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Introdução
O planejamento e operação dos sistemas de distribuição passam por calcular o fluxo de
potência (tensão e ângulo de tensão) em cada barra do sistema. Essas variáveis permitem
calcular outras variáveis elétricas (corrente elétrica, fluxo de potência, perdas elétricas, etc.).
As variáveis calculadas são usadas no dimensionamento dos equipamentos elétricos e na
operação do sistema, entre outras aplicações, como servir de base para o cálculo do curto-
circuito.
Os estudos apresentados anteriormente para cálculo de fluxo de potência e curto-
circuito têm um forte apelo visual. Esse apelo pode ser explorado com o uso de um simulador
que permitem determinar e apresentar o estado da rede a partir da curva de carga de cada
ponto de consumo.
Objetivos
O objetivo deste projeto foi construir uma plataforma que permita a entrada de dados do
Sistema de Distribuição (SD) de forma simples, que calcule o resultado do fluxo de potência e
faltas de curto-circuito e apresente os resultados de maneira intuitiva e didática. A plataforma
poderá ser usada nas disciplinas de Sistemas de Potência.
Metodologia
A linguagem de programação escolhida para o desenvolvimento da plataforma foi a
Visual C#, através da plataforma de desenvolvimento Microsoft Visual Studio 2013. Os dados
de entrada fornecidos ao programa e utilizados na implementação dos cálculos das variáveis
correspondentes ao fluxo de potência são: o carregamento das barras – carga ativa (P) e carga
reativa (Q), supondo o modelo de potência constante; a tensão especificada (se existir) para
cada barramento; a estrutura do SD através das conexões existentes entre as barras; a
impedância (R, X) das linhas que realizam cada uma dessas ligações – valores para sequência
positiva, negativa e zero – e; os dados referentes ao transformador de potência (TRAFO) da
Subestação (SE).
Para realização dos cálculos referentes ao fluxo de potência foi escolhido o método
iterativo apresentado nas aulas da disciplina de Subestações do curso de graduação em
Engenharia Elétrica, conhecido como método Backward-Forward, que é destinado a SD’s
radiais. Algumas alterações foram incluídas no método para permitir o cálculo em SD’s
fracamente malhados – criação de BreakPoints – e para a estipulação de tensões, se desejada,
em algumas barras através de injeção de potência reativa nas mesmas.
Com os dados calculados na etapa do fluxo de potência – mais especificamente a tensão
nos barramentos consumidores – é possível o cálculo das correntes a que o SD estará
submetido em condições de faltas. O cálculo para os três tipos de falta – entre fase e terra,
entre duas fases e entre todas as três fases – é implementado em seguida ao cálculo do fluxo
de potência.
Os dados obtidos das etapas anteriores são exportados e salvos novamente em uma
planilha Excel. Esses mesmos dados são por fim utilizados para a construção do diagrama
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Resultados
A utilização do programa desenvolvido durante o período de Iniciação Científica será
demonstrada a seguir passo a passo. Abaixo a imagem da plataforma logo que é iniciada:
Logo abaixo a esse botão existe outro destinado apenas à construção do diagrama de
um SD já resolvido pela plataforma. Como os dados de saída do programa são salvos em
outra planilha Excel – planilha que possui todas as informações necessárias para a elaboração
do diagrama – esse controle é desejável quando se quiser rever diagramas anteriores sem que
seja necessário realizar todo o cálculo novamente.
A barra de progresso no lado esquerdo indica o andamento do cálculo, não permitindo
nenhuma espécie de controle. Abaixo existe a ferramenta de zoom que fica ativa após o
diagrama ter sido elaborado na área destinada. O controle do zoom também pode ser mais
facilmente feito através do botão de scroll do mouse.
Os valores base para a tensão e para a potência – valores que devem ser fornecidos
pelo usuário na planilha com os dados do SD – aparecem nas respectivas áreas posicionadas à
direita. Todos os demais valores base (corrente e impedância) são derivados destes dois
valores, permitindo que os dados apresentados no programa sejam dados em p.u. (por
unidade).
A opção da apresentação dos dados em unidades padrão ou em p.u. é realizada através
das caixas de seleção no canto inferior direito da área acima.
A apresentação dos resultados calculados pelo programa através dos dados fornecidos
é dividida em duas áreas, uma destinada aos resultados das grandezas elétricas relacionadas às
barras consumidoras e outra destinada às grandezas relacionadas aos trechos de linha de
transmissão que alimentam cada uma dessas barras.
A área destinada às barras é mostrada abaixo:
de reativo na rede. Essas informações devem constar na planilha destinada aos dados dos
consumidores no arquivo de entrada:
As duas barras destacadas acima são do tipo 1 (que o programa entende como barra
com tensão controlada através da injeção de potência reativa – tipo PV) e portanto precisam
ter o módulo da tensão definido, a barra 2 com tensão de módulo 0,97 p.u. e a barra 6 com
tensão de módulo 0,968 p.u.. As barras do tipo 0 são consideradas barras PQ, ou seja, com
potência ativa e reativa definida e tensão como variável dependente, por isso não apresentam
definição de tensão. As duas últimas colunas são referentes ao consumo das barras – potência
ativa e reativa.
Lembrando que para as barras PV esses valores ainda não consideram a correção de
tensão e, logo, os valores apresentados para Q (potência reativa) no programa serão
diferentes, visto que aos valores fornecidos pelo usuário se somará os valores devidos à
correção.
Esses dados devem constar em uma planilha nomeada Dados dos Consumidores no
arquivo de entrada.
Quanto aos dados dos trechos de transmissão, estes devem constar em uma planilha
nomeada Dados das Linhas. Para o exemplo proposto escolheu-se um sistema
predominantemente radial com a existência de duas malhas fechadas. Essas malhas serão
desfeitas e o SD radial equivalente construído.
Os pontos que serão divididos em duas barras equivalentes para a simplificação do
SD malhado em um SD radial simples são destacados na planilha abaixo (o ponto 17 será
divido em três):
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Além das barras que definem as extremidades de cada trecho de transmissão – por
exemplo, o primeiro trecho destacado conecta a barra 17 à barra 10 – A planilha deve contar
com as informações sobre a resistência e reatância de sequência positiva (utilizada tanto na
etapa de fluxo de potência quanto na de cálculo de faltas) e de sequência zero (cálculo de
faltas).
Para os SD’s considerados supõem-se os valores das impedâncias de sequência
negativa iguais aos das positivas.
Por fim, os últimos dados necessários dizem respeito aos dados do TRAFO da SE que
alimenta o SD, e a tensão especificada para a SE. Esses dados devem constar em uma planilha
denominada Dados do Sistema, e se apresentam como a seguir:
Esses dados são fornecidos ao programa através da janela que se abre aos se clicar no
botão Carregar arquivo e Executar Cálculo:
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Relembrando que a barra 2 era uma das que possuíam módulo de tensão definido, com
valor de 0,97 p.u., podemos verificar que o resultado fornecido após o cálculo fornece
exatamente o esperado.
A outra barra com tensão especificada era a barra 6, com o valor de 0,968 p.u. abaixo
podemos ver o resultado fornecido pelo programa. Vale também observar a diferença –
considerável – entre os valores de potência reativa fornecido e o calculado, lembrando que a
diferença é devido justamente à correção da tensão para o valor desejado:
Tabela 4 – Barras 2 e 6
Barra Tipo V(pu) P(pu) Q(pu)
2 1 0,97000 0,040 0,010
6 1 0,96800 0,064 0,010
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Para se ter acesso aos dados referentes às linhas de transmissão que alimentam cada
barra o procedimento é mesmo, para informações simples basta posicionar o mouse sobre a
seta azul ao lado da linha apresentada no diagrama e, para informações completas, basta clicar
sobre a seta:
Quanto às duas malhas que foram consideradas no SD, foi dito que a barra 17 seria
decomposta em três barras equivalentes e que isso seria visível no diagrama:
Essa matriz também é importa para a diagramação da rede e exibição dos resultados, pois
é a partir dela que uma estrutura visual pode ser montada.
Uma vez conhecidos os níveis de tensões em cada barra – obtidos do cálculo do fluxo de
potência já descrito – se torna possível a análise do comportamento do SD em condições de
falta.
O que se deseja obter são os níveis de corrente que percorrem cada trecho do SD para
todos os tipos de falta em uma dada barra. Essa análise é feita através do método da
decomposição das tensões e correntes em componentes simétricos, sendo necessário o
fornecimento das impedâncias de sequência pelo usuário.
A sequência de passos para o cálculo das correntes de falta é composta de três passos
simples:
1) Montagem das Matrizes YBarra para as três sequências segundo a lei de formação
conhecida
Lembrar que para sequência positiva e negativa a matriz será a mesma;
Considerar Consumidores como admitâncias constantes;
Incluir a admitância de sequência zero do TRAFO da SE na matriz
2) Obtenção das Impedâncias equivalentes de Thèvenin para cada barra através da
inversão da YBarra
3) Cálculo das correntes de falta para cada tipo de curto
É possível considerar o valor da impedância de curto nos cálculos;
As tensões utilizadas nessa etapa são as tensões pré-falta, o que torna
necessário a realização do cálculo do FP antes de considerar as condições de
falta.
Por fim, devemos mencionar a estrutura dos dados de saída fornecidos pelo programa.
Além de todas as informações que são disponibilizadas de maneira organizada através da
interface criada, o arquivo de saída conta com a matriz de Estrutura da Rede mencionada
anteriormente. Essa matriz é responsável por permitir o processo de varredura do SD durante
a parte iterativa do cálculo, além de possibilitar a diagramação do SD na plataforma.
Outro dado importante é o ponto aonde se deu a quebra dos laços do SD fracamente
malhado considerado.
Conclusões
Os sistemas de distribuição, em geral, possuem uma estrutura radial, o que permite
sistematizar a construção de linhas e barras para visualização. Associado ao cálculo do fluxo
de potência e curto-circuito a plataforma proposta permitirá que os estudantes possam
desenvolver projetos mais complexos nas disciplinas da área Sistemas de Energia Elétrica,
aproximando os trabalhos acadêmicos do ambiente profissional.
Bibliografia