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Rastros Freudianos em Mário de Andrade – Vanessa Nahas Riaviz -2004

As marcas do pensamento de Sigmund Freud no século XX, traduzidas na teoria e


pratica a que denominou psicanálise, transcenderam o âmbito da medicina e da
psicologia, alterando a maneira pela qual o homem pensa a si mesmo (...) (RIAVIZ,
2004, p. 3)

As relações entre a psicanálise e o campo das artes, especificamente entre psicanálise e


literatura, remontam ao próprio interesse de Sigmund Freud por este campo. Ele
debruçou-se sobre a pintura, a escultura, recorreu a obras literárias para elaborar e
ilustrar os seus conceitos e processos, fez aproximações entre o modo como operam o
psicanalista e o poeta. Alguns de seus trabalhos que mantiveram um diálogo com o
campo das artes foram: O delírio e os sonhos na Gradiva, de W. Jensen (1906); Uma
lembrança infantil de Leonardo da Vinci (1910); A interpretação dos sonhos (1900);
Escritores criativos e devaneios (1908) e O Moisés de Michelangelo (1914). (RIAVIZ,
2004, P. 3).

O impacto que a psicanálise provocou no meio artístico e literário, entre médicos e


intelectuais desta época, resultou numa conexão entre modernistas e os psiquiatras que
iniciavam a prática da psicanálise no Brasil. Podemos citar como exemplo a publicação,
da revista Klaxon (nº 4, de agosto de 1922), de um poema de Durval Marcondes, na
época estudante de medicina, que viria a ser um dos precursores da prática psicanalítica
em nosso país. (p. 5).

Foi Mario de Andrade, dentre os modernistas, quem se mostrou o mais aplicado leitor
de Freud, estudando os seus conceitos nas obras que possuía em francês (...). Estas
aparecerão na sua produção ficcional, nos ensaios críticos e na própria maneira de
conceber a criação poética. A referencia a Freud e ao inconsciente no “Prefácio
interessantíssimo”, escrito em 1921, demonstra que já nessa época tomara conhecimento
das teses freudianas. (p. 6)>

A formação intelectual de Mario de Andrade, como ele mesmo afirmou, realizou-se, em


grande medida, através da cultura e do idioma franceses. Assim, foi em francês que o
autor de Macunaíma leu Freud. (p. 6).

Freud recorre a este conceito (sublimação) para explicar, de um ponto de vista


econômico e dinâmico, certos tipos de atividades sustentadas por um desejo que não
aponta, de forma manifesta, para um fim sexual. Neste processo, a pulsão dirige-se para
uma finalidade diferente e afastada da satisfação sexual. (p. 43)

Recordemos que o fim de toda pulsão é a satisfação, mas uma satisfação que coincide
com a finalidade biológica da sexualidade, que é a reprodução. Diferentemente do
instinto, ela não tem um objeto fixo, nem tampouco consegue atingi-lo: ela o contorna.
(p. 43).
No artigo As pulsões e suas vicissitudes (1915), Freud afirma que as pulsões sexuais são
capazes de funções que se encontram muito distantes das suas ações originais, ou seja,
capazes de sublimação. (p. 43).

Freud descreveu como sublimação principalmente a atividade artística e a investigação


intelectual, apontando esta para objetos socialmente valorizados (...). Através da
sublimação, diz-nos Freud, é possível atender as exigências do ideal do eu sem envolver
o processo de repressão. (p. 44)

Há em Freud esta característica da sublimação como tornando possível as atividades


psíquicas consideradas superiores – cientificas, artísticas, ideológicas -, valorizadas
socialmente, por cumprirem importante papel no desenvolvimento cultural e
civilizatório. Todavia, a sua fonte provém das pulsões sexuais, inibidas em sua
finalidade, como se verifica em “As pulsões e suas vicissitudes”. (p. 47).

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