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hot rods # 136

ISSN 1808-9399
ano 11 #136
R$ 19,90

curitiba motor show dá adeus ao autódromo

c v
chevy coupé 1933 - ford mustaNg eleanor 1968 - ford t-bucket

t- b u c k e t d e 2 0 0 t o r Y- b
com mo urdecedor!
l ock V8
e fi b r a
Modelo d x1: bar ulho ens
4
e escape

eleanor tupiniquim
www.cteditora.COM.BR

Réplica brasileira do famoso muscle car


chevy coupé 1933: feito em casa provoca entusiastas com ronco do V8
Original: Ford Ranchero, a picape derivada de automóvel Cultura Hot: Conheça o Museu do Néon, em Las Vegas
História: Você sabia que o SEMA nasceu no universo hot rodding? Lançamentos: Peças e acessórios para seu hot
Editorial

Vegas é hot!
Sede do SEMA Show, do Viva Las Vegas e de diversas atrações ligadas ao universo
Hot Rod é destaque desta edição com o Museu do Néon
Ademir Pernias e Ricardo Kruppa - editores

S
e você perguntar a alguém pou- será bem diferente. Afinal, Las Vegas de peças e acessórios automotivos
co afeito aos temas do universo é onde acontece anualmente o SEMA nos EUA, cuja origem está no universo
automotivo qual é a imagem que Show, a maior feira profissional voltada hot rodding, e uma reportagem espe-
essa pessoa tem da cidade de aos temas da customização automotiva cial de Victor Rodder sobre o Museu
Las Vegas, nos Estados Unidos, do mundo. É lá também que acontece de Néon, uma surpreendente atração
provavelmente a resposta será algo uma das mais importantes provas de ao ar livre que reúne placas e letreiros
ligado aos cassinos e aos jogos de arrancada da NHRA (National Hot Rod icônicos da cidade, preservados e em
azar. Afinal, Las Vegas, cidade cons- Association). Ou seja, os amantes dos funcionamento, muitos deles ligados à
truída em pleno deserto no estado esportes a motor, ou simplesmente do cultura cinquentista, os anos dourados
de Nevada, no oeste americano, motor, veem em Vegas muito mais do da América e da indústria automobilís-
realmente vive em função da indústria que a “Cidade do jogo e do pecado”, tica mundial.
da diversão que gravita em torno dos como é conhecida mundialmente. Se você quer ficar por dentro dessas
magníficos hotéis-cassinos. Nesta edição, Hot Rods traz um arti- histórias que envolvem Las Vegas,
Agora experimente perguntar a um faná- go sobre a história da SEMA, a asso- embarque com a gente nesta viagem.
tico por motores. Certamente a resposta ciação que reúne a cadeia produtiva Boa leitura e até a próxima.
Sumário

réplica FORD t-Bucket

36 Harley de 4 rodas: representante barulhento da Kustom Kulture, T-Bucket de fibra


sabe ser mau com Y-Block V8 de 200 cavalos e escape 4x1 para ensurdecer

Hot Rods
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curitiba motor show cultura hot

06 Encontro leva 15 mil ao Autódromo de Curi-


tiba e promete edição 2017 em outro local 30 Atração pouco explorada em Las Vegas,
Museu do Néon tem letreiros icônicos

chevy coupé 1933 réplica mustang eleanor 1968

50 Versão duas portas de clássico recebe


mecânica 2.0 GM, injeção e rodas aro 18” 66 Versão brasileira do célebre muscle car
provoca entusiastas com ronco do V8 302

oficina ford ranchero

74 André, abraça o trabalho do início ao fim 78


Classic Hot Rods, tradicional oficina de Santo Conheça um pouco mais desta bela picape
Ford, feita a partir do carro de passeio
Curitiba Motor Show

Disneylândia
motorizada!
Encontro leva 15 mil ao Autódromo Internacional de Curitiba e
confirma edição 2017. Amantes de automóveis de todo o país se
reuniram em dois dias de muita adrenalina e emoção
Texto: Da Redação::Fotos: Fabiano Guma e RNA Fotos
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Curitiba Motor Show

A
5ª edição do Curitiba Motor
Show, que aconteceu nos dias
14 e 15 de maio, reuniu 15
mil pessoas por uma paixão: o
motor. Público de Curitiba, de
várias cidades do Paraná, do Brasil
e até da Argentina e do Uruguai
estiveram presentes para apreciar
os cerca de mil carros expostos no
Autódromo Internacional de Curitiba
(AIC). Com diversas atrações durante
os dois dias de evento, o que não
faltou foi fumaça e borracha quei-
mada na pista do autódromo, que
deu uma boa notícia na véspera do
Curitiba Motor Show: irá estender as
atividades até o final do ano.
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Curitiba Motor Show
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Curitiba Motor Show

“Mesmo com a novidade, este foi o últi- som dos motores e ao cheiro de pneu
mo Motor Show no AIC, isso porque em queimado. Foram 29 clubes de carros,
2017 a previsão é de que o autódromo mais de 500 hot rods, sendo que 54
não esteja mais funcionando, infelizmen- chegaram em uma grande caravana
te. Estamos na torcida para que isso não de São Paulo, 150 muscle cars e mais
aconteça, pois há muitas especulações. centenas de expositores individuais
Entretanto nós estamos correndo atrás que aproveitaram a oportunidade para
de novos locais para o ano que vem, exibir sua paixão e até coleção de
e estamos analisando e conversando carros. Não faltou show de manobras
com todas as possibilidades que temos”, radicais de moto e carros levando o
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comenta Rafael Casagrande, idealiza- público à loucura. O ponto alto ficou


dor do Curitiba Motor Show. por conta do desafio 201 metros de Muscle cars se sentiram
Shows de manobras, desfiles de carros carros antigos, que mostraram que de
antigos e clubes de carros, arrancadas antigo só a carcaça! em casa na pista do
e adrenalina pura. Não tem como ir O púbico de expositores e visitantes
ao evento e ficar imune à emoção do declarou satisfação nas redes sociais: Autódromo de Curitiba
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Curitiba Motor Show

“Foi um prazer participar mais uma marcado na memória para sempre. Em São Paulo e do Paraná. Mas a AVH
vez. Mesmo ficando seis horas de nome da Baixos Cwb queria agrade- está com força total nas suas ativida-
estrada de distância de vocês vale a cer pela oportunidade concedida ao des para 2016, tendo o Fazzenda
pena. A Classic Hot Rods agradece nosso clube”, disse Tiago Santos. Car Show confirmado nos dias 12
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a hospitalidade!”, postou Anderson O Curitiba Motor Show é uma rea- e 14 de agosto no Hotel Fazzenda
Trevisan. “Gostaria dar os parabéns. lização da Associação de Veículos em Gaspar (SC) e preparando a pos-
Vocês fizeram um cara grande chorar Históricos. A edição 2017 está sibilidade de realizar um evento em
ao ver carros lindos em uma festa per- confirmada ainda com data e local a Curitiba para a cultura custom ainda
feita”, escreveu Emannuel Carvalho. serem definidos. Há também a possi- no segundo semestre de 2016, mas
“Parabéns pelo Motor Show! Vai ficar bilidade de acontecer no interior de em novo local provavelmente.
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Curitiba Motor Show
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Mais de 500 hot rods,
sendo 150 deles de São
Paulo, foram à 5ª
edição do Motor Show

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Curitiba Motor Show
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Pin-ups, shows musicais e estandes de produtos fizeram a festa no AIC


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Curitiba Motor Show

Cheiro de pneu queimado aumenta adrenalina do público nas arrancadas


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Cultura Hot

Las Vegas brilha!


Conheça uma atração pouco explorada na cidade,
o Museu do Néon, que reúne placas e letreiros icônicos de Vegas
Texto: Victor Rodder:: Fotos: Divulgação
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Cultura Hot

N
a edição anterior contei como foi Vegas tem milhares de atrações, “Neon Boneyard”, o museu foi fun-
a 19ª edição do Viva Las Vegas shows, espetáculos, museus etc. Mas dado em 1996 e é uma organização
Rockabilly Weekend – maior alguns lugares acabam ficando um sem fins lucrativos dedicada a coletar,
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festival de música e cultura dos pouco fora do roteiro, ou, de tão fala- preservar, estudar e expor as placas
anos 50. E se, mesmo assim, dos, acabamos achando que é “turis- e letreiros icônicos de Las Vegas. São
você ainda não estiver convencido de ta demais” e também são deixados praticamente dois acres repletos de
que Vegas é um destino ao qual você de lado. Por isso, vou sugerir três peças dispostas ao ar livre, além de
“precisa” ir, este mês trago mais algu- programas incríveis em Las Vegas. O um centro de visitantes alojados no
mas razões para que esta seja a sua primeiro é o Museu de Néon de Las interior da recepção do antigo “La
próxima viagem. Vegas. Também conhecido como o Concha Motel”– que por si só já é um
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Cultura Hot
lugar incrível. Esse prédio é sede do
museu desde outubro de 2012, e sua
distintiva forma de concha é um proje-
to do arquiteto Paul Revere Williams.
Suas curvilíneas paredes são notáveis
exemplos da arquitetura Googie, um
estilo do Mid-Century design, que
tem como principais características a
referência à era atômica e espacial.
Originalmente construído em 1961 na
Las Vegas Boulevard South (ao lado
do Riviera Hotel), o lobby do La Con-
cha foi literalmente salvo da demoli-
ção em 2005 e mudou-se em 2006
para sua atual localização. Muitas
das referências e dos elementos de
design do interior do prédio original
foram incluídas na instalação, como
dois dos letreiros originais do motel
– o letreiro de entrada em mosaico
e uma parte do letreiro principal,
que ficava à beira da estrada. Atrás
desse prédio, ficam as instalações
administrativas, de ensino, pesquisa
e eventos. O museu não compra suas
peças, apenas recebe doações de
empresas locais, doadores privados e
várias outras organizações, que reco-
nhecem o valor histórico e artístico
dessas placas. Além disso, o Museu
mantém uma crescente lista de locais
que prometeram doações, já que
muitos prédios e propriedades em Las
Vegas são constantemente demolidos
para se adequar às novas exigências
legais e comerciais da cidade. Além
disso, o Museu Néon apoia e cola-
bora com empresas locais quando
estas pretendem tomar medidas para
preservar, ao invés de substituir, as
placas de néon vintage. E falando de
néons vintage, é preciso dizer que o
passeio feito dentro do pátio principal
é uma verdadeira aula de história
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sobre Las Vegas. Em uma vista guiada


de aproximadamente 50 minutos, o
pessoal do museu não só lhe mostra
Placas vintage são ele-
essas verdadeiras obras de arte, que,
diga-se, estão eletrificadas, ou seja,
trificadas e funcionam
funcionam em sua maioria, como tam-
bém explicam suas origens, contam
em sua maioria
um pouco da história e fatos curiosos
sobre a fundação de Las Vegas, bem
como fazem um relato único da sua
transformação no centro de entreteni-
mento que é hoje.
Ainda, o Museu de Néon conta
com uma segunda galeria, o “Neon
Boneyard North”, que abriga 60 sinais
luminosos adicionais. Esse espaço
não faz parte do tour principal, mas
pode ser visitado, e pode ainda ser
reservado para casamentos, eventos
especiais, sessões de fotos e programas
educacionais. Outro feito notável do
museu, e que pode ser visto fora de
suas instalações, é o projeto “Las Vegas
Signs”, uma parceria entre o Museu
Néon e a cidade de Las Vegas, que
tem como objetivo instalar sinais restau-
Tour guiado dura 50 rados do acervo do museu ao longo de
uma área preservada que foi criada no
minutos e conta a his- coração da cidade, em downtown, a
baixa Las Vegas.
tória das obras de arte Tudo começou em 1996, quando o
“Caballero”, um luminoso do Hacien-
da Hotel (também conhecido como o
cavalo e cavaleiro) foi restaurado e
instalado como arte pública em parte
da galeria de luminosos da Fremont
Street uma das muitas atrações famosas
de Vegas), na esquina da Fremont St.
com Las Vegas Blvd. Essa iniciativa
levou à aprovação de uma lei federal
que, em 2009, transformou o trecho
da Las Vegas Boulevard, entre Sahara
Avenue e Washington Avenue, em uma
das três únicas vias urbanas dos EUA a
ser nomeada “Federal Scenic Byway”.
Hoje, além do cavaleiro, essa peça
está exposta com oito outros luminosos
de néon restaurados e que se encon-
tram espalhados pela área central de
Vegas: Silver Slipper, Bow & Arrow
Motel e Binion’s Horseshoe; Society
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Cleaners, Lucky Cuss Hotel, Normandie


Hotel, Atomic Liquors e Landmark Hotel.
O Neon Museum está localizado na
770 Las Vegas Blvd. Norte, em Las
Vegas e, para mais informações, visite
www.NeonMuseum.org. Continua na
próxima edição.
Ford T-Bucket

Harley de
quatro rodas
Representante barulhento da Kustom Kulture,
T-Bucket feito em fibra sabe ser mau: Y-block V8 de
200 cavalos e escape 4x1 para ensurdecer
Texto: Bruno Bocchini:: Fotos: Ricardo Kruppa
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Ford Catarina
T-BucketCustom Show
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C
arlos Felipe Meira Ribeiro, 37 customização. “Nesse modelo 883 fiz vos norte-americanos pirei no Fordinho
anos, empresário de São Paulo, um upgrade de motor para 1.200 cc, e um dia, lendo em alguma revista uma
cresceu observando a cultura depois suspensão, diversos ajustes e matéria sobre esse carro, alguém me
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brasileira de customizar modelos uma pintura especial. Conquistei com disse: ‘Isso é uma Harley de quatro
Chevrolet Opala – de rebaixados, essa motocicleta a 3ª colocação na rodas’. Era o que faltava pra mim”,
passando por performance – foi conta- prova de arrancada Megacycle, em descreve.
giado pelo universo das motocicletas, São Lourenço. A partir desse período Seja para enaltecer os greasers da déca-
adquiriu um modelo Sportster 883 da pensei: agora que acabei, o que vou da de 1950, os pilotos de hot rods dos
Harley-Davidson e, diante da moto, fazer? Outra moto? Um sofá customiza- anos 1960, os lowriders da década de
decidiu experimentar o segmento da do? Assistindo aos programas televisi- 1970 ou até mesmo as subculturas que
5º Santa
Ford Catarina
T-BucketCustom Show

Motor 292 do Ford Galaxie: entre um big e um small block


movimentam o segmento, Carlos definiu e o small block, da famosa família Y-block. porque há falta de comprometimento de
que faria um modelo T-Bucket. Para a Na minha opinião, essa escolha produz o boa parte das oficinas de customização,
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receita, escolheu a mecânica 292 do Ford melhor som de um V8”, diz. depois, por mais que exista pesquisa,
Galaxie 1964, projetou um câmbio C4, Embora tenha “desenhado” o projeto, você acaba recebendo orçamentos que
implementou dois escapamentos 4x1 com Carlos conta que pensou em desistir não condizem com a realidade. Sempre
saída de quatro polegadas e reservou o antes mesmo de dar o primeiro passo. O caí naquela história: seu projeto, que ini-
carburador Holley bijet para alimentar o entusiasta recorda maus momentos diante cialmente iria durar um ano, se transforma
hot. “A escolha desse motor foi exatamente do mercado de customização nacional. como o meu que demorou cinco anos
pelo tamanho, que fica entre um big block “Quase desisti algumas vezes. Primeiro para ficar pronto”, explica.
Após períodos conturbados, Carlos refor- adquiridas na Art Billits. “Esse pessoal foi cuidados diante da proposta. O painel
çou a lista de profissionais que auxiliariam quem trabalhou diretamente para que o conta com seis marcadores com bordas
no projeto do T-Bucket de fibra. A pintura T-Bucket fosse concluído. Além, é claro, cromadas, além da inserção de pinstri-
ficou a cargo de Andre Maeda, mesmo da aquisição de muitas peças gringas pes. A forração em tom claro permite
profissional que pintou a motocicleta do de lojas como Summity, TPerformance e destaque ao banco inteiriço em couro
entusiasta. O chassi e a suspensão foram Speedway Motors”, completa. na cor bege, assim como o volante que
idealizados com base em uma planta também recebeu “pegada” em couro.
californiana pela empresa Jor Racing. Depois da tempestade... Por fora, o ‘T’ exibe a capota clara (intei-
A mecânica e a montagem foram de Com o projeto concluído, o Ford ramente removível), suporte para cobrir a
responsabilidade da Auto Mecânica T-Bucket de Carlos soma agressividade caçamba – que faz a vez do pequeno
Lobão, elétrica e tapeçaria executadas esbanjada pelo bloco 292 e o escape porta-malas, além da carroceria de fibra em
pela Garage Oldschool e Leandro Inte- 4x1, com requinte clássico. Basta olhar preto com detalhes pinstripe espalhados na
riores, além de peças de acabamento para o interior do hot e perceber os tampa traseira e acima da grade frontal.

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5º Santa
Ford Catarina
T-BucketCustom Show

Ford T-Bucket
Mecânica
Bloco 292 do Ford Galaxie 1964, câm-
bio C4, dois escapamentos 4x1 com
saída de quatro polegadas, carburador
Holley bijet, potência de 200 cv

Interior
Banco inteiriço em couro claro, tapeça-
ria clara, painel com pinstripes e instru-
mentos com bordas cromadas, volante
gringo com “pegada” em couro

Exterior
Pintura em preto com aplicação de
pinstripes, capota inteiriça removível,
suporte adaptado para porta-malas,
rodas Cragar Street Pro USA;

Quem fez?
Mecânica e testes - Auto Mecânica
Lobão - (11) 5564-7942; Chassi e freio
- Jor Racing; Pintura - André Maeada
Pinturas Especiais - (11) 96582-9044;
Cromeação - Cromasso - (11) 5563-
9404 e tapeçaria e elétrica - Garagem
Oldschool - (11) 99816-2890 e face-
Carlos e seu T-Bucket: paixão sem explicação book.com/garageoldschool

As rodas escolhidas deram um tom à parte talação já programada pelo pessoal da


e são da marca Cragar Street Pro USA. Garage Oldschool”, comenta.
“Ver o projeto concluído me faz sentir vivo, Aficionados pelo segmento de restau-
andando nele pelas ruas de São Paulo ain- ração elogiam o Fordinho, segundo
da mais. Não sei quanto tempo vai existir Carlos, mas há sempre boa parte dos
esse carro, talvez um dia ele até possa curiosos que não entende a proposta e
sair da minha família, talvez não. Por mais logo se encanta. “Alguns dizem que eu
adversidades que possamos encontrar, essa sou louco, depois ficam deslumbrados.
caminhada vale a pena. Não tem explica- Já conhecedores do assunto costumam
ção essa paixão”, define Carlos. agradecer e elogiar”, diz.
Diante das prováveis alterações no pro- Que o T-Bucket é sensação por onde
Hot Rods 42

jeto, o entusiasta garante que há apenas passa ninguém duvida, por outro lado, cabem eu, ela e mais um. Hoje com o
um detalhe para ser acrescentado. “Gos- em breve, o modelo terá companhia na carro finalizado, somos em quatro, já
tei da forma como foi feito o T-Bucket e o garagem para disputar a atenção da estamos no segundo filho. Fica meio
carro me agradou muito. Diante de algu- família de Carlos. “As motivações vão apertado sair todos no passeio, e já
mas mudanças, ainda pretendo colocar ganhando forma. Quando comecei a pintou outra motivação, a de deixar um
um kit de polias fabricado pela Art Billits, customizar o Fordinho minha esposa carro para cada filho, só que agora um
o modelo serpentina pro 292, com ins- estava grávida e sempre pensei: ainda modelo com mais espaço”, prevê.
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História

Bom começo!
Conheça a atuação da poderosa entidade norte-americana SEMA – Specialty
Equipment Market Association – e sua origem dentro do hot rodding
Texto: Aurélio Backo::Fotos: SEMA/Divulgação

E
m 1963, um grupo de pequenos
fabricantes de equipamentos
para hot rods decidiu se orga-
nizar e criar uma associação.
Como todos se dedicavam ao
hot rodding, a associação foi bati-
zada inicialmente “Speed Equipment
Manufacturers Association” (Associação
dos Fabricantes de Equipamentos de
Velocidade). O objetivo era fortalecer o
segmento que, no início da década de
sessenta, ainda era “jovem” e pequeno.
As ações da associação seriam desen-
volver padrões para seus equipamen-
tos, divulgar os produtos entre os hot
rodders, criar programas para fortalecer
as práticas comerciais entre os associa-
dos e manter reuniões regulares buscan-
do a unidade da organização.
Nos anos que se seguiram, o hot rodding
se tornou uma indústria milionária. A
SEMA, como um dos seus apoiadores, se
tornou uma entidade com grande repre-
sentatividade e importância. A associa-
ção se fortaleceu e englobou atividades
relacionadas a acessórios e personaliza-
ção automotiva, mudando seu nome para
“Specialty Equipment Market Association”
(Associação do Comércio de Equipamen-
Hot Rods 44

tos Especiais”). Sob as asas da SEMA afi-


liaram-se diversas atividades relacionadas
ao negócio: fabricantes, distribuidores,
pequenos e grandes revendedores, lojis-
tas, representantes, imprensa especializa-
da, equipes de competição e até clubes
de automóveis. Atualmente a associação
é formada por mais de 6.000 membros
que movimentam nas suas empresas mais
de 30 bilhões de dólares ao ano!
O evento máximo da SEMA acontece
todos os anos na cidade de Las Vegas,
no mês de novembro: o SEMA Show.
Nesse ano o evento ocorrerá do dia
1º até dia 4 de novembro. Esse evento
é específico para os profissionais da
área e não é aberto ao público em
geral. No ano passado atraiu mais de
60.000 profissionais ligados à área.
Os expositores são distribuídos em
12 categorias: hot rods, restauração
de carros antigos, rodas e acessórios,
ferramentas e equipamentos, pneus,
competição, serviços, reparação, tecno-
logia e mobilidade, esportes motoriza-
dos e veículos utilitários, picapes, SUV’s
e off-road, personalização e produtos
para conservação automotiva.
Além dessas categorias, há um espaço
Primeiro SEMA Show em 1967: em primeiro plano o estande da Edelbrock específico para “novos produtos”. No
ano passado, nesse espaço, mais de
2.500 partes, ferramentas e novos
componentes foram exibidos. Prova da
força do evento e do setor!
O SEMA Show seria uma ponta de “ice-
berg” se comparado ao trabalho cons-
tante dos 11 comitês que atuam dentro
da associação. Cada um com um objeti-
vo específico, que listamos abaixo:
HRIA (Aliança da indústria de hot rods): tra-
balha para assegurar o futuro e a prosperi-
dade da indústria ligada ao hot rodding e
monitoram a legislação e as regulamenta-
ções que possam afetar o segmento.
ARMO (Organização do mercado de
restauração automotiva): dedicado a
preservar e promover a indústria de
restauração automotiva e monitorar a
legislação e as regulamentações que
Hot Rods 45

possam afetar o segmento.


PRO (Organização dos profissionais de
reestilização): organiza as ações do seg-
mento de acessórios, atuando junto às
revendas de carros, fabricantes, revende-
Primeiro SEMA Show em 1967: estande da Moon Eyes dores e instaladores de acessórios.
MPMC (Conselho dos fabricantes de
História
partes para esportes motorizados): bus- SBN (Rede das mulheres de negócios fosse aprovada uma lei chamada “Lei
ca soluções para questões e desafios da SEMA): buscam estimular a rede de dos Fabricantes de Veículos em Pequena
específicos do segmento, com cresci- contatos, a educação e as oportunida- Escala”. Em 2015 essa lei foi aprovada.
mento e prosperidade constante, bem des para o grupo feminino da SEMA. Ela permitirá que empresas construam e
como monitoram as questões legislati- YEN (Rede jovens executivos): dedica- vendam reproduções de carros que se
vas que afetem as competições. do aos jovens executivos da SEMA. assemelhem a modelos com 25 anos ou
MRN (Rede de representantes dos fabri- Comitê de Educação: dedicado a mais. Esses serão carros prontos para uso
cantes): a missão desse conselho é manter preparar a próxima geração de traba- e com número de identificação que per-
um fórum dos fabricantes para que aumen- lhadores do setor automotivo ajudando mitirá o registro como um carro novo. A
tem sua influência na indústria, explorem a pagar a educação em universidades, quantidade será limitada a 325 unidades
interesses e preocupações em comum, e colégios e escolas técnicas. ao ano por fabricante, para comercializa-
elevem a imagem da categoria. A SEMA fornece muitos serviços aos seus ção dentro do país, mais uma quota para
WTC (Conselho de rodas e pneus): membros e ao segmento automotivo nos exportação de 5.000 unidades!
a missão é identificar problemas em Estados Unidos. Talvez o mais importante O trabalho da SEMA mostra que nos
comum e oportunidades relacionadas à seja o trabalho da associação em prote- Estados Unidos o direito de rodar com um
indústria de rodas e pneus especiais. ger o direito dos motoristas de dirigir carros hot rod sem para-lamas não caiu do céu.
LTAA (Aliança dos acessórios para com acessórios, personalizados e antigos. Exige organização e trabalho duro de
picapes leves): busca determinar e mol- Para isso, acompanham de perto os clubes e associações. Fica clara a impor-
dar o futuro do segmento, assegurando legisladores do país quando esses preten- tância para nós, aqui no Brasil, de parti-
visibilidade e longevidade. dem criar leis que afetem os interesses do cipar de clubes formalizados e que esses
ETTN (Tendências emergentes e rede de segmento. Por outro lado, a associação clubes se filiem à Federação Brasileira de
contatos em tecnologia): esse conselho trabalha proativamente para criar leis que Veículos Antigos. Pois somente com orga-
busca identificar e entender novas ten- estimulem a atividade de seus associados. nização e representatividade poderemos
dências e tecnologias para os membros Desde 2011, a SEMA trabalhou junto manter e desenvolver o hot rodding e o
da SEMA. ao congresso norte-americano para que antigomobilismo no Brasil.
Hot Rods 46
Hot Rods 47
Técnica

Twenty Years Ago…


Saiba como era o panorama do movimento Hot Rod no Brasil em 1996.
Acredite: muita coisa mudou, e para melhor!
Texto: Manoel G. M. Bandeira::Fotos: Ricardo Kruppa

A
proveitei a ideia de uma revista truir um hot no Brasil era tarefa muito difícil A importação de peças era difícil e cara.
americana sobre hot rods desde a e pouco compensadora. Poucos se arris- Você acha que isso não mudou nada
década de 1960 e este mês vou cavam a investir um dinheiro que quase com o tempo não é? Mas acredite,
falar sobre a minha visão do meio sempre não retornava na hora da venda. mudou muito. Se você acha que hoje é
rodder no Brasil há 20 anos: o O comércio de carros antigos era res- difícil conseguir peças e componentes
Hot Rods 48

que acontecia em 1996. Você é meu trito a praticamente o intercâmbio entre para montar seu hot rod, pense que, em
convidado para embarcar nesta peque- clubes e uns poucos aventureiros autô- 1996, não existiam lojas com peças
na viagem no tempo. nomos que, por gostar muito de garim- importadas, não tínhamos a internet como
Antes de programas de televisão como par geralmente no interior do país, temos hoje, buscadores e sites de pesqui-
American Hot Rod, Riddes e tantos outros, ainda arriscavam seus investimentos na sa. Conseguir catálogos de peças e aces-
que difundiram largamente a cultura Hot compra de um ou outro exemplar, pen- sórios dependia de alguém que estivesse
Rod pelo Brasil, chegarem por aqui, cons- sando em lucrar na hora da venda. em viagem aos EUA e se dispusesse a
Acontece que o mundo todo foi envolvi-
do em uma onda de saudosismo muito
grande, e a ideia de encontrar um car-
ro que ficou por anos guardado em um
galpão, esquecido pelo tempo, passou
a habitar as mentes de muita gente.
Assim, encontrar um carro desgastado,
arrumar a parte mecânica e andar com
o carro ostentando o desgaste causado
pelo tempo passou a seu uma espécie
de troféu. Tanto é verdade que muita
gente passou a imitar a ação do tempo,
através de técnicas de pintura enve-
lhecida que muitas vezes surpreendem
pelo realismo de seus efeitos.
Hoje temos várias oficinas altamente
procurar e a trazer catálogos impressos um dos mais lindos hot rods que já vi especializadas na construção e criação
das grandes lojas americanas. no Brasil. O carro recebeu até nome de hot rods. No final do século passa-
A questão das peças ainda era o menor – “Bad Jack” – nas cores laranja com do, a mão de obra não era tão espe-
dos problemas. Conseguir um modelo que teto creme, motor Chevy 350, câmbio cializada, dependíamos de uns poucos
lhe agradasse e que estivesse em estado automático, duas quadrijet etc. Se você artesãos que se dispunham a enfrentar
de conservação razoável, tornando viável acompanha nossa revista certamente já o desafio de restaurar e criar um carro.
a recuperação, era bastante complicado. sabe de qual carro estou falando. A entrada da fibra de vidro como opção
Modelos cupê ou sedã duas portas eram Felizmente, no início do novo século, o para carrocerias réplicas de antigos se
raríssimos, geralmente já estavam na mão Brasil foi agraciado com a entrada de deu também na década de 1990, e se
de colecionadores. Muitos deles estão até várias carcaças de carros antigos vindos deve à dedicação heróica de alguns pou-
hoje guardados em coleções particulares, do Uruguai e da Argentina, repondo assim cos entusiastas, que enfrentaram muitos
aguardando a restauração, porém seus um pedaço da história que se perdeu pela desafios e que hoje produzem cada vez
donos, que os compraram quando jovens, ganância nas décadas de 1960 e 1970, mais modelos de carrocerias clássicas e
hoje já não têm mais a disposição de com o derretimento de boa parte de nossa que certamente irão garantir o futuro do
restaurá-los. Os modelos de quatro portas, história para alimentar com ferro reciclado movimento no Brasil. E mais a longo tem-
por não terem os atrativos desejados, mui- a indústria da construção civil. po certamente também em todo o mundo.
tas vezes se tornavam doadores de peças Não dá para entender porque nenhum Assim caminha a humanidade, e nós
para os irmãos mais raros. Assim, o que político se interessa em criar uma lei que vamos escrevendo a história dos hot
sobrava de suas carcaças era literalmente facilite a entrada de carros antigos vindos rods no Brasil dia após dia. Estamos
queimado nos fornos das siderúrgicas. dos países vizinhos do Mercosul. Isso em 2016 e este ano teremos a primeira
Em 1996 recebi a visita de um amigo que ajudaria a reconstituir uma boa parte de prova de velocidade em um lago seco
veio me contar que estava indo comprar nossa história. A preocupação em evitar de sal no Hemisfério Sul, prova esta
uma carcaça de um Ford 1930 que a saída dos carros deveria ser dos países que tem o apoio de um clube de hot
era utilizado como galinheiro. O carro doadores e não nossa, que estamos rece- rods brasileiro, o Curitiba Roadsters.
não tinha chassi, para-lamas, capô, era bendo de mão beijada um patrimônio Pela primeira vez o ronco dos motores
somente o corpo, e em péssimo estado. histórico que se valoriza a cada dia. irá acordar o condor em plena Cordi-
Eu o chamei de louco, mas acreditem, Em 1996 não tínhamos ainda a cultura lheira dos Andes. Daqui a 20 anos,
nesta época praticamente não existia outra dos Rat Rods, que veio de maneira quem sabe, alguma criança encontre
avassaladora a modificar a linha de
Hot Rods 49

opção. Mas sabíamos nós que ali bem um exemplar desta revista perdido em
perto, no Uruguai, a frota de Fordinhos pensamento daqueles que se aventuram uma estante de livros usados qualquer,
modelo A de duas portas era enorme. a enfrentar o desafio de construir um e folheando a revista quem sabe tenha
Este Ford 1930 passou por várias ofici- carro. Antes dos anos 2000 ninguém a curiosidade de ler esta matéria. Espe-
nas em uma odisseia que durou quase pensava em andar com um carro antigo ro que seu entusiasmo seja tão grande
10 anos. O bom gosto e a determina- a menos que ele estivesse absolutamen- que a faça pensar em um dia construir
ção do seu dono o transformaram em te restaurado, lindo, brilhando. um hot rod também.
Chevy Coupé 1933
Hot Rods 50
Faça você mesmo!
Hot Rods 51

Versão duas portas de clássico recebe mecânica 2.0 GM,


injeção eletrônica e rodas aro 18”; entusiasta decidiu fazer
projeto próprio em vez de comprar raridade
Texto: Bruno Bocchini:: Fotos: Ricardo Kruppa
Chevy Coupé 1933

A
publicidade esbanja um dos mento” ao observar um anúncio de A carroceria do modelo seguiu a recria-
fatores fundamentais para con- uma empresa que faria encomendas ção do cupê de 1933: três janelas em
vencimento: o encanto. Agora, do modelo. Mas como o entusiasta fibra de vidro. O chassi tubular foi desen-
imagine uma peça publicitária não tinha capital para investir na volvido especificamente para a réplica
Hot Rods 52

que prevê a venda de unidades aquisição do carro decidiu fabricar a do Chevy, soldado pelo processo TIG
raras do modelo Chevy Coupé 1933 própria réplica. “Eu já queria ter um com tratamento especial de pintura para
com 140 cv e injeção eletrônica. carro como o Chevy, mas não tinha evitar a ferrugem. “A ideia era manter a
Para qualquer apaixonado por clás- o dinheiro para comprar naquele fidelidade do original, mas, claro, com
sicos, a oportunidade instiga. Milton período de reservas do modelo, então uma estrutura leve”, garante Milton.
Fontes, 61 anos, empreendedor de decidi que faria meu próprio cupê. A suspensão para a réplica do Che-
São Paulo, sofreu esse “encanta- Isso foi em 2010”, comenta Milton. vy recebeu, na dianteira, bandejas
Hot Rods 53
Chevy Coupé 1933

tubulares do modelo Ford Mustang Totalmente artesanal e comandado por TRADIÇÃO E TECNOLOGIA
II e, na traseira, um sistema four Milton, o projeto somou ainda mecâni- No interior, o modelo exibe linhas tradi-
link com amortecedores coil over e ca GM 2.0 8 válvulas flex do Astra e cionais com os instrumentos de velocí-
Hot Rods 54

regulagem de altura. “Como este é injeção eletrônica FT 400 da Fueltech. metro ao centro e marcadores de água
meu primeiro protótipo, resolvi que “Sou marinheiro de primeira viagem na e combustível. Os detalhes vão para o
irei ficar com ele como vitrine e, por construção de carros e não conhecia adesivo da bandeira norte-americana
meio de encomendas, irei fabricar ninguém para me auxiliar, tudo foi difí- aplicado ao painel e o teto em veludo
outros, pois já fabriquei os moldes cil. Muitas coisas tive que refazer até marrom. Para harmonizar, Milton optou
e o gabarito do chassi e da suspen- acertar, mas diante da insistência acabei por bancos de couro caramelo claro,
são”, explica. gostando muito desse projeto”, conta. com o mesmo tom da forração – assim
Chevy Coupé 1933
Mecânica
Bloco GM 2.0 8 válvulas e inje-
ção eletrônica FT 400 da Fueltech

Interior
Teto em veludo, bancos em couro
claro, tapeçaria e forração em tom
claro e couro, volante em inox da
marca Summit, instrumentos origi-
nais, rádio AM/FM e botões para
acionamento dos vidros

Exterior
Pintura do tipo ‘saia e blusa’ nas
cores prata “escuna” e azul ‘paci-
fic’, friso vermelho, puxadores
cromados, rodas Wells aro 18”
O Chevy construído por Milton Fontes tem com pneus de medidas 235x50
atrás e 245x40 na frente.
pintura bicolor e interior com bancos de couro
Quem fez?
como a coluna central (também forrada de medidas 235x50 atrás e 245x40 Chassi e carroceria - o proprietá-
em couro). Um dos “mimos” que a répli- na frente. “Recebi muitos elogios. Ainda rio, Milton Fontes (11) 2957-3400
ca sugere está diante dos vidros – acio- mais quando digo que eu o fabriquei e e oficina Bergertec (19) 7802-
nados por meio de comandos elétricos. que não sou engenheiro, muito menos 2072; Mecânica e suspensão
Já o volante segue a linha old school da mecânico. Sou determinado e persisten- - Max Motor (www.retificamaxmo-
marca Summit. te porque a construção de um projeto tor.com.br); Fibra e molde - Perso-
A estética externa do Chevy 33 é audacioso como este eu comparo a uma nal Parts (www.personalparts.com.
revigorada pela pintura do tipo “saia e ponte em que você vai andando e ela br); Tapeçaria - Leandro Interiores
blusa” nas cores prata ‘escuna’ e azul vai se quebrando atrás. Se parar você (11) 96838-8160 e aquisição de
‘pacific’, além do friso vermelho que cai, perde tudo. O jeito é continuar e peças importadas - America Parts
contorna a carroceria. Milton adaptou terminar o projeto. Fiquei muito contente (www.americaparts.com.br).
também as rodas aro 18” com pneus com esse resultado”, comemora Milton.

Hot Rods 55
Garage Tech

Novos espaços
Veja a solução criativa encontrada para a falta de
espaço para a adaptação de um motor
Texto e fotos: Norberto Jensen

U
m dos desafios mais comuns enfrentados pelos rodders impedia que o motor ficasse na posição desejada. Para solucio-
nos serviços de adaptações é conseguir achar espa- nar este problema, conseguimos uma opção de outro formato de
ços para instalar os novos componentes. cárter, de outro veículo que se utiliza do mesmo motor mas com
Nesta edição vamos mostrar como resolver uma situa- espaço e disposição diferente ao nosso. Isso é muito comum na
ção como esta, de falta de espaço, com uma solução maioria dos motores existentes, mesmo sendo 4, 6 ou até os V8.
que consideramos prática, fácil e de baixo custo. Dúvidas e sugestões para esta seção, escreva para supor-
Na adaptação do motor neste hot, o cárter de óleo do motor te@hotcustoms.com.br

01 Ao colocarmos o motor no habitáculo do carro, notamos que


o cárter encostaria na travessa da suspensão, impedindo o seu
posicionamento correto

02 03
Hot Rods 56

Vista de frente: fica impossível chegar com o motor


Este cárter possui a sua parte mais baixa na posição frontal
mais à frente e para baixo
04 05

Localizamos um cárter de molde diferente, do mesmo motor, Vista frontal: reparamos que ele possui a sua parte mais baixa
mas para aplicação em outro veículo deslocada mais para o centro do motor

06 07

Começamos soltando os parafusos que fixam


Diferente do formato do cárter atual
o cárter ao bloco do motor

08 09 Hot Rods 57

Após escoar o óleo do motor, retiramos com cuidado o cárter O cárter original retirado
Garage Tech

10 11

Limpamos a superfície do bloco retirando restos de juntas,


A chapa de proteção interna precisa ser retirada também
colas e oleosidades

12 13

A chapa de proteção retirada Limpamos também para que seja recolocada

14 15
Hot Rods 58

Recolocamos o conjunto de chapa de proteção e o novo cárter Inserimos os parafusos de fixação


16 17

Aperte bem todos os parafusos com o cuidado


de esmagar a junta de vedação O novo cárter instalado

18 19

Vamos reposicionar o motor no carro para verificar se agora o Com o motor posicionado, logo vemos que o motor foi deslocado para
espaço será suficiente frente em quase 80 mm, o que foi suficiente para a sua correta adaptação

20 21 Hot Rods 59

O motor pôde também ser abaixado em quase 60 mm,


O cárter ajudou a ganhar espaço também na vertical
o que ajudou em muito
Vitrine

Rode com estilo


A Cosmos Wheels sugere aos leitores de Hot Rods o modelo
Scarabajo, disponível na medida 17x7” e nos acabamentos preto
brilhante, grafite e cinza com borda polida.
Informações: cosmoswheels.com.br ou tel. (41) 3367-4844.

Refresco para o Maveco Faísca forte


A sugestão da Original Hot Rod nesta O destaque da Veloparts é a bobina de ignição Blaster 2 MSD,
vitrine é o radiador de alumínio 4 colmeias que despeja 45.000 V de potência, o que corresponde a 15.000
para o Ford Maverick. V a mais em relação às bobinas originais. A peça funciona com
Informações: www.originalhotrod.com.br módulos de ignição originais do seu carro ou módulos MSD.
ou tel. (11) 2640-3453 e (11) 7823-3123. Informações: www.veloparts.com.br ou tel. (51) 3593-8881.

Cereja do bolo
Quer deixar seu hot rod ainda mais
completo? A VFort Pneus dispõe de uma
Hot Rods 60

linha de rodas especiais. Destaque para


os modelos Solid com miolo creme e
borda cromo e Solid cromo.
Informações: www.vfortpneus.com.br
ou tel. (41) 3254-5222.
Hot Rods 61
vitrine

Edelbrock na America Parts


O destaque da America Parts inclui dois
itens da famosa marca americana Edelbrock,
tampa de válvulas e filtro de ar Serie Elite II.
Consulte os modelos disponíveis.
Informações: (11) 2647-1496 ou
americaparts.com.br

Pensou comando?
A Sobe Comando tem tradição na retífica de comandos esportivos e
atua no mercado desde 1971.
Informações: Sobeocomandoesperto.com.br ou tel. (11) 4584-1734 e
(11) 99570-8587.

SOS bateria
Auto Meter na Pro-1 Ficou sem bateria? O Auto-resgate
Cardoso oferece serviço de SOS e venda
O destaque da Pro-1 é o contagiros 10.000 Rpm de bateria com entrega grátis e aceita
elétrico de 5” Sport Comp da Auto Meter. cartão de crédito.
Informações: www.pro-1.com.br ou tel. 0800- Informações: Tel. (11) 3714-0989 ou
771-7761/ (11) 3045-5544. autoresgatecardoso.com.br

Soluções em rodas
A Rodas Santa Rita oferece serviços de conserto, restauração
e reconstrução de rodas para carros antigos, além de rodas
no modelo original para reposição com originalidade, rodas
customizadas com aros mais largos, cromados e de medidas
Hot Rods 62

diferentes da original.
Informações: www.rodassantarita.com.br ou (11) 3816-3015 e
(11) 3031-6580.
Hot Rods 63
mustang 1968:
eleanor À Brasileira

classic hot rods ford ranchero 57/59


Réplica Ford Mustang Eleanor 1968

GTalentoso!
Réplica brasileira do muscle car que ganhou fama em filme
“60 Segundos” provoca entusiastas com o ronco do
V8 302 5.0 e o design fiel ao estilo americano
Texto e fotos: Bruno Bocchini
Hot Rods 66
Hot Rods 67
Réplica Ford Mustang Eleanor 1968

S
Hot Rods 68

e você, além de carregar fana- GT500 1967 cobiçado por Randall Mustang que terminaram as gravações
tismo por automóveis, gosta de Memphis Raines, um ladrão de carros do longa-metragem inteiros – cinco
assistir a filmes que tratam do interpretado pelo ator Nicolas Cage. exemplares viraram sucata.
tema, certamente vai se lembrar Há três anos, um dos exemplares do As réplicas do Eleanor foram construí-
do longa “60 Segundos”, de Eleanor usado nas filmagens foi vendi- das pela empresa Cinema Vehicle Servi-
2000. Na história aparece o icônico do por cerca de 2 milhões de reais nos ces, especializada em desenvolver veí-
Eleanor, um belo Mustang Shelby Estados Unidos. Esse foi um dos sete culos para produções cinematográficas.
O curioso é que nenhuma delas era um
legítimo Ford Mustang Shelby, mas sim
cópias montadas sobre Mustang 1967
convencionais. Um 13º Eleanor, este
sim baseado em um Shelby GT500
1967 original, chegou a ser prepara-
do, a pedido do produtor executivo do
filme, Jerry Bruckheimer, mas ficou de
fora das gravações.
Anderson Trevisan, 28 anos, e Wagner
Trevisan, 55, estão à frente da empre-
sa Classic Hot Rods, de São Paulo,
e – assim como os norte-americanos
da Cinema Vehicle Services, decidiram
emplacar um projeto de réplica do
“mito” Eleanor. “Dentre todos os projetos
que realizamos na nossa oficina ainda
não havia nenhum do perfil do Mustang.

Hot Rods 69
Réplica Ford Mustang Eleanor 1968

Exterior tem pintura grafite e rodas Cobra


Fizemos picapes Ford e Chevrolet, con- em 2007. “Como não havia cliente para entregar 400 cv e utilizado nas filmagens
versíveis e cupês, mas nada do padrão esses carros, optamos por, primeiramen- de “60 Segundos”. A receita contou com
muscle car. Meu pai, Wagner, assim te, fazer o hard top, depois, em 2009, um retrabalho leve diante do comando de
como meu irmão Glauco, têm admira- fabricamos o fast back. Só conseguimos válvula roletado e o coletor de admissão
ção pela história do Mustang e poder finalizar essa réplica do Eleanor em 2013 Edelbrock Performer alimentado por uma
Hot Rods 70

fabricar um com nossas próprias mãos porque trabalhamos com ela em segundo quadrijet Edelbrock 650 mecânica. Com-
foi algo envolvente”, explica Anderson. plano, pois na frente havia outros carros pletaram o conjunto a ignição Procomp,
Responsável por todo o projeto de constru- de clientes”, comenta o preparador. coletor de escapamento dimensionado,
ção, a Classic Hot Rods desenvolveu mol- Para embalar o estilo americano da versão abafador de escapamento Flow Master,
des do hard top, conversível, fast back e Eleanor, Trevisan escolheu o tradicional a transmissão manual de cinco marchas,
Eleanor do Mustang 1968. O projeto de bloco Ford V8 302 5.0 com 250 cava- diferencial blocante e freios a disco nas
fabricar as versões do Mustang teve início los – diferente do V8 5.7 litros capaz de quatro rodas. “Todo projeto sempre é pos-
Hot Rods 71
Réplica Ford Mustang Eleanor 1968

sível ser melhorado. Ainda preciso trocar vermelho que aciona o injetor de óxido divertir”, sugere Anderson.
o volante por um modelo de madeira. No nitroso “de mentirinha” igual ao Mustang Apesar de não contar com todo o vigor do
mais, estou extremamente satisfeito com o original. O modelo ainda conta com um Eleanor original, a réplica brasileira não
conjunto”, diz. sistema simples de som, mas para entusias- deixa a desejar e garante boa diversão
O Eleanor exibe faróis auxiliares no centro tas que gostam de ouvir o ronco do V8, nas mãos da família Trevisan. E mesmo
do para-choque dianteiro, spoilers laterais, ele se torna um simples acessório. depois de tanto tempo em que o ícone da
capô e tampa do porta-malas, além da “Já viajei com ele para a capital parana- Ford apareceu nas telonas, a aceitação à
tradicional cor grafite, faixas pretas e ense durante o Curitiba Motor Show por réplica é positiva, segundo Anderson. “Até
emblemas da linha Shelby GT500 espa- dois anos seguidos e sempre dirigindo de hoje a aceitação é espetacular. É uma
lhados pela carroceria. O interior é igual pé em baixo. O nosso Eleanor foi e voltou réplica elogiada até pelos mais exigentes.
ao de um Mustang comum, com cinco gloriosamente sem dar problemas, além Isso traz um orgulho indescritível para nós
instrumentos – sendo três menores (um mar- de nos acompanhar em viagens mais cur- da oficina”, comemora.
cador de combustível, outro de pressão tas. Pelo menos uma vez por semana, ou
de óleo e um de temperatura) e mais dois no máximo a cada quinze dias, ele vai
que mostram giro do motor e velocidade.
A alavanca de câmbio, para cinco mar-
para rua, tanto para prestigiar eventos e
encontrar amigos ou apenas para gastar
Ford Mustang 1968
chas, é do tipo sequencial e tem um botão um pouco a borracha dos pneus e nos
Mecânica
Anderson (à esq.) e Wagner Trevisan com a Bloco V8 302 5.0 com 250 cavalos,
comando de válvula roletado, coletor
réplica que construíram do famoso Eleanor de admissão Edelbrock Performer, Qua-
drijet Edelbrock 650 mecânica, ignição
Procomp, coletor de escapamento
dimensionado, abafador de escapamen-
to Flow Master, transmissão manual de
cinco marchas, diferencial blocante e
freios a disco nas quatro rodas

Interior
Bancos de couro, forração em preto,
alavanca de câmbio sequencial com
botão vermelho, instrumentos da linha
Shelby, sistema de som com kit básico
de falantes e volante Shutt

Exterior
Pintura na cor grafite, faixas pretas
que percorrem o centro da carroceria,
emblemas Shelby GT500, detalhes cro-
mados como a tampa de combustível e
rodas da linha Cobra

Quem fez?
Hot Rods 72

Wagner, Glauco e Anderson Trevisan,


da Classic Hot Rods. (11) 4472-9132
- www.classichotrods.com.br e no Face-
book www.facebook.com/ClassicHR;
Tapeçaria confeccionada por Comfort
O motor é um V8 302 5.0 que gera 250 cavalos Couros (11) 4319-9424.
Hot Rods 73
Empresa

Expertise
Mais de três décadas de imersão no universo dos hot rods:
este é o cartão de visita do proprietário da Classic Hot Rods
Reportagem: Vitor Giglio:: Fotos: Ricardo Kruppa

V
Hot Rods 74

erdadeiros apaixonados por hot processo seletivo do que são quando O protagonista desta reportagem, aliás,
rods são aqueles que confiam procuram um médico para si mesmos. é um destes profissionais que dispensa
a pouquíssimas pessoas o privi- É por este motivo que, neste universo, o apresentações: são nada menos do que
légio de mexer em seus carros. conhecimento, a experiência e a baga- 32 anos vivendo neste universo, dos
Muitos rodders são tão criteriosos gem adquirida ao longo dos anos são quais 26 foram vivenciados à frente de
na hora de buscar uma oficina que fatores primordiais no cartão de visita uma renomada oficina, que até hoje é
chegam a ser até mais rigorosos no de qualquer profissional. referência para projetos dos mais varia-
mas logo retornou o desejo de fazer
algo próprio, por conta”, revela.
Conheça mais sobre a história da Clas-
sic Hot Rods, de Wagner e da família
Trevisan, em bate-papo, a seguir:
Revista Hot Rods: Wagner, conte-nos
quando foi criada a Classic e os moti-
vos que levaram à sua fundação.
Wagner Trevisan: Começamos com
esta oficina em 1990, em Santo André
(SP). Fui criado neste ambiente de ofi-
cinas. Em um momento da minha vida
eu gerenciei empresas do setor, mas
então veio o desejo de fazer algo pró-
prio. Como um amante de hot rods e
frequentador de eventos e encontros, eu
vi que faltavam bons profissionais para
trabalhar com carros antigos, então isso
me estimulou bastante.
HR: De que maneira a Classic Hot
Rods se diferenciou das demais oficinas
naquele momento?
WT: Nós criamos uma réplica de fibra
do Chevy 1934, em meados de 1990,
e foi um projeto bem inovador naquele
momento. Em 1996 nós importamos o
kit do Willys americano, por exemplo.
Nós sempre procuramos trabalhar de
maneira idônea e correta, visando tanto
a segurança dos nossos clientes quanto
a melhora do carro em si.
HR: Já se passaram 26 anos desde
a abertura da oficina. Uma oficina
que é diferenciada por atuar em um
mercado bastante segmentado. Qual
o segredo do sucesso da Classic ao
longo destes anos?
WT: Sempre trabalhamos respeitando
o prazo de entrega e os preços prati-
cados. Além disso, não terceirizamos
Todas as etapas da construção do carro são absolutamente nada. Tudo é feito aqui:
lata, fibra, mecânica, pintura, tapeça-
executadas pela própria Classic Hot Rods ria. Somos confiáveis e estamos sempre
dispostos a corrigir e melhorar o que
Hot Rods 75

dos, seja em lata, fibra, exija mecânica existe desde sua infância, quando seu for necessário. Acredito que este seja o
ou pintura. Estamos falando de Wagner pai, Reinaldo, era proprietário de uma, motivo pelo qual a gente receba inúme-
Trevisan, 57 anos, proprietário da Clas- e posteriormente seu irmão, Walter, ros projetos de proprietários insatisfeitos
sic Hot Rods. outro profissional do ramo. “Fui criado com outras oficinas que acabam trazen-
Ao lado do filho, Anderson Trevisan, neste ambiente de oficinas. Em um do o carro para cá.
Wagner dá continuidade à ligação da momento da minha vida cheguei a tra- HR: Neste caso, a melhor propaganda
família Trevisan com oficinas, algo que balhar em algumas empresas do ramo, então é o boca-a-boca?
Empresa

WT: Com certeza! É a indicação dos modificado e pintado algumas vezes, que ões, mas não para carros, pois o lobby
nossos clientes que traz novos interessa- inclusive já saiu na Revista Hot Rods, bem de montadoras aqui é muito forte.
dos para cá. Muitos de nossos clientes como outros carros bacanas que já foram A partir deste ano, ao invés de facilitar
já estão no terceiro ou quarto projeto alvo de matéria aí na revista também. o nosso trabalho, a lei enrijeceu e ago-
conosco, portanto digo que não são mais Eu, particularmente, gosto bastante de ra é praticamente impossível fabricar um
clientes, apenas, mas sim amigos. E a algumas caminhonetes que fizemos, carro com a característica que nós que-
confiança que essas pessoas têm em nós quando montamos mecânica de Hilux, remos, então, basicamente nos cabe
é diretamente responsável por trazer para Triton e Ranger com carrocerias como agora a tarefa de reformá-los, sem que
cá clientes que ainda não nos conhecem. F1, Marta Rocha ou F-100. Tem tam- a estrutura original seja modificada, ou
HR: Conte-nos sobre a estrutura da bém um Galaxie 1967, azul, muito então fica praticamente impossível de
Classic Hot Rods. bacana. São vários, mas estes são conseguir regularizar a documentação.
WT: Estamos localizados em sede alguns dos quais me recordo. HR: Deixe um recado para os leitores
própria, em Santo André, São Paulo. HR: É muito difícil trabalhar com veícu- de Hot Rods.
Trabalhamos em quatro pessoas (eu, meu los antigos no Brasil? WT: Aqui na Classic Hot Rods os clientes
filho e mais dois funcionários) e com essa WT: Demais. Até mesmo porque acompanham o desenvolvimento do
equipe costumamos trabalhar em até aqui a legislação não ajuda. Falta projeto, passo-a-passo. Nunca tivemos
quatro veículos simultaneamente. Aqui os conhecimento por parte das entidades problema com nenhum cliente ao longo
prazos são respeitados seguindo um acor- reguladoras e principalmente dos legis- destes 26 anos. Aqui tudo que é feito e
Hot Rods 76

do estabelecido em contrato. Ficamos em ladores. O brasileiro sempre gostou de acordado é registrado em contrato, docu-
média de seis a oito meses trabalhando carro e nunca teve tanta diversidade mentado. Transformamos clientes em ami-
em cada carro, mas todos eles, há 26 por diversos fatores. E quando a gente gos e aqui os amigos sempre tem razão.
anos, são entregues dentro do prazo. se propõe a fomentar e expandir essa
HR: Cite alguns dos projetos dos quais cultura, as leis aqui jogam contra. Classic Hot Rods
você mais teve orgulho em participar. No Brasil você pode importar e produ- www.classichotrods.com.br.
WT: Fizemos um Willys 1941 que já foi zir qualquer coisa para lanchas ou avi- (11) 4472-9132/ (11) 99872-0611
Hot Rods 77
Original

Ford Ranchero
1957-58-59
Conheça um pouco mais dessa bela picape Ford,
feita a partir do carro de passeio
Texto: Aurélio Backo::Fotos: Divulgação

Ford Ranchero 1957: picape, mas com o luxo do automóvel

P
A origem
Hot Rods 78

ara 1957, a Ford lançou duas roceria do automóvel – a Ranchero.


novidades. Primeiro um luxuoso A escolha do nome da picape foi Em 1955 a Chevrolet lançou a Cameo,
conversível com um inédito teto muito adequada, pois significava, em uma versão da sua picape convencional
de metal dobrável que se escon- espanhol, o trabalhador de fazendas com várias novidades de estilo. A mais
dia no porta-malas – o Skyliner. de gado. Na tampa da caçamba notável diferença com a picape “normal”
E, no extremo oposto, uma espartana, havia até um emblema no formato de era a caçamba com as laterais na largura
mas inédita, picape com base na car- cabeça de gado. da cabine. O usual eram as caçambas
Ford Ranchero 1957: versão Custom tinha frisos externos; a standard não

estreitas com os para-lamas avulsos. Além


disso, a Cameo tinha interiores coloridos,
frisos externos decorativos e pintura em
mais de uma cor. Esse lançamento mos-
trou que havia compradores para picapes
mais luxuosas, que apresentassem as
amenidades dos automóveis.
A Ford, ao invés de fazer uma picape
parecer um automóvel, fez o contrário:
transformou seu automóvel numa picape!

1957
Em outubro de 1956, a Ford lançou
a sua nova linha para 1957. Um
automóvel 100% novo e que compar-
Ford Ranchero 1957: o modelo derivava da station wagon tilhava apenas partes mecânicas com
e tinha uma ampla caçamba o modelo de 1956. Era mais longo
e mais baixo e, em sintonia com
seu tempo, ganhou rabos de peixe!
Outros detalhes chamativos eram a
ponta do para-lama dianteiro, que
avançava sobre o farol, a coluna
do para-brisa com ângulo invertido
e a abertura da roda traseira em
formato de semigota. Três detalhes
que sugeriam movimento, mesmo
quando o carro estava parado. Todo
esse pacote de novidades da linha
1957 foi agregado à nova picape
Hot Rods 79

Ford Ranchero. Construtivamente, a


Ranchero compartilhava partes da
station wagon de duas portas. Era
ofertada em duas séries: standard e
custom. A última versão era a mais
Ford Ranchero 1958: nova frente inspirada no Thunderbird 1958, equipada e custava apenas 51 dóla-
quatro faróis e scoop no capô res a mais (2,5% mais cara). Esses
Originais

dólares adicionais acrescentavam ao


modelo: frisos nas laterais, quebra-
-sóis duplos, aro de buzina e um inte-
rior mais luxuoso. Externamente as
Custom podiam ser pintadas em dois
tons, sendo um sempre o branco.
Donos de Ford mais antigos teriam dificul-
dade de abrir o capô do novo carro, pois
esse, pela primeira vez, abria para a fren-
te. Uma vez aberto, quatro motores pode-
riam aparecer dentro do cofre da picape.
O menor de todos era um motor de seis
cilindros em linha de 3,6 litros e 144 HP.
As demais opções eram motores V8 de
4,5 litros e 190 HP, 4,8 litros e 212 HP Ford Ranchero 1958: traseira manteve as lanternas redondas de 1957
e, por fim, o maior, com 5,1 litros que
poderia ser equipado com um compressor
desenvolvendo então 300 HP.
No final da “safra” de 1957,
21.705 Rancheros foram vendidas.
Uma quantidade pequena se compa-
rada ao total de 1.633.688 automó-
veis Ford 1957 produzidos.

1958
Para 1958, o Ford ganhou uma
nova frente, que se inspirava no
esportivo da marca, o Thunderbird.
Pela primeira vez o Ford era equi-
pado com quatro faróis, uma nova
tendência da indústria automotiva.
Assim como no T-Bird, sobre o capô Ford Fairlane 1958: a Ranchero não ganhou as quatro lanternas
do novo carro havia um scoop, mas que os automóveis usavam
Hot Rods 80

Ford Ranchero 1959: toda a linha 1959 era nova, inclusive a picape
que tinha função apenas decorativa. de 4,8 litros e 205 HP, V8 de 5,4 um Ford totalmente novo foi desenvolvido.
A picape Ranchero 1958 comparti- litros e 265 HP e V8 de 5,7 litros e Apenas o chassi e as partes mecânicas
lhava todas essas novidades, exceto 300 HP. foram aproveitados do modelo anterior!
as quatro novas lanternas traseiras. O ano de 1958 não foi um bom O novo carro era extremamente elegante
A nova picape manteve as mesmas ano para todas as montadoras norte- e foi agraciado com a medalha de ouro
lanternas arredondadas da versão -americanas. E como a Ranchero já não por “estilo excepcional” ao participar
1957. Se o novo estilo de ilumina- era mais uma novidade, apenas 9.950 na Europa da Exposição Mundial de
ção fosse adotado, duas das quatro foram produzidas. Bruxelas de 1959. Na frente os quatro
lanternas traseiras ficariam na tampa faróis foram mantidos e a grade recebeu
da caçamba. O manuseio da tampa 1959 dezenas de estrelas suspensas. As luzes
aumentaria o risco de danificá-las. A indústria automobilística norte-america- direcionais passaram da grade para as
Os motores disponíveis para esse na sempre foi muito competitiva e agressi- extremidades do para-choque. No topo
ano eram o motor de seis cilindros va, especialmente nesses anos dourados das laterais traseiras foram incorporados
em linha de 3,6 litros e 145 HP, V8 da década de cinquenta. E, para 1959, tubos, que se assemelhavam a turbinas.
Nas extremidades desses tubos eram
instaladas as luzes de ré. As lanternas
traseiras voltaram ao estilo circular de
1957, mas ficavam instaladas dentro
de discos cromados enormes. As luzes
traseiras pareciam autênticas turbinas! À
noite o efeito era ainda maior, pois a luz
vermelha da lanterna refletia nas paredes
internas do disco cromado. A Ranchero
1959 ganhou todas as alterações de
estilo do automóvel, inclusive as enormes
lanternas traseiras. Os motores disponíveis
eram os mesmos do ano anterior.
Apesar de todas as novidades, apenas
14.169 Rancheros 1959 foram pro-
duzidas. E o ano de 1959 fecha a pri-
meira geração da picape “automóvel”
da Ford. A partir de 1960, a Ranchero
passaria a ser feita com base no Fal-
con, um carro pequeno da Ford.
A Ranchero seria produzida até 1979,
Ford Ranchero 1959: lanternas traseiras pareciam turbinas e nesses 23 anos fecharia um total de
sete gerações.
Hot Rods 81

Ford Ranchero 1959: grade dianteira Ford Ranchero 1960: a base passou a ser o pequeno Falcon,
adornada com dezenas de estrelas não mais o carro “normal” da Ford
JUNHO

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