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CONCEITO DE TRIBUTO
Ninguém paga o tributo por ter desrespeitado uma lei, tributo não é
castigo. Ao contrário paga-se o tributo por incorrer em uma situação
prevista em lei como hipótese de incidência tributária, ou seja, o
legislador elegeu uma situação que uma vez praticada pelo sujeito, no mundo
concreto, estará sujeita à incidência da norma tributária e por essa razão irá
nascer a obrigação de pagar um tributo. Exemplo: Imposto sobre Renda:
o sujeito terá que pagar IR quando auferir renda;
Assim sendo, pode-se afirmar que uma lei descreve hipoteticamente um
estado de fato e dispõe que a realização concreta, no mundo fenomênico, do
que foi descrito, determina o nascimento de uma obrigação de pagar um
tributo.
As hipóteses de incidência da norma tributária são sempre constituídas
por fatos lícitos, que uma vez ocorridos no mundo jurídico nasce a
obrigação de pagar o tributo.
Contudo, verifica-se que embora a hipótese de incidência tributária não
possa ser algo ilícito, os frutos de uma atividade ilícita posdem ser
objeto de tributação.
Como vimos, o legislador não pode eleger uma situação ilícita, mas ao eleger
uma situação lícita como hipótese de incidência, essa hipótese lícita pode
ter sido originada de uma atividade ilícita, o que não irá importar para
fins de tributação.
Veja no caso do Imposto sobre rendas ou proventos de qualquer natureza –
IR, a hipótese de incidência, também chamada pelo legislador de “fato
gerador” é “auferir renda”, assim o sujeito que auferir renda terá a obrigação
de pagar IR, e não importa para fins de tributação como essa renda foi
auferida, o que importa é que o sujeito incorreu na previsão da norma
tributária, qual seja, auferir renda.
Assim, se o sujeito auferiu renda de atividades ilícitas, para o direito
tributário apenas importa que o sujeito praticou o fato previsto na
norma tributária, qual seja, auferiu renda e por essa razão terá que pagar
o IR.
O art. 118, I do Código Tributário Nacional – CTN prevê que a definição do
fato gerador será interpretada abstraindo-se da validade dos atos
praticados pelo sujeito.
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:
I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos
contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu
objeto ou dos seus efeitos;
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
No caso do sujeito que aufere renda pela venda de entorpecentes, a ilicitude
é irrelevante para fins tributários, o que importa é que foi praticado
o fato gerador, “auferir renda” e por essa razão o sujeito deverá pagar IR.
O STF tem o entendimento majoritário de que praticado o fato gerador
previsto em lei, deve ser pago o imposto, independentemente da
atividade ser lícita ou ilícita, conforme podemos observar da ementa do
HC 77.530/RS da relatoria do Ministro Sepúlveda Pertence:
Drogas: tráfico de drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas,
com lucros vultosos subtraídos à contabilização regular das empresas e
subtraídos à declaração de rendimentos: caracterização, em tese, de crime
de sonegação fiscal, a acarretar a competência da Justiça Federal e atrair pela
conexão, o tráfico de entorpecentes: irrelevância da origem ilícita,
mesmo quando criminal, da renda subtraída à tributação.
A exoneração tributária dos resultados econômicos de fato criminoso - antes
de ser corolário do princípio da moralidade – constituiu violação do
princípio da isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética.
Os Tribunais Superiores aplicam o Princípio “Pecunia non olet”, segundo o
qual o tributo não tem cheiro, não importa de onde vem, nesse caso,
a renda auferida, o que importa é que ocorreu o fato gerador do IR, “auferir
renda”, e por essa razão, aplicando-se o art. 118, I do CTN deve-se haver a
tributação.
Pelo princípio da “Pecunia non olet” extrai-se o conteúdo axiológico do valor
de justiça, direcionando a exigibilidade da exação sobre quem possui
capacidade contributiva, ainda que o rendimento provenha de atividade
ilícita.
Instituída em lei
O tributo só pode ser instituído por meio de lei, de acordo com o art. 150,
I da Constituição Federal e art. 97 do CTN, e por meio de instrumento
normativo com força de lei, ou seja, por meio de Medida Provisória,
conforme prevê o art. 62 da CF.
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional
ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito
Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de
incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País;
Art. 97. Somente A LEI pode estabelecer:
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos
artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal,
ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito
passivo;
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado
o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a
seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos
tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá
adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de
imediato ao Congresso Nacional.
O tributo será cobrado pelo Poder Público que não terá margens para
escolhas discricionárias. O fiscal não poderá cobrar o tributo de acordo
com a conveniência e oportunidade, irá exigir a obrigação tributária do
contribuinte exatamente como está disposto na legislação.
ESPÉCIES DE TRIBUTOS
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Indelegabilidade:
IP, IE, IR, II, ICMS, IPVA, ICMS, IPVA, IPTU, ITBI e ISS
ITR, IOF e IGF, ITCMD (imposto ITCMD (imposto
sobre transmissão sobre transmissão
causa mortis ou causa mortis ou
doação) doação)
IMPOSTOS do IMPOSTOS do
art. 154, CF art. 147, CF
Imposto residual
UNIÃO ESTADOS DF MUNICÍPIOS
Contribuição de
interesse de
categoria
profissional ou
econômica
CONTRIBUIÇÃO CONTRIBUIÇÃO
ART. 149-A, CF ART. 149-A, CF
EMPRÉSTIMO
COMPULSÓRIO Não tem Não tem Não tem
ART. 148, CF
Facultatividade
Incaducabilidade
Irrenunciabilidade
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
(…)
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE
(Art. 106, II, “a” e “b” e “c” do CTN) - A lei tributária poderá retroagir
tratando-se de ato NÃO definitivamente julgado:
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
IPI
Casos de redução e restabelecimento das Alíquotas da CIDE
Combustível e do ICMS Combustível (155, § 4º, IV, “c” e 177, § 4º, I,
“b” da CF.
Contribuição Social (195,§ 6º da CF)
c) Existem tributos que devem respeitar o Princípio da Anterioridade
(RESPEITAM o Princípio da Anterioridade do Exercício), mas não precisam
respeitar 90 dias (NÃO RESPEITAM o Princípio Nonagesimal), são:
IR
Alteração de Base de cálculo do IPTU e do IPVA
Importante: o art. 150, III, “b” e “c” que se refere aos princípios da
anterioridade do exercício e nonagesimal, só se aplicam no caso de
instituição ou majoração de tributo.