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SEGURANÇA COM ELETRICIDADE

1. RECAPITULANDO

1.1. NOÇÕES BÁSICAS DE ELETRICIDADE


1.1.1 BREVE HISTÓRICO DA ELETRICIDADE
Há mais de 2200 anos já sabiam os gregos que um certo material chamado âmbar,
uma resina natural fóssil, ao ser atritado com lã, adquiria a propriedade de atrair seus
flocos ou fios de cabelo, fenômeno que hoje se estuda em eletrostática. (cargas elétricas
estacionadas).
Somente a cerca de 300 anos atrás é que as pessoas começaram a “brincar” com a
eletricidade estática, produzindo centelhas por processos mecânicos de fricção.
Hoje quando queremos nos referir a este fenômeno, dizemos que a substância está
eletrizada, numa clara referência ao material envolvido na sua descoberta, que em grego
se chama elektron (âmbar).

1.1.2. APLICAÇÕES DA ENERGIA ELÉTRICA


A vida moderna é inconcebível sem a presença da eletricidade, utilizada na quase
totalidade de nossas atividades, abrangendo a comunicação, iluminação, transporte,
informática, a medicina e fundamentalmente as instalações e processos industriais.
Por essa razão vivemos constantemente na dependência, na utilização e no
relacionamento com a energia elétrica.
A eletricidade é uma das formas de energia que pode facilmente ser obtida a partir
de várias outras formas em que a energia se apresenta como por exemplo, a química, a
atômica, a eólica, a hidráulica, a solar, etc.
As grandes vantagens da eletricidade em relação à maioria das outras formas de
energia estão associadas à limpeza com que ela pode ser produzida, transportada e
utilizada, à sua flexibilidade de conversão, à facilidade de transporte, de controle e de
utilização.

1.1.3. POTENCIALIDADE PARA CAUSAR DANOS


Paralelamente às vantagens mencionadas, a energia elétrica se constitui num
agente físico com indiscutível potencialidade para causar danos tanto materiais como
pessoais.
Os danos mais freqüentes, do ponto vista material, se caracterizam pela promoção
de incêndios, explosões e danos aos próprios equipamentos elétricos.
Do ponto de vista pessoal, a eletricidade pode causar queimaduras e choques
elétricos colocando em risco a vida das pessoas e outros seres vivos.

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1.1.4. CONCEITOS COMPLEMENTARES


Sabemos hoje que a matéria, qualquer que seja, orgânica ou inorgânica, toda ela é
composta por partes minúsculas, que chamamos moléculas e que por sua vez são
compostas por átomos, que se julgou a um certo tempo, serem indivisíveis.
Sabemos também que esses átomos são constituídos por vários elementos dos
quais nos interessa ressaltar o núcleo e as camadas eletrônicas (Ver Figura 1.1).

Figura 1.1. Representação esquemática do átomo.

Se compararmos a estrutura do átomo com a do sistema solar, respeitadas as


proporções, a parte central, o núcleo, corresponderia ao Sol. Nele estão agrupadas as
partículas contendo massa, dotadas de carga elétrica unitária, definidas como positivas,
chamadas prótons, junto com outras partículas que só têm massa, mas que não têm
carga elétrica e são chamadas nêutrons.
“Girando” em altíssima velocidade a uma grande distância, em torno do núcleo,
estão os elétrons, com massa desprezível, de carga elétrica unitária definida como
negativa, na posição que comparativamente, no sistema solar corresponde à dos
planetas.
O número de cargas elétricas positivas (prótons) existentes no núcleo de um átomo
identifica o elemento químico a que ele corresponde.
Os átomos têm carga elétrica nula, isto é, têm tantas cargas positivas (prótons)
quanto negativas (elétrons), de tal forma que são eletricamente neutros, estáveis e
equilibrados.
Por uma série de razões, os elétrons se distribuem ao redor do núcleo, em
camadas, obedecendo a regras e determinando algumas características para as
substâncias compostas por esses elementos químicos, em função da quantidade de
elétrons existentes nas camadas mais externas.

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Os elétrons “giram” em torno do núcleo, atraídos por forças de maior ou menor


intensidade, dependendo da camada em que estão e da quantidade de elétrons nessa
camada.

Deste modo, os elementos químicos, cujas últimas camadas possuem uma


determinada quantidade de elétrons, apresentam uma fraca ligação entre estes elétrons e
o núcleo, de maneira que eles podem ser facilmente removidos de sua posição original,
indo orbitar em torno de outro núcleo e assim sucessivamente.

As substâncias que apresentam essa facilidade de permitir que um elétron “pule” de


um átomo para outro e assim sucessivamente, recebem o nome de condutoras, pois
podem conduzir um elétron, (carga elétrica elementar) através de si. Assim se comportam
os metais, que possuem os elétrons das últimas camadas de seus átomos, fracamente
ligados aos núcleos. Como exemplos temos o ferro, o cobre, o alumínio, o ouro, a prata,
etc.

Em oposição a estes materiais, ditos condutores, temos outros em que as últimas


camadas são “completas” ou que possuem os seus elétrons fortemente atraídos pelos
respectivos núcleos. Estes materiais não permitem que os elétrons de um de seus
átomos passem a circular em torno de um núcleo do átomo vizinho e assim por diante,
dificultando assim que um elétron (carga elétrica) se transporte através do material.
Esses materiais recebem o nome de isolantes. Como exemplos de isolantes temos o
vidro sólido, as resinas, as borrachas, os gases nobres, etc.

Quando um átomo perde ou ganha um elétron, ele passa a ser chamado de “íon”.
Se perder elétron(s), ele fica positivo e então passa a se chamar cátion. Se por outro lado
ganhar elétron(s), ele fica negativo e passa a se chamar ânion.

Os íons são instáveis e estão permanentemente querendo voltar ao equilíbrio, por


meio do preenchimento da “vaga” deixada pelo elétron perdido.

Se nós tomarmos um arame, que é um “encadeamento linear” de moléculas de


alguma substância composta por átomos, com elétrons facilmente removíveis, e nós
conseguirmos injetar um elétron adicional numa extremidade, poderemos retirar um outro
elétron na extremidade oposta, mantendo o equilíbrio de cargas original do arame.

Se assim fizermos sucessivamente, vamos provocar um fluxo constante de elétrons


entrando por uma extremidade do arame, ou fio, e saindo pela outra extremidade.

A esse movimento dos elétrons, damos o nome de corrente elétrica, que


costumamos medir em Ampéres (A), numa homenagem ao cientista francês André Marie
Ampére. (A corrente é a quantidade de carga elétrica que atravessa a secção de um
condutor na unidade de tempo, conforme se observa na Figura 1.2.).

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Figura 1.2. Desenho esquemático representando a corrente


elétrica num fio.

Ora para mantermos essa corrente, ou seja, esse fluxo de cargas de uma
extremidade para outra, precisamos manter uma certa “pressão” empurrando os elétrons,
da mesma forma que fazemos para conseguir que a água colocada numa extremidade de
uma mangueira, saia pela outra extremidade. No caso da eletricidade, essa “pressão” se
chama tensão elétrica ou diferença de potencial, que em homenagem a um físico
italiano chamado Conde Alessandro Volta medimos em unidades chamadas volts (V).

Naturalmente os elétrons, ao passar de um átomo para outro, no sentido de


percorrer o fio (condutor) de uma ponta até a outra, necessitam de uma certa energia, e
têm que vencer algumas dificuldades. Nesse trajeto, “esbarram ou chocam-se” com
outras estruturas dos átomos, provocando calor, aquecendo os condutores, numa
quantidade de energia que é proporcional ao grau de dificuldade dos obstáculos que a
carga tem que superar, para atravessar o referido condutor.

A essa grandeza que dificulta a passagem da corrente elétrica damos o nome de


resistência elétrica e a medimos na unidade chamada: ohm (), em homenagem a
George Ohm, que em 1827 formulou sua primeira lei, relacionando as grandezas Tensão
(V), Corrente (I) e Resistência (R). Esta relação, chamada de 1a Lei de Ohm é dada pela
seguinte expressão:

V
I
R
Continuando o desenvolvimento , outras pesquisas resultaram em conclusões e a
partir das quais surgiram algumas fórmulas , como é o caso da potência elétrica (P), que
se entende como a capacidade de realização de trabalho, e é medida em watts (W),
sendo o nome desta unidade uma homenagem ao cientista inglês James Watt.

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A relação matemática entre a potência e as demais grandezas, nos circuitos


monofásicos resistivos é dada pela seguinte expressão:

P  UI
Assim, entende-se como uma potência de 1 watt, aquela liberada quando uma
corrente elétrica de 1 ampére circula por um resistor, forçada por uma tensão de 1 volt.
Para nossas necessidades, são elementos fundamentais de um circuito elétrico,
uma fonte de tensão, os condutores e componentes de consumo, que determinam a
resistência e, conseqüentemente, a corrente que circulará quando todos esses
elementos estiverem apropriadamente interligados. O Quadro 1.1 mostra as principais
grandezas, unidades e instrumentos de medição utilizados e necessários ao nosso
propósito.

Quadro 1.1. Principais grandezas, unidades e instrumentos de medição utilizados em


eletricidade.

SÍMBOLO
GRANDEZA UNIDADE INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO
UNIDADE GRANDEZA
Voltímetro
Tensão VOLT V V, U Volt-ohm-alicate-amperímetro
Multiteste
Amperímetro
Corrente AMPERE A I Volt-ohm-alicate-amperímetro
Multiteste
Ohmímetro
Multiteste
Resistência OHM  R Volt-ohm-alicate-amperímetro
Megôhmetro (resistências
elevadas)
Potência WATT W P Wattímetro

1.1.2. CORRENTE ALTERNADA, CORRENTE CONTÍNUA E SISTEMA TRIFÁSICO


Quando as cargas elétricas fluem em um condutor sempre num mesmo sentido,
como a água em uma mangueira, saindo da torneira e indo para o bico do esguicho,
dizemos que a corrente é contínua. Esse é o caso dos circuitos alimentados por
geradores de corrente contínua como as baterias, as pilhas, etc. em que os elétrons
saem por um dos pólos, percorrem todo o caminho condutor e chegam ao outro pólo da
pilha ou bateria, completando o circuito elétrico.

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Quando uma corrente de elétrons circula em um condutor, ela estabelece nas


proximidades desse condutor uma região de influências, onde são observadas forças de
atração e repulsão sobre materiais como o ferro. São chamados efeitos magnéticos da
corrente elétrica, e essa região de influência, se chama campo magnético.

Se ao invés de provocarmos o movimento das cargas sempre em um mesmo


sentido, fizermos com que as cargas avancem condutor adentro e imediatamente recuem
para depois avançarem novamente e tornarem a recuar, de uma maneira cíclica e
repetitiva estaremos provocando uma corrente alternada, em que os elétrons ora vão,
ora voltam, provocando efeitos magnéticos repetidamente inversos e alternados de
repulsão e atração.

Como essas variações costumam ocorrer de uma maneira suave, isto é, as cargas
elétricas são aceleradas em um sentido até um valor máximo de velocidade e
posteriormente desaceleradas até pararem, sendo depois aceleradas no sentido oposto
até atingirem uma velocidade máxima nesse outro sentido e, depois desaceleradas
novamente, e assim sucessivamente, a representação desse movimento é uma curva
trigonométrica chamada senóide, daí o nome de corrente alternada senoidal (Figura
1.3).

Cada vez que se completa um movimento de aceleração das cargas num sentido,
atingindo o valor máximo e decrescendo esse valor até parar em um valor mínimo,
acelerando-o de novo num outro sentido e, em seguida, voltando à sua situação inicial,
dizemos ter completado um ciclo.

As correntes e tensões alternadas são identificadas por seus valores nominais de


intensidade (10 ampéres, 20 ampéres, 110 volts, 220 volts, etc), pela forma da onda
(senoidal, quadrada, etc.) e pela sua freqüência (f), que é o número de vezes que a
corrente muda de sentido a cada segundo. A freqüência de uma tensão ou corrente é
dada em Hertz (Hz). Apenas a título de informação, a energia elétrica de corrente
alternada, distribuída no Brasil possui uma freqüência de 60 Hz. A mesma Figura 1.3
mostra um desenho esquemático de uma onda de corrente alternada.

Figura 1.3. Formato de onda senoidal para corrente alternada.


Da mesma maneira como a movimentação das cargas elétricas (elétrons dos
átomos), faz aparecer uma força magnética nas proximidades do condutor (campo
magnético, Figuras 1.4 e 1.2.), se nós fizermos um campo magnético variar em

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intensidade ou sentido, nas proximidades de um condutor, (cheio de elétrons que podem


ser movimentados), vamos conseguir provocar o fluxo, a movimentação desses elétrons
(cargas elétricas) através do condutor, dando origem a uma corrente elétrica.

A interação entre a movimentação das cargas elétricas e os campos de força


magnéticos que elas determinam, é estudada no eletromagnetismo. É a esse fenômeno
que devemos a possibilidade de poder modular facilmente as grandezas elétricas,
produzir eletricidade a partir de outras formas de energia, usar motores simples, de
corrente alternada ou contínua e transformadores para citar apenas os que nos
interessam.

Figura 1.4. Orientação do campo magnético.

Figura 1.2. Desenho esquemático das linhas de campo magnético.


Considerando que as grandezas fundamentais às quais vamos nos referir para o
estudo das medidas de proteção sejam tensão, corrente e resistência, vamos fixar os
conceitos relacionados à primeira Lei de Ohm, cuja fórmula pode ser memorizada pela

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figura abaixo, considerando apenas dois condutores, ida e volta da corrente elétrica,
constituindo um circuito simples (Figura 1.6).

Figura 1.6. Relação entre as grandezas dadas pela Lei de Ohm.

Sistema Trifásico:

Entendido o conceito de corrente elétrica alternada em dois condutores, vamos


considerar agora três condutores com a mesma origem e cujos “elétrons móveis” estão
sujeitos às mesmas circunstâncias de variação de potencial, que os fazem se deslocar
para frente e para trás nos condutores, porém com uma ligeira diferença no tempo, isto é,
ligeira e igualmente defasados, de forma a constituir um conjunto que chamamos de
sistema trifásico. Estes circuitos com três ou quatro condutores, que podem ser
entendidos como uma composição de três circuitos monofásicos são, portanto, três
condutores vivos (energizados) interligados na origem e com as tensões aplicadas
convenientemente defasados.
Graficamente poderíamos entender o sistema trifásico como o esquema
apresentado na Figura 1.7, tendo-se respectivamente o gerador que o produz, a
simbologia de representação da tensão em cada um dos condutores e a representação
vetorial do sistema:

Figura 1.7. Representação esquemática de um sistema trifásico.


Esses três condutores (chamados de condutores fase) poderão estar interligados
de formas diferentes na sua origem (ponto de geração ou transformação), o que
configura sistemas ditos em estrela (quando a configuração das bobinas se assemelha a

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um “Y” e em triângulo, quando ela se assemelha esquematicamente a essa figura


geométrica).

Naturalmente, quando se tem a conexão em forma de “Y“, a estrela, aparece um


quarto ponto, na interligação das extremidades dos braços da estrela. Esse ponto é
chamado ponto neutro (N) e dá origem ao condutor neutro dos sistemas trifásicos
(Figura 1.8).

Seguem as configurações usuais de sistemas trifásicos, com a indicação das


tensões entre fases (tensão de linha) e tensão entre fase e neutro (tensão de fase).

SUPRIMENTO CARGA

Figura 1.8. Esquemas de sistema trifásico

Onde: UF - TENSÃO DE FASE - (medida entre a fase e o neutro)


UL - TENSÃO DE LINHA - (medida entre uma fase e outra)

Voltando ao sistema monofásico, vamos destacar os elementos mais importantes


para o entendimento deste assunto. Para isto observe os esquemas seguintes.

Vamos considerar os circuitos absolutamente simplificados a seguir.

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Figura 1.9. Circuito elétrico simples.

Figura 1.10. Circuito elétrico com resistores em série.

Figura 1.11. Circuito elétrico com resistores em paralelo.

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Finalmente vamos considerar o circuito abaixo dado pela Figura 1.12, em que um
dos resistores (resistência) foi substituído por uma pessoa e vejamos o que ocorre:

Figura 1.12. Representação de um circuito elétrico em que


uma pessoa faz o papel de um resistor.

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2.RISCO ELÉTRICO

2.2.RISCOS DE ORIGEM ELÉTRICA


2.2.1. O CHOQUE ELÉTRICO

Muitas são as definições que poderíamos dar ao choque elétrico, tentando explicar
o que é aquela sensação que praticamente todos nós já sentimos.
Podemos simplificar, para o objetivo a que nos propomos, dizendo que o choque
elétrico é um estímulo rápido e acidental sobre o sistema nervoso, devido à circulação de
uma corrente elétrica acima de determinados valores.

A gravidade de um choque elétrico vai depender de vários fatores e dentre eles


destacamos apenas os mais importantes para as medidas preventivas.
São fatores determinantes da gravidade do choque, entre outros:
 O percurso da corrente elétrica através do organismo, ou seja, por onde a
corrente elétrica passa predominantemente e que órgãos ela atravessa;
 A intensidade da corrente elétrica, quanto maior a intensidade, mais graves
serão os efeitos da sua passagem através do corpo;
 O tempo que dura essa descarga é de fundamental importância para determinar
a gravidade do choque, ainda que sejam tempos medidos em milésimos de
segundo e segundos;
 O tamanho da área de contato entre o corpo e a parte condutora que fornece a
corrente que atravessa o corpo;
 A pressão estabelecida entre o corpo e a parte condutora, que determina um
pior ou um melhor contato, dificultando ou facilitando a passagem das cargas
elétricas;
 A natureza da corrente elétrica, pois temos sensibilidade diferenciada para
correntes alternada e corrente contínua;
 O valor da tensão, que afinal é quem provoca a passagem da corrente elétrica
através do corpo;
 A maneira como a corrente se distribui pelo corpo ao percorrê-lo;
 As condições de umidade da pele, favorecendo ou não um melhor contato e
circulação da corrente elétrica;
 Fatores individuais, como o estado de saúde, a constituição física, o porte físico,
etc.

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Os choques, sendo mais graves ou menos graves, podem provocar os seguintes


efeitos diretos no organismo:
 Contrações musculares, cuja violência está relacionada à intensidade do
choque e muitas vezes é responsável até mesmo pela separação entre a vítima
e a parte energizada;
 Tetanização, similar a uma câimbra, deixando o músculo crispado mesmo após
o fim do choque elétrico;
 Queimaduras, que ocorrem devido o aquecimento provocado pela passagem da
corrente elétrica, podendo causar vermelhidão, formação de bolhas,
queimaduras profundas e até mesmo carbonizar o tecido. São mais importantes
nos choques com tensões elevadas, e a deterioração da epiderme é mais
sensível com freqüências altas;
 Parada respiratória, que pode se manifestar devido à circulação de corrente no
diafragma, que é o músculo responsável pelo movimento respiratório, ou
indiretamente quando a corrente atua sobre o centro de controle da respiração.
De qualquer forma, o organismo perde a sua capacidade de oxigenar o sangue,
comprometendo o funcionamento dos órgãos e em alguns minutos, do cérebro,
com efeitos irreversíveis;
 Parada cardíaca, que ocorre com a circulação de correntes que provocam o
tensionamento exagerado das fibras do músculo cardíaco, “prendendo-o”.
Impedido de pulsar, o coração deixa de promover a circulação do sangue,
cessando a alimentação dos órgãos com oxigênio, e entre eles o cérebro, com
as mesmas conseqüências comentadas acima;
 Eletrólise que pode se manifestar tanto no sangue como nos demais líquidos do
corpo humano, é um fenômeno importante nos casos de choque com corrente
contínua, em que é provocada a aglutinação de sais minerais, formação de
coágulos, surgimento de tromboses que podem levar à morte. Importante
também é a alteração de equilíbrio de potássio, que chega a provocar a parada
cardíaca;
 Fibrilação que consiste da “perda de compasso” do músculo cardíaco, ou seja o
coração deixa de pulsar ordenadamente e passa a vibrar com uma freqüência
de 170 a 300 vezes por segundo, sem contudo bombear sangue para a
oxigenação e condução de oxigênio para os órgãos. Em pouco tempo se instala
a condição de parada respiratória.

Devem ser ainda considerados como agravantes dos efeitos diretos da passagem
da corrente elétrica através do corpo, os efeitos indiretos, representados pelas quedas e
batidas. Não é pequena a quantidade de acidentes em que a eletricidade foi apenas o
gatilho e as conseqüências graves ficaram por conta de fraturas, batidas sérias e morte
por queda de alturas consideráveis.
Algumas das variáveis determinantes da gravidade dos choques elétricos podem
ser melhor entendidas analisando-se as Figuras 2.12, 2.16 e 2.17 e os Quadros 2.2. e
2.3., mostrados na seqüência.

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C E

B D

A  B .................. 9,7 %
C  D .................. 7,9 %
C  E .................. 2,9 %
A  E .................. 1,8 %
B  D .................. 0 %

Figura 2.12. Porcentagem da corrente que atravessa o coração.

Outros conceitos podem ser entendidos ao se observar a figura 2.16. A influência


da variação da freqüência da corrente elétrica, quanto à sensibilidade das pessoas
(curvas 1, 2 e 3) e quanto à “corrente de largar” (curvas 4, 2 e 6).

Corrente de largar é entendida como o maior valor da corrente de choque, que


ainda não é capaz de impedir que a pessoa tenha controle sobre o movimento de seus
músculos.

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Figura 2.16. Influência da freqüência sobre a sensibilidade das pessoas.

O Quadro 2.2 apresenta os efeitos fisiológicos decorrentes da passagem da


corrente elétrica pelo corpo humano.

Quadro 2.2. Efeitos fisiológicos da corrente elétrica (CA de 12 a 100 Hz – trajeto


entre extremidades do corpo).
CORRENTE REAÇÕES FISIOLÓGICAS HABITUAIS
0,1 A 0,5 mA Leve percepção superficial, habitualmente nenhum efeito.
Ligeira paralisia muscular, início de tetanização,
0,5 A 10 mA
habitualmente nenhum efeito perigoso.
Nenhum efeito perigoso se houver interrupção em , no
10 A 30 mA
máximo 5 segundos
Paralisia muscular do tórax, falta de ar e tonturas,
30 A 500 mA possibilidade de fibrilação ventricular, se tempo superior a
200 ms.
Traumas cardíacos persistentes, efeito letal, salvo
Acima de 200 mA intervenção imediata de pessoal especializado com
equipamento adequado.

VÁLIDO PARA PESSOAS COM PESO MÍNIMO DE 50 QUILOS

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Os efeitos da exposição à corrente elétrica variam de acordo com a sua intensidade


e o tempo de exposição, conforme se observa na Figura 2.17.

TEMPO
(ms)
10.000

5.000

2.000

1.000

500

200
A B C D
100

50

20

10
0,1 0,2 0,5 1 2 5 10 15 20 30 50 100 200 500 1.000 2.000 5.000 10.000
Corrente (mA)

Zona A Zona C
A ZONAS
Figura 2.17. TEMPO
Nenhum efeito CORRENTE. Efeitos C
perceptível. do choque elétrico segundo
Efeitos fisiológicos o tempo
notáveis (parada cardíaca,
e o valor da corrente. (Válido para C.A. de 15 a 100 hz). –(IEC-479)
parada respiratória, contrações musculares)
geralmente reversíveis.

Zona B Zona D
A Bidentificação das zonas
Efeitos fisiológicos geralmente não danosos. naDfigura
apresentadas acima
Elevada está apresentada
probabilidade no
de efeitos fisiológicos
graves e irreversíveis (fibrilação cardíaca,
Quadro 2.3.
parada respiratória).
Quadro 2.3. Identificação das zonas tempo corrente.
ZONA EFEITO
A NENHUM EFEITO PERCEPTÍVEL
B EFEITOS FISIOLÓGICOS GERALMENTE NÃO DANOSOS
EFEITOS FISIOLÓGICOS NOTÁVEIS REVERSÍVEIS
C (PARADA CARDÍACA, PARADA RESPIRATÓRIA, CONTRAÇÕES
MUSCULARES)
ALTA PROBABILIDADE DE EFEITOS GRAVES IRREVERSÍVEIS
D
(FIBRILAÇÃO CARDÍACA E PARADA RESPIRATÓRIA)

A resistência elétrica do corpo humano, em condições normais é


convencionalmente considerada como sendo um valor que varia entre 1000 e 1200
ohms.
São valores que correspondem a uma resistência média para uma pessoa de 50 kg
e em condições normais de saúde.

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É importante lembrar que a resistência do corpo humano varia também em função


do valor da tensão aplicada.
Para uma tensão alternada de 50 volts, em 99% dos casos a resistência é superior
a 5000 ohms enquanto que em 1% dos casos podem ser verificados valores de
1000 ohms.
Se considerarmos uma tensão de 220 volts, veremos que em 98% dos casos a
resistência é superior a 2800 ohms e para 1% dos casos essa resistência pode baixar
para 800 ohms, conforme apresentado no gráfico da Figura 2.18.

Figura 2.18. Valores estatísticos da


impedância total do corpo humano em função
da tensão de contato.

Pelo gráfico da Figura 2.18, observa-se que mesmo para hipótese de ocorrência em
0,02% a resistência do corpo ainda tende a valores não inferiores a 600 ohms para um
percurso mão – pé, com condições de pele normais.
A resistência média varia muito com a condição de umidade da pele, tanto que com
pele seca são verificadas resistências de até 2.000.000 ohms, se medidas com tensões
suficientemente baixas (alguns volts).
Por conta dessa variação foi necessário estabelecer valores máximos seguros
admissíveis, que foram chamados tensões de contato limites. (UL)
Foram estabelecidos três valores de tensão, respectivamente para as condições
diversas de condutividade da pele. Um valor para a condição de pele seca outro para
pele úmida e um terceiro para situações similares de imersão, ou equivalente.

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VALORES DA TENSÃO DE CONTATO – LIMITE EM VOLTS

Natureza da corrente Situação 1 Situação 2 Situação 3

Alternada 15 Hz - 1000 Hz 50 25 12

Contínua sem ondulação 120 60 30

Correspondem, para corrente alternada, o valor de 25 volts para as situações em


áreas externas e ambientes molhados em geral e outro para condição seca, 50 volts, que
corresponde a quartos, salas corredores, lojas escritórios etc. A situação 3, corresponde
à imersão ou similar como se verá mais adiante.
Posteriormente a NBR-5410, visando a facilidade de aplicação adotou um critério
mais objetivo para especificar o tempo máximo de atuação dos dispositivos de
proteção em função apenas da tensão elétrica existente, da condição seca ou úmida e
do esquema de aterramento das instalações.
São estabelecidos tempos máximos de seccionamento:
.

Quadro 2.4. Tempos de seccionamento máximos no


esquema TN.
TENSÃO TEMPO DE SECCIONAMENTO
U0 EM SEGUNDOS
(VOLTS)
Situação 1 Situação 2

115, 120,127 0,800 0,350


220 0,400 0,200
254 0,400 0,200
277 0,400 0,200
400 0,200 0,050
U0 = tensão nominal entre fase e terra, valor eficaz
em corrente alternada.
Tabela 25 NBR-5410 - 2004

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Quadro 2.5. Tempos de seccionamento máximos no


esquema IT. Tabela 26 da NBR 5410:2004

TENSÃO NOMINAL DO TEMPO DE SECCIONAMENTO (ESQUEMA IT) (S)


CIRCUITO 2ª FALTA

NEUTRO NÃO DISTRIBUIDO NEUTRO DISTRIBUIDO


U Uo
(VOLTS) (VOLTS) SITUAÇÃO SITUAÇÃO SITUAÇÃO SITUAÇÃO
1 2 1 2

115,120
208,220,230 0,80 0,40 5 1
127

380,400 220,230 0,40 0,20 0,80 0,50

440,480 254,277 0,40 0,20 0,80 0,50

690 400 0,20 0,06 0,40 0,20

NOTAS
1. U É A TENSÃO NOMINAL ENTRE FASES , VALOR EFICAZ EM CORRENTE ALTERNADA.

2. Uo É A TENSÃO NOMINAL ENTRE FASE E NEUTRO, VALOR EFICAZ EM CORRENTE


ALTERNADA

3. PARA VALORES INTERMEDIÁRIOS DE TENSÃO DEVE SER ADOTADO O VALOR (DA


TABELA) IMEDIATAMENTE SUPERIOR.

2.2.2. ARCOS ELÉTRICOS, QUEIMADURAS E QUEDAS


O arco elétrico é em resumo, a passagem de corrente elétrica, de um para outro
ponto condutor, num meio gasoso e cuja intensidade vai depender, entre outros fatores,
da diferença de potencial, da capacidade da fonte, da resistividade do meio.
A temperatura de um arco elétrico é extremamente elevada e o calor por ele gerado
se propaga tanto por condução, por convecção e por irradiação.

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O arco elétrico possui energia suficiente para queimar roupas e provocar incêndios,
emite materiais vaporizados, radiação infravermelha, luminosa e ultravioleta, além de
causar sobrepressões quando ocorrem dentro de invólucros como os compartimentos
dos painéis elétricos e nas imediações.
A exposição ao calor produzido pelo arco elétrico provoca danos à pele e causa
queimaduras de segundo e terceiro graus.
É de grande valia conhecermos a classificação das queimaduras: as de primeiro
grau deixam a pele avermelhada sem bolhas; as de segundo grau causam bolhas, porém
pode haver regeneração da pele; as de terceiro grau causam a destruição total da pele,
não havendo possibilidade de regeneração.
Além do grau da queimadura, existe outro fator muito importante a ser considerado
para a avaliação da vítima, que é sua extensão. Quanto maior a área queimada, mais
grave é a situação.
Existem também estudos que relacionam a extensão e o grau da queimadura com a
expectativa de sobrevivência da vítima.
Vamos abordar alguns conceitos físicos: excetuando-se a água, os materiais
ocupam menos espaço na forma sólida do que na forma líquida. Também na passagem
da forma líquida para a forma de vapor, observa-se que as substâncias aumentam de
volume.
Durante um defeito em que ocorre um arco, a alta temperatura causa
primeiramente a fusão do metal condutor, geralmente cobre sólido, e depois a
vaporização do metal. No primeiro estágio, o volume do cobre aumenta ligeiramente,
porém ao vaporizar-se, aumenta 67.000 (sessenta e sete mil) vezes. Apesar de apenas
uma pequena quantidade de cobre estar envolvida, o fato de ocorrer tão rápida expansão
resulta em grande energia liberada.
Adicionalmente às fortes pressões desenvolvidas na mudança de estado do
material, temperaturas extremamente elevadas na ocasião aquecem o ar da mesma
forma que uma descarga atmosférica, como esta, acompanhada do som provocado pela
rápida expansão do ar quando aquecido pela corrente do raio.

Dentre as atividades sujeitas à ocorrência de arcos elétricos, registram-se como


mais freqüentes as seguintes:
a) Ocorrência de curto-circuito
b) Operação de desligar chaves, seccionadores, interruptores e disjuntores;
c) Inserção e remoção componentes extraíveis com barramentos energizados;
d) Operação em teste;
e) Erros na tarefa de medição de tensão e em outros procedimentos.
Registram-se acidentes com ocorrência de queimaduras por arco tanto nas
atividades das concessionárias de energia elétrica como em instalações de consumo,
principalmente industriais, resultantes de procedimentos incorretos, nas intervenções em
circuitos energizados ou nas suas proximidades.
Muitos estudos e testes sobre arcos elétricos foram conduzidos em diversos
laboratórios com o objetivo de comprovar o comportamento da energia liberada pelo arco
elétrico em várias situações, tendo como premissa os estudos de curto-circuito e o
comportamento das correntes e tensões em regime transitório.

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21

Resumidamente, esses testes criam arcos em duas situações distintas: a primeira


dentro de uma caixa metálica com um dos lados aberto, simulando um compartimento de
um quadro elétrico com porta aberta, onde todo o calor é liberado pela porta, e a segunda
situação com arco em ambiente aberto onde o calor é liberado em todas as direções.
Nas duas situações é criado um arco em curto trifásico e medido o calor liberado,
variando-se as distâncias do ponto ao arco, a distância entre os eletrodos, e as correntes
de curto entre 16 kA e 50 kA.
Uma vez estimada a energia do arco e conhecendo-se a máxima energia
suportável para ocorrer uma queimadura do segundo grau, é possível especificarmos os
materiais que poderão atuar como barreira.
Outras medidas serão abordadas como forma de proteção contra os efeitos dos
arcos voltaicos no corpo humano.

2.2.3. CAMPOS ELETROMAGNÉTICOS

Outro risco presente nos trabalhos com eletricidade é a exposição à radiação


eletromagnética (EMR). O agente de risco “radiação eletromagnética não-ionizante” está
presente em inúmeras atividades humanas, como a operação com soldas elétricas ou a
“laser”, fornos de microondas, telefonia celular, comunicações radiofônicas, por satélites,
por telefonia celular, fornos RF (radiofreqüência) de indução, assim como em diversas
outras operações e atividades incluindo-se os trabalhos nas proximidades de linhas ou
equipamentos energizados.
Neste caso, a radiação eletromagnética é originada a partir da passagem da
corrente elétrica nos meios condutores, conforme explicado no item referente a correntes
alternadas e contínuas.
O campo eletromagnético existente nas proximidades de condutores e
equipamentos energizados em corrente alternada, tais como linhas de transmissão e
distribuição de energia elétrica, transformadores, motores, fornos de indução, e outros
dispositivos, é quase sempre classificado na faixa de extra baixa freqüência (ELF - Extra
Low Frequency), quando a oscilação se dá na freqüência de 60 Hertz, ou seja, 60 ciclos
por segundo, que é a freqüência utilizada no Brasil para a distribuição e o consumo de
energia elétrica.
A radiação eletromagnética associa dois campos distintos:
 O Campo Elétrico, simbolizado pela letra “E”;
 O Campo Magnético, simbolizado pela letra “H”.
A unidade de medida do campo “E” é o volt por metro (V/m), e a unidade de medida
do campo “H” é o ampere por metro (A/m). Também são utilizadas as unidades “Gauss -
G” ou “Tesla - T”. A associação desses campos cria a densidade de potência
eletromagnética “DP” dada pelo produto “E” x “H” cuja unidade de medida é o watt por
metro quadrado (W/m2).
O corpo humano quando submetido à radiação eletromagnética funciona como uma
antena captando e absorvendo esta energia, transformando-a em calor ou
descarregando-a em outras partes de menor potencial elétrico. A nocividade deste efeito
no organismo humano é função da freqüência de oscilação, das intensidades da corrente
e tensões elétricas aplicadas às linhas ou equipamentos e conseqüentemente da

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densidade de potência existente no ambiente de trabalho, da proximidade do trabalhador


à fonte e do tempo de exposição do trabalhador à radiação eletromagnética.
Os efeitos mais prováveis no organismo são os seguintes:
 O Campo Elétrico “E” pode promover descargas elétricas entre o corpo isolado
e objetos ligados à terra, provocadas pela indução contínua da corrente elétrica
no corpo, tendo como conseqüências o choque e a queimadura; e
 O Campo magnético “H” produz a circulação de cargas elétricas pelo entorno do
corpo, promovendo efeitos térmicos, endócrinos e suas patologias correlatas.
O organismo humano pode compensar as interações fracas dos campos
eletromagnéticos, porém campos intensos causam estresses que podem conduzir a
danos irreversíveis à saúde, sob certas circunstâncias. Contudo nenhum estudo científico
reconhecido por entidades de crédito internacional conduz à certeza de que os campos
eletromagnéticos de baixa freqüência levam a um aumento do número de casos de
câncer, leucemia e tumores cerebrais, dentre outras patologias.
As medidas de proteção do trabalhador frente aos campos eletromagnéticos
baseiam-se no trabalho à distância da fonte (termovisão , telecomando, etc.), redução do
tempo de exposição e no uso de equipamento de proteção individual específico para
esse agente de risco (roupas condutivas e óculos).
Cuidados especiais devem ser adotadas com relação aos trabalhadores que
possuem em seu corpo próteses metálicas (pinos, articulações) e aparelhos eletrônicos
(marca-passo, auditivos, dosadores de insulina, etc.), pois quando submetidos a intensos
campos eletromagnéticos poderá haver necroses no caso de próteses e disfunções nos
equipamentos eletrônicos.

2.3. OUTROS RISCOS


2.3.1.ERGONOMICOS
Posturas não fisiológicas de trabalho provocadas pela exigência de ângulos e
posições inadequadas dos membros superiores e inferiores para realização das tarefas,
principalmente em altura, sobre postes e apoios inadequados, levando a intensas
solicitações musculares, levantamento e transporte de carga, etc.
Pressão no tempo de atendimento a emergências ou a situações com períodos de
tempo rigidamente estabelecidos, realização rotineira de horas extras, trabalho por
produção, pressões dos superiores e usuários quando da falta do fornecimento de
energia elétrica.
Elevada exigência cognitiva necessária ao exercício das atividades associada à
constante convivência com o risco de vida devido à presença do risco elétrico e também
do risco de queda (neste caso sobretudo para atividades em linhas de transmissão,
executadas em grandes alturas).
Representado pela exposição ao calor, radiação, intempéries, agentes biológicos,
etc.
Os levantamentos de saúde do setor elétrico mostram que são freqüentes na
atividade as lombalgias, entorses, as distensões musculares, e manifestações gerais
relacionadas ao estresse.

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2.3.2. QUEDAS
Constitui-se numa das principais causas de acidentes, sendo característico de
diversos ramos de atividade, mas muito representativo nas atividades dos eletricistas. As
quedas ocorrem em conseqüência de:
 Choques elétricos em posições elevadas;
 Inadequação de equipamentos para trabalhar em altura (escadas, andaimes,
cestos e plataformas);
 Inadequação ou falta de EPI;
 Falta de treinamento dos trabalhadores;
 Falta de delimitação e sinalização da área de serviço;
 Ataque de insetos (trabalho em redes aéreas).

2.3.3. RISCOS NO TRANSPORTE


 Veículos a caminho dos locais de trabalho em campo;
 Veículos para elevação de cargas, cestas aéreas e cadeiras

2.3.4.AGENTES QUÍMICOS E BIOLÓGICOS


 PCB - Seu uso como líquido isolante em equipamento elétrico (ASCAREL).
 Trabalhos em caixas subterrâneas;
 Animais e insetos em redes aéreas.

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3.ATERRAMENTO
OBJETIVOS DO ESTUDO

Este capítulo descreve os elementos e os esquemas básicos de conexão em um


sistema de aterramento e também como funciona o aterramento quando da ocorrência de
uma falta ( defeito) nas instalações.

Ao terminar este capítulo você deverá estar apto a:


 Reconhecer os elementos de um sistema de aterramento.
 Identificar esquemas de aterramento.
 Concluir pela observação se em caso de falta, o trabalhador está ou não em
situação de risco, sujeito a choque perigoso.

ATERRAMENTO e equipotencialização, são dois termos frequentemente


mencionados quando se estudam as medidas de proteção.
Por essa razão vamos aprofundar um pouco os conceitos de esquemas de
aterramento, definindo os seus componentes principais, o que facilitará o entendimento e
a aplicação dos princípios de proteção, principalmente no que diz respeito ao
seccionamento automático da alimentação, que será estudado no próximo capítulo..

Aterramento Funcional
É conexão efetiva a terra, de um dos condutores do sistema de alimentação,
(habitualmente o neutro), com finalidade de garantir o uso confiável das instalações.

Aterramento de Proteção
É um conjunto de medidas destinadas a compor o sistema de proteção contra
choques elétricos provocados por contatos indiretos. Podem existir sistemas destinados
a atender a ambas as finalidades

Elementos de um Sistema de Aterramento

Terra
É a massa condutora da Terra, potencial elétrico convencionado igual a zero.

Eletrodo de Aterramento
Condutor ou conjunto de condutores em contato íntimo com o solo, e que garantem
uma ligação elétrica com o próprio solo.

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Eletrodos de Aterramento Eletricamente Distintos


São aqueles suficientemente distantes para que suas correntes máximas de
descarga não modifiquem mutuamente os potenciais.

Condutor de Proteção (PE)


É um condutor referido em medidas de proteção, destinado a interligar massas,
partes condutoras estranhas, terminal de aterramento , eletrodos de aterramento, pontos
de alimentação aterrados ou ligados ao neutro

Condutor PEN
Condutor de proteção e neutro simultaneamente.
PE  proteção .............(verde)
N  neutro ...................(azul)

Terminal de Aterramento Principal


Barra ou terminal destinado a interligar ao dispositivo de aterramento; condutores
de proteção; condutores equipotencialidade (aterramentos funcionais).

Resistência de Aterramento
Resistência elétrica entre o terminal de aterramento principal e a terra.

Condutor de Aterramento
Condutor de proteção que liga o terminal de aterramento principal ao eletrodo de
aterramento.

Ligação Equipotencial
Ligação destinada a igualar ou aproximar os potenciais de massas ou partes
metálicas da instalação, não destinadas à condução de corrente elétrica.

Condutor de Equipotencialidade
Condutor de proteção, que garante uma ligação equipontecial.

Condutor de Proteção Principal


Condutor de proteção que liga os diversos condutores de proteção de uma
instalação ao terminal ou barra de aterramento principal.
A Figura 3.6. apresenta um desenho esquemático com os principais elementos.

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Figura 3.6. Desenho esquemático com os principais elementos de


um sistema de aterramento.

Esquemas de Aterramento
Dependendo de “como” os sistemas estão conectados à Terra, podemos ou não
usar um ou outro meio de proteção das pessoas.
Os sistemas são identificados por duas letras principais e uma ou duas auxiliares
que têm os seguintes significados:

PRIMEIRA LETRA: Indica a situação da origem da alimentação com relação à


Terra.
T – significa que a origem da instalação tem um ponto (habitualmente o neutro)
ligado diretamente a Terra.
I – significa que a origem da instalação está totalmente isolada de Terra ou está
conectada a terra através de uma impedância.

SEGUNDA LETRA: Indica a situação das massas, (carcaças), com relação à Terra.
T – significa que as massas estão individualmente (ou em grupos) ligadas a Terra,
independentemente do aterramento eventual de um ponto da alimentação.
N – significa que as massas estão ligadas diretamente ao ponto neutro da
alimentação aterrado.

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OUTRAS LETRAS:

S – Indica que as funções de neutro (N) e de proteção (PEN) são asseguradas por
condutores separados.

C – Indica que as funções de neutro e de proteção são asseguradas por um


mesmo condutor (PEN).

Deste modo, vários esquemas são possíveis, combinando-se as condições de


aterramento da alimentação e a condição de aterramento das massas, isto é, das
carcaças dos equipamentos e demais partes condutoras da instalação. Esta combinação
resulta nos seguintes esquemas de aterramento:

TN-S TN-C TN-CS TT IT

As Figuras 3.7 a 3.11 mostram desenhos esquemáticos destes aterramentos.

Esquema TN
Os esquemas TN possuem um ponto da alimentação diretamente aterrado, sendo
as massas ligadas a este ponto através de condutores de proteção. Nesse esquema,
toda corrente de falta direta fase-massa é uma corrente de curto-circuito. São
considerados três tipos de esquemas TN, de acordo com a disposição do condutor neutro
e do condutor de proteção, a saber:
a) esquema TN-S, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção são
distintos (Figura 3.7.);
b) esquema TN-C, no qual as funções de neutro e de proteção são combinadas
em um único condutor ao longo de toda a instalação (Figura 3.8.);
c) esquema TN-C-S, no qual as funções de neutro e de proteção são combinadas
em um único condutor em uma parte da instalação (Figura 3.9.) e separadas em
outra parte da mesma.

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Figura 3.7. Esquema de aterramento TN-S

Figura 3.8. Esquema de aterramento TN-C

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Figura 3.9. Esquema de aterramento TN-C-S

Esquema TT
O esquema TT (Figura 3.10) possui um ponto da alimentação diretamente aterrado,
estando as massas da instalação ligadas a eletrodos de aterramento eletricamente
distintos do eletrodo de aterramento da alimentação. Nesse esquema, as correntes de
falta direta fase-massa devem ser inferiores a uma corrente de curto-circuito, sendo,
porém suficientes para provocar o surgimento de tensões de contato perigosas.

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Figura 3.10. Esquema de aterramento TT

Esquema IT
O esquema IT (Figura 3.11) não possui qualquer ponto da alimentação diretamente
aterrado, estando aterradas as massas da instalação. Nesse esquema, a corrente
resultante de uma única falta fase-massa não deve ter intensidade suficiente para
provocar o surgimento de tensões de contato perigosas.
A utilização do esquema IT deve ser restrita a casos específicos, como os
relacionados a seguir:
a) instalações industriais de processo contínuo, com tensão de alimentação igual
ou superior a 380 V, desde que verificadas as seguintes condições: (a
continuidade de operação é essencial; a manutenção e a supervisão estão a
cargo de pessoal habilitado; - existe detecção permanente de falta à terra; - o
neutro não é distribuído;
b) instalações alimentadas por transformador de separação com tensão primária
inferior a 1000 V, desde que verificadas as seguintes condições: - a instalação é
utilizada apenas para circuitos de comando; - a continuidade da alimentação de
comando é essencial; - a manutenção e a supervisão estão a cargo de pessoal
habilitado - existe detecção permanente de falta à terra;

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c) circuitos com alimentação separada, de reduzida extensão, em instalações


hospitalares, onde a continuidade de alimentação e a segurança dos pacientes
são essenciais (conforme a NBR 13234);
d) instalações exclusivamente para alimentação de fornos industriais;
e) instalações para retificação destinada exclusivamente a acionamentos de
velocidade controlada.

Figura 3.11. Esquema de aterramento IT

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Eletrodos de Aterramento
O eletrodo de aterramento preferencial em uma edificação é constituído pelas
armaduras de aço embutidas no concreto das fundações. O Quadro 3.2 mostra as
equivalências para os eletrodos de aterramento enquanto que o Quadro 3.3. mostra a
seção mínima dos condutores de proteção.

Quadro 3.2. Equivalência de eletrodo de aterramento.

Tipo de eletrodo Dimensões mínimas Observações

Tubo de aço zincado 2,40 m de comprimento e Enterramento totalmente


diâmetro nominal de 22 mm vertical
Cantoneira de 20 mm x 20
Perfil de aço zincado Enterramento totalmente
mm x 3 mm com 2,40 m de
vertical
comprimento
Haste de aço zincado Diâmetro de 12 mm com 2,00 Enterramento totalmente
m ou 2,40 m de comprimento vertical

Haste de aço revestida de Diâmetro de 12 mm com 2,00 Enterramento totalmente


m ou 2,40 m de comprimento vertical
cobre

Haste de cobre Diâmetro de 12 mm com 2,00 Enterramento totalmente


m ou 2,40 m de comprimento vertical
22 mm² de seção, 2 mm de Profundidade mínima de 0,60
Fita de cobre espessura e 10 m de m na largura na posição
comprimento vertical
100 mm² de seção, 3 mm de
Fita de aço galvanizado Profundidade mínima de 0,60
espessura e 10 m de
m Largura na posição vertical
comprimento
Cabo de cobre 22 mm² de seção e 10 m de Profundidade mínima de 0,60
comprimento m Posição horizontal
Cabo de aço zincado 92 mm² de seção e 10 m de Profundidade mínima de 0,60
comprimento m Posição horizontal
Cabo de aço cobreado 20 mm² de seção e 10 m de Profundidade mínima de 0,60
comprimento Posição horizontal

Quadro 3.3. Seção mínima de condutor de proteção.


Seção mínima do condutor de proteção
Seção dos condutores fase da Seção mínima do condutor de proteção
instalação da S (mm²) correspondente SP (mm ²)
S16 S
16<S32 16
S>32 S/2

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4. MEDIDAS DE PROTEÇÃO DAS


PESSOAS

OBJETIVOS DO ESTUDO

Este capítulo abordará as principais medidas de proteção integrantes das instalações


e destinadas a proteger as pessoas, contra os efeitos da eletricidade..
Ao terminar este capítulo você deverá estar apto a:

 Aplicar a regra básica de proteção em cinco etapas, para trabalhadores


envolvidos com eletricidade.
 Identificar os dispositivos e medidas de proteção contra os efeitos da
eletricidade

4.1. INTRODUÇÃO
Feitas as considerações sobre as grandezas elétricas, suas principais
características, bem como a natureza da corrente elétrica e a forma como ela se
manifesta ao percorrer o corpo humano, vamos dedicar algum tempo ao estudo das
principais medidas de proteção das pessoas contra os efeitos da eletricidade.
A medida de proteção básica e fundamental para a realização de serviços ou
interações em instalações elétricas é a desenergização dos circuitos e seus
componentes. Ela será discutida na seqüência e depois serão discutidas outras medidas
de proteção também importantes ao nosso curso.

4.2. DESENERGIZAÇÃO
A desenergização é um conjunto de ações coordenadas, seqüenciadas e
controladas, destinadas a garantir a efetiva ausência de tensão no circuito, trecho ou
ponto de trabalho, durante todo o tempo de intervenção e sob controle dos trabalhadores
envolvidos.
Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas
para serviço mediante os procedimentos apropriados que obedecem à seqüência
apresentada abaixo pela Figura 4.1.

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C
I A
1. Desligamento efetivo (seccionamento) da
S energia elétrica;
2. Impedimento de reenergização (Travamento
do dispositivo de desligamento da energia
D elétrica);
3. Comprovação da ausência de energia;
4. Aterramento do circuito ou conjunto elétrico,
com equipotencialização dos condutores dos
circuitos;
5. Sinalização e Separação.

Figura 4.1. Seqüência correta para a ação de desenergização de instalações elétricas

As ações acima citadas podem ser entendidas através do seu detalhamento,


mostradas na seqüência.

4.2.1. SECCIONAMENTO
É o ato de promover a descontinuidade elétrica total, com afastamento adequado à
tensão, entre um circuito ou dispositivo e outro, obtida mediante o acionamento de
dispositivo apropriado (chave seccionadora; interruptor; disjuntor), acionado por meios
manuais ou automáticos, ou ainda através de ferramental apropriado e segundo
procedimentos específicos.

4.2.2. IMPEDIMENTO DE REENERGIZAÇÃO


É o estabelecimento de condições que impedem, de modo reconhecidamente
garantido, a reversão indesejada do seccionamento efetuado, visando assegurar ao
trabalhador o controle do seccionamento. Na prática trata-se da aplicação de
travamentos mecânicos, por meio de fechaduras, cadeados e dispositivos auxiliares de
travamento ou com sistemas informatizados equivalentes.
O profissional autorizado deve utilizar um sistema de travamento do dispositivo de
seccionamento, para o quadro, painel ou caixa de energia elétrica e garantir o efetivo
impedimento de reenergização involuntário ou acidental do circuito durante a interrupção
de energia. Além de trancar a caixa, deve-se também fixar placas de sinalização
alertando sobre a proibição da ligação da chave e indicando que o circuito está em
manutenção.
Em construções de grande porte, nas quais eventualmente mais de um eletricista
estiver fazendo reparos em locais diferentes, o risco de energizar inadvertidamente os
circuitos é muito grande.Nesse caso a eliminação do risco é obtida pelo emprego de
tantos cadeados quantos forem os eletricistas em serviço.
Dessa forma, o circuito só será novamente ligado quando o último trabalhador
concluir seu serviço e destravar a(s) chave(s), disjuntor, quadro, painel, etc.. Após a
conclusão dos serviços deverão ser adotados os procedimentos de liberação e os

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35

circuitos religados depois de se certificar de que todos os equipamentos estejam


desligados pelos seus dispositivos de comandos.
Cuidado especial para a desenergização de circuito ou mesmo de todos circuitos
numa instalação deve ser sempre programado e amplamente divulgado para que a
interrupção, ocasionando o corte repentino da energia elétrica, não cause transtornos e
possibilidade de acidentes. A reenergização deverá ser autorizada mediante a divulgação
aos envolvidos.

4.2.3. CONSTATAÇÃO DA AUSÊNCIA DE TENSÃO


É a verificação da efetiva ausência de qualquer tensão nos condutores do circuito.
A verificação deve ser feita com medidores testados antes e depois da verificação,
podendo ser realizada por contato ou por aproximação e de acordo com procedimentos
específicos.

4.2.4. INSTALAÇÃO DE ATERRAMENTO TEMPORÁRIO COM


EQUIPOTENCIALIZAÇÃO DOS CONDUTORES DOS CIRCUITOS
Constatada a inexistência de tensão, um condutor do conjunto de aterramento
temporário deverá ser ligado à terra e ao neutro do sistema, quando houver, e às demais
partes condutoras estruturais acessíveis. Na seqüência, deverão ser conectadas as
garras de aterramento aos condutores fase, previamente desligados, obtendo-se assim
uma equalização de potencial entre todas as partes condutoras no ponto de trabalho.

4.2.5. INSTALAÇÃO DA SINALIZAÇÃO DE IMPEDIMENTO DE ENERGIZAÇÃO


Deverá ser adotada sinalização adequada de segurança, destinada à advertência e
à identificação da razão de desenergização e informações do responsável.
Os cartões, avisos ou etiquetas de sinalização do travamento ou bloqueio devem
ser claros e adequadamente fixados. No caso de método alternativo, procedimentos
específicos deverão assegurar a comunicação da condição impeditiva de energização a
todos os possíveis usuários do sistema.

Somente após a conclusão dos serviços e verificação de ausência de


anormalidades, o trabalhador providenciará a retirada de ferramentas, equipamentos e
utensílios e por fim do dispositivo individual de travamento e etiqueta correspondente. O
responsável pelos serviços, após inspeção geral e certificação da retirada de todos os
travamentos, cartões e bloqueios, providenciará a remoção dos conjuntos de
aterramento, e adotará os procedimentos de liberação do sistema elétrico para operação.
A retirada dos conjuntos de aterramento temporário deverá ocorrer em ordem inversa à
de sua instalação.

4.2.6. COMENTÁRIOS
1) O seccionamento deverá ser realizado mediante procedimento estabelecido
com comunicações e outras providências protocolares.

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36

2) Sempre que possível, as garras de aterramento ligadas aos condutores fase do


circuito desligado deverão ser do tipo que evitam a aproximação do trabalhador.
3) Deverão ser protegidos contra contatos acidentais todos dos elementos
energizados existentes na zona controlada, para que não possam ser
acidentalmente tocados, deverão receber isolamento conveniente (por meio de
mantas, calhas, capuz, de material isolante, etc.)
4) Outras sinalizações e delimitações de áreas deverão ser adotadas para a
realização de serviços elétricos.
5) Irregularidades observadas ou impossibilidade de proceder da forma prevista
devem ser objeto de imediata comunicação ao chefe imediato.
6) O estado de instalação desenergizado deve ser mantido até a autorização para
reenergização, devendo ser reenergizada respeitando a seqüência dos
procedimentos abaixo:
a) retirada de todas as ferramentas, equipamentos e utensílios;
b) retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos no
processo de energização;
c) remoção da sinalização de impedimento de energização;
d) remoção do aterramento temporário da equipotencialização e das proteções
adicionais;
e) destravamento, se houver, e religação dos dispositivos de seccionamento

4.3. AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO NAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS


Na impossibilidade de ser adotada a desenergização, e considerando que temos
que conviver intimamente com a eletricidade, vamos aproveitar o que a Norma Brasileira
de Instalações Elétricas de Baixa Tensão, a NBR-5410 tem como objetivos:

a) fixar as condições a que devem satisfazer as instalações elétricas aqui


estabelecidas, a fim de garantir seu funcionamento adequado, a segurança de
pessoas e animais domésticos e a conservação dos bens.
b) aplicar-se às instalações elétricas alimentadas sob uma tensão nominal igual ou
inferior a 1 000 V em corrente alternada, com freqüências inferiores a 400 Hz,
ou a 1 500 V em corrente contínua.
Isto significa dizer que a instalação elétrica, através de seus componentes, deve
oferecer a possibilidade de conduzir, de controlar, de modificar parâmetros, de
transformar, utilizando-a de uma forma segura, o que se subentende ser de acordo com
os objetivos acima descritos.

4.3.1. PRESCRIÇÕES FUNDAMENTAIS DA NBR-5410


As Prescrições Fundamentais da NBR-5410 podem ser resumidas de acordo com
os seguintes itens:

a) Proteção contra choques elétricos


 Proteção contra contatos diretos que é chamada de proteção básica

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37

As pessoas e os animais devem ser protegidos contra os perigos que possam


resultar de um contato com partes vivas da instalação.

 Proteção contra contatos indiretos que é chamada de proteção supletiva


As pessoas e os animais devem ser protegidos contra os perigos que possam
resultar de um contato com massas colocadas acidentalmente sob tensão.

b) Proteção contra efeitos térmicos


 A instalação elétrica deve estar disposta de maneira a excluir qualquer risco de
incêndio de materiais inflamáveis, devido a temperaturas elevadas ou arcos
elétricos.
 Além disso, em serviço normal, as pessoas e os animais domésticos não devem
correr riscos de queimaduras.
O item 5 da NBR 5410 é dedicado ao assunto “Proteção para garantir segurança”.
Considerando que nosso propósito é discutir a segurança das pessoas, com
relação às instalações elétricas, entendemos ser o melhor caminho, acompanhar a
seqüência preconizada pela Norma Técnica, de forma que ela seja o documento base
referência e para aprofundamento do assunto aqui apresentado.
As medidas de proteção serão adotadas individualmente ou em conjunto,
combinadas ou integradas, sempre visando garantir a segurança das pessoas contra os
efeitos já enumerados.
Separando as medidas de proteção em dois grandes grupos, distintos identificamos
a proteção contra os efeitos térmicos ( queimaduras, incêndios arcos e outros efeitos
perigosos) que serão objeto de discussão ao final deste capítulo e a proteção contra os
choques elétricos que passaremos a discutir.
Por vezes encontramos classificação das medidas de proteção como ativas e
passivas. A proteção passiva, que trata das medidas visando limitar a corrente elétrica
que atravessa o corpo humano ou a impedir que se estabeleça o contato com as partes
energizadas. A proteção ativa, que trata dos métodos que estabelecem a atuação de
dispositivos que atuam sobre os circuitos elétricos todas as vezes que ocorrer uma
situação com potencialidade de colocar em perigo a integridade das pessoas.
Efetivamente as medidas de proteção mais utilizadas contra os choques elétricos,
são a ISOLAÇÃO e a EQUIPOTENCIALIZAÇÃO, esta associada frequentemente ao
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO DA ALIMENTAÇÃO.
A proteção contra os choques elétricos se fundamenta nas seguintes premissas:
a) Partes vivas perigosas não devem ser acessíveis.
As medidas de proteção para atender essa exigência, constituem – se no que se
chama de PROTEÇÃO BÁSICA e são conhecidas como medidas de proteção contra
choques devidos a contatos diretos, assim chamados aqueles em que as pessoas
entram em contato com partes da instalação que ficam energizadas , em condições
normais de operação., que foram feitas para ficarem energizadas. Como exemplo desse
tipo de contatos podem ser citados os choques devidos a colocar a mão em barramentos,
fios ou outros condutores elétricos desencapados, parafusos de conexão, etc.

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
38

b) Partes condutoras acessíveis , não devem oferecer perigo seja em


condições normais de operação , seja em caso de defeito, que as torne
acidentalmente vivas ( energizadas).

As regra geral da proteção contra choques é de garantir a aplicação dos princípios


enunciados em a) e b) , pelo provimento de um conjunto de medidas de proteção
básica e proteção supletiva, mediante a combinação de meios independentes ou
mediante a aplicação de uma medida capaz de garantir as duas proteções
simultaneamente.
Em situações em que haja a possibilidade de perda ou anulação das medidas
aplicadas ou ainda por dificuldades no pleno atendimento do que exigem as medidas de
proteção ou mesmo em casos particularmente graves, são adotadas outras medidas de
proteção contra choques e que são chamadas de PROTEÇÃO ADICIONAL
Este tipo de proteção diz respeito ás situações em que as pessoas possam estar
em condições agravantes com relação aos choques elétricos ( pele úmida, molhadas
ou imersas em água – tabela 19 da NBR-5410), é exigida a aplicação de dispositivos de
proteção a corrente de fuga (DR) de alta sensibilidade ou o uso de equipotencialização
suplementar.

Em situações especiais em que o acesso ás instalações é restrito a apenas


pessoas advertidas ( BA-4) e pessoas qualificadas (BA-5), segundo a tabela 18 da NBR-
5410 ( 2004) e guardadas exigências específicas de tensão, sinalização e copntrole de
acesso, são admitidas as medidas de proteção chamadas PARCIAIS .
Outras situações, estas também bastante especiais , também aplicáveis apenas a
pessoas BA-4 e BA-5, e mediante a aplicação de ferramental, procedimentos e outras
providências, as proteções poderão ser OMITIDAS.

4.3.1.1. PROTEÇÃO BÁSICA

PROTEÇÃO CONTRA OS CONTATOS DIRETOS POR


USO DE EBT – ( Extra Baixa Tensão)

O uso de extra baixa tensão pode significar a adoção de um meio de proteção.


São chamadas extra baixa tensão as tensões de valor nominal inferiores a 50 V CA
e a 120 V CC.
Distinguem-se duas categorias de extra baixa tensão, identificadas respectivamente
por SELV (Separated extra low voltage) e PELV (protected extra low voltage)
O primeiro, SELV, é um sistema eletricamente separado de terra e de outros
sistemas, de tal modo que a ocorrência de uma única falta não resulta em risco de
choque elétrico. Neste sistema as massas também são separadas de terra.
O segundo, PELV, não é eletricamente separado de terra, mas preenche de modo
equivalente, todos os requisitos de um SELV. Neste sistema, tanto a alimentação quanto
as massas poderão ser eletricamente conectadas a terra.

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
39

A aplicação dessa forma de proteção tem sido muito difundida com o crescente
número de equipamentos eletro eletrônicos de pequeno porte (computadores,
impressoras, telefones fixos ou celulares, algumas máquinas ferramentas, etc).
Dependendo das tensões e das condições e local de uso, a proteção básica poderá
ser proporcionada por limitação da tensão, ou pela isolação básica ou ainda pelo uso de
barreiras ou invólucros.
No caso de termos a situação 1,(pele seca) e contato não permanente com partes
condutivas aterradas e tensões inferiores a 25 V CA ou 60 V CC ou então com locais
externos ou molhados, ainda que de forma permanente porém com tensões elétricas
alternadas não superiores a 12 V CA ou 30 V CC, então não será necessária nenhuma
providência que impeça o contato com as partes vivas da instalação.
Caso essas exigências não possam ser atendidas, deverão ser utilizadas proteções
contra os contatos diretos, na forma de isolação básica, barreiras ou invólucros.
A proteção supletiva nos sistemas PELV e SELV, quando necessária, é assegurada
pelo uso de separação de proteção com condutores de quaisquer outros circuitos
(incluindo o primário da fonte de EBT). Pela isolação básica entre outros circuitos
também SELV ou PELV. Pela utilização de uma fonte de segurança, que pode ser
representada por um transformador de separação de segurança, um conjunto moto
gerador, um conjunto de baterias ou ainda uma fonte que garanta um grau de segurança
equivalente a um transformador de segurança (para fontes de segurança, vide IEC 6155-
2-6).
O uso de SELV ou PELV exige alguns cuidados especiais, com relação à
proximidade e separação física com outros condutores, ou isolamento para o nível de
tensão mais elevado presente na situação, ou ainda o uso de blindagens aterradas, etc.
Outra exigência é que as tomadas e plugs dos sistemas SELV e PELV não sejam
intercambiáveis com outras de circuitos não SELV ou PELV e que os SELV não possuam
condutor para ligação das carcaças ao condutor de proteção.
Aplicação especial desses sistemas em instalações industriais se verifica na
necessidade de iluminação em locais confinados, caixas e galerias e internamente a
reservatórios metálicos ou em locais úmidos.
Para condições de instalação dos circuitos para SELV e PELV, consultar a Norma
NBR-5410: 2004 – Item 5.1.2.5.

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
40

PROTEÇÃO CONTRA OS CONTATOS DIRETOS POR


ISOLAÇÃO DAS PARTES VIVAS- (ISOLAÇÃO BÁSICA)

A isolação é destinada a impedir todo contato com as partes vivas da instalação


elétrica. As partes vivas devem ser completamente recobertas por uma isolação que só
possa ser removida através de sua destruição. Observe-se que:
a) Para os componentes montados em fábrica, a isolação deve atender às
prescrições relativas a esses componentes;
b) Para os demais componentes, a proteção deve ser garantida por uma isolação
capaz de suportar as solicitações mecânicas, químicas, elétricas e térmicas às
quais possa ser submetida;
c) As tintas, vernizes, lacas e produtos análogos não são, geralmente, considerados
como constituindo uma isolação suficiente no quadro da proteção contra os
contatos diretos.
d) Quando montada em campo a isolação estará sujeita aos mesmos ensaios
praticados no processo de industrialização
e) Em determinadas circunstâncias a separação por meio de invólucros se
confunde com a isolação das partes vivas [Vide NBR-5410 (2004) Anexo B.1].

PROTEÇÃO CONTRA OS CONTATOS DIRETOS POR


BARREIRAS OU INVÓLUCROS
As barreiras ou invólucros são destinados a impedir todo contato com as partes
vivas da instalação elétrica.
As partes vivas devem estar no interior de invólucros ou atrás de barreiras que
confiram pelo menos o grau de proteção IP2X. Entretanto, se aberturas maiores do que
as admitidas para IP2X (diâmetro inferior a 12 mm) se produzirem durante a manipulação
ou substituição de componentes tais como lâmpadas, tomadas de corrente ou
dispositivos fusíveis, ou forem necessárias para permitir o funcionamento adequado dos
componentes, de acordo com as prescrições aplicáveis a esses componentes, devem ser
tomadas precauções para:
a) impedir que pessoas ou animais domésticos toquem acidentalmente as partes
vivas; e
b) garantir, na medida do possível, que as pessoas sejam advertidas de que as
partes acessíveis através da abertura são vivas e não devem ser tocadas
intencionalmente.
As superfícies superiores das barreiras ou dos invólucros horizontais que sejam
facilmente acessíveis devem atender pelo menos ao grau de proteção IP4X. (objetos
sólidos maiores que 1 mm)
As barreiras e invólucros devem ser fixados de forma segura e ser de uma robustez
e de uma durabilidade suficientes para manter os graus de proteção e a apropriada
separação das partes vivas nas condições normais de serviço, levando-se em conta as
condições de influências externas relevantes.
A supressão das barreiras, a abertura dos invólucros ou coberturas ou a retirada de
partes dos invólucros ou coberturas não deve ser possível a não ser:
a) Com a utilização de uma chave ou de uma ferramenta; ou

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
41

b) Após a desenergização das partes vivas protegidas por essas barreiras,


invólucros ou coberturas, não podendo ser restabelecida a tensão enquanto não
forem recolocadas as barreiras, invólucros ou coberturas; ou
c) Que haja interposta uma segunda barreira ou isolação que não possa ser
retirada sem a ajuda de uma chave ou de uma ferramenta, e que impeça
qualquer contato com as partes vivas.

Vide NBR 5410 -2004-Anexo B.2 e referências na IEC-60529:2001

4.3.1.2. PROTEÇÃO SUPLETIVA

PROTEÇÃO CONTRA OS CONTATOS INDIRETOS POR


SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO DA ALIMENTAÇÃO
Para uma adequada aplicação desta medida é essencial que o esquema de
aterramento da instalação tenha características compatíveis com os dispositivos de
seccionamento. O funcionamento dessa medida de proteção foi diwscutido no capítulo 3
( aterramento) . Para m,aiores detalhes , vide Proteção pelo seccionamento
automático da alimentação (5.1.2.2 da NBR-5410-2004))
O seccionamento automático da alimentação destina-se a evitar que uma tensão de
contato se mantenha por um tempo que possa resultar em risco de efeito fisiológico
perigoso para as pessoas (ver IEC 479-1). Esta medida de proteção requer a
coordenação entre o esquema de aterramento adotado e as características dos
condutores de proteção e dos dispositivos de proteção.

Princípios básicos
A proteção por seccionamento automático da alimentação baseia-se nos seguintes
princípios:
a) Aterramento - as massas devem ser ligadas a condutores de proteção nas
condições especificadas para cada esquema de aterramento. Massas
simultaneamente acessíveis devem ser ligadas à mesma rede de aterramento -
individualmente,
b) Tensão de contato limite - a tensão de contato limite (UL) não deve ser
superior ao valor indicado na Norma. Aos limites indicados se aplicam as
tolerâncias definidas na IEC 38.
c) Seccionamento da alimentação - um dispositivo de proteção deve seccionar
automaticamente a alimentação do circuito ou equipamento protegido contra
contatos indiretos por este dispositivo sempre que uma falta entre parte viva e
massa no circuito ou equipamento considerado der origem a uma tensão de
contato superior ao valor apropriado de UL.

É requisito fundamental desta medida de proteção a coordenação entre o


dispositivo de seccionamento automático (fusível, disjuntor, etc) e o sistema de
aterramento, devendo as massas ser efetivamente ligadas a um condutor de proteção.
A tensão de contato limite aceitável durante o tempo de resposta do dispositivo de
proteção é mostrada no quadro a seguir
.

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
42

Tensão de contato limite. UL


Natureza da corrente Situação seco (1) Situação úmido (2) Situação Imerso (3)
CA de 15 a 1000 Hz 50 volts 25 volts 12
CC sem ondulação 120 volts 60 volts 30
[Vide NBR-5410(2004) Anexo C – Tabela C1 e C2].

Ligação eqüipotencial principal

Em cada edificação deve existir uma ligação eqüipotencial principal reunindo os


seguintes elementos:
 condutor(es) de proteção principal(is);
 condutores de equipotencialidade principais ligados a canalizações metálicas de
utilidades e serviços (água, gás aquecimento, ar-condicionado, etc.) e a todos
os demais elementos condutores estranhos à instalação existentes, incluindo os
elementos metálicos da construção e outras estruturas metálicas;
 condutor(es) de aterramento;
 eletrodo(s) de aterramento de outros sistemas, se existentes.
No esquema TN, em que as massas são ligadas diretamente no ponto de
alimentação aterrado, podem ser utilizados disjuntores ou fusíveis.
No esquema TT é obrigatório o uso de dispositivos a corrente diferencial – residual
(DR).
No esquema IT, outros dispositivos de supervisão são necessários.
Os tempos de seccionamento máximo no esquema TN já foram apresentados no
capítulo referente aos choques elétricos, o mesmo ocorrendo para os tempos de
seccionamento máximo no esquema IT.
Finalmente deve ficar claro que a conexão efetiva de um condutor entre a carcaça e
o ponto neutro da alimentação aterrado permite que, no caso de uma energização
acidental da carcaça, se estabeleça uma corrente suficientemente alta para provocar a
operação do dispositivo de proteção (disjuntor ou fusível) em tempo suficientemente
curto, de forma a promover o seccionamento automático da alimentação, dentro dos
tempos máximos estabelecidos nas tabelas acima referidas.

PROTEÇÃO CONTRA OS CONTATOS INDIRETOS PELO


USO DE EQUIPAMENTOS CLASSE II - ISOLAÇÃO DUPLA OU REFORÇADA

Esta medida de proteção é descrita na NBR 5410(2004) no item (5.1.2.3)


Consiste da utilização de equipamentos que tenham sido submetidos a ensaios e
marcados como de isolação dupla ou reforçada (Classe II) ou pré fabricados com
isolação total. Esses equipamentos são marcados com o símbolo abaixo em sua placa de
identificação e dados nominais. Ver IEC – 61140

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
43

Símbolo para equipamentos Classe II. De isolação dupla ou reforçada.

Equipamentos que tenham recebido, uma isolação suplementar, sobre a sua


isolação básica ou que tenham recebido uma isolação reforçada e que garantam as
condições de segurança equivalentes às exigidas para o item anterior.
O mesmo princípio pode ser aplicado às instalações fixas das edificações e,
quando associado à escolha dos invólucros, estes serão do tipo IP2X (NBR 6146).
As partes internas destes equipamentos não devem, em princípio, ser ligados a
condutores de proteção.

PROTEÇÃO CONTRA OS CONTATOS INDIRETOS PELO


MÉTODO DE SEPARAÇÃO ELÉTRICA INDIVIDUAL

Este método é descrito na NBR 5410 (2004) no item (5.1.2.4.)

Recomenda-se que o circuito separado tenha limites de dimensões tais que o


produto da tensão (V) pelo comprimento do circuito (m) seja menor que 100.000, e que a
tensão não seja superior a 500 V e o comprimento não seja maior que 500 metros.
O circuito deverá ser alimentado por uma fonte de separação classe II. ( IEC 61558-
2-4) ou outra que assegure uma separação equivalente.
Deverá ser garantida a proteção por seccionamento automático da alimentação, no
caso de segunda falta.

PROTEÇÃO ADICIONAL
A proteção adicional, como já foi mencionado , destina-se a garantir a proteção
das pessoas contra os choques elétricos em situações de maior risco de perda ou
anulação das medidas normalmente aplicáveis e também quando houver dificuldades no
pleno atendimento das exigências estabelecidas por outras medidas aplicadas e sempre
que os locais das instalações impliquem em situações particularmente graves de
exposição ao risco de choque elétrico.

PROTEÇÃO ADICIONAL PELO USO DE DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO A


CORRENTE DIFERENCIAL RESIDUAL – (DR) (5.1.3.2).

Este método é descrito na NBR 5410 (2004) no item (5.1.3.2)


Qualquer que seja o esquema de aterramento, devem ser objeto de proteção
complementar contra contatos diretos por dispositivos a corrente diferencial-residual
(dispositivos DR) de alta sensibilidade, isto é, com corrente diferencial-residual nominal
I∆n igual ou inferior a 30 mA:

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
44

a) os circuitos que sirvam a pontos situados em locais contendo banheira ou


chuveiro [ver NBR-5410-(2004)-item 9.1];
b) os circuitos que alimentem tomadas de corrente situadas em áreas externas à
edificação;
c) os circuitos de tomadas de corrente que sirvam a situadas em áreas internas
que possam vir a alimentar equipamentos no exterior;
d) os circuitos de tomadas de corrente de cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias,
áreas de serviço, garagens e, no geral, a todo local interno molhado em uso
normal ou sujeito a lavagens.
A utilização de tais dispositivos não é reconhecida como constituindo em si uma
medida de proteção completa e não dispensa de forma alguma o emprego de uma das
medidas de proteção enunciadas na Norma.
Obs. Esta é uma medida de proteção mais apropriada para ser incluída em
proteção contra os contatos indiretos.
As Figuras a seguir mostram desenhos esquemáticos de proteção complementar
por dispositivo de proteção a corrente diferencial residual. (o primeiro a disjuntor e o
segundo a interruptor)

Desenho esquemático de um dispositivo de proteção a corrente diferencial residual


(DISJUNTOR).

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
45

Desenho esquemático de dispositivo de proteção a corrente diferencial


residual (INTERRUPTOR).

PROTEÇÃO ADICIONAL PELO EMPREGO DE


EQUIPOTENCIALIZAÇÃO SUPLEMENTAR .

Este método é descrito na NBR 5410 (2004) no item (5.1.3.1)

Este meio de se melhorar a proteção contra choques devidos a contatos indiretos,


consiste na interligação de todos os elementos construtivos acessíveis, incluindo aqueles
que não pertencem à instalação elétrica , como as armaduras das fundações, tubulações
esquadrias etc.
Tem por objetivo impedir a ocorrência de tensões perigosas ao longo do tempo destinado
à operação do dispositivo de seccionamento.
É utilizado sempre que as medidas de proteção por equipotencialização mais
seccionamento não puderem ser integralmente satisfeitas e em todos os casos em quye
a resistência elétrica do corpo está reduzida , conforme o item 9 da NBR 5410 (2004) ,
que trata de instalações em locais especialmente condutivos, por exemplo devido à
presença de umidade, ( banheiros e similares.)

PROTEÇÃO PARCIAL

A proteção parcial somente é admitida quando se verificam simultaneamente as


seguintes premissas:
1- O acesso ao local é controlado e restrito a pessoas advertidas ( BA-4 e BA-5) :
2- A tensão nominal existente está dentro dos limites da Faixa II do anexo A1 da NBR-
5410 .

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
46

PROTEÇÃO PARCIAL POR MEIO DE


OBSTÁCULOS

Os obstáculos são destinados a impedir os contatos fortuitos com partes vivas, mas
não os contatos voluntários por uma tentativa deliberada de contornar o obstáculo. Os
obstáculos devem impedir:
a) Uma aproximação física não intencional das partes vivas (por exemplo, por meio
de corrimãos ou de telas de arame);
b) Contatos não intencionais com partes vivas por ocasião de operação de
equipamentos sob tensão (por exemplo, por meio de telas ou painéis sobre os
seccionadores).
Os obstáculos podem ser desmontáveis, ainda que sem ferramentas, mas devem
ser fixos e não removíveis involuntariamente. Só podem ser utilizadas como medida de
proteção para locais onde o acesso é controlado e restrito a pessoas advertidas (BA4) ou
qualificadas (BA5).
[Vide NBR 5410-(2004) item 5.1.5.3]

PROTEÇÃO PARCIAL POR MEIO DE


COLOCAÇÃO FORA DE ALCANCE

A colocação fora de alcance é somente destinada a impedir os contatos fortuitos


com as partes vivas.
Partes simultaneamente acessíveis que se achem a potenciais diferentes não
devem encontrar-se no interior da zona de alcance normal.

A Figura a seguir mostra um desenho esquemático para este tipo de proteção.

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
47

Corresponde às seguintes separações:

horizontal além do piso ........... 1,25 m


horizontal sob o piso ............... 0,75 m
vertical acima do piso ............. 2,50 m
vertical abaixo do piso ............ 1,25 m

Esta também é uma medida que só se aplica para locais onde o acesso é controlado e
restrito a pessoas advertidas (BA4) e/ou qualificadas (BA5) [Vide NBR 5410-(2005) – item
5.1.5.4.].

OMISSÃO DE PROTEÇÃO

A NBR-5410 admite a omissão de proteção, em casos especiais e restritos a pessoas


BA-4 e BA-5, que tenham instruções quanto ao local e treinamento adequado.
Exige ainda a existência de sinalização adequada e visível, e que o acesso dependa de
acionamento de dispositivo especial.
É necessário ainda que o local, tenha saída que não possa ser impedida ( por fora) e
que haja distâncias suficientes para operação e manutenção dos dispositivos e
equipamentos

4.4 PROTEÇÃO CONTRA EFEITOS TÉRMICOS


As pessoas, os componentes fixos de uma instalação elétrica, bem como os
materiais fixos adjacentes, devem ser protegidos contra os efeitos prejudiciais do calor ou
radiação térmica produzida pelos equipamentos elétricos, particularmente quanto a:
a) Riscos de queimaduras;
b) Prejuízos no funcionamento seguro de componentes da instalação;
c) Combustão ou deterioração de materiais.

Considerações
A NFPA 70E de 1992 foi a primeira norma “de consenso” a reconhecer o arco
elétrico como um risco a ser tratado por todos da comunidade elétrica e a revisão de
2000 acrescentou as tabelas para seleção dos tipos de roupas adequadas. Brasil, por
seguir a corrente técnica normalizadora internacional (IEC), possui a NBR-6808 -
“Conjuntos de manobra e controle de baixa tensão montados em fábrica - CMF”. Embora
não forneçam critérios detalhados para os ensaios, já denotam a preocupação com o
tema desde o projeto do painel elétrico.
Dentre as alternativas tecnologicamente disponíveis para maior proteção das
pessoas estão:
a) Diminuição do nível de curto-circuito nos painéis elétricos;
b) Utilização de dispositivos curto-circuitadores de alta velocidade, de forma a
extinguir o arco antes de 4 ms;
c) Utilização de dispositivos adequados para a contenção dos arcos.

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
48

Proteção contra incêndio


Observar as recomendações da NBR-2410 e também observar as recomendações
dos fabricantes.
Componentes cujas superfícies externas possam atingir temperaturas perigosas
para a vizinhança deverão ser montados com o uso de suportes resistentes à
temperatura ou separados por materiais resistentes à temperatura ou de forma a permitir
a dissipação do calor.
Quando os equipamentos gerarem arcos em serviço normal, deverão ser
envolvidos por material resistente, separado por material resistente, ou dispor de
dispositivo para contenção e/ou extinção dos arcos, como exposto no item anterior.
Quando houver efeito de focalização manter distâncias seguras.
Na utilização de líquidos isolantes inflamáveis, adotar medidas para evitar o
espalhamento do líquido inflamado.
Prever: chamas; fumos; gases tóxicos, adotando as medidas de controle: fossas de
drenagem; câmaras resistentes/ventiladas.
Até 258 litros apenas a contenção é suficiente. Recomendado o desligamento em
caso de incêndio.
Invólucros combustíveis só são aceitos se forem revestidos por materiais
incombustíveis

Proteção contra queimaduras


As partes acessíveis de equipamentos elétricos que estejam situadas na zona de
alcance normal não devem atingir temperaturas que possam causar queimaduras em
pessoas e devem atender aos limites de temperatura indicados no Quadro 2.2. Todas as
partes da instalação que possam, em serviço normal, atingir, ainda que por períodos
curtos, temperaturas que excedam os limites dados no Quadro 2.2., devem ser
protegidas contra qualquer contato acidental.

Quadro 2.2. Temperaturas máximas das superfícies externas dos equipamentos elétricos
dispostos no interior da zona de alcance normal.
TEMPERATURA MÁXIMA EM ºC
TIPO DE SUPERFÍCIE
Metálica Não metálica

ALAVANCAS, VOLANTES E PUNHOS DE


22 62
DISPOSITIVOS DE CONTROLE MANUAL

SUPERFÍCIES PREVISTAS PARA SEREM TOCADAS


EM SERVIÇO NORMAL, MAS NÃO DESTINADAS A 70 80
SEREM MANTIDAS À MÃO DE FORMA CONTÍNUA
SUPERFÍCIES ACESSÍVEIS, MAS NÃO DESTINADAS
80 90
A SEREM TOCADAS EM SERVIÇO NORMAL

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
49

OUTRAS PROTEÇÕES NAS INSTALAÇÕES

Proteção contra sobre-corrente

Os condutores vivos devem ser protegidos por um ou mais dispositivos de


seccionamento automático contra sobrecargas e contra curtos - circuitos.

Fusíveis ; Disjuntores ;

Coordenação Ib  In  Iz
I2  1,45 . Iz

Ib - corrente de projeto do circuito


In - corrente nominal do dispositivo de proteção
Iz - capacidade de condução de corrente dos condutores
I2 - corrente convencional de atuação ou de fusão, para
fusíveis.

Proteção contra sobretensões


As sobretensões nas instalações elétricas de baixa tensão, aí incluídas as linhas
elétricas de sinal, não devem comprometer a segurança das pessoas, nem a integridade
das próprias instalações e dos equipamentos servidos. Os dispositivos empregados para
cumprir essa proteção são os DPS ( dispositivo de proteção contra surtos) .
Embora a finalidade específica de tais dispositivos seja a proteção dos
equipamento0s e instalações, eles compõe também a proteção das pessoas.
A avaliação dos riscos provocados por sobretensões de origem atmosférica deve
levar em consideração:
a) As características das alimentações de alta e de baixa tensão e das linhas de
sinal;
b) As características de instalação que afetam a impedância do condutor de
aterramento;
c) A sua exposição à ação de descargas atmosféricas;
d) As eventuais proteções contra sobretensões existentes a montante;
e) Outros condutores metálicos que entram ou saem da edificação, em especial de
torres de sinalização e/ ou de antenas;
f) Os níveis de tensão suportável e da categoria dos equipamentos quanto às
sobre-tensões, conforme a Tabela 23 da norma;
g) O tipo de alimentação dos equipamentos (sensíveis) monofásicos, se entre fase
e neutro, ou entre duas fases;
h) O aterramento dos circuitos de sinal dos equipamentos.

Devem ser consideradas na avaliação da necessidade de serem instalados


dispositivos de proteção adequados. Também deve ser avaliada a possibilidade de
elevação do potencial do solo.

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
50

Proteção contra quedas e faltas de tensão

Devem ser adotadas medidas para a proteção das pessoas quando uma queda de
tensão significativa ou sua ausência total possa, quando do restabelecimento da
normalidade, criar perigo para as pessoas e bens ou perturbar o bom funcionamento das
instalações.
Esse objetivo se consegue mediante o uso, por exemplo, de dispositivos de
controle ou manobra do tipo magnético, como contatores ou reles que exigem o rearme
manual quando houver uma falta ou redução sensível da tensão de fornecimento.
Os condutores vivos devem ser protegidos por um ou mais dispositivos de
seccionamento automático contra sobrecarga ou contra curto-circuitos

. Dispositivo de seccionamento automático contra sobrecarga.

. Dispositivo de seccionamento automático contra curto-circuito.

BARRICO- 2009.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
51

5. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
EM ÁREAS CLASSIFICADAS

OBJETIVOS DO ESTUDO

Este capítulo procura apresentar os elementos básicos que fazem parte da


classificação das áreas de trabalho.
Ao terminar este capítulo você deverá estar apto a:

 Conceituar área classificada;


 Saber o que é uma atmosfera explosiva;
 Identificar e saber utilizar as proteções recomendadas pela norma.

5.1. CONCEITOS
Para um primeiro enfoque é fundamental que seja conceituado o que se entende
por instalações elétricas em áreas classificadas.
Vulgarmente, chamadas de “instalações elétricas à prova de explosão” e muito
freqüentemente confundidas com instalações à prova de pó, à prova de gases ou
vapores, e até blindadas à prova de tempo, as instalações em áreas chamadas
classificadas, possuem características muito específicas e variáveis, de acordo com os
ambientes, substâncias e equipamentos envolvidos.

5.1.1. ÁREA CLASSIFICADA


É uma área na qual a probabilidade de presença de uma atmosfera explosiva é tal
que exige precauções para a construção, instalação e utilização de equipamentos
elétricos.

5.1.2. ATMOSFERA EXPLOSIVA


Mistura com o ar, sob condições atmosféricas, de substâncias inflamáveis na forma
de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual após a ignição, a combustão se propaga
através da mistura.
Entendendo que a instalação elétrica para áreas classificadas é uma instalação
planejada, montada e conservada de forma a coexistir de forma segura com uma

BARRICO- 2010.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
52

atmosfera explosiva, onde a potencialidade dos danos devidos à propagação


descontrolada de uma ignição não desejada exige que nossa atenção se prenda à
eliminação dos fatores determinantes da combustão.

É sabido há muito tempo que para a combustão, são necessários de três elementos
básicos; o combustível, o comburente e a fonte de ignição, que constituem o famoso
triângulo do fogo .(Figura 5.1.).

Proíbe-se o uso de diversas fontes de ignição, tais como, cigarros, fósforos,


objetos metálicos etc, mas continua-se dependendo da existência de eletricidade nos
ambientes de trabalho. Ora, a eletricidade tem como potencialidade provocar os arcos e o
aquecimento mesmo em funcionamento normal, o que os caracterizam como “fontes de
ignição”.

Oxigênio Combustível
(do ambiente) (que classifica o risco)

Fonte de ignição
(eletricidade)

BARRICO- 2010.
SEGURANÇA COM ELETRICIDADE
53

Figura 5.1. Triângulo do fogo com os seus componentes.

Se pudermos eliminar o combustível, eliminamos o problema. Se eliminarmos o


comburente (o oxigênio), também teremos resolvido o problema, mas isso em condições
ambientais normais não é muito simples. Se eliminarmos as fontes de ignição, também
poderemos resolver o problema.
Ocorre que muitas vezes não podemos eliminar nenhum dos três, e então devemos
nos voltar ao controle das fontes de ignição.
São vários os métodos aplicados para eliminar ou controlar fontes de ignição, como
também são diferentes os níveis de controle exigidos para as circunstâncias específicas
de cada local.
Essas variáveis exigem que antecipadamente se realize uma classificação da área.

5.2. CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS


Estabelecido que existe a probabilidade de que se formem misturas explosivas, em
um determinado local, deve ser definida a classificação desse local, segundo critérios já
estabelecidos em normas, de acordo com o grau de probabilidade da presença de
atmosfera explosiva, apresentada na seqüência e na Figura 3.3. ao final deste item, de
autoria de Rüdiger Röpke.

5.2.1 PARA GASES E VAPORES


Zona 0 em que a mistura explosiva é encontrada permanentemente ou na maior
parte do tempo.

Zona 1 em que a mistura explosiva é provável durante a operação normal, mas


quando ocorrer, será por tempo limitado.

Zona 2 em que a mistura explosiva só é provável em caso de falhas do


equipamento ou do processo. O tempo de duração desta situação é
curto.

5.2.2. PARA POEIRAS


Zona 20 em que a mistura explosiva é encontrada permanentemente ou na maior
parte do tempo.

Zona 21 em que a mistura explosiva é provável ocasionalmente.

Zona 22 em que a formação de atmosfera explosiva devido ao levantamento de


poeira acumulada é improvável e se ocorrer será por tempo curto..

A delimitação das zonas, na classificação de áreas é dependente de vários fatores


em que se destacam; as características dos produtos componentes da mistura, as

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quantidades que podem ser liberadas para o ambiente, a ventilação local, e outros, razão
pela qual é recomendado que seja feita por um grupo composto por eng. projeto, eng.
manutenção, responsáveis pela planta, conhecedores do processo, pessoal de
segurança industrial e especialistas em instalações em áreas classificadas.
A classificação das áreas deve gerar documentação apropriada em que constem
as análises detalhadas dos produtos envolvidos; dos processos levados a cabo; da
instalação e do ambiente.

5.3. CLASSIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS


Os equipamentos elétricos, de acordo com as suas características, suas funções e
seus invólucros, são subdivididos em grupos:
Grupo I : Equipamentos construídos para instalações onde há presença de gás
metano, ( minas de carvão). Neste grupo não há sub-grupos.
Grupo II : Equipamentos destinados a instalações em todas as demais áreas
classificadas. Neste grupo II, há sub-grupos, para tipos de proteção
diferentes (d – a prova de explosão e i – segurança intrínseca).

São normalizados os três seguintes sub-grupos:

A - produto característico – propano.


B - produto característico – eteno.
C - produto característico – hidrogênio.

Os subgrupos reúnem os equipamentos segundo critérios experimentais; (MESG-


Maximum Experimental Safe Gap) para tipo d e MIC (Minimum Ignition Current) para
tipo i.

5.3.1. CLASSES DE TEMPERATURA


Os equipamentos também são classificados em função da temperatura máxima
que pode ser atingida (base 40 ºC) na superfície externa dos invólucros, em contato
com as misturas explosivas.
Os equipamentos do grupo I têm temperatura externa limitada em 120 ºC (quando
houver possibilidade de acúmulo de pó de carvão), e até 420 ºC (quando o acúmulo for
impossibilitado por medida confiável).
Os equipamentos do grupo II são normalizados para seis classes de temperatura:
T1 - temperatura de superfície até 420ºC;
T2 - temperatura de superfície até 300ºC;
T3 - temperatura de superfície até 200ºC;
T4 - temperatura de superfície até 132ºC;
T2 - temperatura de superfície até 100ºC;
T6 - temperatura de superfície até 82ºC.

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5.3.2. TIPOS DE PROTEÇÃO


São várias as técnicas utilizadas para adequar os equipamentos, de forma que
possam exercer as suas funções em uma ou outra área classificada. Naturalmente, que
os invólucros devem levar em consideração as funções de cada dispositivo elétrico, o que
ele produz, em condições normais e suas potencialidades em condições anormais de
operação.

Ex-d - Chamado à prova de explosão: é a técnica mais freqüentemente


encontrada. Sua aplicação a torna dispendiosa, são invólucros robustos,
exigem acessórios e técnicas onerosas para montagem (Figura 3.2.). Pode
ser aplicada em zonas 1 e 2 .

Figura 5.2. Material elétrico com proteção classe “d”

Ex-p - Consiste na pressurização ou na diluição contínua, é utilizada em pontos


especiais como em grandes motores, painéis elétricos e instrumentação.
Normalmente se utiliza o ar e eventualmente um gás inerte, com pressão
positiva interna aos invólucros de forma a impedir a penetração de mistura
explosiva. A pressão positiva deve ser supervisionada de forma a cortar o
suprimento no caso de queda da pressão ou interrupção do fluxo de gás.
Exigem purga prévia antes da energização
Ex-e - Consiste em um melhoramento dos invólucros, é chamado de segurança
aumentada, permite instalações econômicas, não é aplicável para qualquer
equipamento, mas apenas para aqueles que não produzem faíscas, arcos

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ou temperaturas superiores à da classe exigida pelo ambiente. Aplicações


típicas são as caixas para borners, caixas de passagem, transformadores,
luminárias, motores de gaiola, solenóides e dispositivos de instrumentação.
Pode ser usado em zonas 1 e 2 .
Ex-i - Chamado de segurança intrínseca, tem sido muito empregado em
instrumentação, usado em zonas 1 e 2 e até mesmo em zona 0 . Consiste
em utilizar sistemas que envolvam quantidades de energia tão pequenas
que sejam incapazes de produzir arcos ou faíscas que poderiam provocar a
ignição da atmosfera explosiva.
Ex-o - Imersão em óleo, raramente encontrada, pode ser utilizada em zonas 1 e 2 .
Ex-q - Enchimento com areia, aplicado em capacitores e fontes, pode ser usado em
zonas 1 e 2 .
Ex-m - Encapsulamento em resinas,
Ex-n - Não acendível,.
Ex-s - Especial – Não se trata de um método mas identifica equipamentos elétricos
que através de associação de medidas, garantem um nível de proteção igual
aos equipamentos construídos segundo as normas existentes. Dependem
de certificação de equivalência emitida por laboratório credenciado.

A Figura 5.3. mostra um modelo de classificação para as áreas de trabalho de


acordo com a proteção, presença de fontes de ignição e de atmosfera explosiva.

Área não
Zona 0 1 2 classificada

Atmosfera
explosiva

Presença da continuamente de vez em raras vezes e


atmosfera ou por tempo quando por por tempo nunca
explosiva prolongado tempo limitado curto

Fontes de
ignição

Tipos de d, e, p, o, q, ib,
ia, s n
proteção m, s

Figura 5.3. Classificação das áreas de acordo com Rüdiger Röpke

5.4.OUTRAS CONSIDERAÇÕES
5.4.1. ATERRAMENTO
Da mesma forma que para as instalações elétricas em geral, devem ser previstos
condutores de proteção e equipotencialidade para garantir a segurança das pessoas
contra os contatos indiretos. Especial atenção deve ser dada para a obrigatoriedade de

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equipotencialização dos invólucros e demais partes condutoras existentes na área


classificada.

5.4.2. SEPARAÇÃO DE CONDUTORES


Especial atenção para os circuitos de segurança intrínseca que deverão ser
segregados de outros circuitos para evitar energias parasitas.

5.4.3. FERRAMENTAL DE TRABALHO EM ÁREAS CLASSIFICADAS


Em áreas classificadas, não devem ser utilizados equipamentos capazes de gerar
faíscas, como é o caso de quase todos os eletro-portáteis (furadeiras, serras elétricas,
marteletes e outros dispositivos com motores de escova ou com dispositivos de partida
por enrolamento auxiliar e automático).
Ferramentas de impacto, mesmo as pneumáticas podem produzir faíscas em
pedra, ferro ou outros materiais similares.
Ferramentas manuais, podem gerar faíscas, na queda, ao resvalar ou mesmo por
impactos, para tanto existem ligas (cobre-berilo)e outras de latão e bronze, que não
produzem faíscas.

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