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No 26

A chef-filmmaker Áudio
que foi do YouTube Conheça a função do Foley, o
para o canal GNT criador de sons para o cinema
Casamento
Veja 10 dicas para não errar
no vídeo de same day edit

Tratamento
Os principais passos para definir
Como ganhar dinheiro em e corrigir a cor do seu filme

filmagem com drone Direito autoral


Mercado está aquecido e há vários nichos a As alternativas de como usar a
serem explorados para quem aprender apilotar trilha sonora de acordo com a lei

O GRATUITO
enfrenta oFinal Cute o Premiere DaVinci
Os prós e contras Comparamos os
do programa de principais recursos
edição diante dos dos três. Confira
concorrentes as diferenças
  
  
 
       
       
       
  
      
         

 O MELHORCLICK.
Aydano Roriz
Luiz Siqueira
Tânia Roriz
Ao leitor
C
om o advento da era digital, a veolução das câmeras
Editor e Diretor Responsável: de fotografia que passaram a ter a capacidad
e de filmar
Aydano Roriz
Diretor Executivo:Luiz Siqueira e o crescimentode mídias dainternet como o YouTube
Diretor Editorial e jornalista responsável:
Roberto Araújo - MTb.10.766 e o Vimeo, jovens talentosos de vár
ios segmentos têm passado
araujo@europanet.com.br
das telas decomputador para os monitores de TV . Há milhares
Redação de casos mundo afora que comprovam que a criatividade
Diretor de redação: Sérgio Branco
Redação:Karina Sérgio Gomes (editora-assistente) supera a falta de equipamento e de estrutura.
e Guilherme Mota (colaborador especial)
Editora de arte:Izabel Donaire FilmMaker
Um deles é o de Raiza Costa, entrevistada por
Projeto gráfico:Vera Grandisky Lerner
Revisão de texto:Denise Camargo
Colaboraram nesta edição: Daniel Lobo, Diego Meneghetti, para esta edição. Estrela do recente programa
Rainha da Co-
Livia Capeli, Luísa Pécora e Talez Azzi cadano GNT, que pertence às Organiza ções Globo, ela criou
Publicidade uma série devídeos de culinária no YouTube. Batizou o canal
Diretor:Mauricio Dias (11) 3038-5093
de Dulce Delight e passou a publicar suas produções caseiras
São Paulo
Publicidade@europanet.com.br
falando um inglês perfeito (quem vê não imagina que é bra-
Equipe de Publicidade: Angela Taddeo, Alessandro
Donadio, Elisangela Xavier, Lígia Caetano,Renato Peron
sileira). A moça moraem NovaYork, estudou gastronomiae
e Roberta Barricelli
Criação Publicitária:Daniel Bordini
participou do MasterChef dos Estados Unidos.
Tráfego:Thiago Tane Criativa, engraçada, com total conhecimento doassunto
Outras regiões: de que trata e pouco ligandoara
p seus quilinhos a mais, Raiza
Brasília:New Business – (61) 3323-0205
Bahia e Sergipe:Aura Bahia – (71) 3345-5600/9965-8133 fez tudo sozinha nos primeiros episódios que publicou no
Paraná:GRP Mídia – (41) 3023-8238
Rio Grande do Sul:Semente Associados (51) 8146-1010 YouTube: planejou e gravou com uma simples Canon EOS
Santa Catarina:MC Representações – (48) 3223-3968
Outros Estados:Maurício Dias – (11) 3038-5093 T2i com lente básica na cozinha de casa. O sucessochegou
EUA e Canadá:Global Media, +1 (650) 306-0880
e hoje ela pode ser vista em português no GNT. Continua
Propaganda:Denise Sodré
gravando em casa (a sala virou estúdio),
Europa Digital
Gerente:Marco Clivati (marco.clivati@europanet.com.br ) mas com uma equipe de 25 pessoas e
Equipe: Adriano Severo, Anderson Cleiton,
Anderson Ribeiro e Karine Ferreira o equipamento evoluiu para três avan-
Circulação e livrarias çadas Canon C300 de cinema.
Gerente:Ezio Vicente (ezio@europanet.com.br)
Equipe:Henrique Guerche, Paula Hanne e Pedro Nobre
São histórias assim que inspiram
Produção e eventos
cada vez maisfilmmakers a pegar uma
Gerente:Aida Lima (aida@europanet.com.br )
Equipe:Beth Macedo (produção) e Denise Sodré (propaganda)
câmera e soltar a criatividade. Hoje um
Logística
trabalho de boa qualidade feito no Bra-
Coordenação:Liliam Lemos (liliam@europanet.com.br) sil pode ser visto em qualquer lugar do
Equipe:Gabriel Oliveira, Paulo Lobato e Thiago Cardozo
planeta e vice-versa. O mundo nunca
Assinaturas e atendimento ao leitor S
Gerente:Fabiana Lopes (fabiana@europanet.com.br) foi tão pequeno para quem tem gran-
Coordenadora:Tamar Biffi
Atendentes:Bia Moreira, Bruna Fernandes, Carla Dias, des ideias. Boa leitura.
Camila Brogio, Gabriela Silva, Josi Montanari, Luiz Gustavo
e Regiane Rocha

Administração
Gerente:Renata Kurosaki Se For o Caso, Reclame. Nosso Objetivo é a Excelência!
Equipe:Paula Orlandini, Vinicius Serpa e William Costa
Correspondência Europa Digital
Desenvolvimento de pessoal Rua MMDC, 121
Tânia Roriz e Elisangela Harumi CEP 05510-900
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FILMMAKER 3
Sumário

30
12
36
6_FAST FORWARD
Saiba das novidades lançadas no mer-
cado: câmeras, acessórios, softwares...

12_USO DE DRONE
Mercado brasileiro oferece boas opor-
tunidades para quem aprender a pilo-
tar esses aparelhos para filmar
s
e
d

20_TESTE DE SOFTWARE n
a
n
r
e
Veja comparativo do novo DaVinci H
li
a
t
Resolve 12 com oseditores Apple Final N
a

Cut Pro X e Adobe Premiere

30_ÁUDIO PROFISSIONAL
Descubra o que fazem os especialistas
em Foley no cinema e veja como tra-
balhar melhor o som em seus filmes
36_CHEF-FILMMAKER
Conheça a história deRaiza Costa,
que da produção de vídeosde culinária
em casa foi parar no canal GNT
o
ã
ç

42_TRATAMENTO DE COR a
lg

42
u
iv
Profissional ensina os passos funda- D

mentais para fazer um ajuste correto

48_CASAMENTO
Dez dicas para não errar na hora de fa-
zer o same day editpara o cliente

52_DIREITO AUTORAL
Alternativas para não burlar a lei nas
trilhas sonoras para seus vídeos

58_NEGÓCIOS
O jovem Lincoln Chessa conta a his-
tória de sucesso de suaprodutora

64_MUNDO MUSICAL k
c

48
o
t
Acompanhe mais uma etapa do projeto s
r
e
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Around the World in 80 Music Videos t
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S

4 FILMMAKER
Fast Forward

GOPRO CONFIRMA CHEGADADO DRONE KARMA EM 2016

A
pós vários rumores, a GoPro
finalmente anunciou que co-
locará no mercado um drone
próprio, denominado Karma, no pri-
meiro semestre de 2016. Mesmo com
o anúncio para a imprensa e um des-
taque no site, a empresa não revelou
muitas informações sobre o novo pro-
duto. O que se sabe até agora é que o
drone será do tipo quadcóptero e terá
boa estabilização de imagem – pelo o
ã
ç
menos é isso que pode ser visto no a
lg
u
v
teaser promocional que o fabricante i
D

publicou no YouTube (assista em


https://youtu.be/v_HVmFA47w0).
O vídeo de 1 minuto traz imagens Imagem feita com o drone Karma, que a GoPro lançará em 2016, mas que ninguém sabe como é
aéreas bem estabilizadas. Segundo
a GroPro, nenhuma correção de ima- ne para quem se inscrever no site português). Para concorrer, você deve
gem foi feita na pós. Embora o vídeo http://bit.ly/1I1CjRc até dia 31 de usar um endereço preferencialmente
tenha sido publicado em full HD, é março de 2016. Mas não se anime dos EUA. O resultado do sorteio será
esperado que o Karma permita cap- muito, pois, segundo o regulamento, divulgado em 15 de abril de 2016, um
tação em resolução 4K. a promoção é proibida no Brasil, dia antes de começar a NAB Show,
Para promover o Karma, a GoPro Portugal e em outros países (embora ocasião em que deverão ser divulga-
irá sortear 100 unidades do novo dro- todo o site esteja traduzido para o das todas asespecificações do Karma.

RED LANÇASCARLET-W
EM DUAS VERSÕES

P
lanejada para chegar ao mercado em fevereiro
de 2016, a Scarlet-W é a nova câmera da RED.
Com sensor Dragon, a Scarlet-W possibilita filmar
em 5K 60 fps, 4K 150 fps e 2K 300 fps, o que gera uma
captação para câmera lenta em altíssima resolução.
Uma variação do modelo, a Scarlet-W Monochrome
aumenta a sensibilidade da captura em troca de ima-
gens monocromáticas. Os dois modelos têm filtro pas-
sa-baixa no sensor (OLPF), que m inimiza o efeito moiré
em cenas com elementos de alta frequência.
Com o tradicionaldesign modular da RED, a nova
Scarlet-W é compatível com os acessórios do fabricante.
Ela permite gravar em Redcode RAW ou Apple ProRes
e oferece saída 3D LUT integrada. Custará US$ 9.950
nos EUA (apenas o corpo).

O novo modelo modular da RED


terá uma versão Monochrome
e gravará em 5K, 4K e 2K

6 FILMMAKER
MENOR 360º DO MUNDO É FRUTO DE
CROWDFUNDING

O
segmento de vídeos imersivos sitivo conectado a ela, grave os arqui- a mais. Veja, preferencialmente em
em 360º terá um novo produto vos (transmissão em H.264, com bi- smartphonepara habilitar o modo 360
em 2016. O projeto da Luna, trate de 1 Mbps). graus, um vídeo captado pela Luna em
considerada a menor câmera do mun- A câmera tem dois sensores de 5 https://youtu.be/ymS9p3ApyHk . Mais
do com esse recurso, atingiu a quantia megapixels cada, que possibilitam ge- informações emhttp://luna.camera .
necessária para o início da produção rar vídeosfull HD em 30 fps. Na parte
(financiamento viacrowdfunding). A inferior do produto, um conector iman-
estimativa é que a entrega das primeirastado permite acoplá-la a suportes e
unidades ocorra em junho de 2016. acessórios (ou ligar o carregador de ba-
O conceito do produto é inovador: teria). Segundo o fabricante, os arqui-
com formato esférico (lembra uma vos gerados pela câmera terão com-
bola de bilhar, com apenas 150 g), a patibilidade total com óculos Rift
Luna usa duas lentesfisheyecom co- DK1/DK2 e Samsung GearVR.
bertura de 190º para a captação de A Luna está disponível para pré-
imagens. Resistente à água e com es- -venda por US$ 299
tabilização de imagem, a câmera tem no sitehttp://bit.ly/ A Luna tem dois
apenas um botão e só 32 GB de me- 1OUSMWZ. No lan- sensores de 5 MP,
pesa 150 g e
mória – mas transmite sinal
wi-fipara çamento, a câmera parece uma
que umsmartphone, ou outro dispo- terá um custo de 25% bola de bilhar
Fast Forward

SLR MAGIC LANÇA50 MM


F/1.1 PARA SONY E
CONTROLE WI-FI
P
rojetada para câmeras full frame
de encaixe Sony E (como a no-
va A7S II), a SLR Magic Cine
COMPLETO PARA
50 mm f/1.1 é uma lente super clara CANON E NIKON
e bastante acessível (custa US$ 350
no exterior). O anel de íris/abertura esenvolvido pela em-
não tem travas e com ela funciona presa Alpine Labs, o

D
como uma autêntica lente de cinema. Pulse é um transmissor
A abertura mínima é f/16, e ela conta wi-fi compatível com mais de
com diafragma circular de 13 lâminas, 60 modelos de câmeras da Ca-
anel de foco interno (o elemento frontal não non e da Nikon, além da Pana-
gira com a focalização) e rosca externa para sonic GH4. O que destaca o novo
filtro de 52 mm. Projetada com 6 eleme ntos em produto, financiado pela plata-
5 grupos, a objetiva gera um bokehbastante in- forma Kickstarter, é o preço de
A SLR Magic Cine
tenso, ideal para criar um look de cinema com 50 mm f/1.1 é para apenas US$ 74 e as funções que
profundidade de campo curta a baixo custo. câmeras da Sony oferece: com ele é possível con-
trolar a câmera por meio de um
dispositivo iOS ou Android para
PANASONIC INVESTE EM TECNOLOGIA realizar fotos, vídeos e sequências
de timelapse com acesso com-
PARA FILMAGEM DE VÍDEOS EM 8K pleto aos ajustes da exposição.
Esse controle completo é al-
egundo estimativas do jornal entre foto e vídeo, possibilitando um go que tanto Canon quanto
Nikkei Asian Review (que traz hibridismo definitivo entre as áreas. Nikon ainda penam para adi-

S
notícias do mercado asiático em Em novembro de 2015, a Panasonic cionar nativamente às suas
primeira mão), a Panasonic retomou já deu mostras do que pode vir por DSLRs. E, por meio doaplicativo
o desenvolvimento de uma tecnologia aí: disponibilizou uma atualização do Pulse, é possível controlar até
de sensor para gravar vídeos em 8K. de firmware que traz a possibilidade três câmeras simultaneamente.
Para isso, a empresa japonesa fez um de refazer o foco após captar um ví- O acessório está em pré-venda
investimento de 10 bilhões de ienes deo em 4K (até agora, afunção é com- no website do fabricante, em
(cerca de R$ 320 milhões) na área, com patível com as câmeras Lumix GX8, alpinelaboratories.com . O frete
a expectativa de ter umproduto pron- G7 e FZ330). para o Brasil custa US$ 20.
to para o mercado em 2018. Denominado Post Focus, o recur-
Uma das expectativas do novo in- so funciona com umbracketingde 30
vestimento na área é que a filmagem pontos de foco para cada segundo de
em 8K reduza ainda maisas fronteiras filme – algo semelhante ao que a Lytro
realiza, mas aplicado também ao
vídeo. Com essa tecnologia, vídeos
4K podem gerar fotos de até 8 MP,
interpoladas automaticamente
(veja um exemplo em https://you-
tu.be/yQ8DHtp2FzM ). Se for apli-
cada no vídeo de8K, seria possível
gerar imagens estáticas de até 33
MP, algo que a própria Panasonic
prometeu apresentar ao mercado
o
até os Jogos Olímpicos de Tóquio, ã
ç
a
lg
em 2020. A Sony (que detém 40% u
vi
do mercado de sensores) e a D

A resolução 4K, padrão atual


de alta qualidade, deve ser Canon também mantêm pesquisas
substituída pela 8K em breve em filmagem em 8K.

8 FILMMAKER
quipa n s fotográf cos

DO
OAAMADOR
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Fast Forward

D750 E D4S COM


FILMAGEM VIA HDMI

A
função, que já existia para a Nikon D810,
chegou aos modelosfull frame D750 e
Conexão de
D4S: com um gravadorexterno conectado gravador externo
via HDMI, é possível controlar a captação de ví- via HDMI passa
deos na câmera por meio dainterface do próprio a ser possível
gravador. Isso aproxima ainda mais as DSLRs do também da
Nikon D750
universo da filmagemprofissional.
Para utilizar o recurso, o gravador externo
precisa ser compatível com o Atomos Open
Protocol, como são os modelos AtomosNinja2,
Ninja Blade e Shogun(custam, respectivamente,
US$ 300, US$ 500 e US$ 1,2 mil, no exterior).
Além do recurso External Recording Control,
os novos firmwares (C:Ver.1.30 para a D4S e
C:Ver.1.10 para a D750) também trazem cor-
reções para os dois modelos. Odownload pode
ser feito diretamente no site da Nikon, em
http://bit.ly/1I1Q8iH.

VIMEO MUDA SISTEMA E COMEÇA A EXIBIR


VÍDEOS 4K E 2K

D
esde dezembro de 2015 al- adaptável à conexão: como já ocorre em 4K para sua base completa de
guns usuários do Vimeo con- em outros serviços de VOD (Video on usuários, assim como a função de
tam com a possibilidade de Demand), o conteúdo armazenado streaming adaptável para os players
fazer upload de vídeos em 2K e em pelo serviço sob demanda do Vimeo da Amazon TV, Roku e dispositivos
4K para exibição diretamente no site também poderá ter seu bitrate alte- que usam Android.
do serviço ou em reprodutores in- rado automaticamente de acordo com Os novos recursos do Vimeo são
corporados em outras páginas. Para a conexão, para que não haja engasgos bem-vindos, embora cheguem um
dar conta do playback em alta defi- durante a reprodução. tanto atrasado: o YouTube já oferece
nição, outra novidade anunciada pela Por ora, a função de streaming a opção de vídeos em 4K há alguns
empresa é a seleção de qualquer re- adaptável está disponível apenas para anos. Na plataforma do Google, a no-
solução da exibição do vídeo pelo vi- visualização de vídeos em dispositi- vidade mais recente é a exibição de
sitante (antes era possível escolher vos iOS e Apple TV. A seleção da re- vídeos em 8K – há material inclusive
apenas em resolução normal ou HD). solução deplaybackestáon-linepara em 8K 360º, como uma visão do aero-
Além disso, o Vimeo também in- todos. Até março de 2016, o Vimeo porto de Dubai (assista em
https://you-
corporou o recurso de streaming planeja estender o recurso de vídeos tu.be/RNdHaeBhT9Q ).

o
O Vimeo (à esq.)
ã
ç
a
começa a exibir
g
l
u
vídeo em 4K
iv enquanto o
D
YouTube (à dir.) já
tem opção para a
resolução de 8K

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Equipamento

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S

Quem sabe pilotar e


filmar com drone tem
boas opções de trabalho
no mercado atualmente

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DRONES: MERCADO E
TÉCNICAS DE FILMAGEM
POR TALES AZZI

A
Quem tem habilidade s filmagens aéreas com uso de drones são cada vez mais
requisitadas em produções de televisão, cinema, docu-
para pilotar esses mentários, filmes publicitários, vídeos institucionais, ca-
aparelhos pode samentos e em eventos sociais (shows e festas em am-
bientes abertos) e esportivos (competições de motocross, ralis,
ganhar dinheiro com corridas de maratona…). O mercado est á em expansão e esse é um
uma variedade de ótimo momento para investir em equipamentos e treinamento.
Quem ingressou no mercado nos últimos dois anos está co-
trabalhos em um lhendo bons frutos. É o caso de Ernando Bressan, publicitário
mercado aquecido que, em 2012, comprou um Phantom 1 apenas por brincadeira.
Tempos depois, abriu a empresa Droneview einvestiu na compra
de equipamentos top de linha, entre eles o octacóptero S1000,
Equipamento

Acima, drone em ação durante filmagem; abaixo, aparelho da produtora carioca Peixe Voador, que faz imagens aéreas para publicidade, TV e cinema

da DJI, para uso com câmeras DSLR.


Bressan diz que a demanda é cres-
cente por vídeos e imagens aéreas.
No Rio de Janeiro, o fotógrafo Ro-
drigo Thomé tem trajetória parecida.
Comprou o Phantom 1 por diversão
e progrediu gradualmente até fundar,
em 2012, em parceria com Rodrigo
Figueiredo, a produtora Peixe Voa-
dor, pioneira na capital fluminense,
atuando com vídeos publicitários e
filmagens aéreas com uso de drones
para televisão e cinema.
“Começar hoje está mais fácil, pois
a tecnologia dos drones evoluiu ab-
surdamente no último ano. Os apare-
lhos mais novos agora integram câ-
mera, gimbal (estabilizador de ima-
o
gem) e sistema de transmissão de ima-
ã
ç
a gem. Além disso, navegam por sistema
lg
u
iv de GPS, têm grande alcance de sinal e
D
recursos de segurança, como o Go Ho-

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Modelos mais robustos, que transportam câmeras HDSLR (como o acima), têm mais complexidade de voo e exigem mais experiência do piloto

me, retorno automático ao ponto de tivas para a captação de imagens. TREINO


partida”, explica Rodrigo Thomé. Já para cinema e publicidade, que O mercado para filmagens com
O fotógrafo carioca sugere para exigem alta qualidade de imagem, ou drones é promissor, mas não basta
quem pretende ingressar na área os para tomadas noturnas, com ISO alto, comprar o equipamento e esperar
modelos Phantom 3 Pro ou Inspire 1, em que o nível de ruído digital pode chover clientes. É preciso muito trei-
ambos da chinesa DJI, que integram ser um problema, Rodrigo Thomé uti- no até dominar a pilotagem do apa-
câmeras de 12 megapixels, com objetivaliza o modelo S1000, da DJI, quetrans- relho, além de conhecimento sobre
equivalente a 20 mm f/2.8 (em formato porta câmeras DSLR profissionais, co- os equipamentos e a responsabili-
35 mm) e gravam vídeos em 4K. “São mo as Canon EOS 5D Mark III ou Black dade em relação à segurança de voo.
fáceis de usar. Faço 90% dos trabalhos Magic. “É um equipamento com maior Bressan afirma que é preciso, no mí-
com o Inspire 1”, conta Thomé. complexidade de voo. Só pode ser con- nimo, 200 horas de voo para o ini-
Os preços são relativamente aces- trolado com dois operadores. O tama- ciante adquirir a expertise necessária
síveis. Nos EUA, o Phantom 3 é vendido nho e o peso do equipamento tam- para fazer os primeiros trabalhos pro-
por US$ 1.200. O Inspire 1 é mais caro, bém é bem maior, o que dificulta o fissionais. Isso pode levar entre três
custa a partir de US$ 2.800 por ser mais transporte, especialmente se for pre- e seis meses, dependendo da vontade
robusto (pesa 4 kg), ter corpo em po- ciso caminhar muito para chegar ao e insistência pessoal do aprendiz.
licarbonato e capacidade de atingir a local de decolagem”, explica Thomé. “O que vai fazer um bom piloto é
velocidade de 80 km/h – o Phantom 3 Isso sem contar o alto investimento o treino, colecionar o máximo possível
chega a 50 km/h. Outra vantagem é no equipamento, cerca de US$ 5 mil. de horas de voo para dominar com-
poder ser operado com dois controles, A escolha do modelo, portanto, de- pletamente os comandos. Uma dica é
um para a câmera e outro para o drone, pende da natureza do trabalho que o inventar pequenos objetivos quando
o que aumenta as possibilidades cria- filmmaker pretende fazer. for fazer os primeiros voos. O uso dos

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Equipamento

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Treinar bastante a pilotagem do drone e saber como fazer a captação de imagens é fundamental para conseguir trabalhos no crescente segmento

simuladores também é bom caminho, em Jaguariúna, no interior de São Pau-


como o Real Flight, já que existe a li- lo. O curso custa R$ 1.200.
mitação das baterias nos multirroto- O empresário Leonardo Yasuda,
res, que têm pouca autonomia de voo, de Campinas (SP), fez esse curso em
entre 15 e 20 minutos apenas, e as ba- julho de 2015. Ele já tinha alguma ex-
terias são caras. E, sobretudo, ter muita periência com pilotagem e havia com-
responsabilidade em relação à segu- prado um Phantom 2. Mas em apenas
rança. Em nenhuma hipótese voar um mês depois do curso conseguiu o
sobre pessoas. Isso é proibido e peri- primeiro trabalho profissional, a co-
goso. Outra questão fundamental é bertura da 1a Maratona de Campinas.
exercitar o olhar, estudar filmagem e No mês seguinte, em setembro, abriu
fotografia, pois o objetivo de tudo é a a empresa DroneLy e começou afazer
imagem”, defende Thomé. cada vez mais filmagens para eventos
Uma boa alternativa é fazer um esportivos e imagens para relatórios
curso de pilotagem de drone. Ernando de obras de empreiteiras. Não aban-
Bressan ministra um curso na Escola donou o antigo trabalho de venda de
Sistema Surto. É realizado num único produtos químicos para a indústria,
fim de semana. Tem uma aula prática mas com a demanda crescente por
no sábado, na qual são apresentados imagens aéreas acredita que em pouco
os modelos disponíveis no mercado, tempo dirá adeus a essa profissão.
com descrição dos componentes, os
cuidados necessários para o planeja- DESENVOLVER PORTFÓLIO
mento dos voos, a manutenção das O segundo passo é desenvolver
peças, como evitar quedas, entre outrosportfólio, criar um bom site ecomeçar
conceitos. A segunda aula, no domingo,a divulgar o trabalho. Os especialistas
é prática, realizada num hotel-fazenda, recomendam fazer um site que tenha

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E

Frame que mostra a Ponte do Brooklin, em Nova York, em filmagem aérea realizada com drone pelo brasileiro Ernando Bressan

uma apresentação profissional e par-


ticipar de grupos em mídias sociais
para fazer marketing pessoal. “Fechei
um contrato para filmar em Nova York
pela divulgação de vídeos no Insta-
gram”, conta Ernando Bressan.
As possibilidades criativas de fil-
magem com uso de drones ainda não
foram totalmente exploradas. A obje-
tiva 20 mm da câmera do Phantom 3
e do Inspire 1permite bons panoramas
é
sem grandes distorções, como o hori- m
o
h
zonte curvado, o que ocorre quando T
o
ig
se usa uma GoPro com objetiva olho- o
r
d

-de-peixe. A câmera pode ser rotacio- R

nada em ângulo de 360 0


e permite mui- Tomada às costas do Cristo Redentor, no Rio, feita por Rodrigo Thomé, da Peixe Voador
tas possibilidades criativas. Entre os
takes, os 100% verticais são interessan- 7 m/s) são suficientes. O importante de branco (white balance) e exposição
tes, assim comotilt downou o chama- é fazer otake fluído, sem movimentos fixa para que não ocorra alterações
do zipline, em que o drone voa para robóticos. Vá devagar, abaixando,su- de cor e de exposição durante umta-
trás, abrindo até a imagem geral. bindo, girando em torno do assunto. ke. Já para fotografar fica bem mais
Por ter razoável velocidade em voo, Procure filmar com 24 fps. Use o 60 fácil, pois você pode parar o drone,
os dois modelos podem ser usados em fps apenas se pretende fazer o slow estudar o melhor ângulo e o enqua-
coberturas de corridas de motocross motion na edição”, ensina Bressan. dramento, explica ele.
e esportes a motor. “De modo geral, É importante, no caso de filma- Como em toda produção audiovi-
velocidades em torno de 25 km/h (ou gem, regular a câmera para equilíbrio sual, a edição é etapa fundamental para

FILMMAKER 17
Sequência de tomadas aéreas
com drones em serviços
profissionais para empreiteiras
e empresas de turismo

a qualidade final de um trabalho. “É


cerca de 60% do sucesso. Há várias téc-
nicas criativas para editar imagens aé-
reas, como acelerar o vídeo, cortar e
avançar otake conforme a música. O
ideal é misturar as imagens aéreas com
outras feitas na mão. Só imagens aéreas
fica chato. Quanto à música, as trilhas
e instrumentais vão melhor. Quem não
domina esse processo de edição deve
tentar fazer parcerias com produtoras.
E na internet vale conferir alguns ví-
deos, como os Team BlackSheep, que
servirão de inspiração”, diz Bressan.

QUANTO COBRAR
A praxe no mercado é cobrar por
diária (ou meia diária). Menos fre-
quentemente, também se cobra por
número de baterias usadas. O valor
muda conforme o equipamento, se é
preciso viajar para outra cidade, a na-
tureza do trabalho e a experiência do
a
d
u
s
a
Y
piloto
brado eR$cinegrafista. Em média,
1.500 pela diária é co-
com uso de
o
d
r
a
n
Phantom 3; R$ 3 mil com Inspire 1; e
o
e
L
a partir de R$ 5 mil se for necessário
usar o S1000. “Na reunião com o clien-
te, você pode ter ofeeling para saber
se precisa abaixar o preço ou atéau-
mentar. Há clientes que ficam des-
confiados de valores muito baixos. Ao
formular um orçamento, inclua in-
formações sobre o que é o drone eseu
benefício em relação ao uso de heli-
cóptero ou grua”, ensina Bressan.
O uso de drones vai muito além
do que se imagina. Os multirrotores,
por exemplo, têm grande utilidade na
construção civil para produção de
imagens em relatórios de obras, le-
vantamentos topográficos e inspeções
de estruturas (pontes, barragens, ge-
radores de usinas eólicas...). “É uma
boa alternativa para ingressar no mer-
cado”, informa o especialista.
k
c
o
Na mineração, os drones estão sen-
t
s
r
e
do usados para levantamentos geofí-
t
t
u
h
sicos de áreas para localizar jazidas mi-
S
nerais. Ao permitir acoplagem de sen-

18 FILMMAKER
Acima, o avançado DJI Phantom 3 Pro, que já vem com câmera própria; abaixo, o modelo Phantom 1, básico e ideal para quem está começando

sores biológicos e químicos, podem receber fertilizantes), entre outras c


o
t
s
r
ser usados para captar presença no ar aplicações. Os clientes são empresas e
t
t
u
de gases ou micro-organismos. São de consultoria agronômica. h
S

úteis em monitoramento ambientais, Os drones utilizados naagricultura


no combate de incêndios em cidade são os chamados “asa fixa”, semelhan-
ou floresta, ou como ferramenta para tes aos aeromodelos convencionais.
segurança e controle de multidões em Fazem voos pré-programados por soft-
grandes eventos. “O drone pode ser ware de navegação, podem carregar
usado para uma porção de coisas. Ten- câmeras DSLR, têm grande alcance de
te explorar novos mercados pararen- sinal remoto (até 10 km) e autonomia
tabilizar mais”, sugere. para diversas horas de voo. Custam
Na agricultura de precisão, os apa- muito mais caro do que os multirro-
relhos prometem uma revolução ain- tores: entre R$ 50 mil e R$ 2
50 mil. Isso
da maior, com o mapeamento de sem contar os caríssimos softwares
áreas imensas (de centenas amilhares usados para processamento de cen-
de hectares) para detectar erosões no tenas de fotos, que irãocompor uma
terreno, áreas com estresse hídrico única imagem do terreno em alta re-
(que precisam ser irrigadas), avaliação solução, a chamada“ortofoto”, entre
de biomassa do plantio (para saber os quais o Agisoft (US$ 3,5 mil) e o Pix4D
exatamente quais pontos precisam (US$ 7 mil) são os mais usados.

FILMMAKER 19
Teste de software

k
c

VANTAGENS E DESVANTAGENS DO
o
t
s
r
e
t
t
u
h
S

DAVINCI
RESOLVE 12
Lançado recentemente, o editor de vídeo
gratuito da Blackmagic Design ameaça
a hegemonia do Final Cut Pro X e do
Premiere. Veja o comparativo entre eles

20 FILMMAKER
POR DIEGO MENEGHETTI, COM CONSULTORIA DE DANIEL LOBO

O
predomínio dos dois softwares de edição não linear (NLE, na sigla em
inglês), Apple Final Cut e Adobe Premiere, passou a s er ameaçado
quando, em junho de 2015, um dos mais poderosos e respe itados soft-
wares de correção de cor, o DaVinci Resolve, também passou a editar
vídeos por meio de umatimelineintegrada e repleta de recursos. Por isso,
FilmMaker
decidiu avaliar as principais diferenças entre os três e mostrar as vantagens e des-
vantagens de cada um.
A Blackmagic Design, responsável pela novidade, deu um xeque-mate na Apple
e na Adobe com um custo-benefício insuperável: o DaVinci Resolve 12 é gratuito
e traz ferramentas completas para edição e finalização de vídeos em full HD, seja
em Mac ou PC – outra vantagem doprograma. Para usuá-
rios mais exigentes (geralmente grandes produtoras), a
Blackmagic oferece uma versão ainda mais sofisticada, a
DaVinci Resolve 12 Studio, que custa US$ 995 e habilita
recursos como saída em 4K,suporte para múltiplas placas
de vídeo (GPU), ferramentas 3D e redução de ruído avan-
çado – algo dispensável para grande parte dosfilmmakers
que atuam sozinhos e pequenas e médias produtoras.

No monitor maior, o Blackmagic


DaVinci Resolve 12, que foi
comparado ao Adobe Final Cut
Pro X (no monitor da esq.) e o
Adobe Premiere (no da dir.)

FILMMAKER 21
Teste de software

O lançamento do DaVinci Resolve


12 jogou muita lenha na discussão entre
qual seria o melhor NLE daatualidade,
pois acabou com anos de dominação
de Apple Final Cut Pro e Adobe Pre-
miere. O primeiro, que há décadas se-
guia como líder de mercado, perdeu
espaço depois da versão X, que desa-
gradou a muitos profissionais, mesmo
que o preço tenha estabilizado em
US$ 300. Enquanto isso, a Adobe seguiu
aprimorando o Premiere, que durante
muito tempo foi visto como pouco pro-
fissional, mas hoje, com a integração
na suíte Creative Cloud, oferece ótimas
ferramentas integradas, como a par-
ceria com outros softwares dafamília,
como Photoshop, After Effects, Media
Encoder e SpeedGrade (para correção
de cores). Mas essa opção exige uma
assinatura mensal da Creative Cloud,
que custa R$ 44/mês para um aplicativo
ou R$ 109/mês para a suítecompleta.
Para ajudar você a entender melhor
os recursos dos três softwares NLE,
FilmMaker contou com a consultoria
do diretor de fotografia Daniel Lobo.
Acompanhe, a seguir, o desempenho
do DaVinci Resolve 12 em sete aspectos
importantes para a definição de um
programa de edição não linear e avalie
se o novo software pode resolver (sem
trocadilho) a sua necessidade.

REQUISITOS
O DaVinci Resolve tem duas carac-
terísticas muito importantes para softwares agregados. Architecture) é bem recomendável.
quem deseja migrar de outro software. Por outro lado, o DaVinci exige um O Premiere e o Final Cut têm re-
Primeiro, como o Premiere CC, roda computador bem avançado. A Black- quisitos em hardware parecidos: no
em PC ou Mac, o que possibilita uma magic recomenda um computador Windows, o software da Adobe exige,
adesão ampla (a versão Studio roda Quad core com pelo menos 16 GB de no mínimo, um computador
até em Linux). Além disso, como ele é memória RAM para usar todos os re- Core2Duo ou AMD Phenon II com
srcinalmente um software de correção cursos do software, além de uma placa suporte a 64 bits, com 8 GBde RAM.
de cor (que por princípio importa ti- de vídeo dedicada (GPU) poderosa, No Mac, roda apenas em máquinas
melines de outros programas), é fácil com pelo menos 2 GB de memória. com processador Intel. Já o Final Cut,
migrar projetos criados em outros apli-Em geral, o Final Cut X e o Premiere exclusivo para Mac, recomenda ter 8
cativos sem problemas. rodam melhor em máquinas menos GB de RAM e uma placa de vídeo com
Uma das principais vantagens do potentes do que o DaVinci Resolve. suporte a OpenCL.
DaVinci Resolve 12 diante dos concor- Contudo, é importante lembrar
rentes é, claro, o custo zero. Naversão que edição de vídeo é uma atividade WORKFLOW
gratuita, o software da Blackmagic faz que utiliza tudo o que a máquina tiver Uma das grandes novidades do
praticamente tudo o que o Final Cut para oferecer. Uma configuração de DaVinci Resolve 12 é o sistema de ge-
Pro X faz por US$ 300 e o Adobe Pre- hardware mais robusta fará diferença renciamento de mídia, que habilita re-
miere por R$ 44/mês. Os preços au- no desempenho. Usar uma GPU do cursos como copiar, mover, transco-
mentam ainda mais ao contabilizar os tipo CUDA (Compute Unified Device dificar, consolidar e excluir todos os

22 FILMMAKER
Acima, a tela de importação de mídia do Apple Final Cut X (com mudanças que geraram
críticas dos usuários) e, abaixo, a do Adobe Premiere, que permite acesso direto à mídia

Acima, tela de importação de mídia


do DaVinci; na pág. ao lado, a de
gerenciamento de mídias (maior) e
a de modos de edição (menor)

ativos do projeto, com a opçãode ar-


quivar ou exportar para outro sistema
– o que deve agradar aos usuários acos-
tumados com a interface do Final Cut
e mesmo do Avid (veja boxe sobre o
histórico dos NLEs). Além de organizar
os arquivos, o software da Blackmagic
não restringe o acesso a eles e tudo po-
de ser feito por meio do próprio apli-
cativo de maneira bem amigável.
Esse foi um dos pontos cruciais
do Final Cut X: os arquivos não ficam
mais diretamente acessíveis ao usuá-
rio, como era no Final Cut 7 (embora
o gerenciamento de mídia nessa ver-
D urante muito tempo, o Final Cut foi aprendizado de um software novo im-
sinônimo de software de edição nas
produtoras. Não era perfeito, mas era
pediram uma adesão dos usuários do
adorado Final Cut 7.
são fosse muito fraco). No Final Cut muito mais confiável do que o Premiere, A essa altura, o Adobe Premiere já
X, após a importação, o software cria considerado um programa de “fundo de era um programa muito mais estável e
uma cópia da mídia do cartão, com quintal” porque rodava apenas em PC e havia conquistado uma base de usuários
versões de alta qualidade e proxy, de muitos editores iniciantes instalavam expressiva. Com o sistema de pagamento
acordo com a necessidade. Todas es- uma versão pirata. Tudo mudou em 2014 mensal do suíte Creative Cloud, o Pre-
sas mídias, porém, ficam armazena- com a versão X do Final Cut, lançada como miere se tornou ainda mais acessível.
das dentro das bibliotecas do Final uma revolução no software , mas rechea- Embora esse modelo de negócio tenha
da de prós e contras. críticas, a base de usuários da Adobe CC
Cut X – o que geralmente é conhecido
As demandas por um programa mais não para de crescer.
como “projeto” nos outros programas
leve foram atendidas, mas custou uma Em contrapartida, muitas redes de
– e não ficam visíveis ao usuário. Ainda interface totalmente remodelada e sem televisão e algumas produtoras ainda
é possível acessá-las, mas a ideia é relação com as versões anteriores. A optam pelos softwares da Avid, um re-
deixar que o software se ocupe disso. mudança foi tão grande que nem os pro- manescente da antiga geração que, por
Já o Premiere segue a filosofia do jetos antigos podiam ser abertos na ver- conta da interface menos amigável, afu-
antigo Final Cut 7 (e do DaVinci Re- são nova. Isso mais a necessidade do genta novos usuários.
solve) e possibilita aofilmmaker aces-

FILMMAKER 23
Teste de software

so direto aos arquivos de mídia. Além


disso, uma vantagem do Premiere CC
é que ele aceita diferentescodecs na-
tivamente, sem necessitar da criação
de uma versão otimizada.

DESEMPENHO
Isso vale para todos os editores de
vídeo: as mídias otimizadas (conver-
tidas para o formato nativo doeditor)
ocupam mais espaço em disco, mas
possibilitam uma visualização sem
engasgos. Assim, em vez da velocida-
de do processador, o gargalo de de-
sempenho fica a cargo do disco de ar-
mazenamento – peça que é bem mais
acessível que uma GPU.
Entre os três softwares, o DaVinci Acima, a interface geral de edição do DaVinci Resolve 12, programa de edição que exige
um maior poder de processamento e que funciona muito bem com arquivos ProRes
Resolve 12 é o que exige maior poder
de processamento para um playback
sem problemas. Uma opção para oti-
mizar o desempenho é mudar “Proxy
Mode” para “Quarter Resolution” na
visualização e trabalhar com mídias
otimizadas sempre que possível.
Mesmo assim, o DaVinci Resolve
12, como o Final Cut X, funciona mui-
to bem com arquivos em ProRes. Am-
bos conseguem lidar com formatos
nativos, mas não espere o mesmo de-
sempenho: os tempos de renderiza-
ção serão intermináveis. Se você sabe
que o seu projeto terá muitos efeitos
e precisará derender, vale a pena con-
verter as mídias no início.
O Premiere talvez seja a exceção
por lidar com os arquivos diretamente
no formato nativo, como RED, H.264, Acima, interface geral de edição do Final Cut ProX (que lida com arquivos nativos, mas sem
MXF, inclusive misturando-os nati- agilidade) e, abaixo, a interface do Premiere, o melhor no trabalho com arquivos nativos
meline. Nesse aspecto ele ainda é im-
batível, mas é importante usar um co-
dec com a menor compressão possí-
vel. Embora exija mais dos discos, isso
não gera gargalo no processador, que,
em geral, já está sobrecarregado com
efeitos e outras funções.

INTERFACE
A maneira como o usuário intera-
ge com o programa é um parâmetro
importante para avaliar se a edição
será amigável ou se o tempo de apren-
dizado do software será algo irritante
e impeditivo. Nesse aspecto, o Da-

24 FILMMAKER
Vinci tem muito a oferecer, principal-
mente se comparado ao que os usuá-
rios estão acostumados.
O Final Cut X trouxe uma nova
interface “estranha” para quem edi-
tava vídeos na versão 7. A janela de
visualização ainda está presente, mas
com novos botões, nomes diferentes
daqueles que os usuários já conhe-
ciam e novas formas de fazer as coi-
sas. O que era “Project” na versão 7,
na X é algo incorporado na “Library”.
O “Project“ da versão X é a antiga ti-
meline. Ainda surgiu o “Event” como
um elemento novo de organização
dentro da “Library”.
Segundo a Apple, essa mudança
O DaVinci Resolve 12 com o cursor no modo de edição Razor: uso intuitivo, fácil de aprender
foi para melhorar a organização dos
elementos e seu acesso. A maior al-
teração, no entanto, foi a própria ti-
meline . O Final Cut X adota a cha-
mada Magnetic Timeline, em que
não existem “tracks” e todas ascenas
e clipes estão ancoradas na pista cen-
tral. Algo a se acostumar.
Já o Premiere pouco mudou nas
versões recentes – o que é algo positivo
para os usuários fiéis. As novas fun-
cionalidades vão sendo agregadas or-
ganicamente ao “Workspace”. Além
disso, na suíte CC, outros programas
seguem um jeitão semelhante, o que
traz agilidade na edição.
A interface do DaVinci Resolve pa-
ra edição é algo novo mesmo para os
usuários que já conheciam o software Acima, o DaVInci em ação com o cursor no modo de edição Trim e, abaixo, com o cursor na
– pois, claro, antes nem existia o mó- posição de edição Normal: o programa permite a edição de vários clipes sem “engasgos”

dulo de edição. O formato e a organi-


zação das ferramentas, no entanto,
foram pensados para agradar. Tudo
é bem intuitivo e, ao contrário do Final
Cut X, em que o usuário pode se sentir
perdido à primeira vista, no DaVinci
Resolve é possível editar sem grandes
conhecimentos do software. O estilo
adotado com as tradicionais tracks
também ajuda o usuário a se familia-
rizar facilmente.
Esse design aparentemente sim-
ples esconde alguns recursos interes-
santes. Existem apenas três modos
de edição: Normal, Trim e Razor. A
novidade é que dependendo do modo
selecionado e da posição sobre o clipe,

FILMMAKER 25
Teste de software

O modo de Correção de Cor (telas acima e abaixo) é o maior destaque do DaVinci Resolve 12
diante dos concorrentes, pois é a função srcinária do programa e tem alta eficiência

tumado,
zação emprincipalmente
nodes. pela organi-
Os nodessão uma forma simples e
poderosa de criar uma hierarquia de
correções, um tipo de tratamento de
imagem encadeado. Com isso, é pos-
sível afinar qualquer uma das etapas
da correção sem afetar as outras. Por
exemplo: em umnode inicial, a corre-
ção pode ser no equilíbrio de branco
de um take. Já o node seguinte pode
reforçar a cor de algum elemento ou
equilibrar a exposição. Se for preciso
alterar qualquer um desses elementos,
as demais alterações não são perdidas.
Em um projeto com muitas sequências
diferentes, ainda é possível endereçar
nodesde correção para toda a sequên-
cia, tornando simples criar e alterar
a representação do cursor muda e tam- contexto deixa oworflow muito ágil um look daquele trecho do vídeo.
bém seu efeito no clipe. Ocursor pode em pouco tempo. É possível até editar
adquirir funções de Ripple, Trim, Slide, múltiplos clipes de uma só vez. RECURSOS
entre outras. Uma das melhores adi- Um destaque da interface do Da- Se, por um lado, o Final Cut X pode
ções é que torna possível movimentar Vinci Resolve 12 é o modo de correção ser confuso e limitado em projetos
clipes e não deixar espaços (gaps) entre de cor, que, embora seja semelhante mais complexos, para projetos mais
eles. Embora pareça ter muitos detalhesàs ferramentas de outros programas, simples ele é difícil de ser superado em
com os quais lidar, o Trim sensível ao difere do que ofilmmaker está acos- dois recursos automáticos: as capaci-

26 FILMMAKER
texto), muito mais preciso que o de
outros softwares.
O editor da Blackmagic também
tem o recurso de Multicam, mas nesse
aspecto ainda está atrás do Premiere
e bem longe do Final Cut X, embora
cumpra o seu papel. Na versão 12
também foi incluído o easyDCP: o Da-
Vinci Resolve pode gerar um DCP (for-
mato-padrão para exibição em salas
de cinema) diretamente datimeline.
Boa parte dos usuários não usará essa
função, mas ela pode ser útil, por
exemplo, parafilmmakers que reali-
zam curtas-metragens e precisam en-
viar o filme para festivais sem precisar
gastar com finalizadoras.
Acima, modo de Correção de Cor no Final Cut Pro X,que tem efeitos simplificados e rápidos, e,
abaixo, o modo de Correção de Cor do Premiere, que distribui recursos em outros softwares
INTEGRAÇÃO
Não é raro que usuários queiram
exportar o projeto para sertrabalhado
em outro programa. Em um trabalho
em equipe, edita-se no Final Cut e e-
d
pois envia-se o projeto para outra pes-
soa realizar as composições no After
Effects. Ou edição no Premiere e depois
correção de cor no DaVinci. Este, que
sempre foi oworkflowde grandes pro-
jetos de cinema e publicidade, está
chegando às produtoras menores e
aos filmmakers freelancers.
Para os usuários de outros produ-
tos da Adobe há um incentivo para
dades de igualar cor de diferentes câ- portante é que todos essesrecursos fi- ter o Premiere pela compatibilidade
meras e de solucionar pequenos pro- cam interligados: ao realizar modifi- com os outros softwares da empresa.
blemas de captação. Ele também tra- cações no vídeo em outros programas, Editar com os softwares da Creative
balha bem comchromakey(algo com o Premiere atualiza atimelinecom as Cloud não é apenas simples, mas tam-
que a versão 7 sempre teve problemas) alterações. O lado ruim é o preço: para bém bastante otimizado. O Premiere
e oferece recursos como tarjas e ele- ter todas as funções, é necessário pagar ainda consegue exportar facilmente
mentos animados e customizáveis. pela assinatura de mais de um progra- um projeto em XML para ser usado
Ao seguir na direção oposta do Final ma ou pelo pacote completo da CC. em um software de correção de cor.
Cut X, que integra comandos de cor e Um dos pontos negativos do Da- O Final Cut X também foi pensado
efeitos simplificados e rápidos, o Pre- Vinci Resolve 12 é justamente em re- para exportar o projeto sem maiores
miere distribui os recursos entre os soft-lação as cartelas, GCs, tarjas e recursos problemas. Nos dois casos sempre
wares do pacote Creative Cloud. Por afins. Embora existam algumas opções, haverá limitações emtakes com efei-
exemplo: para uma cartelaelaborada, elas são muito básicas no DaVinci – tos, remapeamento de tempo e tran-
o Photoshop é perfeito; para uma cor- que também oferece suporte a efeitos sições mais complexas.
reção de cor com mais nuances que o OpenFX, mas não traz nenhum como Nesse contexto, o DaVinci Resolve
corretor interno, é preciso usar o Speed-padrão. Na avaliação dos recursos, o se beneficia por ser, na essência, um
grade; para dar saída paraweb e para ponto alto do DaVinci Resolve é o mo- software de correção de cor e, portanto,
uma exibição em alta definição, entra do de correção de cor. Outros desta- possibilita importar arquivos de dife-
em cena o Media Encoder; para recur- ques são a função de chromakey,muito rentes programas de edição com pou-
sos de chromakeyou composição, o boa, e o tracker (que pode ser usado quíssimos problemas de compatibili-
After Effects é quase imbatível. O im- em janelas de correção, efeitos e até dade. A questão é que a saída do Da-

FILMMAKER 27
Teste de software

Vinci tradicionalmente eram as mídias


corrigidas, e não os projetos. A Black-
magic tem trabalhado nisso e a versão
12 inclui a exportação de arquivos EDL,
XML e no formato do Final Cut X.

SAÍDA
A maioria dos usuários trabalha
com elementos e mídias diretamente
na timelinee usa o próprio programa
de edição para dar a saída final no
projeto. Essa é uma maneira de sim-
plificar o processo, principalmente
se a montagem e a finalização for fei-
ta por uma só pessoa.
Nesse aspecto, o DaVinci Resolve
funciona muito bem: o módulo de ex-
portação integrado do software conta
com os principais formatos e é alta- Acima, tela do modo Deliver na renderização e, abaixo, tela do modo Quarter Resolution,
mente configurável. A disputa com do programa Blackmagic DaVinci Resolve 12, que tem a enorme vantagem de ser gratuito
Adobe Media Encoder é acirrada, pois
a ferramenta da Creative Cloud oferece
mais formatos, mas o DaVinci Resolve
é consideravelmente mais rápido. Nos
dois casos, uma GPU com CUDA me-
lhora bastante o desempenho.
Por outro lado, muitos usuários re-
clamam (com razão) que o modo de
saída é um dos grandes problemas do
Final Cut X. Mesmo com a ajuda do
Compressor (que custa mais US$ 100),
a solução da Apple é limitada em for-
matos e configurações. Nesse caso, é
comum que osfilmmakers exportem
o chamado “Master File” e depois
usem outro software para gerar as ver-
sões solicitadas pelo cliente.

O DAVINCI RESOLVE?
Infelizmente, ainda não existe um
software NLE que atenda aqualquer
necessidade de edição. Cada um dos
programas tem aspectos positivos e
negativos – muitas vezes a escolha recai
sobre qual deles realiza melhor o tipo
de trabalho necessário. Na versão 12,
o DaVinci Resolve avançou muito,
mas ainda peca por não oferecer re-
cursos comuns a outros NLEs. Por ou- DaVinci Resolve 12 Final Cut Pro X Premiere CC
tro lado, vale lembrar que o software
Prós:custo baixo e Prós:simplicidade e Prós:atualização e
da Blackmagic é um dos mais usados
modo de correção de cor bom desempenho integração
em Hollywood para a correção de cor.
E isso você pode ter em casa, de graça Contras:recursos e Contras:aprendizagem Contras:custo alto
(se o computador tiver uma boa placa playback limitados difícil e saída de vídeo
de vídeo, melhor ainda).

28 FILMMAKER
Áudio

Sabres de luz, uma arma


clássica na saga
Star Wars:
som criado em estúdio por
artistas de Foley

FOLEY
A ARTE DE CRIAR SONS
Descubra o que fazem os artistas de Foley no
cinema e
aprenda técnicas para melhorar o áudio nos seus filmes
POR GUILHERME MOTA

O
que os sabres de luz dasaga de um personagem ou do filme como personagens e não nas sonoridades do
Star Warse o chicote de In- um todo. O som dos sabres e do chicote ambiente ao redor. Dentro do processo
diana Jones têm em co- foi adicionado na pós-produção de ma-de produção de um filme, o Foley é uma
mum? Eles recorreram a neira pontual e se destaca nas cenas atividade de pós-produção, criado logo
um trabalho artístico elaborado: o Foley.em que os objetos aparecem. depois da montagem, assim como os
Esse é o nome dado à criação de áudio Em uma produção audiovisual pro- efeitos sonoros e a edição de diálogos.
sob medida para construir a narrativa fissional, a gravação de som direto é O nome da atividade é uma homena-
de uma cena e ajudar acontar a história sempre focada nos diálogos entre os gem a Jack Donovan Foley, um dos pri-

30 FILMMAKER
O som inconfundível do chicote de Indiana Jones (acima, HarrisonOsFord em
Caçadores da Arca Perdida) também foi feito em estúdio; abaixo,
animaçãoMinhocas: o Filme, em que os artistas de Foley usaram luvas de borracha para criar o som do movimento dos personagens

o
ã
ç
a
lg
u
iv
D

meiros profissionais do ramo, que, des- movimentação dos atores na cena, co- de uma das partes mais criativas da
de 1927 (no lançamento do primeiro mo passos, roupas, portas, talheres e pós-produção de áudio em função da
longa-metragem sonoro), já aplicava qualquer elemento que ajude na cons- diversidade sonora criada pelos espe-
no cinema as técnicas usadas nas nar- trução da narrativa por meio do áudio, cialistas para trazer realismo às cenas.
rativas das radionovelas. incluindo respirações, pigarros, respi- “É um trabalho em que não há limites
Os sons criados no Foley são, na ros, rangidos, entre uma infinidade de para construir e aprender”, explica
Raul
realidade, todos os que reproduzem as sons. Por ser sempre trabalhado em ci- Jookn, artista de Foley da finalizadora
diferentes sonoridades de objetos e da ma da imagem já finalizada, trata-se e produtora Cinecolor. Junto com Mar-

FILMMAKER 31
Áudio

Para criar o som de uma carroça no filme


Minutos Atrás(2013), Jookn e Klein (ao
lado) usaram uma série de materiais,
como madeira, metais e cordas

de Pau (2014), realizado pela dupla e

que precisou de
acumulando umdemês
mais de sons.
8 mil gravação,

TÉCNICA
Objetos de madeira, vidro e outros
materiais, pequenas máquinas, bolas,
sapatos, caixas com vários tipos de su-
perfície, sacolas, tecidos e uma infini-
dade de pequenos “cacarecos” com-
põem o arsenal criativo dos dois pro-
co Klein, ele produz áudios para serem inviável buscar itens específicos e fissionais em um universo em cons-
utilizados em todos os tipos de filmes, que correspondam a cada exata si- tante expansão e renovação. O impor-
de curtas a longas-metragens de ani- tuação”, observa Klein. tante é conseguir extrair o som perfeito
mação. “O Foley define a ação do que Dentro do estúdio, os profissionais para cada momento. “É como tirar
acontece na tela”, explica Klein. Se- precisam trabalhar em sintonia total uma música de ouvido. É olhar a cena
gundo ele, o termômetro de um bom – de um lado, criam os sons que vão e imaginar a sonoridade dela e procurar
trabalho na área ocorre“justamente representar cada elemento da cena; repetir isso”, conta Jookn.
quando ninguém percebe sua presen- de outro, gravam e sincronizam todos Segundo Klein, um elemento vai
ça em um filme”. os elementos dentro da timeline do resolver o som do outro. Não se trata
filme. Em um projeto, cada cena en- tanto do que cada coisa é, mas de como
ARTESANAL volve a gravação, em média, de até ela soa, um processo que envolve muito
Produzido de forma artesanal, o vinte tipos diferentes de sons, distri- o timbre e a improvisação com os ob-
trabalho de Foley imprime qualidade buídos em dez camadas de sobrepo- jetos que o especialista tem. Assim, an-
e personalização a cada projeto. “Por sição. “São cerca de 600 itens a cada tes de toda gravação, é ideal assistir ao
ser dinâmico e feito de acordo com 20 minutos de som, e pode chegar a filme que será trabalhado e, se possível,
a cena, é muito mais rápido e direto mais de acordo com o longa”, avalia conversar com o diretor para com-
do que um banco de sons, no qual é Jookn. Um exemplo é o longa Os Caras preender exatamente as intenções das

32 FILMMAKER
o
ã
ç
a
gl
u
iv
D

Acima e ao lado, alguns recursos


que os profissionais de Foley
usam no estúdio para recriar o
som de uma cena já filmada

cenas e da narrativa como um todo.


É interessante
ganizar tambémuma
antes da gravação criar e or-
lista de
objetos que podem ajudar de acordo
com o timbre e a textura de cada um
– um filme de capa e espada, por exem-
plo, vai abusar de sons metálicos. Para
a gravação, os artistas cumprem sem-
pre a sequência “passos, roupas e ade-
reços”, que ajuda a manter a organi-
zação durante a criação de cada cena.
“Passos e roupa são como baixo e
bateria, são a cozinha do Foley”, resu-
me Jookn. Os passos definem a situação
e as roupas ajudam a “colar” ospassos
na imagem, criando a ilusão de reali-
dade. A partir daí, os artistas avaliam
tudo o que precisa de fatosoar na cena, SOBRE OS PROFISSIONAIS
como talheres e acessórios (colares,
relógio), entre outros. Se um elemento
está presente, mas não é o foco da cena,
ele dificilmente será gravado para não
M arco Klein éredator publicitário
, mú- em Foley. Entre seus trabalhos estão
sico (grava trilhas para comerciais) curtas, médias e longas-metragens, como
e há quatro anos dedica-se ao áudio pro- Encarnação do Demônio, Minhocas, Os
atrapalhar a narrativa sonora. fissional de cinema como artista de Foley. Caras de Pau , Isolados , entre outros,
Além de gravar e sincronizar cen- Raul Jookn trabalha em pós-produção de além de séries comoZé do Caixão, em
tenas detakesdiários, e da dificuldade áudio para cinema desde 2008 em di- exibição no canal Space. Os dois profis-
de encontrar objetos que soem como versos estúdios e em diferentes etapas. sionais também ministram aulas no curso
os elementos visuais das cenas (com Atua há três anos com foco específico ARS (Advanced Recording Sessions).
o timbre e a textura desejados), a in-

FILMMAKER 33
Áudio

FAÇA O FOLEY DO SEU FILME

P ara os dois profissionais ouvidos por dução necessita, com elementos que vão
FilmMaker, a falta de orçamento
para contratar uma empresa e gente es-
preencher o universo sonoro das cenas.
Some sons: A somatória de sons
pecializada não deve servir de motivo é outro fator positivo para uma cena.
para nenhum criador produzir filmes sem O ato de pegar um copo na mesa, por
o trabalho de Foley. “O importante é dar exemplo, pode ser dividido em dois:
as caras e criar com a própria estrutura”, primeiro se grava o ‘pegar’ no copo, de-
defende Klein. “Com criatividade, é pos- pois o ‘raspar’ do copo na mesa. “Tra-
sível fazer o Foley até com um gravador ta-se de saber decupar os sons de cada
de mão”, diz Jookn. A seguir, as dicas fun- situação”, ensina Jookn.
damentais dos especialistas para quem Acúmulo de ruídos:Por usar deze-
deseja gravar os sons de sua produção. nas de camadas de áudio simultanea-
mente, o maior problema da gravação
Clássicos:Não é preciso reinventar individual de Foley é o ruído de fundo,
o
a roda. Técnicas antigas podem ser re- amplificado a cada camada adicionada. ã
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produzidas sempre que necessário. Al- “Se você grava em um localnadequado,


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guns formatos clássicos de Foley: para qualquer frequência adicional se tornará D

craquelado de fogo e grama, fita cassete; um ruído enorme no fim”, explica Jookn.
brasa de cigarro, manipulação de areia; Usar filtros, por outro lado, pode al-
para todos os contatos em objetos, mesa terar o timbre de um objeto, prejudi-
e outras pessoas, use o próprio corpo. cando o objetivo final de criar um som
Ritmo: Para criar passos, o ritmo é específico para um detalhe. “Quando Acima, cenas do filme Isolados
mais importante do que a sincronia de você soma sapatos, roupas, acessórios, (2014), com Foley de Jookn e
Klein; na pág. ao lado, Batman
cena. “É mais interessante editar para objetos de cena, isso pode se tornar
em ação no longa O Cavaleiro
chegar numa proposta rítmica do que um ruído extremamente alto”. Se for o das Trevas (2008), cujo som da
a exatidão para não ficar um som duro caso, considere alugar um estúdio de capa criou um novo paradigma
e robótico”, diz Jookn. Na animação so- som para fazerdeterminadas gravações
nora, o ciclo também define o movi- em um nível de silêncio total.
mento, ou seja, sons que se repetem “Colar” na cena: Justamente em
(como uma carroça ou um triciclo) tam- função do ruído de fundo, todos os sons tenção de cada interpretação também
bém têm um “ritmo” e uma cadência de cena que podem ser gravados em é fundamental. “Conseguimos dizer
que contam muito da história. um volume mais alto vão soar mais “lim- se um personagem está bêbado, agres-
Mais que o banco: Enquanto muitos pos” quando aplicados na cena, como sivo ou sonolento por meio dos sons
pensam que pode ser difícil e complicado, uma porta batendo. “A relação sinal- que ele produz”, explica Jookn.
gravar Foley não é um bicho de sete ca- ruído é determinante para isso”, afirma Outro fator que torna uma cena
beças. “Em alguns segundos gravo uma Klein. O mesmo ocorre com sonsagudos ainda mais complicada é o silêncio.
dezena de sons, algo bem mais rápido, (como chaves ou um brindar de copos),
Em umtake teoricamentesilencioso,
fácil, orgânico e natural do que buscar que também “colam” na cena com mais
enquanto os atores se calam, todos os
um efeito pronto dentro de umbanco de facilidade que os graves.
áudio”, observa Klein. Seja realista: Ser realista com o objetos começam a soar mais alto na
Siga a ordem:Grave sempre na se- projeto é muito importante, pois a so- realidade. “Isso traz o foco parao am-
quência: passos, roupas e adereços (tam- noridade da cena acompanha a imagem. biente e faz parte do desenho de som
bém chamado de “específico” poralguns Assim, um filme que tem uma estética daquela cena”, explica Jookn. “Quanto
profissionais). Essa ordem ajuda a orga- mais “independente” pode se valer disso mais detalhado (como um passar de
nizar a linha do tempo e as gravações em relação ao áudio. “O som gruda muito dedos na toalha de mesa), maisdifícil
cena a cena. mais fácil se tiver amesma textura que fica, especialmente porque essas si-
Saiba priorizar:Procure entender o filme pede”, explica Jookn. tuações não fazem som na realidade
o que de fato faz a diferençapara a nar- Oriente a equipe:Bons atores fa- e temos que buscar como a situação
rativa. Sonorizar elementos que não im- zem movimentos objetivos, sem ficar
vai soar cinematograficamente”, diz.
portam vai tirar a atenção dopúblico e “ciscando” no set. Na hora de dirigir a
mudar o foco da cena, criando confusão. equipe, oriente os atores a não se mo-
Pesquise:Antes de iniciar uma gra- vimentarem nem tocarem nada que REALISMO
vação, o ideal é que para cada filme sej
a seja desnecessário, uma vez que o som Atualmente, os sons de Foley têm
criada uma lista de materiais que a pro- também faz parte da narrativa. ganhado cada vez mais importância
dentro do mix de áudio de um filme,

34 FILMMAKER
reflexo da indústria cinematográfica tudo fora do campo de visão do es- Concentrados em sua maioria nos
norte-americana. “Depois do Batman pectador. O diretor recorreu ao Foley grandes centros, os artistas de Foley
em O Cavaleiro das Trevas(de 2008), para contar toda a ação. “Nessas ho- geralmente estão vinculados a empre-
qualquer capa vira uma supercapa”, ras, o que importa não é a exatidão sas de pós-produção, e o trabalho de
conta
do usoJookn. Ainda assim
de elementos (e apesar
variados para da
queação,
está mas sim
sendo as texturas
feito. do som
Se reproduzir- criação pode ser
independente decontratado de forma
outras etapas, como
reproduzir a sonoridade de um ob- mos todos os elementos, o áudio fica a dublagem, os efeitos sonoros ou a
jeto), é o realismo que dita a tônica incompreensível”, conta Klein. mixagem de um filme. Segundo os es-
de todas as gravações. “Procuramos pecialistas, projetos de toda natureza
reproduzir todos os contatos, as ras- DIÁLOGO ENTRE EQUIPES podem usufruir de um Foley profis-
padas e a movimentação de tudo Para os dois especialistas em Foley, sional, já que o trabalho é realizado em
aquilo que há na cena”, explica. em uma situação ideal o trabalho deve “camadas”. E dentro do orçamento
“O Foley é um timbre que cola com ser pensado em conjunto com a di- disponível para cada filme é possível
a realidade. A proposta não é ser en- reção, a criação de efeitos sonoros e conseguir diferentes níveis de resulta-
graçado, isso é mais paraefeitos sono- a mixagem do filme. “Se tivermos uma do, de acordo com o tempo dedicado
ros”, observa Klein. “Quando come- pré-produção de efeitos para traba- e o interesse dos produtores.
çaram a colocar sons nos filmes, isso lhar, podemos complementá-los de Em produções de baixo orçamen-
precisou ser muito bem definido, pois um jeito que traga mais organicidade to, independentes e filmes experi-
era herança dos efeitos de rádio que para um objeto, especialmente em mentais, gravar os próprios efeitos de
tinham de contar uma história sem ne- relação a sons de arquivo de bancos Foley pode ser uma alternativa (veja
nhuma imagem. O Foley acompanha especializados”, informa Jookn. o box com dicas). O único porém, res-
essa proposta”,diz Jookn. Também o diálogo com o diretor saltam, é que, à medida que se busca
Outro ponto em que o Foley de- é fundamental, mas isso depende mais qualidade, é necessário um in-
sempenha um papel fundamental é muito da natureza de cada profissio- vestimento cada vez maior em equi-
nas cenas extraquadro, em que um nal, dos orçamentos edo cronograma pamentos e ambientes de estúdio ade-
acontecimento precisa ser contado de produção de cada projeto. “Os pro- quados. “A relação entre qualidade e
apenas com os sons. É o que ocorre, cessos para a criação de um filme exis- investimento não é linear. Às vezes
por exemplo, no filmeIsolados(2014), tem por uma necessidade real. Atual- para melhorar um pouco é preciso in-
produzido pela dupla. Em uma das ce- mente, com essas mudanças de mer- vestir muito, e aí se torna mais van-
nas, a personagem pula uma janela, cado, muitas vezes essa conversa aca- tajoso contratar as estruturas profis-
se machuca, é atacada por cães e foge, ba esquecida”, avalia. sionais do mercado”, explica Jookn.

FILMMAKER 35
Vídeos para web
A filmmakerRaiza Costa
durante as filmagens de
seu programaRainha da
Cocadapara o canal GNT

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UMA FILMMAKER

NA COZINHA
Raiza Costa começou fazendo vídeos sozinha na cozinha de
casa para o YouTube. Na mesma cozinha, hoje, filma os
episódios doRainha da Cocadaexibido pelo canal GNT
POR KARINA SÉRGIO GOMES

36 FILMMAKER
C
ansada dos vídeos de culi- de TV pago das organizações Globo. E, para explicar o passo a passo algumas
de
nária com cara de vovós en- por meio de uma mensagem no Face- receitas. Sempre que tinha um trabalho
sinando a cozinhar, Raiza book, veio o convite para a brasileira, da faculdade em que pudesse produzir
Costa, 27 anos, resolveu re- radicada nos Estados Unidos há 6 anos, um vídeo, assim fazia.
volucionar na sua produção caseira de produzir a sérieRainha da Cocada. O interesse pelo vídeo veio dafoto-
vídeos para o seu canal Dulce Delight Um sucesso de público que está en- grafia – na adolescência, mentiu a idade
no YouTube. Com apenas uma câmera tre os 10programas mais assistidos das para fazer um curso de fotografia no
e muito planejamento,filmmaker
a en- TVs a cabo e que tem fechada uma se- Senac-SP. Quando se mudou para os
sina receitas deliciosas, na maioria de gunda temporada para 2016. Para a Estados Unidos, por conta de uma pro-
doces, com muitos efeitos gráficos, co- filmmaker da cozinha, o sucesso de posta de trabalho do marido, em 2009,
mo stop motion, e diferentes planos, seus vídeos está no planejamento, desdea filmmakerdecidiu se dedicar a outra
tudo feito exclusivamente apenas por a fase de produção até chegar àedição. paixão: a culinária. E se matriculou no
ela. A qualidade das receitas e das pro- Raiza é formada em Artes Visuais e Centro de Culinária Francesa de Nova
duções caseiras de Raiza chamaram a na faculdade já se interessava por
vídeo. York. Umano depois, em 2010, estreava
atenção dos produtores do GNT, canal Faziastop motions, solução encontrada o primeiro vídeo no canal Dulce Delight.

FILMMAKER 37
Vídeos para web

Antes de gravar, Raiza planeja todo o


vídeo emstoryboarde desenha uma
aquarela sobre como deve ficar o prato

Estados Unidos, em 2012, e conquistar


o paladar do renomado chef Gordon
Ramsay. Ela participou de apenas dois
episódios, mas que valeram muito a
pena, pois a experiência lhe ensinou
a elaborar pratos sofisticados em pou-
quíssimo tempo e apenas com ingre-
dientes que tinha em mãos.

RECEITA

A organização
cipal da receita deé osucesso
ingrediente prin-
de Raiza.
Antes de ligar a câmera e saltar de trás
da bancada com seu animado “Olá!”,
ela desenvolve o passo a passo da re-
ceita. Depois, desenha todas as etapas
do vídeo em umminuciosostoryboard.
É no papel que ela cria todos os enqua-
dramentos, lentes que serão usadas,
elementos cenográficos e sua atuação.
Ainda elabora em uma aquarela qual
será a aparência final do prato.
Depois de tudo rascunhado, ela faz
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uma pesquisa de elementos visuais
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que combinam com a receita. Capri-
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e chosa, passa os tecidos que usará como
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toalhas de mesa, escolhe colheres, se-
a
N para os ingredientes em vasilhames
delicados – utensílios que tem um ar
vintage e um colorido moderno.
Assim que tudo está devidamente
“Os programas de culinária naquela rência na área”, diz a cozinheira, que separado, Raiza coloca a câmera no
época tinham cara de vó e eu queria não tem TV em casa. tripé e aperta o REC. Isso mesmo: ela
fazer algo diferente. Quando resolvi Embora já fizesse sucesso entre os filma sozinha os episódios que vão ao
criar o blog, queria centralizar todas internautas, Raiza chamou mais a aten-ar no Dulce Deligth ( www. yout u
as minhas influências artísticas lá. ção depois da participação na terceira be.com/user/dulcedelight1 ). Ela vai
Pretendia eu mesmo ser uma refe- edição do programa MasterChef dos seguindo cada etapa da receita e de

38 FILMMAKER
crème brûlée
Acima, resultado final de um ; ao lado, Raiza usa uma Canon C300 nas gravações

seu storyboard. A cada novo ângulo episódios, como é o costume de muitos


que planejou para a filmagem, ela re- youtubers– aliás, ela nem se considera
monta a cena de acordo com o que ti- um deles. Em seu canal são postados
nha elaborado no papel. cerca de dois vídeos por mês. Pois, se
-
Raiza executa a receita apenas gundo afilmmaker, essa ânsia por pos-
uma vez e para de cozinhar a cada tagens rápidas faz com que na plata-
momento em que precisa mudar a forma se encontre muitas produções
câmera de lugar ou a lente. Também de baixa qualidade. A cozinheira con-
pausa a gravação para fazer passo a sidera seus vídeos de culinária como
passo
um diacom
stop motion. Às vezes, fica
inteiro filmando. E usa apenas um filme.
lidade Uma produção
de conteúdo que Origi-
e estética. tem qua- na pintura se
conseguiu emtornar
paletas de cores,
uma Raiza
referência,
uma câmera, a avançada Canon C300. nalmente gravados em inglês, mas com como almejava. Ela comenta que al-
De acordo com ela, se usasse mais de muitos fãs no Brasil, Raiza criou a pá- guns amigos que trabalham em agên-
um equipamento, ficaria perdida. gina Dulce Delight Brasil, em que postacias de publicidade já tiveram clientes
Mas não acredita que isso seja muito os vídeos dublados por ela mesma. que chegaram com vídeos dela para
importante para a produção. Durante Buscando referências no cinema, mostrar como gostariam que fossem
muito tempo, usou uma básica Ca-
non EOS Rebel T2i. E extraiu tudo o
que podia dela. “Você tem de ser cria-
tivo e tentar realizar aquilo que você
tem na cabeça com o que tem dispo-
nível. Já usei até um skate comosli-
der ”, afirma. Os primeiros vídeos,
aliás, foram editados em programa
básico de edição da Apple, o iMovie.

MODO DE FAZER
A edição também é um processo
demorado. Pode levar de uma avárias
semanas. É na edição que Raiza resolve
a maioria das questões de seusvídeos,
insere elementos gráficos e escolhe
com atenção a trilha sonora de cada
episódio. O esmero e a produção solo
para cada vídeo sempre fez com que
Raiza não conseguisse postar muitos Raiza ensinando a fazer um sem o auxílio de um maçarico para criar a casquinha
crème brûlée

FILMMAKER 39
Vídeos para web

Rainha da Cocadapara o GNT;


Raiza Costa na cozinha de sua casa durante a gravação do programa
para a série na TV paga brasileira, a cozinheira conta com a ajuda de uma equipe de 25 pessoas
os espectadores. Aquela é a minha co-
zinha com a minha geladeira bagun-
çada com comidas que eu faço dia-
riamente”, explica.
Para fazer o programa do GNT,
ela teve de transformar a sala de casa
em estúdio e guardar a maioria dos
móveis em um depósito para essa fi-
nalidade. O processo de criação con-
tinua o mesmo. Depois de desenhar
o storyboard de cada episódio, en-
s
trega cópia para todos os membros
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da equipe e começa a gravar.
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e Para a TV, Raiza levou o mesmo
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bom humor, o seu cachorro Lancelote
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N e as receitas deliciosas de doces. E ela
faz questão de explicar sobre o processo
químico que envolve cada mistura de-
liciosa. Agora, com o dobro de tempo
seus comerciais. De qualidade inques- exibido diariamente pelo canal, é feito de seus vídeos no YouTube, ela pode
tionável e com números deviews in- pela produtora de Raiza, que tem o brincar e divertir o público um pouco
vejáveis – a maioria passa dos 100 mil mesmo nome do canal no YouTube, mais durante o passo a passo.
– , Raiza foi convidada pelo chef pop Dulce Delight. Embora para a TV conte Embora tenha um jeito despachado
Jamie Oliver para produzir algumas com uma equipe de 25 pessoas, ela na cozinha, Raiza leva muito a sério a
receitas para o seu canal. fez questão de continuar filmando na procedência de cada alimento e cada
cozinha de casa. “Tinha a possibili- etapa da produção da comida. E tem
DA INTERNET PARA A TV dade de filmar em uma cozinha-es- essa mesma seriedade na produção
O sucesso na internet a levou para túdio, mas isso perderia a intimidade dos vídeos, que é o grande segredo des-
o canal GNT. O Rainha da Cocada, que acredito que tem de haver com sa receita de sucesso internacional.

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Tratamento de imagem

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COMO ORGANIZAR
O TRABALHO DE
CORREÇÃO DE COR
O processo envolve uma série de etapas, aspectos técnicos e
conhecimentos específicos da área. Siga as dicas de um colorista
profissional para ter um bom fluxo de trabalho
POR GUILHERME MOTA

s títulos variam, mas o processo é o mesmo. “Color Grading”,

O
“Ajuste de Cor”, “Tratamento de Cor” ou “Marcação de Luz” é o
nome dado ao trabalho de “colorir” um projeto audiovisual de
acordo com a estética desejada, atuando diretamente no espectro
de cores das cenas. Em produções profissionais, essa é uma etapa impor-
tantíssima do processo de pós-produção em que será alcançado o tom exato
que o diretor do filme imaginou, já pensando na plataforma de exibição,
seja em sala de cinema, televisão ou internet.
“A cor é um processo subjetivo, mas ao mesmo tempo ilimitado em pos-
sibilidades”, avalia Alex Lopes, colorista profissional da produtora O2 Filmes.

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O longaTraffic(2000) é um
exemplo de como a correção de cor
ajuda a contar uma história: tons
“quentes” em cenas que se passam
no México e tons “frios” nas que
mostram os Estados Unidos

Formado em Jornalismo e Informá- suas dicas para organizar, entender influenciará a forma como o projeto
tica, Lopes passou por diversas ativi- e executar o trabalho de uma forma será montado. Do contrário, o pro-
dades da produção audiovisual e atua simples e sem percalços. cesso de correção sempre ocorre após
há três anos exclusivamente como a montagem, pois cada cena do pro-
colorista da casa, trabalhando na cor- FINALIZE ANTES DE COLORIR jeto precisará dos próprios ajustes.
reção de cores de projetos para a te- Pode parecer óbvio, mas jamais
levisão e o cinema. “É possível trans- inicie a correção em um projeto que APROVAÇÃO
formar uma cena extremamente dra- ainda não esteja completamente edi- Em produções cinematográficas,
mática em feliz trabalhando apenas tado. “Antes de iniciar qualquer ajuste o “cliente” final do colorista é sempre
o balanço de cores e a intensidade de de cor, é preciso que todas as cenas o diretor ou diretor de fotografia (ge-
luz das imagens”, explica. estejam definidas e corretamente po- ralmente os dois) e, uma vez definidos
Aqui, Lopes fala sobre os segredos sicionadas”, explica Lopes. Exceções os looks do filme, pouco ou quase na-
do processo de correção e quais os sempre existem, como, por exemplo, da existe para ser ajustado, e o traba-
passos para um filmmaker buscar a um estudo de cores sobre as cenas (e lho flui sem percalços. No entanto,
cor ideal em seus projetos. Confira não o tratamento de cor em si) que se o trabalho for voltado para outra

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Tratamento de imagem

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Em Sin City 2: A Dama Fatal noir bem contrastadocom inserção de cor, no caso o vermelho, em algumas cenas
(2014), opção pelo uso de um P&B

finalidade em que a aprovação de lorido antes de aprovar. ção do cliente, aí sim você parte para
um cliente seja necessária antes de Segundo Lopes, uma versão off- o on-line, a versão completa e pronta
ser finalizada a montagem, é preciso -line é a que ainda não recebeu o tra- para a exibição”, explica.
trabalhar em etapas, geralmente cha- tamento completo (com todos os
madas de off-line e on-line . Isso é ajustes finos), mas já apresenta uma PRIMEIRA ETAPA: CORREÇÃO
muito comum em vídeos institucio- correção básica de cor, que permite O processo de tratamento de cor
nais, de publicidade e do mercado ao cliente visualizar o produto. Esse envolve duas etapas principais: a cor-
de filmagem de eventos (casamentos processo possibilita fazer as altera- reção e o aprimoramento das cores
e festas), em que o cliente final não ções principais sem perder horas de de um filme. A correção vem antes
é necessariamente o diretor do filme, trabalho finalizando um material que de qualquer atividade e consiste em
mas precisa ver algo montado e co- ainda será alterado. “Após a aprova- equalizar diferentes tomadas para
que estejam todas dentro do mesmo
padrão estético.
Em uma mesma filmagem, dife-
rentes câmeras, ângulos de captura
e até a posição dos atores em relação
à iluminação mudam a cada take e,
com isso, também a exposição e o re-
sultado de cores entre as imagens.
Eliminar essas diferenças é o primeiro
trabalho do colorista. Um exemplo
clássico são as cenas filmadas na “ho-
ra mágica” (o intervalo de tempo pró-
ximo ao nascer e ao pôr do sol). “A
luminosidade cai muito entre o início
e o fim de uma cena e haverá dife-
renças entre os materiais. Corrige-
Em Psicose(1960), o diretor Alfred Hitchcock optou pelo P&B para conseguir um efeito -se para que a luz fique a mesma”,
dramático focado no suspense e também para diminuir o impacto das cenas com sangue explica o especialista.

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Na sequência, acima, a cena
flat e depois corrigida para um tom frio; abaixo, para um tom quente e Alex Lopes trabalhando uma imagem

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Abaixo, ferramentas usadas para analisar e atuar sobre o espectro de cor, como vetorscópio, histogramas e leituras em forma de onda

PLATAFORMAS
Em grandes empresas, com equi- MANUAL, EDITOR E COLORISTA GRÁTIS
pes distintas, o projeto é exportado
pelos montadores em um arquivo do
tipo XML e EDL (e outros) para que
possa ser reaberto pelos coloristas E m seu trabalho na O2 Filmes, Alex
Lopes utiliza a versão profissional
com as mesmas ferramentas de edição
de cores de sua versão paga. “É um pro-
em uma timeline específica para a do software DaVinci Resolve, vendida a grama muito interessante para quem se
correção, usando arquivos compar- US$995, e que permite trabalhar em interessa por estudos de cor”, explica.
tilhados de imagem. uma mesma plataforma tanto a edição Outro “bônus” para quem baixar e instalar
quanto o tratamento de cores dos vídeos o software é ummanual específico sobre
Pode ocorrer também de a mon-
(o mesmo ocorre também em outros edi- o tema, também inteiramente gratuito.
tagem e a correção de cores serem tores, como o Premiere e o Final Cut). A “É um material incrível sobre todo o pro-
realizadas dentro do mesmo softwa- grande vantagem do DaVinci, no entanto, cesso de correção de cor”, avalia Lopes
re, como o Adobe Premiere, o Final é que além da versão profissional a em- (saiba mais sobre o DaVinci Resolve 12
Cut ou o DaVinci Resolve. Nesses ca- presa oferece ainda uma versão gratuita, na matéria à página 20).
sos, é possível selecionar uma visua-

FILMMAKER 45
Tratamento de imagem

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O longaAlice (2010), de Tim Burton, teve um tratamento de cor específico para ressaltar o mundo de fantasia onde a história se desenrola

lização específica para a correção de balho. “A gente não faz filtros prontos MENOS É MAIS
cores em que todas as ferramentas como o Instagram”, explica. “Os fil- Os excessos tambémprejudicam.
fiquem visíveis, assim como as infor- tros automáticos tendem a transfor- Para Lopes, um dos problemas mais
mações necessárias para o trabalho, mar o material em uma coisa muito comuns é o exagero no tratamento.
como os vetorscópios, histogramas comum”, argumenta. “O principal erro de quem faz esse
e discos de cor. “Por meio dessas in- “O colorista geralmente parte do processo direto na montagem é que-
formações e a partir das correções zero para criar, junto com os direto- rer mostrar que de fato há algum tra-
básicas, já se começa a buscar um res, o ambiente e a estética que eles balho de cor. O trabalho do colorista
look para o filme”, explica. buscavam noset”, explica. Após todas não é aparecer em cimada fotografia,
as correções e alterações, chega-se mas sim colaborar com ela”, ensina.
ESQUEÇA OS FILTROS ao look desejado, que vai determinar
Segundo Lopes, o processo de a intensidade da cena em relação às RESPEITE O MATERIAL
correção ideal é realizado inteira- cores e à dramaticidade. “O colorista Não tente criar o impossível, me-
mente com as informações do pro- ajuda a contar a história esteticamen- lhore o que já existe. “Em vezde que-
jeto, sem a necessidade de importa- te”, diz. E, segundo Lopes, não adian- rer criar uma luz completamente no-
ção ou aplicação de filtros que pos- ta corrigir uma cena e aplicar essa va onde antes não havia nada, o tra-
sam limitar as informações de tra- correção em todo o resto, como uma balho do colorista é amplificar a in-
solução predefinida. tenção do fotógrafo, e não criar uma
“A cada cena muda nova fotografia”, resume.
o momento, o ângu- No tratamento de cor, é preciso
lo, a luz e o tratamen- respeitar exatamente o que foi feito.
to de cor também”, Apenas ressaltar as coisas positivas
ensina. da imagem já é de grande valia para
o trabalho, diz Lopes. “O processo
de correção não consegue salvar uma
filmagem comprometida pela falta
O uso de filtros ou pelo excesso de iluminação. Se
automáticos deve não há luz, tentar simular um sol não
ser sempre evitado, vai ficar natural por melhor que seja
segundo o especialista,
pois isso não agrega o material e mesmo que você faça
qualidade ao trabalho isso muito bem”, avalia.

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Casamento

A entrada da noiva: o
same day editestá
virando moda em
casamentos brasileiros

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10 DICAS PARA UM
SAME DAY EDIT
EFICIENTE
O experiente profissional Thiago Pará ensina os passos
básicos para editar um filme no dia do casamento
POR LIVIA CAPELI

ilmado, editado e exibido durante a festa Thiago Pará, editor e diretor da Evolution Wed-
de casamento, osame day edité uma moda ding, de Belo Horizonte (MG), é um dos pioneiros
que caiu no gosto dos noivos e parece que do same day edit no Brasil. Formado em Publici-

F veio mesmo para ficar. Como uma maneira dade, ele sempre gostou de trabalhar com filma-
bem criativa de registrar e compartilhar em vídeo gem, direcionando sua formação para isso. No
com os convidados toda emoção vivida pelo casal portfólio dele estão filmes publicitários, institu-
durante o evento, o produto inclui desde cenas do cionais, de animação e documentários. Desde 2010
pré-wedding, passando pelomaking ofdo casal, até Thiago soma no currículo cerca de 90 same day
os momentos mais emocionantes da festa, e exige edits. Ele foi convidado porF ilmMakerpara passar
equipe afinada e logística eficiente para que possa dez dicas essenciais sobre como filmar e editar um
ser oferecido com qualidade profissional. filme no dia do casamento. Confira.

48 FILMMAKER
Acima, após a alegria dos
noivos na filmagem para
o same day edit
; ao lado,
Thiago Pará em ação

1 Conheça muito bem quem é o seu


cliente. Faça entrevistas prévias
com o casal em conversas informais
(que podem ser realizadas também por
telefone). Escute o que eles têm a dizer
e anote tudo. Dê atenção especial a esse
momento, pois é a partir dele que você
wed-
definirá se haverá gravação do pré-
ding ou não. Lembre-se de que soame
day edité um produto personalizado e
toda a informação é importante.

Defina sua proposta de trabalho b


s
a

i
e deixe o cliente bem ciente dela.
2
R
e
u
Faça um planejamento pautando al- r
q
i
n
e
guns itens: como pretende filmar o H
/
s
a
casal; como contar a história do ca- i
f
a
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samento; se precisará gravar externa; g
o
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o
como será o produto entregue; qual F
t
f
o
o tempo de edição… Estude tudo o L
io
que for necessário sobre os noivos d
u
t
S
para chegar no resultado que eles vi-

FILMMAKER 49
Casamento

Acima,take romântico com casal; abaixo, ilha


de edição improvisada dentro do carro para ram no seu portfólio/site. É comum, gir o clima de naturalidade com um
mostrar o filme no próprio dia do casamento
no início, os casaisficarem inseguros bocado de equipamentos apontados
quanto ao processo de trabalho, por- para os noivos, portanto, lembre-se
tanto, gaste um tempo explicando de que menos é sempre mais.
sua proposta a eles.

3 Antecipe-se aos detalhes. Esteja


por dentro de tudo em relação ao
6 Valorize o trabalho em equipe.
No é crucial ter aju-
same day edit
da, não há como trabalhar sozinho.
evento que irá filmar: se haverá algu- Assistentes são importantes até para
ma surpresa preparada pelo noivo ou ficarem atentos a tudo o que está
uma homenagem aos pais, por exem- acontecendo ao redor dofilmmaker,
plo… Faça uma lista com os aconte- sem deixar nenhuma cena escapar.
cimentos que ocorrerão no evento e
use-os a seu favor. Fuja do óbvio.Casamento de um
7 modo geral é um evento de rituais
Dê atenção especial à trilha sono- previsíveis. Making of , cerimônia,
4 ra. O ideal é sempre ter duas ou três festa e fim. Procure enxergar nesse
opções de músicas guardadas para o meio a oportunidade para criar algo
same day edite optar por aquela que inovador. A dica de Thiago é assistir
mais se encaixa ao clima do casamento.a muitos filmes. Pare e comece aper-
Esteja sempre preparado para mudar ceber o que o editor do filme usou de
a escolha da música conforme a per- inovador. Fique atento: é por meio
cepção que tiver do evento (mais ani- da sua bagagem cultural que o seu
mado, mais romântico, mais descon- estilo será definido.
traído...). Aceite as sugestões dos noivos,
mas não se comprometa a usá-las.
i
s
s
a
8 Use takes do pré-weeding no sa-
me day edit. A filmagem antes do
casamento com os noivos é uma opor-
5 Simplicidade no equipamento
n
a
V
o
d
r
para filmagem.A proposta inicial tunidade para conhecer melhor o ca-
a
u
d
de um same day edit na perspectiva sal. As cenas podem ser adicionadas
E
de Pará é a naturalidade. É difícil atin- ao produto, mas nem sempre casais

50 FILMMAKER
á
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P
o
g
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T

O same day editmescla cenas


descontraídas do casal, como
o making of
, a celebração e a
recepção do casamento

e empresas de filmagem acham ne-


cessária essa proposta. O ideal é definir
qual seu estilo de trabalho e deixar
bem claro para o seu cliente.

9 Cuidado na terceirização de
equipamentos. Isso ocorre por-
que nem sempre é possível investir
o
logo de início em todos os aparatos ã
ç
a
g
l
necessários para uma boa filmagem. u
iv
D
Mas, se for usar algum equipamento
alugado ou de parceiro, certifique-
Uso desliderfacilita a captação e deixa o trabalho mais criativo, abaixo, a edição feita na hora
-se com antecedência de que tudo
i
está funcionando perfeitamente. Ca- s
s
a
n
so algo dê errado, além de deixar seu a
V
o
cliente na mão, a reputação da sua d
r
a
u
empresa também estará em jogo. d
E

Use linguagem de cinema no


10 same day edit. A abordagem de
um vídeo convencional de casamento
vai parecer trabalho de amador. Por
isso, ter experiência em captação e
edição de vídeo, além de estar por den-
tro das tendências, é essencial. O pro-
duto final precisa ter aspecto de
trailer
de cinema e não de videoclipe.
Direito autoral

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S

52 FILMMAKER
A TRILHA SONORA
DO CASAMENTO PODE ESTAR

FORA DA LEI
No Brasil não é permitido o uso demúsicas em
vídeos sem autorização do autor ou o pagamento
de direitos autorais. Veja como dois jovens
filmmakers resolvem a questão sem burlar a lei
POR KARINA SÉRGIO GOMES

T
odo casal tem uma música que marcou a sua história.
Toda menina que está para fazer 15 anos temmaubanda
favorita. Quando umfilmmaker é contratado para contar
um pedaço dessa história fazendo um vídeo de casa-
mento ou baile de debutantes, uma trilha sonora é fundamen
tal.
Nessa hora, como lidar com as escolhas do cliente e os
direitos
autorais dos músicos? A maioria prefere correr o risco e usar a
música sem pagar o direito autoral. Mas há profissionais
, como
Diego Makoto e Giovanna Borgh, que buscam outro caminho,
seja descobrindo trilhas até mais criativas e a preços acessíveis
em sites específicos ou encomendando trabalhos a músicos in-
dependentes também a um custo aceitável.

Usar trilha sonora em vídeos


de casamento sem pagar os
devidos direitos autorais é
filmmakercorre
contra a lei e o
o risco de ser processado

FILMMAKER 53
Direito autoral

Para Giovanna Borgh, o vídeo de casamento não deve ser como o clipe de
uma música, pois a trilha deve ajudar a contar ahistória do casal

h
g
r
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B
a
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n
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v
o
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G

Para quem usa trilha sonora sem do artigo 7o da Lei 9.610/98, que deter- Quando Makoto começou a tra-
autorização ou pagamento, uma das mina o que são obras intelectuais pro- balhar na área de filmagem de casa-
penalidades mais rápidas é ter o vídeo tegidas pelo direito autoral, como as mento e outros eventos sociais, não
excluído de sites como Vimeo e You- composições musicais, tenham ou não se preocupava muito com as questões
Tube. Caso o autor damúsica descubra letra. E o valor a ser pago será conforme legais do uso da trilha. Baixava na in-
e queira processar, ele estará se valendoo que o juiz de cadacaso estipular. ternet uma música que combinasse

54 FILMMAKER
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o
k
a
M
o
g
e
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D

Uma boa alternativa é usar bancos de músicas licenciadas para oferecer como trilha sonora e cobrar o custo, que não é alto, dos noivos

com o casal e colocava no filme. Con- sou com o casal, que disse ter pago os sual ou peça teatral, previsto no artigo
tudo, depois de concorrer a prêmios direitos autorais da música para tocar 29 da Lei 9.610/98.
no Inspiration Photography Awards no dia do casamento. Ele usou esse ar- O próprio YouTube já foi indiciado
e seus filmes começarem a ter visibi- gumento para desbloquear o vídeo. por conta dos vídeos publicados sem
lidade, percebeu que precisava tomar Mas não é algo que possa valer em caso o pagamento do direito autoral. Se-
mais cuidado. de processo judicial, pois o que
envolve gundo o site, desde outubro de 2014,
O primeiro passo foi avisar de an- os casos de vídeos é a direito de inclusãoo YouTube pagou cerca de US$ 1 bilhão
temão aos clientes que não usaria a ou de sincronização, referente à auto- para os titulares de direitos que opta-
música badalada do ano ou músicas rização para que determinada obra ram por receber receitas por reivindi-
muito conhecidas, pois não gostaria musical ou fonograma componha tri- cações de uso indevido desde que o
de que o vídeo ficasse datado ou com lha sonora de uma produção audiovi- projeto Content ID foi lançado em 2007.
cara de trilha sonora de novela. Isso
não significa falta de sensibilidade pa-
ra escolher uma música que combine
com os noivos. Para tudoficar dentro
da lei, ele usa o catálogo de um site de
licenciamento automático, o Music
Bed (www.musicbed.com ). No site,
por US$ 90 (custo repassado ao clien-
te), ofilmmakerpode baixar qualquer
música licenciada para usar em vídeos
de casamento. Mas, se o clientefizer
muita questão de uma música, Ma-
koto avisa que ele terá de arcar com
o valor do direito autoral cobrado caso
seja processado.
Certa vez, ao usar uma música sem
pagar o devido licenciamento em um
vídeo de casamento, Makoto teve a
obra bloqueada no YouTube. Conver- É importante negociar com o cliente a música que fará parte do vídeo de casamento

FILMMAKER 55
Direito autoral

Giovanna Borgh
h
g
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recorreu a
o
B uma artista
a
n independente
n
a
v
para a trilha do
io
G
vídeo de 15 anos
da garota ao lado

Esta foi aforma que o YouTube encon- encontrar trilhas mais exclusivasque e A artista ficou superfeliz e a gravadora
trou para pagar os artistas: por meio da combinem com seu trabalho, Giovan- liberou o uso. O trabalho de Giovanna,
renda publicitária que cada vídeo gera na procura músicos independentes. depois, chegou a ser bloqueado no Vi-
para o site por conta de banners e outros“Sites e aplicativos como o Spotifyme meo porque o site alegou que ela não
comerciais que a empresa insere. ajudaram muito a encontrar esses ar- filmmaker es-
teria o direito autoral. A
tistas. E você começa a ter mais possi- creveu para o site dizendo que tinha a
INDEPENDENTES bilidades”, diz. autorização por e-mail da artista para
Giovanna Borgh, formada em Ci- Ao editar um filme para o aniver- usar a música e subiu o vídeo nova-
nema, sempre teve apreocupação com sário de 15 anos de uma adolescente, mente (que não foi maisremovido).
os direitos autorais das trilhas sonoras Giovanna recorreu ao site para encon- Da mesma forma que Makoto, Gio-
de seus vídeos. Assim como Makoto, trar a trilha que combinasse com oví- vanna avisa a todos os clientes com os
ela também usa o mesmo banco de tri- deo e a história dajovem. E encontrou quais fecha contrato que não usa mú-
lhas para procurar músicas. Mas nem o trabalho da cantora islandesa Hafdís sicas muito conhecidas em seu traba-
sempre encontra o que quer. Sem con- Huld, da gravadoraindependente Red lho. Mas que vai ter asensibilidade de
tar que algumas músicas acabam sen- Grape Records. Enviou um e-mail pe- escolher uma trilha que ajude acontar
do usadas por muitosfilmmakers. Para dindo para usar a música em um vídeo. a história do casal. “A trilha sonora deve
ser usada para dar um sentimento ao
filme, que não pode servir de ferra-
menta para ouvir a música comoum
clipe musical”, explica.
Os doisfilmmakers reclamam que
falta um catálogo como o Music Bed
no Brasil. “Ninguém quer usar o tra-
balho do outro sem pagar. O que falta
aqui é um mediador com quem a gente
possa dialogar e pagar um preço que
seja justo pela visualização do nosso
trabalho”, diz Giovanna. Enquanto
não é criado um sistema parecido com
o estrangeiro para músicas nacionais
ou mesmo um esquema mais justo
para o pagamento de direitos autorais
para música de casamento, muitos
o
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a
profissionais seguem usando trilhas
lg
u
v
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sem autorização com a desculpa de
D
que são filmes domésticos e que têm
Cantora islandesa Hafdís Huld cedeu uma música de graça para pouca visualização.
a trilha de um vídeo de Giovanna

56 FILMMAKER
História do Brasil, Portugal e Espanha em
   ROMANCES
 
O Desbravador
UMA AVENTURA EXTRAORDINÁRIA
        
      
       
         
       
       
    
        
        O Desejado
       A FASCINANTE HISTÓRIA DE
DOM SEBASTIÃO
  
    Autor: Aydano Roriz
      
     
      
O Fundador       
Autor: Aydano Roriz       
     
       
   
    
   
   
   

Carlos Quinto
Autora: Linda Carlino
   
     
    
  
      Invasão à Bahia, Jornada dos Vassalos
      e Invasão a Pernambuco
  Autor: Aydano Roriz
           
     
Joana, a Louca        
Autora: Linda Carlino
    R$ 39,90 cada ou R$ 89,90 trilogia
   
      
  
   

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Negócios

Framedo curta
Freak Show
, feito
pela produtora
Anti-Herói

O DESAFIO DE
MONTAR UMA
PRODUTORA
Aos 27 anos,Lincoln Chessa dirige a Anti-Herói Filmes, que
atua em São Paulo eem Nova York. Foi ousado, usou opróprio
dinheiro no negócio e hoje colhe bons frutos
POR LUÍSA PÉCORA

Q
uando Lincoln Chessa de- de história, a Anti-Herói Filmes atua a vontade de seu diretor de contrariar
cidiu abrir uma produtora no Brasil e nos Estados Unidos com 16 as expectativas. "O anti-herói pode ter
audiovisual (com o próprio funcionários, que se dividem entre os atitudes questionáveis, mas todo mun-
dinheiro e antes de comple- escritórios de São Paulo e Nova York. do concorda com ele no final. Apliquei
tar 30 anos), ouviu que es- Para 2016, a promessa ampliar
é a equi- esse conceito na produtora para dizer
tava louco. A cada "não vai dar cert
o”, pe, produzir conteúdo próprio e inter- que as pessoas até podem desconfiar,
porém, aumentava a vontade de fazer nacionalizar ainda mais as atividades. mas no fim dá certo. Estamos crescendo
a ideia decolar. E decolou. Com um ano No próprio nome, a empresa evoca e ganhando espaço", afirma Chessa.

58 FILMMAKER
Acima, cena deFreak
A Anti-Herói uniu duas vontades York Film Academy, que concluiu em
Showfilmada com
do cineasta de 27 anos:trabalhar com 2015. O plano inicial era encontrar uma BlackMagic;
cinema e abrir o próprio negócio. Nas- um emprego em uma empresa local abaixo, o jovem
Lincoln Chessa,
cido em Rudge Ramos, um distrito da e ficar por lá. Mas a ideia de abrir o
que criou sua
cidade paulista de São Bernardo do próprio negócio, que estava adorme- própria produtora
Campo (SP), Chessa se interessou cedo cida, começou a parecer mais atraen-
pelo audiovisual. Na infância, fazia ex- te. "Acreditava que conseguiria abrir
periências destop motioncom os irmãos uma produtora não apenas com qua-
mais velhos. Mais tarde, decidiu estudarlidade nacional, mas capaz de crescer
Rádio e TV na Universidade Anhembi para o mundo inteiro", recorda.
Morumbi, pela qual se formou. Com a clientela internacional em
Depois de passar pelas redes SBT e vista, ele procurou uma amiga brasileira
Bandeirantes, Chessa trabalhou como que já morava em Nova York para en-
assistente de produção. Também foi tender melhor o mercado local. Também
assistente de direção de Cristiano Bur- passou a estudar a atuação de diferentes
lan durante as filmagens de Hamlet empresas, incluindo as que produzem
(2014), rodado em São Paulo, e fez seus seriados e conteúdos para serviços como
o
ã
próprios filmes como diretor, que guar- a Netflix. Sua ideia não era abandonar ç
a
g
l
dou por considerar amadores. "No co- o Brasil, mas, ao contrário, aplicar aqui u
iv
D
meço é normal", brinca. o que aprendeu lá fora.
A decisão de ir aos Estados Unidos Chessa também se valeu de uma li-
foi motivada por um curso na New ção aprendida muitos anos antes, ainda

FILMMAKER 59
Negócios

na infância. “Desde cedo meu pai me


ensinou sobre a importância de inves-
tir, até para garantir meu futuro e meus
estudos. Sempre gostei de guardar di-
nheiro, então acabei usando meu pró-
prio capital para abrir a produtora.” O
valor do investimento ele não revela:
“Todo herói tem seu segredo, né?”

PRODUÇÃO DIVERSA
Adepto do bom planejamento,
Chessa estipulou algumas metas. No
primeiro ano, buscaria atender o má-
ximo de clientes que conseguisse,
seja fazendo vídeos institucionais,
publicitários, musicais ou cinema-
tográficos. Só depois, com odinheiro
dos primeiros trabalhos, entraria de
cabeça na produção de conteúdo
próprio. Assim, em 2015 aAnti-Herói
Acima e abaixo, equipe da Anti-Herói em produções de vídeos distintos para seu portfólio
montou um portfólio diverso. Fez
desde a cobertura da inauguração de
um salão de cabeleireiros até um pro-
grama de televisão sobre venda de
cavalos, passando por videoclipes,
vídeos demaking ofe o agenciamen-
to do cantor sertanejo Digão.
Agora, começa a segunda parte do
plano: "Minha ideia é só entrar com
material próprio em 2016, incluindo
documentários, longas e curtas", con-
ta. Como os projetos ainda não foram
devidamente registrados, Chessa re-
vela poucos detalhes. Três curtas di-
rigidos por ele já estão finalizados e
serão exibidos em festivais. Também
está prevista uma websérie de docu-
Abaixo, Chessa à frente da equipe de sua produtora, que opera em São Paulo e Nova York
mentário sobre times de futebol pouco
conhecidos, a cobertura dos Jogos
Olímpicos do Rio de Janeiro e a filma-
gem de um longa, marcada para o fim
do ano. "A gente está em todos os la-
dos", afirma o diretor.
Por enquanto, tudo o que é pro-
duzido pelo braço americano da An-
ti-Herói fica nos Estados Unidos, en-
quanto o que é feito no Brasil fica por
aqui. Mas Chessa quer fazer conteúdo
para exportação. Já fechou contrato,
por exemplo, para produzir material
em São Paulo para um veículo nova-
-iorquino. Outras negociações com
empresas internacionais também estão
em andamento. "Eles (os estrangeiros)

60 FILMMAKER
acham os brasileiros muito criativos.
Gostam de trabalhar com a gente, dos As filmagens de
Freak Show foram
nossos valores e ideias", opina. feitas dentro
Para viabilizar os projetos cine- de um teatro
matográficos da Anti-Herói, ele não
pretende depender de aprovação em
editais e leis de incentivo. A ideia é
produzir com financiamento próprio,
conseguir espaço em festivais e "ga-
nhar nome" para correr atrás de in-
vestidores nos projetos futuros. "A
gente costuma pensar que só existe o
cinema hollywoodiano, com grandes
montantes de dinheiro. Mas não é
bem assim. Existe o cinema indepen-
dente, de rua, de guerrilha, que a gente
pode fazer também", afirma.

ASSINATURA MARCANTE
Tanto o escritório em São Paulo
como o de Nova York devem contratar
novos funcionários em breve. Nos Es- o
ã
ç
a
tados Unidos, a equipe é formada por lg
u
v
i
seis pessoas: um diretor-geral, dois D

produtores, dois editores e um res-


ponsável por toda a parte de áudio.
No Brasil, são dezfuncionários: além
de Chessa, que ocupa a função de di- O motivo, segundo Chessa, é a pro- Então, criamos tudo, da pré-produção
retor, trabalham um produtor execu- posta de inovar o mercado criando à finalização”, afirma. "Como o mer-
tivo, quatro produtores, dois editores uma assinatura própria. Seu objetivo cado é muito rápido, o uso de banco
e dois responsáveis pelo áudio. A ên- é que a empresa tenha uma marca de dados se tornou um vício. Consegui
fase no setor se deve a uma determi- forte e facilmente reconhecida pelo que minha equipetrabalhasse rápido,
nação da Anti-Herói: todos os vídeos público – na linha de diretores como mascriando um banco dedados nos-
devem ter trilha sonora srcinal. Ban- Tim Burton e Quentin Tarantino, que so, uma assinatura nossa. Seja num
cos de dados de cores e efeitos sonoros aponta como referências. "Minha prin- vídeo institucional, num longa ou
também estão proibidos. cipal paixão é achar uma identidade. num clipe", diz.

Os renomados diretores Tim Burton (à esq.) e Quentin Tarantino são a referência para o jovem Chessa por terem uma identidade peculiar ao filmar

FILMMAKER 61
Produção independente

a
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B
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D

A PAUSA
NECESSÁRIA POR KARINA SÉRGIO GOMES

O casal Leo Longo


D
epois de gravarem o 39o clipe dezembro, eles tinham apenas um vídeo de
do projeto Around the World in sobra na gaveta por conta de imprevistos.
e Diana Boccara 80 Music Videos, o casalfilm-
de Na edição 25 deFilmMaker, foi relatada
terminou 2015 makersLeo e Diana programou a dificuldade do casal em gravar no Reino
tirar uma semana de férias e parar por um Unido, algo que se repetiu em outros países.
com 36 trabalhos tempo as publicações no canal. Vairse ape- A ideia era gravar três vídeos na Rússia e
do projeto de nas uma semana, mas tempo suficiente paraquatro na Índia para recuperar os extras.
eles recarregarem as energias para a metade Mas a banda russa Tesla Boy desistiu de úl-
80 videoclipes ao final do projeto. No último contato com tima hora de gravar, sobrando apenas dois
FilmMaker, o casal estava gravando em grupos para a dupla.
redor do mundo
publicados no
Seul, na Coreia do Sul, e deveriaseguir para No primeiro, com o Mooncake, o plano
a Nova Zelândia e a Austrália para um pe- de gravar em um espaço público foi impe-
YouTube. E assim ríodo de férias. No YouTube, a última pu- dido pela polícia, que exigiu
blicação de 2015 é a do 36 o
uma autorização
clipe feito com para filmar que eles não tinham. “Eles só
encerraram o ano a banda chinesa tfvsjs (para ver os clipes e pediram para que nosretirássemos porque
com saldo positivo o making of,acesse:http://bit.ly/1idBzfC ). estávamos em muitos para fazer aquela gra-
Isso vai ajudar o casal a manter a meta de vação (16 pessoas). E, para isso, precisaría-
ter sempre três videoclipes extras – mesmo mos de autorização. Se estivéssemos com
número de quando saíram do Brasil. Em menos gente conseguiríamos sem proble-

64 FILMMAKER
o
g
n
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L
o
e
L

making
Na pág. ao lado,
of de gravação; acima,
Wait da
cena do clipe
banda On the Go

mas”, explica Leo, que conseguiu fazer


a gravação no pátio de uma faculdade.
Com a segunda banda, On the Go,
embora a dupla contasse com aajuda
da diretora de arte do grupo, Marie Pa-
tyuk, os músicos preferiram não par-
ticipar. Algo inédito até então para os
filmmakers. “A Marie foi para garantir
que a linha artística da banda fosse
mantida. Então, fizemos o clipe com a
ajuda de uma atriz russa”, conta.
Para rodar o vídeo, Leo inventou
uma traquitana para ter o controle do
foco no glide cam, adaptando ofollow
focusdoshoulderna base doglide. “Pre-
vi duas paradas estratégicas durante o
movimento nas quais pedi a Diana para
fazer a mudança do foco para mim.
Funcionou bem, e provavelmente usa-
rei mais vezes daqui pra frente, já que
não tenho controle remoto”, diz. Life Aquatic
Cena do clipe , da banda Mooncake; uma das locações mais complicadas da dupla

FILMMAKER 65
Produção independente

Cena do clipeMachete,
da banda Skrat,
gravado na Índia

o
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n
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o
e
L

NA ÁSIA O destaque dos vídeos filmados muito difícil diante de regras eproce-
Na Índia, Leo e Diana consegui- na Índia foi a edição do clipe da banda dimentos. Porém, foi ao contrário.
ram fazer uma parceria com o site de Skrat. Há tempos Leo pensava em “Todos foram superprofissionais, e
aluguel de casas, Airbnb, que lhes brincar com o plano-sequência, se- fazer arte no Oriente pela primeiravez
ofereceu a hospedagem em troca de quência colocando cores e duplican- foi uma experiência muito legal. O re-
vídeos
serviço.sobre
Dos aquatro
experiência
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usar o do a timeline
ficou Como o take
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mados, apenas três puderam ir ao ar. que ali estava a oportunidade. deles ao nos cumprimentar foram
Com a quarta banda, um dia após a Em Hong Kong, a dupla conseguiu substituídas pelo nosso abraço calo-
filmagem, a gravadora pediu para filmar com duas bandas em uma se- roso”, conta. O clipe da banda tfvsjs,
que o clipe entrasse no ar apenas em mana, o que deu para recuperar a so- que não teve a participação dos mú-
janeiro de 2016, o que não poderia bra de um videoclipe. A receptividade sicos, mas apenas a do performerWins-
ocorrer, pois, de acordo com o pro- dos orientais também encantou os ton Lau, que criou uma apresentação
jeto, os clipes entram no ar conforme brasileiros. Eles estavam reticentes no exclusiva para o vídeo, fechou a pu-
os países vão sendo visitados. início, pois achavam que seria tudo blicação de vídeos do casal em 2015.
O saldo de 2015 para a dupla é po-
sitivo. “Nos sentimos bem felizes
quando olhamos para trás e relem-
bramos as quase duas mil pessoas que
estiveram com a gente nesses 14 países
em 10 meses.Financiar a própria obra
faz com que tenhamos uma visão
completamente diferente de tudo.
Além de fazer o projeto ter mais au-
tonomia e independência, faz com
que seja pessoal, e as bandas mundo
afora têm visto isso de uma forma bas-
tante positiva”, diz Leo Longo. Depois
de Austrália e Nova Zelândia, a pró-
xima parada é nos Estados Unidos. O
plano da dupla é ficar três meses via-
Vídeo Between, da banda tfvsjs, oúltimo clipe de 2015 feito pelosbrasileiros exibido no YouTube jando e gravando clipes pelo país.

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quem aprender a pilotar esses aparelhos

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