Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
DIREITO FISCÀL
iNDIcE
INTRODUÇÃO
PÚtsLICAs
R-EPARTIÇÃ0 DE FTINÇÕES
EM LISBOA DE ARMÌNDOMONTEIRO
FISCAL
TRIBUTÁRLA
:
Dirêitoflscâ1 RèLatóriô
INTRODUÇÃO
Sená uma pertença adequada às suas actuais conexões materiais que vâo no s€n-
passivo prefaencial e à volta dela se situam inúmeras questões de DiÍeito Fiscal. Uma
vez que a decisão fiscal se enconta foÍtemente condicionadas por aspectos da sua espe-
Duas possíveis zonas de er?ânsão paÍa uÍna disciplina aincla num processo de
Mas estâ é a situâção apenas no que podernos designar poÍ sistemas continentais
ern que podemos localizar dois fopismos a influenciar o Direito Fiscal o Direito das
UÍìa vez que eÍn outras mnas cúlurais no espaço ang o-americano - tem suc€-
DiÌeito .çÌscéÌ - Rê1atôrlô
Parece por isso pouca clara a am:mação óptima paÍa estas mâtérias
num espaço
cultuÌâÌnente aberto a inÍluências extemas, como tem sido e rler,r ser
o espaço porïu_
guês, €stes dois Focessos de evolução não podem deixar
de ser uma fonte de incerteza
metodológica.
' como o-melhor exemplo do que afirmamos veja-se o debale sobre a.eforma e estruhna do
sis-
teÍna em KAY/ KING The BnÍìsh Fiscat Srstem ( Odord
1990) e os ponnenores organz€ul,os
dos impostos em WÌTIIEHOUSE /E. STUART-BUTLLE Reiente 'Ì.<w, pnnciptes
, and pruti-
ce 8" ed. (London 1990). Ou com a mesma repartição de
tarefas teoricas Af.ON/blLf,
1org.
W . ) Eco omic EÍects of Fun&mentat Tax
Rejorms (Brookings I 996) BOSKIIi (o.g. por. . .
J
Froníers of Tac Reform (Saíford 1996). Estes traram dus granaã questáes
eranto ao funcio_
namento do imposto, çom uÍn Ìnínino de pdncípios, GRAETZSCúNq
Feàerat Income Ta_
xation - tlittciples atd Policies, 3^ ú, (Westbuy, New ./ork 1995)
ou noutÍa área
DER}{BERG/ ABRAMS,tsHï<ER/STONE, pia""a ru*r", f*oti-
@oston 1994).
ij Cìrp"*n^ ,a t
FREELAND,4-ÌÌ\D/STEPÍIFNS, Flodamentttls oÍ Fedelat Income
MalenZrÀ (Westbury New york 1996)
Taxation - (hses orul
A análise dos processos que poderiam ser utilizados pelo Estado pan a obtenção
de recursos através dos podaes de coacção que lhe eram conferidos pela ordemjurídica
surgia assim como um assrmto conÍtado às furanças públicas: teoria das furança;, como
direitos dos contribuintes - eram consideradas como um dos obiectos obrieatórios da no-
va discipLina.
Tal como numa época ainda anterior tinham sido consideradas como um objecto
' Era esse oparorarÌÌa geral nos países mais representativos: Finltrw,,íssensscllí1 sttat
Steuerrechnvissensfu$t na síntese de TIPKE ao caÍacterizar a situação na Nematíta: Die
Entu'icklung wn Forschung um Iehre im Síeuenecht STuW3/1991 2lG2ll. Com especial
rclevo paÍa obÍas mmo À.fIRBACH-RIIEINFELq Grutulrisss des Fin *wecht (Iripzig 1906).
Em FÍança o paírorama era sernelhante com o Direito Fiscal a ser uÍn dos temas princioais no
tÉtado d€ LEROY-BE AIIJ-IFIJ: Troité de Ia Scien e des Fintaces /fd ( puis 1S8S) 2 vols
3
Antes da autonomia das Finangs Públicas os impostos eÍam uma matéria iítegÉda na eçono-
mia politica, por vezes no c€ntrc da construçâo teórica como sucedia em
eLrESNAy, Oaaáo
Económíco (tÍúud'oTeodora Cardoso) (Lisboa 1969) e como suc€dia no Lirro VdeADAM
SÌvïITl An lnquiry into the Nctute a d C,auses of the Wealth oÍ Narion& ed. Eve{,rnan (London
-New York 19&) 2 vols.e nos capitulos Mtr a XVII de NCARDO, ôr Íhe principles oí potti-
cal Eto,loÌtry @d T.txetion ed. SRAFFA(CaÍrÌbrige l9?0). Mas já são urn *"ro ó1*ô ,.*-
drário de anáüse no grande maoìral de MARSHALL , Principles oÍ Econonìcs (ed. lg2}').
DÌÌe1tc ÊiscáL - Pelatóriô
teÍmo.
O que sucede quando são as opções sobre o modo de tributação e nâo sobre o
volume da despesa que vão ocupar o espaço da decisão padamentar.
buintes poderiam obter uÌna tutelâ eficaz e relativanente simples sem as complexida-
des5 inerentes à formulação das leis fiscais como urn simples efeito da decisão quanto
Orçamento.
A definição quantitativa das despesas púbücas vai âssim, por si só, defirir os ü-
mites eÍemos da intromissão financeira do Estado no património do cidadão.
E esse controlo global das despesas púbïcas poderi4 como a fonna norrnal de
tutela dos direitos e interesses legítimos do cidadão-contribuinte, asseguÍar, dentro da
melhor tradição do st{ttus negatìtws, uma eficaz baneira contra a intÌomissão do Estado
no conjunto da sociedade.
A questão essencial era garantir que a carga fiscal se iria maater nurn nível sufi-
cieúemente baixo paÍa dispensar uma excessim compleúdade nos métodos de tut€la de
da por chegar.
5
A complexidade actual do sisteÍna pode estar nos limites do que é coÍlstitucionalÌnent€ admissí-
vel, sem que seja contudo conc€bivel u.n .etomo à situação anterioÍ. Sobre o irnperativo da sim-
plificação KIRCHHOF, Det verfassungsrechtliche AuÍtrdg zú Ste et-vereiftrchwglnStater-
vereinfrchmg Fs frlr Dietrich Meyer Qleildelbery 1994) i-20 Ou de um outÍo ponto de üsta
GL\ETZ, The Decline and @all?) ofthe lrcone Z* (New York 1997) .
DiÌeitoFrscal ÂeLaEô4o
Que são precisamente os métodos que, por definição, levantam menos problemas
jurídicos e tomam quase dispensável o Direito Fiscal para deterrninar o irnposto a pagar
por cada cidadão. Metodos que pelo seu primitiüsmo não contêm os problemas ineren-
tes que serian mais tarde inerentes à complexização das relações Estado , confibuinte
quando o aumento da carga fiscal tomou necessário o abandono de métodos que se u-
Mesmo aqui não eúsúa no século )O( quanto à substância das coisas, urna alte-
ração essencial: o corsentimento do úbdito era um terna caro aos pensadores políticos
povo .
" Sobre os méritos e deméÍitos da tributação indiciiáÍia ou tdbutação segundo os sinais exteriores
de riqueza v JME, Coun de Science des Fiflerces et de ld lpgisLttion Fin úrciërc Frunçaise
(Paris 1931) 406413. Este sistema dito das 4/aâe üeil/es vigorou em França alé 191? e taÌnbém
o eÍÌcont.amos sln out os paises da EuÍopa com o património a s€Í a base da tributação em lugaí
de ser a origem do rendimento ZITALSBERC'ER, - Grundlagen der Gewerbesteuer- Eine
steuergeschichtliche, rechtvergleichenden, sÍeuerq)sterÌtaÍische ud yerÍdssungsrechÍliche
Untersüchung ./l<óhr 1989).
1
Carta ao Benef cido Antòno Baptisiq tn N,EXANDRE de GUSMÃO Cartas, Introdução e
actualizaç.ào do Todo por ANDREE ROCIÌA (Lisboa 1981)74. Sobre problemas dos consen-
timeito do súbito em ma1éria fiscâl e a legitimação dos impostos eútle os s€€ulos XV e X\{tr
DiÌeitoFiscal RelatóÌiô
sistemas coevos - só se viriam a colocar, embora cada vez çom mais intensidade, numa
fas€ posterioÍ. Qualdo o aumento das despesas públicas e o frm do voto censitário fez
com que a questão fiscal viesse a ocupar o lugar antes çoncedido em exçlusiüdade à
questão finarceim.
PÚtsLICAS
adminishatilt lagamente peneÍada por algumas regras juridicass, como a reforçada re-
SÌ$'EENICKE "Oh e Steuer kein Staat" Zut Ení+iHung und Polítìsche Funlaíon des Steuer-
rechí in den Territorien des HeilÍges F,õmis.he Ãetclr,r 0500-1800) (Frart{furt a.-n Main 1996).
Sobre a causa do imposto como modo de legitimação SOARES MARTINEZ Dircita Fiscãl
(Coimb.a 1994)192-197. Um conflilo c€lebÍe ern materia 6scal na fase final do anúgo regime en-
tre o Prcsidente das Coú des Aídes, Tnbrmal cnm compaência em nntéria fiscal e Lús XVI que
tuia publicado 'l]ma lei que destruía toda as leis" pode ser erconüada em BADIN'IER, lzs
"Remontr.úces" de M1lesherbes 1771-1775 (PaÍts 1985)Na sua exposição MALESHERBES
faz notar que o seu triburul foi lwado a discutir princípios qu€ desejaria íão t€r Ìn]nca que discu-
tt . Les "Remoúrunces 1 5 1. O papel das côÍes portuguesas como foÍmã de garantir por "nego-
ciação política'' " os úeitos dos particuiares" foi tatado por HESPANITA As Ifésperas de Le-
viathaú- Inttiíuicões e Podel Político Porlugal - Sëc. )WI (CoiÍabra 1994) 472481 .
3
O secuÌo )O< tjúa recebido a máquioa administrativa do Estado Fiscâl na celúre er?ressão de
SCHIÀ4PETER, criada desde o seculo XV no periodo que se seguiu as difculdades dos prínci-
pes e à cÍise da economia dominial: SCHLMPETER faz notaÍ que são as dificuldades fnanceiras
dos govemantes que estão na origem do Estado moderno. SCHTMPETËR,Ia Cfise de t'Ercn
-F,|tcal, in knpéÍiúsme e Classes Sociales (PaÍis 1984) p. 233. Sobre a aplicação achral deste
conc€ito ver ISENSEE, Steuerstaet dls SteuerÍorm, in l{amburg, Deutschiand, EuÍopa: Beitrâge
anÍn deulschen und Europ:úschen Ve.fassung und WiÍtchÌ$echt (Túbìngen 1977) 409430.
DiÌeilo riscal - ReLatóÌiô
A constitucionalização destas relações rai ser legitimada por uma critica persis-
Mas a legalidade fiscal não impedia a existêncìa de uma larga margem de actua-
ção paü o Executivo com páticas administÍativas mais ou menos subtraídas ao conaolo
jurìsdicional que apenas se dirigia a uma pequena parte da decisão fiscal.
'" VeÍ em ANIOMO tr{AN A, Josè da Sihl.e Canalho e o seu Tempo,2vs. Q,)sLnq ImgeÌìsa
Nacional 1891)tr, 217-236 um minucioso plano para a criação do Tesouro Púbüco que garantisse
a legalidade fnanceila.
" Com as típicas ìnstituições überais e confolo finaocefo que são o Tesouro e o Tribunal de
Coúas. Sobre a sua origem e condiciona.ntes e o conceito de responsabüdade fiÌìanc€iÍa.
SOUSA FRANCO Fr'rdnçar Públicds e Dreito Fínqnceíro, 1' ed. IJ v.(CoimbÍ4 1992).442-
48',1
Dlrertoiiscal Rêlaióiio
Estado a quem cabia aplicar a lei fiscal, eram feitas de modo a garantir essencialmente a
regularidade formal dos procedimentos e a gararìtiÌ que não haveria excessivos desgo-
E pois esse sector da actíüdade administrativâ - reguladâ por uma ténue regúa-
mentação tscal - que LUIS PEREiRA JARDIN{, regente substituto da cadeim de ,tiên-
cia das Fina:rças e Legislação Finarcefua'' desde 1868, vai €ncontÍaÍ em pleno funciona-
mento no momento em que iria iniciar a sua teorização - pela consagrada üa da exegese
das disposições legais - tendo vindo a produzir as primúas 1ições de Fiunças púlicas
das Univenidades Porhrguesasr2.
Antes de PEREÌRA. JARDM ou mais signifcativamente antes da Universiclade
iniciar o estudo exegetico da legislação financeir4 for a da universidade mas com gran-
"fúS penBne psREEA JARDnM pnncípios d. Fínqnça,s segutulo as IÌrelec@s Íeitas at)
atb lectìto fu 1868-1869" (1880\
DÌreitoFascal ReLâ.óÌiô
"Máximâs de Smith quanto âos Tributos", que vai examinar cúdadosamenle e ern cuja
lição se louv4 a Sintelogia de FERREIRA BORGES vai ser a obra firndadora da cultua
modema e überal entre nós no campo do pensamento económico e das Finanças Públi-
cíts'-.
Começa com uma teoda do tributo: a contribuição dos súbditos de uma nação,
"imposta peÌos seus legítimos ÍepÌesentantes" para permitir ao Govemo firÌanciar as des-
com uma forte influência das anfises de ADAM SMTTI nesta zona.
com estâ e com outras das suas otrras, exerceu uma larga influência na sua época: e uma
influência que não excluiu a Univenidade teudo sido mesmo reforçada pelo eco que nela
13
Edição Banco de PoÍtugal (Lisboa 1995)com uma intÍodução de ANTÓNIO SOUSA
FRANCO.
são principalmente ftanceses embora com algumas incursões junto de economistas ingle-
ses: ao entlar no conceito de imposto - e os impostos ocupam uma paÍte substancial cla
A opção pelo objecto do inrposto - base do imposto, matéria colectável - vai pas-
tt ÀÁARTENS
FERRÃO como não ocnpou a sua útedla pois foi enüe 186G68 ministro do
Reino. PAULO MERÊA Esbtryo de una Hiaória da Facukl;de de Diretro, BFD, (1954) n 30
150. Mas clÌltivou o direito frscal como se demonstm pelos artigos pubücados Direito.
À.IARTENS FERRÃO, ìy'ar qzeíõer d. coúencioso fscal não há recarso dos deqachos dos
Ministros Wa o Conselho de Estorlo, senão pr incorrwiêrÊid oü ercesso de podet.. O Direito,
2' At\o, 123-125, l87O e Não são isentos do pagamento da Contribuição de Registo os estran-
geíros qüe recebetu herançds da bens ituados ou eiisteníes e tetritório português. Ás intcri-
ções so se consi&tãtÌt bens imóveis qucwlo se acharem nos casos do n2 do Árt.375. do C&ìigo
C4,/, O Direito, 30 Àìo, 587-589, 18?1.
" PEREIRA JARDM atraido pela caneiÉ política €steve pouco tempo na Universidade.
BRÂGA da CRUZ,4 Reüsra de kgislação e JÍisprudêncìa - Esboço fu sue Histórìd (Cçìm-
bra 1979) I 4l nt.
'n! AI.Dn,/{ Princípios... ( 1880) 9-10. Sobre sobrwivência do púcípio contraïualista quc
JARDM tão solen€ment€ afimava ao t atar das Finanças Públiças v. BOUCHER KELLY (org.
poÍ...)Ihe S@ial Con act:ffoti Hobbes to Rattls ( andon and New york 1994).
DareitcFiscal Pelatório
de economia fisçal como a difusão e a incidência) são tatadas já levando ern conta os
ensinarnentos dos econonistas mais representativos do seu tempo, como STUART
MILL € também um autor bastarte menos çoúecido: McCIJLLOCIfo.
A política tribuffia é também uÌna das principais preocupações cle pEREÌRA
JARDM: mostrando uma vez mais urn grau elevado de informação aÍlora a questâo da
superioridade das contribuições directas em relação às indirectas, com especial relevo
eÍa ainda tatado na sua perspectila global de certas despesas públicas a serem supona_
Era por isso de problernas de lançamento do imposto que se Aatava: como con_
'"Sobre McCULLOCH um discipulo de RICARDO que publicou uma manuaÌ Ìnuito influeÌÌte
na
sua épocâ ver SCHLÃ/IPETFR, Hisíory oÍ Ecorcmic Awlyns
e
nÍldott t993) 4.t647j .
DireitoFiscal !.elatóÌio
rgualdade não tanto paÌa os cidadâos - objectos mediatos deste laÍÌçamento mas para
os dìstritos ou para cenas classes proEssionais.
Era este o resútado a atingir: se houvesse justiça na repartição dos eücaÍgos enrrc
disso se tmtaÌ?) a situação de algum equilíbrio na repartição dos encaÌgos entre os cida-
dãos.
sitiúsmo dominante2l os problanas do caso concreto ainda que, como deixámos assina-
lado, fossem ignoradas pela doutrina não podiam deirar d.e fazer a sua apaÌiçao.
As questões que poderemos considerar proprìamente fiscais, onde estava já pre_
sente as rel,aSes do Estado com um contribuirúe, questões que iriam constituiÍ o centlo
das reflexões dos anos futuros, estalam ainda fora do ensino universil,ário.
Iam já aÍlorando e faz,endo o seu aparecimanto nos meios então existentes e que
podiam realizzÍ a articulação entre clausto e cidade, e que enÊo eraÍn ÍepÌesentados
pdncipalmente por publicações como a. Revista de Legislqção e de Jurisprudência
eO
Direilo: at rglaÍ\ como se compreende pela vocação natural destes meios de clinriea_
cddâde de Diïeito.
- Sobre o enquadramento teoÍico do periodo da er(egese como seu apego €xcessivo á letÍa da lçi
OLI\,'EÌRA ASCENSÁO, O Direin: Intlqáqão e Teoria Geral_ -[Jma perwctira
Lús&
Brasileìru |}'ed (Coimbra i997) 392-393.
DireitoFiscal Relatório
forma menos fecunda pela sua publicação de decisões jurisdicionais ou docurnentos le-
gisìativos respeiuntes a questòes fiscais.
vez que a ela recorriam sempre que deparavam com dificuldades na zona do cumpri-
mento dos seus deveres tribuíários.
Corselho de Estado fimcionando como Supremo Tribunal Administrativo sobre uma de-
cisão da Julta de Repartidores; e numa prática que infelizmente se não iria manter o
acórdão está acompalhado de um breve comentário críúco sob o úhrlo de "obsenã-
ções"23.
" Escrwe BRAGA da CRUZ que "a secção de DÍeito Fiscal de tão larga Í€pres€ÍÌta{ão nesa
revista" esteve ôem especia.listas eÍÌtre 1916-1922 ou seja entre MARNOCO e SOUSA e
SALAZAR BRAGA da CRUZ A Revista de kgislação e Juisprutlèncía - Esboço da sua
Hisloría 2vs.(Cci{í.lbra 1975) 653. E provavelmente nos primeiros anos da rwist4 após a saída
de PEREIRA JARDM no seu primeiro ano. Ibider4 43 .
'zoO cônsultóio está também p.esente degde o ano 5 com uma consulta sobre um mÌrlta em im-
posto do selo. RLI ano 5 (1973) 424. E pode tarúém notar-se o enorme volume de questões
fiscais que ocupam três páginas e meia no índic€ do o" 11 da RIJ.. E a reüsta procuÍa acompa-
Dlrerto ÊlscaÌ - Rè1âtólio
sentam a emergência do jurídico num mwrdo ainda dorninado pela prática administrativa
filanceiraz5.
cupação da aplicação da lei fiscal para conseguir a obtenção de receitas, sem grande
prcocupação com questões jurídicâs.
nlnr o essencial dâs questões fiscais como se vê quando publica um deseto de 16 de Abril de
1876 que cria uma comissão para resolver os problemas da distribuiçâo hoúontal
dos encargos
tÍibutários a que p€rteÍÌcem os antigos presidentes dos g.emios dos bânqueiros e dos fanqueiros_
Procurando conciÍar as receilas com "as legítiúas aspirações do contribuintd,. Estas tentativa
de
resoÌução da distribúção hoúontal da carga fiscal por meio de comissões que Íeprcsemass€m
o
contribuirúe estavajá prestr,nte íos generdl comfusrbnels criados em 1799 por úIiarn pitt para
júgaÍ questões do r'rcome Íor e çujas decisõeq a partir do princípio rlo dculo, passaram
a ser
sujeitasàrevisãodostribunaissuperiores.STEBBTNGS,IheOrigìnsoJtheaplic.ttìt,oÍCertiG
r!ìri ío the Gercrdl Contìssioners oÍ Inconte f.rr, BTR (1997) 1lg_13ô. STEBBINGS, Ihe Ge_
naql Contístioners oÍ Income Tax: Ássessors ol Adjudicators, BT& (1993) Ì 52_g. Foi esse
mod€lo (comissões com rcpres€ntaÍÍes corpoiativos do contribuinte)
çe foi oiado no Códigos
da Contribúção Industrial e Profissional e ainda incorporado no Código do IRC. E LLl sisteÍna
que pode fimcionar num modelo de sociedade relatila estrível e primitiva
em que ;nedomina um
rmiverso de contribuLúes qìre tendem a coúe{€r-s€ múuaúeÍte e onde essa informação pode
ser usada era beneficio da eqüdade frscal, conigindo-se por meio dela as
decisões dewiantes_
25
Ì,ogo no seu 1o ano (1868)e nos pdmeìÍos meses de publicação
encontramo s Á ConÍríbuição
de Regi*o paga pelo l/eruledor de uma Proprie&ute , ainlz que o conÍato se dèsÍaçq so se
!'obe Su:nq d 1neya I/endzts for rula e Jutgado íal1nr sentença, e túo qundaJor De*
íeita W Ácordo de,t P.ates Q7-30). Nas Áftem..Íações olt Adjüdicações não poú o Átena_
Í@1te, oú Adjudìcatáüo, ceder as Proprìed*les Anenat<yfus, ou
Adiudjcatjas. ou o DireiÍo d
estas, sem Preyio Ajustanento dq CofitríbmÈo de Registo. Afternab{òes cor proteio
de Ce_
cbzcta COSTA SìMAS Dëcimas de útras: os Devedores de DíviúB nanìfestús corio Lií_
giosa sao Obrigados a promover o Dìstrdte dos Mtmíeyos.
20
DiÌeitoFiscâÌ Refatório
Sob're matéria fiscal além da aplicação concreta da lei, tíúamos também as opi-
niões de jurisconsútos expressas em artigos de reüsta ou em resposta a consultas dos
assinantes. E estas investidas são, de forma mais lograda ou menos lografu um primeiro
esforço de construção jurídica.
lei que estalam de forma directa e estrita relacionadas com a rcpaÍtição dos encargos
tributários enae os conftibuintes.
Mas qu€stões que diziam principaünente respeito ao qüe podemos qualificar co-
mo repartição horizontal da caÍga tributiáÍia entle os contribuintes de çada categoria e
21
Direitô Fiscal - RêÌãr:ório
ente as várìas categorias de contribuintes28. pof vezes com uma dimensão acentuada-
merte reglonal.
criadas pela reforma de 1958-65: estas comìssòes seryiâm para decidir, em ütima instân-
dem e tratam-se pois de saber haveria ou nâo lÍna adequada distribúção de encargos
dentro de çada classe.
rizada sobre o que estava e não esta\? em úgo1 mes seln qualquer contribuição adicio-
23
Cooo as versadas na decisão do Supremo Tnbuul Administrativo (r€lator Júlio de VìIhena)
sobre as formalidades que deviam rodear o f,rncionaÍnento da.lu[ta de repartidores,' consideran_
do a decisão que deverão ser menores que as dos tribunais, Supremo Tribunal Administrativo.
Resoluçào de 9/3/ 1883 RU n' 1458 58 . Ou que$ões de legaldade fiscal como súer se os
município poderiam lançar taxas sobre a água retirada dos seus çhalàrües Supremo TnbuÍìal
Administrativo, Aórdão de 7/8/1895. RLJ n
I 510 348. Ou questões como à regularidade for-
maI dos proc€ssos de €x€qrção Supremo Tribunal Administrativo, AóÍdão d€ 16/g/1895. RLI n
1532 158.
*aNfÓlnO nSSIS rguCIRA de MAGALITÀE S - Co ecção de LegishÇãoFric.r/, (coimbra
I 884) 3 vs. com uma primeira edição, apenas com um volwrq em I 974.
DiÌeitoFiscal RelatóÌió
ção-contribuinte.
As contribuições de ASSÌS TED(EIRA têm assim de ser encontradas nas respos-
concreto, enriquecendo assim os seus principios de aplicação pode também ser ula
fonte de profimdas distorções.
Em particular no Direito Fiscal: se for apenas casuísmo com renúncia a uma
anáJise de conjunto", será ulrÌa nanifestação de ernpobrecimento e de recusa de consi-
deração dos princípios que sistemaúam - que devem sistemaüar - a lei fiscal.
" ASSIS TEDGÌRA entrou para a redacção da reüsta em 1880 passando a haver mais resposra
de a consultas sob.e Direilo Fiscal. BRAGA dâ CRUZ, A Revisr., de lzgisloúo e Juisprudên-
cid - Etboço dli sua Histfud (Coimbra 1979) Ì 254-262 e twnbém 27 4. Y er quad.o com a esta-
tistica das respostas a consuhas a p. 261 com uma presença significativa de materias fscais.
BRAGA da CRUZ assinala também cerca de 20 respostas anuais a cônsultas Êscais nos anos 16o
e 17".
por extensão ao casúsmo do legislador que, sob pressão da Adninistação a quem cabe
obter as receitas, tendeú a estar sempre preocupado com o modo como este ou aquele
cação, conta ulna outa doutrina, mais ou menos ligada à universidade e ao seu ensilo,
ffituralÌnente majs esclarecida: nÌâs não a construção doutrinária que inicie a concep-
tualização global das relações Estado-contribuinte e a construção dos princípros ern que
33
Impondo+e neste caso saber se a soÌução do caso concreto é assimilável pelo sisemajurídico
na e|preôsão de CASTANHEIRA NE\ES, Metodología Jurídím _ prcblemas Fundrnentaìs
(Coimbra 1993) 167 ou apeÌÌas solução do caso concreto s,em qua]quer preoçupação sist€mática
como ainda hoje vai suc€dendo no Direito Fiscal
DarertoFrscâ1 ReLatóÌio
ca no Direito Fiscal, só vern surgir numa outra época: vamos ter a tentativa de construção
contribuinte, não apenas do ponto de ústa da distribuição dos encargos tibuí{Lrios que
era ainda a questão priacipal para JARDIM, rnas nas questões intrinsecamente juslribu-
tiárias com o começo do ensjao e das publicações doutrinárias de OLI\EIRA
SALAZAR34,
A simples emrmeração das questões que ocupam os seus escritos sobre aatéria
No seus escritos são abordados teÍnas como a distinção €ntre a dívida de imposto
e â obdgaçâo de imposto, a defirição do princípio da úo-retroactiúdade das leis tribuú-
rias, os problemas da a"aliação rns contibúções de registq a tributação das pensões en
contribuição de registo, a tributâção das empresas agrícolas do uhramar ou as questões
cos que pemihssem a passâgem de uma mera pática administ'atiw pâIa uma zona
'* Ou por outÍos pala!Ìas "o interess€ pelo ângulo jruídico do fenómeno tributário" começa eÍÌÍe
nós com OLÌ\€IRA S N-AZAÌ.. XA\IER\ Mat ual de Dircito Fiscal Q,isboa 1974) l5l
35
Reçditados, quanto à parte principal, em dúrdos de Díreíto Fiscal @fuitsténo das Finanças
1%3)
DireatoPiscaL Rêlatòrao
A inciagação sobre a retroactiüdade das leis fiscaisr6 era o exernplo tipico deste
retroactiüdade. Com tal questão passava-se das questões formais paÍa as questões ÍÌate-
Estava assim aberta para a doutrina e a Ieì fiscal a tarefa da determinação dos 1i-
mites da retÍoactividâde das leis em matéria tributriria como forma concreta de enqua-
üamento das leis fiscais nos princípios constitucionais e os primeiros passos Ía constu-
ção de uma constituição fiscal mâterial. Uma lei fiscal não seria válida apenas por ter si-
do regulaÍmente votâda pelo parlarnanto.
Ainda não era a concepção do Dieito Fiscal como uma intromissão regúada pelo
princípio do Estado de Direito na esfera privada do cidadão37.
Mas temos já uÌnâ tentativa de arrünação juridica de questões litigiosas, com ba-
" Da não Reh<nctividade d/.ls lcis eín Matëia Tibutát-ia.:fiBshidos .. (1963)23 ss.
3?
Na defnição de um autor da mesma Epca. V KIRCIÌHOF, NbeftHerflel" hrscher eines
rcchts@tlich Gebunden, sÌÍernatíschen Steuefte.hts-Zum 18. OctobeÍ 1983 StuW/1983. Mas
OLI\aEIRA SAIAZAR num texto de intercion .lidad€ política, na relação que estóelecia entre
impostos corÍemporâneos e deínocÍacia atendia principalmeote à passâgem do imposto p.opor-
cional para o imposto progessivo. OLIVEIRA SALAZAF. Á Demtrcracia e a Ìgeja (Confe-
rência tu) PorÍo e em I/íse -l9jí_/ in In€ditos e üspersos I, Estudos poÍtico-sociais e Douhi-
nários (1908-1928) Org. por À,LANLÌEL BRASGA & CRUZ.
DiÌeitô Fiscal - Relàrólio
Trazendo para o Direito Fiscal o mesmo espírito de renovação que então se vivia
de direito positivo, como o fiancês WAÍÌL ou o italiano ZORLI e ürros que corporizam
princípios e a elaboração das primeiras construções teóricas sóliclas sobre púticas admi-
OLI!'EIRA SALAZAR introduz taÌnbém entre nós uma quesgo conceptual que
vai ter grande importância na doufilra portuguesa: a arlíüse dos problemas juridicos sus-
citados pelos métodos de üçidação e cobrança que eram usados no Imposto do Selo e
na generalidade dos impostos indirectos.
impostos, cuja gestão esta\? inteiram€nte enfegue ao contribuinte, não podiam deixar de
8.
levantar alguma perplexidade doutrinal3
tos considerados nessa época como sendo os impostos normais ou impostos-regr4 cons-
truídos segrmdo princípios geralmente aceites, em que a liqúdação (que a doutrina pos-
t€Íiomlente htegrou no acto tributário) vinha estabelecer e definir uma relação direct4
júdicamente construíd4 entre o fisoo e o contribuinte. E era condição desse estabeleci-
A solução dada a esias situaFes passa essencialn€nte pela aplicação das doutri-
mente da efectila impor6ncia deste problema salient€mos apenas o facto de, no mar
progrcssivanÌente encapelado da prática fisca! a doutrina ultrapassar o imediatismo que
primeiro plano uma questão metodológica que iria ter um papel determinante na doutrina
33
Neste imposto "a intervenção dos agent€s administrativos desloca-se assim dos momeÍÌtos arÌ-
Ìenorcs ao Ínposto para um momento posterio., ústo que a sua função pdncipal vai ser a fiscali_
zação do crJmpdmerúo da lei pelos iÍÌtercssado{' Dq não Retr.nctividlde... 09ó3) 47 ss. Toda a
polemica futura sobre o momento do nascimento da obrigação lributária e sobre a possibilidade
de ral suceder sem irtervenção adminisrativa está aquì anunciada.
autorias distintas iria constituìr uma questão central para o pensamento fiscal poÍuguês:
zer recú depois, sob o modo de acrescidas despesas públicas, sobre o contribuinte.
ao
Valor sobre que dzve Liwid.o'se a Contibui4o por TíÍuto de Registo mEstudos...(ì53)
Sobre a influência desía doutrina entre nós v. SOARES [4{RTINEZ, Dircüo...(lçg4) \BO_\BZ.
Dlrerto fÌscaÌ - RelâróÌiô
do ensino do direito realizada pela Lei N" 1320 de 21 de Setembro de 1922: a cilacão de
Em Lisbo4 a regência desta cadeira iria ser coníada em 1924-1925 ano de aoli_
cação da reforma a ARMÌNDO MONTEIROaÌ:
E a paÍÍ desta data que o Direito Fiscal surge pela prirneira vez com um espaço
própno nas Facrúdades de Direito portr.rguesas, como objecto autónomo de eosino tmi-
v€Ísitário. Já não apenas como urna parte, ainda que importante, no ensino das fiaanças
púbücas. Mas como um novo objecto de estudo.
Ate porque o Direito Fiscal além de ser leccionado no terceiro ano do cuno, po-
sição onde até âgora se m.mteve (não há alteração na reforma de 1945/4d2 nem nas
ot
NTARCELLO CAET /i|iÍO, Áponttnentos... {t9ól} 155.
n'
MAI(CEIO CAF-IIìiIO, Apontnnen rs... (196I) 99-l00.Embora entl€ nós. ao contrário
do q'e suçedeu por outras bandas, o Direito Fiscat e o direito administrarivo se tenham mantido
de costas voltadas, com algum erÌtpobrecimedo mútuo. CoÍtra este eÍado de coisas ver a r+.
I
Drreito l1scal - Pêlatóriô
ARMINDO MONTEIRO deirou como obras principais neste campo, para além
da sua tese de doutommento - Do Orçamento português (Lisboa.1922) - com aÌgumas
incursões no campo do Direito Fiscal, a C/arr ífcação Jurídicas dos Impostos Bol.etlm
da
DGCI (1950) n" 67 q com um ânbito mai s vasto uura Introdação ao Estudo do Direito
Flscal (Lisboa 1951).
contudo ser enconfada não nestas obras mas nrrríras prelecções do proí Doutor Atmin_
do Monteiro eos alunos do 3. cmo d<t Faculdqde de Direìto jgj6_47 em quatÍo
voIlÌ-
mesa orde trata de todos os aspectos desta matéria.
A marca genética da ligação com as finanças púbücas, urna especìe oe mamz pa_
ra o Direilo Fiscal, é bem visível: ARMÌNDO MONTEÌRO começâ as suas lições
com
uÍna longa explanação sobre a natureza do Dteito Financeiro e mesmo sobre a economia
financçira.
construção jurídica sejam atenuados e mesmo de certo modo secundari.âdos poÍ uma
noção de interesse público que vem conçedeÍ uma legitimação quase incondicional à
mas.
E é nesta perspecúva de supremacia do interesse público, que vai ter como con-
sequência a supremacia do Estado rÍna vez que é este como garante e juiz do interesse
público, que o Direito Financeiro, do qual o Direito Fiscal é um mero capítulo, deve ser
considerado. E por isso "o Direito Financeiro é um direito de soberania; na criação da lei
{5.
riburária- nos metodos de imposiçào de todas as obrigaçòes do cidadâo
Mas esta posição sofie uÌnâ forte restrição nuÍna outra parte do seu trabalho recu-
como uma lei merarnente fonnal que o parlamento deverá aprovar sob pena de paralisar
a actuaçâo do Estado"".
çao
cutivo é legitimado pela concepção ética do Estado que tende a privilegiá-lo na sua rela_
Direito"ae.
que se a aceite a ideia do Orçanìento çomo unìa pura lei forÌnal JESCTI
Gesetz ,nd Verwdhúng_
Eine Prol)lenstudie tum lfatuful des Gesezm.isigkeilprinzipT d. (Tirbingen 196g) 105.
a7
Sobre estas concepções e as ;novações de IIENSEL ver FLI-ME Sreuen esen und
Recht-
sordzr6r', in: Rechtsproblem in Stâat und Kirche FS SMEND ( Cxitinsen 1952)84-E5
4 SobÍe esta lÍadiçâo da teoÍia libera! conÍaposta a colreÍÌte uúlitârista inglesa ANTONINI,
I)owe tributdlio Inleres.te Fiscale e Dirittti Costituziotale íMlano 1996i
on
ARI\ÃDO MONTEnO prelecções,ü, 18
DiÌèltoEiscal RelatóÌio
A ques€o era assim suscitacla pela Constituição de i933 na sua intencional ambi-
guidade, antes da sua ütima reüsão, a respeito dos poderes do Executivo na criação de
leis fiscais.
Consütuição de 1933 não ter üna estrutua partidíria tem uma posição que corresponde
E mais tardg com rnaior clareza vem afirmar que "a forma de Lei com a putrli-
cidade das discussões e resoluções que imporb - afastando as intervenções discricioú-
rias da Adminisaação, constifiri a possível segurança de que o lançamento e a cobrança
matéria fiscal.
A segunda posição foi defendida enÍe nós alguns anos depois, pelo menos na
perspectir'r de ser essa a posição da lei, por TEDGÌR { RIBEIRO.
Segundo TEIXEIRA RIBEIRO a Consrituição de 1933 limitaw o poder parla-
mentar e alargava os poderes do Governo: pois uma vez que o Govemo tinha seus mem-
bros escollìdos pelo Presidente da Repúbüca gozara de uma legitimiclade natural, na ex-
pressão de TED(EIRA RIBEIRO, que fimcionara assim como uma legitimação especial
E por isso, segundo TEDGIRA RIBEÌRO, os impostos podem assim ser criados
por lei ou por deüeto-lei.
l
Dirêito !iscal - Relatório
Pemnte esta altemati "os encargos aibutários ou são estabelecidos pelos repre-
sentantes dos cidadãos ou pelo Govemo". San qüe a criação pelo Governo coloque
qualquer problema.
Uma vez que o Govemo é "aquele restrito conjrmto de pessoas a que a Consíhri-
ção confere funções legislatiras e que cuja nomeação peÍence ao chefe de Estado'.
E por isso os contribuintes têm a garantia que a decisão tributária cabe a ..um
gnrpo de pessoas que o Presidente da República considera particúarmente qualiüca-
das"5a.
à legitimação parlamentar.
Conta esta posição SOARES MARnNEZ, numa aniílìse que parte da aatueza
da soberania tibutíria enquanto poder de "criar impostos ou de estabelecer proibições de
55
NO mesmo serÉido ALEXANDRE do AMARÁI , Dìrcito Fiscat, (C.;rmbra 1959/60) 5t-61
rÌras paÍa quern oarguÌneúo decisivo é o facto da asseÍnbleia constituinte ter rejeitado expressa_
mente uÌÌxl noÍÌna que incluia imposto e taxas Íja competência exclusiva para além de uma ao^.áiise
do d€clínio do poder dâs Ass€mbleias. CARDOSO da COSTd Carso de Direito Fiscat 2j d
(Coimbra 1972) 165 considera que so depois da revisão de 7l da Consfituição de 1933 passou a
çriaÉo de impostos, çomo garantia indiüdual dos confibuútes a estar reservada à Assembleia
Nacional.
r'
L
que seja a Assanbleia Nacional " o órgâo exclusìvo da soberania tributÁria ea lei, regra
geral e abstrac|a dela dimanada a única expressào dessa soberania"56.
do.
1933 suficientes argurnentos teÌÍuais para suportaÍ a tese da tadicional diüsão de pode-
Mas se pelo contrfuio se considerava aceiúvel qualquer das possíveis teses, sem
uma laloração crítica de neúuma delas, sem qualquer preocupação quaÍúo aos princí-
tos.
tituição fisca1 material é uma questão que se prende dircçtamente com as relações fisco
sem lançamento) é feito pelo contribuinte5s, uma vez que nos impostos classiicados co-
datlos normativos.
prestar, com base numa obrigâção cerh e exigível, mas porque letala ao nascimento de
dos dados normativos ARMÌNDO MONTEIRO conclui que "acompanhando a üda dos
ur
ARMbIDO MONTERO , Prclecções.Ífr" 60.
u'
ARì,m,IDO MOì\ITERo , prelecções...EI,6t.
39
DtÌeirô Eiscal - Rê]atóÌio
um certo período fxado pela lei, da prestação tributária que em harmonia com a lei lhe
foi determinada"ú-
A restrição que faz ao constitutivismo passa essencialment€ pela tendência a ex-
plicar o processm tributário com instrumentos retirados do díeito das obrigações: â gé_
tibuinte foi unra aquìsição metodológica que contribúu para permiú o enqua&amedo
da pnática fiscal - o mundo do Govemo e da Administração
- num esqu€ma coerente e
susceptível de explicar o nascimento, evolução e extinção das díüdas tle imposto: no
u'
ARì,m{DO MONIEnq prelecções...W 66-67.
do direito civil se revelou Ììma tâÍefa impossível65, já pelo contrário o movimento de re-
cepção dos quadros conceptuais do direito civil revelou uma extrerna fecundidade6.
Num movimento iniciado na Alemanha e na Àustia67, rnas que levou nrmra certa
E a razão biásica para essa impossibiìidade está no facto acsÌtuado por KIRCI*IOF ao discutir
65
os problemas específicos da legislação fisaal é que este vai ter s€r sempre diante de si factos
jtui-
dicamente modúados para reduzi! a carga lscal or força do princípio flndaÍnental da âúonomia
da vontade: Sobre isto ver KIRCHHOF, Der rerÍas$ngsrcchtlíche Auftrag ntr Sauen'eteinJa-
clÌl/rg ln ln Steu€rverainfachung, Fs fiÍ Dietrich Meyer (IIeildelberg 1994) 32- PaÍô aum sínts€
do processo de emancipação do Direito Fiscal do direito çiví OSTERLOH Il Dirifto Tnbuturio e
it Dìrìtu Pnvada'n AMA^IJCCL ANDREA (direcção de...)- Tratatto di DiÍitto Tributario vs
(Padova 1994) 113-137. Mas é esse o modelo que prevalece rum imposto de r€gisto como o que
se encontra ainda configurado rn Túela Geral do Imposto do Selo que üsa ceÍtos actos
juÍídi-
cos.
66
tentati\" de assegurar uma nrtela eflcaz dos direilos dos contri-
Já bastante menos feçunda é a
buintes com um côntencioso moldado sobte o ploc€sso civil, cÍiândo assim uÌn pÍocesso tÍibutá-
rio considerado mmo um pÍoc€sso de parles, com um pedido e uma causa de pedir, com base
numa praensa igualdade de armas que na prática vem sempre oiar um conjuúo de óÍus proces-
suais dficilrnente nrperáveis pelo contribuinte. Sobre estâ questão v, do lJtoÍ Pincípio do Con-
tencíoso Trìbüt tio (Lisboa 1987).
ra: ver para uma síntese açtuãl KRUSq ,SÍeretzacáÍ I (Miinchen l99l) e também KRUSq Z'ln
Entstehen ünd fulixchen von Steuenrcprüchen, Die Stercneclúsordnung iÍI der Dskussion FS
fiiLr Tipke 2??-294. Se o conceito de relação iurídica é aplic.ável ao DiÍ€ito Fisc€l é poÍque o c!n-
ceio de relação "repres€Íta uma estruí]|a p.evia á l"lo|ação legal, ontológica neste sentido am-
plo, que não estabelecimerto esta srjeita à manipula$o legal e é coÊdiçionante da própÍia reali-
dade iúdica' OLIVEIRA ASCENSÃO. Teona G44l do Direito Civ lV Asboa 1993)
íAAFDL'ì 71.
ut
GIANnrrfs, 1/.Àqporro Gíündico detla Inpostd O,filano 1937)GIANIM não teín dúüdâs
qu€ todas as íoÍÌÌas que fazern com que o imposto s€ja deüdo, que determinam quem o deve
pagaÍ são rcgulados por disposições imperativas que resulta da poteslà ÍibutáÍia do Êstado: Ínas
como sugem direitos e deveres recíprocos o esquema da relação júúca é aÃ<rpÁo. Il Rt4t-
prto...2z-EstecL\iÉ ção se por um lado vai atribuir ao acto tÍibuláÍio (açcertamento) uma
natuÍeza puIamente declarativa por outro é taÍúém uma opção peraÍúe as duas côrr€ntes que
41
Dileito FiscaÌ - Relatólio
Nas suas lições este começa por distinguir claranente entre obrigação de im-
posto e a obrigação tribuúria: cobrindo estA "para a maior pâÍe dos autoreí' o "sisteÌnâ
jurídicos que se tomou de uso corrente na doutrina actual e que corresponde com algum
rigor ao modo como os irnpostos são hoje cobrados.
toARIr,fl.IDo
MoÌrma.o, pretec@s...m. 93.
" Sob(e estas questões v. TÌPKE-LANG &eaezecál l3"ed (Koln 1996)166190. BIRK Sreuer-
ieclÌt I- Allgemeines SteueÍecht I ? ed (MiìncheÍÌ 1994 89-110
"ARMINDOMONTEIRO, Prclec&s...W 9A.
DiÌeito riscal - ReLa!óÌiô
SAÌÀZAR (como político e não como mestÍe de Dircito Fiscal) pela tributação do ren-
dimento normal e a consequência redução da necessidade de declaração de rendimentos
Tudo isto loi aumentado com a reforma de 58/65 que com a sua opção de tributa-
ção parcial do rendimento real e com a criação de uma sanção automáüca (os jwos com-
pensatórios) para os casos de incumprimento: tal reform4 com a sua tentativa de tributa-
ção do Íendimento real, leio dar aos deveres de cooperação o can4cter de deveres que
ainda que seomdiírios (na medida em que não existirian sem a obrigação principa.l) não
relação tributária tem uma natLreza complex4 com nútiplos direitos e dweres "ao lado
da lirritação do patrirnónio que a obrigação de pagar um imposto implica'' exÀtem "ou-
Í'as deiimitações criadas tambán por lei e postas a cargo dos paÍicúares" porque "são
julgadas úeis para a dsterminação exacta do dever de prestar, isto é, pam a tansforma-
por força do cuÌnpdmflto dos deveres de cooperação que a lei atribui ao contribuinte e
apenas com esta mediação podemos ter a liqú<lação tla ob'rigação, a sua transformação
tudo do Dìreiío Fiscql publicada em 195175 a propôsito da distinção entre impostos di-
O que nos lela a conclú que estrí ainda por isso por definir, na doutrina porhr-
guesA uma opção expressa peünte a dicotomia coÍentes declarativaí correntes consti-
tuti\as.
A questão mantém-se por resolver na doutrina ao mesmo tempo que os dâdos
75
Temos citado lorgament e u Prelecções q|le rão podem em rigor s€r alÍibuídas a ARMINDO
MONTEIRO por se erìcontÍar ai uma veÍsão múto rÌÌais desenolvida do seu pensamentos. Nas
Prelec@es que encontnÂmos !a bÌbüoteca do C€ntro de Estudos Fiscais a única dú! é de \947.
Ternos contudo tâmbán üF€s de 1951-52 em que se indica o nome do compilador e do mesmo
Direitô FiscaÌ - RetatóÌio
wna condição ^rin€ qaa nor do fimcionamento normal dos Estados modemos.
Se o Estado Fiscal constihri, como tem sido obserrrado mútiplas tezes, o lado fi-
nanceiro do Estado Social de Dteito, a piwnzagão do procedimanto fiscal constitui a
Temos pois run conjrmto de questões que serÌr seÍem postas conjrmtamente vão
ser detemina.ntes para as soluções adoptadas pelo legislador e peia construção dognáti-
ca que as possibiüta e enquâdm ou que opta por uma posição mais crítica.
A prirneira dessas questões é saber s€ o acto tribuí4rio na sua dupla l€ste de acto
E a terceira questiio é saber se podemos teÌ um âcto trihftfuio qne só err condi-
ções excepciooais, quando qlica erradame*e a lei fiscal poderá ter uma lâhrÍeza cons-
titutiÌ": limitândo-se nos demais casos, se tiver lugar e quando tiler lugar, a ter uÌna na-
hreza puramante declaratila.
Começando poÌ esta ultima ques6o, que ocupou na doutrina fiscal portuguesa um
espaço claramente excessivo (e que ainda ocupa algum espaço na cloutrina italiaoa) a
ano sem refeÍência. Alntrdúqâo.to Esrudo do Dtreiro Fiscql qJe desÍa mesma fase ficou no
primeiro volume.
Direlto Fiscal - Relatório
resposta tinha sido formúada entre nós, em 1953, poÍ SOARES laa.x-TINEZ com per-
feita clareza.
A liqúdação lirnita*e a tomar a díüda certa e exigível: "Mas não é razoável con-
ftudir a exigibüdade com a e'tjstência do acto tributário"76.
Reparemos que a teÍ sìdo aceitâ esta posição pela doutrina ou a t€Í sido objecto
de erpresso recepção pelo legislador - teriam sido outos os rumos da dogniâtica fiscal
portuguesa.
Coìmbra houve algum desinteresse por tal tipo de questões, não foi evitaala com estâ to-
mada de posição.
Tal como não foi evitada pela tomadâ de posição de PESSOA JORGE, também
de um grande rigor e clarez4 soh're o mesmo tema; na sua passagem pela regência do
cuno de Direito Fiscal, PESSOA JORGQ com a sua formação civiüsta" é conftontado
p€ta diferença feita por alguma doutrina e jurisprudências portuguesas entre obrigação e
<Líüda de imposto.
brigação de imposto ant€s e depois da üqúdação; mas é apenas a diferenças entre a obri-
tu
SOABËS MARTI{EZ, Da Persorútìdqde Tributal,id Qjúoa lg53)159. E vqia-se como mais
tade na formulação da M Dreçtira do WA e do Código do IVA a importância que aszumiu a
distirção ex?ressa da lei como inshllmeÍúo da política legislativa a distingo e!Ìtre façto g€rador
do WA (que faz nâsc€r a relação jurídica) e exigibilidade do imposto. XA\aIER de BASTO, I
Tribrtr4ão do Contumo e a tua CÍxrldenqçÂo Internaciork - Lições $brc a Harnonia$o
Fìscal ra Com.mìdade Econúnicq Europeia CCTF tr(Lisboa 1991) 102-105.
46
Dtrerto riscal - RelaróÌio
gação ilíqúda e, quer dizer antes da prestâção determinada (mâs determinável) € a ob'ri-
As razões principais pelas quais a doutrina portuguesa se dewiou deste rumo estií
rio que iria iniciar na ctoutrina italian4 uma controvérsia riquissima. mas no essencial
pouco frutuosa- enbe correntes coííitutiüsus e declaratiüsus7).
Uma polémica riqússima do ponto de ústa dogrnático, quel na ltália quer ertre
nós na obra de ALBERTO XAVIER, mâs em sistemática oposição aos dados noÍnaí-
vos, às t€ndências profindas de evolução tla relação fiscal, ao que podanos chamar o
No mesmo momeÍrto em que toda a evolução lutura cla relação tributíria tomavâ necas-
t' Dominada pelo que podemos chamar umajurisprudência dos conc€itos taÍdia e como s€Írpre
nesta coÍeÍúe aterúa sobretudo à lógica formal. Sobre est€s desúos dajudsprudênçia dos con-
ceitos OLI\TEIRA ASCENS^O O Direito: Inlr.iaçAo e Teoria Geral - Utna P*spectía Luso-
Brasileìra 1 0'ed (Ccimbra 199'ÌY7347 5
41
Dlreitô Eiscal - PeÌatório
Quando, âo mesmo tempo que a estruttua geral da hibutação passa da fase in_
diciária para a tributação com base num 4aid que tìúa de ser objecto de uma cúdadosa
coostuçãojuídica o rendimento, o lucro, o consumo - o facto tributário via-se remeti_
do essencialnente parâ as situações em que se voltav4 por motivos de rmr compora-
mento iÍcito do contribuinte que exigia uma achlação sancionatóri4 para a tnbutação
indiciária com base numa decisão indiüduaÌizada da Administração fiscal.
A chamada autoüquidação deixava por isso de ser uma situação excepcional o tal
desafio perrÌraÍÌente à doutrina de que já falámos e que nos casos em que era praticada
30
Sobrc €sta dualidade veÍ as penetrantes obs€rvações d€ MÌCHELLÌ / TREM O-|{T], Obbfig.t_
zione Tibutaria, F.nalc. dell Dir. (l9?9).
Dir:eitô liscal - ReÌatóÌlo
direito ao contribuinte de recorrer aos tribunais, uma certa ambiguidade. Como sucede se
for usado para negar o recurso por ausência de acto havendo um interesse legítimo que
jusiúcaria a pronúncia judicial.
Na verdade esta consfução teórica nunca foi inteiramelte contribuinte fimada
pelos dados normativos: estes Íbl'am sempre wn verdadeiro leito de Locusta para as teses
rnquinadas pela corent€ coostitutiüsta. Aquelas teses que para manter um mínimo de
Mas após esta concessão à realldade jurídic4 procura dernonstrar que sendo o
acto tributário o títúo úst:âcto da obrigação de imposto a sua "condição de atendibili-
dadd'; sem que haja título 'hem o credor pode reclamõ â !Íestação, rcÌn o dewdor pode
pretender cumprir, liberando-se por consignação em depósito em câso ale mora do cre-
dot''8t.
Mas se é que ainda se podia sustentâÍ que o credor não pode agir sem acto triht-
lário no caso da cobrança coercir,au, que o acto trihúáÍio constitui o útÍo execúivo da
3)
xAytER, Conceíto e Nãhnem do Ado TrtbuÍátio (CoijribÍa l97z) 555-558.
"'Uma vez que no IVA - que exerce sobre a doutrina o mesmo papel provocatório, exigindo
constarÉe revisão de conc€itos que ao Imposto do Selo tinha no séoIo passado o úhrlo pode ser
*cadâ
cÍiado pelo contribuintg Como escreve XAVIER de BASTO, ío sisteÍna do IVA factura
mencionando inpostos constitui um aheque sobre o Tesouro, pois atribú ao destinatario que seja
sujeito passivo o diÍeito de deduzir o M nela corúido" e por isso mesmo cria uma imediata di-
úda de IVA para quem a subscreve hdependentem€rúe da existência da op€Íaçâo. XAVIER de
BASTO, A Tnbutução... (1991) 4a. NeÍrhuÍn imposto rcpousa tão pëadsmeÍÌte sobre os deve-
DirèitoFiscãt RêlatóÌiô
execução fiscal, nada irnpede que o devedor pague a sua diúda sem pronúncra expressa
constituir a regra a força penuasiva do modelo constitutivo, mesmo na sua forma mitiga-
d4 é radicaimente reduzida.
modelos mais eficazes ejustos de apücação da lei fiscale, não constihri necessaÍiâmente
me o qu€ são insrentes à aplicação da lei fiscal. Estes sociais globais úo inpücar uma
certa oneËção em termos finalceiros que serâo sempÍe, em l tima anáÏse, inputados
pelo Estado ao contribuinte.
E como ponto essencial para a resolução destes problemas está primeiro já referi-
da questão de saber se isto lai operar ou não uma iesão nos direitos do contribuinte. E
fiscal: sendo a aplicação da lei fiscal uma taÍefa e Ì]m direito do codribuinte a necessi-
dade dâ intervenção autoritáÍia vai ssÍ conÍnada a nolos e mais restritos domínios.
Desüanclo o acto tribuÍário para os casos em que existe uma situação de ütígio
enhe o Estado e contribuinte: se o contribuinte cumpre poÌrtualmente os seus deveres de
O cumprimento pontual tem uma naJuÍeza complexa pois lai desde questões de
nats{eza prìramente foÍmal até à exaota quantificação da dívida do imposto. Mas o crìm-
primento pontual vai tomar desnecessári4 e esse é o aspeoto ccnhal da relação tribuúria
Por detrás da existência ou não existência de rm acto hibú,ário com rìm conteú-
do necessariamente consútutivo, subjac€nte à possibiiiclacle negada desde o iníoio ilos
anos 50 por SOARES MARTÌNEZ de uma liqúdação consütutiva (só possível diríamos
nós se fosse uma üqúclação i1ega1 que cria uma dívicla fiscal que não corresponde ao
3ó
nwas fun6es do acto Íes€rvam-nos para os casos €rrÌ que €$e é coadição de clareza e
Essas
segurança jurídica. Veja-se a síÍÌtes€ de LOWER, Funhitiú und Begril der Yerualtungwld,lus
DÌïello !ìscal - RêIatóriô
facto tribut4vel e que irá produzir efeitos se não for objecto de revogação) podeni estar
úda fscal
Tal argumeÍìto nunca ocupou poran grande espaço nas corentes pós-allorianas
ou no ensino de ALBERTO XAVIER que, colocando ern termos radicalrneúte trovos
entre nós a metodologia do Direito Fiscal, considerou necessário cenfaÌ a suâ investiga-
Mas pode facilmente danonsaar-se que a tutela dos direitos do contribuinte não
passa por essa via e que pode ser assegurada com um car.âcter subsidiário da intervenção
administratíva-
fiscal como uma tarefa primordialmente pública - mas mais radicalrneirte nos sistemas
anglo.americanos.
ção legislativa que pretende pôr fim à polémica iniciada pela doutrina da ordem de pa-
1980, n'l l, 805-810. Surgindo aqú serios perigos quaodo a massificâÉo leva a uma degradação
da quúdade da aÍrálise do caso concreto.
DirêitôFiscát RelatóriÕ
de prestars8.
Mas a solução mais mdical para este Foblema pode ser encontrada no regime de
caleo.
83
Esta versão do AbgúenoÍdnuog de 1977 estavajá contitta na Reichógbenodnung de 1919
cc'mo cl'nsiderou o Bwdesvefasstmgsgeìcht atraves do chaÍÌÌado argumento de recspção".
BIRK S/ererrecál I (N,fiinchsn 1994) 26-27 . O qe ratc'.t toda a impoÍtância a €sta polemica ria
doutrina alernã.
s SobÍe isto veja-s€ JAMES, SelÍ-asessnent in Iname TaxBTR(1994)2M. GREEN,,S€ly'
assessment: d New Era Íor Uníted Kingdom TqMyeB, buí wltaí dbottt the Costs? B'I?.
(1996)107-119.
s Na Alemarúa no caso dos trabalhadoÍ€s por coúa de outem há uma delicada diüsão de
fun@es qnpegado/ empregador m determina4ão da díúda fiscal. BIRKENFELD
SaclNerhaltsemitthmg unl Rechtanveruhmg bei der Lohnsteuer in- urd auskìndischer
ÁÌbeifirehner DSTIG (1986\ U53'76 .
DiÌeito Fiscá1 - Relatório
Como questão préüa para a aplicâção de leis fiscais assim concebidas surge a
questão de saber se etra nâo põe o priacípio do due process oflaw com o que este contém
de defesa cla propriedade confa intromissão que não seja proc€ssuâlnente legitimada:
oposição: "Tre ConstiÍution does not conflict wÌth henelf by cofering on one hand a
tqxíng povter and taking the sãme power crway by the other by the limitationr of à.te pro-
cess ctquse .
Tal sistema com atribúção aos contibuintes de uma parte decisiva da gesfjio fis-
cal tem sido considerada nos Estados Unidos como o mais eficaz dos conAa a excessila
citizene2.
Mas de um outo ponto de vista este sistema é único corrpatível com a pres€rva-
ções penais aos casos de incunpÌimerÌto: mas perÌnite também umâ redução dâ intromis-
auto-aibutaçãoea.
" ROTUNDA /NOW AK tyOUNG, Corctítuciorul Iaw 5.ed- g 5.5, (st.pauÌ 1995) 19s..
" Sobre a origem d€sie sistenla e as suas raízes na Íevoha fiscal coÍÍa o ingles€s que esteve na
odgem da independêocia norte.ameÍicana. MUMFORD, SelÍ-qssessrrentÍol l,Eome T@c: the
Re levmce oÍ HìsÍoricdl.ütd Cotúitucional DìÍÍerence BTR (1996) l2l-13 I
" Que quando úo é plenamente ac€ite em teÍmos de princípios e soluções de
pormenor sria dú-
üda e inceÍezas. Veja-se o que sucedia na antiga
ContÍibuição IndustÍia.l que qualificava a liqui.
dação do contÍibuinte como üquidação proüúria. PITT Ae CIJI{HA\ Á toliqui&tção como Re-
gime Regrd da Tnhilição &s Enrysa AFt*ahdade dos Anos 90 (Ëstudos e pareceres)
(Coimbra lc96) 165- 168
q
Sobre esta dimensão da auto-tributação e a sua irnpoÍância cedral para legitimar o sisema
junto do coÍtribuinte ver MIMFORD, serrent... (1996) 124 etzínbél.i
^gely'dsse
SLEMROD,tsAKIJd Iiao4g Ourseh.es A Citizen Gaide to the Gredt defue over Ta Reform
(Canbridge, Massachutsetts 1996).
DiÌeitô Fiscal - Re1ãtóÌiô
tente na doutrina portuguesa sobrc a f,mção que deverá ser atribúda ao acto
tribuúÍio: se
o âcto tÍibutáÌio tivesse de algum modo um conteúdo consútutivo ou mesmo sendo um
título abstracto que completa uma ceúo processo é una concepÇâo doutrinalmente in-
compatível com âs orientações fundamentâis do achral legislador portuguêse5.
ntuais, como sucede no caso do IRS, uma vez que os elementos base da decisão são
for_
necidos pelo contribúnte.
Todos estes mecaaismos de gestão fiscal que são uma consequência do car.ácter
üdade.
obrigação fisca1 é urna obligctÍio er lege: e sem a definição inequívoca deste pressuposto
dogn4ticos o modo actual de liqúdar e cobrar impostos estaria inteiramente ern criseeT.
e7
Com esta posição, embora com a fomulação de algumas restÍiçõ€g SOARES MARTINEZ,
Direíto FÌscal (Crinbta 1993) 172-17 4
Dileitôrrscêl ReÌatorlo
Sem a paÍe especial o Dircito Fiscâl vai ser um conjunto de principios destituídos
de üvência efectiva: mas sem a explicitação de princípios
lão iú passar de ur merâ
prática adrniaisaativa construída à margem do
díeito.
As questões a abranger no ensino do Direito Fiscal constituem
outro sério pro-
blema de hanraonìzação de espaço e de questões de idêntica
irrpor6ncia: sena mars inte-
ressante €nsinar hoje o Direito Fiscal intemo
com uma integrdção múto ampla no qua-
dro de referêucia dos principais processos como o da harmonização
fiscal ewopeiae8.
Mas as necessidades implicaãas na existência de recursos
escassos com usos âr-
tsmaÍrros conduzem à aecessidade de reservax certos
objectos hoje dotados de crescente
autonomia como o DiÍeito processual Fiscal, o Direito
Fiscal intsmacional e o Direito
Fiscal comrmitário para o curso de fiscar tr, já fora
do Íonco comurn do ersmo do dì-
relto.
"t Veja-1.uma s11se gesses p.ocessos em pIT -l|e üJ}íEA+A Haruonização Fiscltl
pera e o unemq Ì-tscat poltuguês e taínbë!Ín A ÌIarmoninção
EtnG
da Fiscatidadé e as Exigências fu
hropeia n Afi*:did"a" a* a"o, s0 órh.doJ" iaroer"";
i;i;#3ffi^ni.,*","*
a7
DileitôFiscal Eelatório
Mas as opções çe têm de ser feitas aconselha que escolhamos o núcleo con-
c€ptuâl da matéria: num mundo em evolução cada vez mais rápida e num sectoÍ coúe-
cido pela tendência para uma constante e excessi mutação de regimes legislativos o
58
Direlto FiscaL - Re1âtório
1.1 O sistema fiscal português e a sua histfuia: as reformas fiscais e o szu sentido.
ORDENAMENTO JLJRTDICO.TRtsI.IÁRIO
nal.
4.1 A lei fiscal como wt dictum doleg1slador constitucional e a limitação dos poderes do
legislador ordinrário
lüìls.
tela da confiança.
60
F
DrleitoFiscal Rè1atólio
levantes.
6.6. O dí€ito fiscal como um direito de massa: norma do caso e espiral hermenêuüco
!t
DiÌeito Fiscal - RelatóÌio
$8 OS BENEF1CIOS FÌSCAIS
62
E
DireitoFiscal Re]a!Ólio
clamtivos.
conta-ordenações fi scais.
fonte.
ACRESCENTADO.
63
DiÌeito riscal - Retatórro
-
fiscal
64