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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA___VARA CÍVEL DA COMARCA DE ______________


(Conforme art. 319, I, NCPC e organização judiciária da UF)

NOME COMPLETO DA PARTE AUTORA, nacionalidade, estado civil (ou


a existência de união estável), profissão, portador da carteira de identidade
nº xxxx, inscrita no CPF/MF sob o nº xxx, endereço eletrônico, residente e
domiciliado na xxxx (endereço completo), por seu advogado abaixo
subscrito, conforme procuração anexa (doc. 01), com endereço profissional
(completo), para fins do art. 106, I, do Novo Código de Processo Civil, com
fulcro no Arts. 319, 308 e seguintes do NCPC, artigos úteis do Código de Defesa do
Consumidor e artigos 196 e 197 da CF/88, vem mui respeitosamente a V. Exª, propor a
presente

AÇÃO DE REEMBOLSO C/C NULIDADE DE ITENS DE CLÁUSULA E


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

contra a _____________, localizada na Rua _____________, inscrita no CPNJ sob o


nº _____________, pessoa jurídica de direito privado, com sede na _____________,
inscrita no CNPJ sob o nº _____________, endereço eletrônico, pelos relevantes
motivos de fato e de direito adiante expostos:

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Na busca que norteia o negócio jurídico, é dever do cidadão perquirir a sua


essencialidade econômica, ao espelho da teoria da vontade, diverso da simples
declaração, segundo a moldura do Art. 85 do antigo Código Civil.

Segundo os ensinamentos de J. M. Othon Sidou e Orlando Gomes, o processo


de formação dos contratos de adesão propicia abusos e manipulações por parte de
quem estabelece as condições gerais, no que transcende a autonomia privada.
Assim, ao invés de conferir o equilíbrio necessário às aspirações do aderente-
contratante, acaba por iludi-lo, frustrando-o em seus anseios de proteção no
momento angustiante que tem de se valer do pactuado.
Nesses casos, tem o Julgador um papel relevante de proteger o
contratante/aderente contra o artifício manipulador da sua captação ao pacto.

É justamente nesse contexto que estão inseridos os fatos abaixo narrados, que
constituem a causa imediata da propositura da presente ação.

DOS FATOS

A medida judicial ora impetrada visa a proteger direito inconteste da parte


Autora, consubstanciando-se na utilização de plano de assistência médico-
hospitalar, objeto do contrato firmado com a______________.

A1ª Autorafirmou contrato de plano de assistência à saúde com a Ré


conforme proposta de admissão e condições gerais em anexo (doc. __), com
códigos de identificaçãonº______________. Por se tratar de típico contrato de adesão,
as cláusulas foram unilateralmente elaboradas pela Operadora Ré, sem que tenha
tido a parte Autora o direito de discuti-las previamente, como de praxe são os
contratos de tal natureza.

Ressalte-se também que, desde o início da vigência do presente contrato,


em nenhum momento a Autoradeixou de cumprir com sua parte na avença,
pagando, em ______________ de 20__, o valor de R$ ______________ a título de
mensalidade conforme boletos em anexo (docs. ___).

Informa-se que a Autora é portadora das seguintes doenças, conforme


laudo médico (doc. __):

LAUDOS PARA FINS DE LICENÇA MÉDICA DE TRABALHO

Beneficiado:______________

PACIENTE ACOMPANHADA POR MIM EM CONSULTÓRIO


DELONGA DATA, PORTADORA DAS SEGUINTES COMORBIDADES:

 LÚPUS ERITRMATOSO SISTÊMICO, COM PASSADO DE


PLEURITE E PERICARDITE GRAVES.

 ARTROPATIA LÚPICA

 LÚPUS CUTÂNEO COM MULTIPLAS LESÕES

 FENÔMENO DE RAYNAUD RECORRENTE COM


ULCERAÇÃO EAMPUTAÇÃO DE FALANGES DISTAIS;

 SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDEO;

 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA;

 DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA;


Diante de tais diagnósticos, a 1ª Autora, necessitou ser internada em clínica
psiquiátrica no período de ______________ a ______________, uma vez que apresentava
quadro de depressão, apatia, insônia e falta de apetite, tendo como diagnóstico F
29 (CID 10), (doc.__).

As despesas decorrentes de tal tratamento foram por ela/ 1ª


autoracusteadas (docs.__), para num momento posterior adentrar com a solicitação
de reembolso.

Acontece que, quando solicitado tal reembolso, (doc.__), a Operadora Ré


se recusou a arcar com o ônus que lhe cabe, almejando repassá-lo para a 1ª Autora.
Fato que trouxe grandes transtornos para a parte Autora e que ensejou a presente
demanda.

Diante dessa situação vexatória, a Autora tentou resolver esse impasse de


maneira administrativa, não obtendo êxito, diante da ausência de resposta da
Operadora Ré.

Ressalte-se que, a saúde, como premissa básica no exercício da cidadania


do ser humano, constitui-se de extrema relevância para a sociedade, pois diz
respeito à qualidade de vida, escopo de todo cidadão, no exercício de seus direitos.
Na esfera jurídica, o direito à saúde se consubstancia como forma indispensável no
âmbito dos direitos fundamentais sociais.

Em síntese, a Autoraviu seu direito de prestação à saúde ser violado, perante


o não reembolso integral de suas despesas de Internamento, na Clínica
_____________, objetivando com a presente demanda, o ressarcimento do valor no
total de R$ ______________ conforme documentos anexos.

DO DIREITO

A Lei 8.078, de 1990, CDC, no seu Art. 83, assegura o ajuizamento de


qualquer tipo de ação, sempre que tiver em jogo e em riscos o direito de um
consumidor, preconizando:

“Para a defesa do direito e interesses protegidos por este Código, são


admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua
adequada e efetiva tutela”.

Em virtude da desorganização do sistema de saúde pública (SUS) do Brasil, o


cidadão vê-se obrigado a contratar seguros e planos de saúde com intuito de firmar
seu acesso à mesma e, desta forma, garantir uma qualidade de vida digna. Para
que possa fazer parte desses planos, o cidadão é obrigado a firmar contrato de
adesão, formando-se então a relação de consumo. Os contratos de adesão
tornaram-se matéria da mais polêmica na atualidade, pois, nesses contratos, não é
dada a possibilidade de discussão das condições assumidas com a parte
contratante.
Denota-se, que o Contrato em comento, é de fato e de direito um
CONTRATO DE ADESÃO, contrato bastante comentado nos dias atuais, em que o
Consumidor não toma conhecimento das cláusulas ou, pelo menos, não têm
condições de discuti-las previamente, ou seja, a autora não tem condições de fazer
um estudo prévio do que tem direito ou não, tendo que assinar, porquanto as
questões já são elaboradas e deliberadas unilateral e previamente pela Empresa Ré.
Comprovando tal fato, o Tribunal de Justiça de São Paulo, através do Acórdão
nº02658856, afirma:

“Os planos de saúde e seguros funcionam como uma poupança


preventiva dos golpes do destino, entre eles as doenças que surgem
com surpresa. O paciente desconfiado da presteza da assistência
oficial oferecida pelo Estado, devido aos apertados subsídios
orçamentários que terminam por prejudicar a qualidade do
atendimento, adere, compulsoriamente, ao sistema de medicina
conveniada pagando prêmios para que as prestadoras reembolsem
médicos e hospitais credenciados, justamente porque não tem
condições econômicas de responder pelo custo da medicina
particular. Esses contratos possuem, portanto, função social relevante
e são celebrados para que as pessoas obtenham completa e integral
proteção do direito à saúde; essa é a razão do poder público permitir
que o serviço de medicina ser conveniado.”

Nesse sentido, a Jurisprudência tem pacificado de forma igualitária:

No contrato, a melhor interpretação é a que entende a conduta dos


contraentes, ou seja, o modo pelo qual eles o vinham executando
anteriormente, de comum acordo, pois a observância do atonegocial
é uma das melhores formas de demonstrar a interpretação autêntica
da vontade das partes, servindo de guia para solucionar dúvidas
levantadas por qualquer delas (RT-166/815-RF-82/138). - destaques
nossos.

Sendo assim, resta-se comprovada a necessidade de serem acordadas


todas as cláusulas presentes no contrato firmado entre o cidadão e a empresa
prestadora do serviço de saúde, a fim de que sejam tiradas todas as dúvidas,
principalmente no que diz respeito aos serviços prestados pela empresa Ré.

 DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL À SAÚDE DO CONSUMIDOR:

Os fatos relatados se apresentam como materialização de uma relação


jurídica estabelecida entre as partes a partir do contrato de prestação de serviços de
Assistência Médico-Hospitalar. Na linguagem comum, trata-se de contratação do
chamado “Seguro” saúde pela Autora, no qual a Operadora Ré está obrigada a
prestar os serviços necessários à saúde daqueles, ou através de rede credenciada de
médicos e hospitais, ocasião em que a Ré paga diretamente aos respectivos
profissionais e prestadores, ou mediante o reembolso das despesas efetuadas junto a
médicos e/ou hospitais não credenciados.

Há de serem ressaltadas, de início, disposições constitucionais acerca da


questão, como segue:
“Art. 196 – A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.

“Art. 197 – São de relevância Pública as ações e serviços de


saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei,
sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e,
também, por pessoa física ou jurídica de direito privado (grifos
nossos).

Dessas normas explicitadas, subsume-se facilmente ser a prestação de


serviços de saúde, uma atividade essencial. Assim sendo, o profissional qualificado
para tal análise são os médicos que cuidam dos pacientes, principalmente se
tratando do risco de vida que estava correndo a Autora. Desta forma, não se pode
admitir que mesmo pagando caro para a obtenção de plano de saúde ainda é
necessário pagar por fora um serviço, o qual seria de direito da segurada.

Não se defende aqui que a prestadora privada de serviços de saúde opere


sem lucros, até mesmo porque tal situação levaria à extinção das empresas,
causando grande mal-estar econômico e social indesejado à nossa sociedade.
Contudo, mesmo a atividade econômica, tem que considerar o consumidor em
posição privilegiada por expressa disposição constitucional, como evidente é a
vontade do legislador, como a seguir mostra-se:

“Art. 170 – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano


e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I – soberania nacional;
II – propriedade privada;
III – função social da propriedade;
IV – livre concorrência;
V – defesa do consumidor:
VI – defesa do meio ambiente;
VII – redução das desigualdades regionais e sociais;

Como se observa, o texto constitucional é taxativo, quando de forma


explícita assegura a existência de uma vida digna, desde que observados alguns
princípios, e, dentre eles está o da defesa do consumidor.

 DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ÀS RELAÇÕES


CONTRATUAIS DECORRENTES DE PLANOS E SEGUROS DE SAÚDE:

Segundo o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), em seu Art. 6º,


são direitos básicos do consumidor a proteção contra práticas e cláusulas abusivas
ou impostas no fornecimento de produtos ou serviços, a adequada e eficaz
prestação dos serviços públicos em geral. Esse dispositivo garante a proteção dos
consumidores de serviços em geral, particularmente dos serviços públicos latu sensu,
abrangendo nesse conceito o respeito e proteção à vida, saúde e segurança dos
consumidores pelos prestadores de serviços, assegurando de maneira correlata o
direito à efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais originários
das ditas relações de consumo, com segue:

“ I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos


provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços
considerados perigosos ou nocivos ;
II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos
produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a
igualdade nas contratações;
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e
serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem;
IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos
comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e
cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e
técnica aos necessitados;
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiência
IX – (VETADO);
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.”
(negrito de ora)

Caracterizada a prestação de serviço de natureza essencial e contínua


prestada pela empresa Ré, bem como, a lesão ao direito da Autora, não há como
negar a plena incidência do Código de Defesa do Consumidor à relação contratual
em tela, que determina seja compelida a Seguradora Ré a reembolsar os valores, no
total de R$ ______________, de TODAS AS DESPESAS INERENTES AO INTERNAMENTO da
autora visto que era essencial para sua saúde física e mental.

A aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos contratos decorrentes


de relações entre fornecedores de serviços de planos/seguros de saúde e seus
segurados (consumidores), constitui ponto pacífico na doutrina brasileira, verbi gratia
a opinião do Dr. Luiz Mário P. S. Gomes, procurador do Município de São Bernardo do
Campo, SP, manifestada em excelente artigo publicado na Revista Literária de
Direito, nº 18, julho/agosto de 1997, págs. 42/43, verbis:

“Mesmo quanto aos hospitais ditos particulares, a regra


do Código de Defesa do Consumidor é diretamente incidente, já que
se trata de serviço público delegado pelo Estado.
A subsunção ao regime jurídico do consumidor resulta em
benefícios efetivos para todos aqueles que se submetem aos
tratamentos médico-hospitalares. Entre os mais importantes desses
benefícios estão:
a) a responsabilidade objetiva dos hospitais quanto ao serviço
prestado, quer pelos seus efeitos (fato do serviço) quer pela sua
própria execução (vício do serviço). Essa espécie de responsabilidade
não só encontra fundamento no Código de Defesa do Consumidor,
como também na Constituição Federal;
b) a possibilidade de tutelas cautelares e/ou antecipatórias,
para fim de resguardar tais direitos, bem como sanções
administrativas;
c) a inversão do ônus da prova quando tais demandas versarem
sobre temas atinentes a serviços hospitalares, entre outros.
Ante a inserção desses aplicativos específicos do Código
de Defesa do Consumidor, muitas são as repercussões.
Pensemos, preliminarmente, a conseqüente solidariedade
legal entre hospitais e planos/seguros de saúde (estes também
integrantes das relações de consumo).
O expediente comum de remover o paciente
(consumidor) do hospital, quando vencidos os prazos contratuais,
firmados com os hospitais e planos/seguros de saúde, implica a
possibilidade de responsabilidade destes, a ser auferida na hipótese
de danos, ou até mesmo evitada tal remoção cautelarmente.
Mais do que isso, os riscos a que submetem tais
contratantes (hospitais e planos/seguros de saúde) são de natureza
objetiva.
Outro aspecto prático é o saque prévio de títulos de
crédito a fim de garantir os débitos hospitalares.”
(...)
“Assim, a negligência quanto aos doentes esparramados
nos corredores dos hospitais, os profissionais despreparados, a
situação de omissão absoluta do Estado e a ânsia financeira dos
fornecedores de serviços médicos (hospitais e planos/seguros de
saúde) devem servir de motivação para aplicação dos instrumentos
postos pelo Código de Defesa do Consumidor à sociedade civil. É o
que se espera!” (sic, salvo destaques)

Deste modo, é inegável o direito daAutora de ser ressarcida/reembolsada


do montante gasto no tratamento realizado, pois, se o cidadão torna-se segurado
para ter os serviços relacionados à saúde garantidos, não se admite que tenha que
arcar com as despesas do referido tratamento, por ser questão de direito e justiça.

 DA ABUSIVIDADE E DA NULIDADE ITENS DE CLÁUSULA CONTRATUAL


ELABORADAS PELA EMPRESA EM DESCONFORMIDADE COM O CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR

Dispõe oart. 51, doCódigo de Defesa do Consumidor, que:

“São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais


relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I – Impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do
fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e
serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas
relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor-pessoa
jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações
justificáveis;
II e II – omissis;
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas,
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou
sejam incompatíveis com a boa fé ou a eqüidade;
§ 1 º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem
que:
I – omissis;
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à
natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou o
equilíbrio contratual
III – se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,
considerando-se a natureza e o conteúdo do contrato, o
interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso;
”(sic, salvo destaques)

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham


sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem
que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente
seu conteúdo. (...)

Estamos nos referindo aos ITENS _________e _____ da Cláusula __, do Contrato
em comento, que estabelece a questão REEMBOLSO com base na TABELA
______________ conforme fórmula expressa no subitem __, ou seja, trata-se de uma
equação inteiramente desconhecida e desfavorável para o/a associada, que após
arcar com todos os custos de qualquer procedimento médico-hospitalar, depara-se
com um valor irrisório de reembolso, sofrendo grande prejuízo financeiro.
O que se quer afirmar é que, ao prestar serviço de natureza essencial e contínua na
área da saúde, originalmente de competência do Estado e que a empresa Ré o faz
por delegação, deve fazê-lo integralmente, sem exclusões ou limitações
injustificadas, inclusive temporais, sem que possa submeter ao consumidor restrições
que não encontram fundamento legal, quiçá de cunho moral ou ético.
Não pode a empresa Ré ignorar as relevantes disposições legais adiante transcritas,
todas da Lei nº 8.078/90, in verbis:

Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não


obrigarão os consumidores, se não lhe for dada a oportunidade de
tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de
seu sentido e alcance”

Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais


favorável ao consumidor.

E como é evidente, ninguém deseja ou quer celebrar um contrato de seguro


saúde limitado no tempo ao bel prazer de uma das partes. E é justamente isto o que
faz a RÉ, que restringi o direito da Autora de ser submetidaao tratamento psiquiátrico
de que necessitou, quando se nega a pagar tais despesas e ainda reembolsa pelo
valor por ela estabelecido, bem abaixo do real valor despendido.

Destarte, em uma interpretação harmônica e coerente dos art. 51 e 54 do


CDC, concluímos que DEVEM SER NULOS de pleno direito os ITENS ____ e ___ da
Cláusula _, do contrato, que possibilita o REEMBOLSO DE FORMA DESFAVORÁVEL À
SEGURADA, limitando sobremaneira o direito do consumidor.
Por conseguinte, com base no CDC, requer a Autora a nulidade ITENS ____ e
___ da Cláusula _,do Contrato efetivado entre a parte autora e a ___________, por
serem abusivos e desfavoráveis à Autora.

 DA APLICAÇÃO DO ART. 42 DO CDC

Dispõe o art. 42. Da Lei 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor:

Art. 42 - Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será


exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento
ou ameaça.

Parágrafo único - O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à


repetição do indébito, por valor igual ao dobro ao que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável.

Em se tratando do caso específico em questão, é mister ressaltar a


importância do custeamento do tratamento de Internamento, haja vista que é seu
direito, sendo procedimento realizado em caráter de urgência que visou preservar a
vida da Postulante, não podendo, portanto, eximir-se a Operadora Ré de pagar tal
ônus.

Ademais, impõe-se a aplicabilidade deste dispositivo legal, porque, trata-se


de um pagamento indevido, já que essas despesas deveriam ter sido arcados pela
operadora Ré, o que não ocorreu, querendo imputar à consumidora o ônus que lhe
pertence.

Portanto, requer que seja compelida a Operadora Ré a reembolsar os


valores de TODAS AS DESPESAS INERENTES AO INTERNAMENTO A QUEAAUTORA SE
SUBMETEU,ressarcindo-a das despesas,no valor de R$ __________________, que deverá
ser pago em dobro por não ter sido pago o valor na ocasião certa, acarretando um
dano à autora, que em dobro corresponde ao valor deR$ _____________.

DA JURISPRUDÊNCIA PÁTRIA

Pede vênia a Autora,para trazer a baila, a mais límpida jurisprudência relacionada


ao tema discutido, senão veja:

APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. PLANO DE SAÚDE. CLÁUSULA RESTRITIVA DE


COBERTURA CONTRATUAL. INTERNAÇÃO EM CLÍNICA PSIQUIATRICA.
CLÁUSULA ABUSIVA. CDC. DANOS MORAIS POR DESCUMPRIMENTO
CONTRATUAL. DANO NÃO CARACTERIZADO. COMPENSAÇÃO DE
HONORÁRIOS. Apelo da ré desprovida e apelo da autora
parcialmente provido. Unânime. (Apelação Cível Nº 70030247597,
Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Léo Romi Pilau
Júnior, Julgado em 26/05/2011)
(TJ-RS - AC: 70030247597 RS , Relator: Léo Romi Pilau Júnior, Data de
Julgamento: 26/05/2011, Sexta Câmara Cível, Data de Publicação:
Diário da Justiça do dia 31/05/2011)

PLANO DE SAÚDE. RELAÇÃO DE CONSUMO. INTERNAÇÃO EM CLÍNICA


PSIQUIÁTRICA. SEGURADO ACOMETIDO DE QUADRO DEPRESSIVO
GRAVE, CARECEDOR DE TRATAMENTO EM PERÍODO INTEGRAL.
NEGATIVA BASEADA EM CARÊNCIA TEMPORÁRIA. ABUSIVIDADE DE
CLÁUSULA CONTRATUAL RECONHECIDA. PLEITO RECURSAL LIMITADO
AOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. VERBA ARBITRADA NO
PERCENTUAL DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. QUANTIA INEXISTENTE. FIXAÇÃO EM DESACORDO
COM AS NORMAS LEGAIS. INCIDÊNCIA DO DISPOSTO NO § 4º, DO ART.
20 DO CPC. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. Nas causas em que
não houver condenação os honorários de sucumbência devem ser
fixados consoante apreciação eqüitativa, considerando-se o grau de
zelo profissional, o lugar da prestação dos serviços, natureza e
importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo
despendido na prestação do serviço, revelando-se contrária à norma
legal o arbitramento de percentual sobre valor condenatório
inexistente.

(TJ-SC - AC: 20120555186 SC 2012.055518-6 (Acórdão), Relator: Ronei


Danielli, Data de Julgamento: 28/08/2013, Sexta Câmara de Direito
Civil Julgado)

Apelação Cível Obrigação de fazer cumulada com cobrança


Internação em clínica psiquiátricana modalidade particular em
decorrência de impossibilidade de internação na rede credenciada
(paciente agressivo) Recusa em ressarcir as despesas decorrentes da
internação Dever de oferecer alternativa para internação do autor
Reembolso devido. Nega-se provimento ao recurso.

(TJ-SP - APL: 9154381952009826 SP 9154381-95.2009.8.26.0000, Relator:


Christine Santini, Data de Julgamento: 20/06/2012, 5ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 27/06/2012)

DOS DANOS MORAIS

Por definição, danos morais são lesões sofridas pelas pessoas físicas ou
jurídicas, em certos aspectos de sua personalidade, caracterizados, no entanto,
sempre por via de reflexos produzidos, por ação ou omissão de outrem. São aqueles
danos que atingem a moralidade, personalidade e a afetividade da pessoa,
causando-lhe constrangimentos, vexames, dores, enfim, sentimentos e sensações
negativas.

O entendimento jurisprudencial é tranqüilo e pacífico no sentido de que a


violação de direito do dano moral puro deve ser reparada mediante indenização.

Nesta trilha, pode-se trazer à colação o seguinte julgado:


"AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANO MORAL. PLANO DE SAÚDE. RECUSA
INDEVIDA NA COBERTURA DE CIRURGIAS. O reconhecimento, pelas
instâncias ordinárias, de circunstâncias que excedem o mero
descumprimento contratual torna devida a reparação moral. Recurso
especial não conhecido." (4ª Turma, REsp 714947/RS, Rel. Min. Cesar
Rocha, Unânime, DJ de 29.05.2006)

"CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. PLANO DE SAÚDE. CIRURGIA.


AUTORIZAÇÃO. AUSÊNCIA. QUANTUM. ALTERAÇÃO. RAZOABILIDADE. 1
- Não há falar em incidência do art. 1061 do Código Civil e muito
menos na sua violação se, como no caso presente, os danos morais
não decorrem de simples inadimplemento contratual, mas da própria
situação vexatória (in re ipsa), criada pela conduta da empresa ré,
marcada pelo descaso e pelo desprezo de, no momento em que a
segurada mais precisava omitir-se em providenciar o competente
médico de seus quadros e autorizar a necessária cirurgia, preferindo,
contudo, ao invés disso, deixar a doente por mais deseis horas,
sofrendo dores insuportáveis em uma emergência de hospital e, ao
final de tudo, ainda dizer que a liberação do procedimento médico
poderia demorar até 72 (setenta e duas) horas. 2 - Considerando as
peculiaridades do caso e os julgados desta Corte em hipóteses
semelhantes, a estipulação do quantum indenizatório em
aproximadamente R$ 23.000,00 não é desarrazoada, não merecendo,
por isso mesmo, alteração em sede especial. 3 - Recurso especial
não conhecido, inclusive porque incidente a súmula 83/STJ." (4ª
Turma, REsp 357404/RJ, Rel. Min. Fernando Gonçalves, Unânime, DJ de
24.10.2005).

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 tornou expresso o


direito à honra e sua proteção, ao dispor, em seu artigo 5º, inciso X:

“X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem


das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação;” (original sem grifos).

Já o “caput” do artigo 186 do Código Civil Brasileiro, assim prescreve:

“Art. 186 - Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado
a reparar o dano.” (original sem grifos).

Há responsabilidade em indenizar os danos decorrentes da má-prática dos


serviços objeto do contrato firmado entre as partes ora litigantes, sendo certo que
sua responsabilidade é do tipo OBJETIVA, independendo da configuração de culpa
para fins de indenização, na forma do art. 14 do CDC (Lei 8.078/90).

DO PEDIDO

Ex positis, requer a Autora que Vossa Excelência se digne a:

a) Que seja designada AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO ou MEDIAÇÃO,


conforme previsto no art. 334 do NCPC
b) Que a Empresa Ré seja compelida a reembolsar TODAS AS DESPESAS
INERENTES aos valores do tratamento e INTERNAMENTO da autora, R$
________________, que deverá ser pago em dobro por não terem
reembolsado o valor na ocasião certa, incidindo numa cobrança
indevida, que em dobro conforme o Art. 42 do CDC que corresponde à
R$ _________,pois se houver alguma pendência financeira essa deve ser
custeada pela Operadora Ré.

c) Após a concessão da medida liminar pleiteada, requer a Autora a Vossa


Excelência,a citação da empresa Ré, para que, querendo conteste o
presente no prazo legal, sob as penas da lei.

d) Requer a Autora a nulidade ITENS ____ e ___ da Cláusula _,do Contrato


efetivado entre a parte autora e a ______, por serem abusivos e
desfavoráveis à Autora.

e) Ainda, seja a Empresa Ré condenada a indenizar a Autora por danos


morais, decorrentes do ato ilícito perpetrado, de acordo com o Art. 6º, VI
do 14 do CDC, e/ou nos termos do art. 186 do CC, cujo quantum deverá
ser arbitrado por V.Exa., e por fim condenando-a, também, nas custas
judiciais e honorários advocatícios, estes a base de 20% (vinte por cento),
sobre o valor da condenação ou causa.

f) Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na


amplitude dos artigos 369 e seguintes do NCPC, em especial as provas:
documental, pericial, testemunhal e depoimento pessoal da parte ré.

Medidas estas que pleiteia a Autora junto ao Poder Judiciário como única via
restante para garantir a dignidade e integridade do bem maior que é a sua saúde e,
consequentemente, sua vida.

Dá-se à causa o valor de R$ _____________.

Nos termos acima esposados


Pede Deferimento

Local, data.

Nome do Advogado - OAB

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