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Internacional
Direitos Humanos

Malala Yousafzai: aclamada no


exterior, combatida em casa
por Deutsche Welle — publicado 30/03/2018 00h10, última modificação 29/03/2018 19h46

Nobel da Paz está de volta ao Paquistão pela primeira vez desde que foi
baleada pelo Talibã. Amada mundo afora, é impopular em seu próprio
país
Nighat DAD/AFP

Conservadores alegam que Malala trabalha contra a soberania do Paquistão

Malala Yousafzai, a mais jovem ganhadora do


Prêmio Nobel da Paz, está no Paquistão em
visita de quatro dias, pela primeira vez desde o
atentado que sofreu em 2012. Nesta
quinta-feira 29, ela conversou com o primeiro-
ministro Shahid Khaqan Abbasi. Durante a
estada em seu país de origem deverá ainda se
reunir com outros membros do governo e
representantes da sociedade civil.

No entanto, segundo a imprensa local, muitos


de seus compromissos foram mantidos em segredo, devido a riscos de segurança. Embora
grande parte dos que atacaram Malala esteja atrás das grades, ela ainda pode estar
exposta a potenciais ameaças de radicais islâmicos. Além disso, grupos de direita do
Paquistão a combatem com veemência.

A jovem de 20 anos faz palestras em todo o mundo, defendendo o direito à educação para

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Leia também:
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Malala Yousafzai e Kailash Satyarthi dividem o Nobel

Malala foi baleada por militantes em 9 outubro de 2012, no vale de Swat, na província
rebelde paquistanesa de Khyber Pakhtunkhwa. O Talibã assumiu a autoria do ataque,
alegando em comunicado que Malala foi visada por promover o "secularismo" no país.
Depois de receber tratamento médico inicial no Paquistão, Malala foi enviada para o Reino
Unido, onde reside atualmente com sua família.

Antes do atentado, Malala vinha fazendo campanha pelo direito das meninas à educação
em Swat, além de ser uma crítica veemente dos extremistas islâmicos. Ela foi elogiada
mundo afora por escrever sobre as atrocidades do Talibã num blog da BBC no idioma urdu.

Malala percorreu um longo caminho desde então, sendo agora um ícone internacional da
resistência, do fortalecimento das mulheres e do direito à educação. Entre as numerosas
distinções que recebeu, está o prestigioso prêmio de direitos humanos Sakharov, da União
Europeia. Ela também foi a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2016. Em seu próprio
país, no entanto, é desprezada por muitos, que a acusam de ser agente dos EUA, decidida
a difamar o Paquistão e o islã.

Em 2017, Malala foi nomeada Mensageira da Paz pela ONU. Numa cerimônia na sede das
Nações Unidas em Nova York, o secretário-geral da ONU, António Guterres, entregou-lhe o
grande prêmio, dizendo ter-se sentido inspirado pelo "compromisso inabalável" da jovem
com a paz, assim como por sua "determinação em promover um mundo melhor".

Em seu discurso, a ativista dos direitos femininos não esqueceu de mencionar seu país,
onde foi baleada e ferida pelos talibãs. Ela expressou o amor pelo Paquistão, insistindo que
a nação sul-asiática não seja considerada extremista: "Quero que as pessoas saibam que
eu represento o Paquistão, não os extremistas, não os terroristas. Eles não são o
Paquistão", frisou.

Mas será que os paquistaneses também acreditam que Malala Yousafzai representa seu
país? "Garotas como Malala simbolizam desobediência, e muitos no Paquistão não gostam
disso, especialmente partindo de alguém do sexo feminino", comentou a jornalista e
documentarista Sabin Agha à DW.

Leia também:
Para conhecer a menina Malala
Radicalismo ameaça segurança nuclear no Paquistão

Apesar de os liberais considerarem Malala um símbolo de orgulho para o país, ela se tornou
uma figura nacional extremamente controversa. A maioria dos conservadores alega que ela
trabalha contra o islã e a soberania do Paquistão.

Muitos paquistaneses acreditam que a mídia local e internacional promove a jovem ativista
de forma exagerada e desnecessária. Partidos de direita afirmam que a "campanha" para
promovê-la é a prova de que há um "lobby internacional" por trás de tudo isso.

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Os defensores da ganhadora do Nobel da Paz acusam os "odiadores de Malala" de


campanha de difamação contra ela. Até que a mentalidade das pessoas mude,
argumentam, a jovem não poderá viver em sua terra natal de forma permanente.

"Malala foi retratada como agente ocidental no Paquistão, um país cheio de rancor
anti-Ocidente. Qualquer um que seja visto como pró-Ocidente no país se torna alvo de
escárnio, ridicularização, ódio e até violência", explica Farooq Sulehria, pesquisador e
ativista do Reino Unido.

Leia também:
Swat não está em paz com Malala

Sabin Agha insiste que não se trata apenas Malala, e sim da situação geral dos direitos
femininos no país. "Não é irônico o Paquistão ser considerado um lugar seguro para
terroristas nacionais e internacionais, mas não para sua própria população feminina?",
pergunta. "Temos que mudar esse cenário e também a mentalidade patriarcal que apoia a
violência contra as mulheres."

Em 2013, o Exército paquistanês anunciou a prisão dos suspeitos de tentarem matar Malala.
Segundo especialistas, porém, o fato de alguns de seus agressores estarem sob custódia
militar não tornará o país mais seguro para ela. "Um país incapaz de garantir a segurança
de sua ex-primeira-ministra Benazir Bhutto – assassinada durante um comício na cidade de
Rawalpindi em 2007 – não pode proteger Malala nem qualquer outro ativista crítico dos
talibãs", resume Sulehria.

Segundo a cineasta Agha, o Paquistão continua não sendo um lugar seguro para ativistas
de direitos civis, críticos do governo e dos militares, nem jornalistas: "No passado, o Exército
conduziu muitas operações antiterroristas. No entanto não vimos o nível de violência
diminuir."

Diversos analistas e ativistas acusam as poderosas Forças Armadas paquistanesas de


apoiarem uma série de grupos militantes islâmicos para travarem guerra por procuração no
Afeganistão e na zona de Caxemira sob administração indiana. O governo Donald Trump
nos EUA cortou grande parte de sua ajuda militar ao Paquistão, até que os militares locais
tomem medidas decisivas contra os fundamentalistas. Islamabad nega que esteja ajudando
grupos militantes.

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