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Johann Sebastian Bach, um dos últimos compositores do período barroco, deixou uma

vastíssima obra na qual estavam contidas técnicas de composição e de expressão do mais alto
nível de aperfeiçoamento. Raros foram os compositores ou interpretes que não estudaram
grande parte da sua obra. A Chaconne da 2ª Partita para Violino Solo de Bach foi por ele
finalizada em 1720. Esta obra colossal, considerada por muitos violinistas uma das maiores obras
do seu repertório, serviu de inspiração a vários outros compositores que a quiseram transcrever
para diferentes instrumentos.

Em 1877, 150 anos após Bach ter escrito a Chaconne, Johannes Brahms finalizou a transposição
desta obra para piano, entitulando-a: “Estudo para a mão esquerda”, na qual realizou uma
quase absoluta cópia das notas do violino para as notas do piano. Para termos ideia do quão
Brahms venerava esta obra, passo a ler o que escreveu, numa carta sua a Clara Schumann:

“Em apenas uma clave, para um pequeno instrumento, Bach escreve um mundo inteiro de
profundos pensamentos e dos mais poderosos sentimentos. Se eu imaginasse que pudesse ter
criado, sequer concebido esta obra, tenho quase a certeza que o excesso de êxtase e de choque
me levariam à loucura.”

Poucos anos depois, em 1893, Ferruccio Busoni, compositor que transpôs e reinventou para
piano solo uma grande quantidade da obra de Bach, não poderia ter deixado de lado a
Chaconne. Com o seu estilo altamente virtuosístico, e de forma a corresponder à exigência
técnica para violino solo, Busoni explora texturas harmónicas de dimensão sinfónica, que dão
ao intérprete e ao ouvinte uma sensação completamente nova e estrondosa desta obra.

Dois mundos proveninetes da mesma fonte, ainda assim completamente originais. Em Brahms
ouvirão um trabalho cuja essência preza pelo rigoroso tratamento da música do mestre. A sua
originalidade assenta na difícil tarefa de alterar o mínimo possível áquilo que considera
transcendental, de tal forma que a mão esquerda do pianista toque o mesmo que Bach escreveu
para ser tocado pelo violinista. Em Busoni, um acréscimo de inúmeras notas, novas cores e
ambientes, vai dramatizar a um outro nível a obra do mestre, levando-a para uma dimensão
inimaginável no período barroco. Aqui o pianista usa todos os seus recursos técnicos, passando
a incarnar a imagem do intérprete altamente virtuoso do período romântico.

Irei tocar-vos estas duas obras. Nenhuma delas é melhor ou pior que a outra, nenhuma é mais
correta ou incorreta. Ambas são expressão máxima de liberdade e individualidade de dois
compositores muito diferentes, em homenagem ao seu mestre, cuja obra é tão magnânime que
em vez de ficar estática e morta no passado, inspira constantemente à diversidade e reinvenção
pelas gerações vindouras.

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