manifestações a Cretáceo Inferior. A partir do Cretáceo Inferior, o campo
de centros de espalhamento oceânico abortados (Kumar e de estresse mudou de direção, e o rifteamento se propagou
Gamboa, 1979; Meisling et al. 2001) ou a propagadores com direção NNE pelas bacias de Pelotas, Santos, Campos
oceânicos (Mohriak 2001). e Espírito Santo, com atividade de rifteamento afetando
A Megasseqüência Transicional é caracterizada por uma a região do nordeste brasileiro até o Aptiano–Albiano.
relativa quiescência tectônica após a rotação e basculamento • O rifteamento da margem equatorial brasileira iniciou-se
de blocos de rifte, que são dissecados por uma discordância numa fase precursora no Jurássico, concomitante à
156 Parte I – Geologia

abertura do Atlântico Norte. Nessa fase, registram-se para bacias de margem passiva divergente com a formação
sedimentos controlados por falhas de rifte na região de de crosta oceânica.
Tacutu e Cassiporé. • A plataforma continental na região nordeste é muito mais
• A evolução tectono-estratigráfica das bacias da margem estreita que na região sudeste e com uma abrupta transição
continental é caracterizada por uma megasseqüência pré- entre talude e bacia profunda marcada por um limite
rifte com remanescentes da sedimentação intracratônica crustal relativamente próximo da quebra de plataforma.
do Paleozóico e do Mesozóico; uma megasseqüência sinrifte A plataforma continental alarga-se na região do segmento
associada a processos extensionais, com depósitos conti- transversal da margem entre a Bacia Pernambuco–Paraíba
nentais fluviais e lacustres; uma megasseqüência e a Bacia Potiguar.
transicional, associada a um golfo marinho, com depósitos • Lavas basálticas precursoras do rifteamento são registradas
evaporíticos; e uma megasseqüência pós-rifte, predomi- na Bacia do Paraná e em várias bacias da margem
nantemente marinha. A megasseqüência pós-rifte pode continental. Derrames de lavas basálticas, também
ser dividida em seqüências marinha transgressiva e marinha associados à ruptura do Atlântico Sul, são registrados na
regressiva. A seqüência marinha transgressiva é Bacia do Parnaíba, estendendo-se para os grábens de
inicialmente marcada por sedimentação de carbonatos em São Luís e para a margem equatorial. Também registram-
plataforma, seguindo-se uma sedimentação francamente se intrusões ígneas e lavas basálticas precursoras da
oceânica e relativa estabilidade ambiental, com sedimentação continental lacustrina na Bacia do Tacutu e
paleobatimetrias atingindo valores entre 1.000 e 2.000m, na Bacia Potiguar.
e por grande diversidade biológica. Na margem divergente, • A formação de crosta oceânica é precedida pelo
condições de mar cada vez mais franco começaram a extravasamento de lavas basálticas em ambiente subaéreo,
predominar apenas no Turoniano Superior, sendo marcante que constituem cunhas que mergulham para o mar,
a ocorrência de uma discordância regional (e.g., discordân- formando os pacotes designados como seaward-dipping
cia da base da Formação Calumbi na Bacia Sergipe– reflectors, que marcam a transição de crosta continental
Alagoas), separando os estratos pré-turonianos da para crosta oceânica.
seqüência inferior, de características mais anóxicas, dos • Os mapas de anomalia Bouguer indicam uma faixa de
estratos santonianos a campanianos, depositados em anomalias positivas próximas do limite pré-aptiano (limite
ambiente mais aberto. A seqüência marinha regressiva é oeste da megasseqüência sinrifte) nas bacias de Santos,
caracterizada por grande afluxo de sedimentos Campos e Espírito Santo. Essas anomalias provavelmente
siliciclásticos na região sudeste brasileira, associados a estão associadas ao inicio de um afinamento crustal e a
grandes progradações sigmoidais, e por turbiditos um pronunciado soerguimento do Moho sob os depocentros
intercalados em folhelhos batiais. sedimentares.
• A margem transformante apresenta segmentos de direção • Grandes falhas da fase rifte aparentemente penetram a
E–W e segmentos de direção NW–SE, conforme evidenciado crosta continental e solam no topo de massas ígneas
nos mapas de métodos potenciais, formando um padrão aprisionadas na base da crosta (underplating) ou são
en-echelon característico de bacias associadas a absorvidas numa região onde se observam fortes refletores
movimentações transcorrentes ou margens transformantes. na crosta média a inferior. Esses refletores, na região de
• As bacias sedimentares da margem equatorial podem ser águas profundas, amalgamam-se com a descontinuidade
caracterizadas pelas seguintes fases evolutivas: pré- do Moho.
transformante/pré-transtensão (Jurássico a Barremiano), • Na direção da porção central dos riftes, uma segunda
pré-transformante/sintranstensão (Aptiano), sintransfor- faixa de anomalias positivas em algumas bacias indica
mante/margem transformante; passiva (Albiano– um alto externo (Bacia de Campos, por exemplo), que
Cenomaniano), pós-transformante/margem transformante corresponde a um alto vulcânico onde a seqüência rifte é
passiva (Cenomaniano–Recente). praticamente ausente. Esses altos vulcânicos podem estar
• Linhas sísmicas regionais na margem equatorial indicam cobertos por uma reduzida cobertura sedimentar de idade
que algumas zonas de fraturas associadas às falhas aptiana ou por evaporitos.
transformantes estão tectonicamente ativas até o presente, • A porção norte da Bacia de Pelotas e a porção sul da
mostrando perturbações no fundo do mar (causadas por Bacia de Santos são caracterizadas por diversas intrusões
movimentos compressionais e extensionais). ígneas interpretadas como altos vulcânicos em crosta
• A região nordeste brasileira é caracterizada pelo sistema continental ou como propagadores associados à
de riftes Recôncavo–Tucano–Jatobá que não evoluíram a implantação de crosta oceânica.
uma fase de subsidência termal, enquanto o sistema de • O trend de anomalias gravimétricas negativas de direção
riftes alongados entre Jacuípe e Sergipe–Alagoas evoluíram NNE, coincidente com os depocentros das bacias de Santos,
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 157

Campos e Espírito Santo, aparentemente é deslocado por Agradecimentos


lineamentos de direção NW–SE que correspondem a zonas
de transferência dos riftes. Essa direção é sub-paralela à Agradece-se ao apoio gerencial da PETROBRAS pela oportunidade de
direção dos enxames de diques da Bacia do Paraná (Arco realização do trabalho, particularmente ao Dr. J.C. Barbosa, C.A.P.
de Ponta Grossa) e também coincide com a direção de Oliveira, P.M.M. Mendonça, L.N. Reis, F. Nepomuceno, E.J. Milani, E.
alinhamentos regionais como a Zona de Cisalhamento de Porsche, e também à gerência da CPRM pelo convite oficial efetuado
Cruzeiro do Sul. pela diretoria, representada pelo Dr. L.A. Bizzi, e também pelo apoio
• A polaridade dos semi-grábens é invertida ao se constante do Dr. C. Schobbenhaus. Agradece-se também a R.M. Vidotti
atravessarem algumas zonas de transferências, pelas orientações operacionais durante a execução do trabalho e
pelo auxílio na formatação de figuras e texto.
compartimentalizando riftes abortados (e.g., Tucano), ou
Embora a integração final e a síntese de conceitos geológicos
bacias da margem continental em várias sub-Bacias sinrifte
seja de responsabilidade do autor, este trabalho beneficiou-se de
com mudança na direção do plano de mergulho da falha
grande número de trabalhos anteriormente publicados, como artigos
principal (e.g., entre Santos e Pelotas). Essas zonas de
de periódicos, resumos e trabalhos em anais de congressos, capítulos
transferência controlam a espessura sedimentar nas calhas
de livros, e publicações internas da PETROBRAS. Também foram de
dos riftes e provavelmente também as fácies sedimentares.
grande importância a integração de resultados de relatórios de análise
• As direções NW–SE das zonas de transferência alinham-se
de bacias, resumos de seminários, discussões em reuniões técnicas
com as direções E–W das falhas transformantes em crosta informais, e debates e seminários apresentados em diversos cursos
oceânica, junto ao limite crustal. Na transição crosta ministrados pelo autor na PETROBRAS e em várias universidades ao
continental–crosta oceânica, vários corpos ígneos intrudem longo dos anos.
a crosta ao longo dos segmentos de falhas transformantes Agradece-se em especial os geólogos P.R. Palagi e L.O.A. Oliveira
(leaking fracture zones). pela revisão crítica do texto e pelas muitas observações técnicas e de
• Os blocos mais externos do rifte, junto ao limite crustal, estilo que em muito melhoraram a versão final do trabalho. Somos
aparentemente são erodidos por uma grande discordância gratos a M.A.N.F. Aragão pela revisão das referências bibliográficas e
que é coberta pelas cunhas de rochas vulcânicas (seaward- a E. Santos pela preparação de dados digitais de métodos potenciais
dipping reflectors), indicativas de uma anomalia térmica e elaboração de mapas regionais. Agradecimentos são também devidos
precedendo a incepção de crosta oceânica. ao setor de desenho da PETROBRAS pelo inestimável auxílio na
• A bacia evaporítica aptiana estende-se desde a Bacia de preparação das figuras, e somos gratos ao técnico A.T. Dias pela
Santos até Sergipe–Alagoas, exibindo diferentes constante colaboração.
compartimentos tectônicos, que podem ser subdivididos Incontáveis exploracionistas e pesquisadores contribuíram com
em domínios extensionais e domínios compressionais. idéias que nem sempre é possível referenciar com autoria ou co-
• Segmentos da margem caracterizados por reentrâncias autoria em publicações, trabalhos ou relatórios técnicos
na bacia evaporítica (e.g., Santos e Cumuruxatiba) desenvolvidos ao longo dos anos. Agradecimentos e reconhecimento
apresentam fluxo convergente de sal, e segmentos pela contribuição são devidos a todos os técnicos que participaram
do avanço do conhecimento geológico das bacias da margem
caracterizados por saliências na bacia evaporítica (e.g.,
continental. Especiais agradecimentos são devidos aos vários
bacia de Campos) apresentam fluxo divergente de sal.
geocientistas abaixo relacionados, em função da efetiva participação
• A reativação de falhas do embasamento durante o
em projetos anteriores, e particularmente, nas específicas colaborações
Cretáceo Superior e Terciário Inferior a Médio constitui
para preparação de dados, elaboração de figuras e inúmeras discussões
importante evento tectono-magmático na margem sudeste,
técnicas envolvendo a interpretação geológica de diversos segmentos
com as intrusões ígneas e extrusões vulcânicas
da margem continental, que foram de grande valia para a preparação
proporcionando um elemento de instabilidade tectônica
deste trabalho de revisão.
que, associadas à tectônica de sal, resultou na
desestabilização dos depósitos de areias da plataforma D. Abrahão C. Cainelli
continental. Esses detritos arenosos são carreados por M.A. Almeida C.W.M. Campos
correntes de turbidez para a região de águas profundas, C. Appi M. Carminatti
formando reservatórios sob forma de lençóis turbidíticos N. Azambuja R.S. Carvalho
e também como corpos arenosos amalgamados em canais. G. Bacoccoli R.T. Castellani
A.Z.N. Barros A.H.A. Castro
M.C. Barros P. de Cesero
M. Bassetto D. Coelho
A.S. Biassusi J.C.J. Conceição
J.A.S.L. Brandão G.A. Correia
158 Parte I – Geologia

J.A. Cupertino H.A.O. Ojeda Alves, E.C., Sperle, M., Mello, S.L.M., Sichel, S.E. 1997. Compar-
L.S. Demercian C.A.F. Oliveira timentação tectônica do sudeste do Brasil e suas relações com as
zonas de fraturas oceânicas. In: Sociedade Brasileira de Geofísica,
J.L. Dias J.B.Oliveira
Congresso Internacional, 5, São Paulo, Anais, 48-50.
F.U.H. Falkenhein L.O.A. Oliveira Aquino, G.S., Lana, M.C. 1990. Exploração na Bacia de Sergipe–
A.M.F. Figueiredo P.R. Palagi Alagoas: o “estado da arte”. Boletim de Geociências da Petrobrás,
R.L. Fontana J.L. Pantoja Rio de Janeiro, 4(1):75-84.
C.A. Fontes O.B. de Paula Aranha, L.G.F., Lima, H.P., Souza, J.M.P., Makino, R.K. 1990. Origem e
evolução das bacias de Bragança–Viseu, São Luís e Ilha Nova. In:
S. Francis M. Pequeno
Gabaglia, G.P.R., Milani, E.J. (coord.). Origem e evolução de bacias
M.R. Franke M.J. Pereira sedimentares. Petrobrás, CENSUD, Rio de Janeiro, p. 221-233.
A. Fugita C.S. Pontes Araripe, P.T., Feijó, F.J. 1994. Bacia Potiguar. Boletim de Geociências
L.A.P. Gamboa J.H.L. Rabelo da Petrobrás, Rio de Janeiro, 8(1):127-141.
B.S. Gomes H.D. Rangel Asmus, H.E. 1984. Geologia da margem continental brasileira. In:
Schobbenhaus, C., Campos, D.A., Derze, G.R., Asmus, H.E. (eds.).
P.O. Gomes M.A.L. Ricci
Geologia do Brasil, MME/DPNPM, Brasília, 443-472.
L.R. Guardado J.B. Rodarte Asmus, H.E., Baisch, P.R. 1983. Geological evolution of the Brazilian
M. Guerra S.M. Rodrigues continental margin. Episodes, 1983(4):3–9.
P.T. Guimarães A.L. R. Rosa Asmus, H.E., Ferrari, A.L. 1978. Hipótese sobre a causa do tectonismo
M.A.L. Latgé A.R.E. Sad cenozóico na região sudeste do Brasil. 4:75-88 (Série Projeto Remac).
Asmus, H.E., Porto, R. 1980. Diferenças nos estágios iniciais da
C.C. Lima M.S. Scutta
evolução da margem continental brasileira: possíveis causas e
C.F. Lucchesi S.R.P. Silva implicações. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 31,
J.M. Macedo D.P. Silveira Camboriú–SC, Anais 1:225-239.
L.P. Magnavita J.F.F. Sobreira Asmus, H.E. 1982. Significado geotectônico das feições estruturais
R.M.D. Matos P. Szatmari das bacias marginais brasileiras e áreas adjacentes. In: SBG,
Congresso Brasileiro de Geologia, 32, Salvador–BA, Anais 4:1547-
M.R. Mello L.B. Teixeira 1557.
E.J. Milani A. Thomaz Filho Asmus, H.E., Ponte, F.C. 1973. The Brazilian Marginal Basins. In:
A.M.P. Mizusaki I.S. Vieira Nairn, A.E.M., Stehili, F.G. (eds.). The Ocean Basins and Margins, The
R. Mosmann P.H.V. Ven South Atlantic, Plenum Press, Nova York, 1:87-133.
M.M. Nascimento Azevedo, R.P. 1986. Interpretação geodinâmica da evolução
P.V. Zalán Mesozóica da Bacia de Barreirinhas. In: SBG, Congresso Brasileiro
F. Nepomuceno Filho
de Geologia, 34, Goiânia, Anais, 3:1115-1130.
Azevedo, R.P. 1991. Interpretation of a deep seismic reflection profile
in the Pará–Maranhão Basin. In: Sociedade Brasileira de Geofísica,
Congresso Internacional, 2, Salvador–BA, Anais, 661-666.
Referências Bibliográficas Azevedo, R.L.M., Gomide, J., Viviers, M.C. 1987. Geohistória da Bacia
de Campos, Brasil, do Albiano ao Maastrichtiano. Revista Brasileira
de Geociências, 17:139-146.
Abrahão, D., Warme, J.E. 1990. Lacustrine and associated deposits in Bacoccoli, G. 1982. Offshore Brazil – twelve years of oil exploration.
a rifted continental margin – Lower Cretaceous Lagoa Feia Fm., In: Watkins, J.S., Drake, C.L. (eds.). Studies in continental margin
Campos Basin, Offshore Brazil. In: Katz, B.J. Lacustrine basin geology, AAPG Memoir 34:539-546.
exploration, case studies and modern analogs. AAPG, Memoir 50, p. Bacoccoli, G., Morales, R.G., Campos, O.A.J. 1980. The Namorado Oil
287-305. Field: A Major Oil Discovery in the Campos Basin, Brazil. The American
Abriel, W.L., Letsch, D., Luken, M., Teerman, S., Bruton, J. 2001. A Association of Petroleum Geologists Bulletin, 329-337.
Deepwater Pore Pressure Risk Management Case in Offshore Brazil. Bassetto, M., Alkmin, F.F., Szatmari, P., Mohriak, W.U. 2000. The oceanic
In: SBGf, International Congress of the Brazilian Geophysical Society, segment of the southern Brazilian margin: morpho-structural
7, Salvador–BA, Anais, 41-44. domains and their tectonic significance. In: Mohriak, W. U., Talwani,
Almeida, F.F.M. 1976. The system of continental rifts bordering the M. (eds.), Atlantic rifts and continental margins, AGU Geophysical
Santos Basin. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 48:15-26 Monograph 115:235-259.
(suplemento). Bassetto, M., Mohriak, W.U., Vieira, I.S. 1996. Modelagens Gravimétrica
Almeida, F.F.M. 1983. Relações tectônicas das rochas alcalinas e Magnética Utilizadas como Ferramentas de Apoio à Análise
mesozóicas da região meridional da plataforma sul-americana. Regional de Bacias Sedimentares: In: SBG, Congresso Brasileiro de
Revista Brasileira de Geociências, 13(3):139-158. Geologia, 39, Salvador, Anais, 222-225.
Almeida, F.F.M., Hasui, Y., Brito Neves, B.B. 1976. The Upper Beltrami, C.V., Caldeira, J.L., Freitas, R.W. 1989. Análise sismoestra-
Precambrian of South America. Boletim IG, Instituto de Geociências tigráfica dos sedimentos oligo/miocênicos da Bacia do Ceará águas
da USP, 7:45-80. profundas. In: Petrobrás, I Seminário de Interpretação Exploratória,
Almeida, F.F.M., Brito Neves, B.B., Carneiro, C.D.R. 2000. The origin 1, Rio de Janeiro, Anais, 75-85.
and evolution of the South American Platform. Earth Science Beltrami, C.V., Alves, L.E.M., Feijó, F.J. 1994. Bacia do Ceará. Boletim
Reviews, 50:77–111. de Geociências da Petrobrás, Rio de Janeiro, 8(1):117-125.
Alves, E.C., Costa, E.A. 1993. Evolução sedimentar mesozóica-cenozóica Bertani, R.T., Carozzi, A.V. 1984. Microfacies, Depositional Models and
do Platô de Pernambuco e da área adjacente da Bacia Oceânica do Diagenesis of Lagoa Feia Formation (Lower Cretaceous) Campos Basin,
Brasil. In: Sociedade Brasileira de Geofísica, Congresso Offshore Brazil, Ciência-Técnica-Petróleo, Petrobrás/Cenpes, Rio
Internacional, 3, Rio de Janeiro, Anais, 1249-1254. de Janeiro, 14:104.
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 159

Bertani, R.T., Carozzi, A.V. 1985. Lagoa Feia Formation (Lower an Overview. In: Weimer, P., Link, M.H. (eds.). Seismic Facies and
Cretaceous) Campos Basin, Offshore Brazil: Rift-valley Stage Sedimentary Processes of Submarine Fans and Turbidite Systems,
Carbonate Reservoirs – I and II, Journal of Petroleum Geology, Springer-Verlag, New York, 41-246.
8(37/58):199-220. Castro Jr., A.C.M. 1987. The Northeastern Brazil and Gabon Basins: a
Bertani, R.T., Costa, I.G., Matos, R.M.D. 1990. Evolução tectono- Double Rifting System Associated with Multiple Crustal Detachment
sedimentar, estilo estrutural e habitat do petróleo na Bacia Potiguar. Surfaces. Tectonics, 6:727-738.
In: Gabaglia, G.P.R., Milani, E.J. (coords.). Origem e Evolução de Chang, H.K., Kowsmann, R.O., Figueiredo, A.M.F., Bender, A. 1992.
Bacias Sedimentares, PETROBRAS, CENSUD, Rio de Janeiro, 291- Tectonics and stratigraphy of the East Brazil Rift system: an overview.
310. Tectonophysics, 213:97-138.
Biassusi, A.S., Maciel, A.A., Carvalho, R.S. 1990. Bacia do Espírito Cherkis, N.Z., Chayes, D.A., Costa, L.C. 1989. Multibeam bathymetry
Santo: o “estado da arte” da exploração. Boletim de Geociências da studies in the Bahia seamounts region. In: SBGf, Congresso da
Petrobrás, 4(1):13-19. Sociedade Brasileira de Geofísica, 1, Rio de Janeiro, Anais, 792-
Biassusi, A.S., Brandão, J.R., Vieira, P.E. 1999. Salt tectonics and 796.
structural styles in the Province of the Foz do Rio Doce. In: SBGf, Cobbold, P.R., Szatmari, P., Demercian, L.S., Coelho, D., Rossello, E.A.
International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 6, Rio 1995. Seismic experimental evidence for thin-skinned horizontal
de Janeiro, 1 CD. shortening by convergent radial gliding on evaporites, deep-water
Bird, D. 2001. Shear margins: continent-ocean transform and fracture Santos Basin. In: Jackson, M.P.A., Roberts, R.G., Snelson, S. (eds.).
zones boundaries. The Leading Edge, 20(2): 150-159. Salt tectonics: a global perspective, AAPG Memoir 65:305–321.
Bonatti, E. 1985. Punctiform initiation of seafloor spreading in the Cobbold, P.R., Meisling, K.E., Mount, V.S. 2001. Reactivation of an
Red Sea during transition from a continental to an oceanic rift. obliquely rifted margin, Campos and Santos basins, southeastern
Nature, 316:33-37. Brazil. AAPG Bulletin, 11:1925-1944.
Brandão, J.A.S.L., Feijó, F.J. 1994a. Bacia da Foz do Amazonas. Boletim Conceição, J.C.J., Zalán, P.V., Wolff, S. 1988. Mecanismo, Evolução e
de Geociências da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):91-99. Cronologia do Rift Sul-Atlântico, Boletim de Geociências da
Brandão, J.A.S.L., Feijó, F.J. 1994b. Bacia do Pará–Maranhão. Boletim PETROBRAS, 2(4):255-265.
de Geociências da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):101-102. Cordani, U.G. 1970. Idade do vulcanismo no Oceano Atlântico Sul.
Bruhn, C.H.L. 1999. Major Types of Deep-Water Reservoirs from the Boletim IGA, 1:9-75.
Eastern Brazilian Rift and Passive Margin Basins. In: SBGF, Cordani, U.G., Blazekovic, A. 1970. Idades radiométricas das rochas
International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 6, vulcânicas dos Abrolhos. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia,
Anais. 1 CD-ROM. 24, Brasília, Anais, 265-270.
Bruhn, C.H.L., Becker, M.R., Arienti, L.M., Rodrigues, E.B., Abreu, Cordani, U.G., Neves, B.B.B., Fuck, R.A., Porto, R., Thomaz Filho, A.,
C.E.B.S., Alves, R.R.P., Castro, D.D., Santos, R.A., Freitas, L.C.S., Cunha, A.F. 1984. Estudo preliminar de integração do Pré-cambriano
Barros, A. P., Sarzenski, D.J. 1998a. Contrasting Styles of Oligocene/ com eventos tectônicos das bacias sedimentares brasileiras.
Miocene Turbidite Resevoirs from Deep Water Campos Basin, Brazil, PETROBRAS, Série Ciência Técnica Petróleo: Exploração de Petróleo,
Proceedings for the 1998 AAPG Annual Convention, Salt Lake City, Rio de Janeiro, 15-70.
Utah (USA), A95, 4p. Cordani, U.G., Sato, K., Texeira, W., Tassinari, C.C.G., Basei, M.A.S.
Cainelli, C., Mohriak, W.U. 1998. Geology of Atlantic Eastern Brazilian 2000. Crustal evolution of the South American platform. In:
basins. 1998. In: AAPG, International Conference & Exhibition Cordani, U.G., Milani, E.J., Thomaz Filho, A., Campos, D.A. (eds.).
Short Course – Brazilian Geology Part II, Rio de Janeiro, Brazil, 67 Tectonic evolution of South America, 31 International Geological
p. + figures. Congress, Rio de Janeiro, 19-40.
Cainelli, C., Mohriak, W.U. 1999a. General evolution of the eastern Costa, I.G., Beltrami, C.V., Alves, L.E.M. 1990. A evolução tectono-
Brazilian continental margin. The Leading Edge, 18(7): 800-804. sedimentar e o habitat do óleo da Bacia do Ceará. Boletim de
Cainelli, C., Mohriak, W.U. 1999b. Some remarks on the evolution of Geociências da PETROBRAS, 4(1):65-74.
sedimentary basins along the Eastern Brazilian continental margin. Costa, M.P.A., Maia, M.C.A.C. 1986. Prováveis contatos de crosta
Episodes, 22(3):206-216. continental/oceânica no Platô de Pernambuco, Nordeste do Brasil.
Cainelli, C., Moraes Jr., J.J. 1986. Preenchimento sedimentar da Bacia In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 34, Goiânia, Anais,
do Pará–Maranhão. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 34, 2:810-823.
Goiânia, Anais, 1:131-144. Costa, M.P.A. Alves, E.C., Costa, E.A. 1991. Sismo-estratigrafia da
Caixeta, J.M., Bueno, G.V., Magnavita, L.P., Feijó, F.J. 1994. Bacias porção da bacia oceânica do Brasil adjacente ao Platô de
do Recôncavo, Tucano e Jatobá. Boletim de Geociências da Pernambuco e suas relações com o Platô e a Bacia de Pernambuco-
PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):163-172. Paraíba. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade Brasileira
Caldeira, J.L., Coutinho, L.F.C., Moraes, M.F.B. 1991. Aspectos de Geofísica, 2, Salvador, Anais, 650-655.
estruturais e sismo-estratigráficos da seção neo-cretácea e terciária Davison, I. 1999. Tectonics and hydrocarbon distribution along the
da Bacia de Barreirinhas – águas profundas. In: SBGf, Congresso Brazilian South Atlantic margin. In: Cameron, N.R., Bate, R.H.,
Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, 2, Salvador, Clure, V.S. (eds.). The oil and gas habitats of the South Atlantic,
Anais, 667-672. Geological Society [London] Special Publication, 153:133-151.
Cande, S.C., Rabinowitz, P.D. 1979. Magnetic anomalies of the Demercian, L.S. 1996. A halocinese na evolução do Sul da Bacia de
continental margin of Brazil: AAPG map, Tulsa. Santos do Aptiano ao Cretáceo Superior. Universidade Federal do
Candido, A., Cora, C.A.G. 1992. The Marlim and Albacora Giant Fields, Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado, 201 p.
Campos Basin, Offshore Brazil. In: Halbouty, M.T. (ed.). American Demercian, L.S., Szatmari, P. 1999. Thin-Skinned Gravitational Transfer
Association of Petroleum Geologists, Memoir 54: Giant Oil and Gas Zone in the Southern Part of Santos Basin. In: SBGf International
Fields of the Decade 1978-1988, Chapter 8, p. 123-135. Congress of the Brazilian Geophysical Society, 6, Rio de Janeiro, 1
Candido, A., Costa, C.A.G. 1990. The Marlim and Albacora Giant Fields, CD.
Campos Basin, Offshore Brazil, AAPG Memoir, p. 123-135. Demercian, L.S., Szatmari, P., Cobbold, P.R. 1993. Style and Pattern
Carminatti, M., Scarton, J.C. 1991. Sequence Stratigraphy of the of Salt Diapirs due to Thin-Skinned Gravitational Gliding, Campos
Oligocene Turbidite Complex of the Campos Basin, Offshore Brazil: and Santos Basins, Offshore Brazil. Tectonophysics, 228:393-433.
160 Parte I – Geologia

Dias, J.L. 1993. Evolução da fase rift e a transição rift/drift nas bacias Figueiredo, A.M.F., Mohriak, W.U. 1984. A Tectônica Salífera e as
das margens leste e sudeste do Brasil. In: SBGf, International Congress Acumulações de Petróleo da Bacia de Campos. In: SBG, Congresso
of the Brazilian Geophysical Society, 3, Rio de Janeiro, Expanded Brasileiro de Geologia, 33, Anais, Rio de Janeiro, 1380-1394.
Abstracts, 2:1328-1332. Figueiredo, A.M.F., Braga, J.A.E., Zabalaga, J.C., Oliveira, J.J., Aguiar,
Dias, J.L., Oliveira, J.Q., Vieira, J.C. 1988. Sedimentological and G.A., Silva, O.B., Mato, L.F., Daniel, L.M.F., Magnavita, L. P. 1994.
stratigraphic analysis of the Lagoa Feia Formation, rift phase of Recôncavo Basin, Brazil: a Prolific Intracontinental Rift Basin. In:
Campos Basin, offshore Brazil. Revista Brasileira de Geociências, Landon, S.M. (ed.). Interior Rift Basins: AAPG Memoir 59:157-203.
18:252-260. Fontana, R.L. 1989. Evidências geofísicas da presença de hidratos de
Dias, J.L., Sad, A.R.E., Latgé, M.A.L., Silveira, D.P. 1994a. Bacia de gás na Bacia de Pelotas – Brasil. In: Congresso da Sociedade
Pelotas: estado da arte e perspectivas exploratórias. In: PETROBRAS, Brasileira de Geofisica, 1, Rio de Janeiro, Anais, 234-248.
Seminário de Interpretação Exploratória, 2, Rio de Janeiro, Anais, Fontana, R.L. 1990. Desenvolvimento termo-mecânico da Bacia de
270-275. Pelotas e parte sul da plataforma de Florianópolis. In: Gabaglia,
Dias, J.L., Sad, A.R.E., Fontana, R.L., Feijó, F.J. 1994b. Bacia de G.P.R., Milani, E.J. (coords). Origem e evolução de bacias sedimentares.
Pelotas. Boletim de Geociências da Petrobrás, 8(1):235-245. PETROBRAS, CENSUD, Rio de Janeiro, 377-400.
Dias, J.L., Scarton, J.C., Esteves, F.R., Carminatti, M., Guardado, L.R. Fontana, R.L., Mussumeci, A. 1994. Hydrates offshore Brazil. Annals
1990. Aspectos da evolução tectono-sedimentar e a ocorrência de of the New York Academy of Sciences, International Conference on
hidrocarbonetos na Bacia de Campos. In: Gabaglia, G.P.R., Milani, natural gas hydrates, 715:106-113.
E.J. (coords.). Origem e evolução de bacias sedimentares, PETROBRAS, Fontana, R.L. 1996. SDR (Seaward-dipping reflectors) e a transição
CENSUD, Rio de Janeiro, 333-360. crustal na Bacia de Pelotas. In: SBG, Congresso Brasileiro de
Dias-Brito, D. 1982. Evolução Paleoecológica da Bacia de Campos Geologia, 39, Salvador, Anais, 5:425-430.
durante a Deposição dos Calcilutitos, Margas e Folhelhos da Furlong, K.P., Fountain, D.M. 1986. Lithospheric evolution with
Formação Macaé (Albiano e Cenomaniano?). Boletim Técnico da under-plating: Thermal considerations and seismic-petrologic
PETROBRAS, 25:84-97. consequences. Journal of Geophysical Research, 91:8285-8294.
Dias-Brito, D. 1987. A Bacia de Campos no Meso-cretáceo – Uma Garcia, A.J.V. 1991. Evolução Sedimentar da Seqüência Pré-Rift das
Contribuição a Paleoceanografia do Atlântico Sul Primitivo. Revista Bacias Costeiras e Interiores do Nordeste Brasileiro. Pesquisas,
Brasileira de Geociências, 17:162-167. Instituto de Geociências, UFRGS, 18:3-12.
Dias-Brito, D., Azevedo, R.L.M. 1986. As Seqüências Deposicionais Ge, H., Jackson, M.P.A., Vendeville, B.C. 1997. Kinematics and
Marinhas da Bacia de Campos sob a Ótica Paleoecológica. In: SBG, dynamics of salt tectonics driven by progradation. AAPG Bulletin,
Congresso Brasileiro de Geologia, 34, Goiânia, Anais, 38-49. 81:393–423.
Duval, B., Cramez, C., Jackson, M.P.A. 1992. Raft tectonics in the Gibbs, A. 1984. Structural evolution of extensional basin margins.
Kwanza Basin, Angola. Marine and Petroleum Geology, 9:389-404. Journal of the Geological Society, 141:609-620.
Eiras, J.F., Kinoshita, E.M. 1988. Evidências de movimentos Gibson, S.A., Thompson, R.N., Leonardos, O.G., Dickin, A.P., Mitchell,
transcorrentes na Bacia de Tacutu. Boletim de Geociências da J.G. 1994. The late Cretaceous impact of the Trindade plume:
PETROBRAS, 2:193-208. evidence from large-volume, mafic, potassic magmatism. In: SE
Eiras, J.F., Kinoshita, E.M. 1990. Geologia e perspectivas petrolíferas Brazil. International Symposium on the Physics and Chemistry of
da Bacia do Tacutu. In: Gabaglia, G.P.R., Milani, E.J. (coords.), the Upper Mantle, São Paulo – Brazil. Abstracts, 56-58.
Origem e evolução de bacias sedimentares. PETROBRAS, CENSUD, Rio Gladczenko, T.P., Hinz, K., Eldholm, O., Meyer, H., Neben, S., Skogseid,
de Janeiro, 197-220. J. 1997. South Atlantic volcanic margins. Journal of the Geological
Eiras, J.F., Kinoshita, E.M., Feijó, F.J. 1994. Bacia do Tacutu. Boletim Society of London, 154:465-470.
de Geociências da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):83-89. Gomes, B.S. 1992. Integração preliminar dos dados gravimétricos
Emery, K.O., Uchupi, E. 1984. The geology of the Atlantic Ocean. marítimos da PETROBRAS e do Projeto Leplac: Bacias de Campos,
Springer-Verlag, New York, 1.050 p. Santos e Pelotas. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 37,
Fainstein, R. 1999. Brazil Expands Exploration of its twenty Offshore São Paulo–SP, Anais, 1:559-560.
Sedimentary Basins. Pennwell Offshore Magazine, October, 56-60. Gomes, P.O., Severino, M.C.G., Gomes, B.S. 1993. Projeto LEPLAC:
Fainstein, R., Jamieson, G., Hannan, A., Eiles, N., Krueger, A., Schelander, Interpretação Integrada dos Dados Geofísicos do Prospecto LEPLAC-
D. 2001. Offshore Brazil Santos Basin exploration potential from IV – Margem Continental Sul Brasileira. In: SBGf, Cong. Int. Soc.
recently acquired seismic data. In: SBGf, International Congress of Bras. Geof., 3, Rio de Janeiro, Anais, 2:1275-1280.
the Brazilian Geophysical Society, 7, Salvador, Anais, 52-55. Gomes, P.O., Gomes, B.S., Palma, J.J.C., Jinno, K., Souza, J.M. 2000.
Falvey, D.A. 1974. The Development of Continental Margins in Plate Ocean-continent transition and tectonic framework of the oceanic
Tectonic Theory. The APEA Journal, 14(1):95-106. crust at the continental margin off NE Brazil: results of LEPLAC
Falvey, D.A., Middleton, M.F. 1981. Passive continental margins: Project. In: Mohriak, W.U., Talwani, M. (edS.). Atlantic rifts and
evidence for a pré-breakup deep crustal metamorphic subsidence continental margins, AGU Geophysical Monograph 115:261-291.
mechanism. Oceanologica Acta, 4:103-114. Gonçalves, A., Oliveira, M.A.M., Motta, S.O. 1979. Geologia da plataforma
Feijó, F.J. 1994a. Bacia de Barreirinhas. Boletim de Geociências da continental sul brasileira. Boletim Técnico da PETROBRAS, 22:157-
PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):103-109. 174.
Feijó, F.J. 1994b. Bacia de Pernambuco–Paraíba. Boletim de Geociências Gonçalves, F.T.T., Bedregal, R.P., Coutinho, L.F.C., Mello, M.R. 2000.
da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):143-147. Petroleum system of the Camamu-Almada Basin: a quantitative
Feijó, F.J. 1994c. Bacia de Sergipe–Alagoas. Boletim de Geociências da modeling approach. In: Mello, M.R., Katz, B.J. (eds.). Petroleum
PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):149-161. systems of South Atlantic margins: AAPG Memoir 73:257-271.
Figueiredo, A.M.F. 1985. Geologia das bacias brasileiras. In: Viro, E.J. Gontijo, R.C., Santos, C.F. 1992. Compartimentação e alinhamentos
(ed.). Avaliação de Formação no Brasil. Schlumberger, Rio de Janeiro, estruturais transversais da Bacia de Cumuruxatiba (BA). In: SBG,
I:1–38. Congresso Brasileiro de Geologia, 37, São Paulo, Anais, 1:564.
Figueiredo, A.M.F., Martins, C.C. 1990. 20 anos de Exploração da Gorini, M.A. 1993. A margem equatorial brasileira – uma visão
Bacia de Campos e o sucesso nas águas profundas. Boletim de geotectônica. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade
Geociências da PETROBRAS, 4(1):105-123. Brasileira de Geofísica, 3, Rio de Janeiro, Anais,1355-1357.
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 161

Guardado, L.R., Spadini, A.R. 1987. Evolução Deposicional e Koutsoukos, E.A.M. 1984. Evolução Paleoecológica do Albiano ao
Distribuição das Fáceis do Macaé Inferior (Eomesoalbiano, Bacia Maestrichtiano na Área Noroeste da Bacia de Campos, Brasil, com
de Campos). Boletim de Geociências da PETROBRAS, 1:237-240. base em Foraminíferos. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 33,
Guardado, L.R., Gamboa, L.A.P. Luchesi, C.F. 1989. Petroleum geology Rio de Janeiro, Anais, 2:685.
of the Campos Basin, a model for a producing Atlantic-type basin. Koutsoukos, E.A.M. 1987. A Área Noroeste da Bacia de Campos, Brasil,
In: Edwards, J. D., Santogrossi, P.A. (eds.). Divergent/Passive Margin do Mesocretáceo ao Neocretáceo: Evolução Paleoambiental e
Basins. Am. Assoc. Pet. Geol. Mem., 48:3-79. Paleogeográfica pelo Estudo de Foraminíferos. Revista Brasileira de
Guardado, L.R., Spadini, A.R., Brandão, J.S.L., Mello, M.R. 2000. Geociências, 17:168-172.
Petroleum System of the Campos Basin, Brazil. In: Mello, M.R., Koutsoukos, E.A.M., Dias-Brito, D. 1987. Paleobatimetria da Margem
Katz, B.J. (eds.). Petroleum systems of South Atlantic margins, Continental do Brasil durante o Albiano. Revista Brasileira de
AAPG Memoir 73:317- 324. Geociências, 17:86-91.
Guerra, M.C.M., Szatmari, P., Conceição, J.C.J., Abdalla, E.T.C., Cobbold, Kowsmann, R.O., Costa, M.P.A., Boa Hora, M.P., Guimarães, P.P. 1982.
P.R. 1992. Fluxo de sal na Bacia do Espírito Santo e seu relacionamento Geologia estrutural do Platô de São Paulo. In: SBG, Cong. Bras.
ao vulcanismo dos Abrolhos. Rel. Int. PETROBRAS – Cenpes, 27 p. Geol., 32, Salvador, BA, Anais, 4:1558-1569.
Guimarães, P.P.D. et al. 1982. Modelagem gravimétrica na porção sul Koyi, H.A. 2000. Towards dynamic restoration of geologic profiles:
do Platô de São Paulo e suas implicações geológicas. In: SBG, some lessons from analogue modelling. In: Mohriak, W.U., Talwani,
Congresso Brasileiro de Geologia, 32, Salvador, Anais, 4:1570- M. (eds.). Atlantic rifts and continental margins, AGU Geophysical
1575. Monograph 115:317-329.
Guimarães, P.T.M., Machado, E.R., Silva, S.R.P. 1989. Interpretação Kumar, N., Gamboa, L.A.P. 1979. Evolution of the São Paulo Plateau
sismo-estratigráfica em águas profundas na Bacia do Pará– (southeastern Brazilian margin) and implications for the early history
Maranhão. In: Sintex, Seminário de Interpretação Exploratória, 1, of the South Atlantic. Geological Society of America Bulletin, 90:281-
PETROBRAS – Departamento de Exploração, Rio de Janeiro, Anais, 293.
171-183. Leyden, R. 1976. Salt distribution and crustal models for the eastern
Harry, D.L., Sawyer, D.S. 1992. Basaltic volcanism, mantle plumes and Brazilian margin. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 48:159-
the mechanics of rifting: the Paraná flood basalt province of South 168.
America. Geology, 20:207-210. Lima, H.P., Aranha, L.G.F., Feijó, F.J. 1994. Bacias de Bragança–Viseu,
Heilbron, M., Mohriak, W.U., Valeriano, C.M., Milani, E.J., Almeida, J., São Luís e Gráben de Ilha Nova. Boletim de Geociências da PETROBRAS,
Tupinambá, M. 2000. From collision to extension: the roots of the Rio de Janeiro, 8(1):111-116.
southeastern continental margin of Brazil. In: Mohriak, W.U., Macedo, J.M. 1989. Evolução tectônica da Bacia de Santos e áreas
Talwani, M. (eds.). Atlantic rifts and continental margins, AGU continentais adjacentes. Boletim de Geociências da PETROBRAS, Rio
Geophysical Monograph, 115:1-32. de Janeiro, 3(3):159-173.
Henry, S.G., Brumbaugh, W. 1995. Pré-Salt Rock Development on Machado Jr., D.L. 2001. Transcorrência associada ao alinhamento de
Brazil’s Conjugate Margin: West African Examples. In: SBGf, Guapiara. In: SBG, Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 6,
International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 4, Rio Recife–PE, Resumos, 209-212.
de Janeiro, Expanded Abstracts, I:68-70. Magnavita, L.P., Cupertino, J.A. 1987. Concepção atual sobre as bacias
Hinz, K. 1981. A Hypothesis on Terrestrial Catastrophes: Wedges of de Tucano e Jatobá, Nordeste do Brasil. Boletim de Geociências da
Very Thick Oceanward Dipping Layers beneath Passive Continental PETROBRAS, Rio de Janeiro, 1:119-134.
Margins. Geologisches Jahrbuch, E(22):3-28. Magnavita, L.P., Cupertino, J.A. 1988. A new approach to the geologic
Jackson, M.P.A., Cramez, C., Fonck, J.M. 2000. Role of subaerial configuration of the Lower Cretaceous Tucano and Jatobá basins,
volcanic rocks and mantle plumes in creation of South Atlantic northeastern Brazil. Revista Brasileira de Geociências, 18(2):222-230.
margins: implications for salt tectonics and source rocks. Marine Manighetti, I., Tapponnier, P., Gillot, P.Y., Jacques, E., Courtillot, V.,
and Petroleum Geology, 17:477-498. Armijo, R., Ruegg, J.C., King, G. 1998. Propagation of rifting along
Jackson, M.P.A., Cramez, C., Mohriak, W.U. 1998. Salt tectonics the Arabia–Somalia plate boundary: into Afar. Journal of Geophysical
provinces across the continental – oceanic boundary in the Lower Research, 103(B3):4947-4974.
Congo and Campos Basins on the South Atlantic Margins. AAPG Marques, A. 1990. Evolução tectono-sedimentar e perspectivas
International Conference and Exhibition, Rio Janeiro, Brazil, exploratórias da Bacia de Taubaté, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira
Extended Abstract, 40-41. de Geociências, 4(3):253-262.
Jenkyns, H.C. 1980. Cretaceous anoxic events: from continents to Mascle, J., Blarez, E. 1987. Evidence for transform margin evolution
oceans: Journal of the Geological Society of London, 137:171-188. from the Ivory Coast–Ghana continental margin. Nature, 326:376-
Jinno, K., Souza, J.M. 1999. Brazilian undersea features: A Gazetteer 81.
of geographical names. In: SBGf, International Congress of the Mascle, J., Lohmann, P., Clift, P. 1997. Development of a passive margin:
Brazilian Geophysical Society, 6, Rio de Janeiro, 1 CD ROM. Côte d’Ivoire–Ghana transform margin – ODP Leg 159 preliminary
Johann, P. 1999. Reservoir Geophysics in Deep and Ultra-DeepWater results. GeoMarine Letters, 17:4-11.
Oil Fields Campos Basin. In: Brazil. 6th International Congress of Matos, R.M.D. 1989. Imagem Sísmica crustal na bacia Potiguar emersa.
the Brazilian Geophysical Society, SBGf, Anais, 16699, p. 1-4. In: SBGf, Congresso da Sociedade Brasileira de Geofísica, 1, Rio de
Karner, G.D., Driscoll, N.W. 1999. Tectonic and stratigraphic Janeiro, Anais, 223-227.
development of the West African and eastern Brazilian margins: Matos, R.M.D. 1992. The Northeastern Brazilian Rift System. Tectonics,
Insights from quantitative basin modelling. In: Cameron, N.R., 11:766-791.
Bate, R.H., Clure, V.S. (eds.). The oil and gas habitats of the South Matos, R.M.D. 1993. Early Cretaceous rifting in Northeast Brazil:
Atlantic, Geological Society [London] Special Publication 153:11- chronology, basin geometry and tectonics. In: SBGf, International
40. Congress of the Brazilian Geophysical Society, 3, Rio de Janeiro,
Karner G.D. 2000. Rifts of the Campos and Santos Basins, Southeastern Anais, 1261-265.
Brazil: Distribution and Timing. In: Mello, M.R., Katz, B.J. (eds.). Matos, R.M.D. 1999a. From oblique rifting to a transform margin: the
Petroleum systems of Sout Atlantic margins. AAPG Memoir 73:301- opening of the Equatorial Atlantic. In: SBGf, International Congress
315. of the Brazilian Geophysical Society, 6, Rio de Janeiro, 1 CD ROM.
162 Parte I – Geologia

Matos, R.M.D. 1999b. History of the northeast Brazilian rift system: Milani, E.J., Thomaz Filho, A. 2000. Sedimentary basins of South
kinematic implications for the break-up between Brazil and West America. In: Cordani, U.G., Milani, E.J., Thomaz Filho, A., Campos,
Africa. In: Cameron, N.R., Bate, R.H., Clure, V.S. (eds.). The oil and D.A. (eds.). Tectonic evolution of South America, 31 International
gas habitats of the South Atlantic. Geological Society, London, Geological Congress, 31, Rio de Janeiro, 389-449.
Special Publications, 153:55-73. Milani, E.J., Zalán, P.V. 1999. An outline of the geology and petroleum
Matos, R.M.D. 2000. Tectonic evolution of the equatorial South systems of the Paleozoic interior basins of South America. Episodes,
Atlantic. In: Mohriak, W.U., Talwani, M. (eds.). Atlantic rifts and 22(3):199-205.
continental margins, AGU Geophysical Monograph 115:331-354. Mizusaki, A.M.P. 1989. A formação Macau na porção submersa da
Matos, R.M.D., Waick, R.N. 1998. A unique transform margin: the Bacia Potiguar. Boletim de Geociências da PETROBRAS, 3(3):191-
Equatorial Atlantic. In: Mello, M. R., Yilmaz, P.O. (eds.). AAPG, 200.
International Conference and Exhibition, 1998, Rio Janeiro, Brazil, Mizusaki, A.M.P., Mohriak, W.U. 1992. Seqüências vulcano-
Extended Abstract, 798-799. sedimentares na região da plataforma continental de Cabo Frio,
McKenzie, D. 1978. Some Remarks on the Development of Sedimentary RJ. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 37, São Paulo, SP,
Basins. Earth and Planetary Science Letters, 40:25-32. Resumos Expandidos, 2:468-469.
Meisling, K.E., Cobbold, P.R., Mount, V.S. 2001. Segmentation of an Mizusaki, A.M.P., Thomaz Filho, A. Valença, J.G. 1988. Volcano-
obliquely rifted margin, Campos and Santos basins, southeastern Sedimentary Sequence of Neocomian age in Campos Basin (Brazil).
Brazil. AAPG Bull, 85(11):1903-1924. Revista Brasileira de Geociências, 18:247-251.
Meissner, R. 2000. The mosaic of terranes in Central Europe as seen by Mizusaki, A.M.P., Thomaz Filho, A., Milani, E.J., Césero, P. 2002.
Deep Reflection Studies. In: Mohriak, W.U., Talwani, M. (eds.). Atlantic Mesozoic and Cenozoic igneous activity and its tectonic control
rifts and continental margins, AGU Geophysical Monograph 115:33- in northeastern Brazil. Journal of South American Earth Sciences,
55. 15(2):183-198
Mello, M.R., Gaglianone, P.C., Brassel, S.C., Maxwell, J.R. 1988. Mohriak, W.U. 1989. Métodos e ferramentas para caracterização de
Geochemical and biological marker assessment of depositional estruturas profundas e processos formadores de bacias sedimentares.
environment using Brazilian “offshore” oils. Marine and Petroleum In: PETROBRAS, Seminário de Interpretação Exploratória, 1, Rio de
Geology, 5:205-223. Janeiro, Anais, 327-337.
Mello, M.R., Mohriak, W.U., Koutsoukos, E.A.M., Bacoccoli, G. 1994. Mohriak, W.U. 1995a. Salt tectonics structural styles: contrasts and
Selected Petroleum Systems in Brazil. In: Magoon, L.B., Dow, W.G. similarities between the South Atlantic and the Gulf of Mexico. In:
(eds.). The Petroleum System – from Source to Trap, AAPG Memoir Travis, C.J., Harrison, H., Hudec, M.R., Vendeville, B.C., Peel, F.J.,
60:499-512. Perkins, B.E. (eds.). Salt, Sediment and Hydrocarbons, GCSSEPM
Mello, M.R., Mosmann, R., Silva, S.R.P., Maciel, R.R., Miranda, F.P. Foundation 16th Annual Research Conference, Houston, Texas,
2001. Foz do Amazonas area: The last frontier for elephant 177-191.
hydrocarbon accumulations in the South Atlantic realm, In: Downey, Mohriak, W.U. 1995b. Elusive salt tectonics in the deep-water region
M.W., Threet, J.C., Morgan, W.A. (eds.). Petroleum provinces of the of the Sergipe–Alagoas basin: evidence from deep seismic reflection
twenty-first century, AAPG Memoir 74:403-414. profiles. In: SBGf, International Congress of the Brazilian Geophysical
Mello, S.L.M., Costa, M.P.A., Miranda, C.A., Boa Hora, M.P. 1988. Society, 4, Rio de Janeiro, 51-54.
Modelagem gravimétrica do limite crosta oceânica/continental na Mohriak, W.U. 2001. Salt tectonics, volcanic centers, fracture zones
região do Platô de Pernambuco. In: SBG, Congresso Brasileiro de and their relationship with the origin and evolution of the South
Geologia, 35, Belém, PA, Anais, p. 138. Atlantic Ocean: geophysical evidence in the Brazilian and West
Mello, S.L.M., Costa, M.P.A., Dias, M.S. 1993. Mapeamento geofísico African margins. In: SBGf, International Congress of The Brazilian
do fundo oceânico no largo da plataforma continental Alagoas/ Geophysical Society, 7, Salvador–Bahia – Brazil, Expanded Abstract,
Pernambuco – NE Brasil. In: SBGf, Congresso Internacional da p. 1594.
Sociedade Brasileira de Geofísica, 3, Rio de Janeiro, Anais, 1272- Mohriak, W. U., Barros, A.Z. 1990. Novas Evidências de Tectonismo
1274. Cenozóico na Região Sudeste do Brasil: O Gráben de Barra de São
Mello, S.L.M., Palma, J.J.C. 2001. The South Atlantic Ridge João na Plataforma Continental de Cabo Frio, Rio de Janeiro.
Segmentation between the Ascension and Bode Verde Fracture Revista Brasileira de Geociências, 20:187-196.
Zones. In: SBGf, International Congress of the Brazilian Geophysical Mohriak, W.U., Latgé, M.A.L. 1991. Deep Seismic Survey of Brazilian
Society, 7, Salvador, Anais, 1612-1615. Passive Margin Basins: The Southeastern Region. In: SBGf, Congresso
Melo, M.S., Riccomini, C., Hasui, Y., Almeida, F.F.M., Coimbra, A.M. Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, 2, Salvador–
1985. Geologia e evolução do sistema de bacias tafrogênicas BA, Resumos Expandidos, II:621-626.
continentais do sudeste do Brasil. Rev. Bras. Geoc., 15(3):193-201. Mohriak, W.U., Nascimento, M.M. 2000. Deep-water salt tectonics in
Milani, E.J. 1991. Anomalias gravimétricas em bacias do tipo rift: the South Atlantic sedimentary basins. In: International Geological
exemplos brasileiros. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade Congress, 31, Rio de Janeiro–RJ, Abstract, Special Symposium –
Brasileira de Geofísica, 2, Salvador, Anais, 172-176. Salt Tectonics – CD-ROM.
Milani, E.J. 1987. Aspectos da evolução tectônica das bacias do Recôncavo Mohriak, W.U., Szatmari, P. 2001. Salt tectonics and sedimentation
e Tucano Sul, Bahia, Brasil. PETROBRAS/CENPES, Cência-Técnica- along Atlantic margins: insights from seismic interpretation and
Petróleo, Seção Exploração de Petróleo, v. 18, 61 p. physical models. In: Koyi, H.A., Mancktelow, N.S. (eds.). Tectonic
Milani, E.J. 1989. Falhamentos transversais em bacias distensionais. Modeling: A volume in Honor of Hans Ramberg. Geological Society
Boletim de Geociências da PETROBRAS, 3(1/2):29-41. of America, Colorado Memoir 193:131-151.
Milani, E.J., Davison, I. 1988. Basement control and transfer tectonics Mohriak, W.E., Mello, M.R., Dewey, J.F., Maxwell, J.R. 1990a. Petroleum
in the Reconcavo–Tucano–Jatobá rift, northeast Brazil. Geology of the Campos Basin, offshore Brazil. In: Brooks, J. (eds.).
Tectonophysics, 154:47-70. Classic Petroleum Provinces, Geological Society Special Publication
Milani, E.J., Lana, M.C., Szatmari, P. 1988. Mesozoic rift basins around 50:119-141.
the northeast Brazilian microplate (Reconcavo–Tucano–Jatoba, Mohriak, W.U., Hobbs, R., Dewey, J.F. 1990b. Basin-forming processes
Sergipe–Alagoas). In: Manspeizer, W. (eds.). Triassic – Jurassic rifting, and the deep structure of the Campos Basin, offshore Brazil. Marine
Part B, Elsevier, New York, 833-858. and Petroleum Geology, 7(2):94-122.
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 163

Mohriak, W.U., Barros, A.Z., Fujita, A. 1990c. Magmatismo e Tectonismo Pereira, M.J., Trindade, L.A.F., Gaglianone, P.C. 1984. Origem e evolução
Cenozóicos na Região de Cabo Frio, RJ. In: SBG, Congresso Brasileiro das acumulações de hidrocarbonetos na Bacia de Campos. In: SBG,
de Geologia, 37, Natal, Anais, 6:2873-2885. Congresso Brasileiro de Geologia, 33, Rio de Janeiro, Anais, 10:4763-
Mohriak, W.U., Barros, M.C., Rabelo, J.H.L, Matos, R.D. 1993. Deep 4777.
seismic survey of Brazilian Passive Basins: the northern and Pereira, M.J., Barbosa, C.M., Agra, J., Gomes, J.B., Aranha, L.G.F., Saito,
northeastern regions. In: SBGf, International Congress of the Brazilian M., Ramos, M.A., Carvalho, M.D., Stamato, M., Bagni, O. 1986.
Geophysical Society, 3, Rio de Janeiro, RJ, Anais, 2:1134-1139. Estratigrafia da Bacia de Santos: análise das seqüências, sistemas
Mohriak, W.U., Rabelo, J.H.L., Matos, R.D., Barros, M.C. 1995a. Deep deposicionais e revisão litoestratigráfica. In: SBG, Congresso Brasileiro
Seismic Reflection Profiling of Sedimentary Basins offshore Brazil: de Geologia, 34, Goiânia, Anais, 1:65-79.
Geological Objectives and Preliminary Results in the Sergipe Basin. Peres, W.E. 1993, Shelf-Fed Turbidite System Model and its Application
Journal of Geodynamics, 20:515-539. to the Oligocene Deposits of the Campos Basin, Brazil. AAPG Bulletin,
Mohriak, W.U., Macedo, J.M., Castellani, R.T., Rangel, H.D., Barros, 77:81-101.
A.Z.N., Latgé, M.A.L., Ricci, J.A., Misuzaki, A.M.P., Szatmari, P., Pessoa, J., Martins, C.C., Heinerici, J., Jahnert, R.J., França, A.B., Trindade,
Demercian, L.S., Rizzo, J.G., Aires, J.R. 1995b. Salt tectonics and L.A., Francisco, C. 1999. Petroleum system and seismic expression in
structural styles in the deep-water province of the Cabo Frio region, the Campos Basin. In: SBGf, International Geophysical Congress of
Rio de Janeiro, Brazil. In: Jackson, M.P.A., Roberts, D.G., Snelson, the Brazilian Geophysical Society, 6, Rio de Janeiro, 1 CD-ROM.
S. (eds.). Salt tectonics: a global perspective, AAPG Memoir 65:273- Ponte, F.C., Asmus, H.E. 1978. Geological Framework of the Brazilian
304. Continental Margin. Geologische Rundschau, 67:201-235.
Mohriak, W.U., Palagi, P.R., Mello, M.R. 1998a. Tectonic evolution of Ponte, F.C., Fonseca, J.R., Morales, R.E. 1977. Petroleum geology of
South Atlantic salt basins. AAPG International Conference and the eastern Brazilian Continental Margin. AAPG Bulletin, 61:1470-
Exhibition, Rio de Janeiro, Abstract volume, 424-425. 1482.
Mohriak, W.U., Bassetto, M. Vieira, I.S. 1998b. Crustal Architecture Ponte, F.C., Fonseca, J.R., Carozzi, A.V. 1980. Petroleum Habitats in
and Tectonic Evolution of the Sergipe–Alagoas and Jacuípe Basins, the Mesozoic-Cenozoic of the Continental Margin of Brazil. In: Miall,
Offshore Northeastern Brazil. Tectonophysics, 288:199-220. D.A. (ed.). Facts and Principles of World Petroleum Occurrence: Canadian
Mohriak, W.U., Jackson, M.P.A., Cramez, C. 1999. Salt tectonics Society of Petroleum Geologists, Memoir 6:857-886.
provinces across the continental-oceanic boundary in the Brazilian Pontes, C.E.S., Castro, F.C.C., Rodrigues, J.J.G., Alves, R.R.P., Castellani,
and West African margins. In: SBGf, International Congress of the R.T., Santos, S.F., Monis, M.B. 1991. Reconhecimento Tectônico e
Brazilian Geophysical Society, 6, Rio de Janeiro, 1 CD-ROM. Estratigráfico da Bacia Sergipe–Alagoas em Águas Profundas. In:
Mohriak, W.U., Mello, M.R., Bassetto, M., Vieira, I.S., Koutsoukos, E.A.M. SBGf, Congresso Brasileiro de Geofísica, 2, Salvador, BA, Boletim de
2000. Crustal architecture, sedimentation, and petroleum systems Resumos Expandidos, II:638-643.
in the Sergipe–Alagoas Basin, Northeastern Brazil. In: Mello, M.R., Rabinowitz, P.D., LaBreque, J. 1979. The Mesozoic South Atlantic Ocean
Katz, B.J. (eds.). Petroleum systems of South Atlantic margins, AAPG and evolution of its continental margins. Journal of Geophysical
Memoir 73:273-300. Research, 84(B11):5973-6002.
Müller, R.D., Roest, W.R., Royer, J.Y., Gahagan, L.M., Sclater, J.G. 1997. RADAMBRASIL. 1983. Projeto Radambrasil – Folhas SC-23/24, Rio de
Digital isochrons of the world ‘s ocean floor: Journal of Geophysical Janeiro/Vitória. MME/SG, Rio de Janeiro, 32:27-304.
Research, 102(B2):3211–3214. Rangel, H.D., Martins, F.A.L., Esteves, F.R., Feijó, F.J. 1994. Bacia de
Munis, M.B.1997. Integração dos dados magnetométricos das bacias Campos. Boletim de Geociências da PETROBRAS, 8(1):203-218.
de Campos e Santos. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade Rangel, H.D., Santos, P.R., Quintães, C.M.S.P. 1998. Roncador Field, a
Brasileira de Geofísica, 5, São Paulo, Anais, 41-42. New Giant in Campos Basin, Brazil. Offshore Technology Conference,
Mutter, J.C. 1985. Seaward Dipping Reflectors and the Continent- OTC 8876, Houston, 579-587.
Ocean Boundary at Passive Continental Margins, Tectonophysics, Renne, P.R., Ernesto, M., Pacca, I.G., Coe, R.S., Glen, J.M., Prévot, M.,
114:117-131. Perrin, M. 1992. The age of Paraná flood volcanism, rifting of
Mutter, J.C., Talwani, M., Stoffa, P.L. 1982. Origin of Seaward-Dipping Gondwanaland and the Jurassic-Cretaceous boundary. Science,
Reflectors in Oceanic Crust off the Norwegian Margin by “Subaerial 258:975-979.
Sea-Floor Spreading”: Geology, 10:353-357. Ricci, J.A., Becker, M.R. 1991. Análise sismo-estratigráfica no Terciário
Netto, A.S.T., Filho, J.R.W., Feijó, F.J. 1994. Bacias de Jacuípe, Camamú da Bacia de Campos. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade
e Almada. Boletim de Geociências da PETROBRAS, Rio de Janeiro, Brasileira de Geofísica, 2, Salvador, Anais, II:615-620.
8(1):173-184. Riccomini, C., Francisco, B.H.R. 1992. Idade Potássio-Argonio do
Ojeda, H.A.O. 1982. Structural Framework, Stratigraphy, and Evolution derrame de ankaramito da Bacia de Itaboraí, Rio de Janeiro, Brasil:
of Brazilian Marginal Basins, AAPG Bulletin, 66:732-749. implicações tectônicas. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia,
Palma, J.J.C. 1984. Fisiografia da área oceânica. In: Schobbenhaus, 37, São Paulo, SP, Anais, 2:469-470.
C., Campos, D.A., Derze, G.R., Asmus, H.E. (eds.). Geologia do Brasil, Rosa, A.L.R. 1987. The Albacora Field: a case history of seismic amplitude
MME/DPNPM, Brasília, 429:440. mapping. Annual International SEG meeting, New Orleans, p. 499-
Parsons, M., MacQueen, J., Undli, T.H., Berstad, S., Horstad, I. 2001. A 501.
tale of three methods: volcanics in the Abrolhos Bank, Brazil. In: Rosendahl, B.R. 1987. Architecture of continental rifts with special
Society of Exploration Geophysicists, International Congress of reference to East Africa. Ann. Review Earth Planetary Sciences, 15:445-
the SEG, 2001. Abstract volume, 1 CD-ROM. 503.
Peraro, A.A. 1995. Caracterização sísmica do tectonismo transcorrente Rabinowitz, P.D., LaBrecque, J. 1979. The Mesozoic South Atlantic
na Bacia do Jatobá. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade Ocean and Evolution of its Continental Margins. Journal of Geophysical
Brasileira de Geofísica, 4, Rio de Janeiro, Anais, 1-3. Research, 84:5973-6002.
Pereira, M.J., Feijó, F.J. 1994. Bacia de Santos. Boletim de Geociências Rangel, H. D., Martins, F.A.L., Esteves, F.R., Feijó, F.J. 1994. Bacia de
da PETROBRAS, 8(1):219-234. Campos. Boletim de Geociências da PETROBRAS, 8:203-218.
Pereira, M.J., Macedo, J.M. 1990. A Bacia de Santos: perspectivas de Ricci, J.A., Becker, M.R.. 1991. Análise sismo-estratigráfica no Terciário
uma nova província petrolífera na plataforma continental sudeste da Bacia de Campos. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade
brasileira. Boletim de Geociências da PETROBRAS, 4(1):3-11. Brasileira de Geofísica, 2, Salvador, II:615-620.
164 Parte I – Geologia

Rodarte, J.B.M. 2001. Determinação do Limite Crustal na Margem South Atlantic volcanic margin. In: SBGf, Cong. Int. Soc. Bras.
Centro-Leste Brasileira Integração de um Novo Método com Geof., 3, Rio de Janeiro, RJ. Anais, 2:1336-1341.
Modelagens Crustais e Mapeamento Sísmico. In: SBGf, International Souza Cruz, C.E. 1998. South Atlantic paleoceanographic events
Congress of the Brazilian Geophysical Society, 7, Salvador, Anais, recorded in the Neogene deep water section of the Campos Basin,
990-993. Brazil. In: Mello, M.R., Yilmaz, P.O. (eds.). AAPG International
Russo, L.R. 1999. Leplac: isópacas de sedimentos e profundidade do Conference and Exhibition, Rio de Janeiro – Brazil, Extended
embasamento na margem continental brasileira. In: SBGf, Abstracts Volume, p. 690.
International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 6, Rio Souza Cruz, C.E. 2001. Sequence stratigraphy, facies analysis and
de Janeiro, 1 CD. paleoceanographic events of the Neogene deep-water section in
Sad, A.R.E., Silveira, D.P., Machado, M.A.P. 1997. Hidratos de gás the Campos Basin, offshore Brazil. In: SBGf, International
marinhos: a mega-ocorrência da Bacia de Pelotas/Brasil. In: SBGf, Congress of the Brazilian Geophysical Society, 7, Salvador,
International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 5, São Anais, 49-51.
Paulo, Expanded Abstracts, I:71-74. Souza Cruz, C.E., Appi, C.J. 1999. Distribution Pattern and
Sad, A.R.E., Silveira, D.P., Silva, S.R.P., Maciel, R., Machado, M.A. Sedimentation of the Neogene Deep Water Section in the Campos
1998. Marine gas hydrates along the Brazilian margin. AAPG Basin, Offshore Brazil. In: SBGf, International Congress of the
International Conference and Exhibition, Rio Janeiro, Brazil, Brazilian Geophysical Society, 6, Rio de Janeiro, 1 CD-ROM.
Extended Abstract, 146-147. Szatmari, P. 2000. Habitat of petroleum along the South Atlantic
Sadowski, G.R., Dias Neto, C.M. 1981. O lineamento sismo-tectônico margins. In: Mello, M.R., Katz, B.J. (eds.). Petroleum systems of
do Cabo Frio. Revista Brasileira de Geociências, 11(4):209-212. South Atlantic margins, AAPG Memoir 73:69-75.
Sandwell, D., Smith, W. 1997. Marine gravity anomaly from GEOSAT Szatmari, P., Demercian, L.S. 1993. Tectônica de sal na margem
and ERS-1 satellite altimetry. Journal of Geophysical Research, sudeste brasileira. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade
102:10.039-10.054. Brasileira de Geofísica, 3, Anais, 1347-1351.
Santos, C.F., Gontijo, R.C., Araújo, M.B., Feijó, F.J. 1994. Bacias de Szatmari, P., Mohriak, W.U. 1995. Plate model of postbreakup
Cumuruxatiba e Jequitinhonha. Boletim de Geociências da tectono-magmatic activity in SE Brazil and the adjacent Atlantic.
PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):185-190. In: SBG, Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 5, Gramado,
Santos, C.F., Braga, J.A.E. 1990. O “estado da arte” da Bacia do RS, Resumos Expandidos, 213-214.
Recôncavo. Boletim de Geociências da PETROBRAS, 4(1):35-43. Szatmari, P., Milani, E.J. 1999. Microplate rotation in northeast
Santos, C.F., Cupertino, J., Braga, J.A.E. 1990. Síntese sobre a geologia Brazil during South Atlantic rifting: analogies with the Sinai
das bacias do Recôncavo, Tucano e Jatobá. In: Gabaglia, G.P.R., microplate. Geology, 27(12):1115-1118.
Milani, E.J. (coords.). Origem e evolução de bacias sedimentares. Szatmari, P., Conceição, J.C.J., Lana, M.C., Milani, E.J., Lobo, A.P.
PETROBRAS, Rio de Janeiro, 235-266. 1984. Mecanismo tectônico do rifteamento Sul-Atlântico. In:
Severino, M.C.G., Gomes, B.S. 1991. Projeto Leplac: Interpretação SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 33, Rio de Janeiro, Anais,
preliminar dos dados sísmicos e gravimétricos do Prospecto LEPLAC- 1589-1601.
I. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Szatmari, P., Milani, E.J., Lana, M.C., Conceição, J., Lobo, A.P. 1985.
Geofísica, 2, Salvador, BA, Resumos Expandidos, II:597-602. How South Atlantic rifting affects Brazilian oil reserves distribution.
Sichel, S.E., Maia, M., Esperança, S. Hekinian, R., Juteau, T., Carneiro, Oil and Gas Journal, 14:107-113.
L.M., Alves. E.C. 2000. Synthesis on the Tectonics and Geochemistry Szatmari, P., Françolin, J.B.L., Zanotto, O., Wolff, S. 1987. Evolução
of the St. Paul Transform Fault, Equatorial Atlantic. In: SBGf, tectônica da margem equatorial brasileira. Revista Brasileira de
International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 7, Geociências, 17(2):180-188.
Salvador, Anais, 1608-1611. Szatmari, P., Guerra, M.C.M., Pequeno, M.A. 1996. Genesis of large
Silva, S.R.P., Rodarte, J.B.M. 1989. Bacias da Foz do Amazonas e counter-regional normal fault by flow of Cretaceous salt in the
Pará–Maranhão (águas profundas): uma análise sismo-estratigráfica, South Atlantic, Santos Basin, Brazil. In: Alsop, G.I., Blundell,
tectono-sedimentar e térmica. In: SBGf, Congresso da Sociedade D.J., Davison, I. (eds.). Salt Tectonics: Geological Society of London,
Brasileira de Geofísica Anais, 1, Rio de Janeiro, 2:843-852. Special Publication 100:259-264.
Silva, S.R.P., Maciel, R.R. 1998. Foz do Amazonas Basin hydrocarbon Szatmari, P., Conceição, J.C.J., Destro, N., Smith, P.E., Evensen, N.M.,
system. AAPG International Conference and Exhibition, Rio Janeiro, York, D., 2000. Tectonic and sedimentary effects of a hotspot
Brazil, Extended Abstract, 480-481. track of alkali intrusions defined by Ar-Ar dating in SE Brazil. In:
Silva, S.R.P., Maciel, R.R., Severino, M.C.G. 1999. Cenozoic tectonics International Geological Congress, 31, Rio de Janeiro, Abstract
of Amazon Mouth Basin. Geo-Marine Letters, 18:256-262. Volume, CD-ROM.
Silveira, D.P. 1993. Leplac Equatorial: interessantes estruturas Talwani, M., Abreu, V. 2000. Inferences regarding initiation of oceanic
geológicas interpretadas em linha sísmicas do Leplac Equatorial. crust formation from the U.S. East Coast margin and conjugate
In: SBGf, Congresso Brasileiro da Sociedade Brasileira de Geofísica, South Atlantic margins. In: Mohriak, W.U., Talwani, M. (eds.).
3, Rio de Janeiro, Anais, 1231-1234. Atlantic rifts and continental margins, AGU Geophysical Monograph
Sobreira, J.F.F. 1996. Complexo Vulcânico de Abrolhos – proposta 115: 211-233.
de modelo tectono-magmático. In: SBG, Congresso Brasileiro de Turner, S., Regelous, M., Kelley, S., Hawkesworth, C., Mantovani,
Geologia, 39, Salvador, Simpósios, 387-391. M.S.M. 1994. Magmatism and continental break-up in the South
Sobreira, J.F.F. 1997. Estruturas híbridas tipo gaivota/sinclinal Atlantic: high precision 40 Ar- 39 Ar geochronology. Earth and
periférico relacionadas a diques ígneos, na Bacia do Espírito Santo. Planetary Science Letters, 121:333-348.
In: SBG, Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 6, Pirinópolis– Turner, S.P., Hawkesworth, C.J., Gallagher, K., .Stewart, K., Peate,
GO, Anais, 156-158. D.W., Mantovani, M.S.M. 1996. Mantle plumes, flood basalts and
Sobreira, J.F.F. 1999. Evidences of neotectonic activity in the Espírito thermal models for melt generation beneath continents:
Santo Basin and adjoining areas offshore. In: SBG, Simpósio assessment of a conductive heating model and application to
Nacional de Estudos Tectônicos, 7, Lençóis, Anais, 33-36. the Paraná. Journal of Geophysical Research, 101:1503-1518.
Souza, K. G., Fontana, R.L., Mascle, J., Macedo, J.M., Mohriak, W.U., Uesugui, N. 1987. Posição estratigráfica dos evaporitos da Bacia de
Hinz, K. 1993. The southern Brazilian margin: an example of a Sergipe–Alagoas. Revista Brasileira de Geociências, 17(2):131-134.
III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira 165

Ussami, N., Karner, G.D., Bott, M.H.P. 1986. Crustal detachment during
South Atlantic rifting and formation of Tucano-Gabon basin system.
Nature, 322:629-632.
Van der Ven, P.H., Cunha, C.G.R., Biassussi, A.S. 1998. Structural
Styles in the Espírito Santo–Mucuri Basin, Southeastern Brazil. In:
AAPG, International Conferecence and Exhibition, Extended
Abstracts, 374-375.
Vieira, R.A.B., Mendes, M.P., Viera, P.E., Costa, L.A.R., Tagliari, C.V.,
Bacelar, L.A.P., Feijó, F.J. 1994. Bacias do Espírito Santo e Mucuri.
Boletim de Geociências da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):191-
202.
Wanderley Fillho, J.R., Graddi, J.C.S.V. 1995. Estilos estruturais da
Bacia de Jacuípe. In: SBG, Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos,
5, Gramado, RS, Anais, 325-326.
White, R.S., McKenzie, D.P. 1989. Magmatism at rift zones: the
generation of volcanic continental margins and food basalts.
Journal of Geophysical Research, 94:7685-7729.
Williams, B.G., Hubbard, R.J. 1984. Seismic stratigraphic framework
and depositional sequences in the Santos Basin, Brazil. Marine and
Petroleum Geology, 1:90-104.
Zalán, P.V. 1999. Seismic expression and internal order of gravitational
fold-and-thrust belts in Brazilian deep waters. In: SBGf,
International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 6, Rio
de Janeiro, Abstract volume, SBGf, 4 p.
Zalán, P.V. 2001. Growth Folding in Gravitational Fold-and-Thrust
Belts in the Deep Waters of the Equatorial Atlantic, Northeastern
Brazil. In: SBGf, International Congress of the Brazilian Geophysical
Society, 7, Salvador, Anais, 998-1001.
Zalán, P.V., Warme, J.E. 1985. Tectonics and sedimentation of the
Piauí–Camocim sub-basin, Ceará Basin, Offshore Northeastern Brazil.
Boletim Ciência–Técnica–Petróleo, PETROBRAS, Seção Exploração
de Petróleo, n. 17, PETROBRAS, Rio de Janeiro, 71 p.
Zalán, P.V., Wolff, S., Astolfi, M.A.M., Vieira, I.S., Conceição, J.C.J.,
Appi, V.T., Neto, E.V.S., Cerqueira, J.R., Marques, A. 1990. The Paraná
Basin, Brazil. In: Leighton, M.W., Kolata, D.R., Oltz, D.S., Eidel, J.J.
(eds.). Interior Cratonic Basins. AAPG Memoir 51: 681-701.

Nota Biográfica dos Autores


Webster Ueipass Mohriak, geólogo (USP/
1977), PhD em geologia (Universidade de
Oxford, Inglaterra/1988). Ingressou na
PETROBRAS em 1980, tendo exercido
diversas funções técnicas e gerenciais,
sendo responsável pela coordenação de
vários projetos de análise de bacias. Exerceu diversas funções
como representante técnico da PETROBRAS em projetos
multiclientes com outras instituições. Participou de projetos
de avaliação geológica de bacias internacionais, como
colaborador da Braspetro. Desde 1989 atua como docente
em cursos internos da Universidade Corporativa da PETROBRAS
e em convênios com outras instituições e universidades do
Brasil e do exterior. Seus interesses principais incluem geologia
do petróleo, tectônica de sal e estruturas profundas em bacias
sedimentares. E-mail: webmohr@petrobras.com.br

Das könnte Ihnen auch gefallen