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Déficit Público: Não

adianta culpar os juros


Por Terracoeconomicofev. 29, 20161 Comentário542 Views

Ok, os juros elevados são um problema. Mas eles sempre


foram UM problema, de modo que hoje eles não podem ser
culpados de O problema.

Espero que tenha entendido este trocadilho. É de suma


importância você ter isto claro. Leia com tempo este texto e
reflita.

Sempre se reclamou dos juros, mas conseguíamos viver


“pacificamente” com ele na época de elevadas receitas para
o governo, dado o ciclo econômico expansivo e o crédito fácil.
Aparentemente, agora que a festa acabou ele voltou a ser O
vilão. Mas ele nunca deixou de ser UM vilão.

O vilão das finanças públicas atuais é o crescimento dos


gastos, de forma contínua e resiliente, mesmo após o das
receitas. Vem comigo.

O resultado nominal é composto pelo resultado primário


menos os gastos com juros. De outra forma, o resultado
primário consiste no resultado nominal acrescido dos juros:

Então, Resultado Nominal = Resultado Primário – Juros


O resultado primário nos mostra quanto o Estado consegue
saldar suas contas, do “dia a dia”, desconsiderando a pesada
conta dos juros.

Abaixo, podemos visualizar a trajetória do Resultado Nominal,


que cresceu quase 4 vezes de meados de 2014 até o fim de
2015, subindo de R$ 150 bilhões para superar os R$ 600
bilhões em menos de dois anos.

Os mais aventureiros de antemão já bradaram: “São os


juros!”; “É a SELIC, que vem subindo”.

Sim e não.

De fato, a alta da SELIC prejudica a atividade econômica,


frustrando receitas, inibindo investimento e coisa e tal.
A questão é que, ao contrário do que se pensa, mesmo com a
elevação da SELIC no recente aperto monetário, a
participação dos Juros na composição do Resultado Nominal
vem caindo.

Ela, que já atingiu 400% do resultado nominal em 2008 e


300% em 2011, encerrou 2015 por volta de 80%. Isto ocorre
por que o gasto com juros era muito alto, superando em
muito o resultado primário, de modo que seu resíduo (o
resultado nominal) também será inferior. Volte a fórmula
citada lá a cima e ficara claro a matemática.

Em outras palavras, o aumento da taxa de juros não tem feito


a conta dos juros pressionarem mais do que antes o déficit
público.

O gráfico abaixo (que mais parece uma grande metrópole e


sua sombra na água) mostra que é a piora do resultado
primário que tem agravado o resultado nominal. No primeiro
gráfico, o salto para R$ 600 bilhões reflete forte aumento dos
gatos correntes do governo, principalmente a partir de 2014.
Agora, prepare-se. Eu vou te induzir ao erro.

Qual é, pra você, o grande vilão neste gráfico que elevou o


déficit nominal em relação ao PIB?
Se você não prestou atenção na parte inicial, então
prontamente dirá: os juros. Mas é claro, saltaram de 4,68 %
do PIB em 2013 para 8,46% do PIB em 2015, ou seja, subiu
3,78 p.p., como não seriam os juros?

É que você ignora o resultado primário. Este, que era


superavitário em 1,72% do PIB no ano de 2013, caiu para um
significativo déficit de 1,88% do PIB em 2015. Ou seja, caiu
3,60 p.p. (+1,72 – 1,88 = -3,60)
Entenda: a gravidade da piora do resultado primário, que
sempre está escancarado na mídia, não é à toa. Ela diz que
você não consegue saldar suas contas do cotidiano, desde o
papel higiênico da repartição pública até os gastos com
construção de alguma coisa em algum lugar desse Brasil. Ai
que mora o perigo.

Quando o investidor olha pro país, ele olha para as contas do


país e quer pensar: bom, ele tem uma conta com juros bem
alta, o que é perigoso, mas pelo menos está conseguindo
economizar nas contas do dia a dia, de forma que sobra um
“resto” para me pagar.

Hoje, ele olha e pensa: eles estão com dificuldade de pagar


até a conta de luz, quanto mais o que eu emprestaria para
eles.

A consequência disso são inúmeras, dentre elas o aumento do


risco e gerando, portanto, , elevação da inflação, elevação da
taxa de juros, desaceleração da economia, perda de
empregos, etc etc etc.

Por fim, voltando ao trocadilho do início. Os juros altos são sim


um vilão, mas não O vilão, cargo este, que, na minha opinião,
deve ser dado à forte elevação das despesas públicas
desvinculadas do ciclo econômico. Tal fato, que faz com que
os gastos subam mesmo em época de frustação de receita,
defendido pela Constituição, é a pedra fundamental da crise
brasileira de curto prazo.

Arthur Lula Mot

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