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Aldo B. Maciel
e
Osmundo A. Lima
1a Edição
Prefácios
Os Autores
A primeira edição deste livro alcançou um relativo sucesso,
tendo sido usado como texto básico ou como texto de referência
em disciplinas introdutórias de Análise Real tanto em cursos
de licenciatura como em cusos de bacharelado em Matemática
e, também, em cursos de nivelamento para ingresso em Mestra-
dos em Matemática de diversas universidades brasileiras. A
todos os colegas que adotaram o texto os autores agrade-
cem, não só pelas mensagens de estı́mulo a uma segunda
edição, mas, principalmente pelas várias sugestões encamin-
hadas, tendo sido acolhidas e incorporadas neste nesta se-
gunda edição todas aquelas que, na opinião dos autores, con-
tribuiram para o aperfeiçoamento da apresentação dos assun-
tos, dentro da filosofia do texto destacada no prefácio da primeira
edição.
diversos cursos de Matemática nossa motivação para es-
crever este texto nasceu no segundo semestre do ano letivo
de 2003 quando ministramos, pela terceira vez, a disciplina
Introdução à Análise no Curso de Licenciatura em Matemática
da Universidade Estadual da Paraı́ba. Essa disciplina é ofer-
ecida para os alunos do último ano do curso, quando estes já
estão praticamente prontos para o exercı́cio da profissão de
professor, tendo adquirido um senso bastante crı́tico para a
leitura de textos de Matemática e, por conseguinte, passam
a, aparentemente, apresentar alguma dificuldade no apren-
dizado do asunto a partir dos textos comumente utilizados.
Nós já tı́nhamos uma longa experiência no ensino de Análise
Real para cursos de Bacharelado em Matemática em outras
universidades e sempre adotávamos os textos conhecidos na
literatura sobre o assunto publicados no Brasil.
Quando passamos a ensinar no Curso de Licenciatura em
Matemática da Universidade Estadual da Paraı́ba, cujo projeto
pedagógico prioriza fortemente a formação do professor, sem,
contudo, negligenciar o rigor na apresentação e desenvolvi-
5
Os Autores
6
Conteúdo
1 Sistemas de Números 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2 Conjuntos e Funções . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 Números Naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.4 Números Inteiros . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.5 Números Racionais . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.6 Números Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.6.1 Valor Absoluto e Intervalos . . . . . . . . 30
1.6.2 Propriedade Arquimediana de R . . . . . 31
1.7 Conjuntos Contáveis . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.8 Exercı́cios do Capı́tulo 1 . . . . . . . . . . . . . 38
2 Seqüências Numéricas 47
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2.2 Seqüências de Números Reais . . . . . . . . . . 47
2.3 Limite de Uma Seqüência . . . . . . . . . . . . . 51
2.4 Seqüências de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . 61
2.5 Exercı́cios do Capı́tulo 2 . . . . . . . . . . . . . 64
7
8 CONTEÚDO
3 Séries Numéricas 69
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.2 Séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.2.1 Séries de Termos não Negativos . . . . . 74
3.2.2 Séries Alternadas . . . . . . . . . . . . . 78
3.3 Convergência Absoluta . . . . . . . . . . . . . . 79
3.4 Outros Testes de Convergência . . . . . . . . . 81
3.5 Exercı́cios do Capı́tulo 3 . . . . . . . . . . . . . 87
Bibliografia 269
Capı́tulo 1
Sistemas de Números
1.1 Introdução
11
12 CAPÍTULO 1. SISTEMAS DE NÚMEROS
A ∪ B = {x; x ∈ A ou x ∈ B}.
Também podemos formar o conjunto A∩ B (lê-se: A interseção
B) como sendo o conjunto dos elementos que pertencem si-
multaneamente a A e a B. Em sı́mbolos temos
A ∩ B = {x; x ∈ A e x ∈ B}.
Podemos considerar ainda a diferença entre A e B, denotado
por A − B (lê-se: A menos B), e formado pelos elementos que
estão em A e não estão em B. Em sı́mbolos temos
a) 1 ∈ M;
b) n0 ∈ M sempre que n ∈ M,
então M = N.
• Associatividade: m + (n + p) = (m + n) + p e m · (n · p) =
(m · n) · p para quaisquer m, n, p ∈ N.
3
Para os detalhes recomendamos a leitura de [9].
16 CAPÍTULO 1. SISTEMAS DE NÚMEROS
• Comutatividade: m + n = n + m e m · n = n · m para
quaisquer m, n ∈ N.
2 = 1(1 + 1)
4
O sı́mbolo ⇒ significa implica.
1.3. NÚMEROS NATURAIS 17
• Reflexividade: ∀ x ∈ N, x ≤ x.
• Transitividade: Para x, y e z ∈ N, se x ≤ y e y ≤ z então
x ≤ z.
• Anti-Simetria: Para x, y ∈ N se x ≤ y e y ≤ x então
x = y.
Observação: Uma relação entre elementos de um conjunto
não vazio A que goza das propriedades acima é chamada de
relação de ordem.
p r
Prova: Sendo x e y racionais então x = e y = , com p, q, r
q s
e s inteiros, os quais podemos supor que são todos maiores ou
iguais a 1 pois x e y são positivos. Assim, ps ≥ 1 e, portanto,
2ps ≥ 2 > 1, o que acarreta 2qrps > qr. Considerando o inteiro
p r
m = 2qr obtemos m > , como querı́amos.
q s
A propriedade de Q dada pela Proposição 1.2 é conhecida
como Propriedade Arquimediana de Q.
O corpo Q dos números racionais, além da deficiência algébrica
anteriormente explicitada, apresenta outra deficiência, a qual
apresentaremos a seguir, após a introdução de alguns con-
ceitos necessários.
e
T = {y ∈ Q; y > 0 e y2 > 2}.
Observe que se x ∈ S e y ∈ T, como ambos, x e y, são pos-
itivos e x2 < y2 , segue que x < y. Em outras palavras, os
elementos de T são cotas superiores para S e os elementos
de S são cotas inferiores para T. Mostremos agora que o con-
junto S não possui elemento máximo. De fato, se x ∈ S , sendo
x > 0 e x2 < 2 então 2 − x2 > 0 e 2x + 1 > 0. Pela Propriedade
Arquimediana de Q (Proposição 1.2) podemos ecolher n ∈ N
tal que n(2 − x2 ) > 2x + 1, donde 2x+1
n
< 2 − x2 . Além disso,
sendo n ≥ 1, segue que n2 ≤ n . Assim,
1 1
!2
1 2x 1 2x 1
x+ = x2 + + 2 ≤ x2 + + =
n n n n n
2x + 1
x2 + < x2 + 2 − x2 = 2.
n
B = {b ∈ R; b ≥ x para todo x ∈ S }.
x0 − m0
com m0 < x0 . Consideremos δ = > 0 e tomemos
2
a0 = m0 + δ > m0 . Temos que
x0 − m0 x0 + m0
a0 = + m0 = < x0
2 2
e, portanto, a0 ∈ A, o que seria uma contadição. Logo m0 ∈ B,
que é o conjunto das cotas superiores de S . Como m0 ≤ b para
todo b ∈ B, segue que m0 é a menor das cotas superiores de
S , isto é, m0 = sup S .
Um corpo ordenado no qual vale o Teorema 1.2 é denom-
inado corpo ordenado completo. Assim, R é um corpo or-
denado completo para o qual temos as seguintes inclusões
próprias
N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R.
Em R podemos agora resolver aquela equação x2 = 2, que
não foi possı́vel resolver em Q. Isto é, existe em R um ele-
mento r > 0 tal que r2 = 2. De fato, como Q ⊂ R então S , o
subconjunto limitado superiormente de Q dado no Exemplo 1.2
é, obviamente, um subconjunto limitado superiormente de R.
Logo existe r ∈ R tal que r = sup S . Mas, do mesmo modo
como foi feito no Exemplo 1.2, r2 não pode ser nem menor
que 2 nem maior que 2. Portanto
√ terá que ser igual a 2. Este
número real é denotado por 2 e é chamado de raiz quadrada
(positiva) de 2. Trata-se de um número real que, conforme já
vimos, não é racional.
Os números reais que não são racionais são chamados
de números irracionais. Há muitos outros números irracionais,
alguns bem famosos, como a razão entre o comprimento e o
diâmetro de uma circunferência, denotado por π, e a base dos
logaritmos neperianos, denotado por e. Mais ainda, veremos
na seção 1.7 deste capı́tulo que, num certo sentido, há bem
mais irracionais que racionais em R.
30 CAPÍTULO 1. SISTEMAS DE NÚMEROS
Os intervalos do tipo (a, b), (−∞, a), (b, +∞) e (−∞, +∞)
são chamados de intervalos abertos e os do tipo [a, b], (−∞, a]
e [b, +∞) são chamados de intervalos fechados.
S = {ma; m ∈ N}.
n0 n0 − 1
>a e ≤ a.
k k
Portanto,
n0 1
a< ≤ + a < b.
k k
n0
Assim r = ∈ Q e a < r < b.
k
[Caso 2. a ≤ 0 < b] - Outra vez pela Proposição 1.4 existe
1
k ∈ N tal que kb > 1. Neste caso 0 < r = < b e, portanto,
k
a < r < b.
[Caso 3. a < b ≤ 0] - Neste caso temos 0 ≤ −b < −a que
se enquadra nos caso anteriores, logo existe r ∈ Q tal que
−b < r < −a ou seja, a < −r < b.
Corolário: Sejam a e b números reais com a < b. Então existe
t ∈ R − Q tal que a < t < b.
b a
Prova: Sendo a < b então √ < √ . Portanto existe um
2 2
a b √
racional r tal que √ < r < √ . Assim t = r 2 ∈ R − Q é tal
2 2
que a < t < b, como querı́amos.
1 1 2 1 3 1 2 3 4
0, 1, , , , , , , , , ,...
2 3 3 4 4 5 5 5 5
a) Se x ∈ Q e y ∈ R − Q então x + y ∈ R − Q.
b) Se x ∈ Q, y ∈ R − Q e x , 0 então xy ∈ R − Q.
c) Se x ∈ R, x , 0 e xy = 0 então y=0.
√
d) Se x ≥ 0 e y ≥ 0 então xy ≤ x+y2
.
e) |a − b| ≤ |a| + |b|, ∀ a, b ∈ R.
f) |a| − |b| ≤ |a − b|, ∀ a, b ∈ R.
g) |a + b| ≥ |a| − |b|, ∀ a, b ∈ R.
|a + b| |a| |b|
h) ≤ + , ∀ a, b ∈ R.
1 + |a + b| 1 + |a| 1 + |b|
1.2- Mostre que:
1
a) {a + b + |a − b|} = max{a, b}.
2
1
b) {a + b − |a − b|} = min{a, b}.
2
1.3- Mostre que se a1 , a2 , . . . , an ∈ R então
1
1.6- Mostre que dado ε > 0 existe N ∈ N tal < ε.
N
1.7- Mostre que se S ⊂ R é limitado inferiormente e m0 = inf S
então, para cada y > m0 , existe x ∈ S tal que y > x ≥ m0 .
n+1
! ! !
n n
+ = .
k k+1 k+1
12
Michael Stifel (1486-1567).
13
Hermann Amandus Schwarz (1843-1920).
40 CAPÍTULO 1. SISTEMAS DE NÚMEROS
1.13- Mostre que para cada a > 0 existe um único x > 0 tal
que x2 = a.
a) m é cota inferior de S e
b) ∀ε > 0 ∃ x ∈ S tal que x < m + ε.
a) d(x, y) ≥ 0, ∀ x, y ∈ R e d(x, y) = 0 ⇔ x = y.
b) d(x, y) = d(y, x), ∀ x, y ∈ R.
c) d(x, y) ≤ d(x, z) + d(y, z), ∀ x, y, z ∈ R.
( )
1
1.18- Seja A = ; n ∈ N . Mostre que inf A = 0.
n
√
1.19- Mostre que se p é um número primo positivo então p
é irracional.
S + T = {x + y; x ∈ S e y ∈ T }
S + T = {x + y : x ∈ S e y ∈ T }
#A + #B = #(A ∪ B) + #(A ∩ B)
a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + an xn
14
Um número real que não é algébrico é chamado de transcendente.
46 CAPÍTULO 1. SISTEMAS DE NÚMEROS
Capı́tulo 2
Seqüências Numéricas
2.1 Introdução
A noção de limite tem uma posição destacada em Análise
Matemática. Os principais conceitos ou resultados desse ramo
da Matemática geralmente estão relacionados a algum tipo de
limite.
A maneira mais simples, do ponto de vista pedagógico, de
se introduzir o conceito de limite é por meio de seqüências de
números reais. Nosso objetivo geral aqui é analisar tal con-
ceito, estudando suas propriedades e demonstrando os prin-
cipais resultados que serão de interesse para este e para os
próximos capı́tulos.
a : N −→ R
n 7−→ a(n) = an
47
48 CAPÍTULO 2. SEQÜÊNCIAS NUMÉRICAS
b) (n)n∈N ou (1, 2, 3, 4, 5, . . . )
√ √ √ √ √ √
c) 2 ou ( 2, 2, 2, 2, 2, . . . )
n∈N
1 − qn+1 1 qn+1 1
bn = = − < ·
1−q 1−q 1−q 1−q
1
Portanto 1 < bn < , ∀n ∈ N, logo limitada.
1−q
3L0 − L L + L0 L + L0 3L − L0
! !
an ∈ , ∩ , = ∅,
2 2 2 2
o que é um absurdo.
O significado intuitivo do fato de (an ) possuir limite L é que,
estabelecendo-se uma margem de erro mediante um número
positivo ε, podemos aproximar todos os termos da seqüência,
a partir de N(ε), por L e o erro cometido com esta aproximação
é menor que ε.
2n = (1 + 1)n ≥ 1 + n > n, ∀n ∈ N
1 1
logo n
< , ∀n ∈ N. Ou seja,
2 n
1 1
|an − 1| = n
< , ∀n ∈ N.
2 n
1
Assim, dado ε > 0 considere N ∈ N tal que < ε. Logo, para
N
qualquer n ≥ N
1 1
|an − 1| = ≤ < ε.
n N
Exemplo 2.9 A seqüência ((−1)n )n∈N é divergente. Com efeito,
1
se existisse L ∈ R tal que (−1)n −→ L então, para ε = ,
2
1
existiria N ∈ N tal que ∀n ≥ N terı́amos |(−1)n − L| < , isto
2
1 1
é |L + 1| < e |L − 1| < . Em outras palavras, terı́amos
!2 ! 2
3 1 1 3
L∈ − , − ∩ , = ∅, o que é um absurdo.
2 2 2 2
54 CAPÍTULO 2. SEQÜÊNCIAS NUMÉRICAS
i) (an + bn ) é convergente e an + bn −→ a + b;
ε|b|2
n ≥ N2 ⇒ |bn − b| < .
2
56 CAPÍTULO 2. SEQÜÊNCIAS NUMÉRICAS
n ≥ N1 ⇒ |an − a| < ε
2.3. LIMITE DE UMA SEQÜÊNCIA 57
e
n ≥ N2 ⇒ |cn − a| < ε.
Tome N = max{N1 , N2 }. Então
−ε < an − a ≤ bn − a ≤ cn − a < ε
temos
1 1
|a|n = ≤ .
(1 + x)n 1 + nx
Mas, |a|n = |an | donde
1 1
0 ≤ |an | ≤ < , para todo n ∈ N.
1 + nx nx
Usando o Corolário anterior temos que lim an = 0.
n→∞
k ≥ N ⇒ nk ≥ N ⇒ |ank − L| < ε.
n ≥ N ⇒ M − ε < aN ≤ an ≤ M < M + ε,
Portanto, para m, n ≥ N,
ε ε
|am − an | ≤ |am − L| + |an − L| < + = ε.
2 2
m, n ≥ N ⇒ |am − an | < 1.
(−1)n sen(n)
2.5- A seqüência (xn ) tal que xn = possui alguma
3
subseqüência convergente? Justifique sua resposta.
√ q √ r q √
2.9- Mostre que a seqüência 2, 2 2, 2 2 2 · · · con-
verge para 2.
√
2.10- Mostre que lim n a = 1 se a > 0.
n→∞
√n
2.11- Mostre que lim n = 1.
n→∞
onde k ∈ N e α > 1.
x1 + x2 + · · · + xn
2.16- Se lim xn = a prove que lim = a. A
n→∞ n→∞ n
recı́proca é verdadeira? Justifique sua resposta.
1 1 1
xn = 1 + + + ··· +
2 3 n
é divergente.
1 1 1
2.29- Seja (xn ) tal que xn = 1 + 1 + + + · · · + . Use o
2! 3! n!
critério de Cauchy para mostrar que lim xn existe.
n→∞
2.30- Seja (xn ) uma seqüência tal que |xn+1 −xn | ≤ cn e suponha
Xn
que a seqüência (sn ) = ck converge. Então (xn ) con-
k=1
verge.
lim (an+p − an ) = 0.
n→∞
an+1
a seqüência (rn ) dada por rn = converge. Prove a
an
última afirmação e calcule lim rn . Sugestão: Prove que
n→∞
(r2k ) é não crescente e limitada inferiormente e (r2k−1 ) é
não decrescente e limitada superiormente.
Capı́tulo 3
Séries Numéricas
3.1 Introdução
A ideia de “série infinita” surge quando imaginamos a operação
de somar sucessivamente sem que essa operação termine
após um número finito de parcelas. Um exemplo motivador
para essa questão pode ser visto ao considerarmos o seguinte
problema geométrico simples. Dado um quadrado de área
igual a 2, ao traçarmos uma das suas diagonais dividimo-lo
em dois triângulos retângulos cada um com área igual a 1. Em
seguida dividamos um dos triângulos ao meio traçando a bis-
setriz do seu ângulo reto para obter dois triâgulos retângulos,
cada um com área igual a 1/2. Dividamos novamente um
dos triângulos de área 1/2 pela bissetriz de seu ângulo reto
para obter dois triângulos de áreas iguais a 1/4. Prosseguindo
com essas divisões indefinidamente, obtemos uma infinidade
de triângulos, cada um com área igual à metade da área do
anterior, e tais que a soma das áreas vale a área do quadrado
original. Em outras palavras, podemos dizer que a área do
quadrado original se exprime como a “soma infinita” das áreas
dos triângulos.
69
70 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
1 1 1 1 1
1+ + + + + + ... (3.1)
2 4 8 16 32
“possui” o valor 2 e escrevemos,
1 1 1 1 1
1+ + + + + + · · · = 2.
2 4 8 16 32
Vemos, deste modo, que o conceito de série infinita ex-
tende o conceito aritmético de soma de uma quantidade finita
de parcelas para soma de uma quantidade infinita de parcelas.
Evidentemente que faz-se necessário estabelecer as condições
matemáticas para dar sentido a tal conceito. O objetivo deste
capı́tulo é, portanto, introduzir o conceito matemático de série
de números reais, quando também apresentaremos diversos
exemplos e daremos os principais critérios e testes de con-
vergência.
3.2 Séries
Dada uma seqüência de números reais (an ), podemos for-
mar uma nova seqüência (sn ) da seguinte forma:
s1 = a1 ,
s2 = a1 + a2 ,
s3 = a1 + a2 + a3 ,
..
.
sn = a1 + a2 + · · · + an ,
..
.
∞
X 1
Exemplo 3.1 (A Série Harmônica) Consideremos a série ,
n=1
n
1
chamada de Série Harmônica. Seu termo geral an = tem
n
limite zero, no entanto a série diverge. De fato, consideremos
a sua reduzida s2n de ordem 2n
72 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
2n−1 parcelas
z }| {!
1 1
s2n = 1 + 21 + 1
+ 1
+ · · · + n−1 + ··· + n >
3 4
2 +1 2
!
1 1
1+ + 1
2
1
4
+ 1
4
+ ··· + + ··· + n =
2n 2
| {z }
2n−1 parcelas iguais a 1
2n
1 2 2n−1
1+ + + · · · + n = 1 + n 12 ·
2 4 {z
| 2}
n parcelas iguais a 1
2
∞
X
Prova: Uma série an é convergente se, e somente se, a
n=1
seqüência das somas parciais (sn ) é convergente. Uma vez
que em R uma seqüência é convergente se, e somente se, é
∞
X
uma seqüência de Cauchy, resulta que an ser convergente
n=1
é eqüivalente a (sn ) ser de Cauchy, isto é, para cada ε > 0
existe N ∈ N tal que
n, m ≥ N ⇒ |sm − sn | < .
74 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
como querı́amos.
As séries convergentes se comportam compativelmente com
as opreções algébricas de R, conforme estabelece a proposição
a seguir.
∞
X ∞
X
Proposição 3.2 Se an e bn são séries convergentes e
n=1 n=1
∞
X
α e β são constantes reais, então a série (αan + βbn ) é
n=1
∞
X ∞
X
convergente. Além disso, se an = a e bn = b, então
n=1 n=1
∞
X
(αan + βbn ) = αa + βb. Simbolicamente escrevemos
n=1
∞
X ∞
X ∞
X
(αan + βbn ) = α an + β bn .
n=1 n=1 n=1
∞
X 1
Exemplo 3.3 A série é convergente uma vez
n=0
(n + 1)2n
que
1 1
≤ n
(n + 1)2 n 2
∞
X 1
para todo n ∈ N e a série é convergente, como vimos
n=0
2n
anteriormente.
∞
X
de termos não negativos an é convergente se, e somente
n=1
se, a seqüência (sn ) das suas reduzidas é limitada. Vamos
utilizar essa observação no exemplo a seguir.
∞
X 1
Exemplo 3.4 ( p−séries) Considere a série p
, p ∈ R.
n=1
n
Vamos usar a Observação acima para mostrar que se p > 1
∞
X 1
então p
é convergente. De fato, para n = 2m − 1 temos
n=1
n
1+ 1
2p
+ 1
3p
+ ··· + 1
(2m−1 ) p
+ ··· + 1
(2m −1) p
<
!
1 1
1+ 1
2p
+ 1
2p
+ ··· + + · · · + p(m−1) =
2 p(m−1) 2
| {z }
2m−1 parcelas
1 2 1 m−1
2m−1
1+ 2
2p
+ ··· + 2(m−1)p
=1+ 1
2 p−1
+ 2 p−1
+ ··· + 2 p−1
,
∞
X 1
Como a série é divergente, segue da Proposição 3.3 que
n=1
n
∞
X 1
é divergente.
n=1
np
Logo,
lim s2n−1 = lim s2n + lim a2n = S + 0 = S .
n→∞ n→∞ n→∞
∞
X
Proposição 3.6 (Teste da Razão) Seja an uma série de ter-
n=1
|an+1 |
mos não nulos e suponhamos que lim = L. Então
n→∞ |an |
c) Se L = 1 o teste é inconclusivo.
2
Jean Le Rond d’Alembert (1717-1783).
3
Peter Gustav Lejeune Dirichlet (1805-1859).
4
Neils Henrik Abel (1802-1828).
82 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
|aN+1 | ≤ b|aN |
|aN+2 | ≤ b|aN+1 | ≤ b2 |aN |
|aN+3 | ≤ b|aN+2 | ≤ b3 |aN |
e podemos deduzir, usando o Primeiro Princı́pio de Indução,
que
|aN+ j | ≤ b j |aN |, para todo j ∈ N.
∞
X ∞
X
Sendo 0 ≤ b < 1 então |aN |b = |aN |
j
b j é convergente
j=1 j=1
∞
X
e segue do critério de comparação que |an | é convergente.
n=1
∞
X
Logo an é absolutamente convergente. Para a prova de b)
n=1
|an+1 |
temos que existe N ∈ N tal que > 1, para todo n ≥ N.
|an |
Assim, para todo j ∈ N temos que
|aN+ j | > |aN+ j−1 | > |aN+ j−2 | > · · · |aN | > 0,
∞
X
isto é, a seqüência (an ) não tem limite zero, portanto an não
n=1
converge. Para justificar a inconclusibilidade do teste no caso
∞ ∞
X 1 X 1
L = 1 consideremos as séries e . Em ambos os
n=1
n n=1 n2
|an+1 |
casos lim = 1 sendo que a primeira série é divergente e
n→∞ |an |
a segunda é convergente.
3.4. OUTROS TESTES DE CONVERGÊNCIA 83
∞
X 1
Exemplo 3.7 A série (−1)n é absolutamente convergente
n=1
n!
pois
(−1)n+1 1
|an+1 | (n+1)! n! 1
= = = ,
|an | 1
(−1)n n! (n + 1)! n + 1
|an+1 |
donde lim = 0 < 1.
n→∞ |an |
∞
X
Proposição 3.7 (Teste da Raiz) Seja an uma série e supon-
pn n=1
hamos que lim |an | = L. Então
n→∞
pn < b < 1.
Prova: Parapa prova de a) ecolhamos b ∈ R tal que L
Como lim |an | = L então existe N ∈ N tal que |an | ≤ b
n
n→∞
para todo n ≥ N. Portanto, |an | ≤ bn para todo n ≥ N. Sendo
∞
X
0 ≤ b < 1 então bn é convergente e segue do critério de
n=1
∞
X ∞
X
comparação que |an | é convergente. Logo an é abso-
n=1 n=1
lutamente convergente.
pn Para a prova de b) temos que existe
N ∈ N tal que |an | > 1, para todo n ≥ N. Assim, a seqüência
∞
X
(an ) não tem limite zero, portanto an diverge. Para ver que o
n=1
teste é inconclusivo no caso L = 1 consideremos, novamente,
∞ ∞
X 1 X 1 pn
as séries e 2
. Em ambos os casos lim |an | = 1
n=1
n n=1
n n→∞
84 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
∞
X rn
Exemplo 3.8 A série (−1)n é absolutamente convergente
n=1
nn
qualquer que seja r ∈ R pois
r
n
r n
r n |r| |r|
(−1)n n =
n
n
= ,
n n n
p rn
donde lim |an | = 0 < 1, onde an = (−1)n n .
n→∞ n
Proposição 3.8 (Critério de Dirichlet) Sejam (an ) e (bn ) se-
qüências de números reais tais que
∞
X
Então a série an bn é convergente.
n=1
a1 b1 + a2 b2 + · · · + a p b p =
a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 + · · · + a p b p =
µ ≤ sk ≤ M, ∀k = 1, 2, · · · , p.
Então
µb1 ≤ a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 + · · · + a p b p ≤ Mb1 .
∞
X
o que acarreta a convergência da série an bn , pelo pelo
n=1
Critério de Cauchy.
3.5. EXERCÍCIOS DO CAPÍTULO 3 87
√
!
√ 1
an = n + 1 − n e bn = ln 1 + .
n
∞
X
3.4- Se an , an ≥ 0 ∀n ∈ N, é convergente, então as séries
n=1
∞
X ∞
X
an xn , x ∈ [0, 1] e an sen(nx), x ∈ R
n=1 n=1
∞
X ∞
X
3.5- Mostre que se an converge absolutamente, então a2n
n=1 n=1
converge.
∞
X ∞
X ∞
X
3.6- Prove que se a2n e b2n convergem, então an bn
n=1 n=1 n=1
converge absolutamente.
∞
X ∞
X
3.7- Prove que se a2n e b2n convergem, então
n=1 n=1
∞
X
(an + bn )2
n=1
também converge.
∞
X ∞
X
3.8- Prove que se a2n e b2n convergem, então
n=1 n=1
∞ 2 ∞ ∞
X X X
an bn ≤ a2n b2n .
∞
X ∞
X
3.9- Mostre que se an e bn convergem absolutamente,
n=1 n=1
∞
X
então (an cos(nx) + bn sen(nx)) também converge.
n=1
lim nan = 0.
n→∞
3.5. EXERCÍCIOS DO CAPÍTULO 3 89
∞
X
3.14- Dê exemplos de uma série convergente an e de uma
n=1
∞
X
seqüência limitada (xn ) tais que an xn seja divergente.
n=1
∞
X
3.15- Prove que se an ≥ 0 para todo n ∈ N e an converge,
n=1
∞ √
X an
então também converge.
n=1
n
an
3.17- Se an ≥ 0 e bn > 0 para todo n ∈ N e se lim = 0
n→∞ bn
∞
X ∞
X
então an converge se bn converge.
n=1 n=1
∞
X 1
3.19- Mostre que é diverente.
n=2
n ln n
∞
X 1
3.20- Mostre que a série converge se r > 1 e di-
n=2
n(ln n)r
verge se r ≤ 1.
∞
X ∞
X
3.21- Sejam an e bn duas séries de termos positivos
n=1 n=1
tais que
an
0 < lim < ∞.
n→∞ bn
∞
X
3.23- Mostre que se an converge e se (sn ) é tal que sn =
n=1
s1 + s2 + · · · + sn
a1 + a2 + · · · + an então a seqüência con-
∞
n
X
verge, e seu limite é an .
n=1
∞
X ∞
X
3.24- Mostre que se an converge e bn diverge, então a
n=1 n=1
∞
X
série (an + bn ) diverge.
n=1
∞
X n
3.25- A série (−1)n converge ou diverge? Justifique
n=1
n+1
sua resposta.
∞
X xn
3.26- Determine os valores de x para os quais a série
n=1
nx
seja convergente.
∞
X
3.29- Mostre que, se an é absolutamente convergente, então
n=1
∞
X ∞
X
an = aσ(n) para toda bijeção σ : N → N.
n=1 n=1
Capı́tulo 4
4.1 Introdução
93
94 CAPÍTULO 4. NOÇÕES DE TOPOLOGIA DA RETA
n ≥ N ⇒ ` − ε < an < L + ε.
n ≥ N1 ⇒ an < L + ε.
n ≥ N2 ⇒ ` − ε < a n .
n ≥ N ⇒ ` − ε < an < L + ε,
(4n + 1)π
! !
1 1
a4n+1 = 1− sen = 1− .1
4n + 1 2 4n + 1
e, assim, lim a4n+1 = 1. Temos também que
n→∞
! !
1 (4n − 1)π 1
a4n−1 = 1− sen = 1− .(−1)
4n − 1 2 4n − 1
e, portanto, lim a4n−1 = −1. Como
n→∞
!
1 nπ
|an | = 1 − sen ≤ 1
n 2
para todo n ∈ N, segue que lim inf an = −1 e lim sup an = 1.
Podemos também concluir, usando o Corolário da Proposição 4.1,
que (an ) é divergente.
L = lim αn e L = lim βn .
n→∞ n→∞
e
lim sup an = L = lim sup An ,
n→∞
1
βn2 +1 − < an3 ≤ βn2 +1 .
3
Prosseguindo com essa construção, para cada k ∈ N determi-
namos ank tal que
1
βnk +1 − < ank+1 ≤ βnk +1 . (4.3)
k+1
Passando ao limite em (4.3) quando k → ∞ obtemos lim ank =
k→∞
L. Assim, L é um ponto aderente de (an ) e, conseqüentemente,
n j ≥ N ⇒ |an j − x0 | < ε.
Isto é, todo subconjunto aberto não vazio de R pode ser rep-
resentado como uma união de intervalos abertos. Pode-se
mostrar (vide [8]) um resultado mais refinado o qual afirma que
“todo subconjunto aberto pode ser representado como uma
união enumerável de intervalos abertos dois a dois disjuntos”.
onde
a) Se c ≥ 0 então
e
lim sup(cxn ) = c lim sup xn .
b) Se c < 0 então
e
lim sup(cxn ) = c lim inf xn .
Limites de Funções
5.1 Introdução
O nosso principal objetivo nesse Capı́tulo é ampliar o con-
ceito de limite, já introduzido no Capı́tulo 2 para o caso de
seqüências numéricas, para a situação mais geral de funções
reais definidas em subconjuntos de R. A nossa estratégia, levando
em consideração o público alvo deste texto, é apresentar o
conceito na forma mais ampla possı́vel, de modo a dar condições
mı́nimas aos interessados em leituras mais avançadas, mas
procurando estabelecer as eqüivalências em termos de limites
de seqüências numéricas, de tal modo a aproveitar bem o ma-
terial até agora estudado.
113
114 CAPÍTULO 5. LIMITES DE FUNÇÕES
1
dado ε > 0, existe x ∈ R tal que x > e, assim, 0 < f (x) =
ε
1
< ε. Agora, para a > 0, f restrita a [a, +∞) é limitada, pois
x
1 1
se x ≥ a > 0 temos 0 < ≤ .
x a
Prova:
i) Existem M1 > 0 e M2 > 0 tais que
| f (x)| ≤ M1 e |g(x)| ≤ M2 , ∀x ∈ S .
Então
e
|( f.g)(x)| = | f (x).g(x)| = | f (x)|.|g(x)| ≤ M1 .M2 .
para todo x ∈ S .
116 CAPÍTULO 5. LIMITES DE FUNÇÕES
(x − 2)(x + 2)
2
x − 4
− 4 = − 4 = |x − 2| < δ = ε.
x−2 x−2
5.3. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS 117
f (x) L
iii) Se g(x) , 0 e M , 0 então lim = .
x→a g(x) M
Prova: Seja (xn ) tal que xn , a para todo n ∈ N e lim xn =
n→∞
a. Então lim f (xn ) = L e lim g(xn ) = M. Segue agora da
n→∞ n→∞
Proposição 2.3 que
f (xn ) L
c) lim =
n→∞ g(xn ) M
o que demonstra o corolário.
Corolário 3: Sejam f e g funções reais tais que f (x) ≤ g(x)
para todo x , a. Se lim f (x) = L e lim g(x) = M então L ≤ M.
x→a x→a
Prova: Seja (xn ) tal que xn , a para todo n ∈ N e lim xn = a.
n→∞
Então lim f (xn ) = L e lim g(xn ) = M. Como f (xn ) ≤ g(xn ) para
n→∞ x→∞
todo n ∈ N, segue da Proposição 2.4 que L ≤ M.
Corolário 4: Sejam f, g e h funções reais tais que f (x) ≤
g(x) ≤ h(x) para todo x , a. Se lim f (x) = lim h(x) = L então
x→a x→a
lim g(x) = L.
x→a
Prova: Seja (xn ) tal que xn , a para todo n ∈ N e lim xn = a.
n→∞
Então lim f (xn ) = lim h(xn ) = L. Como f (xn ) ≤ g(xn ) ≤ h(xn )
n→∞ n→∞
para todo n ∈ N, segue da Proposição 2.5 que lim g(xn ) = L e,
n→∞
portanto, lim g(x) = L.
x→a
120 CAPÍTULO 5. LIMITES DE FUNÇÕES
(2n + 1)π π
! !
1
f (xn ) = sen = sen = sen nπ + .
xn 2 2
x + 1, se x ≤ 2,
f (x) =
2x − 3, se x > 2.
x , se x ≥ 0,
2
f (x) =
−x, se x < 0.
√
Dado ε > 0 escolhamos δ = ε. Se consideramos 0 < x < δ
então | f (x) − 0| = |x2 | = x2 < δ2 = ε. Assim, lim+ f (x) = 0. Por
x→0
outro lado, dado ε > 0 podemos escolher δ = ε e temos, para
−δ < x < 0, | f (x) − 0| = | − x| = −x < δ = ε, isto é, lim− f (x) = 0.
x→0
Logo, pela Proposição 5.4, lim f (x) = 0.
x→0
1 1
f (x) = − > = K.
1+x δ
Portanto lim− f (x) = +∞.
x→−1
y y2 y2 y 2 y2
x + xy + y = x + 2x + + 3 = (x + ) + 3 ≥ 0,
2 2 2
2 4 4 2 4
e assim f (x)− f (y) = (x−y)(x2 +xy+y2 ) < 0 ou seja, f (x) < f (y),
se x < y. Vide esboço do gráfico de f abaixo.
128 CAPÍTULO 5. LIMITES DE FUNÇÕES
Dizer que x0 < N significa que lim− f (x) = f (x0 ) = lim+ f (x),
x→x0 x→x0
ou seja, o limite de f em x0 existe e é igual a f (x0 ). Assim,
é suficiente provarmos que N é contável. Para cada x0 ∈ N
escolhamos r x0 ∈ Q tal que
lim f (x) < lim+ f (x) e lim− f (x) < lim+ f (x)
x→x1− x→x1 x→x2 x→x2
Logo
i) lim x3 = 1
x→1
x2 − 1
ii) lim =2
x→1 x − 1
iii) lim (2x − 1) = 3
x→2
iv) lim cos(x) = cos(a)
x→a
a) f (x) = 3 + 2x − x2 em (0, 4)
b) f (x) = 2 − |x − 1| em (−2, 2)
5.6. EXERCÍCIOS DO CAPÍTULO 5 133
i) Para todo a, b ∈ R, a2 + ab + b2 ≥ 0.
ii) A função f : R → R tal que f (x) = x3 é extritamente
crescente em R.
1
a) Se lim f (x) = ∞ então: lim =0
x→a x→a f (x)
b) Se lim f (x) = 0 e f (x) , 0 ∀x ∈ Vδ∗ (a) então:
x→a
1
lim = +∞
x→a f (x)
e
f (x0 ) ≥ sup f (x) = lim+ f (x)
x∈(x0 ,b) x→x0
Funções Contı́nuas
6.1 Introdução
Apresentamos neste capı́tulo o conceito de continuidade
de funções reais. Tal conceito é, sem dúvida, um dos mais
básicos em Cálculo e Análise Real, muito importante em aplicações,
dada a sua utilidade em problemas de aproximações, e funda-
mental em outras áreas como Geometria e Topologia. Intuitiva-
mente falando, a propriedade de continuidade de uma função
significa que “pequenas variações” na variável independente
produz “pequenas variações” nos valores da função.
135
136 CAPÍTULO 6. FUNÇÕES CONTÍNUAS
ε e de x0 ) tal que
1) f está definida em x0 ;
2) Existe o limite de f em x0 ;
Temos que
a) f + g é contı́nua em x0 ;
b) f g é contı́nua em x0 ;
g(x0 )
0< < g(x),
2
e se for g(x0 ) < 0 segue que
g(x0 )
g(x) < < 0.
2
f
Em qualquer caso temos g(x) , 0 em Vη (x0 ) ∩ S e, portanto,
g
f
está aı́ bem definida. A continuidade de em x0 decorre do
g
Corolário 2 da Proposição 5.2.
142 CAPÍTULO 6. FUNÇÕES CONTÍNUAS
Exemplo 6.10 Vimos, nos Exemplos 6.1 e 6.2, que toda função
constante e a função identidade são contı́nuas em todo ponto
x0 ∈ R. Logo, por aplicações sucessivas dos itens a) e b) da
Proposição 6.2, deduzimos que as funções polinomiais são
contı́nuas em todo ponto x0 ∈ R. Segue agora, deste último
fato e do item c) da Proposição 6.2 que as funções racionais,
isto é, definidas como quociente de dois polinômios, são contı́nuas
em todos os pontos onde o denominador não se anule.
1
seja, ≤ K, para todo x ∈ [a, b]. Ou ainda, f (x) ≤
M − f (x)
1
M − , para todo x ∈ [a, b]. Mas isso é uma contradição pois
K
1
M− < M e M é supremo de f em [a, b]. A demostração
K
para o caso do ı́nfimo é feita de maneira análoga.
|xn j − x0 | ≥ ε0 . (6.1)
|sen x − seny| ≤ |x − y|
1
Exemplo 6.19 A função f : (0, 1) → R dada por f (x) =
x
é contı́nua em (0, 1) mas não é uniformemente contı́nua. De
fato, para ε = 12 , dado δ > 0 qualquer, seja n ∈ N tal que 1n < δ,
e tomemos x1 = n1 e x2 = n+1 1
. Temos que x1 e x2 pertencem a
(0, 1) e |x1 − x2 | = n1 − n+1
1
< n1 < δ, mas
1 1
| f (x1 ) − f (x2 )| = − = |n − (n + 1)| = 1 > ε.
x1 x2
1
0 ≤ lim |xn j − yn j | ≤ | lim (xn j − yn j )| ≤ lim = 0,
j→∞ j→∞ j→∞ nj
logo
lim [ f (xn j ) − f (yn j )] = 0.
j→∞
Prova: Seja ε > 0 dado. Então existe b > 0 de tal modo que
ε
| f (x) − L| < , para todo x ≥ b. Assim, se x1 ≥ b e x2 ≥ b,
2
então | f (x1 ) − f (x2 )| < ε. Pela Proposição 6.6 segue que f é
uniformemente contı́nua em [a, b + 1], logo existe δ > 0, o qual
podemos considera-lo menor que 1, tal que se x1 , x2 ∈ [a, b+1]
e |x1 − x2 | < δ então | f (x1 ) − f (x2 )| < ε. Agora, dados x1 e x2
em [a, +∞) com |x1 − x2 | < δ, ou ocorre de x1 e x2 pertencerem
a [a, b + 1] e neste caso | f (x1 ) − f (x2 )| < ε, ou ocorre de x1
e x2 pertencerem a [b, +∞), e neste caso também acontece
que | f (x1 ) − f (x2 )| < ε, ou, em último caso, estão ambos na
interseção [b, b + 1] e, novamente, temos | f (x1 ) − f (x2 )| < ε.
f (x + y) = f (x) + f (y), ∀x ∈ R.
então f é contı́nua em x0 = 0.
6.6- Seja f contı́nua em (a, b) e tal que ambos lim+ f (x), lim− f (x)
x→a x→b
existem. Mostre que f é limitada em (a, b).
são contı́nuas em R.
5 7 16
+ + =0
x−1 x−2 x−3
admite uma solução entre 1 e 2 e outra entre 2 e 3.
Funções Deriváveis
7.1 Introdução
Didicamos este capı́tulo ao estudo das funções deriváveis
e, uma vez que estamos supondo o leitor familiarizado com a
interpretação gemétrica da derivada como coeficiente angular
da reta tangente ao gráfico da função, ou com a interpretação
fı́sica como a velocidade de um ponto material, concentraremos
nossa argumentação nos aspectos matemáticos do conceito,
objetivando estudar as propriedades básicas da noção de derivada
e enfatizar os resultados que conduzam a informações sobre
a função a partir de informações sobre a sua derivada.
7.2 A Derivada
Definição 7.1 Sejam I ⊂ R um intervalo aberto e f : I → R
uma função. Dizemos que f é derivável em x0 ∈ I se existe o
limite
f (x) − f (x0 )
lim . (7.1)
x→x0
x,x0
x − x0
159
160 CAPÍTULO 7. FUNÇÕES DERIVÁVEIS
e
f (h) − f (0) h
lim+ = lim+ = lim+ 1 = 1.
h→0 h h→0 h h→0
f (h) − f (0)
Portanto, não existe lim .
h→0 h
A primeira informação que deduzimos de uma função que
é derivável em um ponto é que esta é contı́nua no ponto. É o
que estabelece a proposição a seguir.
isto é, lim f (x) = f (x0 ), o que significa dizer que f contı́nua
x→x0
em x0 .
A recı́proca da Proposição 7.1 é falsa conforme constata-
mos mediante o Exemplo 7.3.
As propriedades algébricas da derivada estão apresentadas
na proposição a seguir.
Proposição 7.2 Sejam f e g funções definidas em um inter-
valo aberto I e deriváveis em x0 ∈ I. Então
i) f + g é derivável em x0 e ( f + g)0 (x0 ) = f 0 (x0 ) + g0 (x0 ),
ii) f g é deivável em x0 e ( f g)0 (x0 ) = f (x0 )g0 (x0 ) + f 0 (x0 )g(x0 ),
f
iii) Se g , 0 então g
é derivável em x0 e
!0
f f 0 (x0 )g(x0 ) − f (x0 )g0 (x0 )
(x0 ) =
g [g(x0 )]2
Prova: Para a prova de i) temos que
( f + g)(x0 + h) − ( f + g)(x0 )
=
h
f (x0 + h) − f (x0 ) g(x0 + h) − g(x0 )
+ .
h h
O resultado segue das propriedades de limite de funções. Para
a verificação de ii) é bastante observar que
f (x0 + h)g(x0 + h) − f (x0 )g(x0 )
=
h
g(x0 + h) − g(x0 ) f (x0 + h) − f (x0 )
f (x0 + h) + g(x0 ),
h h
usar a Proposição 7.1 e as propriedades do limite de funções.
Finalmente para provar iii) temos que
f (x0 +h) f (x0 +h)− f (x0 )
− f (x0 ) g(x0 +h)−g(x
f (x0 ) 0)
g(x0 +h)
− g(x0 ) g(x0 )
= h h
h g(x0 )g(x0 + h)
7.2. A DERIVADA 163
e teremos
g( f (x)) − g( f (x0 ))
lim =
x→x0 x − x0
g( f (x)) − g( f (x0 )) f (x) − f (x0 )
lim = 0.
x→x0 f (x) − f (x0 ) x − x0
Assim, em qualquer situação temos a validade da fórmula
E para x0 = 0 temos
2 1
f (x) − f (x0 ) x sen
!
x 1
= = xsen .
x − x0 x x
Como !
1
lim xsen = 0,
x→0 x
segue que f é derivável em x0 = 0 e f 0 (0) = 0. Assim
2x sen 1
x
− cos 1
x
, se x , 0,
f (x) =
0
se x = 0.
0,
!
0 1
Mas f não é uma função contı́nua pois cos não tem limite
x
quando x → 0.
≤ 0, se x0 < x < x0 + δ,
(
f (x) − f (x0 )
= (7.3)
x − x0 ≥ 0, se x0 − δ < x < x0 .
Prova: Se for f (x) = f (a) para todo x ∈ (a, b), como f (a) =
f (b), então f é constante em [a, b] e, portanto, f 0 (x) = 0 para
todo x ∈ (a, b). Assim, podemos supor que existe x ∈ (a, b) tal
que f (x) , f (a). Sendo f contı́nua em [a, b], pelo Teorema do
Máximo e do Mı́nimo (Teorema 6.2), f possui extremos abso-
lutos em [a, b]. Como estamos supondo que f não é constante
em (a, b) e pelo fato de que f (a) = f (b), então pelo menos um
dos pontos de extremo absoluto de f pertence a (a, b). Seja
x0 tal ponto. Segue da Proposição 7.4 que f 0 (x0 ) = 0.
f (y) − f (x)
f 0 (x) = lim .
y→x y−x
Desde que
f (x) − f (y) ≤ M, se y , x,
y−x
170 CAPÍTULO 7. FUNÇÕES DERIVÁVEIS
isto é,
Portanto
1 (n+1) (x − t)n
F 0 (t) = − f (t)(x − t)n + K(x, c) .
n! n!
Como temos F 0 (ξ) = 0 então K = f (n+1) (ξ), e temos demon-
strada a proposição.
O termo
f (n+1) (ξ)
Rn+1 = (x − c)n+1 (7.9)
(n + 1)!
da Fórmula (7.8) é chamado de Resto de Lagrange, e a própria
fórmula (7.8), é chamada de Fórmula de Taylor com Resto de
Lagrange. Observe que se n = 0 temos exatamente o Teorema
7.4. A FÓRMULA DE TAYLOR 173
f (n) (c)
Pn (x) = f (c) + f 0 (c)(x − c) + · · · + (x − c)n
n!
e o erro cometido com esta aproximação é menor que C|x−c|n ,
onde C é uma constante positiva.
f 0 (x)
iii) lim existe.
x→a g0 (x)
Então
f (x) f (x) f 0 (x)
lim existe e lim = lim 0 ·
x→a g(x) x→a g(x) x→a g (x)
f (x) f 0 (t x )
= 0 .
g(x) g (t x )
Uma argumentação semelhante para a − δ < x < a mostra que
existe t x ∈ (x, a) tal que
f (x) f 0 (t x )
= 0 .
g(x) g (t x )
Agora, quando x → a temos que t x → a e, portanto,
f (x) f 0 (t x ) f 0 (x)
lim = lim 0 = lim 0
x→a g(x) tx →a g (t x ) x→a g (x)
uma vez que, por hipótese, este último limite existe.
1 − cos x
lim ·
x→0 sen2 x
f 0 (x) sen x 1 1
lim 0
= lim = lim = .
x→0 g (x) x→0 2sen x cos x x→0 2 cos x 2
i) f é contı́nua em a;
F 0 (x) f 0 (x)
lim = lim = lim f 0 (x),
x→a G 0 (x) x→a 1 x→a
F 0 (x) F(x)
isto é, existe lim 0
· Pela Proposição 7.10, existe lim
x→a G (x) x→a G(x)
e
F(x) F 0 (x)
lim = lim 0 = lim f 0 (x)·
x→a G(x) x→a G (x) x→a
Portanto,
f (x) − f (a)
lim = lim f 0 (x).
x→a x−a x→a
f 0 (x)
iii) lim existe.
x→+∞ g0 (x)
7.5. A REGRA DE L’HÔPITAL 177
f (x)
Então lim existe e
x→+∞ g(x)
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0 ·
x→+∞ g(x) x→+∞ g (x)
f 0 (x)
Prova: Seja L = lim · Então, dado ε > 0, existe um
x→+∞ g0 (x)
número a tal que
Logo
f (x) g(x) − g(a)
lim · = 1.
x→+∞ f (x) − f (a) g(x)
Assim, se x > a,
ε
f (x) g(x) − g(a)
· − 1 <
f (x) − f (a) g(x) 2|L| + ε
x > a. Então
se
f (x) − f (x)− f (a) = f (x)− f (a) · f (x) · g(x)−g(a) − f (x)− f (a) =
g(x) g(x)−g(a) g(x)−g(a) f (x)− f (a) g(x) g(x)−g(a)
f (x)− f (a) · f (x) · g(x)−g(a) − 1 < |L| + ε · ε < ε
g(x)−g(a) f (x)− f (a) g(x)
2 2|L|+ε 2
ε
< |L| + · Conseqüentemente,
f (x)− f (a)
pois de (7.13) temos
g(x)−g(a) 2
temos
f (x) − L ≤ f (x) − f (x)− f (a) + f (x)− f (a) − L < ε ε
g(x) g(x) g(x)−g(a) g(x)−g(a) 2
+ 2
=ε
se x > a.
f (x) f 0 (x)
Portanto, lim = L = lim 0 ·
x→+∞ g(x) x→+∞ g (x)
x
Exemplo 7.9 Considere o problema de calcular lim . Para
ex x→+∞
resolver este problema façamos f (x) = x e g(x) = e . Então x
f 0 (x) 1
lim f (x) = lim g(x) = +∞ e lim 0
= lim x = 0.
x→+∞ x→+∞ x→+∞ g (x) x→+∞ e
x
Portanto, lim = 0.
x→+∞ ex
7.5. A REGRA DE L’HÔPITAL 179
f 0 (x)
iii) lim+ = L.
x→a g0 (x)
f (x)
Então lim+ = L.
x→a g(x)
1 1
Prova: Seja x = a + ou, eqüivalentemente, u = · Então
+
u x−a
x → a se, e somente se, u → +∞. Agora,
!
1
lim f a + = lim+ f (x) = +∞
u→+∞ u x→a
e !
1
lim g a + = lim+ g(x) = +∞.
u→+∞ u x→a
lim x ln x.
x→0+
180 CAPÍTULO 7. FUNÇÕES DERIVÁVEIS
− ln 1x
Para solucioná-lo escrevamos, para x > 0, x ln x = 1
=
x
ln 1x 1 1
− 1
· Sejam f (x) = ln e g(x) = . Temos que f 0 (x) e g0 (x)
x
x x
existem, g0 (x) , 0,
e
f 0 (x) − 1x
= = x.
g0 (x) − x12
f 0 (x) f (x)
Donde lim+ 0
= 0 e, portanto, lim+ = 0.
x→0 g (x) x→0 g(x)
f 0 (x)
iii) lim− = L.
x→a g0 (x)
f (x)
Então lim− = L.
x→a g(x)
c0 + c1 x + · · · + cn−1 xn−1 + cn xn = 0
tem pelo menos uma raiz real entre 0 e 1.
f 0 (x)
lim =L∈R
x→−∞ g0 (x)
f (x)
então lim = L.
x→−∞ g(x)
7.15- Seja f : R → R dada por:
( α
|x| sen 1x , se x , 0,
f (x) =
0, se x = 0.
a) x ≤ tan x, se 0 ≤ x ≤ π2 .
b) log(1 + x) < x, se x > 0
c) x ≤ arcsen x ≤ √ x , se 0 ≤ x < 1.
1−x2
f (x) f 0 (x0 )
lim = 0 ·
x→x0 g(x) g (x0 )
e lim u(y) = 0.
y→x
Funções Integráveis
8.1 Introdução
1
Georg Friedrich Bernard Riemann (1826-1866)
2
Gaston Darboux (1824-1917)
187
188 CAPÍTULO 8. FUNÇÕES INTEGRÁVEIS
s( f ; P) ≤ s( f ; P ∪ Q) ≤ S ( f ; P ∪ Q) ≤ S ( f ; Q).
m(b − a) ≤ s( f ; P) ≤ S ( f ; P) ≤ M(b − a)
Logo
Z b Z b
m(b − a) ≤ f (x)dx ≤ f (x)dx ≤ M(b − a),
a a
como querı́amos.
Z b Z b
ii) [ f (x) + c]dx = f (x)dx + c(b − a)
a a
Portanto
Z b Z c Z b
f (x)dx ≥ f (x)dx + f (x)dx. (8.4)
a a c
Para a > b,
Z b Z a Z b Z a
f (x)dx = − f (x)dx e f (x)dx = − f (x)dx.
a b a b
De maneira que
x0 +h
F(x0 + h) − F(x0 ) 1
Z
= f (t)dt.
h h x0
8.3. A INTEGRAL DE RIEMANN 195
Logo
F(x0 + h) − F(x0 )
inf [ f (t) − f (x0 )] ≤ − f (x0 ) ≤
|t−x0 |≤|h| h
sup [ f (t) − f (x0 )].
|t−x0 |≤|h|
Z b
e o valor comum denotamos por f (t)dt.
a
Logo temos
Z b Z b
0≤ f (t)dt − f (t)dt ≤ kPk( f (b) − f (a)).
a a
o que acarreta
Z b Z b
f (t)dt = f (t)dt
a a
S ( f ; P) − s( f ; P) ≤ S ( f ; P1 ) − s( f ; P2 ) < ε.
então
Z b Z b
0≤ f (t)dt − f (t)dt < ε.
a a
c, se a < x ≤ b
(
f (x) =
d, se x = a.
o que acarreta
Z b
S ( f ; P) + c(b − a) < f (x)dx + c(b − a) + ε
a
Z b
e, por fim, S ( f ; P) <
f (x)dx + ε. Com um raciocı́nio análogo
a Z b
prova-se a outra desigualdade s( f ; P) > f (x)dx − ε e fica
a
demonstrada a proposição.
202 CAPÍTULO 8. FUNÇÕES INTEGRÁVEIS
s( f ; P) ≤ S ( f ; P; ξ) ≤ S ( f ; P).
3
A construção da integral como no Teorema 8.1 é conhecida como Integral
de Cauchy.
8.3. A INTEGRAL DE RIEMANN 203
Logo
Z b
lim S ( f ; P; ξ) = f (x)dx.
kpk→0 a
Reciprocamente, suponhamos que lim S ( f ; P; ξ) = γ ∈ R.
kPk→0
Mostremos que f é integrável à Riemann em [a, b] e, além
Rb
disso, a f (x)dx = γ. Para tanto seja ε > 0 dado e considere-
mos uma partição P = {a = x0 < x1 < · · · < xn = b} de [a, b].
Para cada i = 1, 2, · · · n escolhamos ξi e ηi em [xi , xi−1 ] tais
que
f (ξi ) > Mi − ε e f (ηi ) < mi + ε.
Tais escolhas são possı́veis tendo em vista que Mi é o supremo
de f em [xi−1 , xi ] e mi é o ı́nfimo de f em [xi−1 , xi ]. Então
e, portanto,
Z b
S ( f ; P; η) − ε(b − a) < s( f ; P) ≤ f (x)dx ≤ (8.6)
a
Z b
f (x)dx ≤ S ( f ; P) < S ( f ; P; ξ) + ε(b − a).
a
i) f + g é integrável em [a, b] e
Z b Z b Z b
( f (x) + g(x))dx = f (x)dx + g(x)dx.
a a a
ε
Z b
S ( f ; P; ξ) − f (x)dx < , sempre que kPk < δ1
a 2
8.3. A INTEGRAL DE RIEMANN 205
e
ε
Z b
S (g; P; ξ) − g(x)dx < , sempre que kPk < δ2 ,
a 2
Isto é,
Z b Z b
lim S ( f + g; P; ξ) = f (x)dx + g(x)dx =
kPk→0 a a
Z b
( f (x) + g(x))dx.
a
ε
Z b
S ( f ; P; ξ) − f (x)dx < , sempre que kPk < δ.
a |c|
Isto é
Z b Z b
lim S (c f ; P; ξ) = (c f )(x)dx = c f (x)dx.
kPk→0 a a
s( f ; P) ≤ s( f ; P∗ ) ≤ S ( f ; P∗ ) ≤ S ( f ; P),
o que acarreta
S ( f ; P∗ ) − s( f ; P∗ ) ≤ S ( f ; P) − s( f ; P) < ε.
Por hipótese g(x) − f (x) ≥ 0, para todo x ∈ [a, b]. Logo, pela
Z b
Proposição 8.12, (g(x) − f (x))dx ≥ 0. Combinando os re-
a
sultados fica demonstrado o Corolário.
Dada uma função real qualquer f : [a, b] → R vamos
definir f + : [a, b] → R e f − : [a, b] → R respectivamente por
(
+ f (x), se f (x) ≥ 0,
f (x) =
0, se f (x) < 0.
e (
− f (x), se f (x) ≤ 0,
f (x) =
−
0 se f (x) > 0.
Quando f : [a, b] → R é limitada, então f + e f − são
funções4 limitadas não negativas satisfazendo | f | = f + + f −
e f = f + − f − como se comprova facilmente.
As funções f + e f − são chamadas de parte positiva e parte negativa, re-
4
spectivamente, de f.
208 CAPÍTULO 8. FUNÇÕES INTEGRÁVEIS
isto é Z b Z b
f (x)dx ≤ | f |(x)dx.
a a
M f g − m f g ≤ M f Mg − m f mg =
M f Mg − M f mg + M f mg − m f mg =
M f [Mg − mg ] + mg [M f − m f ] ≤ (8.7)
M1 [Mg − mg ] + M2 [M f − m f ].
S ( f g; P) − s( f g; P) ≤
M1 [S (g; P) − s(g; P)] + M2 [S ( f ; P) − s( f ; P)]. (8.8)
f g = ( f + − f − )(g+ − g− ) = f + g+ − f + g− − f − g+ + f − g−
é uma primitiva de f.
Notemos que se c ∈ R é uma constante então F + c é
também uma primitiva de f. Na verdade, como uma conseqüência
do Teorema do Valor Médio de Lagrange (Teorema 7.3), qual-
quer primitiva de f é do tipo F +c para alguma constante c. Va-
mos usar este resultado para estabelecer o teorema a seguir.
m0i (xi − xi−1 ) ≤ f 0 (ξi )(xi − xi−1 ) ≤ Mi0 (xi − xi−1 ). (8.14)
Adicionando desde i = 1 até i = n e usando (8.13) obtemos
n
X n
X
m0i (xi − xi−1 ) ≤ f (b) − f (a) ≤ Mi0 (xi − xi−1 ). (8.15)
i=1 i=1
Z b Z b
0
Assim, f (x)dx ≤ f (b) − f (a) ≤ f 0 (x)dx. Como f 0 é in-
a a
Z b
tegrável em [a, b], segue que f 0 (x)dx = f (b) − f (a).
a
como querı́amos.
Quando f é uma função não negativa, o Primeiro Teorema
da Média admite uma interpretação geométrica simples. Com
efeito, desde que a integral de f corresponde à área da região
do plano compreendida entre o eixo das abcissas, as retas
x = a e x = b e o gráfico de f, o resultado afirma, em primeiro
lugar, que esta área é um número compreendido entre a área
do retângulo de base b − a e altura m e a do retângulo de
mesma base e altura M, e, em segundo lugar, que quando f
é contı́nua esta área é igual a área de um retângulo de base
b − a e altura f (c), para algum c ∈ [a, b].
Quando f e g são funções integráveis em [a, b] com f
Rb
contı́nua, g ≥ 0 e a g(x)dx > 0, o número real
Rb
f (x)g(x)dx
µ= a
Rb (8.16)
a
g(x)dx
é chamado de média ponderada de f em [a, b] com respeito à
função peso g. Podemos agora generelizar o Teorema 8.3 do
seguinte modo:
m ≤ µ ≤ M.
isto é
Z b Z ξ Z b
f (x)g(x)dx = f (a) g(x)dx + f (b) g(x)dx,
a a ξ
como querı́amos.
220 CAPÍTULO 8. FUNÇÕES INTEGRÁVEIS
1
12 + 22 + 32 + · · · + n2 = n(n + 1)(2n + 1), ∀n ∈ N.
6
Use agora a partição
1 2 n−1
P = {0 < < < ··· < < 1}
n n n
do intervalo [0, 1] para mostrar que f (x) = x2 é in-
tegrável em [0, 1] e
Z 1
1
x2 dx = .
0 3
" Z b # 21
1
m≤ f 2 (x)dx ≤M
b−a a
" Z b # 21
1
f (c) = f 2 (x)dx
b−a a
Calcule ϕ0 (x).
222 CAPÍTULO 8. FUNÇÕES INTEGRÁVEIS
Z b ! n1
lim n
f (x)dx = M.
n→∞ a
Prove que:
1
π
Z
|P(x)|dx ≤ .
0 2
Seqüências e Séries de
Funções
9.1 Introdução
Tratamos neste capı́tulo de seqüências ( fn ) cujos termos
são funções reais definidas em um mesmo subconjunto S ⊂ R.
Para cada x ∈ S podemos considerar a seqüência numérica
( fn (x)), à qual podem ser aplicados os conceitos de limitação,
monotonicidade, convergência, etc, conforme estudados no
Capı́tulo 2. Nesse Capı́tulo avaliaremos até que ponto tais
propriedades se estendem para seqüências de funções e es-
tudaremos outras propriedades mais especı́ficas.
Dentre as várias justificativas para a importância de se es-
tudar seqüências e séries de funções destacamos a seguinte:
no tratamento de determinados problemas de equações fun-
cionais, isto é, equações onde a incógnita é uma função, uma
técnica utilizada consiste em pesquisar soluções aproximadas
do problema original sob condições mais regulares e, por pas-
sagem ao limite da seqüência de funções resultante do processo
de aproximação, determinar a solução exata do problema.
227
228 CAPÍTULO 9. SEQÜÊNCIAS E SÉRIES DE FUNÇÕES
x
2. , x ∈ R.
n n∈N
1 − 0 = 1 < ε.
nx nx
x
Exemplo 9.3 A seqüência ( fn ) dada por fn (x) = , x ∈ R, é
n
pontualmente convergente para a função f : R → R tal que
f (x) = 0 para todo x ∈ R. De fato, dado ε > 0, se x ∈ R é
|x|
fixado, tomemos N(ε, x) = e teremos que para n > N(ε, x),
ε
|x|
isto é n > ,
ε
x − 0 = x = |x| < ε.
n n n
230 CAPÍTULO 9. SEQÜÊNCIAS E SÉRIES DE FUNÇÕES
0, se 0 ≤ x < 1,
(
f (x) =
1, se x = 1.
sen(nx)
Exemplo 9.5 Seja a seqüência ( fn ) onde fn (x) = √ ,x∈
n
sen(nx) 1
R. Temos que √ ≤ √ , para todo x ∈ R. Portanto
n n
lim fn (x) = 0 para cada x ∈ R. Isto é, ( fn ) é pontualmente
n→∞
convergente para a função identicamente nula em R. Temos
ainda que todas as fn são deriváveis em R e! a derivada de
0
sen(nx) √
cada uma delas é dada por fn (x) =
0
√ = n cos(nx),
n
formando uma seqüência que não tem limite em ponto algum
de R.
(n + 1)xn , se 0 ≤ x < 1,
(
fn (x) =
0, se x = 1.
9.3. A CONVERGÊNCIA PONTUAL 231
∞
X
Aplicando o teste da razão à série (n+1)xn concluimos pela
n=1
convergência da mesma para todo 0 ≤ x < 1, portanto, o seu
termo geral (n + 1)xn tem limite zero. Assim a seqüência ( fn )
converge pontualmente para a função f identicamente nula
em [0, 1]. Observe agora que todas as funções fn são in-
R1 R1
tegráveis em [0, 1] e 0 fn (x)dx = 1. No entanto 0 f (x)dx =
R1
0
0dx = 0.
portanto
sup | fn (x) − f (x)| −→ 0 quando n −→ ∞.
x∈S
i) f é integrável em [a, b] e
236 CAPÍTULO 9. SEQÜÊNCIAS E SÉRIES DE FUNÇÕES
Z b
ii) lim f (x)dx = lim fn (x)dx.
n→∞ a n→∞
Portanto, Z b Z b
lim fn (x)dx = f (x)dx.
n→∞ a a
Além disso, pelo Teorema 9.1, g é contı́nua em [a, b], logo, no-
vamente pelo Teorema Fundamental do Cálculo, f é derivável
e f 0 (x) = g(x). Segue que f é de classe C 1 . Agora, de (9.2) e
(9.3), temos
Z x
| fn (x) − f (x)| ≤ | fn (c) − f (c)| + | fn0 (t) − g(t)|dt. (9.4)
c
Por outro lado, sabemos que para todo ε > 0 existe N ∈ N tal
que, para n > N
| fn (c) − f (c)| < ε e | fn0 (t) − g(t)| < ε ∀ t ∈ [a, b]. (9.5)
Usando (9.5) em (9.4) resulta que
∞
X
O subconjunto dos pontos x de S tais que a série fn (x)
n=1
converge é chamado de domı́nio de convergência de (9.6).
∞
X
Exemplo 9.9 A série xn tem como domı́nio de convergência
n=1
o conjunto S = {x ∈ R; |x| < 1}.
∞
X 1
Exemplo 9.10 A série possui como domı́nio de con-
n=1
nx
vergência o conjunto S = (1, +∞).
∞
X (x − 1)n
Exemplo 9.11 A série converge pontualmente no
n=1
n2n
intervalo −1 ≤ x < 3. De fato, usando o teste da razão podemos
comprovar que a dada série converge absolutamente no in-
tervalo −1 < x < 3 e diverge se x < −1 ou x > 3. Para
∞ ∞
X (−2)n X (−1)n
x = −1 obtemos a série = , a qual con-
n=1
n2n n=1
n
verge, pelo critério de Leibniz, e para x = 3 obtemos a série
∞ ∞
X 2n X 1
n
= , a série harmônica, a qual é divergente. As-
n=1
n2 n=1
n
sim, a série de funções dada converge pontualmente no inter-
valo −1 ≤ x < 3.
9.5. SÉRIES DE FUNÇÕES 239
∞
X
• Se a série fn (x) convergente em um ponto c ∈ S ,
n=1
∞
X
cada fn0 é contı́nua em S e fn0 (x) converge uniforme-
n=1
∞
X
mente em S então, pelo Teorema 9.3, fn (x) converge
n=1
240 CAPÍTULO 9. SEQÜÊNCIAS E SÉRIES DE FUNÇÕES
∞
X
e pelo Teorema 9.1 temos que fn (x) converge uniforme-
n=1
mente em S .
9.5. SÉRIES DE FUNÇÕES 241
∞
X cos(nx)
Exemplo 9.12 A série converge uniformemente em
n=1
n2
∞
cos(nx) 1 X 1
R uma vez que ≤ e é uma série numérica
n2 n2 n=1 n2
de termos não negativos que é convergente e, portanto, podemos
aplicar o Critério de Weierstrass para concluir a convergência
uniforme da série dada.
∞
X
Então an (x)bn (x) converge uniformemente em S .
n=1
1
Peter Gustav Lejeune Dirichlet (1805-1859)
242 CAPÍTULO 9. SEQÜÊNCIAS E SÉRIES DE FUNÇÕES
Sejam
r
[
c1 , c2 , · · · , cr de K tais que K ⊂ Vc j . Assim, se tomamos
j=1
N = max{nc1 , nc2 , · · · , ncr } então | fn (x) − f (x)| < ε para todo
n ≥ N e para todo x ∈ K, o que demonstra a convergência
uniforme de ( fn ) para f.
Apresentamos a seguir um importante resultado que, num
certo sentido, generaliza o Teorema de Bolzano-Weierstrass
(Teorema 4.3) e, como tal, encontra muitas aplicações em
teoremas de existência. Antes, porém, para facilitar a com-
preensão, é útil estabelecer a seguintes definições:
| fnn (x) − fmm (x)| ≤ | fnn (x) − fnn (xq )| + | fnn (xq ) − fmm (xq )|+
ε ε ε
| fmm (xq ) − fmm (x)| <
+ + = ε,
3 3 3
∀ x ∈ [a, b] e ∀ m, n ≥ N(ε). Logo, ( fnn )n∈N converge uniforme-
mente em [a, b].
Vamos encerrar essa seção apresentando um teorema im-
portante sobre aproximação de funções contı́nuas por polinômios.
Trata-se do Teorema de Aproximação de Weierstrass a seguir
enunciado e demonstrado.
∞
X
Proposição 9.2 O domı́nio de convergência de an (x − c)n
n=0
é intervalo cujo centro é o centro da série.
|x − c|n |x − c|n
|an (x − c) | = |an ||x0 − c|
n n
≤b
|x0 − c|n |x0 − c|n
250 CAPÍTULO 9. SEQÜÊNCIAS E SÉRIES DE FUNÇÕES
∞ ∞ ∞
X xn X (x − 1)n X xn
d) , e) , f) 2
.
n=1
n n=1
n2n n=1
n
∞ ∞
X (−2)n X (−1)n
−1 obtemos = , a qual é convergente, pelo
n=1
n2n n=1
n
Critério de Leibniz. Finalmente, para x = 3 obtemos a série
∞ ∞
X 2n X 1
n
= , a qual é divergente. Portanto o domı́nio de
n=1
n2 n=1
n
convergência é −1 ≤ x < 3.
∞
X
Exemplo 9.15 Consideremos a série xn . Temos que para
n=0
∞
X
|x| < 1 a série é convergente. Para x = 1 obtemos a série 1,
n=0
∞
X
a qual é divergente e se x = −1 obtemos a série (−1)n , a
n=0
qual também não converge. Vemos, assim, que o domı́nio de
convergência é {x ∈ R; −1 < x < 1}.
1
Assim, pelo Exemplo 9.15, a função , é desenvolvı́vel em
1−x
série de potências no intervalo −1 < x < 1.
∞
X
Proposição 9.3 Seja an (x − c)n uma série de potências
n=0
com intervalo de convergência (c − r, c + r). Então, para cada
s ∈ R com 0 < s < r, a série converge uniformemente no
intervalo [c − s, c + s].
Então
i) f é contı́nua;
ii) f é derivável e
∞
X
f (x) =
0
nan (x − c)n−1 ;
n=1
9.6. SÉRIES DE POTÊNCIAS 253
Z x
iii) Para cada x ∈ (c − r, c + r) existe f (t)dt e
c
x ∞
(x − c)n+1
Z X
f (t)dt = an .
c n=0
n+1
∞
X
f 0 (x) = nan (x − c)n−1 , x ∈ (c − r, c + r),
n=1
X∞
f 00 (x) = n(n − 1)an (x − c)n−2 , x ∈ (c − r, c + r),
n=2
X∞
f 000 (x) = n(n − 1(n − 2)an (x − c)n−3 , x ∈ (c − r, c + r)
n=3
e, por indução,
∞
X
f (k) (x) = n(n − 1) · · · (n − k + 1)an (x − c)n−k , x ∈ (c − r, c + r),
n=k
f 00 (c)
f (x) = f (c) + f 0 (c)(x − c) + (x − c)2 + · · · +
2!
f n−1 (c)
(x − c)n−1 + Rn (9.27)
(n − 1)!
f n (ξ)
onde Rn = (x − c)n para um certo ξ ∈ (c, x).
n!
Quando f é uma função de classe C ∞ em um intervalo
[a, b] e se c ∈ [a, b] então para cada x ∈ [a, b] e para todo n ∈
N podemos escrever (9.27). Portanto uma função de classe
C ∞ é desenvolvı́vel em sua série de Taylor em torno de um
ponto de seu intervalo de definição se, e somente se, lim Rn =
n→∞
0.
Apliquemos o que acabamos de ver acima para a função
f (x) = sen x em torno de c = 0. Temos, para cada n ∈ N,
x3 x5 x2n−1
sen x = x − + + · · · + (−1)n + R2n .
3! 5! (2n − 1)!
|x|2n
|R2n | ≤ .
(2n)!
função seno
∞
x3 x5 x7 X x2n+1
sen x = x − + − + ··· = (−1)n . (9.28)
3! 5! 7! n=0
(2n + 1)!
x2 x3 xn−1
ex = 1 + x + + + ··· + + Rn , (9.30)
2! 3! (n − 1)!
onde
|x|n |x|n
|Rn | ≤ , se x < 0 e |Rn | ≤ eb , se x ≥ 0,
n! n!
para algum b > 0. Em ambos os casos lim Rn = 0. Assim, o
n→∞
desenvolvimento de Maclaurin da função exponencial é
∞
x2 x3 X xn
e =1+x+
x
+ + ··· = . (9.31)
2! 3! n=0
n!
1
−
e t , se t > 0,
f (x) =
0, se t ≤ 0
!k 1
1 −
lim e t = 0, para todo inteiro k ≥ 0. (9.32)
t→0+ t
De fato
!k !k
1 1
!k 1
1 − t t
e t = = ∞ <
t 1 X 1 1 !n
et n! t
n=0
!k
1
t
!k+1 = (k + 1)!t → 0
1 1
(k + 1)! t
9.6. SÉRIES DE POTÊNCIAS 259
! 1
1 −
lim p e t = 0. (9.33)
t→0+ t
! 1
1 −
f (t) = p
(n)
e t , para algum polinômio p. (9.34)
t
1
Para n = 0 temos f (0) (t) = f (t) = e− t , para t > 0, por definição
de f, e, neste caso, p é o polinômio identicamente igual a
1. Suponhamos que (9.34) é válida para n. Então, derivando
(9.34) com respeito a t temos
" ! !# 1 ! 1
1 1 0 1
− 1 −
f (n+1)
(t) = 2 p −p e t =q e t, (9.35)
t t t t
1
f (t) − f (0) 1 −
lim = lim+ e t = 0,
t→0+ t t→0 t
! 1
f (k) (t) − fd(k) (0) 1 1 −
fd(k+1) (0) = lim+ = lim+ p e t =
t→0 t t→0 t t
! 1
1 −
lim g e t = 0.
t→0+ t
Então Z x
1
Rn (x) = (x − c)n f (n+1) (s)ds. (9.37)
n! c
.. ..
. .
Portanto, fα (0) = 1, fα0 (0) = α, fα00 (0) = α(α − 1), fα000 (0) =
α(α − 1)(α − 2) e, de uma forma geral,
α−n−1 (1 + t)α
lim (1 + t) = lim = 0.
n→∞ n→∞ (1 + t)n+1
isto é
Z 0 t − x n
|α||α − 1| · · · |α − n|
|Rn (x)| ≤ (1 + t)α−1 dt. (9.42)
n! x 1+t
A função (1 + t)α−1 , para x ≤ t ≤ 0, é contı́nua, logo limitada.
Além do mais, vale a seguinte desiguladade
t−x
≤ −x se − 1 < x ≤ t ≤ 0.
1+t
De fato, multipliquemos a desigualdade −1 < x por −t > 0 e
adicionemos −x a ambos os lados para obter t − x ≤ −x(1 + t).
Portanto
t − x n
≤ (−x)n e (1 + t)α−1 ≤ M, se − 1 < x ≤ t ≤ 0,
1+t
para um certo M > 0. Levando estas informações em (9.42) e
realizando a integração indicada vem que
|α||α − 1| · · · |α − n|M
|Rn (x)| ≤ (−x)n+1 . (9.43)
n!
Usando o Teste da Razão deduzimos que lim Rn (x) = 0. Por-
n→∞
tanto
α(α − 1) 2 α(α − 1)(α − 2) 3
(1 + x)α = 1 + αx + x + x +
2! 3!
α(α − 1) · · · (α − n + 1) n
··· + x + ···
n!
α α(α − 1) · · · (α − n + 1)
Denotando por o número temos
n n!
então que
∞
α
X α n
(1 + x) = 1 + x , para |x| < 1. (9.44)
n
n=1
A série em (9.44) é chamada de Série Binomial e quando α é
um inteiro positivo m se reduz a uma soma finita que coincide
com o Binômio de Newton para (1 + x)m e que, neste caso, é
válido para todo x ∈ R.
264 CAPÍTULO 9. SEQÜÊNCIAS E SÉRIES DE FUNÇÕES
pontualmente.
n→∞
pontualmente em R.
para p = 2 e p = 4.
1 − 12
9.22- Mostre que lim e x = 0, para todo p = 1, 2, 3, · · ·
x→0 xp
9.23- Seja f : R → R definida por
( −1
e x2 , se x , 0,
f (x) =
0, se x = 0.
269
270 BIBLIOGRAFIA
271
272 ÍNDICE