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Bauru
2009
Tema: Misturas de Cores
Objetivos Específicos:
• Participar da contação da história “O mistério do arco-íris”.
• Investigar os resultados das misturas das cores primárias com materiais
expressivos diversos.
• Criar o próprio personagem com base nas descobertas das investigações
realizadas.
• Criar, em grupos, histórias com os personagens.
• Explorar as possíveis maneiras de confeccionar os personagens criados sob forma
tridimensional.
• Elaborar grupalmente teatros de fantoches com os personagens criados.
• Apresentar teatro de fantoches em grupos.
Conteúdos:
• Cores primárias
• Cores secundárias
• Criação de texto narrativo (conteúdo interdisciplinar – Português)
• Desenho criativo
• Tridimensionalidade
• Estrutura teatral
• Pesquisa de materiais expressivos secos e úmidos.
O que pode ser encontrado, com grande freqüência, nas aulas de Arte, são aulas
expositivas, com temática fragmentada e práticas limitadas; com maior ênfase nos clássicos
do passado e seu contexto histórico.
Este projeto busca priorizar a prática investigativa em torno da temática central
proposta, passando por conteúdos interdisciplinares e oportunizando vivências em diversas
situações que envolvem o tema cor.
Segundo Piaget, a criança aprende o conhecimento por meio da prática, assim sendo,
não seria suficiente apresentar as possíveis misturas a serem feitas com as cores primárias sob
a forma de texto. É importante que a criança conheça a cor, a maneje sob a forma de
diferentes materiais expressivos, sobre diferentes suportes, e ainda, posteriormente, aplique
essas misturas em diferentes situações, durante as quais seja necessário que seja criativa,
criando conexões.
Desenvolvimento:
Em um certo lugar, não muito longe daqui, em uma dimensão paralela, havia o país
das cores. Era uma terra magnífica, cheia de cavernas brilhantes, vales onde arco-íris
apareciam todos os dias, árvores altas, flores fluorescentes e o ar possuía diferentes cores e
perfumes, dependendo da hora do dia. E as cores, moradoras do país, voavam sempre em
grupos de iguais. Vermelhos com vermelhos, azuis com azuis e amarelos com amarelos. Essas
eram as únicas cores que existiam no país das cores, e ninguém compreendia porque os arco-
íris tinham tantas outras cores, e nem mesmo de onde elas vinham e como ficavam lá,
paradas, uma ao lado das outras, no meio do ar, como se fossem se dissolver ou desaparecer, a
qualquer momento. Este era o grande mistério que os azuis, sérios cientistas locais, tentavam
descobrir. Mas sem resultados.
Em uma família de alegres vermelhos, cor dominante por todo o país, que vivia nos
jardins rubros, entre as Cavernas Frias e os Vales da Ilusão, um pequeno vermelhinho, o
Carmim, filho mais jovem de todos, não se cansava de passear, e correr, e voar por toda a
parte em busca de aventuras. Seu pai, o velho e respeitado Escarlate, sempre lhe dizia:
- Pequeno Carmim, meu filho, cuidado por onde andas e com que se misturas. Sabes
muito bem que é terminantemente contra as regras envolver-se com amarelos ou azuis, são
diferentes de nós e podem acabar com tua pureza, e principalmente com os azuis, são
dominantes e muito mais fortes que nós.
- Mas, papai, quem foi que disse que temos que ser puros? – reclamava Carmim.
- Eu estou dizendo, pequeno. Sempre foi assim, e assim deve continuar sendo.
Obedeça. E muito cuidado com tuas andanças por aí. Passe longe das Cavernas Frias do Sul, e
das Terras Resplandecestes.
- Está bem, papai – respondia tristemente o pequeno Carmim, que sentia-se vibrar
apenas de imaginar-se desvendando os antigos mistérios do arco-íris e explorando as terras
proibidas.
Certa manhã quente e perfumada de primavera, nos jardins rubros, Carmim saiu,
decidido a divertir-se e viver grandes aventuras.
- Cuidado, Carmim, cuidado! Não voe muito longe, menino! – gritou Coral, irmã
mais velha de Carmim, que regava as pequenas flores do jardim enquanto o irmão saia.
Carmim voava em círculos pelas terras permitidas, entediado, não agüentava mais
seguir às regras e ficar nos limites dos jardins rubros do Norte.
- Ai, ai... Cansei. – E encostou-se sobre uma rocha, que delimitava a fronteira entre
suas terras e as Cavernas Frias do Sul. Um arrepio fez toda a sua vermelhidão vibrar.
“Puxa vida, preciso de aventuras! Por que os azuis são tão perigosos? Parecem
legais...” – pensou, observando fascinado, ao longe, manchas azuladas que movimentavam-se
lentamente, deixando um longo rastro de luz prateada.
De repente, viu uma daquelas manchas aproximar-se, aproximar-se, aproximar-se...
Aí, então, ele percebeu. Era uma pequena azul ciano, filha do grande Dr. Ciano, o cientista
mais popular de todo o país. Carmim não a conhecia pessoalmente, mas já vira uma fotografia
em um dos jornais do pai, que dizia o quanto a pequena quebrava as regras e recomendava
que os filhos vermelhos não se aproximassem dela.
“Mas ela é tão... tão... linda, e... azul...” – pensou Carmim, encantado. E ela se
aproximava rodopiando, lentamente, espalhando tua luz.
- Olá, vermelho – disse ela, e Carmim mal podia enxergar seu rosto, tamanha sua luz.
- O-o-lá... – gaguejou. – Quem é você?
- Como assim, quem sou eu, vermelho atrevido? Sou Azulina, filha do Doutor Ciano
– disse, toda cheia de si, resplandecendo ainda mais. E Carmim pensou que pudesse ficar
cego.
- Ah... claro. Sou Carmim, filho do senhor Escarlate.
- Claro.
- Podemos fazer isso? Conversar, assim? – hesitou Carmim, afastando-se um pouco.
- Eu não sei você, mas eu posso fazer tudo o que eu quiser... – respondeu sorrindo.
- Verdade? – e então ela já não parecia tão assustadora, e Carmim podia ver-lhe o
belo rosto azulado.
- Verdade, vermelho tolinho – e sorriu ainda mais. – Vamos passear um pouco?
- Mas eu nunca saí dos Jardins Rubros, Azulina.
- Não? Ah, vamos, por favor. Não seja tão obediente. Como pode nunca ter saído das
terras vermelhas? – e voava ao redor de Carmim, sem parar, como se quisesse enfeitiçá-lo.
- Não sei se devo... E se acontecer algo?
- Vai acontecer! Você vai se divertir, oras. Vamos?
- Tudo bem, você me convenceu. Vamos!
E saíram a voar juntos, alegremente. E foi a primeira vez que um azul e um vermelho
foram vistos juntos, voando tão próximos e felizes. Tiveram um dia magnífico, passaram
pelos vales, cavernas e todo o tipo de jardins que havia no país. E o inevitável aconteceu:
Carmim e Azulina se apaixonaram e viam-se todos os dias, para desespero das duas famílias.
Mas nada podia separá-los, tamanho o amor que surgiu entre eles. E assim, passaram-se
alguns anos.
Um belo dia frio de inverno, com perfume de flores, Carmim aproximou-se do pai
sem jeito, mas decidido e confiante.
- Pai, vou me casar.
- O quê?!! Está maluco, Carmim?
- Não, pai. Estou decidido. Vou me casar. E não há nada que possa me fazer mudar
de idéia. Com a Azulina.
- Azulina? A Ciano? Uma azul? Você enlouqueceu! Só pode ter enlouquecido! Vai
acabar com a honra de nossa família, meu filho.
- Sim pai, com a Azulina.
- E teus filhos? Não se incomoda de ter pequenas aberrações da natureza com esse
casamento? Seus filhos serão o quê? Vermelhos azulados? Por favor, não faça isso.
- Já estou fazendo, meu pai. Desculpe-me.
E ocorreu que na primeira manhã de Outono daquele ano, com frescos ventos a
cantar por entre as árvores, Azulina e Carmim casaram-se, e houve festa entre as borboletas, e
os arco-íris saíram dos vales a dançar ao redor deles, e aquele ficou conhecido como o mais
belo dia dentre todos, no país das cores.
Azulina e Carmim foram viver em um vale próximo ao arco-iris mais belo de todos.
E, um pouco mais tarde, veio a notícia. Foi Azulina quem reuniu as famílias e comunicou:
- Cianos e Escarlates, estou esperando um bebê.
Todos choraram de felicidade, abraçaram-se e ao final, quando o bebê nasceu,
ninguém podia acreditar no que viam:
- É uma nova cor!
As fadas e ninfas vieram conhecer a criança e batizaram-na de: Lilás. Era linda,
suave e refletia o calor alegre de seu pai, assim como a serenidade e frieza de tua mãe.
Com o passar dos anos, tornou-se comum o casamento entre cores diferentes, e
outras diferentes cores surgiram, como o laranja e o verde. Aí, então, todos descobriram: a
união entre diferentes cores... daí vem o arco-íris!
E o país das cores tornou-se o mais belo e colorido lugar de todos os tempos e até
hoje, Carmim e Azulina, são conhecidos como pai e mãe do arco-íris.
REFERÊNCIAS