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a segunda metade do século 20, de pro-
fundas e rápidas mudanças tecnoló-
gicas, o diabólico – que, se tomado em
sua acepção etimológica mais simples,
significa: jogar separado, desagregar – parece ter-se
metamorfoseado de muitas maneiras, ganhando ares
mais eficazes e potentes: a magia do cinema, a com-
panhia do rádio, o vício da televisão, a liberalidade do
vídeocassete e depois do DVD, o ensimesmamento
do walkman, a narcotização do videogame.
Mas, eis que surge a suprema metamorfose (por reu-
nir em si todas as anteriores) a encarnação luciferina:
o Computador. Aí foi demais. Se pudemos conviver
de forma medianamente pacífica com as outras me-
tamorfoses (às vezes ignorando-as, outras vezes nos
deixando possuir), essa trouxe uma ameaça fatal: ele
é especialista em inteligência, a nossa especialidade.
Pior ainda, ele é especialista em algo impossível para
muitos de nós: inteligência artificial, sem materialida-
É preciso cautela com a de, sem peso, sem odores, sem carne, sem sentimen-
informatolatria. Tecnologia em si tos; enfim, desumana.
mesma não é requisito exclusivo Pronto, aí estaria a saída para os que querem rejeitá-
para avaliar e fomentar a qualidade -lo, combatê-lo e derrotá-lo: sua desumanidade. Ele
da produção e da vida humanas. sim, o computador, a temoriza, pois tem inteligência.
Mas, ela é “artificial” e, por isso, diriam alguns, merece
Provocações Filosóficas
artificial f r eep i k