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Tendo tomado conhecimento da intervenção, solicitámos de imediato informação sobre o projeto à APA,
através da ARHC - arhc.geral@apambiente.pt – 6.3.2017. Apesar de nunca nos terem confiado uma cópia
do projeto, nas três reuniões tidas na ARHC com os técnicos responsáveis pelo projeto, mostraram-nos
alguns dos elementos, nunca a totalidade do projeto ou outros elementos do processo. Solicitámos
novamente acesso à informação a 12.5.2017 - nuno.lacasta@apambiente.pt - tendo recebido informação
em 17.5.2017 - arhc.geral@apambiente.pt - para nos dirigirmos em 26.5.2017 para requerer a
informação a consultar. Em 20.4.2017 contactámos o curador – curador@curador.pt - do POSEUR não
obtendo resposta até à data da reclamação à Comissão Europeia em 24.05.2017. Em 12.5.2017 também
solicitámos informação ao POSEUR - helena.azevedo@poseur.portugal2020.pt - não obtendo resposta até
à data da reclamação à Comissão Europeia em 24.05.2017.
Não obstante tratar-se de uma intervenção com contrato celebrado a 7.3.2017, com subvenções
comunitárias e obra em curso, até 17.5.2010, data do vídeo da denuncia, não existe nos locais de
intervenção – Cabedelo, Leirosa ou Vagueira - qualquer publicitação à mesma, ao arrepio das regras
comunitárias. Vídeo da denuncia - https://vimeo.com/217989415
2.1. O projeto prevê que as areias a utilizar sejam extraídas por ripagem na zona de rebentação. Este
método contraria a possibilidade do reequilíbrio da dinâmica sedimentar na medida em que promove o
agravamento do deficit com a extração de sedimentos da praia submersa. O GTL, o POC e a Resolução da
Assembleia da República referem ainda, de forma explicita, que as areias devem vir das zonas de
acumulação a barlamar de estruturas portuárias de Aveiro e da Figueira da Foz. A empreitada integra a
operação POSEUR-02-1809-FC-000014 – “Proteção do Litoral na Região Centro entre as Praias do
Furadouro e Vieira”, com uma comparticipação comunitária de 85% do Fundo de Coesão e não cumpre
com os objectivos específicos do programa.
No Sumário Executivo e Recomendações do GTL, de Dezembro de 2014, pág.11 e 12, pode ler-se:
“Considera-se prioritário desenvolver uma gestão integrada e racional dos sedimentos da orla
costeira,...baseada na realimentação sedimentar, sobretudo nas células onde o risco de erosão é
crítico” e “Recomenda-se que... sejam implementadas medidas para o aproveitamento de sedimentos
em fim de ciclo, por exemplo, em zonas de acreção adjacentes a molhes portuários”.
No Programa de Execução do POC, submetido a discussão pública em Dezembro de 2015, pode ler-
se: "Os sedimentos a utilizar nas operações de alimentação serão provenientes da exploração de
manchas de empréstimos situadas em locais a definir, preferencialmente localizadas na proximidade
das praias a alimentar quando houver zonas de acumulação (barlamar de estruturas portuárias de
Aveiro e da Figueira da Foz), de forma a garantir que estes apresentem uma granulometria similar à da
praia a alimentar" – imagem 1.
Na Resolução da Assembleia da República n.º 64/2017, de 11 de Abril, pode ler-se: “...o aproveitamento
de sedimentos em fim de ciclo, promovendo o recuo da linha de costa nas zonas de acreção adjacentes
aos molhes portuários da Figueira da Foz e Aveiro”
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2.2. O projeto prevê para o Cabedelo a edificação de uma nova duna na frente da duna existente, à
revelia dos procedimentos e tipologia de intervenção previstos no âmbito do POC, comprometendo a
área útil da praia e por conseguinte a sua viabilidade para o uso balnear. A ocupação da duna conforme
projeto compromete a viabilidade do Plano de Praia para o Cabedelo conforme inscrito no POC.
2.3. O projeto prevê para o Cabedelo a edificação de um muro (obra pesada) não previsto no POC cujo
impacto na qualidade das ondas não foi considerado não obstante o relatório da ponderação da discussão
pública do POC ter inscrito a diferenciação positiva do Cabedelo, classificando-o na categoria mais
elevada para a prática do surf (nível I). Assim, o projeto deveria pugnar pela defesa deste
recurso evitando estruturas que promovam a refração da ondulação (fenómeno conhecido como onda de
ressaca - backwash) que para além do impacto negativo na qualidade das ondas comprometem a
segurança da praia de banhos para o uso balnear.
Em 2015 denunciámos a ripagem de areias na intervenção promovida pela APA, na praia da Cova, a sul
da praia do Cabedelo e a norte Praia da Leirosa. Para além da ripagem para reforço do cordão dunar a
obra também contemplou a construção da defesa aderente na raiz do molhe. Nos anos seguintes
assistimos à invasão do pinhal litoral imediatamente a sul da intervenção e à aceleração a um ritmo sem
precedentes da destruição da duna primária atrás da proteção então construída e que entretanto
colapsou.
Tratando-se de uma área com grave deficit sedimentar, o impacto da extração por ripagem na zona de
rebentação resulta na destruição da duna hidráulica – o banco de areia submerso que funciona como
primeira barreira de proteção já que promove a dissipação da energia das ondas a uma distância segura
e afasta o impacto erosivo sobre a linha de costa. Sem esta oposição o mar facilmente abre caminho em
terra como aconteceu com a invasão do pinhal a sul da intervenção da APA, na praia da Cova. Na
empreitada agora em causa, para além do impacto por via do agravamento do deficit sedimentar se
fazer sentir até à Nazaré, imediatamente a sul das áreas de ripagem em vez do pinhal temos os
aglomerados urbanos da Vagueira, Gala e Leirosa, sendo que no caso da Gala, a sul da praia do
Cabedelo, o primeiro impacto será sobre o Hospital da Figueira da Foz.
Nesta frente de costa, com cerca de 60Km, temos algumas das melhores ondas da Europa; desde o
Cabedelo onde Kelly Slater se sagrou campeão do mundo por duas vezes até à Nazaré onde Garrett
McNamara detém o recorde da maior onda alguma vez surfada. A qualidade de todas estas ondas, que
constituem um importante ativo para o país, depende diretamente do equilíbrio sedimentar, não
obstante este parâmetro nunca ser considerado nas intervenções de proteção costeira. Por outro lado,
também a negligência sobre a importância da dinâmica sedimentar está a provocar constrangimentos
graves à navegação, por via da acumulação descontrolada das areias que procuram passagem para sul na
frente da barra, responsável pela rebentação que está na origem de vários acidentes fatais desde o
prolongamento dos molhes em 2009 - https://vimeo.com/146091273.
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IMAGENS
1. PROGRAMA PARA A ORLA COSTEIRA (POC) presente a discussão pública em Dezembro de 2015, descrição da tipologia de
intervenção de alimentação artificial.
4. PRAIA DA COVA, 2016, aceleração da destruição da duna primária a um ritmo sem precedentes.
5. PRAIA DA COVA, 2017, agravamento da destruição da duna primária e colapso da obra pesada de defesa aderente na raiz do
molhe realizada em 2015.
6. PRAIA DA COVA, 2017, invasão do pinhal litoral imediatamente a sul da área das ripagens.
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