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RESUMO:
Os problemas que acometem os profissionais cabeleireiros são principalmente afecções do
sistema osteo-mio-articular, que estão intimamente relacionados à repetição de movimentos
desses profissionais na execução de suas tarefas. O artigo objetiva identificar as principais
algias relatadas por cabeleireiros. A amostra contém 15 profissionais sem diagnóstico de
LER/DORT e sem ter tido atenção Fisioterapêutica. Utilizou-se uma abordagem indutiva, com
procedimento descritivo, e técnica de observação direta. Fez-se uso de um formulário, com
perguntas objetivas, referente à dor, destacando-se: o local; intensidade; tipo; horário; tempo e
a freqüência, a fim de minimizar ao máximo as possíveis diferenças de resultados. O somatório
de todas as dores relatadas foi de 28 resultando-se em: com relação aos locais de dor: ombros
21,4%; coluna 17,9%; pescoço 14,3%; pernas e calcanhar 10,7%, cada; punho e punho e mão
7,1%, cada; mão, MMSS e joelho 3,6%, cada. Quanto à intensidade da dor, 39,3% dor forte,
35,7% média e 25,0% fraca. Quanto ao tipo de dor, 39,3% mencionaram dor profunda, 14,3%
dor em fisgada, 10,7% dor superficial, em peso e em queimação, 10,7% dor contínua, 3,6% em
pontada, 3,6% não souberam definir, e não relatou-se dor referida. Quanto ao tempo do
aparecimento da dor, 21,4% relataram dor há um tempo de um a cinco meses; 10,7% de seis a
11 meses; 46,4% de um a dois anos; 17,9% de três a cinco anos e 3,6% relataram dor a mais
de cinco anos. Com relação ao horário de aparecimento da dor, 7,1% relatos de dor durante o
trabalho; 46,4% depois; 3,6% antes e depois; 17,9% antes, durante e depois; 25,0% durante e
depois e ninguém relatou dor antes do trabalho. Quanto à freqüência, houve 42,9% relatos de
dor todos os dias; 17,9% raramente; 10,7% às vezes; 21,4% em trabalho intenso e 7,1% relato
de dor somente em crises. Conclui-se que as algias, na maioria dos resultados analisados,
foram classificadas como fortes e de aspecto profundo, surgindo todos os dias após o trabalho,
sendo os locais mais acometidos ombros, coluna e pescoço. Quanto ao tempo de
apresentação de dor, o mais referido foi de um a dois anos. Fica evidente que a postura
adequada é algo inerente para o bem-estar e um rendimento positivo no trabalho, bem como, a
necessidade da realização da prevenção e promoção da saúde neste setor.
Palavras-chaves: Cabeleireiro, Dor, Fisioterapia.
ABSTRACT:
The problems that attack the professionals hairdressers, are mainly affection of the system to
ostheo-meow-articulate, that they are intimately related to the repetition of those professionals
movements in the execution of their tasks. Its purpose is to identify the main algias told by
hairdressers. The survey contains 15 professionals without diagnosis of RSI (Retition Strain
INTRODUÇÃO
Estudos diversos relatam o grande número de problemas de saúde relacionados ao
trabalho em profissionais cabeleireiros. O objetivo geral deste artigo é identificar o tipo e o local
das algias mais freqüentes relacionadas à execução da atividade profissional de cabeleireiros.
Dentre os principais acometimentos destacam-se as disfunções do sistema osteo-mio-articular,
destacando-se as tendinites, mialgias, bursites, tenossinovites, posturas antálgicas,
relacionadas, diretamente, ao esforço repetitivo e movimentos que exigem o uso de força,
podendo causar lesões mecânicas localizadas e, com o tempo, causar dores. Somado a isso,
estão os problemas de ordem psicológica, relacionados ao estresse da carga horária imposta,
à necessidade de aumentar a renda e a produtividade.
Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho (2007), o
profissional cabeleireiro tende a ser polivalente. Além disso, trabalha em horários
extremamente irregulares e em posições desconfortáveis, durante longos períodos. Por ainda
não existir regulamentação para os profissionais que trabalham nos 400 mil salões espalhados
por todo território brasileiro, esta profissão se torna um alvo para abusos na carga horária.
Posturas de inclinação de cabeça e tronco, braços elevados e sem apoio normalmente
assumidas pelos cabeleireiros durante suas atividades laborativas, provocam dores no
pescoço, nas costas e nos ombros, tornando-os extremamente suscetíveis a adquirirem
doenças ocupacionais, principalmente as LER /DORT.
A LER/DORT por ser de grande incidência entre os cabeleireiros, é importante a
atuação da Fisioterapia na prevenção e promoção da saúde, como também no tratamento das
lesões já instaladas, através da adoção de exercícios supervisionados, orientações posturais e
modificações do trabalho para aliviar queixas e algias.
A relevância de uma pesquisa abordando os aspectos inerentes à atividade dos
profissionais cabeleireiros se justifica pela escassez de estudos na área e a conseqüente falta
de dados que fundamentem um aprofundamento nas principais afecções relativas a estes
METODOLOGIA
A pesquisa utiliza uma abordagem indutiva através da aplicação de um formulário
produzido com base no questionário do Programa Escola de Posturas e nos conhecimentos
adquiridos através dos estudos da literatura.
Fazem parte do universo da pesquisa, os profissionais cabeleireiros cujos seus locais de
trabalho localizam-se no bairro dos Bancários na cidade de João Pessoa, nossa amostra
constitui um total de 15 profissionais, escolhidos de forma aleatória e que concordaram em
participar da pesquisa assinando o termo do consentimento livre e esclarecido.
Como critério de inclusão da amostra, foi definido o fato desses profissionais
trabalharem a um ano ou mais na profissão de cabeleireiro. Foram excluídos da amostra os
que já se apresentavam com uma LER/DORT confirmada ou que já tivessem passado por
algum tipo de atenção fisioterapêutica.
Para a observação direta, feita pelas pesquisadoras, foi utilizado um roteiro que se
encontra junto ao formulário, a fim de minimizar ao máximo as possíveis diferenças de
resultados.
Será feita uma análise quantitativa dos dados obtidos através do formulário e da
observação, com uso de estatística simples.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa foi realizada com um formulário indutivo que constava de questões
referentes a dados pessoais, atividade profissional e histórico da dor.
A amostra contém 15 profissionais. Entre os entrevistados 12 (80,0%) eram donos do
estabelecimento e três (20,0%) eram contratados, e o tempo de trabalho variou de três a 27
anos, com uma média de 15 anos. A altura variou de 1,50m (mulher) a 1,78m (homem), e o
peso variou de 50kg (mulher) a 106kg (homem). Dos profissionais pesquisados quatro
(26,70%) são homens e 11 (73,3%) mulheres. Com relação ao total de horas trabalhadas por
dia, seis (40,0%) deles trabalham até oito horas diárias e nove (60,0%) trabalham de nove a 15
horas diárias. No que se refere à presença de dores relacionadas ao trabalho, 12 (80,0%)
afirmaram sentir dores, e três (20,0%) negaram.
Nos gráficos a seguir analisamos as dores citadas, suas intensidades, tipos e tempo de
aparecimento. Em cada um deles o somatório de todas as porcentagens será sempre superior
a 100%, pois cada um dos entrevistados referiu mais de um local de dor, com tipos,
intensidades e tempo de aparecimento diferentes.
7
6 Local da dor
6
Mão (dedos)
5
N° de relatos de dor
5 Punho
4 punho e mão
4
MMSS
3 3
3 Pescoço
2 2 Pernas
2
Joelho
1 1 1
1 Ombros
Calcanhar
0
Coluna
Local da dor
12 11
10
10 Intensidade da
N° de relatos de dor
dor
8 7 Forte
6
Médio
4
2 Fraco
0
Intensidade da dor
Quanto à intensidade da dor, houve 11 (39,3%) relatos de dor forte, 10 (35,7%) de dor
de intensidade média e sete (25,0%) relatos de dor fraca.
12 11 Tipo de dor
Pontada
10
Fisgada
N° de relatos de dor
8 Contínua
Superficial
6
4 Profunda
4 3 3 3 Referida
2
2 Peso
1 1
0 Queimação
0
Não soube
Tipos de dor
definir
Quanto ao tipo de dor, houve 11 (39,3%) relatos para dor profunda, quatro (14,3%) para
dor em fisgada, três (10,7%) para dor superficial, em peso e em queimação, dois (10,7%)
relatos para dor contínua, uma (3,6%) para dor em pontada, uma (3,6%) pessoa não soube
definir, e não houve relato de dor referida.
12
Meses
N° de relatos de dor
10
1a5
8
6 6 a 11
6 5 Anos
4 3 1a2
3a5
2 1
Acima de 5
0
Meses Anos
Quanto ao tempo de dor, houve seis (21,4%) pessoas que relataram dor há um tempo
de um a cinco meses; três (10,7%) de seis a 11 meses; 13 (46,4%) de um a dois anos; cinco
(17,9%) de três a cinco anos e uma (3,6%) pessoa relatou dor a mais de cinco anos.
14 13
Horário
12
Antes
N° de relatos de dor
10
Durante
8 7
Depois
6 5
Antes e depois
4
2 Antes , durante
2 1 e depois
0 Durante e depois
0
Horário da dor
Com relação ao horário de aparecimento da dor, ninguém disse sentir dor antes do
trabalho; houve dois (7,1%) relatos de dor durante; 13 (46,4%) depois do trabalho; uma (3,6%)
para antes e depois; cinco (17,9%) para dor antes, durante e depois; e sete (25,0%) relatos de
dor durante e depois.
Quanto à freqüência, houve 12 (80,0%) relatos de dor todos os dias; cinco (33,3%)
para raramente; quatro (26,7%) relatos de dor “às vezes”; seis (40,0%) relatos de dor quando
da ocorrência de muito trabalho; e um (6,7%) relato de dor somente em crises.
14
12 Frequência
12 da dor
N° de relatos de dor
Todos os dias
10
Raramente
8
6
5 Às vezes
6
4 3 Muito trabalho
2
2 Em crises
0
Frequência da dor
CONCLUSÃO
Este estudo demonstrou que os critérios utilizados na pesquisa, formulário e observação
direta, foram satisfatórios para se detectar que a maior parte dos profissionais cabeleireiros
apresentaram várias algias relacionadas a movimentos repetitivos e à má postura no posto de
trabalho. As algias, na maioria dos resultados analisados, foram classificadas como fortes e de
aspecto profundo, surgindo todos os dias após o trabalho, sendo os locais mais acometidos os
ombros, a coluna e o pescoço. Quanto ao tempo de apresentação de dor, o mais referido foi de
um a dois anos.
Com todos esses resultados fica evidente que a postura adequada é algo inerente para
o bem-estar e um rendimento positivo no trabalho, bem como a necessidade da realização de
um trabalho de prevenção e promoção da saúde a estes profissionais.
REFERÊNCIAS
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