Sie sind auf Seite 1von 5

MÓDULO VII

Bioética
O PODER DA
INFORMAÇÃO GENÉTICA
Laboratório Virtual de Biotecnologia

O André Soares estava entusiasmado. Finalmente ia poder ter a sua


privacidade! Aos 27 anos decidira comprar uma casa. Após ter visitado
alguns apartamentos, encontrou o que procurava. Não era muito espaçoso,
mas tinha todo o conforto que ele desejava.
Faltava apenas conseguir o empréstimo bancário. Mas, uma vez que tinha
um emprego estável e a vida organizada, não pensou que isso o impedisse
de realizar o seu sonho. Entrou no banco e dirigiu-se ao balcão cuja
tabuleta dizia “Empréstimos bancários”. Do outro lado, um funcionário
deu-lhe as boas vindas com um sorriso simpático e convidou-o a sentar-se.
“Boa tarde” – disse o André – “Estou a pensar comprar um apartamento e
queria pedir um empréstimo ao vosso banco para poder adquiri-lo.”
Conversaram sobre o tipo de empréstimo que iria ser efectuado, sobre o
valor total do imóvel, etc.
“Muito bem!” – disse o funcionário após terem acertado todos os
pormenores do contrato que iriam efectuar – “Temos apenas que tratar dos
impressos e dos documentos necessários para poder requisitar o
empréstimo ao banco. Precisamos também de uma amostra do seu
sangue.”
“Amostra de sangue? Para quê?” – disse surpreendido o André.
O funcionário não conseguiu evitar um sorriso – “Tenha calma, Sr. André. É
apenas um protocolo do banco. Uma vez que o empréstimo bancário tem
que ser assegurado por si, é necessário que faça um seguro de vida. Ora,
para fazer esse seguro tem que comprovar que não está doente. Deste
modo, a amostra de sangue que nos fornecer será analisada pelo nosso
laboratório e poderemos determinar que está de perfeita saúde e que
poderá fazer o nosso seguro de vida. É o procedimento normal numa
situação destas!”

2
“Sendo assim, diga onde tenho que me dirigir para tentar despachar este
processo o mais depressa possível!” – respondeu o André, desejoso por ver
estes aspectos burocráticos despachados para poder finalmente ter a sua
tão desejada casa.
“Muito bem, basta que assine este documento a dizer que nos autoriza a
realizar esta análise e podemos despachar isso ainda hoje. Eu vou ligar já
para a nossa clínica a marcar a sua recolha de sangue para esta tarde.”
“Não foi muito difícil” – pensou o André, enquanto assinava a declaração e
preenchia o resto da papelada que era necessária.
“Pronto, Sr. André. É tudo. Basta agora ir até à clínica e fazer a recolha de
sangue para que tudo esteja tratado. Dentro de aproximadamente quinze
dias receberá a resposta do banco ao seu pedido de empréstimo e, se for
aprovado, poderá comprar a sua casa! – disse o funcionário enquanto
estendia a mão ao André para o cumprimentar – “Tenha um bom resto de
dia!”
Ao sair do banco, o André não podia estar mais contente. Não só tinha
encontrado a casa dos seus sonhos, como tinha já despachado a papelada
do empréstimo no banco. Dirigiu-se imediatamente à clínica, onde uma
enfermeira esperava por ele. Após a recolha de sangue, resolveu visitar
mais uma vez a sua futura casa.
Passadas duas semanas, o André recebeu pelo correio uma carta do banco.
Com um largo sorriso nos lábios, apressou-se a ler o seu conteúdo. Em
poucos segundos, mudou de expressão. O André não queria acreditar no
que lia!
“O seu empréstimo foi negado por questões de saúde!...” – disse, incrédulo,
em voz alta – “Questões de saúde? Eu?! Nunca me senti tão bem!...”
Intrigado, dirigiu-se imediatamente à agência do banco e pediu para falar
com o funcionário que o atendeu quando lá esteve.
“Boa tarde, Sr. André!” – disse o funcionário, acolhendo-o com o mesmo
sorriso da outra vez – “Teve notícias do banco, foi?”
“Sim, recebi a resposta do banco. Diz aqui que o meu empréstimo foi
negado por questões de saúde. De que estão vocês a falar? Eu estou em
perfeita saúde como qualquer pessoa pode ver!” – respondeu o André.
“Tenha calma, Sr. André. Certamente foi engano do banco, não se
preocupe. Vou chamar o gerente para poder esclarecer esta situação, o.k.?”

3
O funcionário entrou num gabinete e, momentos depois, saiu de lá um
homem engravatado que se dirigiu até ele.
“Boa tarde, Sr. André. O meu nome é José Almeida e sou o gerente deste
banco. Por favor, venha comigo até esta sala para podermos falar mais à
vontade” – disse o gerente mal chegou à beira do André.
Dirigiram-se até uma sala e sentaram-se em lados opostos da secretária
que ocupava a área central do compartimento.
“Ora muito bem” – disse o gerente, enquanto procurava o processo do
André no computador – “Aqui está o seu processo. Pois é, isto está
realmente complicado. O seu pedido de empréstimo foi mesmo negado...
Diz aqui que isso se deve a...”
“...Questões de saúde, eu sei!” – completou o André, visivelmente irritado
com toda esta situação – “Mas isso só pode ser engano. Como pode ver,
estou de boa saúde!!!”
“Realmente, este caso tem que ser clarificado. Dê-me um momento que eu
vou contactar a clínica para ver o que se passa.” – disse o gerente do
banco, enquanto se levantava para realizar o telefonema.
Após alguns minutos, voltou a entrar na sala e dirigiu-se num tom mais
cuidadoso ao André.
“Bem... Realmente o seu caso é especial... Estive a falar com o geneticista
da clínica que me disse que o Sr. André tem uma mutação num gene
considerado de risco pelo banco...”
“Gene de risco???” – exclamou o André – “De que está a falar?”
“A análise que solicitamos que fizesse envolve uma análise genética, ou
seja, é feita uma análise ao seu genótipo para rastrear vários genes
considerados de risco. Estes genes são responsáveis por determinadas
doenças, como o cancro.”
“Cancro?! Está-me a dizer que eu tenho cancro!” – o André não queria
acreditar no que lhe diziam...
“Não! Não foi isso que eu disse... O que lhe estou a tentar dizer é que a sua
análise deu positivo para um dos genes de risco. Neste caso, o gene TP53.
Este gene está envolvido no desenvolvimento de muitos cancros, ou seja, é
muito provável que o Sr. André venha a desenvolver cancro nalgum
momento da sua vida futura.”

4
“Mas eu li nalgum lado que qualquer pessoa tem essa possibilidade!!! Por
que razão o meu caso é especial?” – perguntou o André.
“Bem, do ponto de vista do banco, o facto do Sr. André ter testado positivo
para o gene TP53, coloca-o numa situação de maior risco que o resto da
população de desenvolver cancro. Assim, o seu empréstimo é considerado
um investimento pouco seguro para o banco. Essa foi a razão que nos levou
a recusar o seu pedido.”
“Mas isso é um absurdo!!! Recusam-me um empréstimo por causa de uma
doença que não tenho mas que posso vir a ter?” – disse o André,
levantando-se da cadeira.
“Peço desculpa, mas... é a política deste banco! Passe bem.” – disse
secamente o gerente do banco.

QUESTÕES DE DISCUSSÃO:

1 – Desenvolva um protocolo laboratorial para o processo utilizado para


rastrear os genes considerados pelo banco “de risco”.
2 – Discuta a validade dos resultados obtidos por esse exame.
3 – Relacione o gene TP53 com a probabilidade de desenvolver cancro.
4 – Analise criticamente o modo como foi requisitada a análise de sangue
da qual se fez a análise genética.
5 – Discuta a legitimidade do banco em fazer esse exame genético aos seus
clientes.
6 – Analise os aspectos éticos envolvidos nesta situação e decida sobre
quem deverá ser detentor da informação genética de cada um.
7 – Faça uma lista com as regras que considerar importantes na obtenção e
utilização da informação genética de cada pessoa.

Das könnte Ihnen auch gefallen