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Comunicação Educativa
1. Sistema educativo e sistema comunicativo
1.1. Sistema educativo. A polissemia do termo reflecte-se nos diferentes usos: como um
produto, um processo, o estar educado, uma relação entre diferentes agentes e como um sistema,
formando parte do Sistema social a nível de subsistema. Trilla (1993), refere-se ao “universo
educativo” como “o conjunto total de factos, sucessos, fenómenos ou efeitos educativos-formativos
ou instrutivos- e, por extensão, ao conjunto de instituições, meios, âmbitos, situações, relações,
processos, agentes e factores susceptíveis de os gerar, subdividindo-o em três sectores ou modos de
educação, de acordo com os contextos de realização: formal, não formal e informal.
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orientado para os sistemas, podendo esse processo ocorrer numa grande variedade de níveis. Existem
vários níveis ou contextos da comunicação, mas destacaremos quatro:
Formal e informal Thayer sublinha a respeito da educação que grande parte da confusão que
ainda existe no estudo e na compreensão da comunicação decorre da nossa desatenção para o plano
de análise que está a ser empregue. A articulação entre os contextos educativos e comunicativos
permite diferenciar, genericamente, dois grandes modos de comunicação educativa: a formal e a
informal. Esta diferenciação é estabelecida em torno da ligação dos interlocutores no espaço e no
tempo e pelo grau de formalidade pedagógica da recepção e uso dos factos educativos.
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uma função essencial, na medida em que tendem a representar da melhor forma possível
o acesso ao conhecimento.
Já Dias a atribuição, pelo aluno, de significação à mensagem comunicativa é
condicionada pelo modelo de comunicação. Reforça a ideia da aprendizagem como uma
actividade individual de atribuição de significação ao “conhecimento, e cuja formação e
desenvolvimento é modelada pelas estratégias de interacção no diálogo aluno/cenário,
as quais se apresentam associadas ao ambiente de comunicação.
Rocha Trindade afirma que uma das maneiras de encarar o acto de ensino-
aprendizagem consiste em considerar como um processo comunicacional. Estabelecendo
um forte vínculo entre integração de experiências resultantes da interacção social,e a educação
considera como “o exercício da influência que a sociedade exerce sobre cada um de nós. Trindade
ainda considera que é necessário garantir que cada pessoa tenha ”acesso oportuno a conhecimentos e
experiências organizados, estruturados, capaz de motivar o conhecimento intelectual, motor e
afectivo”.
Para Rodriguéz Diéguez as operações que se efectuam num processo informativo, sendo
estes, delimitação de conteúdos, codificação, descodificação e recepção, as quais facilitará aos
docentes na planificação, realização e avaliação. Ainda esse autor defende que ensinar é sempre
comunicar, mas nem sempre a comunicação é ensinar.
Titone, autor indiano, admite que o professor e os alunos jogam em alternativa os papéis
de emissor e de receptor, compartilhando umas certas equivalências entre códigos e mensagens.
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Ainda este autor salienta que amplia o marco de análise da comunicação didáctica, em que situa o
processo de comunicação dentro de um contexto, a escola é um espaço aberto a comunidade,
revela a importância das codificações e descodificações, reforçando deste modo o papel de feedback,
onde o emissor converte-se em receptor e este em emissor e, desta forma, ambos se afectam
interactivamente e mutuamente.
Para Rodriguz Illera o que está em jogo na relação educativa, é sempre muito mais que
uma simples transmissão de conteúdos, pois o currículo traduz uma construção da realidade,
quer quanto a sua elaboração, pois constitui uma selecção da cultura, aquela que se considera que
deve ser transmitida, quer também como objecto da teoria, como tema de reflexão.
A nível teórico, a informação consiste não tanto no processo de transmissão do saber quanto
na quantidade e desenvolvimento do dito saber.
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a) Que informação se deve transmitir? (centrada nas disciplinas? nos interesses dos
alunos? na mudança social?)
b) Em que quantidades?
c) Como se devem seleccionar os conteúdos?
d) Como se deve sequencializar a novidade dos novos dados ou actividades a trabalhar
na turma?
e) Como tratar a informação a transmitir de maneira que se facilite a descodificação
por parte dos alunos?
f) Como se melhora a compreensão e se prolonga a duração dos seus efeitos?
a) A comunicação não se limita às simples trocas verbais, mas alarga-se a uma concepção
de “linguagem total”;
Para que se dê a comunicação não basta que exista emissão de informação, é necessário
que esta informação chegue ao seu destino e provoque neste uma reacção que o implique no
processo de intercâmbio.
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Em primeiro lugar, uma vez iniciado o intercâmbio comunicativo, a acção de cada um dos
comunicantes está relacionada com a do outro, vai respondendo a ela e vai adequando o intercâmbio
à dinâmica que se gera nas sucessivas intervenções. A aplicação da noção de contingência e de
pontuação à teoria comunicacional permite o tratamento estatístico das mensagens. Contudo, a sua
abordagem tem produzido alguns desenvolvimentos teórico-práticos sobre o modo de apresentar a
mensagem para se obterem os efeitos desejáveis. Uma das mais conhecidas foi apresentada por
Scharamm (1960:19), denominada “fracção de selecção”, também chamado de “função de decisão”
por Berlo (1985[1960]:100), sustentando que do ponto de vista do receptor a escolha de uma
mensagem é definida da seguinte forma: Fracção de Selecção= Recompensa esperada/Esforço . Em
segundo lugar, a influência da comunicação deriva não do processo em si, mas da intenção de
influenciar. Esta intenção pode estar expressamente indicada ou não, isto é, pode pertencer ao nível
manifesto ou latente das mensagens, podendo ir mais além da “intenção consciente”, pois, os processos
mentais implícitos são quase totalmente inconscientes. Toda a comunicação está ligada a ideia de
induzir mudanças.
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Passível de ser aplicado a diversos níveis de comunicação, este esquema
baseia-se em três premissas:
1. É um processo assimétrico, com um emissor activo que produz o estímulo
para um público (receptores) passivo;
2. É um processo comunicativo intensional, tendo por objectivo obter um
determinado efeito observável e susceptível a ser avaliado;
3. É um processo em que os papéis do emissor e do receptor surgem isolados,
independentemente das relações sociais, culturais e situacionais em que se
realiza o acto comunicativo.
Outros dois investigadores norte-americanos, Shannon e Weaver, denotando
preocupações técnico-científicas, apresentaram uma teoria de comunicação intitulada
“Teoria Matemática da Comunicação”, tendo como objectivo medir a quantidade de
informação contida numa mensagem e a capacidade de informação de um dado canal,
quer a comunicação se efectue entre duas máquinas, dois seres humanos ou entre uma
máquina e um ser humano. O esquema proposto pelos autores é o seguinte:
A fonte é vista como detentora do poder de decisão, isto é, decide qual a
mensagem a enviar. Esta mensagem seleccionada é depois transformada pelo transmissor
num sinal, que é enviado ao receptor através do canal. O ruído é algo que é acrescentado
ao sinal, entre a sua transmissão e a sua recepção e que não é pretendido pela fonte.
Outro importante contributo explorado por estes teóricos da informação foi a tentativa de
medir o conteúdo ou novidade informativa.
Desta Teoria informacional emergem ainda dois importantes conceitos: a
entropia e a redundância.
- A entropia define-se como a medida do grau de desordem de um dado sistema
de comunicação, a falta de previsibilidade numa situação, resultando em incerteza.
- A redundância é o oposto da entropia, resulta de uma previsibilidade elevada.
Assim, pode dizer-se que uma mensagem de baixa previsibilidade é entrópica e com
muita informação, e inversamente uma mensagem de elevada previsibilidade é
redundante e com pouca informação.
Wilbur Schramm é um dos mais persistentes autores do fenômeno comunicativo,
de tal modo que se torna restritivo situá-lo apenas numa única corrente. Ele redimensiona
os esquemas lineares ao introduzir dois novos aspectos: a necessidade de um campo
experiência comum entre os participantes no acto comunicativo e a influência exercida
mutuamente entre os participantes através da retroação (feed-back).
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O campo experiencial (vivência, objectivos pessoais, etc.) dos participantes no
acto comunicativo é um dos elementos determinantes da descodificação dos sinais que
veiculam a informação do conteúdo. Se os indivíduos compartilham uma ampla soma de
experiências vivenciais, a área de sobreposição dos sinais será grande, pelo que a
comunicação está facilitada. Caso contrário, a circulação da mensagem é muito difícil. A
condição fundamental para uma comunicação, como também assinala Moles (1988:29) é
a coincidência dos repertórios.
Esquemas Cibernéticos
O campo da cibernética foi desenvolvido pioneiramente pelo matemático
Norbert Wiener, considerando-a como uma área interdisciplinar “que abrange todo o
campo da teoria do controlo da comunicação, na máquina ou no animal”. Os conceitos de
controlo, regulação e feed-back da cibernética relacionam-se intrinsecamente com a
própria essência da teoria geral dos sistemas, fornecendo uma explicação concreta para
as qualidades do sistema como totalidade, interdependência, auto-regulação e
intercâmbio com o meio ambiente. No entanto o investigador canadiano Jean Cloutier
(1975) pode ser apresentado como o autor mais representativo desta corrente
comunicativa. Sua obra intitulada “A Era do EMEREC” indica-nos que o “homo-
communicans” situa-se alternadamente em cada um dos pólos da comunicação e, até
mesmo, e, ambos os pólos simultaneamente. O processo da comunicação não é linear,
mas concêntrico, sendo o feed-back não um elemento acrescentado e supérfulo, mas
inerente ao ciclo da informação.
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apontada numa pesquisa empírica, abandonando os falsos dilemas (sobre as qualidades
ou carências da cultura de massa que são objecto de tratamento pela sociologia
tradicional.
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5.4- Esquemas psicológicos
Os esquemas psicológicos da comunicação interessam-se em analisar os
mecanismos da interacção humana. Os investigadores desta corrente dão especial relevo
aos níveis de comunicação intrapessoal – afectação ocorrida ao próprio individuo,
interpessoal – afectação mútua entre individuo e o grupal .
i -Nível intrapessoal Thayer , rejeita por um lado, de forma categórica, os
esquemas lineares da comunicação porque ignoram a natureza da interacção e , por outro
lado, salienta o nível interpessoal. Para thayer a comunicação interpessoal não é um
simples intercâmbio entre dois indivíduos, pois cada um deles aborda a interacção com
os seus processos separados.
A comunicação é um processo contínuo, sempre em movimento,
determinado pelas aptidões de um individuo para levar em conta, em que tudo faz
diferença no modo de o receptor interpretar a mensagem - o status, a posição, a
credibilidade e a reputação do emissor – as experiencias passadas tanto do emissor como
receptor – as consequências esperadas, o tipo de meio utilizado – a quem foi dirigida ou
não a mensagem, o modo da sua apresentação da mensagem, bem como as circunstancias
em que ocorre a comunicação.
b- Nível interpessoal os autores Watzlawick, Beaven e Jackson apresentam
cinco axiomas da comunicação humana:
1. Não se pode não comunicar.
2. Toda a comunicação tem um aspecto de conteúdo e um aspecto de
relação, de tal modo que o segundo classifica a primeira e é , portanto,
uma meta comunicação.
3. A natureza de uma relação está na contingência da pontuação das
sequências comunicativas entre os comunicantes.
4. Os seres humanos comunicam digital e analogicamente. A linguagem
digital tem uma sintaxe lógica sumamente complexa e poderosa, mas
carente de adequada semântica, ao passo que a linguagem analógica
possui a semântica, mas não tem sintaxe adequada para a definição não
– ambígua da natureza das relações.
5. Todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou
complementares, segundo se baseiam na igualdade ou na diferença.
O primeiro axioma assinala que todo o comportamento emitido num contexto
comunicativo constitui, por si mesmo, uma mensagem. O segundo axioma assinala que
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qualquer comunicação transmite não só uma determinada informação, mas também
pretende impor comportamentos, operações que ficaram conhecidas por relato e por
ordem. O terceiro axioma faz referência à configuração que cada interlocutor toma
perante uma sequência comunicativa.
O quarto axioma faz referência a comunicação educativa que reside na
tomada de consciência pelo professor do efeito que o seu comportamento exerce
sobre os alunos. Finalmente o quinto axioma, assinala a existência de dois níveis nas
permutas comunicativas – simétricos ou complementares. O nível complementar e o
facto de um participante ocupar uma posição superior e o outro a inferior, enquanto que
o simétrico ambos os participantes estão no mesmo plano.
6. Nível grupal . O grupo-turma aparece apresentado na generalidade da
literatura pedagógica como um grupo restrito e formal.
- Restrito, porque é composto por número limitado de membros - não
deveria ultrapassar os vinte e cinco alunos – de modo a que um possa ter
percepção directa do outro e ser por eles percebidos para que torne possível
o estabelecimento de contínuas inter-relações.
- Formais, porque estão sujeitos a normas de trabalhos, locais de actuação e
horário, havendo ainda uma pré-determinação de objectivos, tarefas e
actividades que determinam a sua estrutura.
As investigações de Leavit -1965- conduziram a duas conclusões importantes:
1. Os indivíduos estão mais satisfeitos quando fazem parte dos grupos, cuja
rede de comunicação, como o círculo, não atribui a qualquer individuo um
papel central, ou seja, quando não há diferenciação de papéis.
2. Os grupos são mais eficazes quando se constituem em redes centralizadas,
como a estrela, onde a organização é mais estável e se diferencia um papel
central,
6. Critérios para uma comunicação educativa eficaz
a) Eficácia entendida em termos de consecução de bons resultados, ou de
melhorias em termos de resultados;
b) Eficácia entendida em termos de correcta utilização de técnicas
comunicativas adequadas;
c) Eficácia entendida em termos de adequação a outra pessoa com quem se
comunica:
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d) Eficácia entendida em termos de funcionalidade da totalidade do sistema
comunicacional e não de um ou vários dos elementos individuais.
O primeiro critério refere-se á consecução de bons resultados na comunicação
educativa. Só por si, este critério é restritivo e peca por excessivo pragmatismo. Isto é,
apenas nos informa sobre os resultados, mas nada nos diz sobre o conhecimento e
funcionamento do processo.
O segundo critério implica um profundo conhecimento do processo
comunicativo em termos de uma escolha adequada e funcional de técnica a que sejam
congruentes com as suas finalidades da comunicação educativa. Implica, por exemplo,
um conhecimento das técnicas de diálogo, de funcionamento das redes de comunicação,
do uso de diversas linguagens.
O terceiro critério reflecte o grande desafio da comunicação educativa, conseguir
relações interpessoais e intercâmbios informativos entre sujeitos muito diferentes entre
si. Implica que o professor ajuste o seu repertório, mais vasto de saberes e experiências
ao dos alunos, tomando-o como ponto de partida para o ampliar.
O quarto critério vem na sequência da capacidade de adequação referida atrás.
Porém, neste caso, não deve apenas atender-se às características pessoais dos
comunicantes, mais também às condições do contexto em que se desenvolve o processo.
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