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A Economia Solidária e os Direitos Humanos

Edmar Roberto Prandini1


edmarrp@yahoo.com.br
edmarprandini@seplan.mt.gov.br
Março de 2018

As presentes notas respondem a um convite para dissertar sobre as experiências e as práticas


dos grupos de economia solidária, em especial mediante a atuação dos Bancos Comunitários
de Desenvolvimento, em sua correlação com as iniciativas de defesa e promoção dos direitos
humanos.

1. A primeira afirmação necessária refere-se à ênfase de que as sociedades contemporâneas


estão constituídas, em seus referenciais e proclamações políticas oficiais, como sociedades
em que os direitos humanos são a sua razão de ser. Observe-se a tônica de que trata-se de
razão de ser dos Estados, não uma mera característica circunstancial nem muito menos uma
adoção supletiva e benfazeja. Os Estados não adotam os direitos humanos, mas, recriam-se,
reconstituem-se, para concretizarem as condições de sua efetivação e subordinarem aos
direitos humanos todas as suas estruturas operacionais.

Assim, desde o final da Segunda Guerra Mundial, com a criação da Organização das Nações
Unidas e a proclamação da carta denominada Declaração Universal dos Direitos Humanos,
em 10 de dezembro de 1948, consentiram todos os Estados nacionais que aderiram à ONU,
desde o início ou posteriormente, que o fator de unidade e de convívio pacífico das nações no
âmbito das relações internacionais finca suas raízes na vigência dos direitos humanos no
interior de cada Estado nacional.

A fronteira política situa-se, desde então, na obediência dos Estados aos ditames dos direitos
humanos, tornando relativas às potências derivadas das divisões territoriais, das
determinações econômicas ou do poderio militar de cada governo, de tal modo que, ainda que
seja importante a preservação da autodeterminação política de cada nação, e a ONU,
corretamente, defenda este princípio, ela não pode ser reclamada por um governo que, em
seu nome, mantenha um regime político opressivo, em que os valores humanitários essenciais

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​Edmar Roberto Prandini é graduado em filosofia, com Mestrado em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” - campus de Araraquara. É Gestor Governamental do Governo do Estado de Mato Grosso, desde 2013.
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sejam sistematicamente desprovidos de garantia ou em que aos cidadãos não sejam


assegurados os direitos de preservação de sua vida e de suas liberdades de pensamento, de
expressão, de prática religiosa e de organização.

Os Estados nacionais que aderiram à ONU e ao seu principal documento, a Declaração


Universal dos Direitos Humanos, devem migrar suas formas políticas e práticas administrativas
governamentais para converter-se, crescentemente, em Estados não apenas “de direito”, no
sentido de que vigem relações jurídicas formais para o processamento dos conflitos, mas “de
direitos humanos”, no sentido de que as garantias de cidadania plena moldem as práticas, as
mudanças políticas e as decisões políticas das instituições sociais, vigindo a busca pela
formatação de uma democracia crescentemente substantiva no âmbito social, econômico e
político.

Desde então, na perspectiva crescente já afirmada acima, observou-se um incremento da


consciência dos direitos humanos, no que comumente habituou-se denominar de nova
geração de direitos humanos, de tal modo que, se inicialmente os direitos restringiam-se
apenas ao âmbito das relações políticas e jurídicas, ampliaram-se posteriormente,
incorporando dimensões relativas às condições sociais e econômicas, as práticas culturais e,
mais recentemente, aos chamados direitos difusos, envolvendo temas relacionados aos
direitos ambientais e intergeracionais, dentre outros.

O que tornou ainda mais exigente a necessidade de adaptação dos Estados nacionais no que
diz respeito à cobertura em toda a sua extensão do conjunto de direitos humanos,
demandando forte expansão, ao menos:

a) do universo temático de alçada das políticas públicas;


b) da produção de instrumentos jurídico-normativos coerentes e consequentes;
c) da capacidade de aprimoramentos e de inovações no que diz respeito aos instrumentos de
financiamento das políticas públicas.

2. Se a afirmação anterior evidencia uma espécie de “imperativo categórico” de


reconhecimento jurídico da exigência dos direitos humanos como ápice do sistema jurídico
vigente em cada Estado nacional, a segunda afirmação denuncia as contradições
historicamente vivenciadas entre tal sistema de direitos e as formas particulares dos agentes
políticos em cada Estado ou das relações internacionais, mormente comerciais ou de
financiamento, limitarem a sua execução, ante a resistência de segmentos sociais e
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econômicos contrários à universalização dos direitos, dados os custos redistributivos do poder


e da riqueza que lograram concentrar, ao longo da história.

Com efeito, nestas sete décadas da Declaração Universal dos Direitos Humanos, observou-se
a resistência de muitos regimes de governo de grande parte, senão de todos os Estados
signatários, em agir de forma coerente com as consequências emanadas da adesão a este
instrumento. Muitas foram as guerras; as formas de repressão políticas e ideológicas
proliferaram e sofisticaram-se; disseminaram-se governos ditatoriais; implementaram-se, para
além das antes já existentes, novos regimes de segregação racial ou políticas de genocídio
por razões religiosas ou étnicas; etc..

Muitos Estados nacionais, por força de hegemonia de segmentos políticos mais


conservadores, resistiram ou retardaram tanto quanto puderam adotar, por exemplo, modelos
universais de prestação de assistência à saúde das suas populações e, inversamente, com a
expansão da ideologia neoliberal, desenharam políticas para transformar serviços públicos em
produtos comerciais, em graus diversos de incidência das consequências negativas sobre as
suas populações respectivas.

O que distingue os agrupamentos políticos, desde então, é que alguns, progressistas,


acentuam a imposição dos ditames dos direitos humanos e pretendem construir modelos
políticos e políticas públicas que faça do Estado o guardião da sua universalidade, ou seja, de
sua oferta a todos os cidadãos, reforçando a democracia e incrementando seu conteúdo,
enquanto outros, conservadores, acentuam a limitação das condições de financiamento e de
operacionalização para aderir à mercantilização do acesso a tais direitos, ou seja, de que seu
usufruto dependerá da capacidade que o interessado tenha em pagar pelo direito, em geral,
para empresas privadas e, muitas vezes, para grupos “rentistas”. Na linguagem coloquial, os
primeiros situam-se no campo da “esquerda política” e os segundos no campo da “direita
política”.

Ao longo das décadas, observou-se muita oscilação nos movimentos da política internacional,
ora vigorando a predominância de agrupamentos mais progressistas, ora mais conservadores.
Estes, conservadores, especialmente mediantes agências de financiamento interestatais ou
privadas, tenderam, majoritariamente, a propagar imposições políticas que, por vezes,
produziram grandes tensões sociais e desordens econômicas, comumente e curiosamente
denominadas de “ajustes”, em que, quase sem exceção, os ajustes denotavam tanto a
restrição de acesso aos direitos quanto a garantia da vigência das desigualdades econômicas
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ou sua acentuação e a submissão dos governos às exigências de grandes grupos econômicos


transnacionais.

Obedientes aos “ajustes”, muitos foram os países conduzidos a crises econômicas e sociais
de grandes proporções, com enorme erosão da capacidade de atuação dos governos
nacionais na prestação dos serviços públicos, erodindo, em consequência, os direitos
humanos e sua universalidade. Cresceram os números dos moradores de rua, dos refugiados,
dos despejos por conta de endividamento bancário, dos desempregados. Por vezes, o meio
ambiente também sofreu violentas ações devastadoras.

A grande crise mais recente, iniciada em 2008, teve como epicentro o sistema bancário dos
Estados Unidos e dos países mais ricos e supostamente mais desenvolvidos do planeta, de
onde irradiou-se por todos os segmentos daquelas economias, ocasionando enormes
impactos derivados na economia internacional, recrudescendo os valores e os volumes de
comercialização de bens e serviços, mas afetando de forma mais virulenta os bens mais
essenciais, as chamadas ​commodities,​ em que classificam-se os alimentos in natura e os
minérios, dentre quais aqueles mais essenciais para a oferta de energia às sociedades.
Sabe-se bem que as commodities são produzidas pelos países mais pobres, em sua maioria,
e que tem maior peso relativo em suas economias do que nas economias dos países mais
desenvolvidos, de onde resulta que as crises recentes, de natureza financeira e econômica,
acentuaram as desigualdades internacionais.

3. A terceira afirmação não terá o condão de manifestar uma síntese, como seria de se
esperar se pudéssemos obedecer à sistematização da dialética de Hegel. Diversamente, a
realidade política e econômica contemporânea não permite vislumbrar uma síntese entre a
afirmação dos direitos humanos e as modelagens da ordem econômica e social que estão
predominando na ordem internacional. Ao contrário, as ocorrências evidenciam a
intensificação da tensão entre os dois campos: fortalecimento dos extremismos políticos e da
xenofobia; ênfase nas políticas anti-migratórias em escala internacional; expulsão dos
trabalhadores considerados “ilegais” dos países centrais; rompimento dos sistemas de
integração nacionais construídos depois da Segunda Guerra Mundial (p.ex.: Brexit);
acentuação das políticas de guerra comercial em detrimento dos países mais pobres; reversão
dos modelos políticos de inclusão social em diversos países da América Latina, inclusive o
Brasil.

Neste contexto, a construção de uma “economia solidária” representa menos o quadro de uma
concertação internacional de solidariedade capaz de disseminar os benefícios da grande
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capacidade produtiva da economia internacional a todos os habitantes do planeta, por ação


dos Estados nacionais atuando de forma sinérgica, porque não é nesta direção que estão
caminhando, e mais a formação de uma rede de movimentos alternativos de resistência social,
visando a construção de uma “outra economia possível”, conforme a formulação dos Fóruns
Sociais Mundiais, dedicados a desenvolver espaços de trabalho, produção, financiamento,
comercialização e consumo com modelos de apropriação coletiva dos resultados econômicos,
de administração autogestionária ou cooperativa do trabalho e dos empreendimentos,
desenvolvendo tecnologias adequadas aos pequenos empreendimentos e aos resultados
“sociais” almejados e atentos à preservação ambiental dos ecossistemas e das espécimes
vegetais nativas.

Bons exemplos dessa rede de movimentos de economia solidária podem ser encontrados em
organizações de “Comércio Solidário”, relativamente frequentes na Europa, que ocupam-se da
oferta de partes da produção agrícola dos pequenos produtores dos países latino-americanos
e africanos, especialmente, ou da indústria têxtil de países como Bangladesh, Sri Lanka, Índia
ou Malásia, por exemplo. Outra experiência interessante nesta direção está presente em
cooperativas e associações de produtores liderados por integrantes do Movimento Sem Terra,
em que, inclusive, desenvolvem-se “bancos de sementes”, para preservação de espécimes
não transgênicas, contra a apropriação dos recursos necessários à segurança alimentar
exclusivamente pelas empresas transnacionais.

O que caracteriza os grupos e movimentos participantes dessas redes de economia solidária é


que, de forma muito predominante, constituem-se nas periferias das economias dos países,
em suas regiões mais pobres e, obviamente, nas periferias das cidades. Podem ser grupos de
mutirão, de “catadores” de resíduos (plásticos, papéis, vidro e metais), pequenas oficinas
coletivas de produção artesanal ou semi-artesanal, funcionando em espaços cedidos por
associações de moradores, organizações religiosas ou alguns entes governamentais, de
maneira mais episódica ou temporária. Há grupos de compras comunitárias, que funcionam de
modo similar às cooperativas de consumo, sem necessariamente haver integralizações
prévias de capital; há grupos de industrialização de produtos poucos intensivos em tecnologia,
como produtos alimentícios; há grupos de compartilhamento de trabalho técnico e científico;
há grupos mais complexos, que assumem, em regime de cooperativismo autogestionário,
empreendimentos falimentares de médio ou grande porte, como fábricas, por exemplo: no
Brasil, dentre diversos empreendimentos menores, há pelo menos um empreendimento com
mais de dois mil trabalhadores envolvidos em uma associação autogestionária.
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O que une os movimentos de economia solidária aos movimentos que lutam pelos direitos
humanos é o fato de que um dos direitos humanos fundamentais é o direito ao trabalho. E, o
fato de que o trabalho livre é condição de preservação de autonomia econômica e política. O
trabalhador, assalariado ou autônomo, ao extrair do seu trabalho parte do resultado econômico
produzido, mantém, de forma livre, os seus interesses, responsabilizando-se por sua família,
por sua saúde, por seu lazer, por suas decisões religiosas, políticas e ideológicas. Pode dispor
por sua própria escolha dos caminhos que pretende seguir. Pode decidir os percursos dos
quais pretende afastar-se. E, suas decisões, de unir-se ou de afastar-se, com suas
consequências, resultam-lhe responsável, no sentido de que pode responder por cada opção,
sendo, nestas condições, desalienado e sujeito ético.

Nas condições impostas por padrões econômicos restritivos, grandes quantidades de


trabalhadores são mantidos em condições que lhes impedem de exercer sua capacidade
econômica, ou por rebaixamento dos níveis salariais, por retirada dos direitos sociais, por
desemprego, ou por restrições à atuação no mercado, em função de legislações que operam
como barreiras à livre mobilidade dos trabalhadores ou ao desenvolvimento de atividades
econômicas.

Em sociedades com mercados regidos por legislações muito restritivas, crescem as atividades
informais, algumas delas por constituírem-se em atividades nitidamente ilegais; outras delas,
pela mera incapacidade dos trabalhadores de atenderem aos dispositivos legais para a
formalização de suas atividades. No Brasil, recentemente, durante os governos Lula e Dilma,
com participação do SEBRAE e consultoria da OIT - Organização Internacional do Trabalho,
desenvolveram-se mecanismos de simplificação das condições de formalização econômica e
de redução dos custos tributários e processuais dos empreendimentos individuais e das micro
e pequenas empresas.

Por sua vez, os empreendimentos econômicos solidários enfrentam grandes dificuldades


legais para sua operação. A legislação comercial e empresarial brasileira foi construída sem a
previsão da hipótese de modelos de empreendimentos em que os resultados econômicos
fossem distribuídos mediante uma lógica distinta daquela que prevê a distribuição dos
resultados e do lucro em função correspondente à quantidade do investimento de capital
precedente. Resultados compartilhados, deliberações coletivas, retornos equitativos, não são
premissas das práticas econômicas consideradas atualmente no âmbito normativo e na
legislação.
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Assim, empreendimentos econômicos solidários além das habituais e comuns dificuldades


derivadas da própria gestão do trabalho, da produção e da comercialização em mercados
concorrenciais, ainda encontram-se desassistidos dos adequados referenciais de
enquadramento jurídico, visto que os empreendimentos não dispõem das características
predefinidas no modelo regulatório, desenhadas sob a lógica do domínio do capital e a seu
serviço, forçando a adoção de modelagens que tendem a produzir tensões internas à medida
em que os negócios vão se desenvolvendo.

Maior proximidade conceitual possuem as cooperativas, em que o direito de voto, em tese,


distingue-se do capital integralizado, mas, no Brasil, mesmo o cooperativismo sofreu
regulamentações limitadoras da sua atividade, dentre quais elevadas exigências de
participantes para sua criação. Apenas muito recentemente, uma legislação reduziu o número
de associados para as cooperativas “de trabalho”, de vinte fundadores anteriormente exigidos,
para sete integrantes. Mas, há fracionamento dos campos de atuação, por ramos de atividade,
por exemplo, que cria óbices jurídicos e burocráticos desnecessários ou ainda poucas
garantias dos poderes dos associados em contraponto àquele das direções.

4. No âmbito de quase vinte mil empreendimentos econômicos solidários identificados no


esforço de mapeamento da SENAES - Secretaria Nacional de Economia Solidária, do
Ministério do Trabalho, apenas pouco mais de trezentos atuam nas atividades de
financiamento e crédito dos trabalhadores ou dos próprios empreendimentos solidários.
Destes, os modelos mais consolidados e mais conhecidos são aqueles das associações de
microcrédito produtivo orientado, muitas das quais originárias no final da década de 1990,
atuantes sob guarida de legislação federal específica, editada em 2005, no Ano Internacional
do Microcrédito. Estas instituições são objeto de muitos estudos científicos e tem sua
experiência comparada com o desenvolvimento de outras organizações de microcrédito
atuantes internacionalmente.

O segundo grupo de experiências, também muito conhecido, refere-se àquele dos “Bancos
Comunitários de Desenvolvimento”, originários da replicação, na medida do possível, da
experiência original do “Banco Palmas”, constituído em Fortaleza (Ceará), a partir de 1997. A
originalidade do modelo do Banco Palmas pode ser afirmada por três características
principais:

a) o nascimento no interior de um conjunto de movimentos impulsionados na favela das


Palmeiras, pela Associação de Moradores local, em que as operações “financeiras” e
econômicas mantinham estreitos vínculos estratégicos e operacionais com as demais
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ações políticas da associação de moradores, inclusive reivindicatórias ou de afirmação


de autonomia política;

b) a idealização, desde o princípio, de uma “moeda social” própria, o “Palma”, em que o


valor monetário lastreava-se ao “real”, a moeda oficial do país, mas cuja emissão era
controlada pela Associação de Moradores e a circulação reservada aos limites
definidos também por ela. A conversão de reais em palmas ou a emissão de palmas
circulando apenas internamente aos limites territoriais definidos atuava como um fator
de retenção dos valores no âmbito geográfico pretendido e no empoderamente político
da Associação de Moradores local, como a única instituição capaz de produzir os
câmbios monetários quando necessários.

c) o impulso à produção, sob coordenação da Associação de Moradores, de produtos


alimentícios, têxteis e de higiene, por trabalhadores do bairro das Palmeiras, com
marca comum, e remuneração parcial dos trabalhadores na moeda própria palmas,
circulantes nos empreendimentos comerciais parceiros da Associação de Moradores,
no próprio bairro.

Ainda que tendo um início em condições bastante difíceis, os ganhos políticos (para a
Associação de Moradores), econômicos (através da moeda social, na forma de poupança em
reais, crédito em moeda social e estímulo à atividades comerciais e produtivas no próprio
bairro) e sociais (postos de trabalho gerados ou mantidos no próprio bairro e valorização e
resultante da ampla e crescente divulgação da iniciativa), retroalimentavam-se mutuamente e,
em pouco tempo, surgia o Instituto Palmas, na forma de uma OSCIP, para aumentar a
identidade do projeto e sua continuidade. isolando os desafios derivados pela origem na
Associação de Moradores do bairro.

Com a vitória eleitoral de Luis Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2002 e a
constituição, sob pressão dos movimentos de economia solidária agregados desde o Fórum
Social Mundial de 2002, o novo governo Lula, empossado em 2003, deu início às articulações
que resultaram na constituição da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), para
qual nomeou-se um condutor ao mesmo tempo forjado nas lutas sociais e na trajetória
acadêmica e intelectual, o Professor Paul Singer.

Sob sua orientação, a SENAES patrocinou a realização de conferências nacionais de


economia solidária, de onde emanou uma diretriz de fortalecimento de algumas linhas de
atuação, uma das quais, a das finanças solidárias, o que propiciou sistematizar uma forma de
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estímulo governamental ao desenvolvimento dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento,


tendo a experiência do Banco Palmas como referência metodológica.

Como consequência, desencadearam-se ações que resultaram na constituição de novos


Bancos Comunitários de Desenvolvimento em diversas regiões do país, com a criação de
correspondentes moedas sociais em cada um deles, reforçando, onde aplicou-se essa
modelagem, os vínculos entre grupos e movimentos sociais, experiências comunitárias de
trabalho, produção e comercialização de bens e serviços e estimulando a constituição de
novos empreendimentos de economia solidária, onde, segundo os números obtidos nos
mapeamentos da economia solidária, a cifra de trabalhadores envolvidos supera a casa de
milhão.

Referências Bibliográficas

BOBBIO, Norberto. ​A Era dos Direitos​. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
FRANÇA FILHO, Genauto Carvalho de; SILVA JUNIOR, Jeová Torres; RIGO, Ariádne
Scaldon. ​Solidarity finance through community development banks as a strategy for
reshaping local economies: lessons from Banco Palmas​. Revista de Administração
(FEA-USP) , v. 47, p. 500-515, 2012.
MARIA GOMEZ, José. ​Política e Democracia em Tempos de Globalização​. Petrópolis:
Vozes e Buenos Aires: CLACSO, 2000.
SCHERER-WARREN, Ilse. ​Cidadania sem fronteiras: ações coletivas na era da
globalização​. São Paulo: Hucitec, 1999.

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