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Mineradora norueguesa tinha 'duto clandestino'


para lançar rejeitos em nascentes amazônicas
Ricardo Senra - @ricksenra
Da BBC Brasil em Washington

23 fevereiro 2018 Compartilhar

Inspeção flagra alagamento de lama vermelha com alumínio na sede da Hydro Cred | Foto: Instituto Evandro Chagas

Além de um vazamento de restos tóxicos de mineração, que contaminou diversas


comunidades de Barcarena, no Pará, a gigante norueguesa Hydro usou uma
"tubulação clandestina de lançamento de efluentes não tratados" em um conjunto
de nascentes do rio Muripi, aponta um laudo divulgado nesta quinta-feira pelo
Instituto Evandro Chagas, do Ministério da Saúde.

Após negar irregularidades, a Hydro admitiu, em nota, a existência do canal encontrado


por pesquisadores.
"Durante uma das vistorias, verificou-se a existência de uma tubulação com pequena
vazão de água de coloração avermelhada na área da refinaria", afirma a empresa.
"Conforme solicitado pelas autoridades, a empresa está fazendo as investigações
necessárias para identificar a origem e natureza do material, bem como realizando a
imediata vedação desta tubulação."

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Superior Tribunal Militar

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A multinacional produtora de alumínio, cujo acionista majoritário e controlador é o governo


da Noruega, voltou ao noticiário brasileiro após a confirmação do vazamento, no último
sábado, de uma barragem que continha soda cáustica e metais tóxicos, após chuvas
fortes na região.

No ano passado, em meio a críticas do governo norueguês sobre o desmatamento na


Amazônia, a BBC Brasil informou que a empresa devia R$ 17 milhões ao Ibama em
multas por contaminação de rios da região em 2009.

"Houve duas constatações. Primeiro, transbordo de efluentes. Os níveis de alumínio nos


rios estavam 25 vezes mais altos que os estabelecidos pela legislação. Segundo, o mais
grave de tudo, a empresa fez uma tubulação para jogar resíduos diretamente no
ambiente", disse à BBC Brasil o pesquisador em saúde pública Marcelo de Oliveira Lima,
que assina o laudo oficial.

Segundo o especialista, "a população usa estas águas para recreação, consumo e
captura de peixes", o que poderia levar a contaminação também para o solo e o
organismo dos moradores. Resultados de testes feitos no cabelo e pele dos vizinhos à
barragem devem ser divulgados nas próximas semanas.

Após denúncias feitas por moradores de comunidades próximas sobre o vazamento, a


Hydro divulgou a seus clientes uma nota em que classificava o episódio como "boato",
afirmando que "não houve vazamentos ou rompimentos" nos depósitos.

Após ser informada sobre o laudo oficial, entretanto, a empresa norueguesa disse, em
nota enviada à BBC Brasil, que "tem o compromisso de corrigir qualquer problema que
possa ter sido causado pela sua operação".
Moradores se reuniram em audiencia pública nesta sexta-feira para discutir contaminação na região | Foto:
Divulgação

"A Hydro Alunorte informa que está providenciando imediatamente o fornecimento de


água potável para as comunidades de Vila Nova e Bom Futuro, com apoio da Defesa
Civil. A empresa se compromete a colaborar com as comunidades, onde foram coletadas
as amostras pelo Instituto Evandro Chagas, para encontrar soluções de acesso
permanente à água potável, em conjunto com as partes interessadas", afirma a
companhia.

Questionada sobre a tubulação clandestina apontada pelo laudo e sobre a nota em que
negava o vazamento, a empresa disse que aguarda receber o laudo oficial para comentá-
lo.

Procurado, o governo norueguês afirmou que não conseguiria responder às perguntas


enviadas pela reportagem em tempo hábil.

Barcarena x Mariana
Nesta sexta, o Ministério Público Federal e do estado do Pará enviaram à empresa um
documento que solicita que uma das bacias da empresa seja imediatamente embargada.

Segundo os órgãos, há risco de rompimento da bacia, o que despertou temor por uma
tragédia semelhante à de Mariana (MG), em 2015, quando um mar de lama cobriu
municípios e se espalhou pelo rio Doce até chegar ao oceano.

"Uma das bacias sequer tinha licença para operar. Estamos recomendando desde o
fornecimento de água, uma vez que o Evandro Chagas constatou que essa água não é
própria para o consumo", afirmou a promotora de justiça agrária Eliane Moreira, em
entrevista coletiva.
Igarapé do Dendê coberto por lama vermelha as margens de comunidades | Foto: Divulgação

À BBC Brasil, o geógrafo Luiz Jardim, professor da Universidade Estadual do Rio de


Janeiro (UERJ), disse que as barragens de Mariana e de Barcarena "têm naturezas
distintas".

"Enquanto a da Samarco, em Mariana, era para lavagem de minério, a da Hydro, em


Barcarena, é industrial, e guarda os resultados tóxicos da transformação da bauxita em
alumina. Ela já pressupõe a existência de produtos químicos que fazem parte desta
transformação, já que a limpeza dos minérios é feita antes, em Oriximiná."

Para Jardim, que integra o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à
Mineração, que reúne 110 organizações ligadas ao tema, o risco de inundação em
Mariana era maior graças ao relevo mineiro.

"Em Mariana, a barragem é muito mais alta do ponto de vista de relevo, em relação à
declividade da Amazônia, onde há uma planície fluvial. Então a força do rompimento,
caso ele ocorra, será menor. O que é central no caso de Barcarena é o potencial mais
alto de contaminação dos rejeitos", avalia.

'A gente não quer migalha'


Em junho do ano passado, a BBC Brasil revelou que a empresa controlada pelo governo
norueguês é alvo de uma série de denúncias do Ministério Público Federal (MPF) do Pará
e de quase 2 mil processos judiciais por contaminação de rios e comunidades de
Barcarena (PA).

Segundo o Ibama, a empresa não pagou até hoje multas estipuladas em R$ 17 milhões,
após outro transbordamento de lama tóxica, em 2009. Ainda de acordo com o instituto, o
vazamento na época colocou a população local em risco e gerou "mortandade de peixes
e destruição significativa da biodiversidade".

Guerra na Síria: Civis lutam para sobreviver em meio a bombardeios intensos em


Ghouta

O trauma com o último vazamento trouxe pânico a moradores de comunidades próximas


à sede da empresa, localizada em área de difícil acesso na floresta amazônica.

Peritos flagraram enxurrada de lama contaminada escorrendo da sede da empresa norueguesa em Barcarena |
Foto: Instituto Evandro Chagas

"Esse não é o primeiro vazamento. O de 2009 impactou demais", diz à reportagem


Sandra Amorim, moradora da comunidade quilombola sítio São João, que fica a um
quilômetro da bacia da Hydro.

"Primeiro eles negaram. Depois do laudo, dizem que teve vazamento. Eles prometeram
agora que vão começar a distribuir água mineral potável e comida. Isso não é suficiente
pra gente. A gente não quer migalha. A gente quer essa situação resolvida", afirmou.

A moradora prossegue, dizendo que "tem pessoas com coceiras pelo corpo e gente
ficando doente" na comunidade.

Não há confirmação oficial sobre contaminação de moradores da região afetada até que
os testes feitos por peritos sejam divulgados. O laudo recém-divulgado pelo Instituto
Evandro Chagas aponta que a concentração de elementos como alumínio, chumbo, sódio
e nitrato e alumínio nos rios da região extrapolaram os limites estipulados pelo Ministério
da Saúde.

O pH registrado nas águas foi 10 - extremamente alcalino, em decorrência do derrame de


soda cáustica, usada no processo de beneficiamento da bauxita, matéria-prima do
alumínio.
Rastro de poluição
A Ordem dos Advogados do Brasil no Pará (OAB-PA) afirmou, em nota, que vai pedir o
afastamento do secretário de Meio Ambiente do Pará, Thales Belo, e intervenção judicial
na Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), após a constatação
da tubulação clandestina na região.

"Causou indignação especial a constatação pelos pesquisadores do IEC da existência de


um dreno 'clandestino', por onde a empresa, com a aquiescência da Semas, drenava
rejeitos quando as chuvas se intensificavam", diz o órgão.

Graças a uma rede de abastecimento de água que atende a apenas 40% da população
local, os rios e poços artesianos são a principal fonte de água na região da pequena
Barcarena - que viu sua população crescer em ritmo três vezes mais rápido que o do
resto do país nos últimos 40 anos graças aos empregos gerados por mineradoras que se
instalaram na região.

Duto clandestino encontrado por pesquisadores despeja material tóxico em nascentes | Foto: Instituto Evandro
Chagas

Formado por dezenas de ilhas e igarapés, o município experimenta crescimento


desordenado desde que se tornou um importante exportador de commodities minerais
(bauxita, alumínio e caulim), vegetais (soja) e animais (gado vivo).
"O histórico de acidentes ambientais em Barcarena é impressionante, uma média de um
por ano", disse à BBC Brasil, em junho passado, o procurador da República Bruno
Valente, que assina uma ação civil pública movida em 2016.

"O transbordamento de lama da bacia de rejeitos da Hydro afetou uma série de


comunidades em 2009 e até hoje nunca houve uma compensação ou pagamento de
multa", afirmou.

Dono de 34,3% das ações da megaprodutora mundial de alumínio, o governo da Noruega


ganhou manchetes em todo o mundo no ano passado, após criticar publicamente o
aumento do desmatamento na Amazônia.

Despertando constrangimento na primeira visita oficial do presidente Michel Temer à


Noruega, o país anunciou, na época, um corte estimado em R$ 200 milhões nos recursos
que repassa ao Fundo Amazônia, destinado à preservação ambiental.

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