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ford 1932
Réplica de roadster recebe motor Dodge 318
chevrolet fleetline 1946 - camaro rs 1967 - ford cinco janelas - ford 1932
único
no mundo
Modelo Cinco Janelas de lata construído
artesanalmente ganha Chevy big block
goodguys
ISSN 1808-9399
ISSN 1808-9399
ano 9 #103
R$ 12,90
Camaro rs Senai
Kit de injeção eleva potência Unidade do PR promove
de muscle para 320 cavalos evento histórico de hots
Editorial
De malas prontas!
Enquanto você lê esta edição, recheada de reportagens sobre carros e a
Cultura Hot, nossa equipe prepara os temas da próxima!
Ademir Pernias e Ricardo Kruppa - editores
N
o momento em que você lê esta em Bonneville, no estado de Utah, no uma réplica de fibra de um Ford 1932
edição, a equipe de Hot Rods centro-oeste dos Estados Unidos. Esses e um raro Chevrolet Fleetline com visual
já vive e trabalha os temas que dois eventos rechearão as páginas da rat. Na coluna dedicada à Cultura Hot,
serão assuntos da próxima! revista com um material exclusivo, além mais da história de Von Dutch, o criador
E a edição de outubro será de permitir o “garimpo” de carros que do pinstripe, e a cobertura da etapa cali-
quente, com a cobertura do abastecerão as próximas edições. forniana de Pleasanton da Associação
Segundo Encontro Paulista de Hots e Enquanto isso, este mês você curte um Goodguys. Destaque ainda para um
Especiais, que acontece em Águas de Camaro RS que recebeu kit de injeção encontro de Galaxies no litoral gaúcho e
Lindoia (SP), além de uma reportagem eletrônica para elevar sua cavalaria, um uma reunião de antigos em Santos (SP).
especial sobre a etapa final da SCTA, modelo artesanal Cinco Janelas constru- Boa leitura e até a próxima, que já
prova de velocidade final que acontece ído em lata com motor Chevy V8 454”, está no forno!
Sumário
Hot Rods
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Só fera!
Encontro de automóveis antigos de Santos (SP)
Hot Rods 6
O
pavilhão do Mendes Convention Center, na cida-
de litorânea de Santos (SP), recebeu entre os dias
23 e 25 de agosto o 18º Encontro de Automóveis
Antigos de Santos, evento organizado pelo Clube
de Automóveis Antigos da cidade. A edição 2013
deste encontro anual reuniu cerca de 250 carros e
mais de 12.000 pessoas.
João Antônio Rechtenwald, 65 anos, médico e presidente
do clube – que deixa o cargo neste mês – conta que,
além da exposição das raridades, os presentes dispuse-
ram também do tradicional mercado de pulgas, além de
almoços e jantares comemorativos.
Hot Rods 8
Acima, à esquerda, Cadillac 1963 (azul) e 1956 (branco). Abaixo, Corvette
(azul) e dois exemplares do Ford Modelo A
Encontro de Originais - Santos (SP)
N
o mês passado, após algu- 01
mas edições escrevendo
sobre tatuagem e hot rods,
voltei com o pé no fundo a
falar sobre os “Ícones da Hot
Rod Culture”. E o escolhido
foi Kenny Howard, o homem que rein-
ventou o pinstripe na década de 50 e
ficou mundialmente conhecido como
Von Dutch, o Holandês. Mas a vida
de Von Dutch é como seu trabalho:
cheia de curvas, cores e detalhes.
Por isso a opção foi resumir um pou-
co e contar tudo em duas edições. conta disso seu antigo chefe, George dos por seus pais e por seu país.
Cheguei até 1958, auge da fama de Beerup, o colocou para trabalhar na O Holandês já havia trabalhado em
Kenny e o momento em que ele resol- pintura de motos. Mas o Holandês algumas oficinas, já tinha sido um pin-
veu abandonar os pincéis... Ou não? já era uma pessoa de gênio forte, e tor itinerante, já havia passado quase
É o que veremos nesta edição. aquelas linhas tediosas não o faziam três anos pintando exclusivamente
feliz. Kenny, então, criou um estilo para o Crazy Arab em sua loja e ofi-
todo próprio, imprimindo liberdade e cina. Seus trabalhos haviam ganhado
criatividade naqueles riscos de tinta fama nacional e já não remuneravam
utilizados desde o início da história mais Kenny por trabalho. Ele não
dos automóveis para ornamentar e recebia encomendas de pinturas.
destacar as curvas dos veículos. E este Carros e motos vinham de todo o
estilo até então único virou uma febre. país para que fossem “duchteds”.
Desde o final da década de 1940 os Von Dutch agora recebia por hora de
Estados Unidos fervilhavam com as trabalho. Não importava às pessoas
novas ideias surgidas da contra-cultura o que exatamente seria pintado. Bas-
1958! Kenny Howard, ou Von Dutch, e a Califórnia era o berço da Kustom tava que fosse pintado por ele.
Hot Rods 14
como ficou conhecido, estava no auge Kulture. Oficinas como a dos Irmãos Mas Von Dutch sempre teve uma
de sua fama. Ele era mecânico de Barris transformavam carros em ver- relação diferente com o dinheiro. Acre-
motos em Los Angeles, Califórnia, e dadeiras obras de arte, dando rodas ditava que um dos males da humani-
adorava o que fazia. Mas tinha esse para essa nova forma de expressão de dade era o dinheiro e a ganância. E
talento nato – de pintar as tradicio- uma juventude que já não se conten- concordamos que não estava errado
nais pinstripes como ninguém – e por tava mais com os modelos pré-fabrica- em absolutamente nada. Mas, diferen-
03
04
02
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01- Exemplo de pinstripe tradicional em um
Packard 1938
02- Uma das quatro motos Indian Imposter cria-
das por Von Dutch
03- Uma das tantas obras criadas por Von Dutch
06
07-1
das novas leis sobre armas no Estado a família Brucker criou essa empresa que Kenny se dedicou a vários outros
da Califórnia. A gota d’água foi pro- muito bem-sucedida, que alugava auto- projetos. Fabricou, por exemplo,
vavelmente algumas restrições sobre o móveis para vários estúdios de cinema manualmente, cerca de 100 lindas
uso e manutenção das motocicletas, de Hollywood. Os Bruckers rapida- facas que eram gravadas e ornamen-
que fez com Kenny resolvesse que era mente acumularam uma coleção de tadas, e que eram vendidas por algo
hora de procurar um lugar mais tran- mais de mil carros, bem como um em torno dos 300 dólares – hoje
cada uma delas vale facilmente 3 mil
dólares! Ele também construiu algu-
09
mas motos extraordinárias e tantas
outras coisas, como (sem brincadeira)
um aparelho de TV a vapor.
Von Dutch era um artista em muitos sen-
tidos. Para aqueles poucos afortunados
que o conheciam e o entendiam, era 08
um grande filósofo. Além disso, um
especialista na construção de armas
e facas. Kenny também costumava
colocar motores Volkswagen em tudo,
exceto em Volkswagens. E, dentre
outras tantas façanhas, até onde se
sabe, foi ele o primeiro a colocar um
motor numa prancha de skate!
Mas a vida pacata durou pouco. Cer-
ca de 10 anos depois de abandonar
Los Angeles, Von Dutch aparece numa
entrevista concedida a um jornal do
Arizona, contando tudo que havia 10
feito nos últimos 10 anos, inclusive o
pseudônimo que usou nesse período.
Nessa mesma época, Jim Brucker e seu 06- Dando um ar funk 60’s a esse carro tão
filho Jimmy abriram a “Movie World: comum na época, o já lendário Von Dutch perso-
Cars of the Stars and Planes of Fame” em 1979, Von Dutch mudou-se para nalizou e transformou a van em algo útil e infini-
tamente mais bonito: os bancos traseiros foram
em Buena Park, Califórnia, esperando Santa Paula, na Califórnia, juntamente
removidos, proporcionando um amplo espaço
que o local se tornasse uma grande com a coleção dos Bruckers, onde
para ferramentas e outras cargas. Também foi
atração turística, levando para a Cali- viveu seus últimos anos. A vida desre-
acrescentado um tanque de combustível interno
fórnia a maior parte de seu acervo. grada do teimoso Holandês e seus para abastecer outros veículos e terminais posi-
Para apresentar sua coleção ao hábitos de fumar em excesso e beber tivo e negativo ligados diretamente a uma fonte
público, os Bruckers contrataram Ed bastante acabaram fazendo com que extra de alimentação de 12 Volts, que fica locali-
Roth (Mr. Rat Fink em pessoa) como ele desenvolvesse um abscesso no zada atrás da porta do motorista. E, na parte de
seu diretor artístico, que por sua vez estômago. Mas Von Dutch não gosta- fora, como se poderia esperar, tudo foi “Dutched”
apresentou aos Bruckers o artista va de médicos! Demorou até admitir com muitas letras e pinstripes de Von Dutch
Lowbrow e customizador de carros que precisasse de um, e quando 07- Algumas características interessantes nesse
Robert Williams. finalmente tomou coragem, já era tar- carro são os aros de farol, que foram removidos, a
altura da suspensão – mais alta do que o comum
Pouco tempo depois, foi a vez de Von de demais. Von Dutch morreu no dia
– e as rodas com pneus faixa branca e calotas
Dutch voltar para a Califórnia, e assu- 19 de setembro de 1992, deixando
personalizadas. Mas nada se comprara ao que Von
mir o posto deixado por Big Daddy, para trás as suas duas filhas, Lisa e
Dutch fez no “nariz” do veículo: o que se parece com
mudando-se com seu “MotorOffice” Lorna, e um legado inestimável para um olho é, na verdade, uma espécie de “vigia” de
para o pátio dos fundos da Movie a cultura Hot Rod. acrílico, quase transparente, que por fora se parecia
World, permanecendo lá até o fecha- com um olho e por dentro servia para que o cachor-
mento do museu, em 1979. The Flyin’ eyeball ro de Von Dutch pudesse ver o mundo de dentro da
Uma das obras mais conhecidas de Não existe dúvida nenhuma que uma van, servindo o carro também como “casinha” para
Von Dutch durante este período (1970- das imagens mais icônicas do universo o bicho de estimação do Holandês
1979) é o Ford Econoline 1965, que hot rod e símbolo da Kultura Kustom 08 - Von Dutch e seu patrão, Brucker, em 1992
foi todo customizado e adaptado por é a logo criada e adotada por Von 09 - Von Dutch em 1956
10 - Uma das placas pintadas a mão por Von
Von Dutch para servir como veículo uti- Dutch desde o início de sua carreira:
Dutch, que foi leiloada em 2010 no Petersen Auto-
litário de manutenção e instalação do o globo ocular com asas. Segundo o
motive Museum, em Los Angeles
museu. Com o fechamento do museu, próprio Von Dutch, esse globo ocular
Cultura Hot
voador originou-se nas culturas mace- tudo pode ser encontrado em relatos diferentes e que isso só passou a ter
dônicas e egípcias, há mais de 5.000 lamentáveis numa rápida pesquisa no realmente importância quando a VDO
anos. E Von Dutch era uma pessoa que Google. passou a fazer muito dinheiro em cima
acreditava muito na vida espiritual. E um dos itens que envolvem essa dis- do nome e da imagem de Von Dutch.
Acreditava em reencarnação e vidas puta judicial está justamente na exten- Então, para finalizar essa matéria,
passadas e gostava de dedicar seu são, ou não, do direito de uso não só se você realmente gosta da Kultura
pouco tempo livre à leitura de livros do nome, mas das logomarcas de Von Kustom, se dá valor ao que Von Dutch
sobre as culturas pré-cristianismo. E Dutch, como o globo ocular voador. representa e, assim como eu, não
sua ligação com o lado espiritual se Sites nos EUA, como o Kustorama, concorda com essa inversão de valo-
expressava em praticamente tudo. E que contam com meu integral apoio, res que tiraram o nome Von Dutch de
com a logo de seus trabalhos não seria pregam que os verdadeiros rodders e seu lugar, eu sugiro uma passadinha
diferente: o símbolo significava “o olho amantes da Kultura Kustom não usam no site http://anticonformity.stores.
no céu que tudo sabe e tudo vê”. produtos da Von Dutch Originals, mas yahoo.net/whoiskehovon.html e
E, se pararmos para pensar no que se utilizam com liberdade do olho encomende sua camiseta!
esse símbolo representa hoje, até os voador em camisetas, adesivos e,
céticos e ateus vão concordar que Von principalmente, em pinturas feitas por
Dutch reencarna em cada pinstripe, em artistas que admiram e reconhecem a
cada olho voador que vemos por aí, história e o valor de Kenny Howard.
como um ícone dos anos 50 e 60. E Dean Jeffries, um customizador de
esse ícone tem sido objeto de uma dispu- carros contemporâneo de Von Dutch
ta judicial que já dura muitos anos. e um de seus discípulos na arte de
Após a morte de Von Dutch, suas filhas desenhar pinstripes, é outro que chama
venderam os direitos de utilização do para si a autoria da logo do flyin’ eye-
nome Von Dutch para um estilista, que ball. Mas quem realmente entende do
por sua vez revendeu os direitos para assunto sabe que se tratam de imagens 12
uma grande empresa, que culminou
por criar a Von Dutch Originals, empre-
sa que hoje é famosa entre os adoles- 11 13
centes e fatura bilhões anualmente com
a venda de produtos como bonés e
camisetas, na sua maioria fabricados
na China, e vendidos em todo o mun-
do (inclusive no Brasil). Estes produtos
levam o nome deste incrível artista,
mas absolutamente nada de sua filo-
sofia e nada relacionado ao universo
Hot Rod. Ao contrário. Suas políticas de
vendas, suas estratégias de marketing
e tudo o que tem sido feito desde a
venda dos direitos, vem em desfavor
dos amigos e familiares de Kenny e
11-2
Hot Rods 18
Tough for
generations
Chevrolet Camaro RS recebe kit de injeção
para ganhar fôlego e garantir 320 cavalos
Texto: Bruno Bocchini::Fotos: Pedro Lessa
Hot Rods 20
Camaro RS 1967
C
om a promessa de atender aos anseios de um povo
recém-saído do Regime Militar (1964-1985), Fernan-
do Collor de Mello tomou posse como Presidente da
República em 1990. Mesmo com a criação da nova
moeda, o cruzeiro, Collor não conseguiu alcançar
as metas econômicas e a crise, somada a uma crise
política, afetou diretamente a população. O Plano Collor
exigiu naquele tempo o confisco das poupanças com
valores superiores a 50 mil cruzeiros, durante um prazo de
18 meses. Para Ricardo Bergamini, 56 anos, empresário
de Barueri (SP), a medida do governo custou caro. “Preci-
sei vender oito carros naquela época para conseguir um
fôlego, mas este Camaro RS resistiu. Estou com ele há 27
anos e parece que esse carro não sairá da família”, diz.
A resistência em vender o Camaro carrega um histórico:
em 1967, ano em que a montadora norte-americana
lançou a versão RS, Bergamini estava com 11 anos e
já sonhava em ter um carro como aquele visto em pro-
pagandas. “Desde pequeno pensava como seria ter um
Hot Rods 22
com a preparação do motor, já que profissionais André Pena e Douglas de escape da Memo Scap. “Esse kit
Bergamini optou por mesclar origina- Vrunsk. Com pistões e bielas stan- de injeção, por exemplo, é uma das
lidade e itens modernos. As rodas de dard, a solução para dar ânimo extra mudanças mais importantes. Queria
Corvette, combinadas com as linhas à mecânica partiu de um cabeçote algo extra no motor do Camaro e
desta versão RS clássica, somam o retrabalhado em ferro fundido, junta alguns itens foram importados dos
histórico de um dos mitos com a jovia- de cabeçote Felpro e um comando de EUA”, aponta Bergamini.
lidade dos novos tempos. “É só obser- válvulas 278x288 – em sincronia para Eletronicamente, um kit da MSD atua
Camaro RS 1967
Ficha Técnica
Chevrolet Camaro RS 1967
Parte externa
Suspensão dianteira e traseira A.J. Buchas
Especiais
Motor Small Block Amortecedores dianteiros e traseiros 88 DR
Freios a disco ventilados
327 recebeu cabeçote Rodas de Corvette
Pneus dianteiros 215/60R15 Dunlop, tra-
retrabalhado em ferro seiros 235/60R15 Yokohama
Mecânica
Motor Small Block 327 5.4
Virabrequim STD
Pistões e bielas STD
Bomba de óleo Melling
Cabeçote em ferro fundido preparado por STD
Junta de cabeçote Felpro
Comando de válvulas 278x288
para enfatizar a ação do sistema. O e traseiros 235/60R15 Yokohama. Taxa de compressão 9.0
módulo de ignição MSD 6AL trabalha “Meus filhos não ligam tanto para carro Módulo de injeção FT200
Coletor de admissão importado dos EUA
com distribuidor da mesma marca e quanto eu, mas em alguns momentos
Medida da borboleta 65 mm
velas NGK Iridium SS8. A transmissão um deles pede o Camaro emprestado
Bomba de combustível Folego
do câmbio é Powerglide com diferencial para dar uma volta com a namorada. Dosador importado dos EUA
Dana e alavanca de câmbio original. Minha esposa tem um Karmann Ghia, Tanque de combustível original retrabalhado
Para segurar a agressividade do Che- então formamos uma bela dupla. Acho Coletor de escape Memo Scap
vrolet com 320 cavalos e um torque que o segredo revelado neste Camaro Bobina MSD Blaster SS
Hot Rods 24
a 44 kgfm, a saída foi reforçar a está mesmo na história e no cuidado Módulo de ignição MSD 6AL
suspensão: tanto na parte dianteira com a originalidade. Sem exageros, Distribuidor MSD
quanto na traseira, o mecanismo sempre”, reforça o empresário. Cabos de vela 88 DR
recebeu atenção da A.J. Buchas Espe- Velas utilizadas NGK SS8
ciais e freios a disco ventilados. As Quem fez: Corte de giro 6000 rpm
Câmbio Powerglide
rodas de Corvette foram calçadas em André Pena e Douglas Vrunsk. Tel. (11)
Diferencial Dana
pneus dianteiros 215/60R15 Dunlop 2682-1589 / 7937-9225.
Alavanca de câmbio original
Hot Rods 25
História
O “5 janelas” do Zizo
Nesta edição, vamos conhecer um dos desbravadores do Hot Rodding
nacional, Luiz Martins Filho, o Zizo
Texto: Aurélio Backo::Fotos: Luiz Martins Filho/ Arquivo Pessoal
O
s hot rods nasceram nos Estados Unidos e se espa- – Eu vi uma abandonada no mato lá em Cerro Azul (80
lharam pelo mundo. No Brasil, essa onda demorou km de Curitiba)! – comentou Ailton.
a chegar e, quando chegou, chegou de mansinho... – Não pode ser, estive lá há alguns dias e não vi nada,
Hoje, temos eventos exclusivos para hots e até uma apenas um Ford 1937 conversível que não comprei por-
revista dedicada exclusivamente ao assunto. que estava cortado!
Há uns trinta anos, eventos e publicações por No domingo mesmo, Zizo foi ao lugar indicado por Ailton
aqui eram iniciativas isoladas e sem continuidade. O e não acreditou no que viu: um raro Ford 1934 Coupé
público nem sabia direito o que era esse tal de hot rod. 5 janelas! Na verdade ele viu apenas meio carro, pois
Os poucos amantes dos hots no Brasil buscavam conheci- o terreno estava encharcado e a água ia até o joelho!
mento na fonte, através de caras e raras revistas importa- Caminhando pelo local, ele pisou em algo sólido e achou
das que por aqui chegavam. o capô do Ford. O carro era branco, as laterais de
Nesta edição, vamos conhecer um pouco de um hot motor tinham sido cromadas e a grade estava pintada de
daquela época e que ajudou a chegarmos aonde esta- vermelho. Faltavam motor, caixa, rodas, além de vários
mos hoje: o Ford 1934 Coupé do Zizo! detalhes. Logo o dono do terreno foi localizado e, mesmo
Era o ano de 1976 em Curitiba e Luiz Martins Filho, o Zizo, não sabendo da origem do carro, negociou a “sucata”.
levou Leocádio Lacerda até a casa de Ailton Augusto Bontorin Tempos depois, um amigo de Zizo foi visitá-lo, viu o carro
para tentar conseguir algumas peças de Fordinho. Uma vez lá, ainda por fazer e disse que aquele Ford pertencera a um
Leocádio e Ailton, que tinham Fordinhos, “cutucaram” o Zizo: primo seu e até passou o telefone dele. Zizo ligou para o tal
– E aí, Zizo? Quando você vai fazer um carro antigo? primo, confirmou a informação e, por sorte, ele ainda tinha
– Quando eu achar uma baratinha trinta e pouco, respon- os documentos. E, melhor ainda, não cobraria nada por eles!
deu o Zizo. Devemos lembrar que, naqueles tempos, um carro antigo em
bom estado não valia muita coisa. E uma carcaça velha com
chassi, você tinha que pagar para alguém vir recolher...
Em 1978, Zizo trocou uma moto Yamaha nova por um
Dodge RT 1976, batido! Deste Dodge ele, pessoalmente,
adaptou no seu Ford: motor V8 dourado, caixa mecânica
Hot Rods 26
Ford 1934 5 janelas: por sorte foi tirada uma foto da carcaça antes de ela Poucos 5 janelas 1934 vieram para o Brasil e, neste, as rodas exclusivas
ser reformada; esta foto é do final da década de 70 deixavam bem claro: trata-se de um hot rod!
Com a experiência na montagem deste carro, Zizo passou a fazer
adaptações mecânicas em carros antigos
quatro marchas e eixo traseiro com os madeira. Estes miolos de rodas foram uma extensa reconstrução do carro na
feixes de mola. O eixo dianteiro origi- fixados com parafusos, uma técnica Totty,s Hot Rods e o carro atualmente
nal foi mantido, mas com os freios a usada em rodas esportivas da década é branco. Mas, mesmo assim, só uma
disco do Dodge. de 60. Estas rodas foram calçadas pessoa a retirou do banhado e este
Quanto à carcaça, a recuperação foi com pneus radiais com faixa branca. hot rod sempre será lembrado como
executada pelo próprio Zizo, sendo Uma vez finalizado, o veículo foi “o Cinco Janelas do Zizo”!
que os para-lamas foram a parte mais utilizado durante muitos anos como
difícil. Eles foram recuperados utilizan- carro do dia-a-dia. Na cidade, por Aurélio Backo é rodder e proprietário
do diversos retalhos retirados de partes causa do pneu alto da traseira, ape- da Lakester, fabricante de carrocerias
da lataria de carros mais novos. Na nas a primeira e a segunda marchas de fibra de vidro.
pintura, a escolha foi pelo clássico pre- eram suficientes. Na estrada, o carro
to Cadillac. Internamente, Zizo construiu rendia a excelente média de consumo
um par de bancos individuais que foram de 9,3 km/l.
recobertos de curvin marrom. O volante Por volta de 1995, a “barata” foi
escolhido tinha raios metálicos e era um vendida. Zizo, atualmente, dedica
modelo esportivo usado em Fuscas na seu talento à restauração impecável
década de 1960. Os para-choques uti- de caminhões antigos, mas o DNA
lizados foram os de um Ford 1936. Hot Rod continua na família, pois seu
Hot Rods 27
A assinatura de Zizo neste carro era filho Cassiano atualmente monta uma
as exclusivas rodas. Para montá-las ele picape Ford 1930 hot rod, que será
partiu de rodas de aço de 15”, nas equipada com o famoso motor Ford
quais substituiu os centros por peças V8 flathead e eixos dianteiro e trasei-
feitas em liga leve. Para fundir estas ro de uma Ford 1936.
partes exclusivas, Zizo criou um mode- O atual proprietário deste Ford Zizo rodando nas ruas de Curitiba
lo que lembrava as antigas rodas de 1934, depois de adquiri-lo, efetuou
Técnica
Escola de hots
Senai de Curitiba promove evento histórico de hot rods e muscle cars
Texto: Manoel G. M. Bandeira::Foto: Arquivo pessoal
A
unidade do Senai do bairro Boqueirão, em Curiti-
ba (PR), receberá, entre os dias 17 e 20 de outu-
bro, hot rods e muscle cars em um evento histórico.
Fundado em 1942 e instalado no Paraná no ano
seguinte, o Senai tem como finalidade principal a
formação de mão-de-obra técnica, especializada
para a indústria.
Grande parte dos carros antigos que hoje descansam em
museus, bem como boa parte das carreteiras dos anos 50
e dos hot rods que vieram a seguir, certamente passaram
pelo trabalho criativo de muitos dos profissionais que tive-
ram no Senai a sua iniciação.
Construir um hot rod é uma arte, depende de inteligência,
conhecimento e muita competência profissional. Um mecâni-
co, lanterneiro (funileiro ou latoeiro, dependendo da região)
e um pintor, que se disponham a construir um hot rod de alto
nível, necessitam de formação altamente especializada.
Então, nada melhor do que unir a maior escola de forma- Oficinas e máquinas do Senai: protagonistas da história da
ção profissional do Brasil com algumas das maiores cria- customização automotiva no Brasil
ções automotivas da história do nosso país.
sobre os vários tipos de tintas e suas aplicações.
Etapa por etapa Outra atração será um hot rod elevado, para que todos
Neste evento, além de muitos carros prontos, estarão expos- possam ver como o carro fica por baixo, como detalhes
tas as várias etapas da construção de um hot. Haverá, lado do chassi e da adaptação mecânica.
a lado, um chassi original produzido pela Ford em 1930 e
uma réplica construída nos dias de hoje. O público poderá Atrações
acompanhar os vários passos, desde a montagem do O evento contará com feira de peças, bandas de rock
chassi, partindo da chapa de aço crua, até a construção and roll no melhor estilo rockabilly, pin-ups, lojas de pro-
completa, incluindo a adaptação de itens como suspen- dutos “vintage” e um telão no qual os visitantes poderão
são, freios, motor, caixa de câmbio e diferencial. assistir a filmes e documentários sobre o movimento Hot
O Senai demonstrará os vários tipos de solda aplicáveis Rod. Se você tem um hot, mesmo que ele ainda não
na construção de um hot. Haverá também um motor em esteja pronto, mesmo que a construção esteja apenas no
corte mostrando o funcionamento de todas as partes início, ou até mesmo se você acabou de comprar o carro
Hot Rods 28
móveis, e um professor especializado dará explicações e ainda nem começou a trabalhar nele, pode participar.
aos visitantes e expositores sobre as funções de cada O objetivo do encontro é reunir rodders e seus carros, para
etapa do funcionamento do motor. Na oficina de pintura mostrar ao público todas as etapas da construção destes car-
serão demonstrados alguns acabamentos especiais, como ros especiais. Portanto, traga seu carro, mesmo que seja em
pintura camaleão e flake (purpurina), pátina envelhecida e cima de uma plataforma, neste evento todos terão seu lugar.
craquelê. Ali, os visitantes, além de observarem a pintura Haverá também uma exposição sobre o movimento Hot
acontecendo, receberão todas as informações técnicas Rod em Curitiba, que contará a história do clube Curitiba
A construção de hots gera milhares de empregos diretos e
indiretos, movimenta uma indústria de milhões de dólares no
mundo todo e o Brasil não pode ficar de fora. Precisamos
facilitar as coisas, hoje temos vários fabricantes de kits de
fibra de vidro produzindo réplicas de carros antigos com altís-
sima qualidade. Temos fabricantes de chassi e peças de sus-
pensão infinitamente melhores do que os que equipavam
os carros originais produzidos nas décadas de 1920,
Roadsters, mostrando a preocupação do clube com o 1930, 1940 e 1950. Precisamos desburocratizar o pro-
desenvolvimento do movimento e a divulgação da cultura cesso de documentação de novos projetos, lembrando
Hot Rod, bem como as diversas ações sociais realizadas do apelo histórico e cultural dos hots. Falta apenas isso
pelo clube. Outros clubes de qualquer lugar do Brasil, que para que o movimento cresça e desponte nacionalmente,
queiram expor sua história, também serão bem-vindos, gerando mais empregos, especializando mão-de-obra e,
basta entrar em contato. Este evento será beneficente e a principalmente, remunerando melhor o profissional.
entrada será um quilo de alimento não perecível. Com o apoio do Senai, pretendemos mostrar a importância
cultural do movimento Hot Rod e consolidar a imagem dos hots
Fórum de Debate como verdadeiras esculturas mecânicas sobre rodas, inserindo
Durante o evento, ainda será realizado um fórum nacional definitivamente o Brasil no contexto mundial do movimento.
de debate sobre o movimento Hot Rod, sua evolução no Outubro, em Curitiba, você não pode ficar de fora.
Brasil e também a tão sonhada regulamentação da placa Aguardamos sua inscrição.
amarela. Os realizadores têm a expectativa de presença
de representantes de todos os estados envolvidos com o
movimento. Este fórum será certificado pelo Senai. O resul-
tado do fórum será expresso na forma de um manifesto, e
este documento terá valor histórico, pois a certificação do
Senai lhe dá a credibilidade necessária para toda e qual-
quer ação que venha a ser feita em nome do movimento
Hot Rod. Para este fórum, estão disponíveis 150 vagas, e
os interessados deverão fazer suas inscrições pelo e-mail
Hot Rods 29
G
arage Tech mostra nesta edição a primeira parte da a disco. Este kit é fabricado pela renomada empresa de
instalação de um kit de freio a disco importado dos hots So Cal e, apesar de se tratar de uma peça de custo
Estados Unidos e muito peculiar. Ele fica “disfarça- elevado, o acabamento e o resultado final valem a pena.
do” de freio a tambor, o que deixa o visual do carro Dúvidas e sugestões escreva para: suporte@hot-custons.
“vintage”, mas com a segurança do sistema de freio com.br. Até a próxima!
Hot Rods 30
Retire a roda e certifique-se que o carro está bem calçado, Sistema original
para que ele não caia do macaco
01 02
Kit completo: repare o acabamento de inox e cromados Visão lateral do sistema original de freio a disco
03 04 05
Visão traseira do sistema original Visão da parte interna do sistema original Comece retirando os pinos de trava da pastilha
do freio original
06 07
Hot Rods 31
08 09 10
Retire a chapa do espaçador das pastilhas Retire as pastilhas de dentro da pinça Solte os dois parafusos de fixação da pinça
11 12
13 14
Hot Rods 32
Retire a cupilha de segurança e solte a porca central Retire a porca e as arruelas de encosto
15 16 17
Retire o disco de freio original A primeira peça a ser instalada é o novo Passe o espelho pela manga de eixo da
espelho cromado suspensão
18 19 20
Verifique a posição para não inverter o lado Encaixe a base de fixação da nova pinça Verifique a furação, deixando a pinça a ser
de freio colocada na posição superior
21 22
Hot Rods 33
Ford 1932
Tradicional
Publicitário de São Paulo monta Ford 1932 de fibra com todos os
elementos clássicos da cultura Hot
Texto: Flávio Faria::Fotos: Ricardo Kruppa
Ford 1932
D
os modelos da cultura Hot Rod, talvez o maior
ícone seja o Ford 1932. Resultado direto da
investida da montadora para criar um modelo
que pudesse ser fabricado em série, com diversas
opções de carrocerias e uma base mecânica
comum, o “Fordinho”, como ficou conhecido,
também possibilitou que fossem realizados diversos tipos
de modificações, principalmente pós-Segunda Guerra
Mundial, quando militares que voltavam do front começavam a
dar vida ao que chamamos, hoje, de cultura Hot Rod, colocan-
do motores fortes e mecânicas mais modernas em chassis anti-
gos, uma opção mais barata de construir um carro esportivo.
Hoje, carrocerias de Ford 32 estão muito valorizadas, o
Hot Rods 36
A pintura foi feita com uma tonali- rodas são do tipo “palito”, de 14” na
dade vermelha clássica dos hots de dianteira e de 18” na traseira, mon-
época. Segundo Marcos, a ideia foi tadas em pneus Pirelli 175/50 na
apostar na simplicidade do visual, frente e 315/45 atrás.
sempre com bom gosto. “Estou pen- Por dentro, o visual também é minima-
sando em mandar fazer alguns pins- lista, mas feito com bastante cuidado.
tripings, mas será algo mais para o A tapeçaria foi toda feita em couro
futuro”, comentou. Somente as rodas envelhecido, inclusive o “banco da
Hot Rods 39
A
arte de personalizar veículos antigos, colocar moto-
res mais potentes, conjuntos de freios e suspensão
mais esportivos e retrabalhar aspectos estruturais
para dar um ar diferenciado são elementos naturais
da cultura Hot. Alguns, porém, querem ir além e
criar algo que ainda não foi feito. A oficina Old
Kick, de Sorocaba (SP), capitaneada pelo empresário
Paulo Cesar de Souza, o PC, resolveu dar vida a um ambi-
cioso projeto. A base é um Ford Modelo A1929, modelo
cinco janelas, mas os construtores se deram a liberdade
de ousar e fazer diferente. Até porque, o “modelo” não
era em tamanho natural. “Fiz uma viagem e encontrei uma
miniatura. A partir daí surgiu a ideia de fazer esta réplica.
Como já tinha experiência com um Chevy 1934 três jane-
las, ficou um pouco mais fácil. Contrariando tudo e todos,
que achavam que esse carro nunca ia andar, ele está
aprovado no teste: foi até Curitiba andando e acelerou
muito na pista, impressionando a todos”, conta PC.
Hot Rods 44
Rebaixado
Segundo o empresário, foram feitas todas as modifica-
ções possíveis na lataria. O teto foi rebaixado ao limite
e a carroceria foi embutida no chassi. Com isso, apesar
de extremamente baixo, o Ford oferece um bom espaço
interno. A carroceria foi feita totalmente com chapas de
aço, que foram lixadas para exibir o aspecto metálico do
exterior. Na porta está uma arte da Old Kick, mostrando
o “pedigree” da máquina. Todos os acessórios externos
foram feitos ou personalizados dentro da própria oficina.
Os faróis foram fundidos e montados em bronze e as lan-
ternas traseiras foram feitas em LED’s, também pela equipe
da Oldkick, a partir de pequenos copos para cachaça.
Quando as setas são acionadas, elas brilham em amare-
lo. Quando é o freio, em vermelho. As rodas são de 15”,
de época, montadas em pneus Coker, de faixas brancas,
Hot Rods 46
Hot Rods 47
Ford MODELO A 1929
Haja polegada!
Montado sobre a parte dianteira do
chassi está um monstro de oito cilindros
e 454 polegadas cúbicas de capaci-
dade volumétrica. Original de modelos
como Caprice, Chevelle e Monte
Carlo, este motor rende originalmente
370cv de potência e traz absurdos
76kgfm de torque. Em resumo, este For-
dinho pode subir até em paredes!
Como potência nunca é demais, PC
ainda decidiu incorporar algumas
“soluções” neste 454”. Os pistões são
“Fiz o carro para andar,
da marca Dome e os cabeçotes foram e não apenas para
trocados por modelos em alumínio, da
Edelbrock. Os balanceiros agora são exposição”, diz PC, o
roletados, o que dá mais suavidade e
precisão para a abertura das válvulas,
orgulhoso proprietário
trabalhando em conjunto com as novas deste Cinco Janelas
árvores de comandos. O coletor de
admissão também é da Edelbrock. O gosta de usar o carro sempre. “Fiz o
carburador é de alta vazão, mas não carro para andar, não só para expo- Ficha Técnica - Ford 1929
teve o modelo informado pelo proprie- sição, por isso criamos todo o projeto
Parte externa
tário. Com essa receita, aliada a dois para aguentar a força do motor”, afir- Lataria feita em chapa de aço lixada
coletores de escape 4x1 com saídas ma orgulhoso. Que tal uma voltinha? Carroceria rebaixada
diretas pelas laterais, o Fordinho agora Chassi feito sob medida
produz 600cv de potência. Como é Quem fez: Acessórios externos produzidos sob
de se imaginar, o câmbio teve de ser Old Kick – www.oldkick.com.br medida
parrudo para aguentar tanta potência e Suspensão: Bergtec. Tel. (19) 9919-1542. Rodas 15” de época
torque. PC escolheu um modelo Tremec, Pneus Coker 185/70 na dianteira e 165/70
de seis velocidades, com embreagem na traseira
Center Force DFX, que dão conta do
recado sem reclamar.
Parte Interna
Volante importado com aro de madeira
O sistema de suspensão também não
Bancos feitos sob medida
poderia ser deixado de lado. Pela par- Alavanca de câmbio personalizada
te estética e estabilidade, a dianteira foi
feita em eixo rígido e sistema harp-in, Mecânica
com amortecedores trabalhando deita- Motor Chevrolet V8 454”
dos para deixar o visual com cara de 600cv de potência
Hot Rods 48
Retrato de
uma época
Chevrolet Fleetline 1946 mantém as marcas
do tempo na carroceria para preservar valor
histórico e sentimental
Texto: Flávio Faria::Fotos: Ricardo Kruppa
Chevrolet Fleetline 1946
A
lguns carros são verdadeiros ícones da época em se pudesse. Respondi que compraria o Cadillac 1952
que foram lançados. Produzido entre 1941 e 1952, Fleetwood, ele riu bastante, pois era um de seus favoritos,
o Chevrolet Fleetline tem esta característica. Seu e me disse que eu tinha um gosto apurado para carros”,
visual é praticamente uma marca registrada do fim conta. PC acabou comprando o Cadillac, pagou parcela-
dos anos 40, início da década dos 50, anos do pós- do, uma pechincha, segundo ele. “Reformei todo o carro
guerra. Nesta época, esses carros eram muito utiliza- e, quando estava com ele pronto para aproveitarmos
dos para corridas clandestinas. Quem não se lembra do filme juntos, ele faleceu. Um dia, o filho dele me disse que seu
Grease, que mostrava os rachas com veículos desta década? pai gostava muito de mim e perguntou se não gostaria de
Adquirido há um ano e meio pelo empresário Paulo Cesar comprar outro carro dele. Interesse-me na hora e lembrei
de Souza, o PC, de Sorocaba (SP), este Chevy já chegou que meu coração balançava toda vez que passava pelo
às suas mãos como aparece nesta reportagem. A história Fleetline, que estava jogado em uma garagem, todo sujo
deste carro é muito especial para PC, pois ele pertenceu e empoeirado. Acabamos negociando e fiquei com o Fle-
a um amigo dele de muitos anos. “Este carro pertenceu etiline 1946 como recordação de um homem muito diver-
a Lincoln Palaia, um senhor de muitas historias, de quem tido e que tinha ótimas histórias”, conta o proprietário.
que eu gostava muito. Ele reformava locomotivas e tinha O visual hot da década de 40 foi mantido. A contribui-
muitos carros, todos parados, mas originais. Depois de ção da oficina Oldkick para personalizar o projeto foram
algum tempo e muitas cervejas ele me perguntou se eu os flames no teto. “Já peguei o carro íntegro, com todas
não gostaria de comprar alguns de seus carros. Eu disse as peças, coloquei somente a suspensão a ar na traseira
que adoraria, mas que minha condição financeira não e a pintura no teto. O resto é todo original de época, e é
permitia. Ele insistiu, perguntou qual carro eu compraria, assim que vou manter”, afirma PC.
Ratão
Mesmo com o estilo “rato”, o exterior
conta com os para-choques e todos
os frisos. É possível perceber as
marcas do tempo na carroceria, mas
nada está deteriorado. As rodas são
originais do modelo, aro 15”, e tam-
bém não receberam restauração.
Por dentro também estão todos os deta-
lhes colocados pela montadora, na
linha de produção. Bancos, instrumen-
tação e até o volante são originais.
In line6
Por baixo do capô está um belíssimo
propulsor de seis cilindros em linha,
marca registrada deste modelo. Com
cerca de 90cv de potência original,
o ronco é a parte que mais empol-
ga, relembrando os míticos “rachas”
daquele tempo. Nenhuma modificação
foi feita em termos de performance.
Mas, para os passeios do dia-a-dia, o
fastback não deixa nada a desejar. O
câmbio é mecânico, com acionamento
na coluna, de três velocidades.
A suspensão, como já foi citado, foi Sob o capô, belíssimo Ficha Técnica
a única grande modificação estrutural Chevrolet Fleetline 1946
e agora conta com bolsas de ar na propulsor de seis cilin-
Parte externa
traseira, para rodar devagar e baixi-
nho! Na frente, permanece o sistema
dros em linha, pratica- Personalização com flames
Pintura original
original. Os freios também são de mente original Acessórios externos originais
fábrica, a tambor nas quatro rodas. Rodas originais 15”
Utilizado com frequência por PC, o
carro não deverá ganhar mais modifi- Parte Interna
cações no futuro. “Este carro tem mui- Bancos originais
Instrumentação original
Hot Rods 54
Q
uarenta exemplares do Ford Galaxie participa-
ram em Capão da Canoa, no litoral norte do Rio
Grande do Sul, do XI Aniversário dos Amigos do
Galaxie. O encontro aconteceu no último dia 30
de agosto, mas, dois dias antes, uma parte dos
proprietários do modelo já se mobilizava, em
Curitiba (PR), para seguir para a cidade gaúcha.No meio
da tarde da quinta-feira (29) começaram a aparecer os
primeiros Galaxies no local de encontro, um posto de
combustível à beira da estrada de saída de Curitiba rumo
ao Sul. “Ansiosamente o grupo de amigos aguardou a
chegada do último carro do comboio, para finalmente se
dirigirem ao evento”, conta Christian Wiemer, integrante
paranaense do Clube do Galaxie. De Curitiba saíram seis
Galaxies, de vários anos e modelos, levando 17 apaixo-
nados que não viam a hora de “cair na estrada”. Esta tra-
dição se repete todos os anos, e une as turmas de vários
estados brasileiros. “Após algumas horas de viagem, che-
gamos a Florianópolis (SC), onde fomos recebidos com
um belo jantar preparado pela turma de Santa Catarina e
mais dois mineiros que haviam chegado de avião naque-
la tarde para se unir ao grupo”. Muita cerveja, histórias
para contar, risadas e belos carros para apreciar na sede
do Veteran Car Club de Florianópolis.
Hot Rods 56
E
ntre os dias 23 e 25 de
agosto, o parque de exposi-
ções The Fairgrounds, locali-
zado na cidade de Pleasan-
ton, Califórnia, sediou a 27ª
edição do Goodguys West
Coast Nationals.
Passaram pelo local, ao longo dos
três dias, cerca de 5.000 veículos
entre hots, clássicos, customs, muscle
cars e trucks fabricados até 1972.
Entre as atrações disponíveis ao
público havia shows musicais, expo-
sição de artes gráficas temáticas,
workshops ministrados por pintstri-
ppers, exposições de hot rods em
miniatura e o tradicional mercado de
pulgas, além da comercialização de
veículos e peças originais.
Hot Rods 62
J
á pensou na possibilidade produção de vários modelos. os primeiros kits da Revell brasileira.
de ter no escritório, ou na Os primeiros kits plásticos foram desen- A Kikoler também fabricou alguns kits
estante da sala em casa, uma volvidos ao público infantil, sendo muito da marca Airfix, Matchbox e Heller,
infinidade de hot rods que parecidos com brinquedos. Logo, os com a marca Kiko. A empresa fechou
não caberiam nem mesmo adultos começaram a transformá-los em há cerca de 20 anos.
na garagem? Pois é esta a algo mais sério e interessante, modelos
vantagem que a prática denominada estáticos e com melhor acabamento. Entusiasta
plastimodelismo oferece. Os grandes fabricantes de kits surgiram O técnico em informática curitiba-
O Plastimodelismo é uma arte que inicialmente nos Estados Unidos após o no Maurício Augusto Guimarães
surgiu durante a Segunda Guerra Mun- final da guerra, mas somente no início Kaminski, 35 anos, é um dos princi-
dial: os militares envolvidos no conflito dos anos 50 começou a produção de pais aficionados pela prática na atu-
necessitavam de miniaturas – de certa kits com injeção mais apurada. O Plas- alidade. Por influência do pai, outro
Hot Rods 72
História do rock!
Já parou para pensar o que seria da música sem o rock? As dicas desse mês
relacionam obras essenciais para entender o início da história do gênero e
alguns de seus mais famosos representantes
Por Vitor Suman
R
ock’n’roll. Um gênero que surgiu em meados dos corrido selo Sun Records, que revelou ninguém menos do
anos 50 e que viria a revolucionar a cultura mun- que Elvis Presley, além de Jerry Lee Lewis, Johnny Cash, Carl
dial em apenas uma década. Na época, dois Perkins, entre outros. As dicas desse mês trazem compilações
selos eram os que mais lançavam discos desse gravadas apenas nesses dois estúdios, que ajudaram a formar
gênero. A Chess Records, de Chicago, já vinha um estilo naquela segunda metade da década. Entre os filmes,
gravando artistas negros de blues e lhes trazendo duas biografias de importantes artistas: Buddy Holly, compo-
algum sucesso quando, um belo dia, Muddy Waters entrou sitor, produtor, guitarrista, cantor, falecido aos 23 anos; e Jer-
no estúdio com Chuck Berry e conseguiu que ele assinasse ry Lee Lewis, talvez o mais controverso e polêmico artista de
um contrato para lançamento de seus primeiros singles. Do rock da época. Além – não podia faltar – do clássico “Sabes
outro lado dos EUA, em Memphis, Sam Phillips tinha o con- o Que Quero”, o primeiro filme colorido de rock.
Elvis Presley – The Sun Sessions (1976) Chuck Berry – The Chess Years (2012)
Lançado em 1976, um ano antes de sua morte, uma compilação de Esse lançamento triplo do ano passado resume todas as primeiras
suas primeiras gravações que demonstram o motivo exato pelo qual gravações do primeiro ‘guitar hero’ da história do rock. São 73 faixas,
Elvis virou o rei do rock. O disco é repleto de versões reestruturadas de entre elas os grandes clássicos do final dos anos 50, como Maybellene,
clássicos do blues e do country, acabando com a segregação do mercado Johnny B. Goode, Memphis, Tennessee, e alguma coisa do início dos 60.
musical vigente à época. A energia juvenil de um Elvis ainda em formação A compilação deixa a desejar por não retratar seu retorno ao selo no início
é impressionante, faixa após faixa. Essa compilação traz em apenas um dos anos 70, e também por perder seu grande retorno às paradas de
disco todas as faixas que serviram como um primeiro estopim para a sucesso em 1964 (com No Particular Place to Go), mas é o melhor retrato
mudança cultural que viria nas próximas décadas. de como a Chess Records contribuiu para o crescimento do gênero.
Carl Perkins – Up Through The Years 1954-1957 (1986) The Buddy Holly Story – EUA – 1978
O álbum lançado em 1986 traz 24 grandes sucessos de Perkins gra- Filmado no final dos anos 70, o filme conta a história meteórica
vados nos seus três primeiros anos de carreira, período em que ajudou de Buddy Holly, um dos mais importantes cantores/guitarristas/
a dar forma ao rock como o conhecemos. Canções como Blue Suede compositores do rock nos anos 50. Com uma atuação ótima de
Shoes, Honey Don’t e Everybody’s Trying to be My Baby em suas Gary Busey no papel principal, a obra retrata desde os tempos
versões originais, gravadas nos estúdios da Sun Records, servem para de escola, a composição de Peggy Sue e a subida ao topo das
mostrar alguns caminhos que o gênero tomaria nos anos que viriam paradas com That’ll Be The Day, além de detalhar a infeliz morte
a seguir. A compilação de Perkins é um item definitivo em qualquer do astro em um acidente de avião aos 23 anos de idade. A trilha
coleção, e um ótimo retrato cultural da época. Imperdível. sonora, como é de se esperar, é espetacular.
Hot Rods 82
A Fera do Rock (Great Balls of Fire!) – EUA – 1986 Sabes o que Quero (The Girl Can’t Help It) – EUA – 1956
Dennis Quaid, em uma das melhores atuações de sua carreira, encarna Um dos primeiro filmes produzidos sobre a cultura rock and roll,
Jerry ‘The Killer’ Lewis nessa biografia essencial ao fã de rock and roll. que ainda estava em seus primeiros anos de formação. Jayne
Sua vida, cheia de polêmicas e controvérsias, é extremamente bem Mansfield é Jerri Jordan, uma linda garota sem talento algum
retratada. Desde a sua formação musical gospel, até se tornar o gran- que precisa ser transformada em uma estrela em apenas seis
de representante da ‘música do diabo’, passando por todos os seus semanas. Com aparições de Little Richard, Gene Vincent, Eddie
episódios importantes, como o casamento com a prima de 13 anos. Cochran e Fats Domino, é uma obra repleta de boas canções,
Trilha sonora impecável, com todos os seus maiores sucessos. além de conter performances icônicas do rock.
Hot Rods 83