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17/08/2016 Por que o socialismo não funciona

Por que o socialismo não funciona
Álvaro Pedreira de Cerqueira
Vice­presidente do Instituto Liberal­MG

Todas as doutrinas políticas prometem o bem­estar do povo, ou o que as esquerdas chamam
de ‘justiça social’, conceito que ninguém consegue definir com clareza. Aliás, nem Marx nem
seus seguidores jamais explicaram o funcionamento de uma sociedade socialista. Porém,
Ludwig von Mises, economista e professor austríaco, em seu livro ‘Socialismo’, publicado em
1922, previu com acerto que o socialismo, se levado às suas útimas conseqüências, não
poderia funcionar, isto é, satisfazer a sua promessa de prover o verdadeiro bem­estar da
sociedade. Isto porque, com o planejamento centralizado em lugar de um sistema de preços
livremente estabelecidos pelo mercado, não poderia contar com esta ferramenta – os preços
livres – indispensável para que os agentes econômicos possam determinar, com a menor
margem de erro possível, o que produzir, em que quantidades e momentos. Somente uma
economia de livre mercado, com a mínima intervenção do governo, oferece as condições para
maximizar­se a produção e o consumo, mantendo elevada a taxa de emprego. Além disso,
uma economia sadia para funcionar bem requer um sistema político assentado num
arcaboço legal (constituição) que limite o poder de legislar dos políticos e da burocracia do
Estado, e defenda os direitos fundamentais dos cidadãos, como o direito à vida, à
propriedade privada, enfim, assegure a liberdade individual, vedando qualquer tipo de
privilégio a quem quer que seja. Trata­se de um sistema em que prevaleça o governo da lei e
não a lei do governo. Este corpo de leis fundamentais deve conter apenas os artigos que
tratem destas questões fundamentais, deixando para a legislação ordinária outros detalhes
de organização da sociedade. Mas a Constituição deve impedir também que a legislação
ordinária conceda quaisquer privilégios a pessoas, grupos ou empresas.

Na Inglaterra, um outro professor austríaco, ex­aluno e colaborador de von Mises em Viena,
Friedrich Hayek, que receberia o prêmio Nobel de Economia de 1974, publicou em 1944 seu
livro ‘O caminho da servidão’, confirmando a previsão de Mises de que o socialismo, mesmo
moderado, acabaria levando a sociedade que o adotasse à tirania e ao fracasso econômico e
social. O que se confirmou após quase trinta anos de governo socialista do Partido
Trabalhista inglês, que estatizou a economia, produzindo inflação, alto desemprego e
sucateamento da indústria britânica, até que o governo liberal do Partido Conservador, com
Margaret Thatcher no poder, restaurasse a economia e o emprego. Na União Soviética, desde
1917, o socialismo já havia sido implantado à custa de umas 50 milhões de vidas. O nacional­
socialismo (ou nazismo) na Alemanha resultou na Segunda Grande Guerra, com 44 milhões
de mortos, aí incluído o extermínio de 6 milhões de judeus. Isto é o socialismo real. Veja­se
também Cuba, Albânia e Coréia do Norte, que proporcionam literalmente a fome de seus

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17/08/2016 Por que o socialismo não funciona

povos.

No Brasil as esquerdas vêm há décadas se preparando para implantar o socialismo, através
do lento processo gramsciano de doutrinação nas escolas públicas de todos os níveis e
através da imprensa. Seria o socialismo tardio, pois o fracasso desse sistema político como
forma de distribuição de riqueza está mais do que comprovado. As esquerdas argumentam
que o capitalismo, e mais recentemnte o neoliberalismo adotado no governo FHC levaram à
elevada concentração da renda e da riqueza. Ora o Brasil nunca adotou o regime democrático
de livre mercado capitalista, e somente as privatizações do governo FHC não são suficientes
para caracterizá­lo como liberal. Continuamos no sistema mercantilista da colonização
portuguesa, com o velho Estado patrimonialista e cartorial de sempre, onde o desenfreado
empreguismo com nepotismo levaram este país a ter uma das mais altas cargas tributárias
do mundo, concentrada numa  minoria da sociedade, que se destina a satisfazer os ganhos
exorbitantes e as gordas aposentadorias da alta burocracia, e nada beneficia os cidadãos
contribuintes ou não. Estes, por não terem, em sua maioria, acesso ao ensino básico, nem ao
saneamento nem à saúde pública, não se podem habilitar a bons empregos, com
remuneração condigna, e se mantêm na condição de "excluídos" da economia monetária, na
pobreza ou mesmo na miséria. A implantação do socialismo não vai alterar essas causas. Vai
mantê­las, distribuindo a pouca riqueza entre os militantes dos partidos socialistas então
aboletados nos cargos públicos, formando a nova Nomenklatura. As massas pobres
continuarão iludidas por promessas vazias, como em Cuba.

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