Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Não se pode compreender que normas desta natureza possam, uma vez
incorporadas ao ordenamento pátrio, (o que significa a submissão do Estado a
cumprir o quanto internacionalmente contratado), serem, ao depois, revogadas
mediante uma simples lei ordinária.
Diversa é a situação no que tange aos tratados internacionais que não digam
respeito a direitos fundamentais. Para estes, o tratamento é o de norma infra
constitucional, sujeitos à retirada do ordenamento jurídico por eventual vício
de inconstitucionalidade, (como prevê o artigo 102, III, b, da Constituição
Federal), ou pela superveniência de norma contrária posterior (“lex posterior
derogat priori.”)
3
Piovesan, Flávia. Direitos humanos. Visões Contemporâneas, Associação juízes para a Democracia, 2001.
4
O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos e o Direito brasileiro, Coord. Flávia Piovesan
e Luiz Flávio Gomes, Ed. RT, 2000.
Com base no já citado artigo 102, III, b, da Constituição Federal, o qual,
segundo o entendimento aqui defendido, não tem aplicabilidade para os
tratados que dispõem sobre direitos humanos, mas tão somente para aqueles
que versem matéria diversa, o STF equipara juridicamente qualquer tratado
internacional, independentemente da matéria tratada, ao regramento das
leis ordinárias. A partir do julgamento do recurso extraordinário 80.004, em
1977, o STF firmou o entendimento de que todo e qualquer tratado
internacional tem a mesma hierarquia de lei federal.
5
Resek, Francisco. Direito Internacional Público – Curso Elementar, Saraiva, 1989, p. 106.
todos eles tratando dos direitos, garantias e liberdades fundamentais, conforme
ressaltado supra.
Alguns defensores da tese acolhida pelo STF advogam-na também com base
em dois outros aspectos:
6
Accioly, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público, 11a ed. São Paulo: Saraiva, 1976, p. 5-6.
Quanto ao argumento de que o processo legislativo estabelecido para a
elaboração das emendas à Constituição é especial, e que portanto os tratados
não poderiam ingressar no ordenamento positivo com status de norma
constitucional, podemos vislumbrar um certo alento. É que o projeto de
reforma do Poder Judiciário, em trâmite na Comissão de Constituição e
Justiça (PEC 29/2000), prevê a inclusão de um parágrafo 3o ao artigo 5o da
Constituição Federal, estabelecendo que os tratados internacionais deverão ser
aprovados pelo mesmo processo legislativo estabelecido para as emendas
constitucionais.
CONCLUSÃO.