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Construções em containers: soluções sustentáveis para isolamentos

OCCHI, Tailene (1) ALMEIDA, Caliane Christie Oliveira de (2)


(1) Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo – IMED. Membro do Grupo de Pesquisa Teoria e
História da Habitação e da Cidade (THAC-IMED), Brasil.
E-mail: taileneocchi@gmail.com

(2) Doutora em Arquitetura e Urbanismo pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade


de São Paulo (IAU-USP). Coordenadora e Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Arquitetura e Urbanismo da IMED e Bolsista de Produtividade da Fundação Meridional.
Coordenadora do Grupo de Pesquisa Teoria e História da Habitação e da Cidade (THAC-IMED),
Brasil.
E-mail: caliane.silva@imed.edu.br

Resumo: Atualmente, estima-se que cerca de 90% das mercadorias comercializadas no mundo são
transportadas por meio de containers metálicos, sendo utilizadas aproximadamente 5000 unidades
destes módulos a cada ano. Com uma vida útil relativamente curta, de dez anos, esse material, com o
passar do tempo, passou a ser acumulado em pátios de portos e ferros velhos em todo o mundo.
Diante da evolução do conceito e das práticas de sustentabilidade, a ideia de reuso passou a afigurar
como essencial para o futuro das cidades; o que levou, dentre outros aspectos, a utilização destas
caixas de transporte como matéria prima para a construção, sobretudo, de habitações. A reutilização
de containers e outros materiais tidos como de entulho em unidade habitacionais permite a concepção
de projetos diferenciados e modernos, mantendo os princípios arquitetônicos de conforto, beleza e
utilidade, com o benefício de menor custo da obra. Schonarth (2013) afirma que o potencial do
material torna possível a redução do preço final da construção em até 30%, se comparado com o uso
de materiais e métodos tradicionais. Entretanto, as chapas de aço Corten, que constituem os
containers, tornam indispensável o isolamento térmico e acústico, bem como o tratamento antichamas
nas suas superfícies internas. Para que a tecnologia construtiva seja realmente viável e sustentável, é
fundamental que mencionadas adaptações não promovam impactos ambientais, tornando o projeto
além de eficiente, menos nocivo à natureza. O presente artigo, de cunho exploratório, busca
identificar e analisar materiais que possam ser aplicados de modo a resolver a problemática das
adaptações em casas container a fim de reduzir os impactos negativos da construção civil sobre o
meio ambiente.

Palavras-chave: Containers; Isolamentos; Sustentabilidade.

Abstract: Currently, it is estimated that about 90% of all goods that are sold worldwide have been
transported in metallic containers, which means that nearly 5000 units of such modules are used each
year. Because of its relatively short shelf life of ten years, this material has started to be accumulated
on the yard storage of ports and on junk yards. Due to the evolution of the concept and of
sustainability and its practices, the idea of reuse has become essential for the future of cities; which
caused, among other things, the use of these transport boxes as raw material for construction,
especially of houses. The reuse of containers and other debris materials in house construction allows
distinctive and modern designs, maintaining the architectural principles of comfort, beauty and utility,
with the benefit of lower cost of construction. According to Schonarth (2013) the use of this material
makes possible to reduce the final price of a construction by 30%, if compared with the use of
traditional materials and methods. However, because of the Corten steel plates that form the
containers thermal and acoustic insulation are essential, as well the flame retardant treatment on
their inner surfaces. For this construction technology be truly viable and sustainable, it is
indispensable that the mentioned adaptations do not promote environmental impacts, making the
project besides efficient less harmful to nature. This research of exploratory nature, seeks to identify
and analyze materials that can be applied to solve the problem of the adaptations in container houses
in order to reduce the negative impacts of constructions on the environment.

Keywords: Containers; Isolations; Sustainability.

1. INTRODUÇÃO
De acordo com Edwards (2005) a construção civil consome 50% dos recursos naturais
mundiais, sendo, portanto, uma das atividades menos sustentáveis do planeta. O cotidiano
contemporâneo desenvolve-se em ambientes edificados. Vive-se em casas, viaja-se sobre
estradas, trabalha-se em escritórios e nos sociabiliza-se em bares e restaurantes. A civilização
depende de edificações para seu resguardo. Entretanto, nosso planeta não suportará as
diversas natrurezas de necessidades e espectativas, ou mesmo o volume de construções
crescente e acelerado demandado pelo homem atualmente, principalmente em se tratando dos
recursos naturais e do meio ambiente. Os profissionais envoltos com a construção civil,
sobretudo o arquiteto e urbanista, tem grande responsabilidade na condução e na mudança de
rumo deste processo.
Na busca pela redução dos impactos ambientais causados pelas intervenções da construção
civil, a arquitetura voltou-se para a reutilização de materiais descartados, entre eles, o
container, composto de metais não biodegradáveis, e com vida útil no transporte de cargas em
portos de aproximadamente 10 anos (MILANEZE ET AL, 2012).
Uma das principais vantagens do uso deste material como matéria prima na construção civil é
a redução dos custos da obra. Segundo Sotello (2012) é possível que haja uma redução de
30% no custo final da construção em container se comparada ao uso de alvenaria convencial,
por exemplo.
Entretanto, por serem fabricados com materiais metálicos, a citar o aço Corten, torna-se
indispensável o isolamento térmico e acústico de suas superfícies, além da proteção
antichamas, que podem ser feitos utilizando-se de materiais relativamente baratos e
facilmente encontrados no mercado, a exemplo da lã de vidro, da lã de rocha e de novas
placas como a de pet e de coco, colocadas em forma de sanduíche entre a estrutura e as
superfícies metálicas no elemento.
O presente artigo de cunho exploratório, busca identificar e analisar os problemas gerados
pelo aço Corten na adaptação dos containers para moradias, além de propor soluções
sustentáveis para atender as exigências de conforto ambiental de uma construção em
container, buscando proporcionar qualidade de habitação equiparada a uma construção em
alvenaria. Para isso, realizou-se essencialmente revisão bibliográfica sobre a temática da
utilização de materiais sustentáveis para produção de isolamentos térmico e acústico. O
trabalho busca aprofundar o conhecimento acerca do assunto e contribuir para o aumento da
utilização de containers na construção civil em nosso país.

2. DE CONTAINER A HABITAÇÃO
Atualmente no mercado, há disponibilidade de diversos modelos de containers, os quais variam em
relação à forma, ao tamanho e à resistência. Os mais comumente utilizados na construção civil por sua
dimensão e, consequentemente, possibilidades de usos são aqueles inseridos na categoria Dry de 20 e
40 pés, ambos com portas nas duas laterais. Mais detalhadamente as dimensões externas do container
Dry Standard de 20 pés são: 2,438 metros de largura; 6,06 metros de comprimento; e 2,59 metros de
altura; suportando até 22,10 toneladas. O container de 40 pés possui as mesmas dimensões de largura e
altura do mencionado anteriormente, diferenciando-se na medida de comprimento, tendo 12,92 metros
e sendo projetado para suportar uma carga de até 27,30 toneladas. Os modelos Dry High Cube de 40
pés, também muito utilizados, possuem as medidas de 2,44 metros de largura, 2,79 metros de altura e
12 metros de comprimento (GRUPO IRS, 2016).

De uma maneira geral, estes recipientes transportam inúmeros materiais de diferentes naturezas
químicas e físicas e com variadas procedências durante o prazo máximo de 10 anos, quando são
descartados para entulhos, ferro velhos e/ou acumulam-se nas imediações de pátios de grandes portos
em todo o mundo. Devido, entre outros aspectos, ao uso prolongado do container e à exposição dos
materiais que o conformam, há consideráveis riscos de contaminação, tanto por meio das cargas,
quanto pelos materiais utilizados no tratamento de manutenção destas caixas metálicas, principalmente
o piso que por ser de madeira recebe a aplicação de pesticidas para conservá-lo por mais tempo,
devendo assim, ser completamente substituído quando do reaproveitamento para a construção civil.

Diversos autores, como Metallica (2012), ressaltam a importância do tratamento do aço do container
com abrasivos e, posteriormente, pintura com tinta não tóxica para evitar a contaminações dos futuros
habitantes. Segundo dados do Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica (2008), dentre
as principais tintas ecológicas disponíveis no mercado as mais indicadas são aquelas produzidas com
base de silicato, que não utilizam solventes em sua composição, além de não apresentarem cheiro ou
emitir COVs (Compostos Orgânicos Voláteis) no processo de fabricação. Tais produtos derivam ainda
de matérias primas abundantes na natureza, a exemplo da terra, capaz de originar aproximadamente 15
tons de tintas; não utilizando fungicidas sintéticos, mantendo a permeabilidade das superfícies e as
tornando não são combustíveis. Se comparados os preços para aquisição destas tintas especiais em
relação às convencionais tem-se uma elevação de apenas 10% a 20%; percentagem consideravelmente
baixa de consideradas as vantagens do uso de tal material (HOMETEKA, 2014).
Acoplar vários containers para a concepção de edificações ainda é o maior desafio da reciclagem
arquitetônica desses recipientes, de acordo com Fossoux et Chevriot (2013). A pintura de oxidação,
que irá evitar a corrosão, só poderá ser feita após a soldagem estar completa e o container resfriado
(cerca de 40 a 50 minutos para toque humano no material). Além disso, todos os espaços vazios
devem ser preenchidos com espuma de poliuretano após a soldagem para evitar riscos de infiltração.

Cabe destacar nesse contexto, que a espuma de poliuretano apresenta alguns riscos ao meio ambiente,
por ser fabricada a partir do petróleo e por sua produção e transporte necessitar do uso de combustíveis
fósseis. Porém, deve ser considerada a economia em sistemas de aquecimento e de resfriamento
gerada pelo uso deste isolamento. Além disso, há diversos bioplásticos que usam óleos vegetais no
lugar de combustíveis fósseis em sua fabricação, que podem vir a substituir o poliuretano e diminuir o
impacto ambiental. A exemplo, o sistema em drywall, com placas de gesso acartonadas parafusadas
em perfis de ação galvanizado, ou até mesmo a placa de coco.

Conforme afirmado por Fossoux et Chevriot (2013), o isolamento térmico é indispensável quando se
constrói em containers, pois o aço Cortén é um ótimo condutor térmico, como já brevemente colocado
anteriormente. Existem duas formas básicas de isolamento: a interna e a externa. O isolamento interno
é mais econômico, porém, menos eficiente já que a perda de calor é rápida, devido à limitação de
espaço interno e da espessura do material que se mostra em torno de 10cm. Apesar disso, é possível
manter as folhas metálicas externas aparentes. Quando utilizado o isolamento externo, há uma menor
perda de calor, pois se pode utilizar um material isolante de 10 a 30cm de espessura. Entretanto, há
necessidade de vedação mais resistente pelo fato de estar mais exposta ao meio externo, encarecendo
relativamente o seu custo.

O isolamento acústico, por sua vez, pode ser trabalhado da mesma forma, além de haver a
possibilidade de isolar o teto com isopor aparente (não apropriado para residências) ou revestido
como, por exemplo, a lã de vidro e a lã de rocha como usualmente se faz uso. No entanto, outras
opções mais sustentáveis e eficientes em termos de isolamento podem ser empregadas para tal fim,
como lã de pet, produzida a partir das fibras de poliéster provenientes de garrafas pet recicladas sem
adição de resinas, sem utilização de água durante o processo e sem emissão de carbono na atmosfera
(MERCER, 2016). Outra opção, também com resposta mais eco sustável, é a fibra ou placa de coco,
material natural e de fontes renováveis. Ele é biodegradável, reutilizável, reciclável, de alta
durabilidade, não exala gás tóxico em combustão, além de conter alto teor de tanino que funciona
como um fungicida natural. Neste contexto, vale ressaltar que, segundo a EMBRAPA (2016), o Brasil
produz anualmente cerca de 1,3 bilhões de cocos, cada um deles gera aproximadamente 1kg de
resíduo sólido (matéria prima das placas e fibras de coco), o que pode chegar a 10% do lixo sólido
depositado em aterros das cidades litorâneas (BM ENGENHARIA AMBIENTAL, 2016).

3. CONCLUSÕES
A utilização de containers na construção civil é uma técnica que vem se difundindo e sendo bem aceita
pela sociedade, tanto em aplicações comerciais quanto residenciais. A redução de custo e do tempo da
execução da obra são os principais atrativos para os interessados em adquirir uma construção em
container. Também há aquele percentual da população que busca edificações concebidas em
containers pelo diferencial arquitetônico alcançado pelo material, estando muito em viga em diversas
partes do mundo e, principalmente nos últimos cinco anos, no Brasil.

Atualmente, com a preocupação acerca da preservação dos recursos naturais e do meio ambiente, o
mercado da construção civil em ação conjunta com institutos e centros de pesquisas tem
disponibilizado uma grande diversidade de novos materiais que buscam reduzir os impactos
ambientais a partir do seu uso. Em grande parte esses materiais, são produzidos fazendo-se uso de
materiais reciclados e disponíveis na natureza ou acumulados em larga escala nos lixões. Este é o caso
da lã de pet, que além da matéria prima se configurar como um dos materiais que mais se acumulam
nos lixões, evita que sejam usados outros tipos de materiais que causariam efeitos negativos ao meio
ambiente.

Os isolamentos necessários para o conforto no interior de edificações em container geram um custo a


mais na obra (porém, ainda se mantém mais barato do que uma construção de alvenaria convencional),
mas, em compensação, esse valor será revertido com a economia de energia gerada, pois com o
isolamento térmico bem feito, não será necessário uso de ar condicionado ou de climatizadores.
Dependendo do projeto, ainda podem ser aplicadas placas de aquecimento solar ou telhados verdes na
parte superior do container, criando uma aparência diferenciada na construção e proporcionando outra
vantagem em termos eco sustentáveis.

Por fim, matérias primas como a fibra do coco são simplesmente descartadas no Brasil e deveriam ser
incorporadas efetivamente na construção civil para a redução do custo de obras, bem como para se
alcançar maior eficiência energética e se reduzir os impactos ambientais de nossas construções.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EDWARDS, Brian. O Guia Básico para a Sustentabilidade. Londres, 2005.
MILANEZE, Giovana Leticia Schindler; BIELSHOWSKY, Bernardo Brasil; BITTENCOURT, Luis
Felipe; SILVA, Ricardo da; MACHADO, Lucas Tiscoski. A utilização de containers como alternativa
de habitação social no município de Criciúma/SC. 1º Simpósio de Integração Científica e Tecnológica
do Sul Catarinense, IFSC, Santa Catarina, 2012.
SOTELLO, L. Vida nova para os contêineres. Revista Beach&CO, Guarujá, 2012. Disponível em:
<http://www.beachco.com.br/v2/porto/vida--‐nova--‐para--‐os--‐conteineres.html>. Acesso em: 27
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GRUPOIRS. Containers. Disponível em: < http://www.grupoirs.com.br/containers/> Acesso em: 08
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METALICA. Container City: Um novo conceito em arquitetura sustentável. Disponível em:
<http://www.metalica.com.br/container-city-um-novo-conceito-em-arquitetura-sustentavel>. Acesso
em: 27 out. 2014.
ANATIN TINTAS INDUSTRIAIS. Tintas ecológicas. Disponível em:
<http://www.anatin.com.br/site/tintas-ecologicas/>. Acesso em: 18 out. 2016.
IDHEA, Instituto pra o Desenvolvimento da Habitação Ecológica, material didático do Curso
Materiais Ecológicos e Tecnologias Sustentáveis para Arquitetura e Construção Civil, São Paulo 2008.
HOMETEKA. Conheça as vantagens da tinta ecológica. Julho, 2014. Disponível em: <
https://www.hometeka.com.br/f5/conheca-as-vantagens-da-tinta-ecologica/>. Acesso em: 18 out.
2016.
FOSSOUX, E.; CHEVRIOT, S. Construir sua casa container. 2. ed. Paris: Eyrolles, 2013.
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http://bmbioengenhariaambiental.com.br/por/produtos2.php>. Acesso em: 21 de abr. 2016.

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