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Marlene Cainelli*
Resumo
Trabalhar questões relativas ao ensino de História e a História da
Educação na educação básica está relacionado historicamente à seleção
de conteúdos para ensinar História. Entre os principais fundamentos
deste olhar historiográfico para o ensino de História está a importância
do pensamento histórico para este processo. Autores como Rusen (1998,
2001) Lee (2001, 2006) e Schmidt (2009) argumentam que para se
investigar a aprendizagem histórica é preciso ter como referência teórica
e metodológica a ciência da História. Nesta pesquisa que realizamos
pretendemos discutir como os conteúdos da História ensinada são
determinados e postos em prática em sala de aula. A seleção e definição
de conteúdos escolares pressupõem uma determinada concepção de
história além das demandas relacionadas aos poderes constituídos, nesse
sentido definir o que se ensina na disciplina de História caracteriza-se por
disputas em torno da memória, constituição da nação e de seus sujeitos.
Abstract
To work with questions related to the teaching of history and the history
of education in elementary and middle schools involves the study on
how history contents have been selected, historically. Among the main
fundamentals behind this historiographic look into the teaching of history
is the importance of the historical thought for this process. Authors such
as Rusen (1998, 2001), Lee (2001, 2006) and Schmidt (2009) argue on the
*
Doutorado em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professora
de Metodologia do Ensino de História e do Programa de Mestrado em Educação da
Universidade Estadual de Londrina (UEL). E-mail: cainelli@uel.br
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Este artigo é originário de discussão e leituras no âmbito do projeto de pesquisa Educação
Histórica: um estudo sobre a aprendizagem da história no processo de transição para a
quinta série (6ºano) do ensino fundamental, financiado pelo edital de Ciências Humanas do
CNPQ e pelo edital de pesquisa aplicada da Fundação Araucária.
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Introdução
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Leopold Von Ranque (1795-1886).
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métodos. Como a história marxista, história dos Annalles, Nova história cultural.
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A análise marxista parte das estruturas presentes com a finalidade de orientar a práxis
social, e tais estruturas conduzem à percepção de fatores formados no passado, cujo
conhecimento é útil para a atuação da realidade hodierna (BITTENCOURT, C. M. F.
Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004, p. 145).
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Transposição didática é um processo de transformação científica, didática até sua tradução
no campo escolar. Ela permite pensar a transformação de um saber científico e social que
afeta os objetos de conhecimento em um saber a ensinar, tal qual aparece nos programas,
manuais, na palavra do professor, considerados não somente científicos. (...) Isso significa,
então, um verdadeiro processo de criação e não somente de simplificação, redução (INRP,
1989, p. 14 apud Schmidt; Cainelli, 1989, p. 31).
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A disciplina de Estudos Sociais foi criada no período da ditadura militar eliminando-
se do currículo das escolas no ensino fundamental as disciplinas de História e Geografia.
Também foram criadas neste período as disciplinas de Educação Moral e Cívica para o
ensino fundamental e Organização Social e Política Brasileira para o ensino médio, que
tinham como objetivo discutir questões ligadas ao civismo e a pátria brasileira.
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A avaliação de livros didáticos no Brasil faz parte do Programa Nacional de Livros
Didáticos do Ministério da Educação. Este programa foi criado em 1985. O primeiro guia
de livros didáticos para 1ª a 4ª séries do ensino fundamental foi publicado em 1997.
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Parâmetros curriculares nacionais foram propostos pelo Ministério da Educação no ano
de 1996. Constituem-se em diretrizes, que orientam a educação básica no Brasil, e são
elaborados por disciplinas. Não sendo obrigatória sua utilização como referência.
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Esta teoria baseada no pensamento de Jean Piaget foi e ainda é muito forte entre os
professores das séries iniciais que argumentam a dificuldade do ensino de História para
crianças por conta da impossibilidade de tornar concreto o conhecimento histórico.
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Segundo Isabel Barca, a educação histórica tem se constituído a partir de uma
fundamentação teórica específica, sendo que as áreas contempladas são: a Epistemologia
da História, a Metodologia de Investigação em Ciências Sociais, a Psicologia Cognitiva
e a História. Os focos de investigação são: princípios, fontes, tipologias e estratégias de
aprendizagem em História, com o pressuposto que a intervenção do professor na qualidade
da aprendizagem requer um conhecimento prévio e sistemático das ideias históricas dos
alunos (BARCA, 2005, p. 15).
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Referências